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Intelectual orgânico
, melhor dizendo, encontra neste contato a fonte dos problemas que devem ser estudados e
resolvidos? Só através deste contato é que uma filosofia se torna “histórica”, depura-se dos
elementos intelectualistas de natureza individual e se transforma em “vida
Trata-se, portanto, de elaborar uma filosofía que — tendo já uma difusão ou possibilidade de
difusão, pois ligada à vida prática e implícita nela — se torne um senso comum renovado com
a coerência e o vigor das filosofías individuais. E isto não pode ocorrer se não se sente,
permanentemente, a exigência do contato cultural com os “simples”.)
O fato de que a Igreja deva enfrentar um problema dos “simples” significa, justamente, que
existiu uma ruptura na comunidade dos “fiéis”, ruptura que não pode ser eliminada pela
elevação dos “simples” ao nível dos intelectuais (a Igreja nem sequer se propõe esta tarefa
ideal e economicamente desproporcional em relação às suas forças atuais), mas mediante uma
disciplina de ferro sobre os intelectuais para que eles não ultrapassem certos limites nesta
separação, tornando-a catastrófica e irreparável
No passado, essas “rupturas” na comunidade dos fiéis eram remediadas por fortes
movimentos de massa, que determinavam ou eram absorvidos na formação de novas ordens
religiosas em torno a fortes personalidades (Domingos, Francisco)
Se ela afirma a exigência do contato entre os intelectuais e os simples não é para limitar a
atividade científica e para manter uma unidade no nível inferior das massas, mas justamente
para forjar um bloco intelectual-moral que torne politicamente possível um progresso
intelectual de massa e não apenas de pequenos grupos intelectuais
Pode ocorrer, aliás, que sua consciência teórica esteja historicamente em contradição com o
seu agir. É quase possível dizer que ele tem duas consciências teóricas (ou uma consciência
contraditória): uma, implícita na sua ação, e que realmente o une a todos os seus
colaboradores na transformação prática da realidade; e outra, superficialmente explícita ou
verbal, que ele herdou do passado e acolheu sem crítica.
E, especialmente, a sua filosofia na forma que tem para ele maior importância, isto é, como
norma de conduta? O elemento mais importante, indubitavelmente, é de caráter não racional:
é um elemento de fé.
Mas de fé em quem e em quê? Sobretudo no grupo social ao qual pertence, na medida em que
este pensa as coisas também difusamente, como ele: o homem do povo pensa que tantos não
podem se equivocar tão radicalmente, como o adversário argumentador queria fazer crer; que
ele próprio, é verdade, não é capaz de sustentar e desenvolver as suas razões como o
adversário faz com as dele, mas que, em seu grupo, existe quem poderia fazer isto, certamente
ainda melhor do que o referido adversário; e, de fato, ele se recorda de ter ouvido alguém
expor, longa e coerentemente, de maneira a convencêlo, as razões da sua fé.
movimento cultural que pretenda substituir o senso comum e as velhas concepções do mundo
em geral, a saber: 1) não se cansar jamais de repetir os próprios argumentos (variando
literariamente a sua forma): a repetição é o meio didático mais eficaz para agir sobre a
mentalidade popular; 2) trabalhar de modo incessante para elevar intelectualmente camadas
populares cada vez mais vastas, isto é, para dar personalidade ao amorfo elemento de massa,
o que significa trabalhar na criação de elites de intelectuais de novo tipo, que surjam
diretamente da massa e que permaneçam em contato com ela para se tornarem seus
“espartilhos”
Entretanto, deve-se notar que em todos os países, ainda que em graus diversos, existe uma
grande cisão entre as massas populares e os grupos intelectuais, inclusive os mais numerosos e
mais próximos à periferia nacional, como os professores e os padres.