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© 1960/03 – J F KRAKBERB
José Alberto Gueiros
Digitalização: JVS 390227
Publicado no Brasil pela Editora Monterrey
2ª PARTE
UM
Palestra Com Um Defunto
DOIS
Uma Garota Nua Espera Pela Morte
TRÊS
A Nova Fonte do Átomo Z
CINCO
Viagem Aérea Para Tuschkent
SEIS
As Armas de Uma Mulher Bonita
CONCLUSÃO
De qualquer maneira, tinha sido uma vitória, Quando
Brigitte desembarcou no aeroporto Kennedy acompanhada
pelas duas arqueólogas sobreviventes da Expedição White,
encontrou uma festiva recepção. Ali estavam o Inspetor
Pitzer. Miky Grogan, Frank Minello — o cronista-atleta —
e meia-dúzia de outros colegas do “Nova Manhã”.
— Meu Deus, Brigitte! — exclamou o gordo diretor do
jornal, penalizado. — Como você emagreceu, criatura!
— É verdade — sorriu a repórter. — Fiquei mais
morena e elegante. Perdi doze quilos, nesta brincadeira! Só
quem tem alma de jornalista pode compreender o meu
sacrifício e não me chamar de idiota! Mas minhas pernas
ainda são as mesmas — acrescentou, fazendo um trejeito
malicioso. — Se vocês não acreditam, vamos para a redação
que eu lhes mostrarei..
— Nada disso — contrapôs o chefe do FBI em
Manhattan. — Dê-me os papéis do professor Khatamansky!
Tenho que seguir diretamente para Washington, para uma
reunião no Pentágono, onde o velho Hoover está à minha
espera.
— Os papéis já estão em seu poder, chefe. Nessa maleta
que o senhor teve a gentileza de tirar das minhas mãos...
Dirigiram-se para a saída do aeroporto.
— O diabo! — resmungou o agente federal. — O
Departamento de Defesa ficou muito chocado, com a
notícia de que não existe mais Átomo Z natural no
Camboja. Agora, temos que procurar esse misterioso
elemento em todas as partes do mundo! Ele tem que estar
em algum lugar!
Brigitte espichou o beicinho.
— A menos que as suas jazidas já estejam esgotadas, no
planeta Terra. Nesse caso, os Estados Unidos terão que
procurá-lo no sol. Deve haver muito Átomo Z nas explosões
solares.
— Iremos para lá — prometeu o inspetor Pitzer. —
Depois que conquistarmos a Lua!
No dia seguinte, Miky Grogan deu uma nova festa, em
seu apartamento duplex, homenageando a sua principal
colaboradora. A câmara fotográfica, e as últimas fotos
tiradas por Brigitte no Camboja, já tinham chegado ao
“Nova Manhã”, enviadas pelo segundo secretário da
embaixada americana em Moscou, e o jornal aumentou suas
tiragens, publicando a série de reportagens ilustradas
“boiada” pela irrequieta correspondente estrangeira, Por
outro lado, dessa vez o Departamento de Estado deu
permissão aos jornalistas para lançarem nas páginas do
“Nova Manhã” todo o relato dos sensacionais
acontecimentos,
Miky omitiu apenas a morte dos espiões soviéticos, que
poderia deixar sua protegida em má situação perante a
justiça e a opinião pública.
A festinha foi outro sucesso. Beberam muito e Brigitte
aqueceu o ambiente, mostrando nesgas de seu corpo moreno
queimado pelo sol da Indochina num audacioso vestido
importado de Paris. Charles Alan Pitzer, o “lobo mau do
FBI”, babou-se todo, quando pôde dançar com a heroína da
noite. Mas Brigitte fugiu de suas mãos, quando elas se
tornaram inconvenientes, e foi se refugiar nos braços
musculosos de Frank Minello.
— Esta noite? — sugeriu o cronista esportivo, falando
na concha de seu ouvido.
— Sim, meu bem. Se eu ainda estiver disposta, depois
de beber tanto... Você não imagina, Frank, como eu
funcionei na China e no Camboja!
— Telefone-me quando chegar em casa. Eu irei
correndo. Já sei que o inspetor Pitzer levará você para a
Quinta Avenida...
— Mas não entrará no meu apartamento.
— Também sei que ele não entra. Você me telefona?
— Sim, meu bem. Mas não espere um milagre. Eu
funcionei muito, realmente, entre os meus fãs orientais!
Acho que preciso tirar quinze dias de férias.
Com efeito, nessa noite, de volta ao seu luxuoso
apartamento no Edifício Gilmor da Quinta Avenida, Brigitte
não usou o telefone. Estava cansada e cheia de sono. Antes
de se deitar, porém, ainda se despiu inteiramente e lançou
um olhar critico para o espelho. Tinha emagrecido doze
quilos, mas seu corpo continuava bem proporcionado. Os
seios e as coxas, de tom aveludado, continuavam belos e
duros. Nua, diante do espelho, ela voltava às velhas
recordações. Suas experiências amorosas, na Indochina,
tinham sido brutais, pouco refinadas, e não mereciam o
prêmio da saudade...
Outro passado renasceu, atualizado pela memória
irrepreensível. Como fora, mesmo, o caso do farmacêutico?
Ah, sim! Dois anos antes... Uma intimidade conseguida
através de seus talcos, cremes, loções e xampus, sempre
procurados no drugstore da esquina. O rapaz amável, louco
por atendê-la na frente dos outros. Solícito. oferecendo-se
para levar as encomendas até sua casa. E, naquela tarde, a
experiência. Viera com um bálsamo para as costas. Brigitte
lhe pedira, por favor, a massagem necessária.
O rapaz, ávido, todo prestativo. Ela despindo-se.
mostrando a beleza de seu dorso iluminado, já deitada na
cama, para submeter-se ao tratamento.
Súbito, o acidente! Abrindo desmesuradamente a boca, o
jovem farmacêutico deslocara o maxilar! Ficara,
verdadeiramente de queixo caído!
Brigitte se recordava agora, sorrindo, do meio de que se
valera para consertar o deslocamento do maxilar do rapaz.
Aproximara um seio róseo, macio, fremente, de sua boca
escancarada. E fizera o milagre, que a medicina não sabe
explicar.
Agora, seus selos estavam mais morenos, mas
continuavam macios e frementes. Brigitte deitou-se e
adormeceu sorrindo, afagando a sua própria beleza.
Hoje, graças a Brigitte Montfort, os Estados Unidos têm,
de novo, os planos teóricos do professor Khatamansky, que
provam a existência do Átomo Z. Mas não têm o Átomo Z
natural. A procura dessa fugidia partícula atômica está
deixando loucos os cientistas e os agentes da CIA. Faz
poucas semanas, alguns pescadores esquimós anunciaram
que um iceberg, no Oceano Glacial Ártico, deu um salto
sobre as águas e subiu vertiginosamente para o céu. Pode se
tratar de outra fonte de Átomo Z. Ninguém sabe. A busca
continua.