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Piracicaba - 2014
AMINÉRES PANSIERI COLOMBINI
Piracicaba – 2014
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DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
Agradeço minha mãe, que sacrificou muito de si mesma e doou muito do que
havia em si e até mesmo o que não havia para que eu cuidou da minha filha para que eu
concluísse a graduação em Odontologia, nutriu minha filha com amor, zelou por sua
integridade física, emocional, psicológica e social; deu-lhe saúde e exemplo de
espiritualidade, compromisso com a retidão e enaltecimento do sagrado.
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Agradeço ao Prof Dr. Enilson A. Sallum, Prof Dr Pablo A. Vargas, Prof. Dr.
Frederico Andrade Silva homens de inequívoco caráter, que me incentivaram a buscar a
superação de meus limites físicos, financeiros, emocionais e sociais para a continuidade
e conclusão do curso. Sem estes homens, eu não teria conseguido vencer todas as
dificuldades que enfrentei para a conclusão desta graduação.
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RESUMO
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Palavras Chave
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Abstract
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Key Words
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11
4. COMENTÁRIOS/CONCLUSÕES ........................................................... 54
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Planejamento em Prótese Fixa
ASPECTOS MACROCLÍNICOS
1. INTRODUÇÃO
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Se o resultado da oclusão dinâmica é a mastigação, como definir uma oclusão
cujo resultado funcional seja uma mastigação eficiente? Como interrelacionar critérios
para construir uma oclusão saudável e estável, tanto na dentição decídua como na
permanente, por meio de tratamentos preventivos interceptativos e curativos?
Fundamentado em que?
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preenchimento de espaços protéticos, aparelhos para a correção da posição dos dentes e
no esmero pela estética. O planejamento fica restringido à execução de tarefas clínicas
estanques e puramente mecânicas como se os dentes, as articulações
temporomandibulares, os músculos e a função mastigatória, fizessem parte de um
sistema que nada tem a haver com a odontologia (Silva, 1990; Planas, 1988).
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Compreende-se então que a correta definição de uma oclusão saudável e
funcionalmente harmônica só pode ser obtida se entendermos a origem da própria
oclusão e a interação entre a oclusão dentária e as demais estruturas do sistema
estomatognático.
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Thompson, em 1954, compreendendo a coordenação funcional não só durante o
ato da mastigação, mas, também na deglutição, respiração, fonação e postura da cabeça,
da língua, mandíbula e osso hioide, compreendeu a abrangência funcional do Sistema
Estomatognático, que foi aceita, desde então, por todos os círculos científicos. A
compreensão da integração funcional entre essas estruturas anatomicamente tão
distintas, formando um sistema sólido, indivisível, com conexões em vários outros
sistemas orgânicos, não surgiu por capricho de um investigador isolado. Foi o resultado
e um processo evolutivo, da maturação do pensamento científico odontológico, que
passou por várias etapas. Daí a existência de uma entidade biológica bucal e suas
relações recíprocas com a saúde e enfermidade do restante do corpo que foram
compreendidas e aceitas pela ciência médica em geral. A época em que os dentes
podiam ser considerados isoladamente, somente devendo-se estudar suas funções, junto
aos seus vizinhos e antagonistas, já soma quase um século. A literatura nos revela que
tenazes e persistentes protesistas, no início do século passado, referiam-se às
necessidades de estudar o complexo maior - O Sistema Estomatognático, e suas
interações com os outros sistemas orgânicos para que pudéssemos estruturar as bases
para o entendimento funcional do sistema mastigatório.
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constatar que a prática clínica ainda se fundamenta conforme os comentários de
Washburn. Nas últimas décadas, a clínica médica percebeu suas dificuldades para
resolver os casos de alterações funcionais do sistema estomatognático ou disfunções
temporomandibulares e crânio mandibulares (DTM-DCM). Os recursos médicos não
são suficientes para a obtenção da remissão dos sinais e sintomas dessa patologia,
porque entre os mecanismos geradores da patologia está á oclusão dentária e sua
interação com as demais estruturas do sistema estomatognático. Todavia, como a
oclusão dentária, tradicionalmente, está dispersa em várias áreas acadêmicas do curso
de odontologia, com enfoques restritos a cada disciplina, induziu por vários anos que os
cirurgiões dentistas, clínicos e especialistas, demonstrassem grande desconforto ao
tentar compreender e tratar os sinais e sintomas da DTM. Afortunadamente, diversos
progressos em outros ramos da ciência permitiram a utilização de novos instrumentos e
processos de investigação como, por exemplo: a cineradiografia, a cinefluorescência
laminográfica, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear. Essas
técnicas oferecem imagens nítidas dos dentes e de suas estruturas de suporte, das ATMs
com seus tecidos duros e moles, durante a estática e dinâmica de seus componentes. A
telemetria eletrônica utilizando micro rádio transistores, adaptados em pônticos ou
retentores de próteses fixas ou próteses parciais removíveis, possibilitaram esclarecer a
extensão e intensidade dos contatos oclusivos e a dispersão das forças durante os
movimentos mandibulares. Softwares, como o T-Scan e o K6I, oferecem em tempo real
os contatos interoclusais permitindo avaliações preciosas da dinâmica oclusal, da
atividade elétrica muscular e dos movimentos mandibulares. A eletromiografia
permitiu estudar a função muscular. Os Instrumentos eletrônicos tornaram possível a
medição exata do grau de movimentação dos dentes durante a mastigação.
Gnatotensiômetros e pantógrafos computadorizados permitiram registrar, reproduzir e
estudar as posições e movimentos mandibulares com exatidão em oclusões consideradas
normais e anormais. Microfones ultrassensíveis e computadorizados, combinados com
gravadores fidelíssimos, revelaram novos dados sobre a cinética condilar e as vibrações
dos discos articulares, nos mais variados movimentos mandibulares (Planas, 1988;
Silva, 2000).
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orientar a busca das respostas às suas inquietudes, dúvidas e ignorâncias, com um
enfoque não mais somente artesanal e mecânico, porém, com bases biofuncionais. Os
resultados obtidos por aqueles que compreendem a Odontologia não somente no
contexto mecanicista e cosmético, dia a dia, são somados, podendo-se dizer que esta
ciência avançou mais nos últimos trinta anos do que em toda a sua história anterior,
alicerçando-se, funcionalmente, em cinco pilares fundamentais:
Oclusão.
Periodonto.
ATMs.
Sistema Nervoso.
Sistema Muscular.
Todas essas etapas foram sendo maturadas ao longo dos anos, através de um
trabalho contínuo de pesquisa e observação científica, evidenciando que estamos
em frente a uma unidade biológica e funcional indivisível e, como tal, deve ser
compreendida, diagnosticada e tratada.
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em outras estruturas do sistema. As desarmonias oclusais têm um papel muito
importante na hiperatividade muscular porque estimulam os mecanoceptores
periodontais por meio de distintas vias de condução nervosa e determinam novos
padrões funcionais. Inter-relacionar os objetivos de desenvolver uma oclusão perfeita e
saudável na dentição permanente, por meio de tratamentos preventivos, interceptativos e
corretivos, precisamente de acordo com mudanças na dentição, tem de passar,
necessariamente, por ampla compreensão da integração entre a oclusão e os outros
componentes do sistema estomatognático, que estão em plena capacidade. Além disso,
tem-se de considerar que o biótipo é um aspecto de cada indivíduo, genético e variável,
e que proporciona respostas distintas às mesmas causas perturbadoras do
desenvolvimento ou da função, bem como as terapêuticas que se apresentarem. De cada
biótipo advirá uma resposta fisiológica característica. Os problemas com a função da
musculatura inserida na mandíbula, com as articulações temporomandibulares, com a
oclusão e com o crescimento e desenvolvimento ósseo do maciço crâniofacial, nos dias
atuais, parece de incidência mais frequente, com graus de intensidade preocupantes e
em faixas etárias, até então, pouco diagnosticadas (Silva, 1990; Gavião, Chelotti e Silva,
1997).
Não serão estimuladas as ATMs por tração, nem o periodonto por compressão, os
músculos e ossos do esqueleto facial e cranial, se atrofiarão. Não haverá resposta de
desenvolvimento, mas sim uma atrofia correspondente e, como consequência, um
sistema fraco, com pouca capacidade de resistir às agressões, ou de se adaptar a elas.
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dentadura mista, e se mantém quando a dentição permanente é estabelecida com
normalidade. Portanto, a alimentação prolongada com mamadeiras, papinhas, sopinhas,
sanduíches, salgadinhos, hambúrgueres e etecetera, satisfazem as necessidades
nutritivas da criança ou do adulto, mas, atrofia as estruturas responsáveis pela
mastigação, não permitindo seu crescimento e desenvolvimento, tal com estava previsto
geneticamente. Assim, quando a dentição permanente, também prevista geneticamente,
tenta fazer sua aparição nas arcadas, não encontra espaço adequado, o que só uma
estimulação gradual e contínua por meio de uma alimentação adequadamente sólida
teria proporcionado. Nessas condições, quando o sistema no adulto, por qualquer
motivo, é requisitado mais intensamente, não está capacitado para resistir a essa
demanda funcional, ocorrendo lesões ou alterações funcionais, localizadas ou
generalizadas (Planas, 1988).
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Por muitos anos, se criou preconceitos para atividades que verdadeiramente são
básicas em clínica geral, por exemplo: a oclusão e os articuladores. Essas atividades só
são dadas à compreensão dos chamados “reabilitadores”. Isso alcançou tamanha difusão
que, ao indicarmos alguém como reabilitador, imediatamente lembramo-nos do
profissional que faz próteses. Se nos referimos à prevenção, vem logo a imagem do
flúor e suas aplicações. Se um dente é íntegro em sua estrutura tecidual e de suporte,
mas mal posicionado e sem condições ortodônticas de realinhamento, promovendo uma
oclusão instável e é indicado para exodontia, vem o sentimento pseudo conservador de
mantê-lo no arco. Esse excessivo “espírito conservador” induz a uma formação
acadêmica distorcida, prejudicando a formulação de um plano de tratamento que
realmente atenda as necessidades macroclínicas dos pacientes, posto que a visão de
planejamento do profissional assim formado se restringe a procedimentos localizados e
pontuais, sem considerar funcionalmente o sistema integral. Reabilitador, também, é
aquele profissional que, ao fazer uma restauração classe I de amálgama ou uma
restauração classe III, o faz considerando não somente manter a integridade biológica e
estética do órgão dental, mas, também e principalmente, colocando-o em função
harmônica com as demais estruturas do sistema. Procedimento clínico preventivo se
refere, também, àquele procedimento que, quando realizado, respeita a integridade e a
função, previne agressões ao sistema como um todo. A indicação de extração de um
dente íntegro mal posicionado, gerador de interferências oclusivas e sem condições
ortodônticas ou protéticas de aproveitamento é mais benéfica do que, em nome do
“espírito conservador”, mantê-lo no arco. Esta macro visão prevê uma formação
acadêmica efetivamente interdisciplinar e globalizada. Para formar profissionais que
pratiquem uma odontologia primordialmente técnica, segmentária, estanque e pouco
compromissada com a função, não haveria necessidade de oito semestres letivos para a
conclusão do currículo pleno, talvez a metade, sob vários aspectos, fosse mais
conveniente (Silva, 2000).
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especificação dos honorários e da forma de pagamento e o consentimento do paciente
para a execução do tratamento.
Sistema mastigatório
Componentes Principais
ARTICULAÇÕES: Temporomandibular,
Gonfose e Dentária.
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Não é prudente programar e, menos ainda, executar qualquer alteração sobre as
superfícies dos dentes, sem saber qual será a repercussão que este procedimento clínico
causará em outros componentes do sistema mastigatório e este sobre o sistema
estomatognático. O cirurgião dentista deve compenetrar-se de que não é somente um
artesão, não pode negligenciar a função e fixar-se pontualmente em atividades clínicas
estanques.
Hoje, quando se considera a dor crônica como uma doença, não é mais aceitável
que o cirurgião dentista não tenha claro o impacto que as suas atividades clínicas
exercem sobre os outros sistemas orgânicos.
Relatou ter todos os dentes, mas desde que colocou uma prótese no dente 24, há
dois anos, já o cimentou várias vezes (4), e, além disto. Quando pontualmente indagada,
relatou dores constantes na cabeça na região temporal anterior, região dos masseteres,
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torcicolo, sensação de cansaço na face ao acordar. Além de ruídos articulares nas
articulações temporomandibulares quando movimentava a mandíbula. Contudo, sua
queixa principal foi para com o incômodo gerado pela “queda” do dente.
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Nos músculos masseteres, temporais anteriores e pterigoídeos laterais foram
detectados “trigger points”(pontos de desencadeamento de dor), com repercussão
difusa na face e restante da cabeça.
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modelo inferior foi posicionado em MIH com auxílio da lâmina de cera recortada. Não
foram individualizados os ângulos de Bennett e o ângulo da guia condilar. Foram
determinadas as angulagens médias para os ângulos de Bennett em 15o e para a guia
condilar em 30o, conforme o preconizado (Silva, 1990; Silva, 1993).
3.2.4.1 – No Articulador
A importância do Articulador:
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O Caso Clínico:
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3.2.4.2 – Nas Tomadas Radiográficas
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Sabendo-se desta relação fica mais fácil interpretar anatomicamente a
radiografia transcraniana das ATMs, e, desta forma, formular um diagnóstico e o
planejamento das atividades clínicas que deverá ser oferecido ao paciente.
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Estas últimas observações foram confirmadas quando examinadas as tomadas
radiografias periapicais, contudo, detectou-se espessamento discreto do ligamento
periodontal nos dentes anteriores e, mais acentuadamente, nos dentes posteriores, e,
destes, os do lado direito chamaram mais a atenção. A porção radicular do dente 24 não
mostrou fratura ou cárie recorrente. O núcleo metálico não preenchia totalmente a parte
do conduto desobturado, mas, seu ápice estava localizado em porção radicular
envolvida por suporte ósseo. A proporção intra-radicular do núcleo/coroa estava no
limite mecânico.
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Figura 3 – Mandíbula de um recém-nascido em fase de
lactação. A altura do ramo com relação ao corpo da
mandíbula sem dentes é pouco proeminente e, é
característica da morfologia da mandíbula dos
ruminantes, com dentes sem vertentes e cúspides, que
executam predominantemente movimentos deslizantes.
Nestas condições as articulações temporomandibulares
são pouco proeminentes, rasas e compatíveis com os
movimentos que executam.
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são encontradas estruturas moles como: discos articulares, a região bilaminar (fig. 7),
ligamentos intrínsecos e o liquido sinovial, que são “embrulhados” por um envoltório
fibroelástico chamado de cápsula articular. Além da cápsula, existem também outras
estruturas que, com a mesma, protegem as articulações limitando seus movimentos, isto
é, evitam movimentos indesejáveis. Estas estruturas são os ligamentos extrínsecos que
reforçam a cápsula das articulações temporomandibulares (Gray, 1979).
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temporais posteriores), enquanto os movimentos de abertura e fechamento são os
resultados do trabalho dos músculos verticais (se localizam verticalmente em relação ao
corpo de mandíbula – supra hioideos, masseteres, pterigoideos mediais e temporais
anteriores).
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do músculo orbicular dos lábios, dos masseteres e pterigoideos mediais, agindo contra a
ação da gravidade e possibilitando a deglutição.
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dada como resposta ao desequilíbrio gerado pela perda dos dentes (Egermark-Eriksson,
1982).
Para que não perdurem por muito tempo os movimentos retilíneos de vaivém da
mandíbula que são prejudiciais para o crescimento e desenvolvimento das estruturas que
formam as articulações temporomandibulares, a natureza providencia que por volta dos
seis meses de idade erupcionem os dentes incisivos: primeiro os inferiores, seguidos dos
superiores que ocluem com os seus antagonistas. Este novo arranjo, promovido pela
barreira mecânica que é a interposição dos dentes incisivos (os superiores à frente dos
inferiores), determina que a mandíbula, agora, para deslocar-se para frente,
obrigatoriamente, primeiro, deve deslocar-se para baixo (Davis, 1961;Beyron, 1973),
(fig. 10 e 11).
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A erupção e oclusão entre os incisivos decíduos determinam uma trajetória das
cabeças da mandíbula a partir das fossas mandibulares até as vertentes posteriores das
eminências articulares, sem que ocorra contato entre as superfícies articulares. Este
espaço (figura 12) é fundamental para que os discos articulares possam se desenvolver
sem que sejam agredidos pelos côndilos durante a cinética condilar. Os movimentos dos
côndilos não são mais retilíneos como na lactação, acompanham a mandíbula e se
dirigirem à frente e para baixo. A ausência desta barreira mecânica permitirá que
invadam o espaço do disco durante os movimentos mandibulares, deslocando-o de sua
posição e, ao se deslocado, o disco vibra, emitindo ruídos que, dependendo da
intensidade, do tempo e da natureza com que ocorre a agressão, podem ser do tipo
estalidos, crepitação, sensação de papel amassado etc. A invasão dos côndilos no espaço
dos discos também provoca a impactação dos mesmos nas eminências articulares,
promovendo reabsorções nas mesmas e nos côndilos, que não podem ser vistas como
um processo fisiológico de adaptação. Na verdade, é um processo altamente destrutivo,
patológico, que altera a morfologia da fibrocartilagem de revestimento e posteriormente
a superfície óssea (Carvalho, 1961; Silva, 2000).
Do ponto de vista clínico, deve ser assimilada a primeira lição que a natureza nos
dá ao observarmos a cronologia de erupção da dentadura decídua: a ausência da guia
nos dentes incisivos pode provocar ruídos articulares, alterações morfológicas nas
articulações temporomandibulares; e uma forma disto ocorrer é o desgaste destes
dentes, reabilitação deficiente por meio de próteses ou por meio de dentística das bordas
dos incisivos inferiores e/ou palatina dos superiores.
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molares, e a manutenção dos dentes anteriores em oclusão, após quatro semanas,
provocaram reabsorção óssea na parede posterior da fossa mandibular e superfície
posterior dos côndilos. Um aumento de dimensão vertical de oclusão promoveu
formação óssea no teto da fossa e superfície superior dos côndilos. A utilização de tiras
intermaxilares de borracha para deslocar anteriormente a mandíbula permitiu a
formação óssea nas paredes posteriores das fossas mandibulares, superfície posterior
dos côndilos, e reabsorção nas vertentes posteriores das eminências articulares e
superfícies anteriores dos côndilos. O tracionamento posterior da mandíbula reverteu
essas alterações.
Muito embora a barreira mecânica criada pela oclusão entre os incisivos funcione
como um mecanismo de proteção das articulações temporomandibulares, quando os
côndilos se movimentam à frente, ela provoca a compressão da região retrodiscal ou
bilaminar. Isto acontece, porque apesar dos incisivos decíduos se posicionarem bem
mais verticalizados que os permanentes, a anatomia das faces palatinas dos superiores
assemelha-se a um plano inclinado que se estende dos cíngulos às bordas incisais, e
quando a mandíbula se posiciona em repouso, as bordas dos incisivos inferiores
localizam-se nos cíngulos dos superiores e, como consequência, seus côndilos são
deslocados para trás e pressionam o disco articular que por sua vez desloca-se à frente
(fig.13).
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Cabe lembrar, que já em 1934, um médico otorrinolaringologista chamado de
Costen descreveu uma síndrome com base na perda dos dentes posteriores, que
resultava em uma mordida profunda com o consequente deslocamento distal (para trás)
da mandíbula (fig. 13). Este deslocamento provocava compressão dos vasos sanguíneos,
do nervo aurículo-temporal, do meato acústico externo, e sintomas como: audição
deficiente, vertigem, tinido, dor de cabeça, ruídos nas ATMs, dor nos ouvidos, secura na
boca, ardência na língua e na garganta.
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perda parcial ou total da audição (Costen, 1934; Brodie, 1942; Ahlgren, 1966; Clinck,
1983).
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maxila. Instala-se assim a primeira oclusão cêntrica, que não pode ser confundida com
máxima intercuspidação habitual (MIH). A MIH se caracteriza quando existe um
número máximo de contatos dentários. Nem sempre, quando existe um número máximo
de contato dentário, a mandíbula está centralizada, ou seja, pode ocorrer um máximo de
contatos dentários com a mandíbula deslocada à frente, ou para trás, para a direita ou
para a esquerda. O que desejamos em nossas reabilitações, no adulto e em crianças, é
que a máxima intercuspidação habitual aproxime-se o mais possível da oclusão cêntrica.
A relação cêntrica – RC, é uma posição mandibular não contactante (sem contato
dentário). Nestas condições, os côndilos nas fossas mandibulares estão centralmente
localizados e, em comparação com a oclusão cêntrica, deslocados verticalmente um
pouco mais para abaixo (Silva, 2000), (fig. 15), ou seja, em relação cêntrica a
mandíbula está em posição de repouso, os côndilos estão separados das fossas, e entre
eles existe um espaço uniforme. A RC é o resultado do equilíbrio neuromuscular da
mandíbula em relação à maxila, onde os músculos verticais e horizontais que se inserem
na mandíbula são ativados sincronicamente, sem que um prevaleça funcionalmente
sobre o outro. Assim, a relação cêntrica é o referencial que deve ser conseguido antes da
execução de qualquer reabilitação protética, ortodôntica, ortopédica, cirúrgica e etc.
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as vertentes distais do inferior. Isto se constituirá no segundo fundamento da oclusão
dentária.
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segundos molares decíduos são verdadeiras miniaturas dos primeiros molares
permanentes. Possuem o mesmo número de cúspides e, em alguns casos, visualiza-se a
presença do tubérculo de Carabelli. Enquanto a altura das vertentes das cúspides dos
primeiros molares decíduos é rasa, nos segundos molares elas são altas, bem definidas e
com direções iguais as do primeiro molar permanente.
Como pode ocorrer desgaste das vertentes dos caninos, borda dos incisivos e
cúspides dos primeiros molares decíduos, as ATMs ficam sem proteção quando os
côndilos se deslocam para frente, para trás e para os lados, durante os movimentos
protrusivos, retrusivos e lateroprotrusivos da mandíbula.
Considerando que os incisivos permanentes ocluem por volta dos sete anos,
ocorre um significativo espaço de tempo até que a guia em incisivos volte a ser
restabelecida. Entra aí, a engenhosidade da natureza. A oclusão entre os segundos
molares decíduos, dada á altura e direção de suas cúspides, protege as ATMs durante os
deslocamentos dos côndilos à frente, para trás, para os lados e durante os movimentos
protrusivos, retrusivos e lateroprotrusivos da mandíbula. Isto ocorre porque, estes dentes
em oclusão, determinam que a mandíbula ao deslocar-se em trajetória à frente e para os
lados, sempre o faça deslocando-se para baixo, em virtude da altura e direção das
vertentes das cúspides destes dentes (fig. 16).
A direção das cúspides dos segundos molares decíduos mostra claramente que
elas se dispõem obliquamente na face oclusal. Esta disposição, além de dirigir as forças
oclusais em direção ao longo eixo, determina, também, a amplitude dos movimentos
lateroprotrusivos, fazendo o papel da guia em caninos e precariamente da guia em
incisivos, impedindo que os côndilos invadam o espaço do disco articular medial e
anteriormente nas respectivas fossas mandibulares. A figura 17, mostra com mais
detalhes a direção das cúspides e a oclusão entre os segundos molares decíduos,
evidenciando que a primeira chave de oclusão molar ocorre na dentição decídua.
Todos os elementos colhidos por meio dos exames realizados devem ser agora
analisados. Não são suposições que darão aos pacientes os maiores e melhores
benefícios, e sim, um diagnóstico cuidadosamente estudado analisado e elaborado. A
maior porcentagem de diagnósticos corretos pertence a profissionais que, meticulosa e
diligentemente, se valeram de todos os meios que possam contribuir para a avaliação
dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes.
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São fatores positivos os dentes bem formados e bem implantados, as relações
oclusais e interproximais corretas. A mobilidade dental com reabsorção horizontal
provocada por uma que possa ser aliviada não chega a ser um fator negativo, como
demonstraram Lindhe & Nyman em 1984.
1. O desvio da linha média para o lado esquerdo pode ser ocasionado por
contatos prematuros no final do fechamento em decorrência da má posição
dentária. Outras variáveis devem ser consideradas, tais como; restaurações
deficientes causando contatos pré-maturos, e desvios do padrão de
normalidade durante o crescimento e o desenvolvimento da maxila e/ou
mandíbula, em especial afetando a morfologia das cabeças da mandíbula;
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3. Que muito provavelmente, a sintomatologia dolorosa na região pré-auricular,
descartadas causas médicas, é de origem articular devido à compressão da
cabeça da mandíbula na banda posterior do disco e compressão da região bi
laminar, regiões inervadas com terminações nervosas livres, portanto, a
presença de receptores que captam estímulos dolorosos (Gray, 1979);
Ainda alguns questionamentos podem ser formulados, por exemplo: como saber
se o desvio da linha média é de origem esquelética ou muscular? Como, clinicamente,
fazer o diagnóstico diferencial? O que estaria causando a disfunção muscular? Como
detectar quais dentes estariam envolvidos nos contatos prematuros? Como determinar
em quais áreas das superfícies dentárias estaria ocorrendo os contatos prematuros?
Como eliminar estes contatos? E as interferências oclusais, diagnosticadas na boca e no
articulador, como eliminá-las? Enfim, como realizar o Diagnóstico Diferencial para
formular um planejamento que beneficie a paciente?
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necessário entender que a prótese fixa unitária, múltipla ou conjugada, não é a simples
manipulação de materiais inertes ou a habilidade na conjugação de cores, mas, o
conjunto de uma necessidade e a criação de uma ou várias restaurações que objetivem:
Como não considerar, mesmo nos casos em que nos pareçam mais simples, o
fator biológico individual? Ele é a resultante dos exames realizados e por meio destes
serão criadas as condições de fazer o diagnóstico e estabelecer um plano de tratamento
eficiente. E o fator fisiológico, como passar despercebido a sua importância para o
diagnóstico e planejamento? A acuidade do exame clínico, os modelos de estudo
montados em articulador semi-ajustável, os recursos da imagenologia e as técnicas para
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a recuperação da dimensão vertical, para o restabelecimento da máxima intercuspidação
habitual fisiológica e funcional, para a correção de ruídos articulares, das artralgias e
mialgias.
Como no caso clínico aqui descrito, a maioria dos pacientes que procuram ajuda
profissional o fazem mais por necessidade estética, e não pela deficiência da função.
Partindo do ponto de vista de que o cirurgião dentista é um prestador de serviço e, como
tal, necessita dos pacientes, é razoável, dentro do possível, procurar atendê-los em suas
necessidades estéticas. Assim, o fator estético deve ser uma variável, sempre presente
no planejamento (Silva, 1993).
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Se contatos pré-maturos desviaram a mandíbula de sua trajetória simétrica,
dando origem aos padrões de “escape”, para que consigamos identificar com exatidão o
dente e, nele, o local onde estaria ocorrendo o contato anormal, seria necessário
bloquear o estímulo determinante da trajetória mandibular inadequada para que ela
voluntariamente voltasse a sua trajetória normal, anterior ao aparecimento do contato
prematuro.
Optou-se pela indicação da cobertura oclusal dos dentes superiores com resina
acrílica termicamente ativada, na forma de um aparelho oclusal liso e plano (Landulpho
et al., 2002; Landulpho et al., 2004) (fig. 19). O aparelho será obtido após moldagem
com alginato e obtenção dos modelos com gesso pedra tipo III. Os modelos montados
em articulador semi-ajustável na posição de MIH e o aparelho, encerado, promovendo
um aumento da dimensão vertical de oclusão de 2mm. A sua confecção segue os
mesmos passos da fabricação de uma prótese total, além disto, na sua parte anterior,
entre os dois incisivos laterais uma projeção de dois milímetros além da borda incisal,
para a guia incisivo (fig. 20) .
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Figura 20 – Observar as guias nos dentes caninos e nos dentes incisivos (1 e 2).
Devem ser colocadas em tempo diferente. E, os registros delas no aparelho para
possíveis ajustes.
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tridimensional (Landulpho et al., 2002; Landulpho et al., 2004; Paixão et al.,2007; Silva
et al., 2009; Vedana et al., 2010; Oliveira et al, 2013). O resultado deste bloqueio, como
constataram estes autores, é a otimização das cabeças da mandíbula nas respectivas
fossas mandibulares, por consequência da própria mandíbula no espaço tridimensional,
da remissão da artralgia e mialgia detectada e relatada pela paciente. Ou seja, é a
obtenção da volta da harmonia funcional entre os músculos e as articulações
temporomandibulares. Com isto, se detecta com relativa facilidade os contatos anormais
entre as superfícies oclusais e não oclusais dos dentes antagonistas, podendo-se planejar
e programar suas remoções antes da execução protética.
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Relação Maxilomandibular:
Assim como um médico solicita ao seu paciente que fique em jejum para realizar
determinados exames, é fundamental que o paciente chegue ao consultório, de
preferência pela manhã, sem ter mastigado qualquer tipo de alimento, para não reativar
o circuito antigo e com ele os padrões de “escape”. Pede-se que faça a higiene bucal
matinal com o aparelho na boca. Ao chegar ao consultório, imediatamente ao remover o
aparelho, deve ser inserido o registro intra-oral previamente confeccionado de acordo
com o preconizado por Caselli et al., 2007. Este tipo de registro da posição
maxilomandibular permite ao profissional a análise da coordenação da posição e dos
movimentos mandibulares, possibilitando o planejamento das correções que julgar
necessárias antes da reabilitação protética.
50
Figura 21 – À direita, ilustração das duas partes que compõem o registro intra-oral: a superior com a pua e a
inferior com a placa metálica onde é inscrito o arco gótico. À esquerda, um desenho esquemático do traçado de
um arco gótico, que registrou movimentos deslizantes da mandíbula simétricos, indicando harmonia funcional
entre os pares de músculos. O traço em vermelho, são os movimentos de protrusão e retrusão. O traço verde,
representa movimento lateroprotrusivo à direita. E, o traço azul, o movimento lateroprotrusivo à esquerda. Os
traçados lateroprotrusivos à direita e a esquerda são de tamanhos simétricos e o traçado representativo da
protrusão e retrusão, localiza-se no meio, formando ângulos simétricos. O traçado gótico, é de um paciente com
harmonia funcional dos músculos pterigoideos laterais e temporais posteriores do lado direito e esquerdo.
Figura 22 – Paciente movimentando a mandíbula com a pua contatando na placa metálica (1). Traçado gótico
obtido, mostrando que os movimentos lateroprotrusivos estão assimétricos, indicando assimetria funcional entre
os músculos pterigoideos laterais e entre os temporais posteriores. O movimento protrusivo também indica
desarmonia funcional, prevalecendo maior função no músculo pterigoideo lateral do lado esquerdo.
51
Como dito anteriormente, para se remontar no articulador o modelo inferior com
auxílio do registro de Gysi, há a necessidade de unir suas duas partes, a superior que
contém a pua e a inferior que contém a placa metálica, se após isto as duas partes
permanecerem paralelas, significa que os músculos verticais: os pterigoideos mediais,
masseteres e temporais anteriores também estão funcionalmente harmônicos. Nenhum
prevalecendo sobre o seu par e entre os sinérgicos.
52
Os mesmos passos realizados no laboratório, para eliminar os contatos pré-
maturos, agora devem ser executados na boca, clinicamente, no paciente.
53
(Huang et al., 2003; Cao et al., 2009; Guo et al., 2010) ela está sendo considera como
uma doença. Isto transfere à área de saúde e em particular ao cirurgião dentista clínico
geral uma enorme responsabilidade ética e legal.
Agora por imposição também legal, terá que ampliar seus horizontes para o
planejamento dos eventos clínicos.
4. COMENTÁRIOS/CONCLUSÕES
54
fazer frente às necessidades rotineiras do exercício profissional. Planejamentos não são
fundamentados em suposições, elas não atenderão as exigências clínicas dos pacientes.
Planejamentos adequados pertencem a profissionais que diligentemente e
meticulosamente se muniram de todos os meios para entender e resolver os problemas
clínicos de seus pacientes.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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