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Guia para pais e cuidadores no enfrentamento


da epidemia de Covid-19
CHRISTINA SUTTER, psicóloga (CRP11/383), terapeuta familiar. tinasut@gmail.com.

▪ As crianças e os adolescentes podem apresentar reações/sintomas


diferentes em função da idade.
▪ Quanto mais jovem for a criança, mais ela terá dificuldade de expressar
verbalmente o que está sentindo. Geralmente a criança irá expressar
através de alterações de comportamento ou de sintomas.
▪ Adolescentes também podem ter dificuldade de verbalizar e, devido a
maior capacidade cognitiva, podem apresentar aumento de ansiedade
relacionada com a vulnerabilidade humana.
▪ Em situações de crise, é importante estar atento às reações da
criança/adolescente sinalizadoras de que ela não está conseguindo lidar
com o nível de stress e insegurança provocados pela crise.

▪ Abaixo segue a descrição de algumas reações em função da faixa etária e


sugestões sobre o que pode ser feito pelos pais e cuidadores.

IDADE REAÇÕES COMO AJUDAR

Medo de ficar só Paciência e tolerância

Sonhos ruins Fornecer segurança


(verbal e física)
Dificuldade de fala
Incentivar a expressão
Perda de controle de através de brincadeiras,
PRÉ-ESCOLAR bexiga e intestinos, reencenação, narração de
constipação histórias, desenhos

Molhar a cama Permitir alterações a


curto prazo nos arranjos
Mudanças de apetite de sono

Aumento de birras, Planejar atividades


lamentos ou calmantes e
comportamentos de reconfortantes antes de
apego dormir
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Manter rotinas familiares


regulares

Evitar a exposição à mídia

IDADE REAÇÕES COMO AJUDAR

Irritabilidade, lamentação, Paciência, tolerância e


agressividade transmitir segurança

Comportamento de apego Incentivar o contato com


amigos por telefone e
Pesadelos, perturbação Internet
do sono / apetite
Exercícios regulares e
Sintomas físicos (dores de alongamento
IDADE ESCOLAR (6 a 12 cabeça, dores de
anos) estômago) Envolver a participação
em atividades
Evitação ou perda de educacionais (tarefas e
interesse pelos amigos jogos educativos)

Competição pelo cuidado Engajar em tarefas


dos pais domésticas estruturadas

Esquecimento sobre Estabelecer limites


tarefas e novas suaves, mas firmes
informações aprendidas
na escola Discutir o surto atual e
incentivar perguntas,
incluindo o que está
sendo feito na família e na
comunidade

IDADE REAÇÕES COMO AJUDAR

Sintomas físicos (dores de Paciência, tolerância e


cabeça, transmitir segurança
erupções cutâneas etc.)
Incentivar a continuação
Perturbação do sono / de rotinas
apetite
Incentivar a discussão da
ADOLESCENTE Agitação ou diminuição de experiência do surto com
(13 a 18 anos) energia, apatia colegas, familiares (mas
não forçar)
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Ignorando
comportamentos de Incentivar o contato com
promoção da saúde amigos por telefone,
Internet, videogame
Isolando-se de colegas e
da familia Envolver nas rotinas da
família, incluindo tarefas
Preocupações com o domésticas, apoio a
estigma e irmãos mais novos
Injustiças
Envolver nas estratégias
Sem motivação para para melhorar os
estudos comportamentos de
promoção da saúde
Duvidas existenciais sobre
o sentido da vida Limitar a exposição na
mídia, ou falar sobre o
que viram / ouviram

Discutir e abordar
estigma, preconceito e
possíveis injustiças que
ocorram durante o
surto

FONTE : The National Child Traumatic and Stress Network (NCSTN).


Parent/Caregiver Guide to Helping Families Cope With the Coronavirus
Disease 2019 (COVID-19).

▪ As reações das crianças aos eventos traumáticos estão relacionadas


às reações dos adultos à sua volta!
▪ Bebês também podem absorver o stress dos adultos e apresentarem
reações como choro e irritabilidade.
▪ Ao conversar com crianças use termos simples (zangado, triste, assustado).
Não use termos como horrorizado ou aterrorizado, pois podem aumentar o
stress da criança.
▪ Adeque sua conversa ao nível cognitivo da criança. Comparado aos adultos,
antes dos 12 anos geralmente não se compreende bem termos abstratos
ou metáforas.
▪ Adolescentes apreciam que suas questões e preocupações sejam tratadas
em igualdade com um adulto.

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