Você está na página 1de 4

ILMO. SR.

PRESIDENTE DA COMISSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR, PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL/PR.
PROCESSO N°: 1947/2018.

Rivair André Cardoso, servidor público municipal, devidamente registrado


sob a matrícula n°19.263-5, ocupante do cargo de Guarda Patrimonial, através de
seu defensor dativo, abaixo-assinado, vem à presença de vossa senhoria,
apresentar DEFESA FINAL, com fulcro no artigo 231 da Lei Municipal n°
2.215/1991.

DOS FATOS

Mediante a Portaria n° 1947/2018 – GAB, o servidor foi indiciado tendo em


vista:

 Que na data de 24 de Novembro de 2018, enquanto o Prefeito Municipal


Leonaldo Paranhos visitava o Ecopark Morumbi, conversou com um cidadão ali
presente que reclamava sobre a falta de vigilância no parque, e no momento em que
estava no local, o mesmo não visualizou nenhum Guarda Patrimonial nas
imediações. Diante das informações, o supervisor de serviço da Guarda Patrimonial
Luiz Henrique Machado, juntamente com o Gerente de Vigilância, Leonir Argente, se
deslocaram até o Ecopark e não encontraram nenhum dos referidos Guardas que
estavam de plantão naquele dia.

DO DIREITO

DA PORTARIA EXORDIAL

Tendo em vista o caráter restrito e reservado com que se deve ser empregada
a sede administrativa disciplinar, a análise acima mencionada, no juízo de
admissibilidade, deve ser aprofundada, detalhada e o mais fartamente possível
instruída, para que se evite a instauração de processos administrativos disciplinares
em situações de falta de objeto (em caso de flagrante improcedência da
representação ou denúncia, em razão de o fato em si ou de o seu autor não se
submeter à seara correcional ou de o fato ser passível de esclarecimento liminar).

Destaque-se, pela sua própria natureza, a sede disciplinar importa ônus


(materiais e imateriais). Daí, não ser provocada diante de atos de gerência
administrativa de pessoal ou de pequenos aspectos comportamentais. O juízo de

1/3
admissibilidade deve atentar para os delimitadores de emprego da sede, tanto em
termos objetivos (apurar irregularidades estatutárias, da Lei 2.215/1991) quanto
subjetivos (cometidos por servidor).
“Para que o processo disciplinar seja instaurado com legitimidade não basta tão-
somente que seja a autoridade hierárquica competente para tanto, havendo, de rigor
jurídico, a necessidade de um mínimo legal que, traduzindo possibilidade de condenação
(‘fumus boni juris’), se estribe em elementos concretos indicadores de tal viabilidade.
Não é jurídico nem democrático que o servidor público venha, sem mais nem menos,
responder a processo disciplinar.
A garantia constitucional do devido processo legal não somente contenta-se em que o
processo recepcione a ampla defesa e o contraditório, como também exige, para sua
prova (‘fumus boni juris’), sinalizador da plausibilidade da pretensão punitiva da
Administração, não poderá haver processo disciplinar.
Tais elementos, embora não seja exigível que já possam, no limiar do processo, traduzir
um juízo seguro ou razoável de certeza, devem, contudo, apresentar, pelo menos, um
juízo de possibilidade condenatória em desfavor do servidor imputado. Consistindo em
qualquer detalhe lícito produtor de convicção definível como princípio de prova, esses
elementos constituem os conectivos processuais ensejadores da abertura de tal
empreitada apuratória de possíveis transgressões disciplinares. Sem tais conectivos,
não é licita a abertura de tais procedimentos.
O Direito Processual Disciplinar exige a presença desses conectivos (princípios da
prova) como forma de evitar que venha o servidor sofrer os incômodos e os
aborrecimentos oriundos de um processo disciplinar precipitadamente instaurados, além
de, com tal cuidado, proporcionar resguardar à dignidade do cargo ocupado pelo
acusado, o que reverte-se, por fim, em benefícios da normalidade e regularidade do
serviço público, escopo inarredável a que deve preordenar-se toda repressão
disciplinar”. José Armando da Costa, “Teoria e Prática do Processo Administrativo
Disciplinar”, pgs. 204 e 205.

DA REALIDADE DOS FATOS:

O mesmo estava trabalhando, cuidando do lado próximo a Av. Corbélia, já se


passa das 12h30min, e o mesmo foi almoçar, deixou moto da Guarda no local
destinado, pegou o seu veículo e para sua casa, que se localiza a 06 quadras do
Ecopark. O Ecopark, não tinha no período dos fatos local para refeições e nem para
higiene pessoal, devido a ainda estar em conclusão de suas obras na data do
ocorrido.

De acordo com os levantamentos o mesmo chegou às 13h10min, totalizando


40 min de intervalo. O mesmo prontamente recebendo a ligação do seu superior
hierárquico, retornou ao local de serviço.

De acordo com a Divisão de Engenharia e Segurança do Trabalho o servidor


tem o direito a 1 (uma) hora de almoço, conforme a CLT, Art. 71 – Em qualquer
trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatório a concessão
de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma)

2/3
hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo contrário, não poderá exceder de 2
(duas) horas, para trabalhadores/servidores.

(...)

§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo,


não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período
correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o
valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Conforme o depoimento do Supervisor de Luis Henrique, o servidor tinha


permissão do Gerente da Guarda Patrimonial Leonir Argente para ir almoçar em sua
residência, e até o dia do fato ocorrido não tinham nenhuma ordem explicita de ter
que alternar o horário de almoço com o seu colega de trabalho e ficar no local
durante o mesmo.

No ECOPARK ainda não tinha local adequado para poder guardar alimentos,
ou para poder consumir, não tinha banheiros, estava em fase de término de
construção, neste sentido a Divisão de Engenharia e Segurança do Trabalho
seguem as normas da NR 24, no artigo 24.6.1.... os órgãos governamentais
devem oferecer a seus empregados e servidores condições de conforto e
higiene que garantam refeições adequadas por ocasião dos intervalos
previstos na jornada de trabalho.

Neste caso não tendo como ter estes padrões de conforto para o devido
trabalho o servidor estará com a permissão do seu superior hierárquico livre pra
poder ir almoçar em outro local.

Quanto ao fato de deixar as motos no local, conforme as ordens do superior


hierárquico poderiam ir almoçar, mas deveriam deixar as motos no local de serviço,
sendo que as mesmas estavam estacionadas em local apropriado aos funcionários
que trabalham no local.

Não se caracteriza mau uso do equipamento pois temos o exemplo no Lago


Municipal aonde temos uma viatura 2183 estacionada no Estacionamento Público
próximo à Secretaria de Meio Ambiente.

O servidor acima citado está na Guarda Patrimonial 15 anos, e sua conduta é


demonstrada pelas notas de suas últimas avaliações de Desempenho, 2015 – nota
95.09 e em 2018 – 96.57. Não tendo nenhum registro de processo administrativo em
sua ficha funcional, é prestativo e tem uma boa relação com os demais servidores e

3/3
seus superiores hierárquicos.

4 – DOS PEDIDOS

a) Pugna-se pela absolvição do Indiciado quanto fato narrado na Portaria


Exordial, a consequente ausência de culpa nos fatos, demostrada a
ausente de materialidade e em caso de dúvidas pela incidência do in
dubio pro reo;

b) Pugna-se pela absolvição do Indiciado quanto a Portaria Exordial, estando


ausentes provas de materialidade, restando demonstrada a inexistência do fato
imputado e em caso de dúvida pela incidência do in dubio pro reo;

c) Pugna-se pela absolvição do indiciado quanto a Portaria Inaugural,


restando clara a ausência de elemento subjetivo necessário para configurar a
conduta imputada de falta de cometida.

Acreditando-se que esta Comissão, com a função de opinar e trazer clareza


aos fatos reservar-se-á em manter-se nos princípios do bom direito, pautando-se na
imparcialidade, legalidade, razoabilidade e proporcionalidade opinará pelo pleito
pretendido.

Cascavel, 25 de fevereiro de 2019.

Osvaldo Cezar Gonçalves de Andrade.


DEFENSOR DATIVO

4/3

Você também pode gostar