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PUC-SP
São Paulo
2015
Maria Lucia da Cunha Waldow
São Paulo
2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
108p.: il.; 30 cm
Banca Examinadora
Agradeço, com todo o meu amor, aos meus amados Horácio e Babu, família
escolhida, por todo afeto, por toda a inspiração e toda a força!
Para Fabíola, todo meu amor, admiração e gratidão sempre, minha irmã
querida. Sem você, não teria conseguido seguir, meu porto seguro!
Para Ching Wong Ann e Célia Strauss, meu obrigada pelo suporte,
ensinamentos e ajuda logística para enfrentar os desafios do projeto no contexto
do cotidiano.
Agradeço à Profª. Drª. Sílvia Pinho por ter partilhado tantos conhecimentos
em seus cursos e por ter me ensinado a importância do conhecimento da fisiologia
da voz para o estudo, a performance e o ensino do canto.
A lista é grande e aumenta a cada dia, fato que renova minha motivação para
a pesquisa, para o canto e a música e para continuar seguindo, mesmo em períodos
de extremo desafio.
Voice quality is a key element in singing. Respiratory strategies used during the
production of singing may promote several pnemophonoarticulatory movements and,
thus, are relevant for vocal function as a whole, as well as for production and
variation of vocal quality. The objective of this study was to investigate the effects of
respiratory strategies on voice quality in singing in healthy individuals without
professional training. The subjects of the study were four sopranos, aged between 25
and 35 years old. Collection procedures included an assessment of the respiratory
strategy used by the subjects, conducted by a GDS Method – accredited judge
(Godelieve Dennys-Struyf Muscular Chains Method), and recording the samples in
audio format. The corpus comprised an extract of a song and a vocalization,
performed from clavicular and abdominal costal diaphragmatic respiratory strategies,
in strong and weak intensities. Audio samples were submitted to perceptual analysis,
conducted by judges with experience in the area of singing on similarity, tuning,
pleasantness, intensity and tension. An acoustic analysis (measures of f0, intensity,
spectral slope and long-term spectrum) was conducted in PRAAT software using
ExpressionEvaluator script. Data were submitted to multivariate statistical analysis.
Project approved by PUC-SP Ethics and Research Committee under number
782.680. Results indicate different acoustic measures depending on respiratory
strategies, particularly in terms of average and standard deviation spectral slope. In
the perceptual analysis, judges were able to detect the differences produced by each
respiratory strategy. Correlations between the acoustic and perceptual areas were
shown in an integrated analysis, highlighting the influence of the respiratory strategy
in judging voice pleasantness and tuning pattern, as well as the relationship between
measures relative to laryngeal tension (average and standard deviation spectral
slope) and perception of voice quality differences.
1. Introdução ......................................................................................................... 18
2. Objetivo.............................................................................................................. 25
3. Revisão de Literatura........................................................................................ 26
4. Metodologia ....................................................................................................... 49
5. Resultados......................................................................................................... 71
6. Discussão .......................................................................................................... 82
7. Conclusões ........................................................................................................ 93
8. Referências ........................................................................................................ 94
1. INTRODUÇÃO
musculares de longo termo que podem ocorrer simultaneamente nos níveis laríngeo
(ajustes fonatórios), supralaríngeo (ajustes articulatórios) e de tensão muscular
(ajustes de tensão laríngea e supralaríngea). A qualidade vocal significa, portanto, a
complexa resultante de características multidimensionais da voz de cada falante ou
cantor (LAVER, 1980; BJORKNER, 2006; PINHO, KORN, PONTES, 2014). O
controle das variações da qualidade vocal e dos aspectos da dinâmica vocal são
mecanismos da produção da voz utilizados para expressar emoções e atitudes na
fala e no canto (BEHLAU, PONTES, 2001; CAMARGO, 2002; MADUREIRA, 2004;
SALOMÃO, 2008; GUSMÃO et al, 2010).
1
A coordenação pneumofonoarticulatória refere-se, em geral, à coordenação entre a respiração e a
emissão da fala, possível de ser observada em diversas situações de emissão vocal como conversa
espontânea, leitura em voz alta ou durante a prática do canto. A coordenação
pneumofonoarticulatória é a relação entre as forças expiratórias, as estruturas mioelásticas da laringe
e as estruturas articulatórias (VANNUCCI, 2011; PORTAL EDUCAÇÃO, 2013).
20
Verifica-se, então, que tal dinâmica depende diretamente do fluxo aéreo que
sai dos pulmões. O início desse processo está diretamente ligado à geração do fluxo
de ar e à pressão subglótica adequada. E há o pressuposto de que o fluxo de ar e a
pressão subglótica exercem influência nas condições de vibração das pregas vocais.
Tais aspectos fazem-nos refletir a respeito das interações e dos ajustes corporais
que podem ser estimulados, a partir de estratégias respiratórias diversas, no
momento de origem da primeira informação acústica que resultará na voz. Ou seja,
nas mudanças apresentadas pelo canto e pela fala em seus produtos finais e seus
possíveis efeitos nas qualidades perceptivas e acústicas da voz como indicativos
23
2
A tradução do termo “tracheal pull” para “tração da traqueia” foi sugerida pela Profª. Drª Gláucia
Salomão, que realizou o trabalho da tradução completa do livro The Science of the Singing voice,
de J. Sundberg.
24
2. OBJETIVO
3. REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1 – Aparelho fonador: trato vocal e vias aéreas (traqueia, brônquios e pulmões).
Fonte: <http://www.voiceproblem.org/anatomy/learning.asp>.
interior, ficam as pregas vocais (duas estruturas formadas por músculo e mucosa,
em posição horizontal). Apesar de se apresentar sustentada por membranas,
ligamentos e músculos ligados ao osso hioide, a laringe pode movimentar-se
verticalmente quando tracionada. Extremamente complexa em sua estrutura e
funções, desempenha vários papéis de vital importância fisiológica: respiração,
proteção dos pulmões, apoio para realização de movimentos de força com membros
superiores e fonação. Segundo Pinho, Korn e Pontes (2014), algumas dessas
atividades são reflexas e involuntárias, como o selamento dos pulmões; e outras
podem acontecer voluntariamente, como o início da respiração (embora a respiração
tenha mecanismos de regulação involuntários também) ou a própria fonação
(ADLER, 1965; APPELMAN, 1986; LAVER, 1980; SUNDBERG, 1987; WARD, 1988;
DINVILLE, 1993; SALOMÃO, 2008; PINHO, KORN, PONTES, 2014).
regras estilísticas e cuidados para um “bom cantar” descrito com adjetivos e termos
impressionísticos, com raras associações às questões fisiológicas. Muitas vezes,
os professores davam maior ênfase na orientação em relação ao comportamento
do pupilo. Desta forma, alguns conceitos utilizados até hoje no meio do canto
foram cunhados a partir da demanda musical, expressiva ou comportamental,
desprovidos de uma preocupação com os correlatos fisiológicos (PACHECO, 2004;
STARK, 2008).
3
Philip Bozzini, Benjamin Guy Babington, Ludwig Turck, Czermak, Adelbert von Tobold são outros
nomes associados à história da invenção e do aperfeiçoamento do laringoscópio. Em 1854, há o
registro de que Manuel Patricio Rodríguez Garcia alegou ser o primeiro a ver sua própria laringe
usando, de forma adaptada, um espelho que era utilizado por dentistas. E, ainda, publicando sua
experiência no ano seguinte, obteve da Universidade de Konigsberg um diploma de médico honorário
pelo relato de seus estudos. No contexto de nosso trabalho, o que queremos ressaltar é a perspectiva
que Manuel Garcia acrescenta em seus procedimentos pedagógicos, a partir da inclusão do aspecto
fisiológico da produção vocal em seus ensinamentos (PEREIRA, 2014).
42
Atualmente, mesmo que uma grande parcela de cantores opte por mesclar
técnicas, podemos identificar ainda um grande número de escolas de canto
vigentes: escola italiana, francesa, alemã, belting, speech-level etc. Cada uma com
suas particularidades e, em geral, oferecendo soluções vocais voltadas para um
estilo específico de repertório de canto. Mesmo com todos os avanços científicos e
técnicas de investigação, percebemos, ao conviver com os termos empregados por
estas variadas abordagens, que ainda não há uma terminologia comum neste
meio, nem para descrever fenômenos subjacentes a qualquer atividade fonatória,
nem para conseguir estabelecer estudos comparativos entre estas linhas de
trabalho vocal (SUNDBERG, 1987; BJORKNER, 2006; SALOMÃO, 2008; MARIZ,
2013).
Além destes quatro naipes, também são descritas outras duas categorias: o
mezzo-soprano (voz feminina intermediária entre o contralto e o soprano) e o
barítono (voz masculina intermediária entre o baixo e o tenor) (GRANGEIRO, 1999).
Como já mencionado, não há uma determinação por tais fatores, mas essas
tendências de características biomecânicas demonstram que cada naipe
44
qualidade vocal (TITZE, 1980; CAMARGO, 2002; VIEIRA, 2004; MASTER, 2005;
SALOMÃO, 2008).
Figura 6 – Imagem esquemática do Modelo fonte-filtro para a produção das vogais – Teoria acústica
da produção da fala – estruturas fisiológicas e representações do espectro da fonte glótica, da
filtragem supraglótica (transferência) e da saída (output vocal).
Fonte:<http://www.spectrum.uni-bielefeld.de/~thies/HTHS_WiSe2005-06/session_05.html>.
47
4. METODOLOGIA
4
O termo fraca intensidade será também identificado como piano, termo musical correspondente.
54
Figura 7 – Set de gravação, cantora realizando estratégia de respiração clavicular (respiração alta).
Assim, a fase de preparo das cantoras (prévia à coleta) pode ser descrita como:
55
5
Esta nota corresponde ao Fá uma sexta menor acima do Lá3 (8 semitons acima do Lá3),
considerando-se o Lá3 o Lá 440Hz (MED, 1996).
6
Esta nota corresponde ao Dó uma sexta maior abaixo do Lá3 (9 semitons abaixo do Lá3),
considerando-se o Lá 3 o Lá 440Hz (MED, 1996).
58
Figura 10 – Imagem da partitura de referência para tarefa vocalização de oitava em [a], com
sustentação inicial da nota Dó 3, solicitada durante a coleta de dados.
Figura 11 – Imagem de tela do software PRAAT com trecho de arquivo e exemplo do padrão de
etiquetagem utilizado para separação e organização das amostras de trecho de canção e
sustentação do agudo final.
Figura 13 – Imagem de tela do software PRAAT com trecho de arquivo e exemplo do padrão de
etiquetagem utilizado para separação e organização das amostras do exercício de vocalização de
oitava com sustentação de grave inicial.
Com base em BARBOSA (2009), segue uma breve explicação de cada uma
das medidas geradas pelo script ExpressionEvaluator:
Final
8a Grave Inicial
Tarefa canção Total % correto
vocalização vocalização canção
(agudo)
Vocalização
(8ª) 95 1 1 0 97 97,94%
Final canção
(agudo) 0 47 0 0 47 100,00%
Vocalização
(grave) 1 0 90 0 91 98,90%
Inicial canção 0 0 0 48 48 100,00%
10
Vocalização
8a
5
Trecho
Canção
F2 (21,87 %)
(Inicial)
0
-15 -10 -5 0 5 10 Centroides
Trecho
Canção
-5
(final) Vocalização
Grave
-10
F1 (58,64 %)
Figura 15 – Gráfico de centroides da análise discriminante das tarefas trechos de canção (inicial e
final) e vocalizações (oitava e sustentação de grave) a partir das medidas acústicas.
Como anteriormente exposto, pelo volume total das amostras coletadas, entre
emissões de trechos de canção e vocalizações em [a], optou-se por selecionar, para
esta etapa, o conjunto dos arquivos de áudio com as emissões do trecho de canção,
a fim de viabilizar a execução da perceptiva. A escolha por este recorte também foi
motivada pelo fato de estes arquivos apresentarem uma proximidade maior com a
situação da prática do canto em si, com maior variedade de sons (vogais e
consoantes) e solicitações musicais.
Iniciais do juiz:_________
Na mídia recebida, estão 27 pastas. Em cada pasta, há dois arquivos sonoros.
Escute e compare os dois arquivos sonoros contidos na primeira pasta e responda às
perguntas relativas a eles, marcadas com o número 1, identificando a pasta 1. Os
arquivos podem ser ouvidos quantas vezes o examinador julgar necessário.
Ao término das questões sobre os arquivos da pasta 1, prossiga para a pasta 2 e
avalie também comparativamente os dois arquivos da pasta 2 e assim por diante. As
questões terão sempre o número correspondente à sua pasta. Ou seja, as questões
sobre os arquivos sonoros da pasta 2 receberão o número 2, as questões sobre os
arquivos sonoros da pasta 3 receberão o número 3 e assim sucessivamente. Todas as
questões seguirão este mesmo padrão de identificação.
1b. Comparando a escuta dos dois arquivos da PASTA 1, qual tem maior intensidade?
( ) DaCBFSag_3_ está mais forte ( ) DCAFSag_1_ está mais forte
( ) Emissões da PASTA 1 são similares em intensidade
1c. Comparando a escuta dos dois arquivos da PASTA 1, qual dos dois arquivos
apresentou emissão com qualidade vocal mais agradável para você?
( ) DaCBFSag_3_ é mais agradável ( ) DCAFSag_1_ é mais agradável
( ) Emissões da PASTA 1 são similares em agradabilidade
1d. Qual dos dois arquivos da PASTA 1 apresenta melhor padrão de afinação?
( ) DaCBFSag_3_ está mais afinado ( ) DCAFSag_1_ está mais afinado
( ) Emissões da PASTA 1 são similares no padrão de afinação
69
1e. Qual das duas emissões da PASTA 1 apresenta qualidade vocal mais relaxada?
( ) DaCBFSag_3_ apresenta emissão ( ) DCAFSag_1_ apresenta emissão
da voz com mais relaxamento da voz com mais relaxamento
( ) As emissões da PASTA 1 são similares no parâmetro relaxamento vocal
2b. Comparando a escuta dos dois arquivos da PASTA 2, qual tem maior intensidade?
( ) DCApSag_1_ está mais forte ( ) DCBpSag_2_ está mais forte
( ) Emissões da PASTA 2 são similares em intensidade
2c. Comparando a escuta dos dois arquivos da PASTA 2, qual arquivo apresentou
emissão com qualidade vocal mais agradável para você:
( ) DCApSag_1_ é mais agradável ( ) DCBpSag_2_ é mais agradável
( ) Emissões da PASTA 2 são similares em agradabilidade
2d. Qual dos dois arquivos da PASTA 2 apresenta melhor padrão de afinação?
( ) DCApSag_1_ está mais afinado ( ) DCBpSag_2_está mais afinado
( ) As emissões da PASTA 2 são similares no padrão de afinação
2e. Qual das duas emissões da PASTA 2 apresenta qualidade vocal mais relaxada?
( ) DCApSag_1_ apresenta emissão ( ) DCBpSag_2_ apresenta emissão
da voz com mais relaxamento da voz com mais relaxamento
( ) As emissões da PASTA 2 são similares no parâmetro relaxamento vocal
5. RESULTADOS
Estratégia
A B Total % correto
respiratória
Alta 46 89 135 34,07%
Baixa 66 82 148 55,41%
Total 112 171 283 45,23%
Tabela 2 – Matriz de confusão para amostra de validação cruzada da análise discriminante para
estimação das estratégias respiratórias (alta e baixa) a partir das medidas acústicas extraídas de
amostras de trechos de canção (inicial e final) e vocalizações (oitava e grave).
de \ a A B Total % correto
Alta 12 12 24 50,00%
Baixa 5 19 24 79,17%
Total 17 31 48 64,58%
Tabela 3 – Matriz de confusão para amostra validação cruzada da análise discriminante para
estimação das estratégias respiratórias (alta e baixa) a partir das medidas acústicas extraídas de
amostras de trechos de canção inicial (sem agudo final sustentado).
73
1,2
0,8
0,4
F2 (0,00 %)
Alta Baixa
0
Centroides
-1,2 -0,8 -0,4 0 0,4 0,8 1,2
-0,4
-0,8
-1,2
F1 (100,00 %)
de \ a A B Total % correto
Alta 8 16 24 33,33%
Baixa 13 10 23 43,48%
Total 21 26 47 38,30%
Tabela 4 – Matriz de confusão para amostra validação cruzada da análise discriminante para
estimação das estratégias respiratórias (alta e baixa) a partir das medidas acústicas extraídas de
amostras de trechos de canção final (sustentação de agudo).
74
1
F2 (0,00 %)
Baixa Alta
0 Centroides
-1 0 1 2
-1
F1 (100,00 %)
de \ a A B Total % correto
Alta 19 27 46 41,30%
Baixa 19 34 53 64,15%
Total 38 61 99 53,54%
Tabela 5 – Matriz de confusão para amostra validação cruzada da análise discriminante para
estimação das estratégias respiratórias (alta e baixa) a partir das medidas acústicas extraídas de
amostras de vocalização (oitava).
75
1
F2 (0,00 %)
Baixa Alta
0 Centroides
-1 0 1
-1
F1 (100,00 %)
de \ a A B Total % correto
Alta 13 24 37 35,14%
Baixa 20 28 48 58,33%
Total 33 52 85 48,24%
Tabela 6 – Matriz de confusão para amostra validação cruzada da análise discriminante para
estimação das estratégias respiratórias (alta e baixa) a partir das medidas acústicas extraídas de
amostras de vocalização (sustentação de grave).
76
1
F2 (0,00 %)
Alta Baixa
0 Centroides
-1 0 1 2
-1
F1 (100,00 %)
Tabela 7 – Matriz de confusão para amostra de validação cruzada da análise discriminante para
estimação das cantoras a partir das medidas acústicas das amostras de trechos de canção (parte
inicial e final) e vocalizações (oitava e sustentação de grave).
4
F2 (19,63 %)
2 0 Centroides
-2 0 2 4
1 3
-2
F1 (70,12 %)
0,8
0,6
0,4
Forte piano
0,2
F2 (0,00 %)
0
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Centroides
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
F1 (100,00 %)
Observação Classe
média de derivada de f0 1
semi-amplitude entre quartis de f0 2
quantil 99,5% de f0 1
assimetria de f0 2
média de derivada de f0 3
desvio-padrão de derivada de f0 3
assimetria de derivada de f0 3
assimetria de intensidade 2
média de inclinação espectral 2
desvio-padrão de declínio espectral 2
assimetria de declínio espectral 3
desvio-padrão de ELT (LTAS) 1
Quadro 6 – Agrupamentos da análise aglomerativa hierárquica de cluster – medidas acústicas para
estratégias respiratórias alta e baixa.
Dendrograma
-0,218906766
-0,018906766
0,181093234
Similaridade
0,381093234
assimetria_de_derivada_de
padrao_de_derivada_de_f0
assimetria_de_intensidade
media_de_derivada_de_f0
media_de_derivada_de_f0
desvio padrao de LTAS
0,581093234
semi-amplitude entre
media_de_declínio
quartis de f0
desvio
quantil 99,5% f0
espectral
espectral
_f0
_espectral
0,781093234
assimf0
0,981093234
Variáveis de análise /
Questões da análise Cantora Estratégia respiratória Intensidade
perceptiva
Questão 1
Cantora 4
(diferença na qualidade
(51,7% a 55,0 % )
da emissão)
Questão 2 Forte (85,9%)
(estímulo de maior Piano (85,9%)
intensidade)
Questão 3 Alta (67,6%)
(qualidade vocal mais Baixa (67,6%)
agradável)
Questão 4 Alta (97,1%)
(melhor padrão de Baixa (97,1%)
afinação)
Medidas acústicas/
Desvio-padrão de declínio
Questões da análise Média de declínio espectral
espectral
perceptiva
Questão 1
(diferença na qualidade da 39,3% 38,9%
emissão)
Questão 2 35,9% 34,0%
(estímulo de maior intensidade)
Questão 3 28,2% 25,4%
(qualidade vocal mais agradável)
Questão 4 14,9% 11.3%
(melhor padrão de afinação)
Questão 5 31,7% 28,4%
(qualidade vocal mais relaxada)
Tabela 10 – Níveis de correlação (em %) das respostas às questões 1 a 5 da análise de correlação
canônica de dados acústicos e perceptivos.
82
6. DISCUSSÃO
Há, portanto, um princípio de que, tanto para a fala, quanto para o canto,
existindo uma sobrepressão controlada nos pulmões, a produção vocal acontece
independentemente do comportamento, do tipo ou da estratégia de respiração
empregada. Tal pressuposto é corroborado pelo fato de que a pressão subglótica
pode ser alcançada por meio da contração de diferentes grupos de músculos
respiratórios, que se mobilizam e se adaptam a fim de promover a pressão
subglótica suficiente para colocar as pregas vocais em movimento, com diferentes
recursos de volume pulmonar (SUNDBERG, 1992; IWARSSON, THOMASSON,
SUNDBERG, 1998; BJORKNER, 2006).
No presente estudo, foi possível verificar, por meio dos dados acústicos e
perceptivos, a coexistência destes dois aspectos que permeiam as relações entre
respiração e produção vocal: a relativa independência fonatória e a interação das
estruturas que a produzem.
7
O termo “coreografia” vem do grego e expressa, de maneira geral, “grafia da dança”, roteiro
de movimentos que compõem uma dança. Expressão corporal em que os desenhos coreográficos
são formados a partir de movimentações e onde há relação entre movimentações coordenadas e
determinado resultado final produzido. Essa expressão ocorre a partir de utilizações variadas da
mobilidade corporal, de forma voluntária, escolhida.
Realizando um paralelo entre dança e voz, neste estudo, utilizamos a palavra coreografia para
expressar, em alguns contextos, as mobilizações e interações realizadas pelo aparelho fonador
(“coreografias” pneumofonoarticulatórias, por exemplo), considerando que, no canto, assim como na
fala, há a possibilidade de escolha voluntária da resultante vocal nos parâmetros da dinâmica e da
qualidade vocal, com a motivação da expressão. Assim, pode-se estabelecer uma relação entre as
movimentações coordenadas do aparelho fonador (diferentes “danças” das estruturas integrantes
dele) e a possibilidade de produção de ajustes, dinâmicas e qualidades vocais diversas (LAVER,
1980; SUNDEBERG, 1987; DINVILLE, 1993; FERREIRA, 2012; MACEDO, PEREIRA, 2014).
92
7. CONCLUSÕES
A investigação realizada neste estudo, com grupo composto por cantoras sem
treinamento profissional, demonstrou que diferentes estratégias respiratórias são
capazes de produzir diferentes qualidades de voz cantada.
Foi possível verificar, nos resultados desta pesquisa, que as amostras de canto
produzidas a partir das estratégias respiratórias clavicular (alta) e costodiafragmática
abdominal (baixa) apresentaram diferenciações acústicas e perceptivas.
8. REFERÊNCIAS
ADLER, K. The art of accompanying and coaching. New York: Da Capo Press,
1965.
BEHLAU, M.; PONTES, P. Higiene vocal: cuidando da voz. 3. ed. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001.
BEHLAU, M.; REHDER, M. I. Higiene vocal para o canto coral. Rio de Janeiro:
Revinter, 1997.
COELHO, H. W. Técnica vocal para coros. São Leopoldo, RS: Editora Sinodal,
1994.
COSTA, E. Voz e arte lírica: técnica vocal ao alcance de todos. São Paulo: Lovise,
2001.
FANT, G. Acoustic theory of speech production. 2nd ed. Paris: Mouton, 1970.
LAVER, J. Phonetic evaluation of voice quality. In: KENT, R. D.; BALL, M.J. Voice
quality measurement. San Diego: Singular Publishing Group Inc, 2000. p. 37-48.
MARCHESI, M. Bel Canto: a theoretical and practical vocal method. New York:
Dover Publications, 1970.
THORPE, C. W.; CALA, S. J.; CHAPMAN, J.; DAVIS, P. J. Patterns of breath support
in projection of the singing voice. J Voice, v. 15, n. 1, p. 86-104. 2001.
100
VENNARD, W. Singing: the mechanism and the technic. 4ed. New York: Carl
Fisher, 1967.
VILKMAN, E.; SONNINEM, A.; HURME, P.; KORKKO, P. External laryngeal frame
function in voice production revisited: a review. J Voice, v. 10, n. 1, p. 78-92. 1996.
Endereço: ______________________________________________________________
Cidade: ______________ Estado: _____ CEP: _____________ Telefone: (____)_____________ RG: ______________
CPF: __________________
Email: malumalu11@hotmail.com
Instituições envolvidas: Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(LIAAC-PUCSP)
1. Título do estudo: Estratégias respiratórias e seus efeitos na qualidade da voz cantada: um estudo acústico e perceptivo
2. Propósito do estudo: O objetivo do estudo é investigar os efeitos de diferentes estratégias respiratórias na qualidade vocal
durante o canto, do ponto de vista perceptivo e acústico, em indivíduos saudáveis e sem treinamento profissional para o
canto.
3. Procedimentos: aquecimento vocal prévio, memorização das linhas melódicas e instrução das tarefas respiratórias,
aferição dos instrumentos não invasivos para registro de gravação em áudio, vídeo e avaliação simultânea do
comportamento respiratório por juiz credenciado.
4. Riscos e desconfortos: Nenhum.
5. Benefícios: A minha participação é voluntária e não trará qualquer benefício direto, mas proporcionará melhor
conhecimento a respeito do tema pesquisado.
6. Direitos do participante: Eu posso retirar a minha participação deste estudo a qualquer momento, sem sofrer nenhum
prejuízo e tenho direito de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas.
7. Compensação financeira: Não existirão despesas ou compensações financeiras relacionadas a qualquer etapa do estudo,
incluindo exames e consultas, exceto reembolso dos gastos com transporte até o local do estudo.
8. Incorporação ao banco de dados do LIAAC-PUCSP: Os dados obtidos com minha participação na forma de entrevistas,
gravações de dados de fala, canto, medições respiratórias toracoabdominais serão incorporados ao banco de dados do
laboratório referido, cujos responsáveis zelarão pelo uso e aplicabilidade das amostras exclusivamente para fins
científicos, apenas consentindo o seu uso futuro em projetos que atestem pelo cumprimento dos preceitos éticos em
pesquisas envolvendo seres humanos.
9. Em caso de dúvida quanto ao item 8, posso entrar em contato com os responsáveis pelo banco de dados do LIAAC
(Profª. Drª. Zuleica Camargo e Prof. Mário Fontes) pelo telefone: (11) 3670-8333.
10. Confidencialidade: Compreendo que os resultados deste estudo poderão ser publicados em jornais profissionais ou
apresentados em congressos profissionais, sem que a identidade seja revelada.
11. Se tiver dúvidas quanto à pesquisa descrita posso telefonar para a pesquisadora Maria Lucia da Cunha Waldow
no número (11) 3237-3886 a qualquer momento.
Eu compreendo os meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em autorizar a participação
dele(a) neste estudo e em ceder os dados dele(a) para o banco de dados do LIAAC-PUCSP. Compreendo sobre o que, como e porque
este estudo está sendo feito. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
Assinatura do pesquisador
106
Antes da coleta:
No dia da coleta:
COLETA 1
TRECHO DE CANÇÃO
VOCALIZAÇÃO EM [a]
Observações:
108
TRECHO DE CANÇÃO
VOCALIZAÇÃO EM [a]
Observações:
109
8
Fonte: APGDS. O método. Disponível em: <http://apgds.com.br/metodo/>.