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Kundalini e Chitta: Sexo sagrado para superação dos processos Kármicos?

Por Marcelo Santos

Este breve ensaio é um primeiro passo nos estudos para um escrito futuro e mais
aprofundado, que possa fornecer um panorama mais detalhado acerca do pensamento de
enfoque purânico-tântrico. Portanto, trataremos de anotações para um ensaio futuro e mais
detalhado sobre Tantra Yoga.

Inicialmente, consideremos que a vida humana é a plataforma perfeita para se transcender o


Samsara rumo ao ser mais sutil do que o mais sutil. Este é um desejo comum tanto a homens
como a seres divinos, conforme o Mundaka-Upanishad 3.1.7.

Satya Loka é o plano mais elevado do universo e o que sobrevive ao Pralaya ou colapso
periódico do cosmos, sendo a semente para a evolução dos próximos Éons.

Por se ocuparem em demasia com a complexidade aparente dos fatos, a maioria dos
organismos humanos permanecem em Avidya ou estado de ignorância, isto implica
diretamente em total afastamento do estado da mente Chitta, consequêntemente, neste
estado, Kundalini permanece recolhida no Chakra Raíz (Mooladhara), seis níveis abaixo do
ideal para o despertar e a assunção do humano . Isto é o que caracteriza o Samsarin ou pessoa
presa ao Samsara, de um Maha-Siddha ou grande iniciado em Marga, a senda tântrica do
autoconhecimento. Este último, enganou o tempo e, o Samsara, revelou-lhe a sua natureza
divina oculta.

Os Yogasutras de Patañjali (Traduzidos do sânscrito e comentados por Carlos Eduardo G.


Barbosa. Instituto Narayana: São Paulo, 1999.) propõem uma assertiva acerca do Yoga que nos
leva ao entendimento deque ele é a manutenção da mente em sua unidade e através do
controle de suas atualizações ou modificações espaço temporais.

Apenas a título de comparação explicativa com outros conceitos mais em moda no ocidente,
Chitta pode ser entendida como a Mente Cósmica, uma unidade integrada do homem com sua
persona, natureza e mundo; a Pedra Filosofal, a Unio Mystica, o Tao. Sua equivalência com a
visão espiritual de outras culturas pode estender-se a Utchat, o Olho de Hórus, por exemplo.
Daí a expressão Chitta-Shakti para indicar a consciência pura no Mahanirvana Tantra.

No Kula-Arnava-Tantra 1. 61-63 lemos: “Ó Deusa, a mente ligada ao Samsara está atada sem
laços, cortada sem armas e exposta a um veneno terrivelmente poderoso”. Disto, é fácil
aceitar o fato de que, um mestre Tântrico não almeja a uma mera fuga do Samsara, mas, a sua
transcendência deve ocorrer como domínio do espaço e do tempo.

Kundalini-Shakti é a energia psicoespiritual serpentina e eminentemente feminina, que reside


no corpo humano e pode ser um instrumento tanto de transcendência como de servidão. É a
mais poderosa corrente termal do corpo e o fundamento de toda experiência espiritual
genuína, e deve ser considerada um florescimento dessa energia fisionuclear.
Kundalini Yoga é a prática tântrica que forma a base das disciplinas do Yoga. Desse modo, cada
música, cada dança e cada Asana ativam o despertar da energia serpentina no ser humano,
que pode, suficientemente bem abastecido dela, rumar aos planos mais elevados até atingir o
perfeito estado de consciência humana desperta como compreensão presente do Ser Divino
em nós. Tratamos aqui da disciplina que manifesta a energia através dos centros psíquicos que
se alinham ao longo do eixo da espinha como consciências potenciais.

Todos os sete Chakras básicos são compreendidos e situados não no corpo bruto, mas no sutil,
também chamado de corpo etéreo. Os Chakras são repositores das energias psíquicas que
governam toda a condição de ser do organismo humano. Esses principais centros de energia
holística organizada são: Mooladhara (na base da espinha), Svadhisthana (em volta do plexo
prostático), Manipura (em volta do umbigo) Anahata (próximo ao coração), Vishudha (abaixo
da garganta), Ajña (entre as sobrancelhas) e Sahasrara que é o sétimo e transcendental
Chakra, situado cerca de meio palmo em direção ao topo da cabeça. Ele é também
denominado de Região de Shiva ou da Consciência Pura.

O termo Dura-Darshana indica inspeção remota, a visão secreta para o interior, isto é, significa
a clarividência daquele que atingiu a integração de Kundalini ao longo de todos os Chakras e a
capacidade de visitar outros domínios do Corpo Sutil. É uma capacidade paranormal de
conhecimento.

Pela via da meditação se atinge as coberturas mais sutis do corpo físico até Dura Darshana.
Chitta ou o domínio do Divino Amorfo que é a meta do Tantra Yoga, a ruptura do ovo cósmico
e a transcendência do tecido espaço-temporal até os limites da senda do autoconhecimento
pleno.

“No Mûlâdhara, Kundalini repousa na forma de uma serpente enrolada. Lá habita o auto-inato
como a chama de uma lâmpada. A contemplação da luz radiante como o Brahman luminoso é
a meditação transcendental”. (MOOKERJEE, 1986, p. 16. Tradução livre)

Por meio de algumas disciplinas e prescrições do Yoga, a Kundalini-Shakti fluirá através dos
Chakras até o seu completo desabrochar que é a fusão dessa energia com a do Absoluto em
Sahasrara como Kula-Kundalini gerando Ananda ou estado de total bem-aventurança devido a
união de Shiva-Shakti.

A partir do que foi considerado até aqui, torna-se mais fácil compreender que aquele que
compreende a verdade do corpo poderá compreender a verdade do universo (RATNASÂRA,
apud MOOKERJEE, 1986, p. 12). E isso pode ser compreendido como uma experiência
existencial, onde o físico e o psíquico são tomados como organismos independentes de modo
que, ambos se tornam mutuamente possíveis. Pois, as forças que nos governam no nível
micro-cósmico são as mesmas que governam o macro-cosmos.

Nos Tantras o organismo humano é entendido como sendo um tipo de cápsula da totalidade,
um universo encapsulado. A vida é una, e, as suas várias formas se inter-relacionam numa
vastidão muito complexa, mas, inseparável no todo.

É o corpo humano que sublinha essa unidade complexa e a propicia, fazendo a ponte entre os
“dois” cosmos já aludidos. Isto funciona semelhantemente ao que ocorre com os corpos
eletromagnéticos do Sol e da Terra, que se expandem para além dos limites do espaço e do
tempo. Dessa maneira, despontam no organismo humano, com o avançar deste na senda do
autoconheciento, os Siddhis ou faculdades que extrapolam as vias dos cinco sentidos.

As auras do corpo etéreo e seus órgãos, os Chacras, esses extremos de energia, se fundem,
emanando paralelamente com o ritmo magnético e energético planetário, e expandindo-se
para muito além dele.

Sûksma é o corpo etéreo “por baixo” do corpo grosso (Sthûla Sharira). Nos Tantras, os
formulários ou envoltórios estão apresentados em ordem decrescente de densidade, os Kósas
que resguardam o corpo grosso como se fossem dobras ou embrulhos cósmicos.

Annamaya-Kósa refere-se ao corpo alimentado, isto é, formado pelos nutrientes da comida


com a qual nos alimentamos desde o ventre materno. Já Pranaynaya-Kósa, relaciona-se ao ar
circulatório vital. Há ainda, estados muito mais sutis, responsáveis pelos processos de cognição
e juízo, Manonaya e Uijñâmaya. Por fim, Anandamaya corresponde à extraordinária
capacidade de deleite, é a consciência bem-aventurada, pertencente a Kârana-Sharira, o corpo
causal. Esse termo sânscrito é um conceito de filosofia indiana que serve para designar o nível
mais sutil da individualidade humana (Jiva). Este nível corresponde no Taittiriya Upanishad ao
envelope ou invólucro (kosha) chamado Anandamaya-kosha e que é feito de felicidade e
alegria. Na filosofia do Advaita Vedanta, este envelope, embora tênue, forma o último grau de
escravidão ou ignorância que, por identificação, remove o indivíduo (Jiva) de sua natureza real,
que é pura consciência do ser.

O aspecto físico do corpo ou Anandamaya está conectado a três dos cinco elementos: terra,
água e fogo, correspondentes aos Chakras Mooladhara, Svâdhistrãna e Manipura. Na cultura
do Vedanta, alem do ar, existe o quinto elemento, isto é, o Akasha ou princípio original, o
espaço cósmico, o éter dos antigos, a quintessência ou a quinta ponta do pentagrama. É o
substrato espiritual primordial, aquele que pode se diferenciar. Segundo a teosofia relaciona-
se com a Kundalini que Eliphas Levi chamou de luz astral.

É atravéns do akasha que força vital ou Prâna se expressa, ou seja, através do éter e do ar,
elementos que são representados nos Chakras Anâhata e Vishudha.

As bainhas ou envelopes Manomaya e Vijñâmaya possuem seu centro em Âjña Chakra. Por
meio da ativação desse centro psíquico, um iniciado poderá atingir a visão interior eo
simultâneo conhecimento das coisas como elas são na realidade mais sutil. Isso é o que se
costuma chamar de Terceiro Olho ou Consciência Cósmica ocasionada pela abertura desse
Chakra.

Os envelopes sutis são relatados ao corpo grosso por meio dos inúmeros pontos psíquicos e
são interligados por numerosos canais sutis, os Nâdis. Os estudiosos, depois de muito tempo e
dedicação, compreenderam que esses canais sutis deveriam ser identificados com a anatomia
do corpo fenomênico. Contudo, eles são praticamente inacessíveis à observação empírica. Se
os Nâdis pudessem ser observados a olho nu, o corpo humano seria algo semelhante a uma
rede de fibras óticas de alta complexidade, cujo canal central e mais importante, Sushumnâ,
possui uma subdivisão, a saber: Idâ, pelo flanco esquerdo, isto é, o canal branco ou lunar e
Pingalâ, pelo flanco direito, que é o canal vermelho ou solar.

O Sushumnâ-Nâdi, desde baixo (Moolâdhara), estende-se por toda a coluna vertebral. Por
dentro dele se estendem ainda outros três canais: Vâjra, Chitrinî e Brahmâni ou Brahma-Nâdi
o mais interno e pelo qual a Kundalini flui para o alto. Duas correntes de energia psíquica
fluem através de Idâ e Pingalâ desde o períneo até a base da espinha, espiralando em direções
opostas ao redor de Sushumnâ, e culminado num ponto entre as sobrancelhas, o Terceiro Olho
(Âjña). “Sushumnâ permanece fechada na sua extremidade inferior, enquanto Kundalini não é
despertada”. (MOOKERJEE, 1986, P. 16)

No Tantra, a imaginação criativa, que entra em funcionamento nas descrições tradicionais do


mundo é entendida como algum ramo do conhecimento, numa espécie de metafísica tântrica,
contudo, ela está fundada no experimentar ao máximo, no imergir no mundo sem a
preocupação racional de transcendê-lo, uma vez que essa transcendência está subentendida
no processo de experimentação. Trata-se da visão meditativa do aspecto mais sutil e
espetacular do universo. (Cf. Feuerstain, 2001, p. 42-43)

Embora a imaginação pertença ainda ao domínio da lei de causalidade e do Karma “(...) [ela]
tem a capacidade de arrebatar a natureza da realidade na qual somos apanhados e de nos
mostrar um meio de sair dela”. (Cf. Feuerstain, 2001, p. 46)

A natureza, como a vontade, é livre e nada a pode prender. É o limiar da consciência não dual
e independente, o Ser imperecível e da realidade definitiva. De modo geral, podemos afirmar
que o Tantra Yoga propõe uma percepção do mundo como realidade benigna onipresente.

Nos Puranas encontra-se uma reunião de todo o conhecimento que não consta nos Vedas, nos
Brahmanas, nos Aranyakas e nos Upanishads. Desse modo temos uma mistura complexa,
composta pela literatura mítica, história dinástica, folclore e religião; além de “metafísica” e
instrução moral.

Agora trataremos de expor algumas notas sobre Maithuna e a energia sexual. Para tanto,
devemos destacar, logo de imediato, é que há, na cultura ocidental, muitas maneiras
equivocadas de entender o sentido de Maithuna. O que se pode dizer neste ponto é que se
trata do

No Maithuna, o ato sexual realizado com fins de iluminação, os amantes personificam o Pai
(Shiva) e a Mãe (Shakti) e buscam atingir o Estado de não Nascido ou de Uno Sem Segundo. A
sua prática deve servir para o desenvolvimento do controle de ejaculação, para o
desenvolvimento e controle da respiração ritmada (Pranayamas), para a concentração e a
meditação e para atingir um estado de autonomia e de supressão paradoxal entre o mundo
real e o irreal, entre a morte e a vida, posto que, não deve haver uma visão dualista da
realidade, por parte de quem pratica esse tipo de yoga.

Shakti é um poder ou deidade, o mesmo que divindade no ocidente. O Shakta-Ajma considera


Shiva como o ser supremo, o que permeia todo o universo. Logo, os que acreditam em outros
deuses individuais se contrapõem aos Shaiva Ajamas. O despertar corpóreo da energia
cósmica Kundalini, conduz a Shiva-Chitta, cujo ponto de conexão é o próprio Yoga. (Cf.
MOOKERJEE, 1986, p. 9) [MOOKERJEE, Ajit. Kundalini, The Arousal of the Inner Energy. Destiny
Books: Rochester, Vermont, 1986.]

Shiva pode ser entendido, ainda, como sendo a representação universal do homem integral e a
consciência pura

O Divino Amorfo ou a resultante da síntese Shiva/Shakti repousa fora dos domínios da


realidade regida pela lei de causalidade, isto é, fora das fronteiras do Karma. É a realidade
imortal sem espaço e sem tempo e que interpenetra simultânea e paradoxalmente o Cosmos
em todos os seus níveis de manifestação. É o âmago espiritual definitivo de Chitta, o aspecto
imanente do Ser Divino e o que possibilita a “iluminação” de quem foi iniciado na senda
tântrica. Indica, ainda, o aspecto transcendente do Divino e aquilo que confere sentido à
“iluminação”. (Cf. Feuerstein, p. 45).

Maythuna, portanto é um estado de beatitude erótica que visa à concentração integral


(Kaivalya), cujo veículo é a voluptuosidade geradora de uma máxima tensão entre os chakras
extremos, capaz de pulverizar a consciência quotidiana, instaurando um tipo de Estado
Nirvânico e no qual a ejaculação é dominada durante o coito.

“O consórcio místico é chamado de Maha Maithuna e consiste na fusão de Shiva, o Ser


Supremo (aspecto masculino) com sua Shakti, a Energia Cósmica, a Mãe Divina (aspecto
feminino). Ambos esses pólos estão presentes em cada um de nós. A sede de Shakti é o
Mooladhara e a de Shiva é o Sahasrara, respectivamente no períneo e no alto do cérebro.” (In
HEICH, Nota do Editor, p. 58)

Como já dissemos, Kundalini é o fogo Elemental e a energia sexual. Onde há correta


conscientização, este mais alto poder se encontra desperto e em atividade. Nesse sentido, a
coluna cervical e a energia sexual são, portanto, as vigas mestras da vida humana.

Seguindo a sabedoria (Vidya Jñana) pela manutenção da mente em seu estado mais elevado,
princípio do Tantra Yoga, podemos entender como a manutenção da pureza de Chitta deve ser
preservada, ainda que os apelos temporais do mundo quotidiano persistam. Neste ponto, vale
lembrar que não estamos tratando de Jita, a psique humana, e que o Iluminado deve manter-
se em Chitta, numa dialética de autoconhecimento e autofortalecimento, de maneira que o
Olho Cósmico possibilite o puro ver da realidade não dualista.

As maneiras de ativar este Puro Ver são casuais, via disciplina e controle da vontade ou por
força do propósito interior.

Jean M. Rivier, no texto Ritual de Magia Tântrica Hindu, tece um comentário sobre Gandharva
Tantra. Ao tratar da mulher devota (Anyika) dentro de uma abordagem tântrica da
sexualidade. Rivier adverte que o iniciado deve se aproximar da mulher por etapas até que ela
revele a deusa. Ele deve, ainda, ter amplo domínio dos seus sentidos, este é o primeiro passo,
isto é, ter controle absoluto sobre a voluptuosidade, domínio dos sentidos e controle total
sobre a ejaculação. (M. Eliade trata de alguns pontos em comum com este assunto, no livro
Técnicas do Yoga). Nesse sentido, faz sentido entender que: “A mulher não deve ser tocada
por mero prazer corporal, senão para o aperfeiçoamento do espírito” (BOSE, Post Caitanya
Sahjyia)
Podemos entender, ainda, que o sexo tântrico (Maithuna) para o homem, consiste no controle
dos impulsos para a ativação de Kundalini, por meio da ativação dos centros psíquicos e dos
exercícios de interiorização. Trata-se de uma maneira de não fazer aquilo que tantos homens
se esforçam por fazer, ou seja, é uma busca constante da contenção da ejaculação, isto deve
ocorrer para a evolução mental, ainda que o organismo se rebele e venha a ceder, pois
consiste de uma etapa de aprimoramento e desenvolvimento dos Siddhis, os poderes latentes
paranormais, poderes divinos. Ora, mesmo pela seualidade comum nos somos capazes de criar
corpos.

Os poderes latentes podem se manifestar como clarividência, cura milagrosa, auto-


regeneração corpórea, ressurreição de mortos, telepatia, profecia, levitação, etc. Eles podem
ser uma resultante da conversão da energia sexual em consciência elevada e na aquisição e
ampliação de novos poderes latentes.

Pelo controle da energia sexual ocorre a alquimia ou transmutação de Kundalini para fusão
com o Dharma Universal. Desse modo, o iniciado pode manter-se praticando sexo, sem
comprometer o seu avanço em Marga, a senda tântrica do autoconhecimento. Poderá seguir
em sintonia com Maha Samadhy e o Dharma universal. Esta energia está para o universo, na
mesma proporção que Kundalini está para o organismo humano, e, é nesse sentido que se
deve considerar os termos macrocosmos e microcosmos.

A energia sexual tanto pode dar vida e corpo a outro ser pela procriação sexuada, como
também, elevar o homem acima da sua consciência corpórea comum e acima de seu próprio
corpo. (Alquimia de Kundalini) é a transmutação da energia sexual em novas formas de energia
para autoconcientização e expansão da consciência.

O Maithuna Tantra deve servir para o domínio e a correta transmutação da energia sexual,
gerando consciência orgânica do divino em si mesmo.

O Logos-Serpente-Espinhal ou Kundalini corresponde, na cultura grega antiga, à serpente de


Esculápio, a serpente criadora da força e da cura; correspondente da espinha dorsal humana,
saúde e plenitude absoluta, poder contra doenças e todas as formas de degeneração.
(Esculápio, em latim: Aesculapius ou Asclépio; em grego: Ἀσκληπιός, Asklēpiós) era o deus da
Medicina e da cura da mitologia greco-romana. Não fazia parte do Panteão das divindades
olímpicas, mas acabou por se tornar uma das divindades mais populares do mundo antigo, a
ponto de Apuleio dizer dele: “Aesculapius ubique” (Esculápio por toda parte).

Marga, a senda da evolução humana consiste, basicamente, em controlar e ativar


sucessivamente todos os Chakras o que corresponde, simplificadamente, a percorrer toda a
escala da criação, incluindo o Criador consciente de si mesmo. E é a energia sexual que ativará
todo o processo. (Haich, 1972, p. 52)

“Expandir a consciência é o propósito da vida humana e a suprema consciência é a meta da


evolução humana. Esta evolução emana paulatinamente do homem, a criatura de impulsos
inconscientes, ao homem-Deus, plenamente consciente.” (SPEER. Helmut, in Energia Sexual e
Yoga, Prefácio, p. 23).
Através do autocontrole consciente de Kundalini, um caminhante da senda tântrica atinge a
via secreta para o interior de si e assoma ao cume da consciência cósmica, torna-se um “mago
branco” ou iluminado.

Toda abstinência deve ser vivenciada de modo salutar e para o acúmulo consciente e
corretamente orientado da energia sexual pela a prática do Maithuna. Desse modo, a paz
interior do iniciado torna-se inalterável mediante a tensão erótica e os prazeres instintivos do
sexo. Eles se apequenam diante da grande alegria e da luz interior que foram atingidas com a
prática do Tantra Yoga.

Com a prática adequada do Maithuna, o sexo jamais será um obstáculo ao desenvolvimento


espiritual.

Segundo HAICH, Elisabeth. In Energia Sexual e Yoga. Rio de janeiro: Record, 1972, p. 10,
“Patanjali condicionou o alcance da meta – KAIVALIA ou libertação do espírito – a uma visão
ascética na qual figurava Brahmacharya/castidade; não a castidade repressora, e sim a que
resultasse da observância de outros preceitos simultâneos, como mansidão, pureza,
contentamento, busca da sabedoria, doação de si mesmo a Deus.”

Para Elizabeth Heich, o conteúdo verdadeiro do magnetismo místico foi adaptado pela
hipnoterapia racional e, seguindo esta, ideia, J.H. Schultz pretendeu adaptar o conteúdo atual
do Yoga ao seu Treinamento Autógeno.

O Yoga sempre esteve associado às psicoterapias do inconsciente, desde que elas surgiram.
Jung, por exemplo, segundo Heich, considerou que os grandes sábios orientais eram
psicólogos simbolistas. Para ele, a metafísica poderia ser “experienciada” no formalismo
simbólico, isto é, ser vivenciada na nossa própria vida, o que é diferente de fazer um mero
experimento, pois quem experiência é, a um só tempo, agente e paciente.

Contudo, o Yoga não é um mero simbolismo, mas, a própria experiência metafísica em si


mesma, como ocorre com a música e com a dança. É uma alquimia para ativação do corpo
diamantino pela via da elevação autoconsciente. No ocidente, a idéia de corpo glorificado ou
ressurreto corresponde ao que no oriente já se entendia por corpo diamantino.

“Somente os que trazem em si, de encarnações anteriores [ou de uma única coincidência
genética naturalmente propícia] um sistema nervoso com força necessária para suportar o
ciclo derradeiro e mais difícil da senda e a alta freqüência da tensão progressivamente
crescente, sem se despedaçar sob o esforço, alcançam (a) meta suprema em apenas uma
vida”. (Heich, 1972, p. 36)

Para Sri Babaji Desai o processo é contínuo e infinito, não havendo propriamente uma meta
suprema.

Por fim, é necessário considerar que, o Tantra, tem sido comumente distorcido, gerando
doenças esquizóides nas pessoas que procuram despertar Kundalini e os seus poderes latentes
sem uma orientação adequada, estando ainda psicofisica e eticamente imaturas. Elas acabam
por apresentar sintomas caóticos e psicossomáticos que motivam, não raramente, o suicídio e
o enlouquecimento.
Pessoas que ensinam e praticam o Tantra Yoga com interesses meramente materialistas
acabam por se tornarem Magos Pretos, também conhecidos como insanos do Tantra.

Tais indivíduos acabam por vitimar a si e a outros, a exemplo do que ocorreu a Sharon Tate,
que começava a atingir o superestrelato, no final da década 1960, depois de ser uma das
protagonistas do filme, O Vale das Bonecas (1967), baseado no best-seller de Jacqueline
Susann e do último filme da série Matt Helm, com Dean Martin. A sua carreira e a sua vida
foram interrompidas pelo brutal assassinato dela e de mais três amigos, todos da sociedade de
Los Angeles, dentro de sua própria casa, por integrantes da Família Manson. O masacre
ocorreu a mando de um suposto místico do tantra, o psicopata Charles Manson.

Sharon estava grávida de oito meses e meio de seu primeiro filho e seu assassinato foi
considerado uma das maiores tragédias ocorridas na sociedade e na história criminal
americana.

Charles Manson, o mentor intelectual da chacina, e seus assassinos, Charles “Tex” Watson ,
Susan Atkins e Patricia Krenwinkel, autores do que ficou conhecido como o Caso Tate-LaBianca
ou massacre de Helter Skelter, foram condenados à morte, pena depois comutada pelo estado
da Califórnia em prisão perpétua.

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