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CANOAS, 2011.
1
CANOAS, 2011.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Me. Clóvis Dvoranovski
Unilasalle
_______________________________________
Prof. Me. Darcy Paulo Gonzalez De Moraes
Unilasalle
_______________________________________
Profª. Mª. Fernanda Correa Osório
Unilasalle
3
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a partir de pesquisa em artigos e livros
sobre a existência da Justiça Popular e seu braço visível: Linchamento no Estado de
Direito. O motivo seria de que um modelo de Estado com aparatos que permitem
dizer o direito com precisão, que ainda sim provoque descontentamento. Na
compreensão dessa existência deve-se entender o início da existência do Estado e
como se formou, visto que devemos conhecer o conceito de justiça para que
tenhamos a ponte necessária para entender o que é Justiça Popular. Essa justiça irá
manifestar-se no mundo físico através do linchamento. Ela apresenta certas
caracterizas como meio propício de seu surgimento, grupos de possíveis vítimas,
tipos de crimes e seu rito próprio. O resultado será de que mesmo o Estado forneça
instrumentos suficientes para dizer o direito, por causa de seus agentes que não
cumprirão a suas obrigações, o sentimento de impunidade provocará a necessidade
de busca à justiça pelas próprias mãos. Esse trabalho deseja mostrar que essa
Justiça aparece em um país de primeira grandeza, Estados Unidos. Até ele não
escapa dela.
ABSTRACT
This work has as objective to analyze through research in articles and books about
the being of the Popular Justice and his arm visible Lynching in the Rule of Law. The
reason would be at a model state with apparatuses permitting to tell the right
accurately, still yes provoke dissatisfaction. In the comprehension of that being must
understand initiate him(it) of the being of State, as though formed. Seen, owed to
know the justice concept that have the pons necessary to understand the Popular
Justice. That justice will manifest in the nature through of lynching. It introduces
certain characterize as half propitiate of its emergence, group of possible victims,
kinds of crimes and your own rite. The result will be that even the instruments
sufficient furnish State at tell the right, case for your agents than will perform your
obligations, the impunity feeling will provoke to search necessity the justice for the
own hands. This work wishes show that Justice appears into a country ace-high
greatness, United states. Even it does not escape of Justice.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 CONCEITOS ............................................................................................................ 9
2.1 Estado .................................................................................................................. 9
2.2 Estado de Direito ............................................................................................... 10
2.2.1 Estado Liberal de Direito .................................................................................. 12
2.2.2 Estado Social de Direito ................................................................................... 13
2.2.3 Estado Democrático de Direito ......................................................................... 14
2.3 Justiça ................................................................................................................ 16
2.4 Justiça Popular.................................................................................................. 17
2.4.1 Linchamento ..................................................................................................... 18
3 ESTADO DE DIREITO E JUSTIÇA POPULAR ..................................................... 19
3.1 Estado de Direito e Justiça Popular: contrato social ..................................... 19
3.3 Estado de Direito e Justiça Popular: linchamento nos EUA ......................... 32
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44
8
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho irá falar sobre o tema Justiça Popular no Estado de Direito.
Primeiramente o Estado é sistema institucional no qual fornece o direito aos
cidadãos em troca que este não pode impor sua justiça, normalmente para esse
sistema dar certo, pelo motivo de o Estado dar o direito sem ter envolvimento
pessoal com as partes. Os envolvidos na lide têm a garantia de que seus problemas
serão resolvidos. Infelizmente, como qualquer sistema, nem sempre funciona como
deveria.
Quando o Estado, por qualquer seja o motivo, venha a falhar em sua
obrigação, deixa os envolvidos frustrados. Pessoas frustradas irão tornar-se
descrentes sobre o sistema e procurarão um modo “alternativo” de terem seu direito
respeitado. Esse modo “alternativo” seria a Justiça Popular, é nele que este trabalho
será baseado. Essa justiça convoca que as pessoas desgostosas com a situação
devam julgar e executar o direito com suas próprias mãos, ignorando o Estado. Ela
torna-se visível quando populares resolvem executar suspeito de crime contra vida,
por este ter ousado macular um inocente.
Dessa forma, pretende-se aqui analisar a ocorrência desse método de
resolução de conflito no atual Estado de Direito.
9
2 CONCEITOS
2.1 Estado
O estado civil seria o Estado de fato, aonde os homens viveriam sobre o direito
civil, leis criadas e aplicadas pelo soberano. Nele os acordantes deveriam transferir
os seus direitos naturais para o soberano, e este o transformaria em direito positivo.
Não esquecendo de que no direito natural está incluído o direito de uso de força,
10
Juntando com o conceito de Miguel, pode-se dizer que o governo das leis
submete a dos homens. Isso é o observado em nossa constituição no Art. 60,§4º
CF/88. Nele comenta-se sobre a forma federativa, o voto, direitos e garantias
individuais e a separação dos poderes.
Os elementos que constituem o Estado de Direito: Império das Leis, separação
dos poderes e a prevalência dos direitos fundamentais. A primeira característica fala
que a lei deve ser imposta a todos, mesmo para aquele a criou, visto que quem tem
personalidade jurídica pode ser objeto do direito. A segunda é a separação de
poderes; não deverá haver submissão de um poder pelo outro, pelo fato de não
seres iguais. E o último, cuida dos direito individuais.
As suas características são: ser um projeto acadêmico, não ser político nem
transformador da sociedade; assegurar a personalidade jurídica do Estado;
monopólio legal do uso da força física pelo Estado; ser o único a produzir leis; só
poder agir través de leis; sistematizar os direitos políticos; criar critérios para
solenidade e publicação; a constituição é o ápice da hierarquia nas relações
jurídicas; o interesse público submete o privado; estabelecer a função estatal de
pacificação; o Estado tem o poder de distribuir a Justiça; delimitar o “Poder
Extroverso”1, os atos administrativos atingirão terceiros que tenham concordado ou
não em implementar a ideia da necessidade dos princípios fundamentais. E seus
princípios são: princípios administrativos da formalidade, impessoalidade e
imparcialidade; princípio político da eficiência e probidade; princípio jurídico da
razoabilidade, proporcionalidade, neutralidade, racionalidade, objetividade,
fundamentação, previsibilidade, igualdade, isonomia e legalidade.
Já posto a respeito do conceito de Estado de Direito, é possível falar sobre o
que sobre os três modos desse modelo: Estado Liberal, Social e Democrático de
Direito.
1
O poder extroverso pode der definido como o poder que o Estado tem de constituir, unilateralmente,
obrigações para terceiros, com extravasamento dos seus próprios limites.
12
Nesse capítulo será exposto o que é Estado Liberal de Direito, mas primeiro
devemos conhecer como surgiu esse modelo. Seu ínicio foi em 1215 com a
declaração “Bill of Rights” contra o Rei João Sem Terra. Nela estão descritos os
direitos dos cidadãos ingleses protestantes que tiveram o direito de portar armas
para defender a si mesmos. Nos anos 1688 e 1689, teve-se a Revolução Gloriosa e
a “2ª Bill of Rights”, respectivamente. Nesse dois fatos, o Parlamento Inglês enviou à
Coroa uma declaração de direitos individuais. Nas duas Revoluções Industriais
(1750 e 1850), através do capitalismo o liberarismo não encontrou barreiras para
sua expansão. O liberarismo começou a existir nos EUA a partir 1776, com a
declaração da Virgínia e, em 1787, com a Constituição Federal. Nessas duas
ocasiões é defendido o direito de insurreição. Ele representa o ideal de liberdade,
pois caso o governo atentesse contra algum princípio, seria invocado. Como diz o
preâmbulo da Constituição dos EUA:
O Estado Democrático de Direito busca realizar o bem estar social sob uma lei
justa e de ampla participação possível do povo no processo político. Para que tenha
esse efeito, o Estado Democrático usa a lei para auterar as relações sociais.
O Estado Democrático de Direito é caracterizado por buscar a igualdade, a
transformação do status quo e a lei, sendo um instrumento de transformação. A
primeira característica busca garantir, através do asseguramento jurídico, o mínimo
necessário de condição de vida para que o cidadão e a comunidade possam existir
15
Esse tipo de Estado é parecido com o Estado Democrático de Direito, pois seu
conceito e seus princípios são similares. A diferença está no “direito social”. O
conceito é o direito que tem alcance geral, tendo relevância social, mas ainda sendo
um direito composto de significados, exercício e usufruto social, como direito público
e subjetivo que seja assegurado pelo Estado. De acordo com Vinicios Martinez:
2.3 Justiça
Considera-se como injusto aquele que viola a lei, aquele que toma mais do
que lhe é devido, como também aquele que viola a igualdade (tomando, no
que respeita às coisas más, menos do que sua parte), de sorte que
evidentemente o homem justo (a contrário) é, portanto, o que observa a lei e
respeita a igualdade. O justo é, portanto, o que é conforme a lei e respeita a
igualdade, e o injusto o que é contrário à lei e falta à igualdade” e "A justiça
existe apenas entre homens cujas relações mútuas são governadas pela lei;
17
e a lei existe para os homens entre os quais há injustiça, pois a justiça legal
é a discriminação do justo e do injusto (ARISTÓTELES, 2001).
Justiça é aquilo em virtude do qual se diz que o homem justo pratica, por
escolha própria, o que é justo, e que distribui, seja entre si mesmo e um
outro, seja entre dois outros, não de maneira a dar mais do que convém a si
mesmo e menos do que convém a si mesmo e menos ao seu próximo (e
inversamente no relativo ao que não convém), mas de maneira a dar o que
é igual de acordo com a proporção; e da mesma forma quando se trata de
distribuir entre duas outras pessoas (ARISTÓTELES, 2001).
A Justiça Popular costuma entrar quando o Estado, por algum motivo, falha na
expectativa da população e ou num ato que a provocou, seja esse considerado de
tamanha vileza. Antes de falar sobre como a sociedade chegou a essa situação,
devemos primeiro conhecer esse tipo de justiça.
Como visto anteriormente, a Justiça é o respeitar das regras e dar a cada
indivíduo o que é seu por direito. Desse modo, o Popular fornece o sentimento de
certo e errado no julgamento. Quando a lei é ignorada ela responde como força
excessiva para reparar o dano, assim, sua visão e julgamento não terão
neutralidade. Em outras palavras como diz José de Souza Martins,
motivo que força sua presença são crimes praticados contra pessoas que são
consideras inocentes pela comunidade de fato. Esse tipo de situação provoca o
aparecimento de “braços” da justiça Popular, tais como linchamento e vingança.
2.4.1 Linchamento
O Estado surgiu após constituição do místico contrato social, nele, como diz
Hobbes, “[...] à maneira de um pacto em favor de terceiro, é firmado entre os
indivíduos que, com intuito de preservação de suas vidas, tranferem a outem não
partípe todos os seus poderes”. Assim, as pessoas transferiam os poderes para
terceiros, já que ainda não se falava em direitos, para que esses os protegessem.
Nesse contrato é esperado que o terceiro, governante, aja de acordo com o poder
que recebeu. Infelizmente nem sempre é cumprido o acordo. Nesse
descumprimento, o poder dado pode ser retornado momentaneamente por aqueles
que o deram.
Na seção anterior falou-se sobre o que é Justiça Popular e foi dito que ela
manifesta-se quando o Estado não cumpre o contrato como deveria. Esse
descumprimento se dá devido ao mau funcionamento do sistema de justiça pública e
por ineficiência do serviço público. Desse modo, o mau funcionamento do sistema
de justiça público leva ao linchamento.
Maria Benevides explica o motivo:
20
Nas duas citações supracitadas, fica claro que tudo começa com a má
prestação do serviço público, não esquecendo que no caso de Ribeirão Pires há
precariedade da região no fato como aditivo para o aparecimento da Justiça Popular.
Como exigir da população que deixe de usar seu poder de fazer justiça, quando o
Estado não faz o trabalho com presteza?
22
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos (BRASIL, 1988).
Ainda a respeito da justiça, deve-se que ver sobre sua prestação de serviços.
Nela observar-se como é oferecida à população e como é refletido o sentimento de
descrédito quando a mesma não funciona. Seria difícil exigir que a população dê
crédito ao aparato judiciário quando a insensibilidade e o descaso são percebidos. A
insensibilidade quando o braço da lei, por exemplo, recebe uma denúncia de um
crime de estupro e simplesmente age com indiferença e o descaso nada mais são
do que o modo de tratar a população menos privilegiado como um lixo quando vai
procurar seus direitos. Com isso, entende-se que não é possível confiar na justiça.
Nota-se que a população não tendo aonde obter socorro irá buscar a justiça popular
para que possa ter o que deseja, conforme mostra José de Souza:
[...] é evidente e não raro é explicitamente dito que a justiça pelas próprias
mãos é praticada por descrença na justiça institucional. A população
reconhece que estamos vivendo um momento histórico de crescente
desordem social, mas não crê que a policia e a justiça saibam lidar
corretamente com a necessidade de restauração da ordem (MARTINS,
2002 p. 142).
união é para trazer a ordem que foi retirada por um crime. O motivo que leva a essa
reação nessas regiões é por crimes de sangue. Para ilustrar o que foi dito sobre o
motivo e localidades, segue abaixo um fato ocorrido em Minas Gerais:
O mineiro Tiago José dos Santos, 32 anos, foi resgatado das mãos de
populares enfurecidos após ser acusado de abuso sexual contra uma
criança de 7 anos na periferia de Itapetinga, a 560 km de Salvador.
Santos foi encaminhado ao plantão central do Complexo Policial com
escoriações na cabeça e lesões no olho direito devido à tentativa de
linchamento às margens do Rio Catolé, no Bairro Clodoaldo Costa. O fato
foi registrado pro volta das 23 horas de quinta-feira, 4.
Segundo a polícia, o acusado é vizinho da criança e foi visto com a
garotinha nas proximidades do rio. “Senti falta da menina e saí procurando,
até que encontrei minha neta num matagal”, relatou a avó. “Ela estava nua
e chorando muito, alegando que tinha sido molestada pelo dito rapaz.
De acordo com a avó, além de apresentar lesões visíveis na região dos
olhos, a criança relatou que o suposto autor teria tirado sua roupa e atirado
nas água do Rio Catolé. “Quando ela começar a gritar ele segurou no
pescocinho dela e tentou sufocar”.
Minutos depois, Tiago foi rendido por populares e sofreu tentativa de
linchamento. A Polícia Militar foi acionada através da Central de Rádio
Patrulha (190), e uma equipe composta pelos soldados Leomarcos e
Mainarth dirigiu-se ao local.
Os policias afirmaram que encontraram Tiago totalmente despido e
desmaiado nas margens do rio, sangrando muito e com lesões na boca e
nos olhos. Ele foi socorrido pela PM e encaminhado, inicialmente, ao
Hospital Cristo Redentor.
A suposta vítima, a avó e o pai da criança foram ouvidos pelo delegado
plantonista Leonardo Rabelo. A garota foi encaminhada ao mesmo hospital
para exame médico legal. O delegado lavrou o Auto de Prisão em Flagrante
(CABECADE CUIA, 2011).
Nos centros das grandes cidades, aonde todos são desconhecidos o que
motiva esse tipo de ação é um crime contra o patrimônio. Maria Benevides cita como
exemplo o seguinte caso:
Observa-se que tanto o médico como o policial fazem parte da elite social e
também espera-se deles que ajam com decência. A parte de cima da pirâmide social
é muito lembrada pelos linchadores, como também é verdade que a base é trazida
para essa justiça. Os pobres aguentam muitos problemas em suas vidas com
resignação, mas só o que acabam com a risignação quando sofrem uma violência
feita por um igual. O motivo por essa revolta está na quebra de lealdade, pois ambos
estão na mesma situação de miséria. Quando essa quebra ocorre, a punição torna-
se mais violenta que em outros casos, como a dos ricos. Como exemplo, Maria
Benevides cita:
No caso mencionado, na Justiça Oficial, o réu irá passar por ritos processuais.
Enquanto que na Oficial ele teria direito a ampla defesa, direito a contraditório e
direito a ter um magistrado que o julgue com imparcialidade, na Popular, teria o
direito de passar por suplícios. Antes de falar sobre o final cruel do linchamento,
temos que comentar como chegou esse processo a esse fim. Isso ocorre por motivo
da população estar ligada a rituais de purificação. A comunidade o fez desse modo
para que pudesse se limpar dos crimes de sangue que ocorreram na região,
também mostrando que através da punição estão acolhendo os familiares da vítima
que se importam com sua dor. Os suplícios que o réu poderá passar são: ser
queimado vivo, mutilado, esquartejado, castrado, ter o corpo arrastado pelas ruas da
localidade de ocorrência, ser morto com instrumentos de trabalho dos parentes e
amigos da vítima e seu corpos jogado no lixo. Esses suplícios servem para que a
comunidade possa ver o destino do corpo linchado, todo machucado e sem
humanidade. É como diz José de Souza Martins:
HOMICIDIOS DOLOSOS
ESTADOS Nº Absolutos Taxas
2008 2009 2008 2009 Variação (%)
Bahia 4319 4375 29,8 29,9 0,4
São Paulo 4426 4564 10,8 11,0 2,2
Rio de Janeiro 5235 5318 33,0 33,2 -0,7
Rio Grande do Sul 2276 2192 21,0 20,1 -4,2
Quadro 1 – Homicídios Dolosos
Fonte: Autoria própria, 2011.
28
LATROCÍNIO
ESTADOS Nº Absolutos Taxas
2008 2009 2008 2009 Variação (%)
Bahia 115 128 0,8 0,9 10,3
São Paulo 266 303 0,6 0,7 12,9
Rio de Janeiro 185 197 1,2 1,2 5,6
Rio Grande do Sul 100 90 0,9 0,8 -10,5
Quadro 2 – Latrocínio
Fonte: Autoria própria, 2011.
ESTUPRO
ESTADOS Nº Absolutos Taxas
2008 2009 2008 2009
Bahia 1106 1407 7,6 9,6
São Paulo 3387 5645 8,3 13,6
Rio de Janeiro 1398 2216 8,8 13,8
Rio Grande do Sul 1364 1687 12,6 15,5
Quadro 3 – Estupro
Fonte: Autoria própria, 2011.
ROUBOS
ESTADOS Nº Absolutos Taxas
2008 2009 2008 2009
Bahia 9100 10147 62,7 69,3
São Paulo 211032 248993 514,6 601,7
Rio de Janeiro 25403 23548 160 147,1
Rio Grande do Sul 10084 8847 92,9 81,1
Quadro 5 – Roubos
Fonte: Autoria própria, 2011.
Observados esses dados pode-se ver que São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia
apresentam um alto índice de linchamento, assim como já comentado pelos autores
Valéria Oliveira Santos, Jacqueline Sinhoretto, Maria Victoria Benevides e José de
Souza Martins, com exemplos recentes desse tipo de caso. Na Bahia, em São Paulo
e no Rio de Janeiro os motivos dos casos são: por atrair imigrantes de outros
estados em busca de melhor sorte. Eles acabaram indo para zonas novas dos
centros urbanos e, como já dito, geraram conflitos pelo motivo de que essas áreas
ainda não foram devidamente estruturadas, também porque os que vivem nelas
estão com suas vidas no limite da economia estável e da sociedade organizada. A
seguir exemplo visível do que foi acima comentado:
BAHIA
Simões Filho acusado de pedofilia é linchado
Um suposto pedófilo morreu após ser espancado por populares em Simões
Filho, na Região Metropolitana de Salvador, na madrugada desta segunda-
feira (14). Rafael Alves dos Santos, de 23 anos, foi linchado por moradores
da quadra 4 do CIA 1, de acordo com a 22ª Companhia Independente da
Polícia Militar (CIPM). Ainda segundo a polícia, o rapaz também teria
envolvimento com o tráfico de drogas. Apesar das informações, o motivo
das agressões ainda não é confirmado. A polícia encontrou o corpo do
jovem dentro de um buraco em um terreno baldio. (REDE DE
INFORMAÇÃO UNIVERSAL, 2011)
RIO DE JANEIRO
Nos dados obtidos no Rio Grande do Sul, local em que foi escrito o presente
Trabalho de Conclusão, também há aqueles que lincham pelas mesmas razões já
citadas:
prevalecer é remota, visto que quem vai julgar os linchadores geralmente são
pessoas que vivem na comunidade. Assim, não se pode esperar condenação, e
quando isso ocorre é o réu o mais desprotegido entre dos envolvidos.
Mostradas as características do linchamento brasileiro, é observado que esse
modo ocorre em grandes cidades e em áreas de habitação recentes, também pode
ocorre em zona rural. As vítimas preferenciais são pessoas de classe alta e pobres
que comentam crimes contra outros na mesma situação. As primeiras podem
escapar como mais facilidade da punição dada pela justiça oficial, os segundos para
punir a traição cometida contra o mesmo grupo. A peça que motiva toda a história é:
crianças, casais jovens, mulheres tanto grávidas ou não, pobres e outras pessoas
consideradas indefesas pela comunidade, pelo motivo de elas serem consideras
símbolos da inocência. Por fim, aqueles que ousaram profanar esses inocentes
sofreram penas cruéis, por motivo de que nada venha a sobrar do agressor para que
este não possa ser lembrado.
O Estado Democrático de direito brasileiro ainda sofre mesmo com todo o
aparato que nossa constituição possui para extinguir esse tipo Justiça. Os motivos
seriam: a sensação de que fazer o que é correto não levará a nada e o ambiente
aonde se vive não apresenta um local desejado. Essas situações são observadas
nos casos já citados. No primeiro motivo quem acompanha notícias no meio de
comunicação verá que sempre tem informação sobre atos de desprezo às regras,
acompanhada disso vem a sensação de desesperança na Justiça Formal. Mesmo
que nossa Constituição diga que o direito tem como papel o de socializar todas as
camadas sociais é difícil crer que isso ocorra. Quem deseja recorrer aos órgãos
responsáveis pela distribuição da mesma deve preparar-se para enfrentar longas
batalhas judiciais para ver o seu bem da vida reconhecido, lógico que para tanto
deve haver recursos necessários para sustentar a campanha. Como de praxe, quem
não tem resta ver suas pretensões caírem por terra e, mesmo assim, o Estado
Democrático Brasileiro exigi deveres de seus cidadãos, e de contra partida pouco
oferece em troca. Na literatura e nas notícias a respeito o linchamento aparece como
um dos motivos de apelar pra a justiça frente ao descaso e à insensibilidade das
autoridades polícias sobre as queixas. É terrível quando suas súplicas por ajuda
caem em ouvidos surdos, pois como não fazem justiça com as próprias mãos após
ouvir respostas duras, e quando simplesmente o aparato age com lerdeza em suas
funções, demonstrando verdadeiramente ou não a falta de vontade restaurar a
32
ordem. Esses descasos e insensibilidades mostram à população quem ela não deve
chamar quando não houver mais esperança. Jacqueline Sinhoretto traz a opinião
que vai ao encontro com o que foi dito de uma moradora:
primeiro a gente tem que dar uma chance pra eles pra ver... eles têm que
tentar melhorar eles mesmo, né, procurar fazer algo de mais importante
pra... o pessoal voltar a ter confiança neles, porque o povo hoje em dia não
confia mais na polícia. Eles perderam todo... hoje em dia se uma pessoa
puder fazer justiça com as suas mão ela vai fazer, porque se ela for
depender da polícia... polícia não vai resolver nada! Hoje em dia a
população quer distância das polícia, quanto mais longe da polícia melhor.
Por quê? Porque em vez deles ajudar eles acabaram foi... colocando medo
nas pessoa. [...] Então, acho que é isso daí, enquanto a polícia agora não
mostrar alguma coisa boa pra população, ela não vai acreditar nas polícia
não! (SINHORETTO, 2010, p. 18-19).
Nesta seção será mostrado que a Justiça Popular não existe só no Brasil, mas
também em países de primeiro mundo. Primeiramente, o linchamento no Brasil
funciona de maneira diferente do que nos Estados Unidos. Em nosso país o
linchamento tem como base punir o crime de maneira cruel, enquanto que nos EUA
tem como base a segregação racial.
Nos primeiros momentos o linchamento nos EUA começou com comitês de
vigilância para manter a ordem durante a Guerra Civil. Foi criado pelo Coronel
Charles Lynch, que dirigiu um tribunal irregular, em 1782, para lidar com os
criminosos. Na zona de fronteira, a Justiça Popular, ao contrario do que a crença diz,
ocorre menos contra criminosos e mais por motivo de racismo. Nessa mesma crença
entra ideia de que por ser locais esmos, teria que ter resposta mais dura, mas não é
assim, visto que criminosos sob custódia eram atacados. O motivo seria de não
33
haver ausência de lei, mas sim uma instabilidade social das comunidades e de seus
primeiros concursos para condição de propriedade, bem como definição de ordem
social, um exemplo disso é o caso a seguir:
2
“In 1835 in Vicksburg, Mississippi, the townspeople turned against the gamblers who dominated the
city. A crowd surrounded a tavern, which in turn led to a shoot-out with the gamblers. After a local
doctor was killed in the melee, five of the gamblers were beaten and hung in doorways. Their bodies
were left there for twenty-four hours before they were taken down and buried.
Animosity and conflict increased in the United States during the thirty years preceding the Civil War.
Where slavery existed, the punishment of slaves became more frequent and severe, although the
cases are said to have been sporadic and isolated.
In 1849 in the Gila River valley in what is now Arizona a murderer was tried by a popular tribunal
consisting of an ad hoc judge and jury and was executed by a firing squad chosen by lot. There will be
more about this sort of frontier tribunal in the section on lynching in the West”.
34
sendo retomada no inicio do séc. XX. Contudo, não era só no sul que o linchamento
com o tom racial existia, em Nova York os tumultos entre negros livres e imigrantes
irlandeses por causa da falta de emprego gerou onze mortes de negros.
Após 1876, a frequência de ocorrência de linchamento diminuiu para torna-se
um método de ameaça contra os negros e manter a ordem social racista. O
congresso americano nessa época abrigava muitos republicanos do sul que
procuravam proteger o direito de voto negro com ajuda das forças armadas. Houve
um acordo para eleger Rutherford B. Hayes como presidente em 1876, onde houve
a promessa de acabar com a reconstrução do sul. Isso se tornou em uma
provocação, porque os racistas brancos começaram a destruir o poder político que
os negros haviam conquistado durante a Reconstrução. Junto dessa reação foram
criadas as Leis Jim Crow, que entraram em vigor em 1876; sua revogação foi com o
Civil Rights Act, em 1964, que incluiu as leis que discriminavam negros os quais
ousavam ter sua presença nas escolas públicas, bem como utilização de
restaurantes, teatros, hotéis, cinemas e banheiros públicos. Trens e ônibus também
foram separados e, em muitos estados, o casamento entre brancos e negros foi
proibido. Para se ter uma noção de como essa lei funcionava, destaca-se:
3
fogo. Uma briga de rua começa uma noite um alarme (SPARTACUS
EDUCATIONAL, 2011). (tradução nossa).
E:
Elizabeth Eckford foi um dos nove Africano estudantes americanos que
tentaram inscrever-se em Little Rock Central High School em setembro de
1957. Depois ela foi entrevistada sobre suas tentativas de entrar para a
escola no primeiro dia do prazo.
A multidão ficou em silêncio. Eu acho que eles estavam esperando para ver
o que ia acontecer. Quando eu era capaz de regular os meus joelhos, fui
até o guarda que tinha deixado os estudantes brancos dentro Quando eu
tentei espremer passado, ele ergueu a baioneta e, em seguida, os outros
guardas fechado e eles levantaram suas baionetas. Eles me olharam com
um olhar e dizer que eu estava muito assustado e não sabia o que fazer.
Eu me virei e da multidão veio em minha direção. Alguém começou a gritar
"linchar ela!"
Tentei encontrar um rosto amigo em algum lugar na multidão. Olhei para
ela novamente, ela cuspiu em mim. Eles se aproximaram, gritando: "Não
cadela nigger vai ficar na nossa escola! Saia daqui!" Então eu vi um banco
no ponto de ônibus. Quando cheguei lá, eu não acho que eu poderia ter ido
mais um passo. Sentei-me e a multidão aglomerada para cima e começou
a gritar novamente. Só então um homem branco se sentou ao meu lado,
colocou o braço em volta de mim e bateu no meu ombro. Ele levantou meu
4
queixo e disse: "Não deixe que eles te ver chorar" (SPARTACUS
EDUCATIONAL, 2011). (tradução nossa)
3
“Agnes Smedley, letter to Aino Taylor (7th December, 1942)
The treatment of Negroes in the south has humiliated and shamed me so deeply that my blood runs cold in
my veins. Traveling by bus, with the rain pouring, the driver ordered a dozen Negroes to step back and let
two handsome white women aboard first. They came on, then the driver saw they had Negro blood in their
veins - perhaps their hair showed it. The driver slapped his leg and bawled with laughter and said to the
white passengers: "Now ain't that a joke! I thought they was white and they are Niggers." The faces of t he
two women and of all the colored passengers were frozen. Mine froze too. Some of the white passengers
broke into a laugh at the joke.
I saw a northern white soldier ask a colored soldier to sit down by him and the latter did so; then the bus
driver stopped the bus and said: "Stand up. Nigger!" The colored soldier stood up. The white soldier said:
"Aw hell!" and stood up also. But had that white soldier not been in uniform, I don't know what would have
happened.
Now when I heard this, I should have stood up and killed the driver. But I sat there petrified, sat there like a
traitor to the human race. I kept thinking of what Jesus would have done, and knew that he would perhaps
have allowed Himself to be killed. I didn't. I didn't do a thing for many reasons: because I was warned a
dozen times by white people that if I did anything it would be the colored people who suffered for it. The
whole south whispers if the least thing breaks out. In one town in Georgia a fight started in the colored
section of the town. So great is the tension that the minute it started, the railway engine on the train began
to toot, the air-raid sirens went off as if there was an air raid, police cars and motorcycles roared through the
street, and I heard the firing of guns. A street fight starts such a night alarm.
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Elizabeth Eckford was one of the nine African American students who tried to enroll at Little Rock Central
High School during September, 1957. She was later interviewed about her attempts to gain entry to the
school on the first day of term.
The crowd was quiet. I guess they were waiting to see what was going to happen. When I was able to
steady my knees, I walked up to the guard who had let the white students in. When I tried to squeeze past
him, he raised his bayonet and then the other guards closed in and they raised their bayonets. They glared
at me with a mean look and I was very frightened and didn't know what to do. I turned around and the crowd
came toward me. Someone started yelling "lynch her!"
I tried to find a friendly face somewhere in the mob. I looked at her again she spat on me. They came
closer, shouting, "No nigger bitch is going to get in our school! Get out of here!" Then I saw a bench at the
bus stop. When I got there, I don't think I could have gone another step. I sat down and the mob crowded
up and began shouting all over again. Just then a white man sat down beside me, put his arm around me
and patted my shoulder. He raised my chin and said, "Don't let them see you cry".
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Apesar de que nessa época a grande maioria dos casos que envolvesse a
Justiça Popular eram negros, os imigrantes italianos também eram alvos. Em 1891,
onze imigrantes foram linchados em New Orleans Luisiana, por serem falsamente
acusados pelo assassinato do chefe de polícia da cidade.
A Ku Klux Klan retornou em 1915, graças ao linchamento de Leo Frank e o
lançamento do filme O nascimento de uma nação. Junto com o antigo objetivo, a
KKK teve nesse período ênfase sobre a violência contra imigrantes, judeus e
católicos, e Leo foi a fagulha, como é mostrado:
Griffith, deu uma grande ajuda para reviver a organização. O motivo seria de que a
personagem Maria Phagan era a análoga Flora, pois uma foi estuprada a outra se
atirou do penhasco para evitar o mesmo destino.
Nas décadas que atingem a Primeira Guerra Mundial, os conflitos entre negros
e brancos aumentaram. Durante esse período o sul dos EUA se preocupava com os
negros após o retorno da guerra, assim, não quisessem reocupar pacificamente o
posto de segunda classe, enquanto o norte não gostava da onda de migração dos
negros vindos do sul, principalmente, quando estavam ocupando os posto de
trabalhos e suas residências. No verão de 1919, muito conhecido por “The Red
Summer”, nome dado por James Weldon Johnson, foi a época de maior violência
interracial que o país presenciou. Os motivos seriam de que nessa época houve
secas e chuvas torrenciais no sul rural, tornando as terras pouco lucrativas. Os
brancos para aliviar suas frustrações linchavam os negros e, com isso, as possíveis
vítimas iam para o norte em busca de melhor sorte. Quando chegavam, eram vistos
como concorrência pelos brancos. Para visualizar o que ocorria nesse verão veja:
Em 10 de maio de 1919, em Charleston, Carolina do Sul, espalhar rumores
sobre um incidente racial que envolve um oficial da Marinha e um homem
negro. Multidões de raiva militares brancos e veteranos, muitos dos quais
estavam armados e todos pareciam estar inspirados pela retórica do ódio,
invadiu um dos bairros predominantemente negros de Charleston.
Eventualmente, esta multidão estava fora de controle, e a polícia da cidade
chamado o comando naval de ajuda insubduing os desordeiros. Em certa
medida, a ordem foi restaurada, mas não antes de dois homens negros
foram mortos e muitos outros tinham sido espancadas ou feridos e feridos.
Em junho de 1919, John Hartfield foi linchado em Ellisville, Mississippi.
Hartfield, um violador alegado, tornou-se alvo de uma multidão enfurecida
branco e foi gravemente ferido. No início, sua vida foi poupada por meio
das boas graças de um médico no bairro, mas a retórica inflamada dos
jornais locais entraram em vigor. cidadãos Branca sentiu que a sua causa
tinha fundamento, além disso, alguns oficiais acreditam que a violência da
multidão jamais poderia ser extinto se a justiça não foi feita, neste caso,
"justiça" significava a morte de Hartfield. Hartfield foi enforcado, queimado,
e acabou baleado por membros de uma multidão de 3.000 manifestantes.
Um evento particularmente ameaçador ocorreu em Longview, Texas,
algumas semanas depois do incidente em Charleston. Em Longview, a
tensão racial começou a intensificar como resultado de preocupações
econômicas. Especificamente, os brancos tinham sido abaladas por
actividades do Negro National Business League, uma organização fundada
por Booker T. Washington para promover a produtividade econômica de
Africano americanos. A liga tinha incentivado os agricultores negros para
negociar acordos comerciais diretamente com seus compradores do
mercado em Galveston perto, no Texas, como resultado, os empresários
negros eram capazes de vender seus produtos a preços mais baixos do que
os brancos poderiam oferecer. O incidente começou quando o corpo nu e
mutilado de Lemuel Walters foi encontrado e os moradores negros, liderada
por membros da Liga, exigiu uma investigação. Logo se tornou evidente
que a polícia local não estava ativamente perseguindo a investigação, além
disso, os moradores negros expressaram preocupação de que a evidência
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“On 10 May 1919, in Charleston, South Carolina, rumors spread about a racial incident involving a
naval officer and a black man. Mobs of angry white servicemen and veterans, of whom many were
armed and all seemed to be inspired by the rhetoric of hate, invaded one of Charleston’s
predominantly black neighborhoods. Eventually, this mob was out of control, and the city police called
the naval command for help insubduing the rioters. To a certain extent, order was restored, but not
before two black men had been killed and countless others had been beaten or otherwise wounded
and injured.
In June 1919, John Hartfield was lynched in Ellisville, Mississippi. Hartfield, an alleged rapist, became
the target of an angry white mob and was severely wounded. At first, his life was spared through the
good graces of a doctor in the neighborhood, but then the inflammatory rhetoric of local newspapers
took effect. White citizens felt that their cause was justified; moreover, some officials believed that mob
violence could never be quenched unless justice was done—in this case, “justice” meant Hartfield’s
death. Hartfield was hanged, burned, and eventually shot by members of a crowd of 3,000 rioters.
A particularly ominous event occurred in Longview, Texas, a few weeks after the incident in
Charleston. In Longview, racial tension had begun to intensify as a result of economic concerns.
Specifically, whites had been unsettled by the activities of the National Negro Business League, an
organization originally founded by Booker T. Washington to promote economic productivity for African
Americans. The league had encouraged black farmers to negotiate business deals directly with their
market buyers in nearby Galveston, Texas; as a result, black business owners were able to sell their
products at lower prices than whites could offer. The incident began when the naked, mutilated body
of Lemuel Walters was found and black residents, headed by members of the league, demanded an
investigation. It soon became apparent that the local police force was not actively pursuing the
investigation; furthermore, black residents expressed concern that evidence in the case would be
destroyed. Mistrust between the races intensified. Then a black newspaper, the Chicago Defender,
published an article alleging that Walters had been killed by a mob because of his love for a white
woman, that the police in Longview had refused to investigate the murder, and that the police had
actually encouraged the mob violence against Walters. In reaction, a group of irate white men
confronted S. L. Jones, a local agent for the Defender, and accused him of having written the article;
Jones denied the allegation but was nevertheless severely beaten. He sought the aid of a local
physician, C. P. Davis; he and Davis were then personally threatened, but they refused to leave
Longview, and they thus became a target of impending racial violence. On the night of 10 July, tension
between these two men and the white townspeople worsened, and several black citizens helped
Jones and Davis prepare an assault against an approaching mob. Davis started a shootout in which
four men were killed and others were wounded. Whites retaliated by burning black residents’ homes
and murdering Davis’s father-in-law. Davis and Jones managed to escape, and martial law was
eventually imposed. By then, however, many blacks and whites had died”.
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A East St. Louis, Illinois, em 1917, motim foi desencadeado pelo medo de
homens brancos e negros de trabalho que os avanços na situação
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“The East St. Louis, Illinois riot in 1917 was touched off by the fear of white working men that Negro
advances in economic, political and social status were threatening their own status. When the labor
force of an aluminum plant went on strike in April, the company hired Negro workers. Although the
strike was crushed by a combination of militia, injunctions, and both Black and white strike breakers,
the union blamed its defeat on the Blacks. A union meeting in May demanded that “East St. Louis
must remain a white man’s town.” A riot followed, sparked by a white man, during which mobs
demolished buildings and Blacks were attacked and beaten. Policemen did little more than take the
injured to hospitals and disarm Negroes. Harassments and beatings continued through June”.
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Aquele que participava do feito tinham grande chance de não ser preso, porque
poucos eram condenados por participarem, visto que o júri era tipicamente branco e
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“A postcard showing the burned body of Jesse Washington, Waco, Texas, 1916. Washington was a
17-year-old retarded farmhand who had confessed to raping and killing a white woman. He was
castrated, mutilated, and burned alive by a cheering mob that included the mayor and the chief of
police. An observer wrote that "Washington was beaten with shovels and bricks […] [he] was
castrated, and his ears were cut off. A tree supported the iron chain that lifted him above the fire […]
Wailing, the boy attempted to climb up the skillet hot chain. For this, the men cut off his fingers." This
image is from a postcard, which said on the back, "This is the barbeque we had last night. My picture
is to the left with a cross over it. Your son, Joe".
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não votaria em condenar o linchador, muito menos o legislador faria algo, pois
correria o risco de não ser eleito no próximo mandato. A seguir apresenta-se um
exemplo de apoio:
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“[…] in Port Jervis, New York, a policeman tried to stop the lynching of a black man who, it was
revealed after his death, had been wrongfully accused of assaulting a white woman. The mob
responded by putting the noose around the officer's own neck as a way of scaring him off. At the
coroner's inquest, the officer identified eight people who had participated in the lynching, including the
former chief of police, but the coroner's jury found that the murder had been carried out "by person or
persons unknown".
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4 CONCLUSÃO
Nesta consideração podemos dizer que a Justiça Popular irá aparecer quando
o estado não cumprir sua obrigação. Portanto, deve o estado se debruçar para
resolver problemas que possam vir a aparecer, pois nada adianta colocar em sua
constituição todos os direitos de seus cidadãos se não os cumprir.
A doutrina sempre aponta que umas das causas para que a Justiça Popular se
manifeste é através de locais precários e do descaso de seus agentes da ordem,
porque não basta ter mecanismo de justiça eficaz se ele deve trazer satisfação de
um julgamento correto; não o sendo, trará insatisfação e sensação de impunidade.
Não se esquecendo de que a justiça aparece no país considerado de primeira
grandeza, como nos Estados Unidos. Nesse país o linchamento se dá não por causa
de crimes de sangue, mas pelo simples medo que uma cor tem da outra.
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45
MARTINEZ, Vinício C. Estado liberal. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1276, 29
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MARTINEZ, Vinício C.. Estado de direito social. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n.
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RIBEIRO, Renato Janine. Ao leitor sem medo, Hobbes escrevendo contra o seu
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RJ: caseiro confundido com assaltante é linchado em São Gonçalo. Terra Networks
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46
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência política e teoria geral
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