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Para que
idade?
Sou formado em Pedagogia pela Unesp de Bauru, e sou mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Educação Escolar da Unesp de Araraquara. Leciono no Estado desde de 2006,
sou Professor de Educação Básica I (PEBI) e no momento estou com uma 3ª série, alunos em
torno de 9 e 10 anos.
3. Você conclui após ter pesquisado nessa área e também pela experiência que tem como
professor que as estatísticas apresentadas pela secretaria de Educação referentes ao SARESP
são condizentes com a realidade do aluno em sala de aula?
4. Em sua opinião quais são as maiores deficiências dos alunos nessa etapa do aprendizado?
Os alunos de 3ª série na sua grande maioria já sabem ler e escrever e dominam alguns
pseudo-conceitos, a maior dificuldade neste período está em fazer relações e generalizações
que compreendam verdadeiros conceitos científicos, o que é sadio nesta idade. No entanto,
temos nos deparado com alunos que possuem muita defasagem e chegam na 3ª e 4ª série sem
ter dominado a leitura e a escrita, muitos chegam até a 8ª série, semi-analfabetos! Esses
alunos dificilmente acompanharão o restante da classe, então estamos trabalhando na
realidade com classes multisseriadas. É possível trabalhar com classes assim, mas a realidade
das salas de aula no Estado, que são muitas vezes superlotadas, não permite a realização de
um bom trabalho nestas condições, o que é pior para o aluno com defasagem, que precisa de
uma maior proximidade com o professor e muitas vezes fica esquecido na sala de aula.
5. Você acha que modelos de exames como o SARESP e o ENEM são eficazes na avaliação dos
alunos? Por quê? O que deveria ser mudado nesses modelos?
Esses modelos chamados de avaliações externas fazem parte dos “technopools” do
neoliberalismo, ou como Pablo Gentile escreve, são ferramentas que têm como finalidade a
construção de um “senso comum tecnocrático”, gerando a ilusão de que a partir de
determinadas técnicas de gestão e no caso da educação, o instrumentalismo pedagógico, é
possível melhorar os indicadores sociais. No entanto, os critérios dessas avaliações são
“maleáveis” e podem gerar distorções, conforme o enfoque desejado. O caso de São Paulo é
um bom exemplo. Em ano de eleição ficaria ruim para o pré-candidato à presidência admitir
que no Estado em que governa não houve melhoras na educação. Dessa maneira, os critérios
de classificação do SARESP foram alterados sem maiores justificativas, o SARESP que tinha até
2008 por base quatro níveis de classificação: Abaixo do Básico, Básico, Adequado e
Avançado, considerando aceitável que os alunos estivessem nos níveis “adequado” e
“avançado”, tem 2009 , os antigos níveis “básico” e “adequado” agrupados no nível
“Suficiente”. A mudança inflacionou os índices de desempenho a proporção de alunos da 4ª.
série em nível satisfatório de Língua Portuguesa, subiu de 32% em 2008, para 79% 2009. O
aumento ocorreu em todas as classes avaliadas, segundo a Folha de S.Paulo. O Secretário
Paulo Renato saiu em disparada nos jornais para noticiar o incrível aumento de 9,4% da
educação. Mas, estudos como do prof. Alavarse da USP mostraram que se não tivesse ocorrido
a alteração nos critérios, nenhuma “melhoria” teria sido registrada. Em resumo, esse tipo de
avaliação é na realidade um engodo. As avaliações deveriam ser diagnósticas, para conhecer e
sanar as necessidades materiais e intelectuais das escolas, e não um sistema para vigiar e
punir, com rankings para enaltecer os “melhores” e envergonhar os “piores”.
6. Qual é o principal equívoco do modelo educacional hoje? Você acha que tem se
focado/investido nos pontos certos? O que mais está deficiente na Educação Brasileira?