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2009
Relato de Experiência
áreas de conhecimento (LEITE; SHIMO, 2006), et.al. (2009) deu sua contribuição, desvelando os
evidenciando-se seu relevante papel, no sentido diversos desafios que o profissional da área de
de coadjuvante importante na perspectiva de educação enfrenta, no desempenho desta tarefa
ampliar as possibilidades de ofertas de múltiplos pedagógica em ambiente não-formal. Fontes
benefícios aos indivíduos hospitalizados. (2005), também propôs a reflexão na área de
Educação, na tentativa de compreender as
Entre inúmeros enfoques, no campo de estudo
estratégias provenientes da escuta pedagógica
da Educação Física ou da Motricidade Humana, a
da criança em ambiente hospitalar.
guisa de exemplo, já existem estudos relevantes
que discutem a incorporação das estratégias da Ao se focalizar a atenção na criança mantida
Educação Física no contexto hospitalar, como a em tratamento prolongado ou em confinamento
técnica de Clown (tipo de palhaço) como hospitalar como paciente, pode-se identificar
elemento agregado ao tratamento infantil em insegurança e uma série de perdas, que podem
condições de hospitalização, defendida no promover alterações severas nos níveis físico,
trabalho de Wuo (2004). Também nesta área, o psíquico e social, interferindo, inclusive, em sua
estudo de Vaz, Vieira e Gonçalves (2005) recuperação. O ambiente hospitalar, não raro,
buscaram contribuições no sentido de ampliar as acaba sendo hostil ao paciente, especialmente se
possibilidades alternativas social e este é uma criança, sendo levada a ficar com
pedagogicamente relevantes de atuação desses seus movimentos tolhidos, muitas vezes longe de
profissionais em hospitais. seus familiares e suportando a dor e a falta de
atenção. Este é um ambiente muito agressivo
Na área de Psicologia, as iniciativas de
para as pessoas que chegam sem a escolha de
Masetti (1998, 2003) corroboram a inserção de
estarem ali. A doença é um fator altamente
dinâmicas lúdicas no espaço hospitalar,
agressivo, não apenas em nível físico.
salientando as reflexões sobre a ética da alegria
nesse contexto. No estudo de Carvalho e Begni Além do aspecto da insegurança perante a
(2006), o enfoque recaiu sobre as diferentes enfermidade em si, a criança é submetida à
perspectivas de inserção do brincar nas unidades manipulação física direta pelos profissionais de
de atendimento pediátrico. Preocupadas com o saúde, os quais necessitam, além de tocar, dar
enfrentamento da situação de hospitalização, restrições e estabelecer normas aos pacientes.
Motta e Enumo (2004) refletem sobre a Isto faz com que a pessoa em tratamento tenha a
possibilidade de se personalizar a intervenção, necessidade de um apoio emocional estruturado,
para contribuir nesse processo de enfrentamento. que lhe dê base para prosseguir em sua
Mussa e Malerbi (2008) buscaram compreender reabilitação, neste momento de fragilidade.
as ressonâncias de atuação de um grupo de
Para amenizar este quadro, especialmente no
contadores de histórias no estado emocional e
que tange à criança em tratamento, a atividade
nas queixas dolorosas de crianças em situação
lúdica vem sendo aplicada nos hospitais,
de hospitalização, depreendendo daí os efeitos
acompanhada pelo corpo clínico existente. Para o
positivos desta ação.
desenvolvimento dessas atividades no contexto
Na enfermagem Schmitz, Piccoli e Vieira da saúde, tornam-se necessárias algumas
(2003) salientaram os benefícios do emprego de exigências (BATISTA et. al., 2009), como o
atividades lúdicas de modo terapêutico, embasamento teórico e prático da situação
reiterando seu papel positivo, tanto no momento hospitalar e do paciente em questão,
dos procedimentos invasivos, quanto na visita metodologias apropriadas, a adequação das
pré-operatória ou na condição de hospitalização, diversas formas de atuação e intervenção
durante a atuação dos enfermeiros. Para verificar profissional, além da efetiva aceitação do
as ressonâncias do trabalho lúdico em elemento lúdico no contexto da saúde.
enfermagem, Poleti et.al. (2006) focalizaram o
A respeito desse último item, a aceitação,
atendimento na sala de espera de ambulatório
Simpson et. al. (2007) revigoram a tese de que se
infantil, evidenciando maior facilidade de
este aspecto não for devidamente tratado, os
comunicação entre as crianças e a equipe.
outros serão duramente afetados. Para isto, o
Para consolidar a vertente educacional na autor promoveu um estudo acerca do nível de
perspectiva da práxis dentro do hospital, Batista aceitação e eficácia do trabalho lúdico hospitalar,
na perspectiva dos próprios profissionais da área (1981). Um exemplo dessas iniciativas no Brasil é
da saúde. Os resultados desse estudo salientam a dos “Doutores da Alegria” (2006), sendo um
positivamente essa aceitação, evidenciando-se, grupo de profissionais das mais diversas áreas
inclusive que estes profissionais participantes da de atuação, os quais formaram uma equipe
amostra da pesquisa recomendariam a especializada no atendimento hospitalar.
implementação deste tipo de estratégia em outras
Em seus livros explanando a atuação dos
instituições da saúde.
Doutores da Alegria Masetti (1998, 2003) explicita
A recreação nesse contexto tem a função de que o grupo é formado por pessoas que dominam
estimular a criatividade dos indivíduos, por meio as artes do palhaço, circense e musical. Eles
de atividades de caráter espontâneo e prazeroso visitam crianças hospitalizadas nas unidades de
(WUO, 2004), amenizando as ressonâncias da terapia intensiva e de procedimentos
doença, tornando-se um elemento privilegiado a ambulatórias, com o objetivo de ampliar os laços
ser implementado, uma vez que pode auxiliar a de afetividade com os pacientes e seus parentes
amenizar as ansiedades do desconforto e e profissionais da área.
estranheza da hospitalização.
Esse grupo possui uma estrutura adequada
Somando-se todas essas abordagens para esse tipo de atendimento e tem apresentado
anteriormente feitas nas diferentes áreas que resultados positivos para os pacientes de todas
focalizam esta temática percebe-se que a as idades, divulgadas por meio de livros
criança, em ambiente recreativo, mesmo (MASETTI, 1998, 2003), palestras, exposições e
hospitalizada, se torna capaz de alcançar um de um site (www.doutoresdaalegria.org.br). É
desenvolvimento mais adequado, pelo fato de inegável a importância desse e de outros grupos
serem respeitadas suas expectativas, seus ativos, que defendem a utilização de estratégias
desejos e suas condições de habilidade, quando lúdicas e de sensibilização no ambiente
interagindo ludicamente. Sendo assim, as hospitalar, no sentido de auxiliar a promover
atividades recreativas aplicadas nos hospitais novas reflexões acerca da presença de terapias
passam a ser uma realidade possível e um alternativas junto à medicina tradicional, dando
desafio iminente, apresentando, ainda que de maior sentido às forças subjetivas e às questões
maneira sutil, resultados bastante estimulantes, que valorizem a vida humana.
no que tange à melhoria de quadros clínicos de
Em alguns estudos acadêmicos, como os
crianças com alguma enfermidade, podendo
Simpson et. al. (2007) e de Pereira e Bueno
minimizar as dores causadas pela hospitalização
(1997), também já se podem ter alguns dados
e pelo longo tempo de tratamento de algumas
referentes às ressonâncias e à aceitação a
enfermidades.
respeito da associação dos elementos lúdicos ao
Com a utilização de estratégias lúdicas, além ambiente hospitalar, nesses casos em particular,
de outras ligadas ao universo da arte e da a visão é da própria equipe de saúde. As
comunicação, a recreação pode deixar a estadia respostas têm sido bastante favoráveis, versando
da criança em tratamento nos hospitais ou em sobre aspectos importantes como a atividade
postos de saúde próxima ao nível da vida que ela lúdica promovendo momentos de distração,
tinha antes de ser internada. Estas estratégias relaxamento, descontração, descanso,
visam, inclusive, manter as relações sociais, reabilitação, sentimento de prazer, felicidade e
físicas e psicoemocionais intactas e em alegria.
desenvolvimento contínuo, respeitando as
Nesse referido estudo, Pereira e Bueno (1997)
individualidades, os interesses e as expectativas
pesquisaram o significado e o sentido do lazer
inerentes a esta faixa etária (WUO, BURNIER,
quando aplicado em ambiente hospitalar, para
1996; MUSSA, MALERBI, 2008).
profissionais da área da enfermagem. Com base
Algumas intervenções feitas especialmente nos resultados do desenvolvimento do estudo, as
por voluntários ou por grupos de pessoas autoras salientam ser importante levar em
especializadas em recreação hospitalar já se consideração os problemas existentes no
fazem presentes em alguns hospitais no Brasil, ambiente, no sentido de viabilizar o bem-estar da
trazendo certo conforto e até resultados efetivos equipe e dos pacientes, e, assim,
na recuperação de pacientes, como relata Bueno conseqüentemente, melhorar a qualidade na
inicial Madan Kataria. Esta forma terapêutica, atividades físicas desenvolvidas no ambiente
conforme Valente (2006), pode favorecer a hospitalar, utilizando como metodologia algumas
recuperação da capacidade inata do ser humano atividades recreativas, obtendo grandes
de ser feliz, promovendo, o bem-estar, além de resultados psicofísicos com esse tipo de recurso.
trazer muitos benefícios para a saúde em geral.
Portanto, com base nessa metodologia alegre,
Lambert (1999), especializado em terapias visando à melhoria do bem-estar físico e
sistêmicas e autor do livro Terapia do Riso - A psíquico, o Profissional de Educação Física pode
Cura pela Alegria, considera o riso como uma ter grande sucesso durante suas intervenções,
estratégia terapêutica que complementa e auxilia tendo em vista que ele possui conhecimento e
a melhoria do estado emocional e orgânico dos formação para lidar com a perspectiva lúdica.
pacientes que apresentam os mais diversos tipos
Em relação aos conteúdos utilizados por
de enfermidades, evidenciando que o primeiro
esses profissionais durante as intervenções, o
sinal de melhora é extravasado por meio do
brinquedo foi o mais citado. O brinquedo é um
sorriso.
meio adequado de comunicação com o paciente,
O filme Patch Adams, no qual o americano já que, segundo o estudo realizado por Sadala,
Hunter Adams (1999), é conhecido como Patch Faleiros e Rocha. (2002), o uso do brinquedo e
Adams, mostra a aplicação da terapia do riso em da dramatização no período pré-operatório fez
hospitais e escolas. Nesse filme, em sua época com que os pacientes compreendessem o que
de estudante, o médico atendia seus pacientes estava acontecendo, propiciando a diminuição do
com um figurino bem descontraído e alegre (nariz medo e da ansiedade, por estar em um ambiente
de palhaço, peruca, flores, etc.), inspirando, hospitalar.
também, outras iniciativas semelhantes na
O brincar no ambiente hospitalar proporciona
atualidade, como a dos Doutores da Alegria, ou a
alívio das dores e diminuição da angústia
dos Hospitalhaços, atuando em ambientes
proveniente da separação familiar, permitindo
hospitalares no Brasil e contando com
formas mais espontâneas de expressão corporal
profissionais de diversas áreas, inclusive do
e a adaptação ao novo ambiente, tendo em vista
campo da Educação Física.
que a criança, em situação de brinquedo,
A maioria desses grupos tende a agir visando apresenta, conforme Françani et al. (1998), a
à melhoria nos aspectos psicológicos (auto- possibilidade de expressar sua capacidade de
estima, bem-estar emocional) e físicos dos criação, liberando a afetividade e explorando
pacientes, com base em estratégias que seus próprios limites, na busca do encontro
perpassam as amarras terapêuticas consigo mesma.
convencionais. Segundo o Clube da Gargalhada,
Os livros também foram recursos utilizados,
o riso é uma das práticas mais econômicas do
tendo em vista que a leitura pode ter papel
combate ao estresse, sendo que fortalece o
importante no processo de hospitalização. Por
sistema imunológico e estimula a circulação,
seu intermédio ocorre a diversificação da rotina
beneficiando as pessoas que têm pressão alta e
hospitalar, proporcionando o alívio de tensões, da
problemas do coração. Além disso, ele aumenta a
ansiedade e do medo da morte (SAGATIO, 2004)
criatividade, a auto-estima, a autoconfiança,
e ampliando o uso do imaginário, decorrente dos
revitalizando o ser humano e aliviando dores, por
enredos, o que pode levar a um afastamento
meio da liberação da endorfina e de outras
temporário da angústia associada à doença ou ao
substâncias associadas ao prazer e ao bem-
trauma da hospitalização.
estar.
A atividade de leitura pode ser realizada com
Mas, ainda que a tônica seja a da
a associação de outros recursos, como
informalidade, deve haver uma preocupação
fantoches, músicas e narrativas dramáticas,
desses voluntários em agirem de maneira correta
especialmente para possibilitar uma dinâmica
durante as sessões, respeitando-se os limites da
motivacional crescente aos pacientes, segundo
ética e da moralidade. As dinâmicas recreativas
Silva e Fachin (2002).
utilizadas nas intervenções reafirmam os dados
de uma pesquisa realizada por Bersch e Yunes A música, também utilizada como recurso,
(2004), a fim de investigar os benefícios das possibilita uma atenuação muito eficaz no
tratamento de algumas enfermidades e possui
1030 Motriz, Rio Claro, v.15, n.4, p.1025-1034, out./dez. 2009
Recreação hospitalar
grande capacidade em transmitir sensações Este assunto é de grande importância para ser
agradáveis aos pacientes (FONSECA et al, 2006; pesquisado, pois, não basta apenas a
BACKES et al, 2003), para um processo de solidariedade presente nas ações voluntárias
estruturação emocional, facilitando a integração para garantir o apoio, torna-se premente a
intra e interpessoal. organização e interação de toda a equipe de
atendimento. Para tanto, há que se ter uma
Foram percebidas, pela equipe
gestão de qualidade perpassando, desde o setor
multidisciplinar, algumas alterações positivas nos
administrativo, aos profissionais e voluntários
pacientes, depois da atuação do Profissional de
envolvidos, no sentido de promover a eficácia do
Educação Física, já que, a hospitalização,
atendimento e o real apoio de que necessita o
ocorrida quando a pessoa não pode mais ter
paciente.
cuidados apenas familiares, desencadeia
momentos em que o estado emocional está O papel do profissional de Educação Física na
afetado pelas limitações causadas pela equipe multidisciplinar foi considerado importante
enfermidade (ARMELIN; SCATENA, 2000). pelos sujeitos da pesquisa, já que o
conhecimento técnico desta área é um
Sendo assim, apesar de, no início, poder
coadjuvante fundamental, no que diz respeito à
haver certa resistência e receio dos pacientes em
qualidade e eficiência das propostas, conforme
participar das propostas desse profissional, com
também salientam Minelli (2005) e Gimenez
o tempo, a equipe percebeu grande aceitação e
(1999).
adesão às atividades, pela autoconfiança
ampliada. A doença propicia diversas sensações Em estudo recente realizado por Feijó et al.
desagradáveis, tanto de ordem física quanto (2006), esses resultados são corroborados. Os
psicoemocionais, desencadeando inúmeros autores evidenciam que os profissionais de
problemas, como a possível iminência da morte e Educação Física contribuem no desenvolvimento
os desconfortos advindos da própria de pessoas que possuem algum tipo de
hospitalização (CAMPESTRINI, 1991). Vencer deficiência, por intermédio de vivências motoras
esse quadro torna-se um grande desafio para os que possibilitam solucionar obstáculos
envolvidos, tanto para os pacientes, em tentar apresentados nos ambientes físico e social.
superar as angústias, quanto para a equipe, a
Betti (2003, p. 151) salienta que a Educação
qual deve reconhecer as limitações e minimizar o
Física é a "[...] área de conhecimento e
sofrimento.
intervenção profissional-pedagógica que lida com
Segundo Armelin e Scatena (2000), o apoio é a cultura corporal de movimento, objetivando a
uma forma de proporcionar conforto e promover o melhoria qualitativa das práticas constitutivas
nível de saúde. Para esses autores, podem-se daquela cultura, mediante referenciais científicos,
apontar, no mínimo, três tipos de apoio para filosóficos, pedagógicos e estéticos.". Sendo
estes casos: o emocional, relacionado ao assim, o profissional de educação física pode ter
envolvimento afetivo; o físico, referente ao um papel essencial em uma equipe hospitalar,
suporte das mudanças corporais apresentadas por dominar aspectos decisivos e diferenciais
pelo paciente e o social, com a função de ampliar para a qualidade do atendimento, que são
o desempenho interrelacional do enfermo. peculiares a sua área de formação.
Muitas vezes, o paciente internado conta É necessário que haja um reconhecimento
apenas com o apoio de voluntários que dessa atividade no mercado e um estímulo à
disponibilizam visitas esporádicas ou mesmo, se formação aprofundada desse profissional, para
envolvem demasiadamente com a situação se ampliar as perspectivas e a qualidade desta
pessoal do paciente, comprometendo o atuação, tendo, este trabalho, maior aceitação e
atendimento. Moniz e Araújo (2008), entretanto, destaque no setor da saúde. A superação de
alertam para a necessidade de capacitação e preconceitos relativos à inserção do profissional
supervisão do trabalho voluntário como apoio em da área de Educação Física em equipes
hospitais, já que algumas limitações envolvendo o multidisciplinares da área da saúde ainda é um
despreparo técnico ou psíquico dessas pessoas desafio a ser vencido.
podem prejudicar a interação com a equipe
Segundo Lovisolo (1996), a desvalorização da
técnica, ou mesmo com o paciente.
Educação Física, de modo geral pela sociedade
e, especialmente na área da saúde, ocorre devido devem enfatizar mais o papel das atividades
a posturas inadequadas adotadas por alguns lúdicas e da recreação, especialmente
profissionais, podendo-se perceber a presença revigorando a idéia de que a conduta lúdica
do comodismo, a falta de atualização e de apresenta-se como um comportamento primário
consciência. Além disto, torna-se ainda da espécie humana.
necessário que a área de saúde reconheça a
Além disto, os hospitais e centros de saúde
atividade física em geral como elemento
precisam inovar e vencer barreiras
primordial, superando a simples associação da
preconceituosas, dando oportunidade para que
saúde com a ausência de doença e aderindo a
as crianças exerçam seus direitos ao brincar e a
uma visão holística em relação ao corpo.
serem crianças, independente da condição de
O ambiente hospitalar é dotado de condições hospitalização. Torna-se premente que todos os
não favoráveis aos pacientes e, diferentemente profissionais desta área recebam, efetivamente,
do ambiente familiar, a criança fica restrita em subsídios para vencerem o estigma relativo ao
seus sentimentos e atos naturais do seu lúdico, para poderem atuar com compromisso,
desenvolvimento (BERSCH; YUNES, 2004), competência e afetividade, difundindo a
podendo comprometer toda sua estrutura importância das perspectivas do trabalho
psíquica. Sendo assim, toda e qualquer iniciativa voluntário em equipes multidisciplinares.
de se promover qualidade a esta experiência,
deve ser incentivada, especialmente, com base Referências
nos recursos de conhecimento advindos da ADAMS, P. Patch Adams: o amor é contagioso.
formação em Educação Física. (F. Colasanti, Trad.). Rio de Janeiro: Sextante,
1999. (Trabalho original publicado em 1945).
Considerações Finais
ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER,
A análise realizada sobre o papel do
F. O método nas ciências naturais e sociais:
profissional de Educação Física e da recreação pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São
dentro do hospital evidenciou uma forma positiva Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
e de profunda importância para se lidar com a
temporalidade e a espacialidade dos enfermos, ARMELIN, M. V. A. L.; SCATENA, M. C. M. A
salientando-se uma demanda premente de maior importância do apoio emocional às pessoas
hospitalizadas: o discurso da literatura. Revista
disposição e oferta de pessoas e recursos para o
Nursing, São Paulo, v. 22, n. 12, p. 22-25, 2000.
desenvolvimento desta atuação no contexto
hospitalar. BACKES, D. S.; DDINE, S. C.; OLIVEIRA, C. L.;
BACKES, M. T. S. Música: terapia complementar
Assim, a recreação, considerada positiva e no processo de humanização de uma CTI.
importante pelos participantes desse estudo, Revista Nursing, São Paulo, v. 66, n. 6, p. 37-42,
pode ter a função de estimular a criatividade dos 2003.
indivíduos envolvidos, por meio de atividades de
caráter mais espontâneo e prazeroso, quebrando BATISTA, A. V.; PÊGO, I. G. A.; FERREIRA, K.
C.; SILVA, L. S.; CONTARINE, M. L. M.;
a rotina emocionalmente estressante, ligada à
PEREIRA, V. F. A. SANT’ANNA, V. L. L. A práxis
condição de doença. pedagógica no ambiente hospitalar: perspectivas
A atuação do profissional de Educação Física e desafios. Pedagogia em Ação, v. 1, n. 1, p. 37-
43, 2009.
na recreação hospitalar foi considerada
importante, entretanto, é preciso que o próprio BERSCH, A. A. S.; YUNES, M. A. M. Mobilizando
profissional possa se dar outra valorização, assim crianças hospitalizadas da passividade à
como a equipe de saúde, disseminando-se um atividade frente a doença: a ótica da ecologia do
novo redimensionamento sobre suas desenvolvimento humano. In: COLÓQUIO DE
PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA
contribuições na área da saúde. REGIÃO SUL, 2., ENCONTRO DA REDE SUL
Também se faz necessário uma adequação BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 4.,
SEMANA ALTO URUGUAI DO MEIO AMBIENTE.
dos cursos de formação em todas as áreas, para
Anais ... Simpósio Gaúcho de Educação
se disseminar o valor do conteúdo lúdico e da Ambiental, 1, CD-ROM, 2004.
conduta lúdica para o ser humano, independente
do ambiente em que se encontre. Os currículos BETTI, M. Educação física escolar: do idealismo
de formação em diferentes vertentes da saúde à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-