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Um Crime no Expresso do

Oriente

Um dos mais famosos policiais da história da literatura, “Um Crime No Expresso Do


Oriente” é uma brilhante obra que irá marcar para sempre a carreira da sua genial e sublime
autora, Agatha Christie.

Nascida a 15 de setembro de 1890, Agatha Mary Clarissa Miller é conhecida,


essencialmente, por dar um nó ao cérebro dos seus leitores com as suas reviravoltas
improváveis e com os seus mistérios impenetráveis. Excetuando a Bíblia e obras de William
Shakespeare, Christie é recordista em número total de vendas internacionais e durante toda
a sua vida, publicou não só mais de 80 títulos como alguns dos quais sob pseudónimo de
Mary Westmacott. Algumas das suas obras mais populares são, por exemplo “Morte No
Nilo”; “No Início Eram Dez..” e “Morte Nas Nuvens”.

Com o justo título de “Rainha do Crime”, a escritora britânica, juntamente com alguns dos
enigmas que idealizou, deu vida a personagens que se vieram a tornar as suas mais
queridas: Miss Marple, uma simpática velhinha detetive amadora e improvável e o
excêntrico Hercule Poirot.

Já o equivalente belga a Sherlock Holmes, e majestosamente obcecado com o seu bigode, é


descrito pelas palavras de Agatha Christe em “O Misterioso Caso de Styles”, onde faz a sua
primeira aparição como “um homem baixo de aspeto singular. Media pouco mais de um
metro e sessenta mas possuía um porte cheio de dignidade. A cabeça tinha exatamente a
forma de um ovo e ele inclinava-a sempre um bocado para um lado. O bigode era
completamente hirto e marcial. A impecabilidade do seu vestuário era quase incrível; creio
que um grão de pó lhe infligia mais dor do que um ferimento de uma bala. No entanto, este
homenzinho excentricamente elegante, […] fora no seu tempo um dos membros mais
afamados da polícia belga.”. Além de toda esta descrição física, Poirot é também
caracterizado como infalível e intuitivo. “Era um tipo maravilhoso. Costumava dizer que todo
o trabalho detetivesco é uma mera questão de método. […] Era um tipo peculiar, um grande
dandy, mas extraordinariamente inteligente.”

Com já várias adaptações cinematográficas realizadas em seu torno, a narrativa


desencadeia-se a partir do momento que Poirot embarca no Expresso do Oriente. Nessa
mesma noite, após as 12 badaladas, um nevão obriga a que o comboio pare. Ninguém pode
nem entrar nem sair. A tempestade prolonga-se pela noite fora e a manhã traz uma notícia
perturbadora: há menos uma vida abordo. A partir daí, Poirot irá investigar o caso até
chegar à solução deste homicídio perfeito (ou quase). Há muitas pistas e ainda mais
suspeitos, embora estes estejam cingidos aos passageiros de uma certa carruagem do
comboio. Relativamente às pistas, podemos encontrar no livro um segmento de 10
perguntas intitulado “Coisas que precisam de explicação”. A complexidade deste crime
arquitetizado pela escritora é demonstrada nessas questões como por exemplo:

“1. O lenço marcado com a inicial H. De quem é?

3. Quem vestia o quimono escarlate?

5. Por que razão os ponteiros do relógio apontavam para a 1.15?

6. O crime foi cometido a essa hora?

7. Foi mais cedo?

8. Foi mais tarde?

9. Podemos ter a certeza de que Ratchett foi apunhalado por mais do que uma pessoa?”

Toda esta sequência de acontecimentos está dividida em 3 partes: a 1ª com 8 capítulos que
se prolonga até à análise da cena do crime; a 2ª (Depoimentos) subdividida em 15 capítulos
que, como o nome indica, irá entregar o depoimento de cada passageiro, e finalmente a 3ª
parte, onde se dá a revelação da solução do mistério, em 9 capítulos.

Nesta última parte, podemos assemelhar o momento da grande revelação com o também
momento revelador presente na obra queirosiana “Os Maias”. Primeiramente, deparamo-
nos com uma reviravolta surpreendente no enredo, embora por razões completamente
distintas. Para além disso, estes acontecimentos irão, em ambas as obras, causar no leitor
um grande sentimento de nervosismo e choque.
Apesar de possuir talento para apresentar histórias mirabolantes, Christie peca apenas pela
quantidade de personalidades que nos introduz (assim como em outras suas histórias por
exemplo “O Misterioso Caso de Styles”). Contudo, o excesso de personagens não desfaz a
eminente obra que é, realmente, “Um Crime no Expresso do Oriente”.

Para concluir, este livro é perfeito para quem procura uma leitura rápida, provida pela
escrita fácil da autora, e para os amantes de finais inesperados. Para além disso, esta
história desafia a capacidade de raciocínio do leitor e a sua perícia para ligar todas as
ínfimas pistas.

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