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SÍNTESE TEMÁTICA

Talita Fernandes Carvalho Godoy


2019

Elabore uma síntese sobre o tema estudado na unidade. Duas páginas.

A educação profissional e tecnológica e a educação básica, no Brasil, se


apresentam historicamente de forma dual. A educação propedêutica inicia seu
caminho sendo ofertada às elites, e até o século XIX não se tem registros da
educação profissional ofertada formalmente no país, somente a partir de 1809,
quando o príncipe regente (futuro Dom João VI), promulga o Decreto que cria o
Colégio das Fábricas. A partir daí, surgem outras escolas de caráter
profissional, como a Escola de Belas Artes (1816), Instituto Comercial no Rio
de Janeiro (1861), Casas de Educandos e Artífices em capitais brasileiras
(década de 40), porém, com caráter assistencialista, principalmente os Liceus
de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro (1858), de Salvador (1872), do Recife
(1880), de São Paulo (1882), de Maceió (1884) e de Ouro Preto (1886), que
atendiam órfãos e desvalidos. No século XX, o caráter assistencialista dá lugar
à formação de mão-de-obra, e em 1906, o ensino profissional passa a ser
atribuição do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.
No decorrer do século XX, o Brasil atravessou diferentes fases na
educação, devido a fatores como o período da ditadura militar, por exemplo,
período em que ocorreu uma reestruturação do ensino e o ensino
profissionalizante passou a ser obrigatório juntamente ao 2º grau (atual Ensino
Médio).
Durante o século XX, várias alterações foram realizadas na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A dualidade no ensino propedêutico
e técnico pode ser percebida também na última LDBEN (9394/96), que rege a
educação no Brasil até os dias atuais, que por muitas vezes sofreu e sofre
modificações, como, por exemplo, através de Decreto 2.208/97, que colocou na
Lei as formas concomitantes ou subsequentes do ensino técnico, e com
possibilidades de um ensino integrado a partir do Decreto 5.154/04, no governo
Lula, onde, a orientação ao MEC, segundo o próprio presidente, era “Fazer da
Educação Profissional e Tecnológica uma política central do MEC, iniciando
pela revogação da norma legal proibitiva, originária do governo FHC, que
vedava a implantação das escolas técnicas federais”.
No século XXI, portanto, busca-se a institucionalização da educação
profissional e tecnológica, como meio de se chegar a um ensino integral, que
forme um indivíduo para uma visão omnilateral e para o trabalho e não para o
mercado, pois assim, o sujeito será preparado para as mudanças que ocorrem
no mundo do trabalho, segundo Aguiar (2019), respeitando seu potencial
humano. A educação integral ainda se apresenta de certa forma, com um
caráter utópico, sendo um ideal a ser alcançado dentro dos seguimentos da
educação.
Para contribuir nessa visão de ensino integrado, criam-se os Institutos
Federais, em 2008, buscando, segundo Gaudêncio Frigotto (2019), uma nova
institucionalidade, com temporalidades distintas. Percebe-se, porém, que a
desigualdade socioeconômico brasileira, que obriga que adolescentes de baixa
renda trabalhem antes mesmo de finalizarem os estudos, faz com que a
politecnia, a busca pela formação de um sujeito omnilateral, e uma educação
integral de qualidade (no sentido de um melhor aproveitamento dos estudos
pelo aluno) não se concretize em seu sentido mais amplo. Aí o sentido da
utopia, pois a politecnia não encontra uma base material concreta de
sustentação na sociedade brasileira e, segundo Moura (2007) “esse tipo de
oferta não é amplamente proporcionada à população, pois grande parte das
escolas privadas concentram seus esforços em aprovar os estudantes nos
vestibulares das universidades públicas [...]” (MOURA, pág. 20), substituindo,
assim, uma formação integral por uma nota no vestibular.
Estudiosos da área como Frigotto, Ramos, Moura, Ciavatta, entre outros
concordam que para se chegar à formação de um Ensino Médio mais próximo
do ideal, é preciso compreender a gradatividade dessa oferta de ensino, onde
seu principal objetivo é uma educação politécnica, tecnológica, pública, de
qualidade, buscando uma formação integral, porém, alguns outros desafios
ainda precisam ser superados na sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Institui as diretrizes e


bases da educação nacional. Brasília, DF: 20 de dezembro de 1996.

DANTE, M. Educação básica e educação profissional e tecnológica:


dualidade histórica e perspectivas de integração. Holos, ano 23, v. 2, 2007, p.
430. Disponível em:
<http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/11>. Acesso em 11 de
outubro de 2019.

SCHIEDECK, S.; FRANÇA, M. C. C. C. A origem de uma nova


institucionalidade em EPT: narrativas e memórias sobre os Institutos
Federais. Disponível em: <http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/433129>.
Acesso em 11 de outubro de 2019.

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