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Dentre as problemáticas constatadas pela Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Restaurante

Universitário (RU) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o grupo


priorizou uma abordagem holística na proposta de intervenção. As soluções almejam
equacionar situações existentes do momento que o usuário se aproxima do
estabelecimento, realiza a sua refeição e se retira do restaurante. Desse modo, a proposta
se estrutura em três diretrizes principais: a inadequação do espaço externo, o conflito nos
fluxos internos e o desconforto acústico.

Os acréscimos projetados, apresentados a seguir, pautam-se em princípios de equidade


formal e de materiais com as soluções pré-existentes. Assim, busca-se minimizar possíveis
desarmonias entre a linguagem do edifício modernista e as intervenções propostas.

ACESSO EXTERNO

O acesso externo foi pensado de modo a respeitar traços e vestígios comportamentais


existentes. Desse modo observou-se que a formação da fila e o caminho para chegar a fila
eram claramente marcados no terreno, permitindo que se reproduzisse a dinâmica em
solução física, para tão requalificou-se o caminho com rampas estas possuindo pouca
inclinação (inclinação sempre inferior a 8,33% exigido como máximo pela NBR 9050 –
2015).
As rampas foram pensadas para possuir dimensão de 2,40m, permitindo livre circulação
mesmo quando houver aglomeração de pequenos grupos como ocorre atualmente. As
rampas comunicam-se a platores (semelhantes a pequenas praças) onde serão instalados
equipamentos como bancos e apoios para permitir descanso enquanto aguarda para
acessar o restaurante ou descansar um pouco pós refeição ou até mesmo aguardar o
ônibus circular. Toda essa circulação obedeceu também a locação das arvores existentes,
para oferecer mais conforto, dado pelo sombreamento das plantas.

Figura 01 – Ilustração do conjunto de intervenções para a área externa


Fonte: dos autores
Após a proposição para garantir o acesso até a calçada externa do RU buscou-se propor
solução para as tendas existentes nas imediações da edificação, estas que possuem claras
características de estruturas efêmeras servem de cobertura para a proteção solar, são
desconexas estética e formalmente com o prédio, além de gerar problemas a livre
circulação de portadores de deficiência.
A solução obtida trata-se de uma estrutura que refere-se claramente a forma da cobertura
existente no Restaurante Universitário. Esta deverá ser apoiada sobre pilares e pode ser
executada tanto em concreto como no prédio modernista, como em material mais leve,
respeitando-se as formas da edificação antiga.
Ainda nesse setor, optou-se por efetivar as janelas frontais, já propostas em versões
anteriores nos projetos obtidos junto a superintendência de infraestrutura. Entende-se que
para tornar o ambiente interno mais humanizado, precisa-se gerar mais conexões entre
interior e exterior, para tal janelas de piso a teto em vidro.

Figura 01 – Ilustração de recorte para as intervenções na área externa imediata do RU


Fonte: dos autores

Figura 01 – Ilustração da relação entre nova cobertura e edificação existente do RU


Fonte: dos autores
Abaixo quadro resumo das intervenções propostas para a área externa, locadas em planta,
embora para viabilizar sua execução seja necessário maior estudo e levantamento de
especificidades do terreno, que não foram objetivo deste trabalho.

Figura 01 – Planta com resumo das intervenções para a área externa do Restaurante Universitário
Fonte: dos autores
FLUXOS INTERNOS
Algumas conjunturas presentes desfavorecem um fluxo racional e eficiente no espaço
interior do RU. Primeiramente, existe um desalinhamento do eixo de acesso, que interliga
as catracas à área de distribuição (figura 01). Isso ocasiona sobretudo, o estrangulamento
da passagem dos usuários entre os dois ambientes [1]. Além disso, não há um local
adequado e acessível à entrada de Pessoas com Deficiência [2]. O restaurante não oferece
bandejas e, por consequência, os comensais realizam uma série de idas e vindas entre a
mesa de refeições e o local de distribuição, para se servir de suco, salada e sobremesa. A
localização desses serviços dificulta a circulação das pessoas no corredor central [3], como
pode ser verificado nos resultados obtidos pelo mapeamento comportamental da APO. Por
fim, há o acúmulo de usuários na região da saída, decorrente da proximidade do local de
devolução da louça (sala de lavagem) e a saída, cuja quantidade é insuficiente para atender
a demanda em horários de grande movimento - atualmente existem três torniquetes de
entrada e somente um de saída [4].

Figura 01 - Planta atual e identificação dos pontos críticos


Fonte: dos autores

Somado a essas questões, o dimensionamento inadequado do banheiro feminino e a


grande quantidade de ruído proveniente da sala de lavagem (reclamação recorrente nos
questionários aplicados aos usuários) influenciaram na concepção do projeto de
reestruturação de parte do RU.

A principal alteração sugerida para a edificação é o agrupamento de atividades afins:


concentrar os banheiros, aproximar a área de acesso e a distribuição, eliminar os espaços
subutilizados e inverter a posição da saída e da área de lavagem de pratos e talheres
(figura 02). Dessa maneira, haverá um melhor ordenamento dos fluxos internos, eliminando
as atuais zonas de circulação conflitante.
Figura 01 - Comparativo entre o zoneamento dos ambientes
Fonte: dos autores

Ademais, a nova área de ingresso é mais ampla e permite a instalação da catraca acessível
no mesmo alinhamento dos três torniquetes. O conjunto dos banheiros, localizado na área
paga adjacente às catracas, foi acrescido de dois sanitários acessíveis com acesso
independente e separados por sexo. Parte desses ambientes aproveita a iluminação e a
ventilação natural proveniente do jardim interno, à esquerda do conjunto.
1 Área não paga | 2 Torniquetes | 3 Lavatórios | 4 Sanit. Masc. | 5 Sanit. Femin. | 6 Sanit. Acessível | 7 DML
Figura 01 - Área de ingresso
Fonte: dos autores

Propõe-se uma redistribuição dos balcões de self-service, separando por filas distintas os
que possuem um único lado de passa-prato daqueles com duplo passa-prato.. Esse
ordenamento propicia a criação de um corredor de serviço, de modo a facilitar a reposição
dos alimentos e direcionar o fluxo dos usuários (figura 00). Sugere-se, também, o retorno
das bandejas plásticas para que o usuário possa servir-se de todos os alimentos em um
processo único e direcional. O balcão de salada, sobremesa e sucos será realocado para
dentro da área de distribuição, na parte final do conjunto dos balcões. Por fim, a área de
lavagem e a saída serão implantadas na parte oposta ao acesso (figura 00).
Figura 01 - Área de Distribuição e Separação de Fluxos: serviço (azul) e usuários (vermelho)
Fonte: dos autores

LEGENDA: 1 Área não paga | 2 Torniquetes


Figura 01 - Área de Lavagem e Saída
Fonte: dos autores
Figura 01 - Proposta para a saída: parede em pedra e laje em concreto aparente
Fonte: dos autores

Figura 01 - Layout interno proposto


Fonte: dos autores

DESCONFORTO ACÚSTICO

O grande salão das mesas gera um efeito sonoro indesejável de reverberação que é a
reflexão do som nas paredes
Figura 01 - Imagem da saída proposta
Fonte: dos autores

Figura 01 - Imagem da saída proposta


Fonte: dos autores
Figura 01 - Imagem da saída proposta
Fonte: dos autores

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