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Turbinas a Vapor
11.1. Introdução
A pré-história das turbinas a vapor se remonta desde 175 a.C. quando Herón de
Alexandría fez a primeira descrição.
A turbina de Herón, figura 11.1, consistia de uma esfera que podia girar livremente em
torno de um eixo diametral, apoiada nos extremos dos mesmos em dois suportes por cujo
interior fazia entrar na esfera o vapor produzido por dois tubos diametralmente opostos e
("acodados") direcionados em sentido contrário. A transformação de pressão em velocidade
tem lugar totalmente no elemento móvel (esfera ou "rodete").
A história da turbina a vapor se iniciou no final do século passado. Entre os muitos
investigadores que contribuíram para o seu desenvolvimento mencionaremos só os principais,
que foram os criadores das turbinas a vapor modernas.
O primeiro inventor foi o suéco De Laval (1845-1913), que criou como sub-produto de
seu desnatador centrífugo, impulsionado pela necessidade de encontrar um ancinamento de
grande velocidade para o mesmo, a turbina a vapor de ação de um só estágio. Desenvolveu
um bocal (Tobera) convergente-divergente com velocidade supersônica de saída de vapor e o
eixo flexível cuja velocidade crítica chegava por debaixo da velocidade de giro da turbina,
30.000 rpm. Uma turbina De Laval é mostrada figura 11.2
O segundo inventor foi o inglês Parsons (1854-1931), que em busca de um motor
marinho apropriado, desenvolveu a turbina a vapor de reação de vários estágio em 1895.
Utilizando um rotor duplo e conseguiu melhores rendimentos comparado do com as máquinas
alternativas de vapor utilizadas até então nos barcos.
As turbinas a vapor são máquinas de grande velocidade. Se todo o salto entálpico
disponível se transforma em energia cinética no bocal, a velocidade do vapor na saída da
mesma é muitas vezes superior a velocidade do som, e a velocidade periférica do rotor para
aproveitar com bom rendimento esta energia poderia chegar a ser superior ao limite de
resistência dos materiais empregados. Além das altas velocidades as turbinas a vapor
modernas trabalham em condições super críticas de pressão e temperatura (acima de 250 bar e
600°C, respectivamente).
Figura 11.3: Turbina tánden compound Escher Wyss, de 160 MW, em curso de montagem
Figura 11.11: Expansões sucessivas do vapor em uma turbina com escalonamento de pressão.
A próxima figura mostra uma turbina vapor de reação axial-radial (turbina Durax) onde
o vapor entra na turbina a vapor axialmente se expansiona de forma radial, e na sua saída,
segue expansionando nas pás.
Figura 11.14: Esquema de uma turbina de fluxo radial e axial Durax, da ASEA.
e) Turbinas a vapor de contrapressão
Não tem condensador e o vapor de escape esta ligado a um aparato que utiliza vapor a
uma pressão mais baixa. É utilizada em industrias em que além de gerar sua própria energia
elétrica, precisam de vapor a pressões moderadas para utilização industrial, aquecimento por
exemplo. É também utilizada para aumentar a potência de uma central de vapor já construída,
sendo denominada neste caso "turbina superior". O vapor de escape dela entra em algumas ou
em todas as turbinas da instalação com menor pressão. A próxima figura mostra este tipo de
turbina a vapor.
Figura 11.15: Corte longitudinal de uma turbina de contrapressão Escher Wyss. Potência: 3 MW;
velocidade: 10000 rpm; pressão de entrada de vapor: 100 kg/cm2; temperatura de entrada de vapor:
600°C; contrapressão: 11 kg/cm2.
f) Turbinas a vapor Tándem-Compound
Caracterizada por ser constituída por vários corpos. Representa a concepção da turbinas
a vapor mais modernas. O vapor procedente da caldeira entra no primeiro destes corpos, que é
de alta pressão, donde se expansiona e, na sua saída, se introduz no corpo seguinte, de menor
pressão, onde sofre nova expansão, e assim sucessivamente. Geralmente, depois da saída do
último rotor, o vapor, a baixa pressão, entra no condensador. Todos os rotores são montados
no mesmo eixo. São utilizadas nas centrais térmicas.
fig 2_32
Figura 11.16: Corte longitudinal de uma turbina tánden compound Escher Wyss de 2 corpos e
50 MW, pressão do vapor de entrada: 80 a 85 kg/cm2 ; temperatura de reaquecimento do vapor
510°C.
Se a turbina a vapor tándem compound permitir que seja extraído vapor em diferentes
pontos intermediários, elas são ditas de extração. Esse vapor pode ser usado para secagem,
aquecimento, etc. A próxima figura ilustra este tipo de turbina a vapor.
Figura 11.17: Corte longitudinal de uma Turbina tandém compound Elliot, de dupla extração.
Sendo:
1 - Conjunto da válvula de admissão;
2 - ????
3 - ???
4 - Rodete ( ? escalonamento);
5 - Conjunto da válvula de extração;
6 - Evacuação das fugas da válvula de extração;
7 - Conjunto da válvula de extração;
8 - Carcaça da turbina (admissão);
9 - Carcaça da turbina (escape);
10 - Diafragma (último escalonamento);
11 - Válvula de vigilância;
12 - Rodete (último escalonamento);
13 - ???
14 - Separador de ??;
15 - Nível indicador de ???;
16 - ??;
17 - ??
18 - Acoplamento;
19 - ??
20 - ?
21 - ?
22 -
23 -
24 -
25 -
26 -
27 -
28 -
29 -
30 -
31 -
32 -
33 -
34 -
35 -
Figura 11.18: Esquema do ciclo de funcionamento de uma turbina a vapor com condensador: G -
gerador de vapor (caldeira); AP - corpo de alta pressão da turbina; BP - corpo de baixa pressão da
turbina; A - gerador elétrico; c - condensador; B - bomba de alimentação da caldeira.
Figura 11.22: Esquema do ciclo de funcionamento de uma turbina a vapor com condensador,
reaquecimento primário e secundário: G - gerador de vapor (caldeira); RP - reaquecimento primário;
RI – reaquecimento intermediário; AP - corpo de alta pressão da turbina; MP - corpo de média pressão
da turbina; BP - corpos de baixa pressão da turbina; A - gerador elétrico; C - condensador; B - bomba
de alimentação da caldeira.
Obs.: Assim, quando se fala em ciclo com reaquecimento estamos nos referindo ao
reaquecimento secundário.
Figura 11.25: Esquema do ciclo de funcionamento de uma turbina a vapor com condensador,
reaquecimento primário e recuperação: G - gerador de vapor (caldeira); RP - reaquecimento primário;
RI – reaquecimento intermediário; AP - corpo de alta pressão da turbina; MP - corpo de média
pressão da turbina; BP - corpos de baixa pressão da turbina; A - gerador elétrico; C - condensador; B1
- bomba de extração do condensador; H1 e H2 - aquecedores de água de alimentação (recuperadores);
B2 - B3 - bombas de desagüe dos recuperadores; B4 - bomba de alimentação da caldeira.
Figura 11.26: Ciclo Rankine regenerativo - Diagrama T-s tridimensional.
e) Ciclos binários
Nestes ciclos utilizam-se fluídos cujas pressões de vapor são distintas, de modo que a
pressão de saturação do denominado "fluído superior" coincida, aproximadamente, com a
pressão de vaporização do denominado "fluído inferior". Ou seja, que o condensador do
fluído superior sirva de caldeira para o fluído inferior.
A figura mostra uma instalação de potência a vapor com ciclo binário.
Figura 11.29: Esquema do ciclo de funcionamento de uma turbina a vapor com condensador,
reaquecimento primário e recuperação: G - gerador de vapor (caldeira); RP - reaquecimento primário;
RI - reaquecimento intermediário; AP - corpo de alta pressão da turbina; MP - corpo de média
pressão da turbina; BP - corpos de baixa pressão da turbina; A - gerador elétrico; C - condensador; B1
- bomba de extração do condensador; H1 e H2 - aquecedores de água de alimentação (recuperadores);
B2 - B3 - bombas de desagüe dos recuperadores; B4 - bomba de alimentação da caldeira.
Ainda que se tenha inventado muitos ciclos binários, o de maior importância técnica é o
que utiliza vapor de mercúrio como fluído superior e vapor d'água como fluído inferior.
Figura 11.30: Ciclo binário de Rankine, vapor de mercúrio-vapor de água.
Note que ela consta de uma turbina a vapor de contra pressão que permite que o vapor
que sai dela com certa pressão seja usado para outros fins.
A instalação consta de uma caldeira (G), um reaquecimento primário(RP) de onde o
vapor vai para a turbina de contrapressão(CP), a qual aciona um gerador elétrico(A). O vapor
de escape sai suficientemente aquecido e pode servir como um circuito de reaquecimento de
um reaquecedor de vapor(RV) de onde vai para um pré-aquecedor de água de alimentação(H)
e daí ao trocador de calor(IC), onde esquenta a água procedente do sistema de consumo; o
vapor d'água obtido para RV e depois se dirige ao circuito de utilização de vapor (CV).
A água que vem do vapor condensado neste circuito(CV) é impulsionada por uma
bomba (B1) até o IC de onde se reinicia o circuito secundário de vapor.
No circuito primário, a água procedente da condensação do vapor no IC, é impulsionada
pela bomba B2 até o pré-aquecedor(H) e daí impulsionada pela bomba B3 até a caldeira, onde
se encerra o ciclo primário de vapor.
a) Regulagem da potência
A regulagem da potência da turbina a vapor é feita controlando-se a quantidade de
vapor admitido no rotor, de acordo com as necessidades de carga.
Esse controle de admissão pode ser feito de 4 formas diferentes:
Figura 11.33: Esquema de um regulador mecânico para turbinas a vapor, com controle de vapor por
meio de toberas.
- Regulação mista
É uma combinação da regulação quantitativa e qualitativa.
Na proximidade da carga normal, que é a zona mais freqüente de funcionamento, a
regulagem se faz quantitativamente, variando o grau de admissão; com o qual se consegue
que nesta zona a turbina trabalhe sempre com bom rendimento; porém, ao passar a cargas
menores que 50% da carga normal, a regulagem se faz por estrangulamento da válvula, com o
qual se consegue uma simplificação da instalação.
Ao aumentar a carga normal a válvula V2 se abre e assim entra vapor (depois de sofrer
um estrangulamento na válvula) em um ponto intermediário diretamente sem passar por
estágios anteriores.
b) Regulagem de velocidade
Como a velocidade de "embalamento" de uma turbina a vapor, alcança
aproximadamente o dobro da velocidade nominal, nenhuma turbina a vapor poderia resistir tal
sobrevelocidade, portanto, a limitação e controle da velocidade de rotação é de grande
importância.
É constituído por um par de massas esféricas ligadas de maneira articuladas a um eixo (
que gira com a mesma velocidade de rotação que o rotor) sobre o qual atua um sistema de
guia articulado as esferas.
Existem outros tipos de reguladores (elétricos, hidráulicos, etc) mas cujo princípio de
funcionamento é basicamente o mesmo e portanto não serão apresentados.
Obs.: Geralmente as turbinas a vapor são equipadas por um mecanismo de limitação de
velocidade que atua quando a velocidade excede uns 10% aproximadamente da velocidade
normal, evitando o "embalamento".
Figura 11.37: Dispositivo de Rateau contra o embalamiento.
c) Regulagem de pressão
Geralmente atua na entrada da turbina a vapor mantendo constante a pressão da
caldeira, o que é muito vantajoso para o funcionamento da mesma, cuja pressão não sofre
assim oscilações com a carga.
Pode também ser utilizada (feita) em outros pontos intermediários de um ciclo.
O sistema de regulagem de pressão consiste basicamente de uma válvula que restringe a
passagem do vapor alterando assim a pressão.
4 - Servomecanismo
Volante
b) Potência
. .
W = m v .u.( w1. cos β1 + w 2 . cos β2 )
Sendo:
.
W = potência;
.
m v = taxa de massa de vapor;
u = velocidade de rotação;
w1 e w2 = velocidade na entrada e saída das pás;
β1 e β2 = ângulos de entrada e saída das pás.
Ou de outro modo:
. .
W = m v .∆h isoent .η
c) Rendimento
- Rendimento interno da turbina a vapor:
∆h real
η1 =
∆h isoent
- Rendimento mecânico da turbina a vapor:
.
W util
ηm = .
W produzida
Obs.: Em geral, 0,85 < ηm < 0,99
- Rendimento global da turbina a vapor:
.
W util
η= .
= ηi .ηm
W isoent
O gráfico a seguir mostra os rendimentos termodinâmicos reais (rendimentos internos)
das turbinas a vapor comumente utilizadas (3000 rpm) nas centrais térmicas em função de sua
potência e da porcentagem de carga considerada.
Obs.: Para o cálculo de ηi necessitamos de ∆h, que pode ser obtido a partir do diagrama de
Mollier para o vapor d’água mostrado a seguir:
Sendo:
I - Caldeira com superaquecedor;
II - Turbina, parte de alta pressão;
III - Turbina, parte de baixa pressão;
IV - Vapor para processo;
V - Condensador;
VI - Misturador;
VII - Bomba;
VIII e IX - Reguladores de velocidade e pressão;
X - Alternador.
Em uma instalação deste tipo é possível obter-se uma potência constante para uma gama
.
bastante grande de variação da massa m h para o processo, o que muitas vezes é de grande
interesse técnico-econômico.