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Tudo Sobre Modos Gregos

Antes de estudar este assunto, é importante que você já tenha visitado o item harmonia encontrado no
site. Improvisação é a arte da criação espontânea. Esse momento de liberdade pode enriquecer tanto
uma música que, às vezes, chama mais atenção do que o próprio tema. Como grandes guitarristas
conseguem criar solos incríveis em shows e gravações, sem pré determiná-los? Os modos gregorianos,
aplicados com freqüência em solos de guitarra, recebem muitas vezes abordagens equivocadas quando
estudados. Eles, em geral, são associados e empregados de forma mais técnica do que musical.
Preocupados com a velocidade, muitos guitarristas se esquecem de explorar o lado sonoro e individual
de cada escala.

Podemos definir as escalas como sons individuais ordenados. Melodias empregam notas de alturas
diferentes em movimentos de graus conjuntos e saltos ascendentes ou descendentes, conhecidos como
intervalos. Quem nunca ouviu falar da escala de dó maior, formada por dó, ré, mi, fá, sol, lá e si?
Observe que nesta seqüência, há dois tipos diferentes de intervalos. O semi-tom, adotado pela música
ocidental como a menor distância entre duas notas (no violão ou guitarra esta distância equivale a um
traste ou casa do instrumento), e o tom que corresponde a soma de dois semi-tons (dois trastes do
instrumento).

Assim, a seqüência dessas distâncias encontra-se dessa maneira:

MODOS DERIVADOS E PARALELOS

Podemos definir modo com a maneira particular com que tons e semi-tons encontram-se dispostos
entre as notas de uma escala. Os modos derivados são todos aqueles gerados por um mesmo grupo de
notas que formam uma escala. Cada novo modo parte de um grau da mesma escala e mantém as
mesmas notas, mudando apenas a ordem de T e ST.

Veja os modos derivados da escala de dó maior na tabela a seguir:

MODOS DERIVADOS DA ESCALA DE DÓ MAIOR


MODOS NOTAS INTERVALOS DISTÂNCIA
C - JÔNIO C–D–E–F–G–A–B–C F–2–3–4–5–6–7–8 T – T – ST – T – T – T – ST

D - DÓRICO D–E–F–G–A–B–C–D F – 2 – 3b – 4 – 5 – 6 – 7b – 8 T – ST – T – T – T – ST – T

E - FRÍGIO E–F–G–A–B–C–D–E F – 2b – 3b – 4 – 5 – 6b – 7b – 8 ST – T – T – T – ST – T – T

F - LÍDIO F–G–A–B–C–D–E–F F – 2 – 3 – 4# – 5 – 6 – 7 – 8 T – T – T – ST – T – T – ST

G - MIXOLÍDIO G–A–B–C–D–E–F–G F – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7b -8 T – T – ST – T – T – ST – T

A - EÓLIO A–B–C–D–E–F–G–A F- 2- 3b- 4- 5- 6b- 7b- 8 T – ST – T – T – ST – T – T

B - LÓCRIO B–C–D–E–F–G–A–B F – 2b – 3b – 4 – 5b – 6b – 7b – 8 ST – T – T – ST – T – T – T


F= fundamental                   T= tom                   ST= semi-tom
Já os modos paralelos começa com a mesma fundamental. Observe a tabela:

MODOS PARALELOS DE DÓ MAIOR


MODO ESCALA TOM
DÓ JÔNIO C–D–E–F–G–A–B–C C

DÓ DÓRICO C – D – Eb – F – G – A – Bb – C Bb

DÓ FRÍGIO C – Db – Eb – F – G – Ab – Bb – C Ab

DÓ LÍDIO C – D – E – F# – G – A – B – C G

DÓ MIXOLÍDIO C – D – E – F – G – A – Bb – C F

DÓ EÓLIO C – D – Eb – F – G – Ab – Bb – C Eb

DÓ LÓCRIO C – Db – Eb – F – Gb – Ab – Bb – C D

Note que, diferente dos modos derivados, os paralelos não possuem as mesmas notas em suas
constituições, mas mantém entre as suas notas a mesma relação intervalar (seqüência T e ST), presente
no modo derivado correspondente.Você pode repetir o mesmo processo que utilizamos com a escala
de dó maior em outras escalas: menor harmônica, menor melódica, entre outras.

Toda e qualquer escala pode gerar um número de inversões igual ao número de notas de sua
constituição. Repare que com uma escala com sete notas, conseguimos criar sete modos. O mesmo
acontece com a escala pentatônica. Esta escala têm cinco notas, então podemos criar cinco modos
sobre ela. A mesma coisa pode ser feita com acordes, tríades, tétrades, etc.

ABERTURA MODAL

Agora você já sabe como construir os modos. Mas será que a ordem sugerida para a sua construção
seria a melhor forma para estudá-los de forma mais musical? Na década de 60, músicos como Geoge
Russel começaram a ver a importância do estudo dos modos levando em consideração a sua própria
dilatação intervalar ou espaçamento entre as notas. Tendo como referência uma mesma nota
fundamental, os modos com espaçamentos mais abertos produziriam, segundo esta proposta, uma
sonoridade mais plana. Os modos mais fechados teriam um som menos brilhante, mais sombrio. Por
exemplo, no modo lídio, a quarta aumentada (4#) mantém uma distância de um tom da terça maior, e a
sexta maior separa-se por um tom da sétima maior ? terça e sétima são considerado os pilares mais
sólidos de uma escala ou acorde, qualquer conflito com eles gera tensão.

Os sons mais tensos das escalas mais fechadas causam sensações opostas. Desta forma, os modos
podem ser organizados de maneira que haja apenas a mudança de uma nota entre cada um. Veja a
tabela abaixo que ordena os modos de acordo com seus espaçamentos internos. Note que, na mudança
de lídio para jônio, a quarta aumentada desce para justa. De jônio para mixolídio, a sétima maior desce
para sétima menor. De mixolídio para dórico, a terça maior desce para menor. De dórico para eólio, a
sexta maior desce para sexta menor. De eólio para para frígio, a segunda maior desce para menor. De
frígio para lócrio, a quinta justa desce para quinta diminuta.
ORDENAÇÃO DOS MODOS DE ACORDO COM SEUS ESPAÇAMENTOS

LÍDIO F   2   3   4# 5   6   7 8

JÔNIO F   2   3 4   5   6   7 8

MIXOLÍDIO F   2   3 4   5   6 7b   8

DÓRICO F   2 3b   4   5   6 7b   8

EÓLIO F   2 3b   4   5 6b   7b   8

FRÍGIO F 2b   3b   4   5 6b   7b   8

LÓCRIO F 2b   3b   4 5b   6b   7b   8

Neste conceito, o modo lídio ganhou disparado como o menos tenso de todos, por ser o mais espaçado
e produzir uma sonoridade mais plana. O lócrio é o mais tenso e fechado.       

Com este conhecimento, pode-se ter várias possibilidades de improvisar sobre uma progressão
harmônica.

O exemplo abaixo, mostra a mesma frase aplicada sobre uma progressão  II – V – I.

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