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ANTECEDENTES

• A idéia de República
• “Silêncio, o imperador
está governando o Brasil”
– Piada comum entre os
republicanos. Para eles,
não era apenas o
imperador que estava
envelhecido e incapaz. O
próprio regime monárquico
tinha ficado caduco.O
país precisava de uma
forma de governo mais
ágil e atual, que colocaria
o país nos trilhos da
modernidade: a República.
• D. Pedro II e a Monarquia desequilibrados,charge
de Ângelo Agostini para a Revista Ilustrada de 21
de janeiro de 1882.
QUESTÕES QUE AGITARAM O
FINAL DO IMPÉRIO
- O fim do governo de D.Pedro II foi
marcado por contestações ao regime
imperial brasileiro: agitavam-se a
campanha abolicionista e a campanha
republicana; ocorriam paralelamente a
Questão Religiosa e a Questão Militar.

• Foram fatos interligados, que ocorreram


simultaneamente e que contribuíram para
a liquidação do regime imperial e sua
substituição pelo republicano
1- QUESTÃO ABOLICIONISTA
• A questão servil impunha-se desde a abolição do
tráfico negreiro em 1850, encontrando viva
resistência entre as elites agrárias tradicionais
do país. Diante das medidas adotadas pelo
Império para a gradual extinção do regime
escravista, essas elites reivindicavam do Estado
indenizações proporcionais ao número de
escravos alforriados. Com a decretação da Lei
Áurea (1888), e ao deixar de indenizar esses
grandes proprietários rurais, o Império perdeu
o seu último pilar de sustentação. Chamados de
"republicanos de última hora", os ex-
proprietários de escravos aderiram à causa
republicana.
2-QUESTÃO RELIGIOSA
- Desde o período colonial, a Igreja Católica enquanto instituição
encontrava-se submetida ao Estado. Isso se manteve após a
Independência e significava, entre outras coisas, que nenhuma
ordem do Papa poderia vigorar no Brasil sem que fosse
previamente aprovada pelo Imperador (Beneplácito). Ocorre
que, em 1872, Dom Vital e Dom Macedo, bispos de Olinda e
Belém do Pará respectivamente, resolveram seguir por conta
própria as ordens do Papa Pio IX (Bula Syllabus), punindo
religiosos ligados à maçonaria. D. Pedro II, influenciado pelos
maçons, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que
suspendessem as punições. Estes recusaram-se a obedecer ao
imperador, sendo condenados a quatro anos de prisão. Em
1875, graças à intervenção do Duque de Caxias, os bispos
receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade.
Contudo, no episódio, a imagem do império desgastou-se junto
à Igreja.
• A maçonaria
• Era uma organização secreta de ajuda mútua. Foi
influenciada pelo iluminismo e difundia idéias políticas
liberais.
• Desde o século das Luzes (XVIII) que a maçonaria
atuava no Brasil. Os maçons participaram da
Conjuração Baiana de 1798 e também tiveram a ver
com a Inconfidência Mineira de 1789.
• Influenciada pela filosofia do Esclarecimento, a
maçonaria era contra a Igreja Católica.
- Charge de 1876 mostra D. Pedro II
sendo castigado pelo Papa Pio IX por
causa da chamada “Questão Religiosa”.
3- QUESTÃO MILITAR
• Caricatura da Revista Ilustrada referente à
Questão Militar, retratando o enfrentamento
entre Deodoro e membros do gabinete.
- A Guerra do Paraguai fez surgir uma instituição organizada, disciplinada e
consciente de seu poder: o exército brasileiro. Durante a guerra, os militares
brasileiros entraram em contato com repúblicas governadas por membros do
exército; em vista disso passaram a exigir maior participação na vida política
do país. Surgia no exército brasileiro o ideal de salvação nacional, a idéia de
que só o exército poderia salvar o Brasil da desordem causada pela
Monarquia.
- Após a Guerra do Paraguai, as relações entre Forças Armadas e o governo
imperial deixaram de ser harmônicas.
• Algumas decisões governamentais, como a
proibição de os militares exprimirem publicamente,
sobretudo através da imprensa, sua opiniões
políticas, a demissão do comandante da Escola de
Tiro de Campo Grande, no RJ, e a acusação
sofrida por um capitão de desviar fardamentos e
negociar os soldos da Companhia de Infantaria do
Piauí acentuaram as diferenças entre o exército e
o Império.
• Os militares, então, uniram-se à aristocracia
cafeeira do oeste paulista, que estava
descontente com os rumos dados pelo governo à
questão da mão-de-obra; dessa união nasceria a
República.
• Baile realizado na Ilha Fiscal,
na cidade do Rio de Janeiro,
na noite de 9 de novembro de
1889.
• O pretexto era homenagear a
oficialidade do navio chileno
Almirante Cochrane, ancorado
no porto do RJ.
• O real objetivo do evento, que
funcionou às avessas,era
tentar revigorar a imagem do
império na opinião pública e
sensibilizar a nobreza
empobrecida pela abolição da
escravatura para uma causa já
praticamente perdida: a
preservação da Monarquia
MOVIMENTO REPUBLICANO
• A partir de 1868, o Partido Liberal se dividiu entre moderados
(monarquistas) e radicais (republicanos). Em 1870, os radicais
lançaram o Manifesto Republicano, considerado o documento que
atesta o nascimento do Partido Republicano, liderado por Quintino
Bocaiúva, Saldanha Marinho e Salvador Mendonça.
• As idéias republicanas ganharam força no Exército e se espalharam
pelas províncias, que fundaram seus próprios partidos republicanos. O
mais significativo deles foi o Partido Republicano Paulista (PRP), que
em 1873, com grande participação da aristocracia cafeeira, elaborou
seu programa político na Convenção de Itu.
• Durante o processo de formação da prática e do ideário
republicanos, formaram-se duas tendências:
• Evolucionistas:- admitiam que a Proclamação da República era
inevitável, não justificando luta armada,julgavam que chegariam ao
poder disputando as eleições com os partidos tradicionais.Seu
principal líder era Quintino Bocaiúva.
• Revolucionários :- defendiam a possibilidade de que se pegasse em
armas par conquistá-la, com mobilização popular e reformas sociais e
econômicas. Liderados por Silva Jardim.
• As reformas do gabinete Ouro Preto:
• O governo imperial, através do gabinete do
Visconde de Ouro Preto (Afonso Celso de
Oliveira Figueiredo), percebendo a difícil
situação política em que se encontrava,
apresentou, numa última tentativa de salvar o
Império,uma série de medidas reformistas
influenciadas pelas idéias republicanas:
• A autonomia das províncias;
• A liberdade de voto;
• O mandato temporário para os Senadores.

• A Câmara rejeitou as reformas e foi dissolvida.


• A instauração de um novo governo tornou-se
inevitável.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
• O movimento que eliminou a monarquia no país foi comandado pelo
Exército, associado à elite agrária, particularmente os cafeicultores do
oeste paulista.
• Temendo a reação ou participação popular no movimento pela derrubada
do trono, a elite fundiária solicitou o comando dos militares no
processo.
• O Marechal Deodoro da Fonseca aceitou liderar o movimento.
• Os republicanos se aproveitaram da crise política e, a fim de justificar
o levante, espalharam um boato de que o Visconde de Ouro preto havia
decretado a prisão de Deodoro e de Benjamim Constant.
• No dia 14 de novembro de 1889, acreditando nos boatos, as unidades
militares do RJ rebelaram-se.
• Na manhã do dia 15, marcharam em direção ao centro da cidade. Na
tarde daquele mesmo dia, foi proclamada oficialmente a República
brasileira.
• D.Pedro II foi avisado pelo próprio Deodoro que a monarquia havia
acabado, sendo aconselhado a se exilar na Europa
• A aristocracia do Oeste Paulista se preparava para organizar o novo
regime. É claro, sem a participação das camadas populares.
DIFERENTES PROJETOS REPUBLICANOS

• 1-Projeto republicano liberal : defendido, principalmente


pelos cafeicultores paulistas, pregava a descentralização
política, dando autonomia aos estados (como em breve
seriam chamadas as províncias) numa república
federativa. Inspirado pelo sistema norte-americano,
enfatizava a necessidade de uma administração cujas
funções fossem : garantir as liberdades individuais
(direitos de locomoção, de propriedade, de livre-
expressão) e um sistema de livre-competição econômica, a
separação dos três poderes (sendo o legislativo bicameral,
isto é, dividido em câmaras alta – Senado e baixa-
Câmara dos Deputados), a instauração de eleições e a
separação entre Igreja e Estado
• 2- Projeto republicano jacobino : defendido por setores
da população urbana, que incluíam baixa classe média
(pequenos comerciantes, funcionários) e setores
intelectualizados (jornalistas e profissionais liberais, como
médicos, advogados e professores). Inspirava-se na
primeira República francesa (1792-1794), de Danton e
Robespierre, defendia a liberdade pública (e não privada)
de reunião e discussão, de decidir coletivamente os
destinos da nação. A participação popular na
administração pública era vista como uma necessidade,
requisito mesmo de um regime fundado na liberdade e na
vontade geral. Ao mesmo tempo, o grupo era bastante
sensível a medidas que tinham algum alcance social. Por
último, os radicais eram fortemente xenófobos,
principalmente antilusitanos, se não na prática pelo menos
no discurso.
• 3- Projeto republicano positivista : baseado nas idéias do
filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), esse projeto
tinha ampla aceitação no exército. Visava à promoção do
progresso, sempre dentro de um espírito ordeiro, não
revolucionário, por isso o destacado papel do Estado.
Segundo os positivistas, cabia ao Estado, por meio da
administração científica, nacional, de seus líderes, zelar
pela ordem, proteger os cidadãos e garantir os seus
direitos, de uma forma quase tutelar. O estabelecimento
desses direitos não deveria advir da livre-manifestação dos
indivíduos, fosse um contexto legal (parlamentar), fosse
num contexto revolucionário, de modo que o Estado pudesse
promover o progresso. A idéia de um governo forte,
inteiramente centralizado, uma verdadeira “ditadura
republicana” , portanto, sustentava o ideário positivista.
LEMBRETES
• Havia nas camadas urbanas uma forte disposição a favor do
movimento republicano;
• Havia um forte partido político, representando a nova elite agrária,
disposta a chegar ao poder, mesmo de forma moderada;
• É necessário lembrar que, apesar de existir o “espírito de corpo”
entre os militares e que a ideologia positivista era cada vez mais
forte dentro do Exército, este encontrava-se dividido e existiam as
disputas internas ao mesmo.
• Os militares, de uma forma geral, rechaçavam os políticos civis,
porém perceberam que era necessária uma aliança com os
evolucionistas, pois garantiriam dessa maneira o fim da monarquia,
mas a manutenção da “ordem”.
• Em 15 de novembro de 1889 foi decidido que seria feito um
referendum popular, para que o povo legitimasse, através do voto,
a república. Porém este plebiscito só ocorreu 104 anos depois (21
de abril de 1993), dentro da constituição vigente.

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