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Esta história foi escrita pouco depois dos acontecimentos de 16 de agosto de
1953, no Irã, quando o Premier Mohamed Mossadeg já havia sido deposto pelo General
Fazlolak Zahedi e o Xá voltara do exílio para tomar as rédeas do poder, no seu país. NA
— Infelizmente sei, e concordo com ele. No envelope
você encontrará um livro de “travellers checks”. Confira no
avião. Se precisar de mais, peça ao nosso correspondente,
em Teerã. Não sei como tenho coragem de mandá-la para
tão longe! Sou mesmo um desalmado atiçador de almas e
recolhe- dor de notícias!
As despedidas foram simples, fraternais. Brigitte beijou
o chefe na testa larga, fabricou uma adorável carinha de
namorada triste em véspera de partida, prometeu as
promessas de sempre e dispôs-se a embarcar. O avião
esperava a sua última passageira. Nisso, um rapaz risonho
foi ao encontro da linda turista, alcançando-a na subida da
escadinha.
— Miss Montfort? Um momento, por favor!
— Sim?
— Sou Turner, do FBI. O Inspetor Pitzer deseja-lhe boa
viagem. Ele me pediu que lhe entregasse este bilhete.
Brigitte suspirou, mas recebeu o envelope lacrado,
sorrindo para o jovem federal. Depois, subiu para bordo. Aí,
abriu o envelope, pescou um bilhete (e um cheque verde) e
leu:
“Também estamos interessados nos atos de
terrorismo em Abadan. O “Inteligence Service”
pediu a cooperação da CIA, pois o caso afeta a
segurança do Ocidente. Envie-me seus relatórios,
à medida que for progredindo na solução do
mistério, e não publique nada no seu jornal sem
receber ordens oficiais. Nosso homem no Irã fará
contato com você. Anexo, um cheque de mil
dólares, para ser descontado no New York City
Bank do Teerã. Destrua esta mensagem.
Felicidades e breve regresso. Pitzer.”
ONDE HÁ PETROLEO.
por Victor Crawford
(enviado especial do “Morning News”)
Teerã (setembro, 18) — Ao pôr do sol, as cúpulas
prateadas da refinaria de Abadan brilham
Inquietas. São enormes globos metálicos, ao lado
de cilindros descomunais, reluzentes,
acrescentando um novo mistério à cidade exótico.
O solo é o mesmo que, há quarenta anos
passados, sustentava raquíticos varais de
palhoças humildes, malcheirosas, habitadas pelos
taciturnos pescadores da aldeola. Hoje, Abadan é
uma das melhores cidades da Pérsia, e tudo se
deve ao fabuloso tesouro de seu chão: o petróleo.
Em outros tempos, os adoradores de Zoroastro
iam construir seus templos em cima dos
“respiradouros”. O gás saía à superfície por
meios aparentemente milagrosos, e assim
dispunham de uma fonte inesgotável para
alimentar seu “fogo sagrado”. Hoje, os ingleses
edificaram outros templos no lugar. São templos
de alumínio e aço, de prateadas esferas e
tubulações levantadas para o céu, num esforço
pagão: a Refinaria de Abadan, propriedade da
“Anglo-Iranian Oil Company”, para onde aflui
todo o ouro negro dos riquíssimos poços
iranianos. Lá, entre nuvens azuladas, entre roncos
de monstros mecânicos, o óleo cru se transforma
em dezenas de produtos refinados, que fazem
girar as rodas do planeta. Abadan! Á cobiça do
mundo! Um centro vital de energia! Ponto
estratégico, vizinho da União Soviética e no limiar
do Ocidente livre. Nos seus fantásticos campos de
petróleo fervilham setenta mil trabalhadores
persas, coordenados pelos ingleses, que os
ensinam a manipular os instrumentos da
civilização. O ardente sol do deserto cai sobre
este forte núcleo de progresso, como uma
advertência. As águas do Golfo Pérsico dormem
de uma banda; a planície interminável estende-se,
da outra. Abadan fica entre duas vastidões
solitárias, recordando os tempos em que d’Arcy,
inspirado pelas esbranquiçadas chamas de
Ormuzd (o deus do fogo da religião Mazda)
arrancava do subsolo as primeiras toneladas do
ouro negro. Hoje, diante do espanto dos humildes
persas, estas refinarias lançam, diàriamente, no
mercado ocidental, cerca de vinte milhões de
galões de petróleo! Constituem riqueza maior do
que a de todos os potentados do Oriente, dos
tempos românticos das mil e uma noites. Por
isso...
CAPITULO SEGUNDO
Noite romana
Na trilha da aventura
O coronel não acredita em fantasmas
Outro homem com uma 45 debaixo do braço
CAPITULO QUARTO
Sentido de tragédia
Onde estará a enfermeira loura?
Dois bilhetes de Cafar — Os árabes de albornoz azul
CAPITULO QUINTO
Mais um bilhete de Calar
Um empregado curioso
O antro dos viciados
A aventura do Comandante Curtis
CAPITULO SEXTO
Encontro com a enfermeira loura
Entra em cena o Inspetor Maraghesi
Brigitte chega a tempo
E Noiso também.
CAPÍTULO SÉTIMO
A mulher que não ria
Outro retrato de Alice
Tiroteio na casa azul e branca
Revelações do inspetor Maraghesi
Brigitte fala em passarinhos