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MAETERLIN CAMARÇO LIMA

Graduado em direito em 1982, pela Faculdade de


Direiro de Anápolis-GO. (UNIEVANGELICA).
Pós Graduação em Processo Penal (UFG), ex-professor de Processo Penal da UNIEVANGÉLICA, participou de vários
congressos como palestrante em matéria de Direito Penal e Processo Penal.
Advogado militante na área criminal desde 1982,
atuou em vários processos de repercução nacional, inclusive,
oito deles foram tema do programa Linha Direta da Rede Globo.

PETIÇÕES PENAIS
DE DEFESA

3ª Edição

Leme - SP
2014
Defesa Preliminar - Crime de Concussão - Praticado Por
Funcionário Público

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE _____.

Protocolo .............

..........................., ........................... e ..........................., já qualificados, nos autos da ação


penal, em epígrafe, que lhe movem a Justiça Pública, via de seus defensores in fine assinados,
(m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
nos termos do art. 396-A, do Código de Processo Penal, tempestivamente, apresentar

DEFESA PRELIMINAR

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

Os Acusados, ora Defendentes, foram denunciado sob a suposta prática do ilícito penal
inserto nas normas incriminadoras dos arts. 316 do Código Penal Brasileiro, citados
regularmente, instados a se pronunciarem ao tempo do art. 396-A, manifestam-se conforme os
fatos e fundamentos a seguir perfilados:

Embora o ordenamento ritualístico adotado pela Lei 11.719/2008, que alterou o


procedimento processual do Código de Processo Penal estabelecendo no art. 396: “Na resposta, o
acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações...”.

Na realidade, a modificação imposta pelo novo ordenamento jurídico, possui efeito prático
insípido e placébico, uma vez que a investigação engendrada pelo MP substitutiva do Inquérito
Policial, pela sua própria essência inquisitorial, parcial e unilateral, raríssimas vezes produzirá
matéria ou elementos capazes de embasar eventual tese defensória, levando-se em conta que o
indiciado não representa, ali, uma entidade apta a exercer qualquer atividade de defesa e
produzir eventual prova que lhe favoreça na presente fase alborial defensiva, com força ou
eficácia de provocar a absolvição sumária prevista no art. 397, do mesmo Codex. Tanto é verdade
que o inquérito policial, continua tendo como primacial objetivo: a formação do opinio delicti.

Como bem pontuou, a defesa técnica dos acusados em sua “resposta escrita” tecida
alhures, sob o pálio do art. 514, do CPP, tanto aquela como esta defesa preliminar são
improducentes, estéreis e inoperantes, pois o presente processo já tem o juízo eivado pela
parcialidade vez que em seu pronunciamento na decisão que aplicou a medida cautelar de
afastamento das funções públicas, (com o caráter de adiantamento de pena), tornou-se patente e
indisfarçável um velado prejulgamento favorável à pretensão do Ministério Público deduzida na
exordial acusatória.

Assim sendo, a presente fase processual é de efeito meramente formal e sem sentido de ser
diante do estado de prevenção já demonstrado pelo órgão judicante, no alvorecer da instrução
criminal

Como já dito, e o tempo já vem demonstrando, a maioria esmagadora das alegações


preliminares, continuará tendo o mesmo efeito placébico da inofensiva e improducente defesa
prévia de antigamente, com caráter meramente formal e não substancial, ausente de conteúdo de
mérito, com a única finalidade de enfrentar eventuais questões processuais aberratórias e
arrolar testemunhas, pois, como no caso em apreço, o procedimento seguirá o seu caminho até a
sentença final ficando o art. 397 e seus incisos como figura decorativa no CPP.

Neste prisma resta evidente que a absolvição sumária prevista, no artigo 397, do CPP, na
prática, é utópica e inalcançável, configura letra morta no texto legal, metaforicamente: é como
uma “estrela na testa da mula sem cabeça”.

Esta afirmação se baseia na experiência do dia-a-dia no foro, que de forma majoritaríssima,


existe a presunção de culpa exagerada e a aversão hiperbólica dos órgãos judicantes, à pessoa do
imputado, além da ênfase dada opinião pública e na maioria das vezes pela mídia, antecipando
um julgamento e criando indiscutível clima de prévia condenação.

Em conclusão e tão somente por imposição legal, a defesa pugna pelo reconhecimento da
improcedência dos fatos narrados na denúncia, atribuídos ao Acusado.

Apresenta em anexo o respectivo rol de testemunhas ressaltando que todos os depoimentos


ficam gravados pelo caráter de imprescindibilidade, como forma de tornar efetiva e plena a
garantia da ampla defesa e do devido processo legal incrustadas no inciso LIV e LV da
Constituição Federal, protestando pela produção de todas provas em direito permitidas por
ocasião da audiência de instrução e julgamento, caso ocorra o referido ato processual.

Pede deferimento.

Local e Data

____________________

OAB-GO
Exceção de Litispendência

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA QUARTA VARA DE ENTORPECENTES DE _____.

Protocolo nº .....................

....................................., brasileiro, solteiro, auxiliar administrativo, natural de .............,


RG ............., CPF ............. residente na Rua ............., Bairro da ............., Anápolis-GO via de seus
advogados in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 95 e seguintes do Código de Processo Penal,
argüir

EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA

face aos fatos, razões fundamentos a seguir perfilados:

DOS FATOS

1. O Opoente, responde a presente ação penal, em epígrafe, perante este juízo, como
incurso nas penas do artigo 35, caput da Lei nº 11.343/2006, relativa a fato ocorrido entre os
meses de janeiro e junho de 2012, referente ao Auto de Prisão em Flagrante que serviu de base
para a denúncia destes autos, porém o mesmo fato já foi objeto de ADITAMENTO DE
DENÚNCIA editado em 4/07/2012, empolgado pelo Ministério Público às fls.195 (doc.04) da
Ação Penal nº 2012.01.1.082010-7, já em andamento por este foro, ocorrendo o fenômeno da
LITISPENDÊNCIA, conforme cópia da documentação em apenso (doc.01/03).

2. No caso em apreço, há identidade das partes inclusive com a mesma quantidade de


droga apreendida constituindo a presente Ação Penal notório bis in idem vez que já tramita
contra o mesmo réu Ação Penal versando sobre o mesmo fato, devendo, por imperativo legal, a
presente Ação Penal ser extinta sem julgamento do mérito.

3. A doutrina mais abalizada no assunto, no magistério de Guilherme de Souza Nucci,


ensina que a litispendência “está caracterizada a partir do ajuizamento da segunda demanda,
sendo prescindível a citação do réu, pois o Código de Processo Penal silenciou a esse respeito,
sendo admissível supor que, havendo dois processos em trâmite contra o mesmo réu um deles
deve ser extinto - com ou sem citação válida.” 1

4. Segundo se constata da versão trazida à baila, o Excipiente está sendo alvo de duas
ações penais, objetivando elucidar os mesmos fatos possuindo, ainda, a mesma causa de pedir,
embora com análises, quanto a tipificação penal divergentes, por parte das Acusações Oficiais.
5. Pela simples leitura das denúncias e do aditamento, é de fácil constatação que o
Excipiente está sendo duplamente processado pelos mesmos fatos e com idênticas causas de
pedir, já que fora denunciado nos autos .............tramitando por este mesmo Juízo.

EX POSITIS,

Requer, o Excipiente, nos termos da legislação processual pertinente, seja a presente


exceção recebida, e após ouvido o ilustre representante do Ministério Público, julgada
procedente, reconhecendo a ocorrência da LITISPENDENCIA, determinando a extinção do
processo sem julgamento do mérito e via de conseqüência determinando seu arquivamento com
relação ao Acusado ............., ora Opoente, pois desta forma Vossa Excelência estará
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e Data

__________________

OAB-GO
Resposta Escrita - Crime Praticado Por Funcionário Público -
Procedimento Especial

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA TERCEIRA vara CRIMINAL DE ________.

Protocolo:

..............................., ................ ................ E ................, já qualificados, nos autos da ação


penal, em epígrafe, que lhe movem a Justiça Pública, via de seus defensores in fine assinados,
(m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
nos termos do art. 514, do Código de Processo Penal, tempestivamente, apresentar

RESPOSTA ESCRITA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

O Ministério Público manejou denúncia em face da pessoa dos Denunciados, sob o


pretexto da eventual existência de conduta subsumível na norma incriminadora do art. 316 do
Código Penal.

Em razão de serem os Denunciados servidores públicos integrantes da Polícia Civil do


Estado de Goiás, o procedimento é cadenciado pelo rito processual destinado à apuração dos
crimes praticados por funcionários públicos na previsão do art. 513 e seguintes do CPP.

A presente fase etiquetada de “resposta escrita” é de toda inútil e sem razão de existir pela
inocuidade de seus efeitos e consequências pro defesa dos imputados - tanto que é de eleição
facultativa.

O acervo probatório erigido na investigação efetivada pela Corregedoria da Polícia Civil, só


atende aos interesses da Acusação Oficial. Sendo que, todo elemento de prova capaz de subsidiar
argumento favorável à defesa dos investigados não foi carreado para os autos.

A supracitada investigação, pela própria essência unilateral, jamais produziria matéria ou


elemento capazes de embasar eventual tese defensória, levando-se em conta que os investigados
não representam, ali, uma entidade apta a exercer qualquer atividade de defesa e construir casual
prova que lhes favoreça na presente fase pré processual da presente ação penal, com força de
evitar o recebimento da denúncia.

Então, a presente “resposta escrita” é placébica, insípida e sem conteúdo que em nada
socorre o interesse da defesa dos Denunciados, constituindo mero formalismo inócuo que
antecederá o despacho de recebimento da denúncia alhures anunciado pelo posicionamento
judicial já delineado na fase inquisitiva com a imposição de medida cautelar alternativa de
afastamento das funções de policiais civis.

Em respeito ao imperativo da Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal 1, cominada com


inciso LV da Constituição Federal 2, protesta a Defesa dos Denunciados, seja recebida a presente
“Resposta Escrita”, vez que própria e tempestiva, dando-lhe provimento para rejeitar a denúncia
de fls., nos termos do art. 516 do CPP, uma vez provada a inexistência de crime, julgando
improcedente a pretensão deduzida na exordial acusatória.

Pede Deferimento.

Local e data.

______________________

OAB
Alegações Preliminares com Pedido de Exame de DNA - Estupro de
Vulnerável

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA ............. VARA CRIMINAL DE ....................

PROTOCOLO Nº .......................

Alegações Preliminares

................., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a justiça
pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 396-A, do
Código de Processo Penal, com a nova redaçãoque lhe deu a Lei 11.719/2008, tempestivamente
apresentar

ALEGAÇÕES INICIAIS DE DEFESA,

contestando, peremptoriamente, a veracidade dos fatos contidos na denúncia de fls........,


protestando em apreciar o meritum causae, oportunamente na fase do artigo 403, do mesmo
Códex, indicando, em apenso, o rol de testemunhas, que deverão depor em juízo, gravadas pelo
caráter de imprescindibilidade.

Requer, ainda, que se proceda com urgência, exame de DNA entre o Acusado, a vítima e o
nascituro, como forma de determinar se há vínculo genético de paternidade.

LOCAL, DATA

_______________

OAB
Alegações Iniciais ou Defesa Preliminar com Pedido de Suspensão
do Processo

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...........

Protocolo ..........

Alegações Iniciais de Defesa

........................, já qualificada, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, (m.j.), permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo
396-A, do Código de Processo Penal, tempestivamente apresentar

DEFESA PRELIMINAR,

contestando, peremptoriamente, a veracidade dos fatos contidos na denúncia de fls. ......


protestando em apreciar o meritum causae, oportunamente na fase do artigo 403, do mesmo
Códex, indicando, em apenso, o rol de testemunhas, que deverão depor em juízo, gravadas pelo
caráter de imprescindibilidade, e aduzindo em preliminar, o seguinte:

1. O delito apontado na exordial acusatória está dentro do elenco daqueles que comportam
o benefício previsto no art. 89, da Lei nº 9.099/95, sendo imperioso que o Ministério Público
manifeste acerca da proposta de suspensão condicional do processo, vez que a Acusada
preenche todos requisitos para usufruir da referida benesse legal.

Isto posto, requer seja dado vistas dos autos ao Ilustre Representante do Parquet, para
manifestar sobre a possibilidade de oferecer proposta de suspensão do processo nos termos do
dispositivo retro apontado.

Pede deferimento.

___________________

OAB
Alegações Iniciais – Justiça Militar

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA-AUDITORA DA AUDITORIA DA ....º CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA


MILITAR.

Deserção nº .................

......................, já qualificado nos autos da Ação penal, em epígrafe, que lhe move a Justiça
Militar desta CJM, via de seu Advogado, in fine assinado, premissa máxima vênia vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, sob o comando normativo
do § 4º, do art. 457 do Código de Processo Penal Militar, apresentar em o rol de testemunhas em
apenso, cujos depoimentos ficam gravados pelo caráter de imprescindibilidade, oferecer a
inclusa prova documental, requerendo sua juntada aos autos.

Pede deferimento.

Local, data

_________________

OAB
Alegações Iniciais com Pedido de Absolvição Sumária –
Falsificação de Documento Grosseira

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ...........

Ação Penal Nº ............

Defesa Preliminar

...................., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe,


que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa
máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do
artigo 396, do Código de Processo Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei 11.719/2008,
tempestivamente apresentar

ALEGAÇÕES INICIAIS DE DEFESA,

face aos fatos e fundamentos a seguir expostos:

PRELIMINARMENTE

Embora a exordial tenha descrito fato, que in tese, amoldável ao tipo penal inserto no artigo
297 do nosso Estatuto Repressivo Penal, verifica-se que a “ rasura ou falsificação”, foi detectada
pela Senhora Escrivã a vista desarmada em face da forma grosseira com que a alteração foi
realizada, não restando assim, configurada lesão sequer à fé pública, pois a falsidade da
documentação foi suspeitada e atestada sem maiores problemas, o que comprova a fragilidade do
meio iludente empregado, neste caso, deve ser aplicado o princípio da insignificância ou
bagatela, para excluir-se a tipicidade penal.

É nesse diapasão que acena o Direito Penal moderno e nossa jurisprudência vem
preconizando seu entendimento conforme o seguintes arestos:

“USO DE DOCUMENTO FALSO – FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA, PERCEPTÍVEL A OLHO NU


– Fato atípico. Sentença absolutória mantida. (TJRS – ACR 70001827393 – 5ª C.Crim. – Rel.
Des. Paulo Moacir de Aguiar Vieira – J. 16.05.2001)”

“FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO – DELITO NÃO CARACTERIZADO –


ADVOGADO QUE RASURA DATA DA CERTIDÃO LAVRADA PELO ESCRIVÃO JUDICIAL
CERTIFICANDO A SUA INTIMAÇÃO, DO TEOR DA SENTENÇA EXARADA EM AUTOS DE
EMBARGOS À EXECUÇÃO, COMO FORMA DE TORNAR TEMPESTIVO O RECURSO DE
APELAÇÃO – ALTERAÇÃO DE PRONTO PERCEBIDA PELO MAGISTRADO – AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO E DANO POTENCIAL – DECISÃO REFORMADA – “Se a deturpação é de natureza
tal que pode ser facilmente percebida, o procedimento do falsário não atinge as culminâncias
do ilícito penal. O falso punível é só aquele que ilude os sentidos, ou a inteligência, ou que
tem qualidades de semelhança com o original, capazes de produzir tal resultado tomado por
padrão o senso crítico do homem mediano. O falsário a quem falta habilidade para enganar o
observador desprevenido é um malfeitor malogrado, dotado de “malvagi intenizone”, mas
indiferente para o direito penal, que o não considera um violador da fé pública; ou, em
verdade, não é um falsário evidenciando no desmazelo da falsificação a ausência do “animus”
criminoso essencial aos crimes de falsidade” (RT 329204 e RF 206312). (TJSC – ACr
98.006763-4 – SC – 2ª C.Crim. Rel. Des. José Roberge – J. 11.08.1998)”

“USO DE DOCUMENTO FALSO – FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA – DESCARACTERIZAÇÃO –


APELAÇÃO PROVIDA PARA ABSOLVER O RÉU – Se a deturpação da cnh era de natureza tal
que podia ser facilmente percebida, o seu uso não configura crime. (TJPR – ACr 0105180-5 –
(13078) – 2ª C.Crim. – Rel. Des. Carlos Hoffmann – DJPR 21.05.2001)”

Todavia, excelência, sem adentrar ao campo de eventual reprovabilidade moral da conduta


narrada na denúncia, indubitável é a não configuração de gravame a fé pública e a inexistência
de prejuízo de qualquer magnitude para outrem, e, sendo assim, considerada irrelevante a lesão
ao objeto da norma penal, não se reveste a conduta da qualificação necessária à incidência da
repressão estatal. A ocorrência do princípio da insignificância jurídica retira a tipicidade da
conduta.

Sendo assim, é plausível a conclusão de que, se o fato não acarretou uma ofensa de certa
magnitude ao bem jurídico protegido, para que se possa concluir por um juízo positivo de
tipicidade, é imperioso o reconhecimento da ocorrência de circunstância excludente da
tipicidade penal, caracterizada pelo Princípio da Insignificância das condutas anti-sociais
narrada na denúncia, com a conseqüente reforma do despacho de recebimento da peça exordial.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado, sejam as presentes alegações iniciais recebidas, por próprias e


tempestivas, absolvendo-o sumariamente, determinando-se o arquivamento do feito pelo
reconhecimento da atipicidade do fato, sob o pálio do Princípio da Insignificância, nos termos do
artigo 397, III, do Código de Processo Penal, pois desta forma Vossa Excelência estará editando
decisão amparada nos mais lídimos princípios do Direito e da Justiça.

Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Defesa na Corregedoria de Polícia Civil

EXMA. SRA. DRA. DELEGADA CORREGEDORA DA SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍCIA


DE............. .

DD. DRA . .........................

Sindicância Policial nº ................

................................... e ............................................, policiais civis, já qualificados


nos autos da Sindicância Policial em epígrafe, adiante assinados, aqui nominados de Primeiro e
Segundo Sindicado respectivamente, vem perante a honrosa presença de Vossa Excelência, em
atendimento ao r. despacho de fls. ......, apresentar defesa, face aos fatos, razões fundamentos
adiante alinhados:

Os fatos narrados na portaria de fls..........., não ocorreram da forma ali descrita, haja vista
que não houve qualquer ameaça a funcionários ou atendentes do hospital como descreveram as
pessoas ouvidas por esta, Egrégia Corregedoria.

No dia ............................, os Sindicados realmente estiveram no Hospital


Evangélico ............. para dar socorro a uma amiga da família que se encontravam em estado
comatoso, conforme mencionado no resumo clínico inserto na Guia de Tratamento Ambulatorial
de fls. ...., e a situação era desesperadora em face de gravidade em se apresentava a paciente
tendo o Primeiro Sindicado, ............... suplicado aos atendentes que atendessem a paciente com
urgência, sem contudo ser atendido de imediato em razão de formalidades, tendo naquele
instante o referido sindicado afirmado que dispunha de numerário suficiente para pagar as
despesas do atendimento, o que foi feito através de dinheiro e cheque.

Mesmo afirmando dispor de dinheiro para o pagamento, e diante do quadro grave que se
encontrava ......................, os funcionários do referido nosocômio protelavam o atendimento
provocando desespero do Primeiro Sindicado, que exasperou com os mesmos apenas com
palavras sem em nenhum momento se servir da qualidade de policial ou fazer uso da arma que
portava discretamente sob a camisa.

Conforme depoimentos dos policiais militares de fls. ....... percebe-se que nenhum deles
afirma que o Primeiro Sindicado estivesse portando arma ostensivamente, e seu estado de ânimo
era em decorrência da flagrante omissão de socorro por parte dos funcionários do hospital que se
mostraram indiferentes com a possibilidade de ocorrer óbito da paciente em questão, além do
que estavam sóbrios.

Se porventura tivesse havido por parte do Primeiro Sindicado eventual transbordamento


em seu agir, teria sido em função da situação crítica em que encontrava face estar presenciando
uma pessoa de seu relacionamento definhando em sua existência diante da insensibilidade e
menosprezo por parte dos funcionários ali presente, porém em nenhum momento agrediu ou
exibiu arma para quem quer que seja além do que pagou integralmente pelos serviços prestados.
Registre-se que o próprio funcionário ......... as fls...... afirma que não fornecem recibo ou nota
fiscal aos pacientes e que somente poderia faze-lo no dia seguinte.

Por outro lado, é oportuno salientar que no Hospital Evangélico de ..............., é comum a
ocorrência de omissão de socorro como demonstram as cópias do TCO ....... e Boletim de
Ocorrência nº ......., em a penso, sendo que no primeiro caso a negligência e descaso no
atendimento por parte dos funcionários e médicos do hospital ocasionaram a morte do
Sr..................................., logo, percebe-se que a versão apresentada pelos atendentes não possui a
credibilidade suficiente para, por si só, nortear um juízo de valor em detrimento das pessoas do
Sindicados.

Verifica-se, ainda que coincidentemente o médico apontado com autor da omissão de


socorro constante do TCO nº ........, é o mesmo que atendeu a paciente ......................... por
ocasião dos fatos objeto da presente sindicância, vindo a demonstrar que a versão apresentada
pelos Sindicados é mais consentânea com a verdade.

A estória manipulada pelos funcionários do hospital nada mais representa do que uma
forma de justificar a desídia, incúria e negligência no atendimento da paciente conduzida pelo
Primeiro Sindicado, cuja reação foi natural ante o iminente óbito que ocorreria caso não fosse
atendida com extrema urgência.

Como demonstram as provas coligidas, o Segundo Sindicado não praticou qualquer ato
configurativo de eventual transgressão disciplinar devendo ser excluído do pólo passivo do
presente procedimento administrativo, principalmente quando dos depoimentos dos
funcionários do hospital em nenhum momento há menção de qualquer conduta imprópria
atribuída a sua pessoa.

Finalmente, Excelência, há de se ressaltar que os Sindicados servem a nossa honrada e


gloriosa Polícia Civil desde ....................., sempre atuando com denodo e honestidade, zelando
para preservar e dignificar a instituição a que pertencem com muito orgulho e satisfação, nunca
tendo infringido qualquer norma disciplinar como bem aponta as certidões de fls. ......... dos
autos.

Pelo Exposto, requerem seja a presente defesa recebida, vez que própria e tempestiva e
final, julgado improcedente a presente Sindicância Policial Disciplinar, absolvendo-os da
aplicação de qualquer penalidade administrativa, pois assim Vossa Excelência estará decidindo
conforme os mais elevados ditames do direito da justiça.

Requerem, ainda a juntada aos autos da inclusa documentação.

LOCAL E DATA

......................................... ......................................................
1º Sindicado 2º Sindicado
Defesa Preliminar – Tráfico de Drogas

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA ...... VARA CRIMINAL DE ............

Protocolo ...............

Defesa Preliminar:

Acusado:

......................................., já qualificado, nos autos da ação penal em epígrafe, via


de seu advogado e defensor in fine assinado, (m.j.) permissa máxima vênia, vem perante
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, no prazo decendial, nos
termos do art. 55, da Lei 11.343/06 apresentar

DEFESA PRELIMINAR

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

Embora o novo ordenamento procedimental adotado pelo dispositivo ut retro, normatize:


“Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá argüir preliminares
e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações,...” isso na realidade, tem
pouco efeito prático, uma vez que o Inquérito Policial, pela sua própria essência inquisitorial
parcial e unilateral, raríssimas vezes produzirá matéria ou elementos capazes de embasar
eventual tese defensória, levando-se em conta que o indiciado não representa, ali, uma entidade
apta a exercer qualquer atividade de defesa e produzir eventual prova que lhe favoreça na
presente fase processual. Tanto é verdade que o inquérito policial, continua tendo como único
objetivo à formação do opinio delicti.

Como enfrentar o mérito, se todas as diligências, realizadas pela polícia visam criar um
terreno propício à cultura da pretensão da acusação?.

O que tempo já vem demonstrando é que a maioria esmagadora das denúncias será
recebida, e, que somente serão rejeitadas aquelas flagrantemente despropositadas, cuja
improcedência fique demonstrada estreme de dúvidas, no mais a presente “ defesa preliminar”
continuará, como a defesa prévia, de caráter meramente formal e não substancial ausente de
conteúdo de mérito, cuja finalidade é a de enfrentar eventuais questões processuais e arrolar
testemunhas.
No caso em apreço, porém, a defesa não poderá silenciar diante da flagrante improcedência
do enunciado na exordial acusatória, uma vez que a ínfima quantidade da droga apreendida (.....
gramas), ser insuficiente para provocar a dependência psíquica ou física, ou configurar o ilícito
penal denunciado, tornando atípica a conduta atribuída ao Acusado, além de irrelevante na seara
penal.

“TÓXICOS - Quantidade ínfima.O crime, além da conduta, reclama resultado,


ou seja, repercussão do bem juridicamente tutelado, que, por sua vez, sofre
dano, ou perigo. Sem esse evento, o comportamento é penalmente irrelevante.
No caso dos entorpecentes, a conduta é criminalizada porque repercute na
saúde (usuário), ou interesse público (tráfico). Em sendo ínfima a quantidade
encontrada (maconha) é, por si só, insuficiente para afetar o objeto jurídico.” 1

“PENAL - Entorpecente - Quantidade ínfima.O crime, além da conduta, reclama


resultado - no sentido de provocar dano, ou perigo ao bem jurídico. O tráfico e
o uso de entorpecentes são definidos como delito porque acarretam, pelo
menos perigo, para a sociedade, ou ao usuário. A quantidade ínfima descrita na
denúncia, não projeta o perigo reclamado.2

“TÓXICOS - Entorpecente - Quantidade ínfima. O crime, além da conduta,


reclama resultado, ou seja, repercussão do bem juridicamente tutelado, que,
por sua vez sofre dano, ou perigo. Sem esse evento, o comportamento é
penalmente irrelevante. No caso dos entorpecentes, a conduta é criminalizada
porque repercute na saúde (usuário), ou interesse público (tráfico). Em sendo
ínfima a quantidade encontrada (maconha) é, por si só, insuficiente para afetar
o objeto jurídico.”3

Desta forma, não há como receber a denúncia por tráfico de entorpecentes, quando a
ínfima quantidade de droga apreendida, .... gramas, não tem repercussão penal, à mingua de
lesão ao bem jurídico tutelado, enquadrando-se o tema no campo da insignificância, sendo, a
conduta denunciada, penalmente irrelevante.

Em obediência ao dispositivo penal ut retro invocado, a defesa técnica do Indiciado,


pugna pelo reconhecimento da improcedência dos fatos narrados na denúncia, decretando sua
absolvição sumária nos termos do negando-lhe recebimento nos termos do inc. III do art. 397,
do Código de Processo Penal, com nova redação que lhe deu a Lei nº 11.719/2008.

Apresenta, em anexo, o respectivo rol de testemunhas, cujos depoimentos ficam gravados


pelo caráter de imprescindibilidade, protestando pela produção de todas provas em direito
permitidas por ocasião da audiência de instrução e julgamento, caso haja a instauração da
instância.

Pede deferimento.

Local, data.

__________________

OAB
Pedido de Habilitação Para Atuar Como Assistente de Acusação

EXM. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE .........

Cartório da Terceira Vara Criminal

Protocolo .......

Réu: ..............

................. , (Nacionalidade), (Est.civil), (Profissão), filho de Previsto ...... e ........,


natural de ........., nascido aos dd/mm/aa, RG ....... , CPF ........, residente na rua ......, n., Bairro,
Cidade. Via de seu advogado e patrono adiante assinado (m.j.), nos autos da ação penal que a
Justiça Pública move em desfavor de ......., vem perante a honrosa presença de Vossa Excelência,
nos termos do art. 268 e seguintes c/c com art. 31, do Código de Processo Penal, REQUERER sua
admissão como ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO, e que se dê vistas dos autos por três dias.

Pede deferimento.

Local e data

____________________

OAB
Incidente de Insanidade Mental – Estupro - Pedofilia

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO PRIMEIRO JUIZADO ESPECIAL DE .....................

........................, brasileiro, casado, corretor de imóveis, residente


nesta cidade, via de seu advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a honrosa
presença de Vossa Excelência, requer que seja instaurado

INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL

do Acusado, com fundamento no art. 149 do Código de Processo Penal, pelas razões a
seguir expostas:

1. Consoante consta dos autos, o Acusado, no presente feito foi denunciado como incurso
nas penas do art. 217-A, do Código Penal Brasileiro, com a nova redação emprestada pela Lei
12.015 de 07.08.2009, por ter supostamente mantido relação sexual com uma criança de .....
anos

2. Conforme, consta dos autos principais, às fls. ........, o Acusado, respondeu além do
presente processo, a outros da mesma natureza, sempre envolvendo menores da mesma faixa
etária, o que denota de forma inequívoca indícios de comprometimento de sua higidez mental.

3. De acordo com Laudo Pericial Psiquiátrico (doc. ....), e Atestado Médico (doc. ....), em
apenso, o Acusado é portador de distúrbio da saúde mental (pedofilia CID 302.2/8).

2. O entendimento esposado pelos expoentes da Psicopatologia Forense,é que a pedofilia,


constitui um tipo clínico de Personalidade Psicopática Sexual, que por via de conseqüência
representa um distúrbio da saúde mental, caracaterizador de diminuição da responsabilidade
penal. (vide “Psicopatologia Forense Aplicada”, pag. 81, Renato Posterli – Ed. Santa Inês).

Isto Posto, requer a instauração do incidente de insanidade mental do Acusado,


determinando-se, após os tramites legais que os exames sejam realizados pela Junta Médica do
Tribunal de Justiça de ............

LOCAL E DATA

_________________________

OAB
Pedido de Juntada de Procuração e Concessão de Prazo Para
Apresentar Defesa Preliminar

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .........

PROTOCOLO Nº .........

Código TJ... – ... - JUNTADA DE DOCUMENTOS

...................................... já qualificado, nos autos da ação penal, epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, (m.j.), permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requerer a juntada do
incluso instrumento procuratório, protestando pelo prosseguimento do feito, abrindo-se vistas
dos autos para cumprimento do comando normativo insculpido art. 396 do CPP.

Local, data

____________________

OAB
Pedido de Juntada de Procuração

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ..............

PROTOCOLO Nº ...................

Código TJ.. – ... - JUNTADA DE DOCUMENTOS

............................................. já qualificado, nos autos da ação penal,


epígrafe, que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado,
permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
requerer a juntada do incluso intrumento procuratório.

LOCAL, DATA.

______________________

OAB
Pedido de Juntada de Procuração e Prosseguimento do Processo

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ...................... .

Ação Penal .....................

................................................... , já qualificado, nos autos da


ação penal, em epígrafe, via de seu advogado que no final assina (m.j.), vem perante a honrosa
presença de Vossa Excelência, em atendimento do r. despacho de fls., requerer a juntada da
inclusa procuração, e que se dê prosseguimento ao feito até seus ulteriores termos.

Local e data

________________________

OAB
Pedido de Juntada de Procuração e Vistas dos Autos

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ..................

....................... , já qualificado, nos autos da ação penal que


lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado e defensor in fine assinado,
(m.j.), permissa máxima vênia, vem perante conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
requerer a JUNTADA, aos autos, da inclusa procuração e a concessão de vistas dos autos pelo
prazo de .... (...) dias para análise e estudo..

Pede Deferimento.

LOCAL, DATA

____________________

OAB
Pedido de Juntada de Procuração em Caso de Réu Foragido

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...............

Ação Penal ..........

............................, brasileiros(as), (est.civil), (Profissão),


residentes no ......................., respectivamente , via do advogado e defensor comum (m.j.), in fine
assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 366 e seguintes do Código de Processo Penal requerer juntada aos
autos do incluso instrumento procuratório.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Pedido de Juntada de Renúncia de Procuração

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ..................

Protocolo ...................

......................, advogado militante neste foro, com endereço


profissional abaixo impresso, regularmente inscrito na OAB...... sob o nº ......, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, § 3º, da Lei 8.906/94,
c/c art. 45 do CPC e 688 do CC, requerer a juntada aos autos da inclusa notificação, para os
devidos fins de direito, esclarecendo que estão revogados todos os poderes contidos no
instrumento procuratório de fls. ....

LOCAL, DATA.

___________________

OAB
Pedido de Juntada de Renúncia de Procuração

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ........

URGENTE – RÉU PRESO

Protocolo ....................

................................, advogado militante neste foro, com endereço


profissional abaixo impresso, regularmente inscrito na OAB-.... sob o nº ....., vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, expor o seguinte;

1. Este ilustrado Juízo exarou as fls. o seguinte despacho: “ Intime-se o defensor para, no
lapso IMPRETERÍVEL, de ... horas, manifestar sobre as certidões carreadas as laudas ......, (...).”

2. Conforme cópia da notificação, em apenso, o Peticionário, renunciou ao mandato


procuratório em ......., tendo o Acusado/cliente exarado seu ciente no dia ......., razão pela qual
conforme art. 5º, § 3º, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8.906/94), c/c art. 34,
do Código de Ética e Disciplina da OAB, e ainda, art. 45, do Código de Processo Civil e 688, do
Código Civil, competia ao réu constituir novo defensor no prazo legal.

Isto posto, levando-se em conta que a relação entre o advogado e o cliente deve ser
equacionada entre ambos, na forma ditada pela legislação ut retro citada, e, uma vez vencido o
lapso temporal de dez dias, após a cientificação da renúncia, o causídico não está mais a
obrigado, contratual ou processualmente, a atuar no processo, pelo que com a devida vênia deixa
de atender o disposto no supradito despacho.

Local, data

____________________

OAB
Pedido de Juntada de Substabelecimento

EXM... SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE .....

PROTOCOLO Nº .........

.........................................., já qualificada, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe


move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requerer a JUNTADA,
do incluso substabelecimento, e que se dê vistas dos autos, para análise e estudo, pelo prazo
de ... dias.

Pede deferimento.

Local, data.

_______________

OAB
Notificação de Renúncia à Procuração

LOCAL, DATA.

Ilmo. Sr.

...........................

NESTA

Prezado Senhor.

Pela presente, nos termos do art. 5º, § 3º, da Lei nº 8.906/94, combinado com art.
45, do Código de Processo Civil e 688, do Código Civil ,estamos NOTIFICANDO Vossa Senhoria,
da rescisão do contrato de nº ......, em virtude de descumprimento de sua cláusula ...ª, por parte
do Constituinte, devendo, assim, constituir novo defensor nos autos ..........., em andamento pela
segunda vara criminal de ......., no prazo de lei.

Sem mais.

________________________

OAB
Renúncia à Procuração

EXMO. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ......................

Protocolo nº ................

Código TJ..... - .... - Renúncia à Procuração

............................, advogado militante nesta comarca, com


escritório profissional no endereço abaixo impresso, regularmente inscrito na OAB-..... sob o
nº ......, nos autos da ação penal, em epígrafe, que a Justiça Pública move contra ........................,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, por questão de foro íntimo,
RENUNCIAR ao patrocínio da defesa do Acusado na presente processo, protestando pela
notificação para constituir novo defensor no prazo legal.

LOCAL, DATA

____________________

OAB
Pedido de Proposta Para Suspensão Condicional do Processo

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA NONA VARA CRIMINAL DE ................... .

Protocolo .......................

................................................ , já qualificado, nos autos da ação penal, em


epígrafe, que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado,
(m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
expor e requerer o que segue:

1. O Acusado/requerente, responde a presente ação penal, na qual a denúncia


imputa-lhe a suposta violação do delito capitulado na norma proibitiva do art. 299, do Código
Penal Brasileiro, cuja pena in abstrato é de um a três anos de reclusão, portanto, dentro do rol
daqueles que admitem a suspensão condicional do processo prevista no art. 89, da Lei 9.099/95.

2. Conforme consta dos autos, o Acusado, preenche todos os requisitos para a


obtenção do benefício acima citado, porém, ao ofertar a denúncia o ilustre representante do
Parquet silenciou acerca da proposta de suspensão condicional do processo.

Isto Posto, protesta pela oitiva da nobre representante do Ministério Público, sobre a
possibilidade de apresentar proposta de suspensão do processo, nos termos do dispositivo legal
ut retro citado, vez que o Acusado já foi devidamente citado nos autos da carta
precatória ....................., em andamento pela 3ª Vara Criminal de ..............., cujo interrogatório foi
designado para o dia ................ as .......... horas.

Requer ainda, em caso positivo, Vossa Excelência digne em oficiar ou expedir carta
precatória estendendo a jurisdição para tal fim, à Ilustre Juíza daquele foro.

Pede deferimento.

__________________

OAB
Alegações Finais Por Memorial - Tráfico de Influência e Associação
Criminosa - Fraude em Processo Licitatório de Bilhetagem
Automática - Lei nº 12.850 de 02/08/2013

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA __ª VARA CRIMINAL ________

Ação Penal
Alegações Finais por Memorial

..........................................., já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de seus


defensores in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência , tempestivamente, nos termos do artigo 403, § 3º, do CPP,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

O Órgão Ministerial editou denúncia de fls. 02/25, em desfavor do Acusado, ora


defendente, se propondo a provar durante o persecutio criminis in judicio a autoria ou
participação nos delitos previstos nos arts. 288, 332 e 29, do Código Penal, sugerindo
hipoteticamente a prática da conduta delituosa de associar-se de forma livre e consciente com
unidade de desígnios e repartição de tarefas, com outros denunciados, para o fim de cometer o
crime de tráfico de influência, no âmbito do Distrito Federal, em especial, no Transportes
Urbanos do _____, especificamente no sentido de fraudar o processo licitatório do sistema de
Bilhetagem Automática daquela autarquia, nos seguintes termos in summa:

“(...) O réu _______, Vereador de ________, figurava como interlocutor dos


representantes da empresa ___________ e valia-se da sua qualidade de Vereador para
beneficiar a quadrilha.(Fls.08)

(...) Coube ao denunciado e Vereador ____________ recepcionar os empresários em


______, ciceroneando-os pela capital e custeando suas estadas (vide doc. 6 - em
anexo) onde o empresário __________ ficou hospedado em ______, e como coube a
______ realizar a parte do trabalho de convencimento, e levá-los à apresentação
realizada no Palácio do Buriti ao Secretário de Estado de Transportes no dia
19.07.2012 (como demonstram os diálogos às fls. 32/33). (Fls.11)

(...) Dentre os meses de junho a agosto de 2011, _______, ex-assessor da Secretaria de


Planejamento e Gestão, de forma livre e consciente, solicitou e recebeu vantagem
para si e para outrem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função.

Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, os denunciados ________, _______ e


________ de forma livre e consciente, em unidade de desígnios e repartição de
tarefas, concorreram para a perpetração do delito praticado por _________. (Fls.17)

(...) O acusado _________, Vereador em _________, concorreu para a consumação do


delito de tráfico de influência perpetrado por ______, na medida em que prestou
auxílio material e moral para a sua prática, ao exercer importante atuação na
intermediação entre os dirigentes da empresa _________ e os servidores do ______.
(Fls.21)

(...) Diante dos fatos acima narrados, estão os denunciados:

(...)

2. ____________, _________ e _________ INCURSOS NAS PENAS DO ARTIGO 288,


CAPUT, E ARTIGO 332 CAPUT, C/C O ARTIGO 29, TODOS DO CÓDIGO PENAL; (...)
(Fls.24). “

Durante a instrução criminal foram ouvidas as testemunhas José _________ e Carlos ______,
arroladas na denúncia, as quais negaram conhecer o acusado ____, ora defendente, bem como
informaram que nunca mantiveram qualquer tipo de contato direto ou indireto com sua pessoa,
principalmente, em relação aos fatos descritos na exordial acusatória de fls 02/25.

Na ótica da pretensão deduzida na inicial, a Acusação Oficial, levanta a hipótese de que


Carlos _____ com comunhão de vontades com outros acusados, pretendia fraudar o certame de
concorrência pública para garantir que a empresa _________ fosse vencedora na prestação do
Serviço de Bilhetagem Automática do Transportes Coletivos do Distrito Federal (art. 90 da Lei
8.666/93) e para isso lançou mão do tráfico de influência (art. 332 do CPB) oferecendo vantagem
pecuniária ao corréu Valdir dos Reis.

In summa o acusado Carlos ____ usaria o tráfico de influência (art. 332 CPB) para alcançar
o objetivo final: fraudar o processo licitatório (art. 90 da Lei 8.666/93). Ou seja o suposto crime
tráfico de influência configuraria ato preparatório do crime-fim: fraude de licitação, que
conforme ordenamento jurídico adotado no Brasil, pela Teoria Finalista da Ação o delito
almejado ou desejado pelo autor do fato absorveria o delito meio.
Por outro lado, não há dentro dos autos nenhuma prova confirmatória da existência da
suposta organização criminosa com o fim de fraudar o ato licitatório do Sistema de Bilhetagem
Automática do transporte coletivo do Distrito Federal através da utilização de eventual tráfico de
influência.
Por outro prisma, a prática do crime de fraude de licitação configura verdadeiro crime
impossível vez que sequer foi publicado edital licitatório para o Serviço de Bilhetagem
Automática dos transportes coletivos do _______.
Do mesmo modo, não foi produzida nenhuma prova em juízo sob o manto do contraditório
que pudesse confirmar o conteúdo das interceptações telefônicas carreadas para os autos.
Perscrutando detidamente o acervo de interceptações telefônicas é de fácil constatação de
que o acusado ............................. jamais manteve relacionamento com algum dos acusados, com
exceção de ____, bem como não existe nenhuma ligação ou contato com qualquer funcionário
público no âmbito do ___, contrariando o que foi enfatizado pelo MP em seus memoriais de fls.,
que pudesse autorizar a ilação de possível prática do crime de tráfico de influência ou delito
diverso.
Por outro lado, conforme patenteou a testemunha José _____, às fls._____, ex secretário de
transportes do _______, os serviços apresentados pelos coreanos em reunião realizada no dia
19/06/2011, não se coadunavam com os objetivos e interesses do ____ para implantação do
Sistema de Bilhetagem Automática, de modo que não havia a mínima possibilidade da empresa
____ vencer o processo licitatório.
Ressalta ainda a referida testemunha, que reuniões com empresários interessados na
prestação de serviços ao governo são normais e corriqueiras, antes, durante e depois de qualquer
processo licitatório, não constituindo fato determinante para a aferição dos delitos objetos do
presente feito.

O órgão de acusação oficial, em seus quilométricos e prolixos memoriais, de fls. _____,


limitou-se em repetir os termos da denúncia com a transcrição das interceptações telefônicas que
não foram reproduzidas ou confirmadas durante a instrução criminal, não servindo, assim, por si
só, para alicerçar ou sustentar eventual decreto condenatório. O que se tem nos autos é um
espetáculo pirotécnico engendrado pelo MP sob os holofotes midiáticos da estrela da hora
“__________” protagonista de um dos maiores escândalos dentro da sociedade política brasileira,
cuja proposta de instauração de CPI terminou em “ pizza”.

O acusado, por seu turno, à míngua de qualquer prova jurisdicionalizada de sua


participação em eventual prática delituosa usou seu direito constitucional de permanecer silente.

O fato de ter o acusado ______, na qualidade de membro do Legislativo Municipal de


_______, atendido a solicitação do co-réu ____, conhecido notoriamente como empresário
relacionado à empresa _________, para providenciar o encontro do tradutor _________ com os
diretores da empresa _____ não tem o condão de estender-lhe eventuais interesses daquela
empresa no processo licitatório dos transportes coletivos do __________, tanto é que nem
participou da referida reunião conforme registrado no depoimento das testemunhas José
________ e _______, ouvidos às fls.______, como também não é visto na fotografia apensada as fls.
271.

Com relação à prática do art. 288 do CP, com nova redação emprestada pela Lei 12.850 de
02 de Agosto de 2013, a acusação não logrou êxito em carrear para os autos prova de que o
acusado ________ tenha se associado de forma permanente e estável com identidade de desígnios
com os demais réus com o fim de cometer crimes, ao contrário, pelo acervo probatório dos autos
restou constatado que a sua atuação nos fatos narrados na denúncia foi de mero agendamento de
uma reunião entre empresários e empresa _________.

Em resumo, não foi produzida nenhuma prova durante a instrução criminal que pudesse
dar amparo à pretensão ministerial deduzida na exordial acusatória, principalmente, de qualquer
participação do acusado ____________ em qualquer atividade ou conduta criminosa.

Finalizando, Excelência, em caso deste juízo inclinar por entendimento diverso, é


inquestionável que nos supositícios fatos articulados na denúncia a atuação do acusado
________, foi de menor relevância, assim sendo o mesmo, no caso de eventual decreto
condenatório, faz jus ao benefício do § 1º do art. 29 do CP.

Conforme documentação inserta no bojo dos autos, o Acusado, ora, defendente, ocupa
cargo de vereador na cidade de ________, onde presta relevantes serviços à sociedade, gozando
de respeito e consideração de seus concidadãos, com família regularmente constituída, nunca
tendo infringido qualquer norma penal, por mais insignificante que seja.

DO DIREITO

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

1. Da Atipicidade do Delito de Tráfico de Influência:

Conforme, extemporaneamente levantada questão da atipicidade do crime de tráfico de


influência, pelos demais acusados ao tempo do art. 396-A do CPP, é patente a constatação se que
a conduta atribuída aos réus, não se amolda ao tipo penal do art. 332 do Código Penal Brasileiro
que edita:

Código Penal

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função:

Da simples leitura do dispositivo penal ut retro não surge outra conclusão que não seja
aquela em o sujeito ativo do referido tipo penal é quem exige, cobra ou obtém a vantagem e não
quem a paga.

A peça vestibular, do presente feito, reprisada nos memoriais do MP de fls., afirma que
hipoteticamente, o corréu Valdir dos Reis exigiu vantagem pecuniária para si ou pra outrem a
pretexto de influir em ato a ser praticado por funcionário público do __, especificamente diante
da Secretaria de Transportes, visando favorecer interesses da empresa ___________, na obtenção
do serviço de sistema de bilhetagem automática do transporte coletivo do _____.

Se o pagamento da suposta vantagem foi praticado pelo acusado Carlos _______ e os


demais acusados, com exceção de _________, supostamente comungavam os mesmos interesses
daquele, é imperiosa a ilação de que não podem figurar coautores do delito previsto no art. 332
do Código Penal. Na ótica de Damásio E. de Jesus, tanto quem paga como aqueles que anuem ou
colaboram com o pagamento são tidos como vítimas secundárias do delito em questão, pois agem
na suposição de estarem realizando um ato de corrupção ativa.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina no assunto, o art. 332, do


Código Penal, se aperfeiçoa com prática de algum de seus núcleos verbais, que consistem em:
solicitar (pedir, rogar, sem imposição), exigir (reclamar, impor, ordenar, não admitindo recusa),
cobrar (fazer com que seja pago, insinua a existência de um ajuste prévio) e obter (conseguir,
alcançar, ganhar ou atingir)1.
No mesmo diapasão é o ensinamento de autores consagrados da doutrina penal, como o
catedrático mestre Paulo José da Costa Júnior quando leciona:

“O sujeito ativo do crime de exploração de prestígio 2 (venditor fumi) poderá ser


qualquer pessoa, como acontece na concussão. Quem promete ou dá a vantagem não
é punido por falta de previsão legal. Indiferente que a iniciativa tenha partido ou não
do sujeito agente, desde que tenha concordado com a vantagem. De mais a mais,
deve-se considerar o comprador de fumaça é vítima de um engano, de um
verdadeiro estelionato. É a norma visa impedir o descrédito da administração que
não deriva de sua ação mas sim do sujeito agente.” 3

Heleno Fragoso, arremata:

“A pessoa que dá ou promete a vantagem ao agente é lesada e será sujeito passivo


secundário, embora não aja de boa fé. (não tendo faltado quem pretendesse puni-la
também). O lesado estaria eventualmente praticando um crime putativo, que seria o
de participação em corrupção ativa.”4

A doutrina penal mais abalizada, de forma uníssona e harmoniosa, esposa o entendimento


acima amealhado, conforme pontuam: Cézar Roberto Bittencourt (“Comentários ao Código
Penal”, Saraiva, 2005, fls.1113); Alberto Silva Franco e Rui Stoco (“Código Penal e sua
interpretação - Doutrina e Jurisprudência”, RT, 8ª Ed., 2007, fls.1553), Magalhães Noronha
(“Direito Penal”, Saraiva, 20ª Ed., 1995, V.4, fls.314); dentre outros renomados jurisconsultos.

De igual modo, os nossos Pretórios Superiores têm sufragado o entendimento de que aquele
que paga pela vantagem ao “ corretor de ilusões”, no crime de tráfico de influência, é sujeito
passivo secundário e, portanto, inexiste previsão legal para sua punibilidade pois, embora aja
com má fé, atente contra a dignidade da administração pública e milite em desacordo com a ética
profissional, sua conduta é atípica, penalmente irrelevante e fora da órbita de repressão penal.
Conforme os seguintes arestos:
“PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. ARTIGO 332 DO CP.
SUJEITO PASSIVO SECUNDÁRIO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.
I - O crime do artigo 332 do CP, tem como sujeito passivo principal o Estado,
envolvendo o prestígio e credibilidade da Administração Pública e como sujeito
passivo secundário o indivíduo que pretende “comprar” o prestígio que o sujeito
ativo diz ter. Para esse sujeito passivo secundário a hipótese é de crime putativo
quanto à participação na corrupção ativa.

II - Inobstante a imoralidade da postura de quem procura solucionar seus problemas


dessa maneira, esse espúrio modo de agir não está no âmbito da tipicidade dos
crimes praticados por particulares contra a Administração Pública. Mantida a
absolvição pelo artigo 332 do CP. (Grifei).
III - Imputação pelo crime de quadrilha que fica prejudicada, considerando que a
denúncia amparou-a apenas no contexto de tráfico de influência sem delimitação de
nenhuma outra sequência de episódios que pudesse compor a elementar numérica
do artigo 288 do CP.IV - Recurso ministerial não provido.” 5
“TRÁFICO DE INFLUÊNCIA - Agente que procura empresa contratada pela
prefeitura intencionado em receber vantagem para facilitar a liberação da verba -
Artigo 332 do Código Penal - Presença dos elementos típicos - Configuração do delito
- Bom nome da administração - Sujeito passivo principal do delito - Empresa/Vítima -
Sujeito passivo secundário. (Grifei).

Provado que o agente, na qualidade de ex-vereador, procurou a empresa que havia


sido contratada pela prefeitura para prestação de serviços, intencionado em receber
vantagem, pretendendo intermediar as negociações e “facilitar” a liberação de verba
que a mesma teria a receber daquela entidade pública, a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público, fica configurado o crime de tráfico de influência
tipificado no artigo 332 do Código Penal. Outrossim, não há que se falar em
descaracterização do ilícito pelo fato de o réu não ter conseguido iludir a empresa,
em razão de a mesma ter obtido seu crédito sem a intervenção do acusado, uma vez
que a empresa/vítima é mero sujeito passivo secundário daquele delito, sendo o
Estado ou a Administração Pública os verdadeiros titulares do interesse penalmente
tutelado. Assim, ainda que a empresa não tenha contado com a efetiva colaboração
do réu para o recebimento de seus créditos, inexistindo, portanto, qualquer dano
aparente à sua pessoa, o Estado foi lesado, pois inconcebível que o particular,
utilizando-se de prestígio decorrente de amizade, parentesco ou camaradagem
política, venha a expor a honra e o bom nome da Administração Pública à situação
de objeto de mercancia, transformando aquele que o representa em indivíduo passivo
de corrupção.”6

“PENAL - Habeas Corpus - Tráfico de influência - art - 332, CP - Vítima - Sujeito


passivo secundário - Trancamento ação penal - Inépcia denúncia - Atipicidade da
conduta - Extinção da punibilidade - Prescrição da pena in abstrato - Crimes 172 e
299, CP.
I - O ‘comprador de prestígio’, inobstante a imoralidade de sua conduta, é sujeito
passivo secundário e não co-autor do crime de tráfico de influência.
II - Ocorrência de prescrição da pena in abstrato, quanto aos crimes previstos nos
artigo 172 e 299, CPB.III - Ordem concedida e extinção da punibilidade decretada.” 7

Na mesma trilha de entendimento decidiu o Tribunal Regional Federal – TRF 1ªR. na


Apelação Criminal Nº 2003.34.00.031124-9/DF., Tribunal de Justiça do Sergipe - TJSEAp. nº
37/2002 - Câmara Criminal - j. 22.06.2004 - rel. Des. Gilson Góis Soares. 8

Desse modo Excelência, pelos fundamento ut retro alinhavados, torna-se imperiosa


decretação da absolvição do Acusado ______, pela prática do crime de tráfico de influência (art.
332 do CPB), por atipicidade do fato.

2. Da Atipicidade do Delito de Associação Criminosa:

O Ministério Público sustenta em seu memorial de fls. _____ a ocorrência do crime de


formação de quadrilha presente no art. 288 do CP, aduzindo, em resumo, que o acusado Carlos
____, supostamente, liderou uma associação criminosa com estabilidade e permanência, de mais
de três pessoas, com a finalidade de cometer crimes contra a Administração Pública do _______,
no âmbito da Secretaria de Transportes. Porém, a prova produzida durante o persecutio criminis
in judicio não autoriza o acatamento da pretensão condenatória deduzida pelo parquet.

Sustenta o MP a presença de um delito praticado previsto no artigo 332 e art.288 do CPB


com a nova definição dada pela Lei 12.850/2013 não integra o requisito típico “ para o fim
específico de cometer crimes ”. Restando, assim, a existência no plano processual de uma única
infração penal (art. 332 do CPB).

Conceitualmente, a nova Lei 12.850/2013, define o crime de associação criminosa


“associarem-se mais de três pessoas, para o fim de cometer crimes”.

A nova definição legal guarda as mesmas característica do antigo crime de Bando ou


quadrilha que conforme preceitua Nelson Hungria, “à quadrilha ou bando pode ser dada a
seguinte definição: reunião estável ou permanente (que não significa perpétua), para o fim de
perpetração de uma indeterminada série de crimes. A nota da estabilidade ou permanência da
aliança é essencial”9.

Para que se configure o delito asocial criminosa é necessária a conjugação do caráter de


estabilidade e permanência da organização com a predisposição à prática de um número
indeterminado de crimes. A reunião de três ou mais pessoas para a prática de um único crime,
ou mesmo dois, em caráter eventual, não importa no reconhecimento desse crime.

Nesse sentido diz a jurisprudência:

“TJSP: Quadrilha ou bando. Descaracterização. Associação que teve caráter


transitório. Ausência de permanência e estabilidade da associação criminosa, não
passando de um isolado concurso de agentes. (...) O certo é que o bando ou
quadrilha, como delito autônomo, só se corporifica quando os membros do grupo
formam uma associação organizada e estável, com programas preparados para a
prática de crimes, com a adesão de todos, de modo reiterado” (RT 721/423)

“TJSC: Para a tipificação do delito de quadrilha ou bando, não basta a reunião, de


mais de três pessoas para a execução de um ou mais crimes. Mister que, além desta
reunião, ocorra um vínculo associativo permanente para fins criminosos, uma
predisposição comum de meios para a prática de uma série indeterminada de delitos
e uma contínua violação entre os associados para a concretização de um programa
delinquencial” (JCAT 76/654)

“TJMG: Se a associação se deu para a prática de um crime ocasional e não para a


formação de um grupo permanente, não se concretiza formação de quadrilha” (RT
684/350)

“TJSC: Quadrilha ou bando. Descaracterização. Associação que visava à realização de


um determinado crime. Absolvição com fulcro no art. 386, III, do CPP (...) Não há
falar em crime de quadrilha quando o acordo é realizado para a prática de um só
delito. (...) A associação para cometimento de determinado delito, antes individuado
- ainda que se trate de crime de sequestro - caracteriza apenas mera conduta de co-
delinquência, impunível autonomamente” (RT 725/651).

“TJSC: Crime de quadrilha. Associação destinada ao cometimento de apenas de


apenas um crime. Inconfiguração do delito. Absolvição decretada. Sentença
reformada. Não há falar em crime de quadrilha quando o acordo é realizado para a
prática de um só delito” (JCAT 75/577).

Não há dentro do cartapácio judicial, prova da existência de um vínculo associativo de


caráter estável e permanente com a finalidade de praticar um número indeterminado de crimes.
Tanto o é que o Órgão Ministerial empolgou a instauração da presente ação penal imputando aos
réus a violação de um único dispositivo legal integralizado na descrição típica do art. 332, do
Código Penal.
Dessa forma, não estão presentes os elementos da definição legal para a configuração do
crime de formação de “associação criminosa” (antigo bando e quadrilha”, primeiro: não há
pluralidade de crimes; segundo: não existe prova da união mediante vínculo estável e duradouro
com o fim de praticar infrações penais. Assim, não há que se falar da existência do delito
previsto no art.288 do CP, ficando a conduta atribuída aos réus fora de sua tipicidade penal,
impondo-se suas absolvições, nos termos do art.386 do CPP, como melhor forma de restabelecer
o império do Direito, da Lei e da Justiça.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como consequência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.).

De forma mais singela, a concepção de crime exige prova absoluta e incontestável de uma
conduta violadora da norma penal que atente de forma significativa e suficiente para repercutir
contra a ordem social ou administrativa. O que vale dizer comprometa de tal forma que exija a
aplicação da pena correspondente.

Conforme a melhor doutrina, para as configurações dos crimes contidos na denúncia,


exige-se uma ação positivada para a realização dos núcleos verbais contidos em suas respectivas
descrições típicas. Sendo assim, a acusação oficial não se desincumbiu do ônus processual de
provar a realização, por parte do acusado, _______ da Silva, ora defendente, da conduta descrita
no tipo penal do art. 332 e 288, ambos do Código Penal.

Desta forma, as condutas descritas na denúncia tipicamente definidas sob os rótulos de


tráfico de influência e formação de quadrilha, não restaram provadas em nenhum elemento
colacionado durante a persecutio criminis in juditio que pudesse ancorar ou servir de
fundamento para eventual sentença condenatória impondo-se, deste modo, a absolvição do
acusado nos termos do art. 386, VII do Código de Processo Penal.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública.

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova dos fatos alegados na denúncia,
e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, situação inaceitável no processo penal,
onde a condenação exige a certeza inabalável da culpabilidade do réu.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranquilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil”10

Consoante magistério iluminado do jurista Ricardo Jacobsen Gloeckner:

“A natureza da presunção de inocência é de verdadeiro direito fundamental do


acusado, que significa a não possibilidade de condenação do mesmo se não houver
prova robusta de sua culpabilidade”. 11 (...) “Em nenhum momento processual poderá
imputar-se ao acusado, cargas processuais, diante do princípio da presunção de
inocência. Em caso contrário, uma tese, por exemplo, acerca da negativa de autoria
de um delito, conduziria à necessidade da prova por parte do réu desta
circunstância, como se verifica na jurisprudência majoritária do Brasil. Se tal tese
defensiva não se comprova, a carga processual continua nas mãos do autor”. 12

Arremate-se com a velha e atualíssima lição do esteio mestre da escola penal italiana,
representa pelo insuperável CARRARA, que assim ensina com luminescência:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Na mesma trilha é o brilhante ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 13. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.

No caso em apreço, não existe qualquer prova jurisdicionalizada no sentido de que o


Acusado, ora defendente, tenha praticado os ilícitos penais contidos na exordial acusatória que
possa dar suporte ou servir de alicerce para eventual decreto condenatório, impondo-se sua
absolvição nos termos do art. 386, do CPP, com a nova redação que lhe deu a Lei nº 11.690/08.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado ......................................, sejam as presentes alegações finais por


memoriais recebidas, vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta,
julgado improcedente a denúncia, nos termos do artigo 386, do Código de Processo Penal,
decretando a absolvição do Acusado/defendente, pois desta forma Vossa Excelência estará, como
de costume, editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da
JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e Data

__________________

OAB
Alegações Finais por Memorial - Organização Criminosa Lei nº
12.850 de 02 de Agosto de 2013 - Tráfico de Influência

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA __ª VARA CRIMINAL DE ________

Ação Penal
Alegações Finais por Memorial

................................................, já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de


seus defensores in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência , tempestivamente, nos termos do artigo 403, § 3º, do CPP,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

O Órgão Ministerial editou denúncia de fls. 02/25, em desfavor do Acusado, ora


defendente, se propondo a provar durante o persecutio criminis in judicio a autoria ou
participação nos delitos previstos nos art. 2º da Lei nº 12.850 de 02/08/2013, combinado com art.
332 e 29, do Código Penal, sugerindo hipoteticamente a prática da conduta delituosa de associar-
se 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenadas e caracterizada pela divisão de tarefas, com o
objetivo de obter vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, para o
fim de cometer o crime de tráfico de influência, no âmbito do ....., em especial, no ....,
especificamente no sentido de fraudar o processo licitatório do sistema de Bilhetagem
Automática daquela autarquia, nos seguintes termos in summa:

“(...) O réu ........, empresário, figurava como interlocutor dos representantes da


empresa coreana.........e valia-se da sua qualidade..........r para beneficiar a associação
criminosa.(Fls.08)

(...) Coube ao denunciado e empresário.......................... recepcionar os empresários


sul-coreanos em Brasília, ciceroneando-os pela capital e custeando suas estadas (vide
doc. 6 - em anexo) onde o empresário sul-coreano ......................... ficou hospedado
em Brasília, e como coube a ................... realizar a parte do trabalho de
convencimento, e levá-los à apresentação realizada no Palácio do .................i ao
Secretário de Estado ................. no dia ............. (como demonstram os diálogos às fls.
32/33). (Fls.11)
(...) Dentre os meses de junho a agosto de 2011, ...................., ex-assessor da
Secretaria de ................, de forma livre e consciente, solicitou e recebeu vantagem
para si e para outrem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função.

Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, os denunciados, de forma livre e


consciente, em unidade de desígnios e repartição de tarefas, concorreram para a
perpetração do delito praticado por ................................... (Fls.17)

(...) O acusado .................................., empresário em .......................s, concorreu para a


consumação do delito de tráfico de influência perpetrado por ........................, na
medida em que prestou auxílio material e moral para a sua prática, ao exercer
importante atuação na intermediação entre os dirigentes da empresa
coreana ............................... e os servidores do...................... (Fls.21)

(...) Diante dos fatos acima narrados, estão os denunciados:

(...)

2. ......................................, ........................................, ..................................., .................


.................. ,..............................., ......................................., ....................................
e .............................................. INCURSOS NAS PENAS DO ARTIGO 2º, da Lei
12.850/2013, , E ARTIGO 332 CAPUT, C/C O ARTIGO 29, TODOS DO CÓDIGO
PENAL; (...) (Fls.24). “

Durante a instrução criminal foram ouvidas as testemunhas


..........................e .................................., arroladas na denúncia, as quais negaram conhecer o
acusado ..........................., ora defendente, bem como informaram que nunca mantiveram
qualquer tipo de contato direto ou indireto com sua pessoa, principalmente, em relação aos fatos
descritos na exordial acusatória de fls 02/25.

Na ótica da pretensão deduzida na inicial, a Acusação Oficial, levanta a hipótese de


que ........................................ com comunhão de vontades com outros acusados, pretendia
fraudar o certame de concorrência pública para garantir que a empresa ................................. fosse
vencedora na prestação do Serviço de Bilhetagem Automática do Transportes Coletivos
de ........................... (art. 90 da Lei 8.666/93) e para isso lançou mão do tráfico de influência (art.
332 do CPB) oferecendo vantagem pecuniária ao corréu ...............................

In summa o acusado ...................................usaria o tráfico de influência (art. 332 CPB) para


alcançar o objetivo final: fraudar o processo licitatório (art. 90 da Lei 8.666/93). Ou seja o suposto
crime tráfico de influência configuraria ato preparatório do crime-fim: fraude de licitação, que
conforme ordenamento jurídico adotado no Brasil, pela Teoria Finalista da Ação o delito
almejado ou desejado pelo autor do fato absorveria o delito meio.

Por outro lado, não há dentro dos autos nenhuma prova confirmatória da existência da
suposta organização criminosa com o fim de fraudar o ato licitatório do Sistema de Bilhetagem
Automática do transporte coletivo de.......................... através da utilização de eventual tráfico de
influência.

Por outro prisma, a prática do crime de fraude de licitação configura verdadeiro crime
impossível vez que sequer foi publicado edital licitatório para o Serviço de Bilhetagem
Automática dos transportes coletivos de...............................
Do mesmo modo, não foi produzida nenhuma prova em juízo sob o manto do contraditório
que pudesse confirmar o conteúdo das interceptações telefônicas carreadas para os autos.

Perscrutando detidamente o acervo de interceptações telefônicas é de fácil constatação de


que o acusado ............................. jamais manteve relacionamento com algum dos acusados, com
exceção de ......................., bem como não existe nenhuma ligação ou contato com qualquer
funcionário público no âmbito de........................, contrariando o que foi enfatizado pelo MP em
seus memoriais de fls., que pudesse autorizar a ilação de possível prática do crime de tráfico de
influência ou delito diverso.

O órgão de acusação oficial, em seus quilométricos e prolixos memoriais, de fls. 2831/2948,


limitou-se em repetir os termos da denúncia com a transcrição das interceptações telefônicas que
não foram reproduzidas ou confirmadas durante a instrução criminal, não servindo, assim, por si
só, para alicerçar ou sustentar eventual decreto condenatório. O que se tem nos autos é um
espetáculo pirotécnico engendrado pelo MP sob os holofotes midiáticos da estrela da hora
“.............................” protagonista de um dos maiores escândalos dentro da sociedade política
brasileira, cuja proposta de instauração de CPI terminou em “pizza”.

O acusado, por seu turno, à míngua de qualquer prova jurisdicionalizada de sua


participação em eventual prática delituosa usou seu direito constitucional de permanecer silente.

O fato de ter o acusado .............., na qualidade de empresário, atendido a solicitação do co-


réu ............................, conhecido notoriamente como empresário relacionado à
empresa ......................................., para providenciar o encontro do tradutor
coreano ................................. com os diretores da empresa .............................. não tem o condão
de estender-lhe eventuais interesses daquela empresa no processo licitatório dos transportes
coletivos de.........................., tanto é que nem participou da referida reunião conforme registrado
no depoimento das testemunhas ................................ e ....................................., ouvidos às
fls.1276/1280, como também não é visto na fotografia apensada as fls. 271.

Com relação à prática do art. 2º da Lei 12.850 de 02/08/2013, a acusação não logrou êxito
em carrear para os autos prova de que o acusado .......................... tenha se formado com os
demais acusados associação criminosa estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, com o objetivo de obter vantagem mediante a prática de infrações penais, cujas penas
sejam superiores a 4 anos, ao contrário, pelo acervo probatório dos autos restou constatado que a
sua atuação nos fatos narrados na denúncia foi de mero agendamento de uma reunião entre
empresários e empresa coreana.................., sem nenhuma intenção de angariar alguma vantagem
econômica ou financeira.

Em resumo, não foi produzida nenhuma prova durante a instrução criminal que pudesse
dar amparo à pretensão ministerial deduzida na exordial acusatória, principalmente, de qualquer
participação do acusado....................... em qualquer atividade ou conduta criminosa.

Finalizando, Excelência, em caso deste juízo inclinar por entendimento diverso, é


inquestionável que nos supositícios fatos articulados na denúncia a atuação do
acusado ................................, foi de menor relevância, assim sendo o mesmo, no caso de eventual
decreto condenatório, faz jus ao benefício do § 1º do art. 29 do CP.

Conforme documentação inserta no bojo dos autos, o Acusado, ora, defendente, é


empresário na cidade de ...................., onde presta relevantes serviços à sociedade, gozando de
respeito e consideração de seus concidadãos, com família regularmente constituída, nunca tendo
infringido qualquer norma penal, por mais insignificante que seja.
DO DIREITO

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

1. Da Atipicidade do Delito de Tráfico de Influência:

Conforme, extemporaneamente levantada questão da atipicidade do crime de tráfico de


influência, pelos demais acusados ao tempo do art. 396-A do CPP, é patente a constatação se que
a conduta atribuída aos réus, não se amolda ao tipo penal do art. 332 do Código Penal Brasileiro
que edita:
Código Penal

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função:

Da simples leitura do dispositivo penal ut retro não surge outra conclusão que não seja
aquela em o sujeito ativo do referido tipo penal é quem exige, cobra ou obtém a vantagem e não
quem a paga.

A peça vestibular, do presente feito, reprisada nos memoriais do MP de fls., afirma que
hipoteticamente, o corréu Valdir dos Reis exigiu vantagem pecuniária para si ou pra outrem a
pretexto de influir em ato a ser praticado por funcionário público do ........., especificamente
diante da Secretaria de ........., visando favorecer interesses da empresa .............................., na
obtenção do serviço de sistema de bilhetagem automática do transporte coletivo de.............

Se o pagamento da suposta vantagem foi praticado pelo acusado .............................. e os


demais acusados, com exceção de ......................, supostamente comungavam os mesmos
interesses daquele, é imperiosa a ilação de que não podem figurar coautores do delito previsto no
art. 332 do Código Penal. Na ótica de Damásio E. de Jesus, tanto quem paga como aqueles que
anuem ou colaboram com o pagamento são tidos como vítimas secundárias do delito em questão,
pois agem na suposição de estarem realizando um ato de corrupção ativa.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina no assunto, o art. 332, do


Código Penal, se aperfeiçoa com prática de algum de seus núcleos verbais, que consistem em:
solicitar (pedir, rogar, sem imposição), exigir (reclamar, impor, ordenar, não admitindo recusa),
cobrar (fazer com que seja pago, insinua a existência de um ajuste prévio) e obter (conseguir,
alcançar, ganhar ou atingir)1.

No mesmo diapasão é o ensinamento de autores consagrados da doutrina penal, como o


catedrático mestre Paulo José da Costa Júnior quando leciona:

“O sujeito ativo do crime de exploração de prestígio 2 (venditor fumi) poderá ser


qualquer pessoa, como acontece na concussão. Quem promete ou dá a vantagem não
é punido por falta de previsão legal. Indiferente que a iniciativa tenha partido ou não
do sujeito agente, desde que tenha concordado com a vantagem. De mais a mais,
deve-se considerar o comprador de fumaça é vítima de um engano, de um
verdadeiro estelionato. É a norma visa impedir o descrédito da administração que
não deriva de sua ação mas sim do sujeito agente.” 3

Heleno Fragoso, arremata:

“A pessoa que dá ou promete a vantagem ao agente é lesada e será sujeito passivo


secundário, embora não aja de boa fé. (não tendo faltado quem pretendesse puni-la
também). O lesado estaria eventualmente praticando um crime putativo, que seria o
de participação em corrupção ativa.”4

A doutrina penal mais abalizada, de forma uníssona e harmoniosa, esposa o entendimento


acima amealhado, conforme pontuam: Cézar Roberto Bittencourt (“Comentários ao Código
Penal”, Saraiva, 2005, fls.1113); Alberto Silva Franco e Rui Stoco (“Código Penal e sua
interpretação - Doutrina e Jurisprudência”, RT, 8ª Ed., 2007, fls.1553), Magalhães Noronha
(“Direito Penal”, Saraiva, 20ª Ed., 1995, V.4, fls.314); dentre outros renomados jurisconsultos.

De igual modo, os nossos Pretórios Superiores têm sufragado o entendimento de que aquele
que paga pela vantagem ao “ corretor de ilusões”, no crime de tráfico de influência, é sujeito
passivo secundário e, portanto, inexiste previsão legal para sua punibilidade pois, embora aja
com má fé, atente contra a dignidade da administração pública e milite em desacordo com a ética
profissional, sua conduta é atípica, penalmente irrelevante e fora da órbita de repressão penal.
Conforme os seguintes arestos:
“PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. ARTIGO 332 DO CP.
SUJEITO PASSIVO SECUNDÁRIO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.
I - O crime do artigo 332 do CP, tem como sujeito passivo principal o Estado,
envolvendo o prestígio e credibilidade da Administração Pública e como sujeito
passivo secundário o indivíduo que pretende “comprar” o prestígio que o sujeito
ativo diz ter. Para esse sujeito passivo secundário a hipótese é de crime putativo
quanto à participação na corrupção ativa.

II - Inobstante a imoralidade da postura de quem procura solucionar seus problemas


dessa maneira, esse espúrio modo de agir não está no âmbito da tipicidade dos
crimes praticados por particulares contra a Administração Pública. Mantida a
absolvição pelo artigo 332 do CP. (Grifei).
III - Imputação pelo crime de quadrilha que fica prejudicada, considerando que a
denúncia amparou-a apenas no contexto de tráfico de influência sem delimitação de
nenhuma outra sequência de episódios que pudesse compor a elementar numérica
do artigo 288 do CP.IV - Recurso ministerial não provido.” 5

“TRÁFICO DE INFLUÊNCIA - Agente que procura empresa contratada pela


prefeitura intencionado em receber vantagem para facilitar a liberação da verba -
Artigo 332 do Código Penal - Presença dos elementos típicos - Configuração do delito
- Bom nome da administração - Sujeito passivo principal do delito - Empresa/Vítima -
Sujeito passivo secundário. (Grifei).
Provado que o agente, na qualidade de ex-vereador, procurou a empresa que havia
sido contratada pela prefeitura para prestação de serviços, intencionado em receber
vantagem, pretendendo intermediar as negociações e “facilitar” a liberação de verba
que a mesma teria a receber daquela entidade pública, a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público, fica configurado o crime de tráfico de influência
tipificado no artigo 332 do Código Penal. Outrossim, não há que se falar em
descaracterização do ilícito pelo fato de o réu não ter conseguido iludir a empresa,
em razão de a mesma ter obtido seu crédito sem a intervenção do acusado, uma vez
que a empresa/vítima é mero sujeito passivo secundário daquele delito, sendo o
Estado ou a Administração Pública os verdadeiros titulares do interesse penalmente
tutelado. Assim, ainda que a empresa não tenha contado com a efetiva colaboração
do réu para o recebimento de seus créditos, inexistindo, portanto, qualquer dano
aparente à sua pessoa, o Estado foi lesado, pois inconcebível que o particular,
utilizando-se de prestígio decorrente de amizade, parentesco ou camaradagem
política, venha a expor a honra e o bom nome da Administração Pública à situação
de objeto de mercancia, transformando aquele que o representa em indivíduo passivo
de corrupção.”6

“PENAL - Habeas Corpus - Tráfico de influência - art - 332, CP - Vítima - Sujeito


passivo secundário - Trancamento ação penal - Inépcia denúncia - Atipicidade da
conduta - Extinção da punibilidade - Prescrição da pena in abstrato - Crimes 172 e
299, CP.
I - O ‘comprador de prestígio’, inobstante a imoralidade de sua conduta, é sujeito
passivo secundário e não co-autor do crime de tráfico de influência.
II - Ocorrência de prescrição da pena in abstrato, quanto aos crimes previstos nos
artigo 172 e 299, CPB.III - Ordem concedida e extinção da punibilidade decretada.” 7

Na mesma trilha de entendimento decidiu o Tribunal Regional Federal - TRF1ªR. na


Apelação Criminal Nº 2003.34.00.031124-9/DF., Tribunal de Justiça do Sergipe - TJSEAp. nº
37/2002 - Câmara Criminal - j. 22.06.2004 - rel. Des. Gilson Góis Soares. 8

Desse modo Excelência, pelos fundamento ut retro alinhavados, torna-se imperiosa


decretação da absolvição do Acusado .............................., pela prática do crime de tráfico de
influência (art. 332 do CPB), por atipicidade do fato.

2. Da Atipicidade do Delito de Organização Criminosa:

O Ministério Público sustenta em seu memorial de fls. 2831/2948 a ocorrência do crime de


Organização Criminosa inserto na norma proibita do Art. 2º da Lei 12.850 de 02 de Agosto de
2013, em resumo, que o acusado ............................., supostamente, comandava uma organização
criminosa com estabilidade e permanência, estruturalmente organizada e caracterizada pela
divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagem no certame licitatório do serviço de
bilhetagem automática do transporte coletivo de............. mediante a prática do crime de tráficod
e influência, porém, a prova produzida durante o persecutio criminis in judicio não autoriza o
acatamento da pretensão condenatória deduzida pelo parquet.
Sustenta o MP a presença de um delito praticado previsto no artigo 332 do CPB e outro
cogitado, que eventualmente teria previsão na Lei 8.666/93. Ressalvando a realização do delito
previsto neonata Lei 12.850/2013 não integra o requisito típico “ mediante a prática de infrações
penais”. Restando, assim, a existência no plano processual de uma única infração penal (art. 332
do CPB).

Conceitualmente, a lei define “organização criminosa” nos seguintes termos: “Considera-se


organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoa estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas , ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de aulquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máxima sejam superiores a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. 9

A Organização Criminosa definida pela nova Lei guarda harmonia com o antigo delito de
bando e quadrilha que segundo preceitua Nelson Hungria, “ à quadrilha ou bando pode ser dada
a seguinte definição: reunião estável ou permanente (que não significa perpétua), para o fim de
perpetração de uma indeterminada série de crimes. A nota da estabilidade ou permanência da
aliança é essencial”10.

Portanto é necessário para a configuração de eventual “organização criminosa” a


conjugação do caráter de estabilidade e permanência da organização com a predisposição à
prática de um número indeterminado de crimes. A reunião de 4 (quatro) ou mais pessoas para a
prática de um único crime, ou mesmo dois, em caráter eventual, não importa no reconhecimento
desse crime.

Nesse sentido diz a jurisprudência:

“TJSP: Quadrilha ou bando. Descaracterização. Associação que teve caráter


transitório. Ausência de permanência e estabilidade da associação criminosa, não
passando de um isolado concurso de agentes. (...) O certo é que o bando ou
quadrilha, como delito autônomo, só se corporifica quando os membros do grupo
formam uma associação organizada e estável, com programas preparados para a
prática de crimes, com a adesão de todos, de modo reiterado” (RT 721/423)

“TJSC: Para a tipificação do delito de quadrilha ou bando, não basta a reunião, de


mais de três pessoas para a execução de um ou mais crimes. Mister que, além desta
reunião, ocorra um vínculo associativo permanente para fins criminosos, uma
predisposição comum de meios para a prática de uma série indeterminada de delitos
e uma contínua violação entre os associados para a concretização de um programa
delinquencial” (JCAT 76/654)

“TJMG: Se a associação se deu para a prática de um crime ocasional e não para a


formação de um grupo permanente, não se concretiza formação de quadrilha” (RT
684/350)

“TJSC: Quadrilha ou bando. Descaracterização. Associação que visava à realização de


um determinado crime. Absolvição com fulcro no art. 386, III, do CPP (...) Não há
falar em crime de quadrilha quando o acordo é realizado para a prática de um só
delito. (...) A associação para cometimento de determinado delito, antes individuado
- ainda que se trate de crime de sequestro - caracteriza apenas mera conduta de co-
delinquência, impunível autonomamente” (RT 725/651).
“TJSC: Crime de quadrilha. Associação destinada ao cometimento de apenas de
apenas um crime. Inconfiguração do delito. Absolvição decretada. Sentença
reformada. Não há falar em crime de quadrilha quando o acordo é realizado para a
prática de um só delito” (JCAT 75/577).
Não há dentro do cartapácio judicial, prova da existência de um vínculo associativo de
caráter estável e permanente com a finalidade de praticar um número indeterminado de crimes.
Tanto o é que o Órgão Ministerial empolgou a instauração da presente ação penal imputando aos
réus a violação de um único dispositivo legal integralizado na descrição típica do art. 332, do
Código Penal.

Dessa forma, não estão presentes os elementos da definição legal para a configuração de
eventual “organização criminosa”, na definição dada pela nova Lei 12.850/2013 primeiro: não há
pluralidade de infrações penais, segundo: não existe prova da união mediante vínculo estável e
duradouro com o fim de praticar infrações penais. Impondo-se a absolviçãoi, nos termos do
art.386 do CPP, como melhor forma de restabelecer o império do Direito, da Lei e da Justiça.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).
Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.).

De forma mais singela, a concepção de crime exige prova absoluta e incontestável de uma
conduta violadora da norma penal que atente de forma significativa e suficiente para repercutir
contra a ordem social ou administrativa. O que vale dizer comprometa de tal forma que exija a
aplicação da pena correspondente.

Conforme a melhor doutrina, para as configurações dos crimes contidos na denúncia,


exige-se uma ação positivada para a realização dos núcleos verbais contidos em suas respectivas
descrições típicas. Sendo assim, a acusação oficial não se desincumbiu do ônus processual de
provar a realização, por parte do acusado, ............................., ora defendente, da conduta descrita
nos tipos penais contidos na denúncia.

Desta forma, as condutas descritas na denúncia tipicamente definidas sob os rótulos de


tráfico de influência e “integrar” organização criminosa, não restaram provadas em nenhum
elemento colacionado durante a persecutio criminis in juditio que pudesse ancorar ou servir de
fundamento para eventual sentença condenatória impondo-se, deste modo, a absolvição do
acusado nos termos do art. 386, VII do Código de Processo Penal.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.
Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil”11

Consoante magistério iluminado do jurista Ricardo Jacobsen Gloeckner:

“A natureza da presunção de inocência é de verdadeiro direito fundamental do


acusado, que significa a não possibilidade de condenação do mesmo se não houver
prova robusta de sua culpabilidade”. 12 (...) “Em nenhum momento processual poderá
imputar-se ao acusado, cargas processuais, diante do princípio da presunção de
inocência. Em caso contrário, uma tese, por exemplo, acerca da negativa de autoria
de um delito, conduziria à necessidade da prova por parte do réu desta
circunstância, como se verifica na jurisprudência majoritária do Brasil. Se tal tese
defensiva não se comprova, a carga processual continua nas mãos do autor”. 13

Arremate-se com a velha e atualíssima lição do esteio mestre da escola penal italiana,
representa pelo insuperável CARRARA, que assim ensina com luminescência:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Na mesma trilha é o brilhante ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 14. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.
No caso em apreço, não existe qualquer prova jurisdicionalizada no sentido de que o
Acusado, ora defendente, tenha praticado os ilícitos penais contidos na exordial acusatória que
possa dar suporte ou servir de alicerce para eventual decreto condenatório, impondo-se sua
absolvição nos termos do art. 386, do CPP, com a nova redação que lhe deu a Lei 11.690/08.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado ........................................, sejam as presentes alegações finais por


memoriais recebidas, vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta,
julgado improcedente a denúncia, nos termos do artigo 386, do Código de Processo Penal,
decretando a absolvição do Acusado/defendente, pois desta forma Vossa Excelência estará, como
de costume, editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da
JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Data

____________

OAB
Recurso - Revisão Criminal - Nulidade Absoluta do Processo - Lei nº
12.850 02/08/2013

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE GOIÁS

Colenda Câmara,

Eminente Relator,

................................., brasileiro, casado, lavrador, residente na Rua ___________, Bairro


______, ________, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no
artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 621 e seguintes do Código de
Processo Penal, interpor o presente recurso de

REVISÃO CRIMINAL

Face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1 Conforme cópia integral da ação penal 9600844763, em apenso, que tramitou pela
primeira vara criminal da comarca de Anápolis-Go., o Recorrente foi denunciado e final
condenado à pena de 12 (doze) anos e 10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida integralmente
no regime fechado, como incurso nas sanções do art. 213 e 214 c/c 69 e 65, I, todos do Código
Penal Brasileiro, cuja sentença condenatória transitou em julgado em dezembro de 1.998 com se
vê nas certidões exaradas as fls. 99 e 103.

2Ao Recorrente, foi nomeado defensor dativo ao tempo de seu interrogatório judicial (fls.
_____), o qual exerceu papel meramente decorativo durante a instrução criminal, não tendo
sequer comparecido a audiência de inquirição de testemunhas (fls. ____), além do que, em suas
alegações finais (fls. ____), promove uma verdadeira barafunda jurídica chegando ao cúmulo de
sustentar que o crime de estupro não estaria configurado uma vez que ausente a prova da
“inexperiência” e “justificável confiança” da vítima, confundindo, assim, os delitos denunciados
“estupro e atentado violento ao pudor” com o crime de sedução. É óbvio que o
Condenado/recorrente esteve indefeso durante todo processado e que houve indisfarçável afronta
a Súmula 523 do STF, devendo ser reconhecida a nulidade absoluta do processo a partir da
nomeação do advogado dativo.

3É de se ressaltar, também, que ocorreu notório cerceamento dos meios defensórios


quando o Juiz presidente do feito as fls. 63, determinou a abertura de vistas dos autos ao
Ministério Público para manifestar acerca das testemunhas faltosas, e, não o fazendo com relação
à defesa, violou a garantia constitucional do tratamento isonômico entre as partes, a ampla
defesa, e, por via de conseqüência o respeito ao princípio do contraditório e do devido processo
legal.

4Por outro lado a sentença abjurada atuou contra legis e à evidência dos autos ao
condenar o Recorrente pela prática do delito de atentado violento ao pudor, que se
eventualmente tivesse ocorrido o coito anal constante da denúncia, haveria de representar mero
ato preparatório do crime de estupro ( prelúdio coiti) devendo ser por este absorvido , e não
concurso material com consta no decisório questionado. A própria vítima ao narrar os fatos
assim se reporta as fls 15;

“A declarante desmaiou e mesmo nesta situação, sentiu muitas dores, pois um dos
rapazes penetrou em seu anus e pouco depois foi virada de bruços e penetrada em
sua vagina”

DO DIREITO

Dos Pressupostos de admissibilidade, legitimidade e fundamentos.

Consoante os entendimentos doutrinários 1 extraídos do art. 621 e seguintes, do Código de


Processo Penal, o pedido revisional tem escopo quando haja sentença criminal condenatória
transitada em julgado (certidão em apenso), e, presente algum dos seguintes fundamentos:

a) violação ao texto expresso da lei;

b) contrariedade à evidência dos autos;

c) sentença fundada em depoimentos, exames ou documento comprovadamente falso;

d) descoberta de novas provas de inocência do condenado ou de circunstâncias que


determine ou autorize a diminuição de sua pena; e

e) configuração de nulidade do processo.

A legitimidade postulatória do Recorrente ressai da própria condição de parte sucumbente


na decisão condenatória atacada, nos termos do art. 623 do CPP.

O presente recurso extremo tem como fundamento a tríplice justificativa, insertas no art
621 do CPP, de ter a sentença condenatória violado o texto expresso da lei, aliada a
contrariedade a evidência das provas contidas nos autos, e, ocorrência de nulidades processuais,
cujos objetivos estão delineados no art. 626 do mesmo Codex, em se julgando procedente a
revisão, Este Egrégio Tribunal haverá como justo alterar a classificação da infração, absolver o
réu, modificar a pena ou anular o processo.

Superados os pressupostos de admissibilidade, e condições de ação insta-se de forma


impreterível o conhecimento do pedido presente revisional.

Na sempre abalizada lição de Eduardo Espínola Filho, a circunstância de, com a revisão
criminal, buscar o reexame de um processo findo, sobre o qual existe sentença definitiva,
passado em julgado, focaliza a necessidade de assentar o fundamento de um instituto que erige
contra a autoridade da coisa julgada, sob o pretexto de haver erro judiciário, injustiça de decisão,
a corrigir,2 viabiliza a pretensão do Recorrente perante Este Egrégio Sodalício.

CONFIGURAÇÃO DE NULIDADES DO PROCESSO

a) Violação da Súmula 523 do STF

O direito de defesa transcende a própria origem da humanidade, porque inato ao próprio


homem, que no dizer de Faustin Helie, não constitui um privilégio, tampouco uma conquista da
humanidade . É um verdadeiro direito originário, contemporâneo do homem e por isso
inalienável.

Discorre Paulo Vicente de Azevedo que “Já nas primeiras páginas da Bíblia, no Velho
Testamento, encontramos esta lição admirável: no primeiro julgamento que se realizou na Terra,
ao réu foi garantido o direito de defesa: Deus não condenou Adão sem ouvi-lo... Sêneca, que
viveu e floresceu três séculos antes de Cristo, deixou, entre outros, este pensamento admirável:
julgar alguém sem ouvi-lo é fazer-lhe injustiça, ainda que a sentença seja justa”. 3

O direito de defesa vem expressamente garantido na Constituição Federal pelo inciso LV, do
art. 5º, que assegura “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral, o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Entende-se com
isso que para a observância desse comando, deve a proteção derivada da cláusula constitucional
exigir que a defesa técnica vez que indeclinável e necessária, se apresente de modo efetivo, pleno
e real, não se contentando que se realize de forma virtual, aparente e decorativa apenas para,
formalmente, atender o disposto no art. 261 do Código de Processo Penal.

O processo penal, numa visão mais moderna e garantidora, constitui-se em verdadeiro


instrumento de auto-limitação do poder de imperium do Estado. Atualmente, inegável é a
influência da corrente italiana, liderada por FERRAJOLI, com a denominada teoria do garantismo
penal. Vale dizer, reforça-se a idéia do uso do Direito Penal como ultima ratio, e mais, dá-se vigor
ao fato de que o imputado, dentro do processo criminal é efetivamente sujeito de direitos,
servindo tal conjunto de atos coordenados com o fim de preservar o legado constitucional de
salvaguarda do status libertatis (com respeito aos direitos fundamentais) como técnica de
bloqueio do arbítrio do Estado (seja o Estado-acusador, seja o Estado-juiz), coagindo este ente à
observância da legalidade estrita. O processo em verdade é garantia da coletividade.

Daí, a conclusão de que a defesa não constitui mera exigência formal dentro do processo
penal, devendo para suprir a exigência da Lei Maior ser efetiva.

Importante, ainda, acompanhar o raciocínio de Paulo Rangel, ao mencionar que a “defesa


técnica efetiva é direito e garantia individual não só em decorrência da própria Constituição,
mas, principalmente, da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica), que foi ratificado pelo Brasil pelo Decreto Legislativo nº 27, de 25/09/92 e que tem
patamar de norma constitucional (cf. art. 5º, § 2º da CRFB)”. 4

Nesses lindes, a efetividade da defesa, entre nós, deveria decorrer de um raciocínio lógico,
de árdua construção doutrinária e jurisprudencial imposta ao longo das décadas, afinal omisso é
o art. 261, CPP... No entanto, com a proximidade da reforma do Caderno Processual Penal,
através dos ataques pontuais (como preferiu a celebrada Comissão), tratamento especial mereceu
a efetividade do direito de defesa.

“Convien decidersi a una riforma fondamentale o rinunciare alla speranza di un serio


progresso”.5

O Projeto de Lei nº 4.204/2001, que rege o Capítulo III do CPP, prevê expressamente, dando
nova disciplina ao art. 261, a efetividade do direito de defesa, nestes termos:

Art. 261 - Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.

Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo,
será sempre exercida através de manifestação fundamentada. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 10.792, de 01.12.2003 - DOU 02.12.2003)

Além disso, consagra com outras alterações a efetividade, alterando o ritual para o
interrogatório do acusado.

Não é suficiente apenas a presença física de um defensor. Imprescindível é a concretização


do comando constitucional da amplitude de defesa, com todos os recursos a ela inerentes. É
dizer, o defensor deve mostrar-se combativo, esgotando os meios plausíveis de impugnação da
acusação, durante todo o desenvolver do processo.

Vale, por derradeiro a lição de GRINOVER :

“A defesa concreta e efetiva é um dos principais requisitos do devido processo legal.


Sem o pleno exercício do direito de defesa, não pode haver processo e muito menos
condenação”.

A inexistência ou deficiência da defesa no processo penal deu origem ao prefalado


enunciado 523 da Corte Excelsa: a defesa virtual; já a não-nomeação de defensor ao réu presente,
que não o tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de vinte e um anos, foi sancionada pelo
legislador com pena de nulidade (cf. art. 564, III, c, CPP).

No caso em apreço a deficiência da defesa dativa e o prejuízo provocado aos interesses do


Recorrente, salta aos olhos, visível até mesmo pelos neófitos e menos afeitos a atividade forenses.
Pois vejamos:

O Defensor nomeado além de não se fazer presente na audiência de inquirição de


testemunhas (fls.61/63), ao tempo do art. 499 do CPP, silenciou acerca de eventuais diligências
que pudessem favorecer a situação do réu.

Em suas alegações finais, a defesa dativa, destoa completamente da versão apresentada


pela defesa pessoal do Acusado, que negou a prática do fato denunciado, quando as fls. 81 chega
a concordar com a pretensão acusatória admitindo implicitamente a autoria criminosa, como se
vê no trecho adiante transcrito in verbis:

“Todavia, não padece dúvida, sobre a materialidade do fato criminoso, eis que ficou
afirmado o defloramento.
Sabido e ressabido, que o bem jurídico que o artigo 213 protege é a liberdade sexual
da mulher é o direito de dispor o corpo, é a tutela do critério de eleição sexual de que
goza na sociedade. É um direito seu que não desaparece, mesmo quando se dá a uma
vida licenciosa , pois, nesse caso, ainda que mercadejando com o corpo, ela conserva
a faculdade de aceitar ou recusar o que a solicita.”

Às fls. 82, a defesa técnica passa a beira de uma confissão expressa quando afirma:

“É de trivial erudição, quase sempre, testemunhas de vista são impossíveis. O


delinqüente e a vítima procuram lugares desertos, ocasiões favoráveis, longe dos
olhares indiscretos.”

Como se não bastasse a incoerência daquelas desarticuladas alegações finais, a defesa


dativa, passa a confundir de forma imperdoável, os crimes de estupro e atentado violento ao
pudor suscitados na exordial acusatória, com o delito de sedução quando pugna pela absolvição
do Acusado ante a carência de provas da inexperiência e justificável confiança, elementos
típicos do art. 217 do Código Penal que em momento algum do processado foi argüido pela
Acusação.

É do escólio do festejado Fernando de Almeida Pedroso 6 que a defesa técnica não há de


figurar no processo penal como simples fantasia legal, colocada em ângulo sombrio e a título de
mera espectadora. Deve ser efetiva , real, como uma entidade presente. Isso não significa, porém,
deva ser erudita e brilhante, mas não se limite a expressões vagas e de nenhum conteúdo, como
nada a requerer ou aguarda-se justiça ou que chegue ao extremo de, analisando a prova, concluir
deva o réu ser condenado,7 pois nada há para aduzir em seu favor. Ainda que ocorra em última
hipótese, impende-lhe não a sustentação de alegações inverossímeis e absurdas, com o
comprometimento, até, da reputação e cultura de quem exerce, 8 mas fiscalizar a regularidade da
relação processual e trazer à tona as circunstâncias favoráveis ao acusado, como verbi gratia , sua
primariedade, a adoção de corrente jurisprudencial, em questões controvertidas, que o favoreça.

Deste modo, se o defensor dativo se limita a concordar platonicamente com a pretensão


acusatória imperioso que se proclame a nulidade absoluta do processo, consoante entendimento
esposado pelos seguintes arestos:

“O STF tem proclamado, em diversos e luminosos arestos, que a amplitude da defesa


não se satisfaz com a mera observância das respectivas formalidades extrínsecas; mas
através de efetiva atividade defensória...” (trecho do acórdão relatado pelo Juiz
Francis Davis, no HC 69.640, da Capital, TACrimSP na RT 498/298-299).

“O processo penal, pela relevância do interesse que nele está em jogo, a liberdade do
acusado, pelas gravíssimas consequências que acarreta uma decisão condenatória,
não pode se satisfazer com uma simples aparência de defesa. Esta deve ser real,
concreta, efetiva, atuante e combativa, pouco importando a condição sócio-
econômica do acusado ou, mesmo, a natureza do delito” (RT 519/383).

“No processo penal, quando a defesa é de tal modo omissa e deficiente, em condições
que não asseguram o mínimo de diligência e de iniciativa, incorrendo em prejuízo do
interesse processual do acusado, a situação deve ser equiparada à falta de defesa,
com a consequente nulidade absoluta, nos termos da Súmula 523” (RT 542/438 e
JTACrimSP 60/366).

A atuação da defensoria dativa foi tão perniciosa aos interesses da defesa do Recorrente,
que se sucumbiu diante de uma condenação cuja pena foi extremamente exacerbada, sem,
contudo empolgar recurso de Apelação, deixando o destino do réu à deriva e indefeso. Portanto,
Excelências, deve a presente preliminar de nulidade ser reconhecida com a decretação da
nulidade do processo a partir da nomeação do advogado dativo às fls. 52.

b) Cerceamento de defesa por desobediência ao art. 405 do CPP.

Tanto a Jurisprudência hodierna, quanto a doutrina dominante esposa o entendimento de


que a falta de intimação do defensor, parar manifestar acerca das testemunhas não encontradas,
constitui notório cerceamento de defesa acarretando a nulidade do processo em obediência ao
comendo normativo inserto nos arts. 405 e 564, III, do Código de Processo Penal.

No caso em pauta, o juiz presidente do feito, deu por encerrada a instrução criminal sem
que a defesa fosse instada a manifestar acerca da testemunha faltosa arrolada na defesa prévia,
fazendo-o tão somente com relação ao Ministério Público, com isso inquinando de nulidade o
processo afrontando assim, a garantia constitucional da ampla defesa, do contraditório e do
devido processo legal.

Em recente julgado o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, em consonância com a


jurisprudência de ponta, que o prazo que a lei confere ao acusado para substituir testemunhas
arroladas pela defesa e que não foram encontradas pelo oficial de justiça. Sua omissão ou
redução acarreta a nulidade do processo, nos termos do art. 564, III, e, do Código de Processo
Penal, pouco importando esteja o processo prestes a alcançar o lapso prescricional. 9

Na lição de Eduardo Spínola Filho, proclama “por isso em nosso juízo, nunca satisfizemos
coma certidão do oficial de justiça , participando o insucesso de sua diligência ; fazíamos intima
r a parte interessada a esclarecer o destino da sua testemunha, cuja localização , também,
pedíamos a polícia”.10.

É pacífico o entendimento jurisprudencial as testemunhas de defesa que não forem


encontradas, deve o juiz conceder ao Acusado o direito de, no prazo de três dias, indicar outras
em substituição sob pena de acarretar a nulidade do processo.

No presente caso, o Juiz ao determinar o prosseguimento do processo, sem que a defesa


fosse intimada para substituir a testemunha não encontrada, violou a garantia constitucional da
ampla defesa e provocou a nulidade do feito, pelo que deve Este Egrégio Tribunal, reconhecer
através do presente pedido revisional.
EX POSITIS,

Espera o Recorrente seja o presente recurso de Revisão Criminal conhecido, vez que
próprio à espécie, preenchidos todos requisitos legais e pressupostos de legitimidade e
admissibilidade, final dado provimento pelos fatos, razões e fundamentos que o sustentam, pois
desta forma este Egrégio Sodalício estará, como de costume, editando decisão amparada nos mais
elevados e lídimos princípios da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Termos em que pede e espera deferimento.

Data.

____________________

OAB
Alegações Finais por Memorial - Sonegação de Verba
Previdenciária - Responsabilidade Objetiva

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 5ª VARA CRIMINAL DA SEÇÃO DE _____

PROTOCOLO
Alegações Finais por Memorial

..............................., já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via


de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência , tempestivamente, nos termos do artigo 403, § 3º, do CPP,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

O Órgão Ministerial editou denúncia em desfavor do Acusado, ora defendente, se


propondo em provar durante o persecutio criminis in judicio a autoria do delito previsto no art.
337-A, incisos I e II, c/c art. 71, ambos do Código Penal, nos seguintes termos in verbis:

“Consta dos inclusos autos inquisitoriais que o denunciado, na qualidade de sócio-


gerente (Contrato Social - fls.90/105) e, portanto, responsável pela gestão e
administração da pessoa jurídica denominada ...................., ..................., CNPJ
nº ..........., estabelecida na Rodovia BR ....., Km ...., nº ....., Setor Aeroporto,
Anápolis/GO, omitiu de folha de pagamento da indigitada empresa, remunerações
pagas a segurados contribuintes individuais (trabalhadores autônomos), no período
de maio de 1996 a junho de 2000, fato este que importou um prejuízo de R$
99.841,91 (noventa e nove mil, oitocentos e quarenta e um reais e noventa e um
centavos) ao Instituto Nacional do Seguro Social, consoante a NFLD de nº .........

Consta, outrossim, que o denunciado, no período de fevereiro de 1996 a agosto de


1997, deixou de lançar mensalmente na contabilidade da empresa, e também na
forma de pagamento, remunerações pagas a segurados, a título de horas extras, ato
que totalizou um dano de R$ 174.676,38 (cento e setenta e quatro mil, seiscentos e
setenta e seis reais e trinta e oito centavos), à indigitada autarquia previdenciária
conforme se extrai da NFLD de nº ..............

Os fatos foram constatados em fiscalização efetivada na referida empresa pela


Divisão de Arrecadação e Fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
o que motivou a lavratura das retromencionadas Notificações Fiscais de Lançamentos
de Débitos.”

A Ação Penal foi instaurada em razão de suposta sonegação de contribuição previdenciária


constante da NFLD .......... e .......... acostadas às fls. 108 e 220 dos autos em apenso, tendo sido
declarada a extinção da punibilidade com relação ao débito relativo à NFLD .......... em função da
liquidação da dívida, prosseguindo o feito tão somente em relação à NFLD 35...........

Durante a instrução criminal, foram ouvidas duas testemunhas arroladas pela acusação, às
fls. 143/144, e uma testemunhas arrolada pela defesa, às fls. 208.

Inobstante a existência da pendência do débito previdenciário ut retro mencionado, da


empresa .............., ..........., da qual o Acusado era sócio proprietário, conforme contrato social de
fls.92/107, os serviços de contabilidade eram exercidos por departamento autônomo cuja
responsabilidade pelos lançamentos contábeis referentes à remuneração, recolhimento de
impostos e tributos estava fora do conhecimento e vigilância por parte do Acusado, embora fosse
administrador da empresa, porém nunca deteve conhecimento acerca de escritas fiscais, que
pudesse viabilizar irregularidades naquele departamento.

Em suas alegações finais de fls. 261/267, o órgão ministerial, tergiversa e distorce a


realidade quando afirma que a responsabilidade penal é evidente e recai de forma incontestável
sobre o sócio gerente ________, sustentando sua alegativa nos termos do contrato social de fls.
92/107 dos autos em apenso e em depoimentos dos demais sócios ouvidos no Inquérito Policial,
às fls. 20,56 e/57, vez que, na verdade, a cláusula quinta do contrato social (fls. 95) dos autos em
apenso, bem como os depoimentos dos demais sócios proprietários em nenhum momento
afirmam que o acusado era responsável pelos lançamentos contábeis da empresa, e, sim, que o
mesmo era exercia a administração da mesma.

No interrogatório judicial, ao responder “sim” ao ser indagado se é verdadeira a imputação


que lhe é feita, o acusado se referiu à existência dos débitos fiscais referentes às duas NFLD’s, ou
seja, do fato é verdadeiro, não querendo com isso implicitamente admitir a prática do ilícito
penal contido na denúncia, cujo ônus probatório da autoria incumbe à Acusação Oficial.

Desse modo, a autoria do fato não restou provada por nenhum elemento de convicção
produzido durante o persecutio criminis in juditio. Nesse particular, convém destacar que uma
coisa é dirigir e ficar responsável pelos pagamento dos encargos da empresa e outra é executar os
lançamentos contábeis que demandam conhecimento técnico para tal mister. Não existe também,
em todo o processado, nenhuma prova de que o acusado tenha determinado à sua sessão de
contabilidade a sonegação da verba tributária objeto da NFLD ...........

Em que pese a existência de débito previdenciário, a empresa gerida pelo Acusado sempre
honrou seus compromissos trabalhistas, tributários e previdenciários, exercendo relevante papel
dentro da sociedade anapolina, gerando significativa receita para os erários federal, estadual e
municipal, sendo responsável pela implementação de mais de 500 (quinhentos) empregos
diretos.
DO DIREITO

“Um culpado punido


É exemplo para os delinquentes,
Um inocente condenado
Preocupação para todo homem de bem.”
(La Bruyere)

A denúncia imputa ao acusado a prática de sonegação de contribuição previdenciária


inserto na norma incriminadora do art. 337-A, incisos I e II, do Código Penal que edita:

Código Penal

“Sonegação de contribuição previdenciária

Art. 337-A - Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer


acessório, mediante as seguintes condutas: (Artigo 337-A acrescentado pela Lei nº
9.983, de 14.07.2000 - DOU 17.07.2000. (Obs.: Esta Lei entrou em vigor noventa dias
após a data de sua publicação).

I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações


previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços;

II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa


as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de serviços;”

Verifica-se que a NFLD .........., refere irregularidades contáveis ocorridas no período de


fevereiro de 1996 a agosto de 1997, período em que vigia a Lei nº 8.137/90, que definia os crimes
contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo que enumerava, em seu
art. 1º, os crimes daquela natureza, descrevendo em seus cinco incisos a tipificação dos referidos
delitos.

Com o advento da Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, que introduziu, no Código Penal, o
art. 337-A, cujo caput veicula descrição de conduta similar àquela anteriormente tipificada no
art. 1º, caput, da Lei nº 8.137/90, ou seja, a evasão tributária mediante fraude que recebe a
denominação vulgar de “Sonegação Fiscal”.

Porém, o tipo descrito no art. 337-A, caput, é especial em relação ao art. 1º, caput, da Lei
8.137/90, pois, além de indicar a elementar “contribuição social previdenciária”, delimitando a
natureza jurídica do objeto material sobre o qual recai a conduta nuclear do tipo, prevê (em seus
incisos) de forma específica, as condutas instrumentais mediante as quais o agente deve realizar
a fraude por intermédio da qual viabilizará o resultado (evasão tributária).

É assente o entendimento doutrinário de que o sujeito ativo do delito em questão é a pessoa


que pratica comportamento descrito na lei penal (tipo) ou possui o domínio do fato
determinando explicitamente explícita e diretamente a execução do ilícito penal.
Devido às características da atividade econômica no âmbito empresarial, geralmente a
prática dos atos que implicam a ocorrência de fatos imponíveis de gravames tributários é de
responsabilidade dos encarregados pelos lançamentos contábeis (responsabilidade penal
pessoal), cuja função é executada pelo contador da empresa ou encarregado pelo departamento
de contabilidade.

Atribuir a responsabilidade pela supressão, omissão ou redução de contribuição


previdenciária ao sócio proprietário é desvirtuar o ordenamento jurídico adotado pela legislação
pátria cuja responsabilidade penal é pessoal não vigorando a perniciosa teoria da
responsabilidade objetiva. Daí a impossibilidade de responsabilizar penalmente o sócio da
empresa por ato praticado por terceira pessoa.

No caso vertente, não foi objeto de levantamento durante o ato fiscalizatório contido nos
autos em apenso, quem seria o responsável pela contabilidade da empresa da qual o acusado era,
por ocasião dos fatos, sócio proprietário pelo que se deduz que a autoria do fato contido na
denúncia ficou pendente de comprovação, impondo-se a aplicação do non liquet, com sua
conseqüente absolvição.

Recentemente, O STJ, no informativo 493, a Sexta turma do STJ, em decisão louvável, de


relatoria da Ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, afastou a incidência do “princípio”
do in dubio pro societate.

Esse malfadado expediente – que muitos chamam de princípio, mas que, em verdade, não
passa de uma deturpação das efetivas garantias constitucionalmente previstas – é aceito pela
jurisprudência na fase inicial do processo, determinando que o Magistrado, na dúvida, receba a
exordial acusatória. Em outros termos, a utilização desse expediente determinava que fossem
recebidas denúncias e inauguradas ações penais em desfavor de acusados sem que se houvesse
delimitação concreta da autoria, e, sobretudo, sem que o órgão Ministerial realizasse uma
individualização das condutas de cada acusado.

Assim, presente a materialidade de um crime, sujeitos poderiam ser acusados, responder


um processo crime em seu desfavor, sem que soubessem, previamente, qual a parcela de
responsabilidade que lhe era imputada naquele caso concreto. Esse expediente é facilmente
verificável nos crimes societários, nos quais a mera condição de sócio faz presumir a autoria, de
sorte que qualquer modificação de entendimento deveria ser provada no curso da ação penal.

A fundamentação para esse “princípio” é a de que, na fase inicial do processo, “não seria
razoável exigir que o MP descrevesse de forma minuciosa os atos atribuídos a cada um dos
denunciados, sob pena de adentrar-se num cipoal fático” (Trecho da ementa do Inq. 2471, STF,
noticiado no informativo 642).

No caso em apreço, já suplantada a fase de recebimento da denúncia, se torna oportuno o


questionamento e a exigência de prova da conduta apontada na inaugural acusatória, de forma
minuciosa, para dar como certa e inquestionável a autoria do crime previdenciário, em comento.

Nossa jurisprudência hodierna de teto tem sufragado o entendimento de que não se pode
presumir a responsabilidade penal, devendo o órgão de acusação demonstrar de forma
inequívoca o liame subjetivo entre a conduta criminosa e o acusado, principalmente nos crimes
societários, conforme remansosa jurisprudência formada no STJ:

“Não se presume responsabilidade penal; a denúncia deve demonstrar a existência


de algum vínculo subjetivo ou objetivo, entre a conduta criminosa e o agente.” 1
“PENAL - Recurso Especial - Descaminho - Configuração - Tipo Subjetivo - Ônus
Probandi.

I - O delito de descaminho, no tipo subjetivo, exige o dolo de iludir o pagamento do


tributo devido, não podendo tal situação ser desprezada confundindo-a com matéria
de interesse extrapenal ou, o que seria pior, aceitando eventual responsabilidade
objetiva (precedentes).

II - Ainda, na maioria das vezes, conforme dicção da doutrina, o dolo vem a ser
demonstrado com o auxílio de raciocínio, tal não se confunde com mera presunção
que possa excepcionar o disposto no art. 156 do CPP. Recurso desprovido”. 2

“HABEAS CORPUS - Crime contra a ordem tributária e sonegação fiscal -


Responsabilidade Penal Objetiva - princípio nullum crimem sine culpa -
Trancamento da Ação Penal.

1 - Desprovida de vontade real, nos crimes em que figure como sujeito ativo da
conduta típica, a responsabilidade penal somente pode ser atribuída ao Homem,
pessoa física, que como órgão da pessoa jurídica, a presentifique na ação qualificada
como criminosa, ou concorra para sua prática;

2 - Em sendo fundamento para a determinação ou a definição dos destinatários da


acusação, não há prova da prática ou da participação da ou na ação criminosa, mas
apenas a posição dos pacientes na pessoa jurídica, faz-se definitiva a ofensa ao
estatuto da validade da denúncia (CPP, art. 41), consistente na ausência da
obrigatória descrição da conduta de autor ou de partícipe dos imputados.

3 - Denúncia inepta à luz dos próprios fundamentos.

4 - Habeas Corpus concedido para trancamento da ação penal”. 3

Nesse diapasão, muito embora o Acusado, ora Defendente, por ocasião dos fatos descritos
na denúncia, era sócio proprietário da empresa autuada pela NFLD .........., pelo conjunto
probatório carreado para os autos, não restou demonstrada a descrição de eventual conduta
caracterizadora de sua responsabilidade penal pela sonegação da verba previdenciária, objeto da
presente Ação Penal, o que impõe sua pronta absolvição.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.).
De forma mais singela, a concepção de crime exige prova de uma conduta violadora da
norma penal que atente de forma significativa e suficiente para repercutir contra a ordem social
ou administrativa. O que vale dizer comprometa de tal forma que exija a aplicação da pena
correspondente.

Conforme a melhor doutrina toda conduta criminosa exige um uma ação positivada na
realização de um tipo penal, ativa ou omissiva, o que resta dizer que nosso ordenamento jurídico
não contempla nem adota a teoria da responsabilidade objetiva, vez que o fato das
irregularidades nos lançamentos contábeis foram perpetrados pelos responsáveis do
departamento de contabilidade da empresa, estando fora da ação gerencial do Acusado.

Conforme a melhor doutrina, para a configuração do crime de sonegação de contribuição


previdenciária consistente em “omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de
informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;”, II -
deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços”
demanda comprovação sob o manto do contraditório, de conduta subsumível no tipo, a qual
somente pode ser atribuída a quem exerça atividade profissional de contabilista.

Desta forma, a autoria do fato criminoso descrito na denúncia, não restou provada em
nenhum elemento de convicção colacionado durante a persecutio criminis in juditio, com o
condão de ancorar ou servir de fundamento para eventual sentença condenatória impondo-se,
deste modo, a absolvição do Acusado nos termos do art. 386, VII do Código de Processo Penal.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime, suas circunstância e autoria, cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a
absolvição torna-se imperativo de ordem pública.

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova da autoria direta dos fatos
alegados na denúncia, e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, situação
inaceitável no processo penal, onde a condenação exige a certeza inabalável da culpabilidade do
réu, ou o nexo causal de sua conduta com o resultado finalístico a dispositivo penal
supostamente violado.

Conforme nossa melhor doutrina e jurisprudência dominante, no direito penal da culpa


não há espaço jurídico para a presunção de culpabilidade. O ônus processual da prova pertence
à acusação e não ao sujeito defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas
desculpas, vez que o que impera é a tutela do silencio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.

No caso em tela, há um fato provado - único - nos autos : A EMPRESA


“_________________________,TRANSPORTE E _______________.DEIXOU DE INCLUIR NAS
FOLHAS DE PAGAMENTOS +REMUNERAÇÕES PAGA A FUNCIONÁRIOS..”, o que por si só,
não tem o condão de dar como certa a autoria do crime de sonegação de contribuição
previdenciária estampado na denúncia, em detrimento da pessoa do Acusado _____________.

É correto afirmar que o NULLUM CRIMEN SINE ACTIO seja o reitor do direito penal. E o
agente ativo da conduta fática só pode ser punido por fato cuja autoria restasse provada estreme
de dúvida. Jamais pela presunção da culpabilidade, assim sendo a absolvição do acusado
__________________________, se impõe diante da fragilidade da prova coligida nos autos, no que
pertine a autoria do fato narrado na denúncia.

O Órgão Ministerial, em suas perfunctórias alegações finais de fls. 261/297, sustenta sua
pretensão condenatória referente a autoria do fato, exclusivamente, aportado em deduções e
elementos existentes na esfera administrativa do inquérito policial, Porém, impera o
entendimento doutrinário e jurisprudencial de que quando existe a participação imediata e
direta da própria autoridade policial, na produção da prova, o caráter inquisitivo, que tem a
persecução administrativa, torna imprescindível a judicialização ulterior do ato probatório para
que a instrução ali contida se apresente com o valor de prova, e seja utilizado como elemento na
formação da convicção judicial, no momento de decidir a causa penal.

Verifica-se, assim, que a prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação
(inquérito policial) e a instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao
julgamento final da pretensão punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do
processo, fornece ao julgador os dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser
julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”. 4

“O inquérito policial está, por definição, arredio aos preceitos constitucionais de


amplitude de defesa e de instrução contraditória. Bem por isso é elementar na
jurisprudência que a prova do inquérito, como a generalidade das provas
extrajudiciais ou extrajudicialiformes, só produz efeito no pretório quando neste fica
atestada a veracidade do seu teor ou, ao menos, a conformidade deste remanescente
do conjunto probante útil”.5

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível, por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório e da ampla defesa,
fazendo-se dele tabula rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” 6

“ O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o


exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.”7
“Prova - Inquérito policial - Insuficiência à condenação - Voto vencido.
- As provas constantes de inquérito policial não bastam, por si só, à prolação de
decreto condenatório8

“Prova - Inquérito policial - Insuficiência à condenação.


- O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o
exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.”9

“ Prova - Inquérito policial - Insuficiêneia à condenação.


- Prova colhida somente em inquérito policial não basta, por si só, para embasar
decreto condenatório”10

“Prova - Conjecturas ou probabilidades - Insuficiência à condenação.


- O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabilidades. Sem certeza total e
plena da autoria e da culpabilidade, não pode o Juiz criminal proferir condenação” 11

“Sem que exista no processo uma prova esclarecedora da responsabilidade do réu,


sua absolvição se impõe, eis que a dúvida autoriza a declaração do “non liquet”, nos
termos do artigo 386, inciso VI, do Código do Processo Penal.” 12

“Prova - Inquérito Policial - Insuficiência à condenação.


- As provas colhidas em inquérito policial, por si só, não bastam à prolação de
decreto condenatório”13

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil”14

Consoante relatado, Ricardo Jacobsen Gloeckner, acentua que:

“A natureza da presunção de inocência é de verdadeiro direito fundamental do


acusado, que significa a não possibilidade de condenação do mesmo se não houver
prova robusta de sua culpabilidade”. 15 (...) “Em nenhum momento processual poderá
imputar-se ao acusado, cargas processuais, diante do princípio da presunção de
inocência. Em caso contrário, uma tese, por exemplo, acerca da negativa de autoria
de um delito, conduziria à necessidade da prova por parte do réu desta
circunstância, como se verifica na jurisprudência majoritária do Brasil. Se tal tese
defensiva não se comprova, a carga processual continua nas mãos do autor”. 16

Arremate-se com a velha e atualíssima lição do esteio mestre da escola penal italiana,
representa pelo insuperável CARRARA, que assim ensina com luminescência:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza
algébrica. Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o
processo na precisão morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar
ainda: a verdade sempre desativada de dúvidas”.

Na mesma trilha é o iluminado ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 17. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.
No caso em apreço, não existe qualquer prova jurisdicionalizada de que o acusado tenha
motu próprio ou determinado a sonegação da contribuição previdenciária levantada na
NFLD ............., não havendo qualquer suporte probatório jurisdicionalizado,para servir de
alicerce para eventual decreto condenatório, impondo-se sua absolvição nos termos do art. 386,
do CPP, com a nova redação que lhe deu a Lei nº 11.690/08.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado ................................, sejam as presentes alegações finais por memorial


recebidas, vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta, julgado
improcedente a denúncia, nos termos do artigo 386, do Código de Processo Penal, decretando a
absolvição do Acusado/defendente, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de costume
editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e data

____________________

OAB
Alegação Final Por Memorial - Estupro de Vulnerável - Hiperemia
Vulvar - Condição de Padrasto - Exclusão de Majorante

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DE _____

Ação Penal ............. (.............)

Alegações Finais por Memorial

............................, já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de seus


defensores in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do parágrafo 3º do artigo 403, do
CPP, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS


O Órgão Ministerial editou denúncia de fls. 02/04, em desfavor do Acusado, ora
defendente, se propondo a provar durante o persecutio criminis in judicio a materialidade e
autoria do delito previsto no art. 217-A, c/c art. 226, II, ambos do Código Penal, sugerindo
hipoteticamente a ocorrência da conduta delituosa consistente na prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos, nos seguintes termos in summa:

“Segundo apurado, o denunciado mantém união estável com a senhora .............,


genitora da criança .............. No dia dos fatos, ............. e o denunciado retornaram
para casa, ocasião em que ............. foi trocar as fraldas da filha e preparar sua
mamadeira. Nesse instante, o denunciado se ofereceu para ajudar ............. e afirmou
que poderia passar um lenço umedecido na genitália da criança. Em razão da
confiança existente entre o casal, ............. aceitou a ajuda do denunciado e foi
preparar a mamadeira da criança.

Todavia, o denunciado aproveitou o momento em que estava sozinho com .............e


introduziu um dedo na vagina da criança. ............. apresentou sangramento na
vagina, o que levou ............. a descobrir os fatos. ............. questionou os fatos ao
denunciado, que se irritou e saiu de casa, após entrarem em vias de fato.
No dia seguinte, ............. levou a filha ao Hospital Municipal e de lá foi encaminhada
para o Conselho Tutelar. O Relatório Médico acostado aos autos indica a presença de
lesões na genitália de ............., dentre elas: rotura himenal.

A polícia foi acionada e efetuou a prisão do denunciado conduzindo-o à Delegacia.”

Durante a instrução criminal foram ouvidas as testemunhas ............., (mídia fls.


205) ............. e o ............., arroladas na denúncia, bem
como ............., ............., ............., ............., ............., ............., e ............., conforme mídias
apensadas as fls. 162, 182 e 205.

As testemunhas arroladas pela de defesa foram unânimes ao afirmar que o Acusado era
zeloso, cuidadoso e responsável no trato para com a criança, tratando-a como verdadeira filha, ao
passo que a mãe (.............) era desleixada, negligente e desatenciosa pouco se preocupando com
a segurança e cuidados para com a infante.

Em seu depoimento, ............. afirmou que, no momento em que o Acusado percebeu o


sangramento na genitália de ............., de pronto teve a iniciativa de levá-la ao hospital conforme
depoimento de ............. (mídia de fls. 205, 12’56"), porém, não foi atendido, sendo que, somente
no dia seguinte, a desidiosa mãe da suposta vítima procurou atendimento médico, demonstrando
descaso para com a saúde da própria filha, confirmando a versão apresentada pelas testemunhas
ouvidas em juízo neste sentido. A iniciativa do Acusado em providenciar atendimento médico
à ............. demonstra claramente que o mesmo ficou surpreendido e preocupado com o
sangramento, por ele constatado, conduta incompatível com aqueles que praticam ato criminoso
de tamanha relevância.

A séria preocupação com o estado de saúde de ............., por parte do Acusado, fica patente
em depoimento de sua patroa à época dos fatos, Sra. ............., que em juízo noticiou que o
mesmo, no dia seguinte ao fato, logo pela manhã, a procurou indagando se era normal crianças
apresentarem sangramento vaginal, sendo percebido pela interlocutora que o Acusado assim
procedeu com semblante de quem realmente estava preocupado com a saúde de ..............

É de se observar, conforme consta do prontuário médico de fls. 174, no momento


que ............. foi atendida no Hospital Municipal de Anápolis, ............. informou à médica
atendente:”Refere queda há 1 dia às 14:00h (mãe não estava junto)”; (Grifo nosso), o que
demonstra que, conforme relatado pelas testemunhas arroladas pela defesa, a mãe sempre
deixava a filha com estranhos. Neste ponto, a testemunha ............., aos 4’16"/5’58" de seu
depoimento em juízo, (mídia de Fls.205), confirma que era usual, por parte de ............., deixar a
filha aos cuidados de outras pessoas, versão também confirmada pela testemunha .............
(1’34"/1’55").

A genitora de .............demonstra em juízo, em seu depoimento, sua total confiança na


pessoa do réu, informando que este jamais havia tido ou manifestado qualquer comportamento
desrespeitoso em relação à sua pessoa e de sua filha, sendo que, inclusive, a testemunha .............
(4’30"/5’42") informou que a mesma já houvera deixado a filha em seu carrinho de bebê no
serviço do Acusado para que este cuidasse da mesma.

Conforme documentação acostada aos autos (Fls. 204), e depoimentos constantes dos
autos, informa que a vítima já fora hospitalizada por diversas vezes, tendo, em uma das ocasiões,
caído de um sofá onde fora deixada sem vigilância pela mãe, e fraturado o ombro, o que
confirma a falta de zelo e preocupação da mãe para com a filha.
Com relação à prova da autoria do fato, os elementos de convicção coligidos para os autos
são insuficientes para apontar o acusado como provocador das lesões descritas no laudo pericial
de fls. 52/53, mormente quando a testemunha ............. reporta em juízo que no dia posterior a
prisão do Réu, ............. procurou uma senhora de nome “Cida” questionando acerca de quem
teria adentrado em sua residência e lesionado sua filha, pois seu marido (o Réu) estava preso por
um fato que não praticara (mídia de fls. 205, 4’14"/5’60").

Fazendo um confronto das declarações da mãe de ............. com as lesões descritas no laudo
de conjunção carnal de fls. 52/53, verifica-se que seria impossível, mediante uma ação rápida,
conforme descrito na denúncia, ocorrer a “hiperemia vulvar” que demandaria a provocação de
atrito ou pressão prolongada nos tecidos da mucosa vaginal para sua ocorrência.

Se não, vejamos:

Nas declarações de ______ (mídia de fls. 205, 6’32"/6’43") “foi muito rápido, eu tava... ora
que eu coloquei o leite na mamadeira, coloquei no microondas, ela já gritou...” . Como se vê, o
fato conforme relatado pela mãe de __________, ocorreu em frações de segundos, tempo
insuficiente para provocar “hiperemia vulvar” ou até mesmo “edema” na região genital.

Conceitualmente, a “hiperemia” é o aumento da quantidade de sangue circulante em


determinado local, provocando vermelhidão (heritema) na área afetada pelo acúmulo de sangue
venoso. Este fenômeno decorre da redução da drenagem venosa, que provoca distenção das veias
distais, vênulas e capilares; por isso mesmo, a região comprometida adquire a coloração
vermelho vivo, devido à alta concentração de hemoglobina desoxigenada. 1

Deste modo, na ação repentina e rápida supostamente atribuída ao acusado, do ponto de


vista médico-científico, seria impossível provocar as lesões de “hiperemia” e “edemas” na vulva
da pretensa vítima, vez que este tipo de lesão, conforme já dito, demandaria um contato mais
prolongado, tipo pressão ou atrito no tecido lesionado.

Não foi produzida qualquer prova em juízo que possa sustentar pretensão ministerial
deduzida na exordial acusatória, uma vez que a testemunha arrolada pela acusação, tia da
vítima, ............., trouxe a lume apenas que houve a lesão, não sabendo-se quem fora seu autor,
tendo em vista que a mesma sequer presenciou os fatos, e não trouxe à baila qualquer
comportamento anterior do Acusado que possa levar a crer ser o autor das supracitadas lesões.

O enfoque dado pela defesa, com relação à forma relapsa que ________ tratava sua filha,
não se trata de campanha de caráter difamatório para denegrir sua imagem, mas sim objetiva dar
ao juízo uma dimensão da forma irresponsável com que portava-se na qualidade de mãe, que
poderia ter propiciado a ocorrência das lesões descrita no laudo de fls. 52/53, principalmente
diante do fato de que em nenhum momento de seu depoimento prestado no Auto de Prisão em
Flagrante (fls. 10/11), na narrativa do prontuário médico (fls. 174), bem como nas declarações
prestadas em juízo (fls. 205), há a afirmação de que tenha presenciado o suposto ato libidinoso
eventualmente praticado pelo Acusado na forma sustentada pela Acusação Oficial.

O Órgão Ministerial em suas alegações finais de fls. 207/211, alicerça sua pretensão
condenatória na versão de Danielle, que declara não ter visto e sim presumido a conduta
atribuída ao acusado, e nos depoimentos de ............. e ............., que declararam nada saberem
acerca de como os fatos ocorreram, o que vale dizer que a parte da acusação oficial não se
desincumbiu do ônus processual de provar o fato com todas as circunstâncias e a autoria da
ocorrência do ilícito penal constante na denúncia. O que impõe a decretação da absolvição do
réu como forma de fazer a devida Justiça.
O que se tem nos autos é a prova inequívoca de lesões na genitália da infante que pela sua
sede presumir-se-ia serem provocadas por suposto ato libidinoso, porém a autoria das lesões não
restou demonstrada de forma cabal e incontroversa, tendo o Ministério Público alicerçado sua
pretensão condenatória no terreno movediço das presunções e conjecturas, situação inconcebível
no Estado Democrático de Direito que é o esteio mestre do Direito Penal do fato.

DO DIREITO

“O peso da dúvida é insuportável às mentes honestas -


especialmente naquelas que tem o dever de
julgar o seu semelhante.”
(Morris West)
A denúncia imputa ao Acusado a suposta violação do art. 217-A do CP, cujo ilícito recebe o
título de estupro de vulnerável, consistente em “ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”; cujo tutela penal se estende à proteção de pessoas,
no campo sexual, incapazes de externar consentimento válido ou que por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem necessário discernimento para a prática de atos sexuais.

O elemento subjetivo do tipo penal em comento é o dolo específico, consistente na vontade


livre e consciente do agente do fato em satisfazer sua lascívia e concupiscência.

Conforme a doutrina dominante, a denúncia, como porta de entrada do processo penal,


traduz uma hipótese sugerida pelo Ministério Público diante de um fato tido como violador da
norma penal substantiva, se comprometendo a provar o fato e sua autoria durante o
desenvolvimento da instrução criminal sob o manto da garantia constitucional do contraditório,
prevista no inciso LV, do art. 5º da Constituição Federal.

Ensina o ilustre Desembargador gaúcho Amilton Bueno de Carvalho que “o judiciário


penal não pode ser conivente com prova insegura, frágil, desleixada, pena de ser autofágico -
destruir a razão pela qual existe: garantir ao cidadão que não irá a presídio ‘sem a certeza
razoável a respeito da autoria do crime’ (Adauto Soanes, “Os Fundamentos Éticos do Devido
Processo Penal)’ (RT, 1999, p. 131).”2

No caso em apreço, evidenciadas pelo laudo pericial de fls. 52/53, a presença de lesões na
genitália da pretensa vítima, competia ao Órgão de Acusação Oficial trazer a juízo prova
inequívoca da autoria do fato, ônus processual não suprido pelo parquet, que erigiu seu pedido
de condenação baseado exclusivamente em conjecturas e presunções, situação inaceitável no
processo penal, onde a condenação exige a certeza inabalável da culpabilidade do réu.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública.

Conforme nossa melhor doutrina e jurisprudência dominante, no direito penal da culpa


não há espaço jurídico para a presunção de culpabilidade. O ônus processual da prova pertence
à acusação e não ao sujeito defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas
desculpas, vez que o que impera é a tutela do silencio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.
Do magistério de Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró:

“No processo penal condenatório o acusado não tem qualquer ônus probatório,
porque a regra constitucional da presunção de inocência assegura que qualquer
dúvida sobre fato relevante deve ser resolvida em favor do acusado. Não há para o
acusado, seque, o ônus de gerar dúvida sobre a ocorrência dos fatos que lhes sejam
favoráveis, tendo em vista que tal posição equivale a afirmar que, para a condenação,
o Ministério Público tem o ônus levar ao juiz a certeza da ocorrência de tais fatos.” 3

É correto afirmar que o NULLUM CRIMEN SINE ACTIO seja o reitor do direito penal. E o
agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato existente na realidade. Jamais pela
presunção, assim sendo a absolvição do acusado .........................., se impõe diante da fragilidade
da prova coligida nos autos, no que pertine a autoria do fato delituoso narrado na denúncia.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil”4

Consoante magistério iluminado do jurista Ricardo Jacobsen Gloeckner:

“A natureza da presunção de inocência é de verdadeiro direito fundamental do


acusado, que significa a não possibilidade de condenação do mesmo se não houver
prova robusta de sua culpabilidade”. 5 (...) “Em nenhum momento processual poderá
imputar-se ao acusado, cargas processuais, diante do princípio da presunção de
inocência. Em caso contrário, uma tese, por exemplo, acerca da negativa de autoria
de um delito, conduziria à necessidade da prova por parte do réu desta
circunstância, como se verifica na jurisprudência majoritária do Brasil. Se tal tese
defensiva não se comprova, a carga processual continua nas mãos do autor”. 6
Arremate-se com a velha e atualíssima lição do esteio mestre da escola penal italiana,
representa pelo insuperável CARRARA, que assim ensina com luminescência:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Na mesma trilha é o brilhante ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 7. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.

No caso vertente, não existe qualquer prova jurisdicionalizada no sentido de que o


Acusado, ora defendente, tenha praticado o ilícito penal contido na exordial acusatória que possa
dar suporte ou servir de alicerce para eventual decreto condenatório, impondo-se sua absolvição
nos termos do art. 386, do CPP, com a nova redação que lhe deu a Lei nº 11.690/08.

De outro prisma, conforme alinhavado em linhas volvidas, não há coerência com as


declarações da mãe da suposta vítima, que afirma que a ação supostamente atribuída ao acusado
ocorreu de forma extremamente rápida e imediata, em questão de segundos, não coadunando
com as lesões apresentadas no laudo pericial de conjunção carnal de fls. 52/53 que descreve a
presença de edema e hiperemia vulvar.

A hiperemia, que consiste no aumento de sangue dentro dos vasos na região ou território
orgânico por intensificação do aporte sanguíneo ou diminuição do escoamento venoso, para
perdurar durante período longo, necessitaria que o tecido fosse submetido a pressão ou atrito por
tempo prolongado, obstruindo algum vaso sanguíneo, provocando irritação e vermelhidão na
zona afetada, conforme estudos científicos sobre o assunto, 8 ou por patologia infecciosa ou
inflamatória aguda.

Alguns precedentes judiciais de nossos tribunais superiores têm proclamado pela


absolvição do réu por não terem caráter conclusivo de criminalidade a detecção de hiperemia
vulvar na suposta vítima, conforme os seguinte julgado:

Ementa: APELACAO CRIMINAL CRIME DE ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR


ART. 214 DUAS VEZES, ART. 224, ALINEA A E C, ART. 226 , II , NA FORMA DO
ART. 69 , TODOS DO CÓDIGO PENAL PENA FIXADA EM DEFINITIVO 18 ANOS DE
RECLU SÃO ABSOLVICAO LAUDO DE CONJUNCAO CARNAL VITIMA KASTER
HIPEREMIA VULVAR POR SECRECAO DE MA HIGIENE LOCAL AMBOS OS
LAUDOS IMPOSSIBILIDADE DE CONCLUSOES RESISTENCIA DAS PACIENTES
AUSENCIA DE PROVA MATE RIAL INCERTEZA E DUVIDA RECURSO DADO
PROVIMENTO ABSOLVICAO ART. 386 , VI DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL”. 9

Deste modo, restou extremamente duvidoso o momento exato e quem teria provocado as
lesões descritas no laudo pericial de conjunção carnal de fls. 52/53, uma vez que não estão em
harmonia com a narrativa da mãe da suposta vítima, impondo-se, como forma de fazer a devida
Justiça, a decretação do non liquet com a consequente absolvição do Acusado, nos termos do art.
386, IV e VII do CPP.

É entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência que não existe limitação ou restrição


na produção de prova dentro do processo penal, com exceção das provas relativas ao estado das
pessoas, que deverão obedecer às restrições estabelecidas na lei civil, conforme parágrafo único
do art. 155 do CPP. A qualidade da situação de padrasto está condicionada às prescrições ditadas
pelo Código Civil Brasileiro. Assim, considera-se padrasto, para os fins penais, pessoa casada
com a mãe.

O entendimento de nossos superiores pretórios, é de que a lei não comporta interpretação


extensiva, não podendo a majorante prevista no inciso III do art. 226 do CP ser aplicada ao
agente que vive em condição more uxorio, conforme o seguinte julgado:

“Causa específica de aumento de pena, prevista no art. 226, III, do CP, que não é de
ser considerada, na espécie, por não se tratar de agente juridicamente casado, não
sendo lícito assemelhar-se ao mesmo o que vive maritalmente com outra mulher,
visto que a lei penal não comporta interpretação extensiva”. 10

Em conclusão, reitera o Acusado, ora Defendente, que o Ministério Público não trouxe a
colação elementos de convicção robustos relativos à existência do fato criminoso descrito na
denúncia, nem tampouco referente à autoria, impondo-se, via de consequência, a edição de édito
absolutório. Em caso de pensamento divergente, é imperiosa a extirpação da majorante prevista
no inciso III do art. 226 do CPB.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado ............., sejam as presentes alegações finais por memoriais recebidas,
vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta, julgado improcedente a
denúncia, nos termos do artigo 386, do Código de Processo Penal, decretando a absolvição do
Acusado/Defendente, pois desta forma Vossa Excelência estará, como de costume, editando
decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e Data

_____________________

OAB
Desaforamento Criminal – Defesa

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE


_____.

Desaforamento Criminal

Protocolo nº .............

Ilustre Desembargador Relator

Trata-se de pedido de Desaforamento de Julgamento pelo tribunal do Júri, empolgado pela


juíza da 4ª Vara Criminal de Anápolis, alegando in summa que o Pronunciado .........................., é
indivíduo de alta periculosidade, respondendo por dois processos de homicídio “conforme
comentários no meio policial de que a sessão do julgamento pelo Júri não se realizaria, já que
circulavam boatos de que as testemunhas estavam sendo ameaçadas e provavelmente não
compareceriam” (fls. 04).

Alega, também, que durante o julgamento havia uma platéia de aproximadamente 200
pessoas, dentre as quais, 50 supostamente vinculadas a pessoa do pronunciado e que agiam de
modo anormal vez que entravam e saíam do plenário constantemente, fato que causou
preocupação da magistrada, ora, Representante.

Conforme versão apresentada pela autoridade Representante, no decorrer dos trabalhos um


jurado se dirigiu a ela “afirmando categoricamente ter sido ameaçada por gestos por uma pessoa
que estava no plenário, e que sendo conhecedor da fama do pronunciado, estava com medo de
participar do julgamento”.

Ato seguinte, em sala secreta, na presença dos sujeitos processuais foi indagado aos jurados
o seguinte quesito: “Os Senhores se sentem livres para proferir julgamento imparcial acerca dos
fatos narrados na denúncia?”. Na verdade, 4 jurados responderam “SIM” e 3 jurados
responderam NÃO, sendo que o escore contido na representação não está invertido, embora o
erro também tenha sido transcrito na ata de julgamento, por um descuido (?) da Juíza Presidente.
Pouco importa, porque uma resposta NÃO já seria suficiente para contaminar o Conselho de
Sentença e provocar sua dissolução.

Ocorre, Senhor Desembargador e Colenda Turma, datíssima vênia, que os fatos não se
deram da forma narrada na Representação. Nem a defesa, nem o Réu e tampouco a assistência do
público contribuiu para o encerramento prematuro da sessão, com quer fazer crer a Magistrada
postulante.

De início, em que pese o zelo pela segurança do recinto do júri e dos participantes, o
aparato policial montado foi espalhafatoso e assustador, com inúmeros policiais munidos de
armas pesadas no interior dentro provocando um clima hostil e intolerável para o membros do
Conselho de Sentença, que de regra não estão acostumados com o ambiente forense.
Os trabalhos transcorreram de forma normal, sem incidentes que pudessem comprometer o
bom andamento e a continuidade do julgamento, inclusive o MP, em sua primeira sustentação
oral, pugnou pela absolvição do Réu em relação a duas tentativas brancas de homicídio, ou seja,
o julgamento caminhava para uma decisão favorável ao réu. Não havia interesse da parte da
defesa, do réu ou da assistência ameaçar quem quer que seja.

Com relação à alegação de supostas ameaças dirigidas às testemunhas que deporiam em


plenário, é despropositada e supositícia, vez que todas as testemunhas arroladas pela Acusação
se fizeram presentes na sessão do júri, inclusive, ao serem indagadas sobre eventuais ameaças
negaram de forma peremptória e veemente, conforme cópias dos depoimentos em apenso (Doc. ).
Em resumo: as supostas ameaças à testemunhas foram fruto de boatos inverídicos ou da
imaginação fértil do julgador que presidiu o feito.

Na verdade, ao que tudo indica, existe uma franca e indisfarçável prevenção de ordem
negativa da Juíza Presidente para com a pessoa do Réu, pois as medidas de segurança sugeridas e
tomadas estão em franca colidência com a realidade dos fatos e provocaram uma imagem
distorcida com relação à pessoa do Acusado.

Ao bem da verdade, na sala secreta, o defensor concordaria com a dissolução do Conselho


de Sentença, mesmo que a reclamação tivesse partido de apenas um jurado, vez que, neste caso,
não se trata de maioria e sim de isenção por parte do Júri como um todo.

O pedido de desaforamento é baseado única e exclusivamente de suposições, boatos,


acerca de uma alegada hiper periculosidade do Pronunciado. Que poderia comprometer e
colocar em dúvida a imparcialidade dos Jurados.

A dúvida quanto a imparcialidade do Júri, conforme a doutrina mais abalizada deve se


sustentar em fatos concretos e que desabonem a conduta dos jurados convocados, por flagrante
parcialidade pró ou contra o réu, não sendo suficiente meras conjecturas e suposições de que
estariam intimidados pela má fama do réu, o alarido feito pela mídia, ou a presença numerosa do
público em plenário.

A jurisprudência hodierna tem proclamado que “ a mera alegação de parcialidade dos


jurados, desacompanhada de qualquer comprovação idônea e eficaz não basta para justificar o
desaforamento”1. Assim, a representação da magistrada de piso não merece vingar, pois seus
argumentos não encontram guarida nos motivos taxativos previstos no art. 427 do CPP,
mormente quando a suposta parcialidade do jurado não passa de uma quimérica e artificiosa
imaginação da autoridade representante.

É princípio basilar da instituição do Júri garantir ao Réu ser julgado pelos seus pares, como
forma de dar amparo a sua eleição de Juízo Natural para apreciar julgar o crimes dolosos contra
vida ex vi inciso XXXVIII, do artigo 5º, da Constituição Federal, sendo que a derrogação de sua
competência só poderá ocorrer excepcionalmente quando se fizerem presentes, de forma clara e
transparente, os motivos exigidos pela lei processual (art. 427, CPP).

O Estado, no exercício da monopólio do jus puniendi e jus persequendi, em matéria


criminal, detentor do supremo poder na administração da justiça, jamais poderá se curvar diante
de questiúnculas e abrir mão de sua supremacia no comando das relações sociais e interpessoais
que porventura possam ocorrer no desempenho de seu dever de prestar a jurisdição a todo e
qualquer cidadão, principalmente quando este tem o direito de ser julgado pelos seus pares, nos
crimes dolosos contra a vida.

Em conclusão, espera o Pronunciado seja mantido o foro de Anápolis para a realização da


sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri, por via de consequência indeferido o presente
pedido de desaforamento, como forma de sacramentar o princípio constitucional do juízo
natural.

Pelo indeferimento do presente pedido de desaforamento.

Local e data

__________________

OAB
Recurso - Contra Razões - Tribunal do Júri - Impossibilidade de
Recorrer Pela Segunda Vez Sob o Mesmo Motivo

CONTRA RAZÕES RECURSAIS

Autos nº
Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO
Apelado:

Egrégio Tribunal

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso do segundo inconformismo do Órgão de Acusação Oficial com o


veredicto soberano proferido pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de ................, com
supedâneo nas alíneas “ a e d” do inciso III, do artigo 593, do Código de Processo Penal, sob o
argumento de ter o Conselho de Sentença proferido decisão “ manifestamente contrária as provas
dos autos”.

PRELIMINARMENTE

A parte final do § 3º do art. 593, do CPP, veda a interposição de segunda apelação com base
no inciso III, alínea “d” (decisão manifestamente contrária à prova dos autos), mesmo que a
primeira apelação tenha sido interposta pela parte ex adversa.

A Acusação Estatal e sua nababesca assistência particular interpuseram recurso de


Apelação às fls. 775 e 776, (Vol. 04), com fulcro no art. 593, § 3º, “ a” e “d” do CPP, por ocasião do
primeiro julgamento, do Apelado, pelo Júri de ................. Novamente levado a julgamento foi
absolvido pelo Conselho de Sentença, tendo o Órgão Ministerial interposto novo recurso
apelatório (fls. 1.016) com base nos mesmos dispositivos legais e fundamentos: “decisão dos
jurados manifestamente contrária à prova dos autos”.

Conforme entendimento já sedimentado nos nossos tribunais de teto, notadamente o


Supremo Tribunal de Justiça, esse novo inconformismo do apelante, no entanto, justamente por
se amparar no referido dispositivo da Lei de Ritos, encontra óbice na regra do artigo 593,
parágrafo terceiro, do mesmo Código de Processo Penal. A norma impede a interposição de
segunda apelação pelo mesmo motivo. Aqui entendida esta como o recurso interposto com base
na mesma hipótese de cabimento, ou seja, na disposição relativa à Decisão do Conselho de
Sentença manifestamente contrária à prova dos autos. 1

A fundamentação do julgado retro citado reverbera que a norma do artigo 593, parágrafo
terceiro, do CPP, ao impedir que a parte se utilize do recurso de apelação para exame do mesmo
propósito de anterior apelo interposto, prima pela segurança jurídica, porquanto impede a
utilização do expediente recursal como forma de eternizar a lide criminal.
No caso em apreço poder-se-ia, içar o argumento de que embora tenha a parte sucumbente
utilizado do mesmo dispositivo legal no recurso original, este aspecto não fora apreciado pelo
órgão revisor, porém, o objeto que se pretendia no primeiro apelo: submissão do réu a novo
julgamento fora plenamente alcançado tendo sido absolvido novamente pelo Júri.

Este Egrégio Sodalício por sua Primeira Câmara Criminal, já se posicionou em caso análogo
na Apelação Criminal Nº 32.657-0/213 (200705200978), de Luziânia.GO. exarando a seguinte
Ementa:

“(...) 6. HOMICÍDIO QUALIFICADO. JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DOS


AUTOS. SEGUNDA APELAÇÃO PELO ‘MESMO MOTIVO’ QUE EQUIVALE A
EXPRESSÃO ‘PELO ANULAÇÃO. MESMO FUNDAMENTO’. INVIABILIDADE.
Cuidando-se de julgamento pelo Júri, inviável segunda apelação, fundada no ‘mesmo
motivo’ (manifesta contrariedade do julgado à prova dos autos), que equivale a
expressão ‘pelo mesmo fundamento’, ainda que interposta pela parte ex-adversa.
Interpretação do artigo 593 parágrafo terceiro (in fine) do Código de Processo Penal.
(...)”APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA.” 2

É no mesmo sentido o entendimento adotado pelos demais tribunais regionais:

Tribunal de Justiça de São Paulo - TJSP.

“JÚRI - Decisão contrária à prova dos autos - Hipótese de segunda apelação pelo
mesmo motivo ou fundamento legal - Mérito reapreciado pelos jurados - Pretendida
anulação do julgamento sem amparo legal para uma nova anulação em respeito ao
princípio da soberania do júri - Recurso parcialmente conhecido e na parte
conhecida improvido.”3

Tribunal de Justiça do Distrito Federal - TJDF.

“DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL - Homicídio - Preliminar - Nulidade


posterior à pronúncia - Uso de data show - Violação do artigo 475, do CPP - Mérito -
Decisão manifestamente contrária à prova dos autos - Segunda apelação pelo mesmo
motivo.
Preliminar: o uso na sessão de julgamento de projeção de fotografias dos autos,
mediante o sistema denominado data show, não constitui surpresa, prova nova,
vedada no artigo 475, do CPP, vez que não se pode ampliar o âmbito do que constitui
documento; mérito: ainda que manejado pela parte contrária, o fundamento que
ensejou a cassação do veredicto. Decisão manifestamente contrária à prova dos autos
-, constitui óbice processual que impede a renovação do recurso pelo mesmo motivo.
Rejeitar a preliminar e quanto ao mérito negar provimento, tudo à unanimidade.” 4

Tribunal de Justiça do Paraná - TJPR.

“JÚRI - Segunda apelação pelo mesmo motivo - Decisão que se diz manifestamente
contrária à prova dos autos - Inadmissibilidade - Inteligência do artigo 593, parágrafo
3º, do Código de Processo Penal - Não conhecimento do recurso. 1. Não cabe segunda
apelação por estar a decisão contrária à prova dos autos, qualquer que seja a parte
recorrente na primeira oportunidade, porque a expressão contida no artigo 593,
parágrafo 3º, do Código de Processo Penal “pelo mesmo motivo” tem também o
significado de “pelo mesmo fundamento”.2. Seria ilógico, incongruente e até mesmo
absurdo que o acórdão do Tribunal acolhesse a apelação para submeter o réu
condenado a novo julgamento, se no primeiro julgamento recursal entendeu que a
absolvição fora conferida em decisão manifestamente contrária ao acervo probatório
analisado nos autos.5
Desse modo, com o não conhecimento do apelo, fica respeitado o princípio da soberania do
Júri, tão constitucional quanto o da isonomia, evitando-se com a aplicação da norma em exame
que a sentença proferida pelo Tribunal do Júri seja sempre objeto de ataque pelo mesmo
fundamento, causando insegurança jurídica que o processo busca impedir além de vedar a
utilização do expediente recursal como forma de eternizar a lide criminal, com inequívoco
prejuízo ao status libertatis do cidadão.

Não é muito rememorar que nossas Constituições Federais de 1946 e de 1988 asseguraram
ao Tribunal Popular a soberania dos veredictos, extirpando do ordenamento constitucional o
vetusto e nefando Tribunal de Apelação, responsável pelo maior erro judiciário de nosso país,
que sob a égide do Decreto Lei nº 167 de 05 de Janeiro de 1937, condenou os Irmão Naves
quando o Júri de Araguari-MG., já os havia absolvido por duas vezes. Justamente como no
presente caso.

Portanto, Excelência deve a presente preliminar ser acatada negando-se conhecimento ao


apelo pela violação da norma incrustada na parte final do § 3º do art. 593, do Código de Processo
Penal, consagrando a garantia constitucional da soberania dos veredictos proferido pelo Tribunal
do Júri, conforme dispõe a alínea “b” do inciso XXXVIII do art. 5º da Carta Cidadã.

DO PREQUESTIONAMENTO

Em eventual manejo de recurso constitucional, em atendimentos às diretrizes de natureza


regimentais, notadamente do art. 101, III e 105, III da Constituição Federal, suscita a defesa do
Apelado, a título de prequestionamento, o não conhecimento do recurso, em razão do despacho
que o recebeu ter negado vigência a Lei Federal, qual seja, o Código de Processo Penal, que na
parte final do § 3º do art. 395, proíbe seu exercício pelo mesmo motivo, além de ter dado
interpretação divergente atribuído outros tribunais que de forma unânimes rechaçam o
prosseguimento do apelo em casos análogos..

1O Apelado foi denunciado pela suposta prática do crime previsto no artigo 121, § 2º,
inciso IV (última figura), do Código Penal. Pronunciado, libelado e submetido a julgamento pelo
júri por homicídio qualificado pelo uso meio que dificultou ou tornou impossível a defesa da
vítima, na modalidade da surpresa.

2No primeiro julgamento o Conselho de Sentença no uso do monopólio constitucional,


para julgar os crimes dolosos contra a vida e sob o manto da soberania de seus veredictos,
rechaçou as teses acusatórias operando a desclassificação para delito culposo, fora da órbita da
competência do Júri.
3Irresignado o Parquet e sua luxuosa assistência, empolgou recurso de apelação visando a
anulação do julgamento, sob a pecha de ocorrência de nulidade posterior a pronúncia e decisão
manifestamente contrária as provas do autos. Submetido a segundo julgamento pelo Júri, o
Apelado foi absolvido tendo o Conselho de Sentença acatado a tese esposada pela defesa técnica
da descriminante putativa, prevista no parágrafo primeiro do art. 20, do Código Penal.

4Todo conjunto probatório carreado para os autos, inclusive produzido no decorrer dos
julgamentos, em plenário, dá conta de que a vítima era pessoa belicosa e violenta e que por
várias vezes havia ameaçado o acusado, caso o mesmo fosse à casa de sua mãe, onde também
residia a vítima. Inclusive a vítima já havia agredido com golpes de cabo de revólver o Sr. João
_______, (Fls. 765) cunhado do réu, por uma questão irrelevante, e espancado o Sr. _______, na
porta do BEG da Avenida ________ no centro da cidade de _________ (fls. 56).

5O fato ocorreu quando o Apelado, ia se retirar da sala da residência de sua mãe e ao


aproximar do sofá onde a vítima se encontrava, há mais ou menos um metro e meio de distância,
esta fez menção de se levantar, tendo o Réu, receoso de a mesma iria cumprir suas promessas de
agressão e imaginando que assim o fazia para cumprir suas ameaças, sacou de uma arma de fogo
e disparou em direção às pernas da vítima, saindo do local logo em seguida.

6Exigir a exteriorização inequívoca de uma atitude agressiva e violenta por parte da vítima
seria, sepultar o instituto da descriminante putativa, que tem sua sede e essência justamente na
má apreciação dos fatos, ou seja, num erro plenamente justificado pelos antecedentes fáticos.

7Consta ainda, dos autos, que o Apelado, através de seu irmão ................, autorizou a
tomada de todas e quaisquer providências no sentido de salvar a vida da vítima, tendo custeado
com todas despesas hospitalares, inclusive, determinou que a removesse para __________, ou
outro local onde pudesse ser melhor atendida pelos médicos, sugestão repelida
peremptoriamente pelos familiares da vítima, que não permitiram sua remoção do hospital onde
se encontrava.

8 Dizem as testemunhas:

Fulano de tal:

“Fls. 17 - QUE, fincando de fato, digo, quando do fato não houve nenhum
desentendimento entre os protagonistas, por pequeno que fosse, pois ele não
chegaram nem mesmo a conversar, contudo, já uma certa animosidade entre ambos,
que vinha aumentando em decorrência de fuxicos de ................ e ................,
respectivamente, peões de ................ e ................, originada em decorrência de uma
dívida de ................ para ................, sócio de ................, que era o avalista, mas
posteriormente conseguiu a transferência do aval para ................, o que gerou um
certo rancor entre os dois (................e ................), tornando mais acentuado depois de
uma discussão entre seus irmãos ................ e ................, esposa de ................,
contudo, conforme já disse em linhas atrás, acredita o depoente que os referidos
peões foram os que mais influíram para a tragédia finalmente acontecesse; QUE, após
a discussão havida entre ................ e ................, ................ procurou o depoente
bastante contrariado com certas coisas ditas por .........., à sua esposa (da vítima), o
que não teria ficado bem se estivesse presente, pois ele iria fazer com ele (.............) o
mesmo que havia feito com seu concunhado .............., ou talvez ainda pior, pois se
o ............. era tão valente um dos dois tinha que “ir”, oportunidade em que o
depoente a mudar de opinião, inclusive nem iria levar aquelas conversas ao
conhecimento de ................ para não piorar as coisas, não sabendo contudo precisar
se ................., realmente não se inteirou do assunto;” (Grifei).

Em Juízo:

“Fls. 224v. – que, certa vez sua irmã ............... discutiu com o acusado porque este
teria aconselhado sua mãe a não fazer uma reforma ou construção, fato que
irritou ............; que, por isso ................. conversou com o depoente que aquela
discussão só não deu em nada porque estava ausente que a partir daquela
data ............. não conversava mais com o acusado; ... que ............. lhe pediu que
falasse ao acusado que quando voltasse na casa de sua mãe, para pisar mais macio,
ou melhor quando fosse para o lado de ..................; ” (Grifei).

Em Plenário

“Fls. 762 que o relacionamento da vítima com o declarante era muito bom, sendo que
nunca tiveram desavenças; além do episódio envolvendo o ........., a vítima tinha um
atrito com o ........, inclusive ele tinha pedido ao declarante para dizer para ele
(...........) para não ir na casa de sua mãe, tudo em razão de uma discussão do acusado
com a esposa da vítima;”

Fs. 762 o declarante e o acusado, a pedido de sua mãe (do declarante), foram até a
casa do ............ e ele (...........) disse que se o ......... não retirasse a queixa ele mataria o
.........., pois na veia dele (........) não corria sangue de barata; tentaram

Fls. 762 que o sofá em que a vítima estava localizava-se na saída obrigatória do
recinto para quem fosse sair do ambiente, ou seja, quem fosse sair tinha que passar
em frente ao ............; por esse local o acusado entrou também; quando o acusado
despediu-se do declarante ele o fez em voz alta, anunciando que iria embora; (… )
o ............ saiu, levou uma menina no quarto e voltou;(…) que a vítima estava meio se
levantando e estava a mercê do acusado; a vítima era alta e forte; a vítima estava há
um metro e meio mais ou menos do acusado;” (Grifei)

Fls. 763 quando deu socorro à vítima o diagnóstico foi de tiros na perna, sem maiores
consequências, razão porque ficaram tranquilos; quando saíram do hospital a vítima
estava fora de perigo de morte e isso foi dito ao declarante pelo médico, razão porque
ficaram absolutamente tranquilos; dias depois infeccionou a perna e generalizou pelo
corpo; o declarante estava autorizado pelo acusado para fazer o que fosse preciso para
que a vítima fosse tratada com todos os recursos e da melhor maneira possível,
inclusive, se necessário, vender gado dele (acusado); quando conversou com o
acusado acerca do fato ele disse que não tinha intenção de matar a vítima e que
queria apenas imobilizá-la;”
JOSÉ...............

“Fls. 56 – QUE, na ocasião dessa agressão, a vítima .............. se encontrava armada, e,


todos sabem que andava sempre armado; QUE, nesta mesma data ......... lhe disse que
se fosse preciso mataria o declarante e até ..........., pois tinha batido em .........., e que
não gostava de preto, preto não era gente, preto era a raça mais atoa que tinha no
mundo;” (Grifei)

FERREIRA...............

“Fls. 760 que quando sentava naquele sofá ele abaixava, de maneira que para se
levantar obrigatoriamente projeta-se os braços para frente, como se tivesse fazendo
um abdominal”

JOÃO ...................

“Fls. 765 quer acrescentar que a ocorrência não teve seguimento por ameaças da
vitima; o declarante foi ao delegado e pediu o arquivamento da queixa por temer as
ameaças. (...) no entrevero entre o declarante e a vítima ocorrido por causa do desvio
de uma água, o declarante procurou a vítima para resolver a situação e em nenhum
momento foi mal educado com a vítima; a vítima disse que resolveria isso com uma
bala na cabeça do declarante; o declarante disse que iria procurar um advogado; a
vítima foi ao filtro, bebeu um pouco, retornou a água para o copo e jogou o resto no
declarante; a vítima pegou um revólver e deu uma coronhada na cabeça do
declarante, empunhando-lhe uma arma direcionada para sua cabeça, dizendo para o
declarante não prosseguir com aquela ocorrência; a vítima era maior que o
declarante; ela era alta e forte.”

MACEDO..............

Fls. 262 “Que certa vez se encontrava na casa de Jose ......, irmão do acusado e se
recorda que lá apareceu a vítima chamando o acusado (..........) para conversar; Que
viu os dois conversando, mas não pareceu que estava brigando; Que após a saída da
vítima o depoente perguntou ao ............ sobre o que a vítima tinham conversado;
quando ................ lhe disse que a vítima deu o seguinte recado ao acusado “Quando
o ........ fosse na casa de sua mãe era pra falar baixo e pisar macio” não explicando o
motivo e nem as consequências da desobediência; Que não ficou sabendo o motivo
que levou a vítima a ter este comportamento; (...) “Que não ouviu falar de nenhum
outro crime praticado pela acusado;
Em Plenário

“Fls 764 - que na ocasião em que a vítima havia agredido o ............ o declarante
estava no BEG, quando chegou o ..........; quando saíam dalì o ............ montou na
moto e a vítima atravessou na frente, dizendo para o ................ “vamos acertar
agora, preto safado. Eu bato em você, no ..........., no seu patrão e em quem achar
ruim”; o depoente atravessou na frente e disse para não brigarem; no local havia
dois soldados que se aproximaram, ao que a vítima disse para não se chegarem
até ela e o .......; alguém puxou a traseira da moto, mas não sabe quem o fez,
sendo que o ......... foi-se embora; o declarante estava de frente ao .......... para
evitar que ele agredisse o .............; a vítima estava armada, pois sempre andava
armada; quando falou que batia no patrão do ............. ele não falou o nome do
acusado;” Grifei).

9Os jurados tomaram a decisão mais condizente aos fatos, ao sufragar a tese da legítima
defesa putativa na conduta do Réu, haja vista não ser necessário um exercício mental acrobático,
para se chegar à conclusão de que uma pessoa que depara com um indivíduo, sabidamente de
espírito beligerante e violento, que o houvera ameaçado anteriormente, ao mínimo esboço de
aproximação se disponha em assumir uma posição de defesa, mesmo que o ataque não passe de
uma falsa impressão, decorrente de um erro plenamente justificável.

10 A versão apresentada pelo réu, e sustentada pela defesa técnica por ocasião do
julgamento, está em perfeita sintonia e concordância com todo conjunto de provas produzido
nos autos, tanto na fase administrativa quanto judicial, principalmente no Plenário do Júri, não
havendo qualquer indicativo de que o Conselho de Sentença tomado a decisão manifestamente
contrária as provas dos autos.

11 Decisão manifestamente contrária à prova dos autos é aquela que não encontra
qualquer respaldo no processo. Havendo o mínimo de respaldo nas provas apresentadas no
processo, não será manifestamente contrária.
“CRIMINAL. HC. JÚRI. DECISÃO ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL.
PLEITO DE NOVO JULGAMENTO. CONTRARIEDADE À PROVA DOS AUTOS.
INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE DUAS VERSÕES A RESPEITO DO CRIME.
ORDEM CONCEDIDA.

I. Não se caracteriza como manifestamente contrária à prova dos autos a


decisão que, optando por uma das versões trazidas aos autos, não se encontra
inteiramente divorciada da prova existente no processo.

II. Ordem concedida para cassar o acórdão proferido pelo e. Tribunal de Justiça do
Estado da Paraíba, determinando-se o restabelecimento da decisão proferida pelo
Tribunal do Júri.” (Habeas Corpus nº 21503 – PB, 5ª Turma, Rel. Min. GILSON DIPP, j.
12/11/2002, D.J.U. de 03/02/2003, p. 326)

III.
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. JÚRI. NOVO JULGAMENTO. CONTRARIEDADE
À PROVA DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

I. Não se caracteriza como manifestamente contrária à prova dos autos a


decisão que, optando por uma das versões trazidas aos autos, não se encontra
inteiramente divorciada da prova existente no processo.

II. A decisão que anula o julgamento do Tribunal Popular, porque contrário à


prova existente no feito, deve fundamentar devidamente tal contrariedade.

III. Recurso conhecido e provido a fim de restabelecer a decisão condenatória


proferida contra o recorrido. (RESP 163760 – DF, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, j.
11/04/2000, D.J.U. de 15/05/2000, p. 00178).

12 Segundo decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, em v. aresto relatado


pelo Desembargador MÁRIO LOPES:

“Não se pode falar em decisão contrária à prova dos autos se os jurados apreciaram os
elementos probantes e firmaram seu convencimento adotando a versão que lhes
pareceu mais convincente” (RT 590/405).

“Decisão contrária à prova dos autos. Caracterização de nulidade somente quando for
manifesta a contrariedade, ressurgindo de análise não aprofundada dos elementos
dos autos. Necessidade de estudo acurado para a conclusão que configura invasão da
competência privativa do Tribunal do Júri, cuja soberania dos veredictos é
estabelecida no art. 5º, XXXVIII, “c”, da CF” (RT 658/323).

13 Como leciona ARY AZEVEDO FRANCO:

Que se poderá entender por manifesto, por evidente, senão aquilo que se impõe à
percepção de todos, que todos vêem necessariamente, e sobre o que não é admissível, em sã
consciência, e possibilidade de afirmações díspares?

14 Onde exista, porém, matéria sujeita ao critério da observação pessoal do julgador,


dependente, para firmar-se, não da força dominadora da realidade indubitável, mas da
apreciação subjetiva de cada um - não se pode cogitar de evidência.

Assim, sempre que o fato se apresente suscetível de ser divisado à luz de critério
divergentes, capazes de lhe emprestarem diversa fisionomia moral ou jurídica, qualquer que seja
a orientação vencedora, refletida na decisão do Tribunal Popular, não poderá ser havida como
manifestamente contrária à prova”6

Para Hermínio Marques Porto:

“o critério atual, que limita impugnações às decisões populares sem amparo em


contingente qualquer das provas, merecendo prevalecer decisão dos jurados que
encontre amparo em parcela de prova, embora contrastante com versões outras.” 7
Mais recentemente, JÚLIO FABBRINI MIRABETE adverte:

“somente é viável a repetição do julgamento, pelo mérito, em que o ‘error in


judicando’ é reconhecido somente quando a decisão é arbitrária, porque se dissocia
integralmente da prova dos autos, é contrária manifestamente à verdade apurada no
processo e representa uma distorção da função judiciária do Conselho de Sentença” 8

De fato, em qualquer processo há duas versões sendo apresentadas. Optando o jurado por
uma delas, não há que se falar que sua decisão é nula, pois tenha decidido contra texto de lei ou
prova dos autos.

“O êxito da apelação fundada no argumento de decisão manifestamente contrária


destoante do acervo probatório, vincula-se à arbitrariedade do júri, quando este, ao
apreciar a causa, desvia-se dos fatos apurados para impor solução sem apoio em
elementos de convencimento idôneos. Pressuposto expressamente reconhecido pelo
tribunal de origem.”9
Há que se observar a flagrante violação do citado inciso III, alínea “d” do artigo 593 do
Código de Processo Penal, pois o mesmo prevê o cabimento da apelação quando a decisão dos
jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. E tal somente se consubstanciará
quando os jurados decidirem levando em consideração versão que não apresente qualquer
subsídio nos autos do processo, e não quando optarem por versão apresentada e regularmente
sustentada em juízo.

Somente quando a decisão do Júri se evidencia clara e nitidamente dissonante do acervo


probatório é que se justifica a renovação do julgamento; deve ser manifestamente contrária à
prova; se os julgadores de fato optarem por uma das versões plausíveis para o fato, não haverá
como reconhecer-se que o veredicto é afrontoso da prova.

A apelação de mérito contra a decisão dos jurados é recurso, não apenas de efeito restrito à
cassação de julgado, mas também de devolução incompleta de conhecimento da causa, que deve
cessar, se e quando baste o exame para verificar que o veredicto não é manifestamente contrário
à prova dos autos, e, sim, que, ex informata conscientia, escolheu uma dentre as versões
plausíveis que o conjunto contraditório da prova admita; esse, porém, não é o caso se, ao
veredicto, não se opõe apenas outra versão dos fatos, acaso melhor, mas a frontal
incompatibilidade da decisão com circunstâncias objetivas evidenciadas por prova material
inequívoca (HC 68.047-0 - MS - 1ª T. - Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - DJU 105/4932, 1/6/90).

No que concerne à abrangência do presente recurso há que se entender que pode ser
utilizado para os casos em que há total discrepância entre o que foi colhido nos autos e aquilo
que foi decidido pelo conselho leigo quando agiu sem a menor concordância com a logicidade
presumida em situações idênticas. Isso não significa que o conselho de sentença não possa dar
interpretação que considera conveniente. Pode, desde que essa interpretação esteja em
consonância com as provas dos autos, como no caso vertente.

O Apelado foi submetido a julgamento pelo Egrégio Tribunal Popular por duas vezes e em
ambas teve veredicto favorável, de modo que, vale dizer: a Acusação vergou-se vencida diante de
dois Conselhos de Sentença diversos, que à toda evidência não vislumbraram presença de provas
suficientes para condenar o réu, forma sugerida pelos Acusadores.
EX POSITIS,

espera o Apelado, sejam as presentes contra-razões recebidas, vez que tempestivas e


próprias, porém, acatada a preliminar para negar conhecimento do apelo nos moldes da parte
final do § 3º do art. 593 do CPP, quanto ao mérito seja negado provimento, para confirmar a
decisão proferida pelo Conselho de Sentença, pois desta forma este Egrégio Sodalício, estará,
como de costume, garantindo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local e data.

___________________

OAB
Recurso - Embargos de Declaração - Sentença Que Deixa de
Mandar Expedir Guia de Execução Provisória, Mudança do Local
Para Cumprimento de Pena

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE ___________.

Protocolo:
Pelo Acusado:
Embargos de Declaração

...............................já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seus advogados in fine assinados, permissa máxima vênia
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, com
supedâneo no art. 5º, inc. LVII da Constituição Federal, Súmulas 716 e 717 do Supremo
Tribunal Federal, art. 382, do Código de Processo Penal, art. 1º e 86 da LEP e Resolução nº
113/2.010 do CNJ, opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

à sentença condenatória de fls., por omissão da determinação de expedição de Guia de


Execução Provisória, antes do trânsito em julgado do decisium de mérito, pelos seguintes
fundamentos:

1A sentença condenatória prolatada por este Juízo as fls., publicada no Diário da Justiça nº
2761, pág. 34, disponibilizado em 08.11.2011, em sua parte ordenatória, deixou de determinar a
expedição Guia de Recolhimento para Execução Provisória, conforme determina o art. 8º do
Provimento nº 113/2010, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), configurando invencível
omissão a ser sanada via do presente embargo de declaração.

3 Por outro lado, o decisório abjurado embora reconheça que o Embargante reside e possui
vínculo familiar e social na cidade de _________., deixou de determinar, expressamente, que o
cumprimento da pena se dê naquela comarca, conforme faculta o art. 1º e 86 da Lei de Execução
Penal.

Como as omissões objeto dos presentes embargos representam, meramente, erro material
passivo de corrigenda através do presente recurso, protesta o Embargante pelo seu conhecimento
e deferimento na forma do dispositivo ut retro citado.
EX POSITIS,

com fundamento nos dispositivos legais ut retro alinhados, ouvido o ilustre Representante
do MP, espera seja dado conhecimento ao presente recurso dando-lhe provimento em todos seus
termos, pois desta forma Vossa estará editando decisão compatível com os mais elevados
princípios do Direito e da Justiça.

Pede Deferimento.

Local e data

__________________
OAB
Recurso - Razões de Apelação - Erro na Dosimetria da Pena -
Corrupção de Menores Para o Cometimento de Crimes ECA -
Extorsão Mediante Sequestro

RAZÕES DE RECURSO

Apelante:
Protocolo:

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

O presente recurso foi manejado em razão do inconformismo, do Apelante com a sentença


condenatória proferida pelo Juízo da Única Vara Criminal da comarca de ................., que o
condenou nas penas do art. 244-B do ECA contra a evidência do conjunto probatório constante
dos autos e injustificadamente impôs uma sanção penal acima do mínimo legal de forma
exacerbada, face aos motivos, razões e fundamentos a seguir expostos.

SÚMULA DOS FATOS

1 A exordial acusatória de fls. 02/05, imputa ao Acusado, a suposta prática do ilícito penal
previsto nos art. 159, § 1º, art. 29 ambos do Código Penal, c/c art. 244-B, da Lei nº 8.069/90.

2A Acusação Oficial, no pórtico primeiro da presente ação penal, se propôs a provar


durante o persecutio criminis in juditio, que o Acusado, em concurso de pessoas, praticou o
delito de sequestro qualificado em razão da duração superior a 24 horas e de ser, a suposta
vítima, menor de 18 anos (art. 159, § 1º CPB), em combinação com a corrupção de menor para
com ele praticar infração penal (art. 244-B do ECA).

3Durante a instrução criminal, além da suposta vítima e seus familiares, foi ouvida a
testemunha ................, frentista do posto de gasolina de propriedade do pai de ................, além
de três policiais civis que participaram das diligências que culminaram com as prisões dos
Acusados, em nenhum momento qualquer elemento probatório foi produzido no sentido de
comprovar a prática do ilícito penal incrustado no art. 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

4Ao ser apreendido, o menor ................, prestou declarações em Delegacia de Polícia,


afirmando nada saber acerca do fato delituoso, tendo sido informado apenas de que tomaria
conta do suposto sobrinho de ................, ora apelante, pela noite para que ele e ................
pudessem ir a uma festa, conforme consta dos autos, às fls. 28:
“Que indagado respondeu que não sabia nada acerca do sequestro da vítima; Que foi
a casa onde funcionava o cativeiro na data de ontem, quinze de abril, por volta de
22h a pedido de seu irmão........, que lhe levou ao local. Neste local ........ lhe pediu
para que olhasse a casa e seu sobrinho, enquanto ................ e .......... iam para uma
festa, como não estava fazendo nada aceitou o encargo”

5 O Ministério Público manifestou-se pelo relaxamento da apreensão em flagrante


do menor, tendo em vista não ter a autoridade policial lhe encaminhado-o como determina o art.
175 do ECA, aduzindo ainda que nos autos não há indícios suficientes da participação do menor
no delito.
6Tendo em vista que o menor sequer chegou a ter contato com a vítima, afirmando esta,
inclusive, que não ouviu outras vozes no local do cativeiro se não de ................ e ................
(conforme declarações emitidas em Delegacia de fls.20), o Exmo. Sr. Juiz Dr. .................. acolheu
o pleito do parquet, relaxando o auto de apreensão, e deixando ainda de decretar a internação
provisória do menor, em face da ausência de indícios suficientes de sua participação na
empreitada delitiva.

“Destaco também que o menor apreendido negou ter conhecimento do seqüestro,


aduzindo ter sido convidado para ficar na casa a pedido de ............., que afirmou que
no local estava um sobrinho seu, fato este ocorrido a noite. Pois bem, o fato de o
menor apreendido ter chegado no local à noite, de não ter visto a vítima, conclusão
esta que decorre dos termos do depoimento da vítima, e de ter permanecido no local
por pouco tempo após a saída dos seqüestradores, indica, pelo menos no presente
momento, que a tese do menor é verossimilhante. Para efeito de esclarecimento, ........
permaneceu no local por pouco tempo, tendo em vista ter chegado por volta das
22:00 horas, conforme interrogatório de fls.11/12, e pouco tempo após a polícia ter
chegado no cativeiro.” (Decisão de fls.

7A sentença hostilizada é suicida em sua conclusão ao condenar o Apelante pelo delito de


corrupção de menor, quando categoricamente afirma que não basta a prova da prática do crime
junto como adolescente ou criança inimputável, sendo imperioso que fique demonstrada a
efetiva corrupção do adolescente, vez que trata-se de crime material, sendo que dos autos não
consta qualquer indício de que o menor restou corrompido com a ação do Apelante, conforme o
seguinte fragmento de fls. 516 in verbis:

“O órgão acusatório, na peça inicial, incriminou, também, os acusados como


incursos nas penas do art. 244-B da Lei n° 8.069/90, que tipifica o crime de
corrupção de menores, consistente na prática de corromper ou facilitar a
corrupção de menor de 18 anos, com ele praticando infração penal ou induzindo a
praticá-la.

O tipo legal consiste em criminalizar a conduta de pessoa adulta e capaz que


exerça uma influência sobre jovens e adolescentes em pleno desenvolvimento de
sua personalidade, levando-os a adentrar na prática de crimes. Visa o
ordenamento impedir a inserção precoce do menor no mundo da criminalidade,
com a deturpação de sua conduta através da associação com pessoa amadurecida
afeita a transgressões.

Para que se configure o crime em tela é necessária a demonstração de que o sujeito


maior corrompeu, ou influiu para que o menor cometa ou o induza a cometer o
crime, eis que se trata de crime material em que há necessidade da ocorrência do
resultado para a consumação, para tanto exige-se a prova efetiva de que o menor
tenha se corrompido, não bastando a prova da prática do crime junto com o
adolescente ou criança inimputável. (Grifei).

Ora, percebe-se pelas testemunhas coligidas que os acusados corromperam o


Adolescente ................, haja vista que eles o induziram a permanecer no cativeiro,
em constante, vigília à vítima que, diga-se de passagem, também era um
adolescente, isso para impedi-lo de fugir do local do cativeiro, enquanto os Réus
se ausentavam daquele local, por algum motivo.

Nesse contexto, percebe-se que o adolescente ................ tinha conhecimento de


toda situação e sabia que se tratava de um sequestro, mormente, por ser irmão de
um dos Réus, não convencendo o seu depoimento colhido na fase policial, pois
destoa do conjunto probatório inserido ao processo.”

8A decisão conspurcada é, também, contraditória ao realizar a operação da dosimetria das


penas impostas ao Apelante, vez que, com relação ao crime de extorsão mediante seqüestro que é
gravíssimo (art. 159 § 1º do CPB), ao sopesar as questões judiciais, estabeleceu uma pena-base
rente ao mínimo legal, ou seja, 12 anos e 6 meses de reclusão cuja pena mínima em abstrato é de
12 anos; ao passo que sopesando as mesmas questões judiciais aplica uma pena-base na média
de 2 anos de reclusão quando o mínimo estabelecido para o crime mais leve (corrupção de
menores) em lei é de 1 ano, assim deve o decisório de piso ser retificado com relação a pena
imposta para o delito prescrito no art. 244-B do ECA, ancorando-a ao mínimo legal.

9Neste passo conclui-se que a sentença recorrida não se sustenta por seus próprios
argumentos e fundamentos, razão pela qual este Egrégio Sodalício deve cassá-la, efetivando as
devidas corrigendas.

DO DIREITO

Para que seja consubstanciada a prática do ilícito penal de corrupção de menores nos
termos do estatuto da Criança e do Adolescente, é sabido que o menor deva ter consciência da
prática da infração e que seja efetivamente induzido a praticá-la, conforme previsão no art. 244-B
do referido Codex :

“Art. 244-B - Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com


ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”

No caso em apreço, embora o menor ................, irmão do acusado ................, tenha sido
apreendido no local do cativeiro, não foi o mesmo assediado a praticar qualquer crime, pois sem
ter ciência do que realmente se passava, foi convidado por seu irmão a cuidar de um sobrinho do
co-réu .................

Destarte, ausente o elemento subjetivo consubstanciado no dolo para configuração do


ilícito penal de corrupção de menores nos moldes do art. 244-B do ECA., pois, constitui conditio
sine qua non que o corruptor instigue ou ordene, induzindo o menor à prática do crime, e, no
caso em comento, a suposta vítima simplesmente foi encontrada no local onde teria consumado
o delito, insciente de que ali se encontrava uma pessoa sequestrada em cativeiro.

Ao ser interrogado na esfera policial, quando da prisão em flagrante dos Apelantes, o


referido infante patenteou que ignorava a existência de qualquer prática delituosa, conforme
consta dos autos às fls.34 e SS, afirmando:

“Que indagado respondeu que não sabia nada acerca do sequestro da vítima; (...)
Nesse local ............. lhe pediu para que olhasse a casa e seu sobrinho, a vítima,
enquanto ................ e ................ iam para festa, como não estava fazendo nada,
aceitou o encargo.”

Observa-se que Lucas, desde o princípio, afirmou que nada sabia acerca do seqüestro, não
tendo cometido crime algum, ficando ausente nos autos sequer indícios de sua participação na
execução do crime, restando somente o fato de ter sido encontrado no local dos fatos,

O Exmo. Sr. Juiz substituto Dr. Fabiano Ribeiro desta comarca de ................ reconheceu a
inexistência de indícios suficientes da participação do menor na empreitada delitiva,
determinando o relaxamento do Auto de Apreensão, e deixando de decretar sua internação
provisória, às fls. 83/88, nos seguintes termos:

“No caso dos autos, o parquet a quem cabe analisar, prima facie, possibilidade de
remissão ou legalidade do ato, entende não se fazer presente indícios suficientes da
participação do menor na empreitada delitiva, razão pela qual também pugnou pelo
relaxamento do Auto de Apreensão. (...)

ISTO POSTO, procedo ao relaxamento do AUTO DE APREENSÃO, determinando a


imediata soltura do adolescente ................. Deixo de decretar a internação provisória
do menor em face da ausência de indícios suficientes de sua participação na
empreitada delitiva. Encaminha-se o menor ao domicílio de seus genitores,
localizado na cidade de ................, devendo participar da diligência um dos
Conselheiros Tutelares desta Comarca.”

A pretensa vítima, asseverou desde o início que não tinha consciência do que se passava,
afirmando acreditar que se encontrava no local para tomar conta do sobrinho do
acusado ................, sendo indispensável para a existência do ilícito penal de corrupção de
menores que a vítima tenha pleno conhecimento da atividade criminosa em andamento, sem
esta peculiaridade não há que se falar em participação do menor ou adolescente na prática
delituosa.

Este assunto já foi objeto do crivo judicial, tendo a autoridade judiciária, acolhendo pedido
do Ministério Público, decidido de que menor não cometera nenhuma conduta subsumível na
descrição de eventual ato infracional determinando o arquivamento do feito.

Por outro prisma, é pacífico, na doutrina dominante, que a corrupção de menores trata-se
de crime material, que só se aperfeiçoa com a positivação do resultado como característico do
tipo penal, com a objetiva lesão do bem jurídico tutelado. O que vale dizer: que para sua
consumação é imperioso e indispensável que a vítima efetivamente fique corrompida em sua
conduta moral.

Conforme se verifica em recente decisão deste Tribunal:

APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA


DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSÍVEL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS REANALISADAS
TODAS FAVORÁVEIS. CORRUPÇÃO DE MENORES. CRIME MATERIAL.
ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. PRESCRIÇÃO RETROATIVA
DECLARADA DE OFÍCIO. 1 - Na dosimetria da pena, o magistrado ao analisar as
circunstâncias judiciais, valorou negativamente a culpabilidade, conduta social e
motivos sem apresentar qualquer elemento concreto que ultrapassasse o próprio tipo
penal, bem como os antecedentes sem sentença condenatória transitada em julgado,
de modo que com a reanálise delas, a pena-base deve ser mantida no mínimo legal. 2
- O crime de corrupção de menores é de natureza material, ao passo, que exige a
prova cabal de que o menor envolvido no crime, tenha sido corrompido pelo réu, e
na espécie, não há provas de que a conduta do apelado tenha deturpado a moral dele,
sendo impositiva a manutenção de sua absolvição. 3 - Considerando que o recurso do
Ministério Público foi improvido, é imperioso o reconhecimento, de ofício, da
prescrição retroativa. Recurso desprovido. (335746-64.2005.8.09.0126 - APELACAO
CRIMINAL; DJ 842 de 17/06/2011; 1A CAMARA CRIMINAL).

Verifica-se, assim, que a descrição legal do crime, possui dois núcleos alternativos:
corromper, que tem o significado de perverter, viciar, depravar, etc, e facilitar a corrupção, que é
tornar mais fácil, prestar auxílio à iniciativa do menor, para que a vítima seja corrompida
incitando ou estimulando para que precocemente enverede na senda da criminalidade. Situações
inexistentes no caso em apreço.

Pelos argumentos ut retro estendidos impõe-se que seja a sentença recorrida deve ser
cassada no que concerne a condenação do Apelante nas penas do art. 244-B da Lei 8.069/90,
decretando sua ABSOLVIÇÃO, como forma de restaurar o império da legalidade e da justiça.

Caso assim não entenda, Este Colegiado, incontestável se torna a ilação de que a pena
imposta pelo magistrado da instância singela, para o delito do art. 244-B do ECA., foi
demasiadamente exacerbada, ao ser fixada no seu patamar médio, enquanto que o crime de
seqüestro teve a a mesma aferição das questões judiciais e sua reprimenda penal foi delimitada
próximo ao mínimo legal.

A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59 da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O juiz possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e sim, como anota Jescheck1 de discricionariedade juridicamente
vinculada, posto que esteja preso às finalidades da pena e aos fatores determinantes do quantum
punitivo.
Além de ser indispensável fundamentar, de modo preciso, a razão pela qual condena, está
o juiz, ainda na obrigação tornar claro e evidente por que aplica determinada sanção penal,
especialmente no que diz respeito ao seu quantum. Na abalizada lição de Hélio Tornaghi, o juiz
tem que dizer não somente porque razão condena, mas também porque aplica determinada
pena, especialmente no que diz respeito a quantidade2.

Neste particular, diz a Exposição de Motivos do Código de Processo Penal: A sentença deve
ser motivada. Com o sistema do relativo arbítrio judicial na aplicação da pena, consagrado pelo
novo Código Penal, e do livre convencimento do juiz, adotado no presente projeto, é motivação
da sentença que oferece garantia contra os excessos, os erros de apreciação, as falhas de
raciocínio ou de lógica ou os demais vícios de julgamento . Assim, no dizer de Nucci, trata-se de
um processo judicial de discricionariedade vinculada visando à suficiência para a prevenção e
reprovação da infração penal3, e não um instrumento de arbítrio e prepotência.

Já não há espaço, dentro do panorama atual do mundo jurídico, para aqueles que encaram
a pena simplesmente como instrumento de caráter retributivo e expiatório, atuando como meio
de intimidação, incutindo o medo nas pessoas (prevenção geral). A pena deve atender também a
ponderações de prevenção, para fortalecer o sentimento jurídico e a fé da sociedade no direito, e,
ainda, ser suficiente para criar condições que permitam a harmônica integração do condenado na
sociedade.

Com efeito, um direito penal que se quer democrático deve utilizar a pena aferindo no caso
concreto a sua real necessidade e eficácia, tanto para o agente do delito, quanto para sociedade
que sofreu o prejuízo com a infração. Para tanto, o legislador e o juiz devem estar atentos aos
princípios norteadores da sanção penal em um Estado Democrático de Direito, principalmente na
imposição da pena privativa de liberdade, que é a que menos tem auferido resultados no sentido
de satisfazer as aspirações de um moderno Direito Penal Democrático.

Consoante o entendimento adotado pela doutrina e jurisprudência dominante, o objetivo


da pena não é eternizar ou infernizar a situação do apenado. Para reintegrá-lo ou reinseri-lo no
convívio social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim de profilaxia social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto”4

“Na fixação da reprimenda o Magistrado deve atender e buscar o equilíbrio


necessário entre o interesse social e a expiação, sempre visando ao sentido binário da
pena, verdadeira pedra de toque do direito penal moderno: reinserção social e
expiatório-aflitivo, afeiçoando-se ao princípio da humanidade da pena, finalidades
atribuídas pelo estatuto repressivo pátrio” 5

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente 6”
Com relação a questão judicial da personalidade, o juiz sentenciante assevera que o
acusado “denota má índole e perversão, mormente por introduzir um adolescente no submundo
do crime”, porém não há registros de que o ilustre magistrado tenha formação técnica para aferir
peculiaridade da psicologia humana.
A doutrina de vanguarda7 afirma que a análise da personalidade e conduta social realizadas
pelos juízes de direito, representa pura retórica, vez que os mesmos não possuem habilitação
técnica para proferir juízos de natureza antropológica, psicológica ou psiquiátricas, além do
processo judicial não dispor de elementos hábeis (condições mínimas) para o julgador proferir
“diagnóstico” desta natureza. Por isso, devem sempre ser analisadas de forma favorável ao réu.

Na lição de Saulo de Carvalho8 não basta, pois, o magistrado suscitar um elemento


categórico, encobrindo-o por termos vagos e imprecisos. O requisito constitucional da
fundamentação das decisões impõe a explicação dos critérios, métodos e conceitos utilizados.
Inadmissível, assim, que se possa auferir juízo negativo de personalidade sem demonstrar a base
conceitual e metodológica que possibilitou a enunciação.

Embora tímida, a jurisprudência já caminha em direção do entendimento de que a noção


de personalidade do acusado auferida pelo magistrado, padece de profunda anemia significativa
não podendo assim ser considerada de forma prejudicial ao réu conforme o seguinte julgado do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

“Pena. Dosimetria. Circunstâncias Judiciais da Personalidade e Conduta Social.


Impossibilidade de Agravar a Punição.

As circunstâncias judiciais da conduta social e personalidade, previstas no art.


59 do CP, só devem ser consideradas para beneficiar o acusado e não para lhe
agravar mais a pena. A punição deve levar em conta somente as circunstâncias
e conseqüências do crime. E excepcionalmente minorando-a face a boa conduta
e/ou a boa personalidade do agente. Tal posição decorre da garantia
constitucional da liberdade, prevista no artigo 5º da Constituição Federal. Se é
assegurado ao cidadão apresentar qualquer comportamento (liberdade
individual), só responderá por ele, se a sua conduta (lato senso) for ilícita. Ou
seja, ainda que sua personalidade ou conduta social não se enquadre no
pensamento médio da sociedade em que vive (mas seus atos são legais), elas
não podem ser utilizadas para o efeito de aumentar sua pena, prejudicando-o.” 9
Na lição de Aníbal Bruno, as questões judiciais “são condições acessórias, que
acompanham o fato punível, mas não penetram na sua estrutura conceitual e, assim, não se
confundem com seus elementos constitutivos. Vem de fora da figura típica, como alguma coisa
que acrescenta ao crime já configurado, para impor-lhe a marca de maior ou menor
reprovabilidade.”10

É inadmissível que, no mesmo processo, haja duas imputações, gerando a análise de


questões idênticas que produzem, por fim, resultados diferentes.

O magistrado ao analisar as questões judiciais previstas no art. 59, do CPB., no momento da


dosimetria da pena a ser imposta pela prática do delito de extorsão mediante seqüestro concluiu
que a pena-base suficiente para a reprovação e prevenção fosse fixada próxima ao mínimo legal,
tal raciocínio também deveria ser aplicado quanto ao crime de corrupção de menores, uma vez
que a análise das questões judiciais são idênticas em ambos os casos.

Por se tratar de direito do acusado previsto constitucionalmente, ainda que o magistrado


tenha discricionariedade na aplicação da pena, tal não se pode transformar em arbitrariedade, de
modo que a mesma se dê ao bel prazer do julgador, sem que se encontre nos autos causa
justificadora da elevada fixação.
“Sendo uma garantia constitucional do apenado, é necessário que se exija, quanto à
pena, o máximo de legalidade e de objetividade no seu cálculo, a fim de que o poder
discricionário do julgador não se transforme em arbitrariedade. Ao estabelecer a
pena-base, goza o magistrado de relativo arbítrio; exerce, ele, um poder
discricionário, sendo-lhe permitido optar entre o mínimo ou o máximo, caso não se
coloque em posição intermediária. Entretanto, poder discricionário não é poder
absoluto, totalitário, e a pena imposta sem as cautelas do art. 59 do CP é causa de
nulidade do ato sentencial.” (JTAERGS 66/21) (Grifei)

Deste modo, avultadas as irregularidades da sentença recorrida, quanto a condenação do


Apelante pelo crime do art. 244-B da Lei 8.069/90 (ECA) e no critério adotado no momento da
fixação da reprimenda penal, impõe-se a decretação de sua nulidade, por falta de fundamentação
para a imposição de uma pena demasiadamente exacerbada, devendo, pois,

Este Tribunal cassar a sentença recorrida e fazer a devidas emendas e reparos.

EX POSITIS

espera, o Acusado ................, sejam as presentes RAZÕES DE APELAÇÃO, recebidas, vez


que próprias e tempestivas, final conhecido do apelo e dado provimento em todos seus termos,
decretando a absolvição do Apelante ou corrigindo a decisão recorrida, pois desta forma Este
Egrégio Sodalício, estará como de costume editando decisório compatível com os mais elevados
ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos
Pede deferimento.

Local e data

_________________
OAB
Alegações Finais por Memorial– Favorecimento a Prostituição

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ........ VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo...............
Alegações Finais Por Memorial

......................., qualificada nos autos, via de seu procurador, (m.j.), vem a presença de
Vossa Excelência, com fulcro do artigo 403, do Código de Processo Penal, com redação dada pela
Lei nº 11.719, de 20.06.2008 apresentar, no prazo legal, ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL,
nos seguintes termos:

DOS FATOS

A Acusada, foi denunciada como incursa nas penas do artigo 228, do Código Penal, com
redação dada pela Lei nº 12.015, de 07.08.2009 - DOU 10.08.2009 sob acusação de induzir e
atrair a pretensa vítima à prostituição, pelo fato de ter sido surpreendida, no interior do
Motel ......, no dia ........, na companhia da mesma, e do co-réu ..................

Conforme, depoimento, de fls.376, da testemunha ......................., (doc......), a acusada, foi


vítima de uma ação policial, ardilosa, preparada, ILÍCITA e ilegal, vez que sua autuação em
flagrante foi precedida de ajuste da vítima, que se encontrava coagida por um comissário de
nome ..........., que atua no Setor Palmares no posto do “Juizado de Menores”, e os agentes
policiais da Infância e juventude. Diz a testemunha:

“que sua amiga conhecida como ......, lhe contou que uma pessoa
chamada ......................, do Juizado de Menores do Setor ............, havia armado um
flagrante para o acusado ........... e que o mesmo a ameaçara dizendo que se ela não
mantivesse relação sexual com o ......., este iria contar para sua mãe que a menor saía
com esse senhor; que ........ não manteve relações sexuais com o .......; que não sabe
de onde ....... tirou essa ideia e nem se o mesmo conhecia ou não o ..........; que não
sabe de nenhuma pessoa que tenha sido convidada por ........ , para sair com
homens;” (GRIFEI)

A versão de que o flagrante foi preparado ardilosamente, pelos policiais, encontra respaldo,
também, no depoimento da testemunha ........................, em apenso, (doc. .......), assim como a
suposta vítima realizava programas espontaneamente:
“que conhece o ......, que este é um agente do Juizado de Menores do Setor; que o
mesmo disse para ....... marcar um encontro como ............, pois ia armar o flagrante
que também o ...... ainda tentou agarrar a ..... que ..... agarrou a ....... dizendo que se a
mesma não cedesse ia contar alguma coisa para a mãe dela” (grifei)

A própria mãe da suposta vítima Sra. ............., (doc.......), reconhece e declara que sua filha
jamais foi induzida ou atraída a prostituição pela Acusada, em seu depoimento, incluso, com as
seguintes palavras:

“Que sua filha lhe contou depois que havia ido ao motel com o médico porque o .....
morador do setor tinha combinado com a mesma para pegá-lo em flagrante que não
sabe porque o ...... queria o flagrante; que não sabe porque sua filha resolveu ir...”

Incontestável que se tratou de um “ flagrante preparado”, e não “esperado, portanto nulo


como instrumento legal de coerção da liberdade pessoal.

O auto de Prisão em Flagrante, além de preparado, o que vale dizer nulo e ilícito, não
obedeceu as prescrições legais, uma vez que o crime atribuído a Acusada, é do rol daqueles que
exigem a representação do ofendido ou seu representante legal para legitimar a ação da
autoridade policial, conforme o próprio Órgão Ministerial o admitiu em sua cota, nos autos em
apenso, de pedido de relaxamento de prisão em flagrante, nos seguintes termos:

“Na verdade, o objetivo principal da prisão em , flagrante é a segurança da


culpabilidade do acusado, entretanto, no presente feito, tratando-se de crime que se
apura mediante ação penal privada, a prisão só perdura quando a pessoa interessada
manifesta a vontade de ser processado o autor do crime, mas tal manifestação deve
ocorrer no prazo de vinte e quatro horas, o que não ocorreu. Sendo assim somos pelo
relaxamento da prisão em , flagrante ora requerido.”

É, pois, notório que a sustentação da pretensão Acusatória, se baseia única e


exclusivamente em provas extrajudiciais, obtidas ilicitamente pelas autoridades policiais durante
a fase inquistorial.
A denúncia, referindo-se as declarações de outras menores, na promotoria da infância e
juventude, acostadas as fls. ......, afirmou:

“Além da vítima ......, os denunciados ........ e ...... ainda induziram outras menores à
prostituição atraindo-as com oferta de R$ ........ por cada programa, menores estas
constantes nas declarações, anexadas ao inquérito.”

As menores apontadas na denúncia são: ............... (fls. .....); ................ (fls. ...); ................
(fls. ...); e ............................. , (fls. .....), que ouvidas perante a ilustre juíza da comarca de ......, em
deprecata da comarcas de ...................., nos autos nº ...................., conforme documentação, em
apenso, (doc. .... ) negaram peremptoriamente e de forma unânime a veracidade das referidas
declarações, assim se pronunciaram:
1) ......: “...que nunca teve intimidade e nunca conversou com ....... que; que não sabe
de nenhuma pessoa que tenha sido convidada por ...... , para sair com homens;”

2) .....: “...conhece ........... apenas de vista não pode dar informações sobre o
comportamento e vida passada dela; que nunca soube que ela tivesse praticado ato
desabonador e nunca soube que ela tivesse intermediado menores para o acusado;”

3) ................: “que não sabe se ........... fazia programas; que a mesma nunca lhe
propôs fazer programa;”

4) ..............: “Que .............. nunca a convidou para sair com pessoa alguma”

Nenhuma das testemunhas arroladas na denúncia, afirmou ter a Acusada, induzido ou


atraído, a vítima à prostituição, corrompido ou tentado corrompe-la, inclusive, a mesma já é
casada civilmente com o irmão da Acusada: ........................, desde ..............., conforme cópia da
certidão de casamento em apenso. (doc....)

DO DIREITO
No caso em apreço, a Acusada, foi vítima de uma prisão engendrada artificiosamente pela
polícia, que de maneira ilegal e ilícita, forçou a suposta vítima a provocar uma situação,
supostamente flagrancial, geradora do presente feito, obtendo prova por meio ilícito,
inadmissível no processo, conforme garantia constitucional estampada no artigo 5º, LVI, de nossa
Constituição Federal e Art. 157, do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei nº
11.690, de 09.06.2008 - DOU 10.06.2008, em juízo, sob o crivo do contraditório nada de positivo
conseguiu, a Acusação, no sentido de provar o alegado na denúncia, a não ser os depoimentos
contraditórios dos policiais, que efetuaram a diligência, que por si só, não tem a força para
amparar uma possível decisão condenatória.

Ressalte-se, também, que após sua prisão, a Acusada, foi objeto do sensacionalismo e
execração pública por parte da mídia selvagem, e principalmente, do Ministério Público da
Infância e Juventude que a transformou num monstro execrável, violando o seu direito de
respeito a sua dignidade e integridade moral e a preservação de sua imagem de cidadã, que
embora pobre e miserável: é humana, como também expôs de forma irresponsável a imagem das
menores cujos direitos e prerrogativas tinha o dever de zelar.

A denúncia, imputou, ter a acusada infringido, o seguinte dispositivo penal:

Código Penal:

Art. 228 - Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração


sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (“Caput” com
redação dada pela Lei nº 12.015, de 07.08.2009 - DOU 10.08.2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

A conduta da Acusada não se enquadra no tipo penal acima descrito, pois a suposta vítima,
a acompanhou por livre e espontânea vontade, sem qualquer ato que pudesse designar
induzimento ou atração, como bem esclarece a testemunha ...............; além do que, a condição
de prostituta da vítima, que é elemento sine qua non, não restou demonstrado nos autos, muito
pelo contrário, ela afirma ter perdido a virgindade com seu namorado, com o qual se casou
civilmente (doc.), comportamento incompatível com a de uma prostituta.

É corrente o entendimento de que o crime só se consuma quando o agente preenche todos


os elementos de composição de um tipo penal, e, o objeto jurídico tutelado é atingido, ou como
conceitua Anibal Bruno:

“É a fase última do atuar do criminoso. É o momento em que o agente realiza em


todos os seus termos o tipo legal da figura delituosa, e em que o bem jurídico
penalmente protegido sofreu a lesão efetiva ou a ameaça que se exprime no núcleo do
tipo. É em face do tipo legal do crime que se pode concluir se o atuar do agente
alcançou a fase de consumação” ( in “Direito Penal, Parte Geral, 4ª ed., tomo. II, pág.
254, 1984).

O Crime previsto, no artigo 228, do Estatuto Substantivo Penal, é crime instantâneo - sua
consumação é constatada em um só instante, e se exaure num só momento; é também crime
material – que só se aperfeiçoa com a positivação do resultado previsto no tipo legal, sendo
portanto, por conseqüência, crime de dano – que só se considera consumado com a lesão efetiva
do bem jurídico tutelado. Portanto, se não ficou provado a realização da conduta típica e se o
resultado prostituição não ocorreu, obviamente, não se pode falar em conduta criminosa ou
típica, ou de crime consumado.

Poder-se-ia, ad argumentandum, afirmar que o caso caracteriza-se em crime impossível,


pois a polícia, sob coação, obrigou a suposta vítima a provocar uma situação de flagrante delito,
e, impediu uma possível consumação delitual por ineficácia absoluta do meio ou absoluta
impropriedade do objeto., consoante disposto no artigo 17 do CPB.

Na forma típica, induzir ou atrair alguém a prostituição , haveria a acusação de demonstrar


durante a instrução criminal, qual foi a atividade ou conduta da Acusada que comprovasse ter
induzido alguém, quer dizer: (incutido, instigado, incitado, persuadido, arrastado, etc.), ou
atraído que é: (puxado, prendido, seduzido, etc.), à prostituição, pois o ônus da prova da
existência do fato, da autoria, como também do elemento subjetivo, compete ao órgão acusador,
pois em favor do réu vige o princípio constitucional da presunção de inocência. Logo, sendo a
prova acusatória frágil, e controvertida, impõe-se a absolvição da acusada, conforme
entendimento jurisprudencial dominante:

“A prova da acusação para ter conseqüência jurídica, deve conduzir a certeza da


criminalidade (RF 69/604).

“A sentença condenatória há de se apoiar em prova inequívoca de autoria.” (TJRJ –


Ap. Crim. Nº 57.925/72 – 2ª C. – Rel. Des. Wellington Pimentel).

Restou à acusação única e exclusivamente a palavra da suposta vítima (hoje cunhada da


ré), de que ............, teria aliciado, também, as menores ..........................., o que foi prontamente
desmentido pela primeira, em seu depoimento prestado perante a ilustre juíza de ...... as fls. ......
Embora a Jurisprudência tem atribuído relevante valor probante nas declarações da
ofendida, nos crimes contra a liberdade sexual. nossos Tribunais Superiores, de forma uníssona
firmaram o entendimento, de que isoladas e sem harmonia com o conjunto probatório, por si só,
não são suficientes para amparar ou alicerçar decreto condenatório, como se vê nos arestos a
seguir expostos
“Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da vítima, em crimes contra os
costumes, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida sem reservas,
quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com suas
declarações” (TJSP - AC - Rel. Adalberto Spagnoulo - RTJSP 59/404).

“As vacilações da ofendida em caso de estupro deitam a perder a prova, já que, em


tema de crimes contra os costumes, fundamental é a sua palavra”(TJSP - AC - Rel.
Dirceu de Mello - RT 566/308);

No caso em apreço, as declarações das supostas vítimas não se harmonizam, com os


demais elementos probatórios dos autos,, sendo pois contaminados pela contraditoriedade e
inverossimilhança, não comportando, credibilidade suficiente para amparar decreto
condenatório.

A Acusada, é pessoa humilde, simples e pobre, tecnicamente primária, possui bons


antecedentes, embora responda a outras duas ações penais, o que não podem ser consideradas
em seu prejuízo por força do princípio constitucional da presunção de não culpabilidade, como é
o entendimento dominante de nossa jurisprudência

“Não devem ser considerados como maus antecedentes, prejudicando o réu

Processos em curso (TACrimSP, RvCrim 124.212, JTACrimSP, 78:14; STF, HC 68.641,


1ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, RT, 690:390; STJ, RHC 2.702, 6ª Turma, DJU, 28
jun. 1993, p. 12901; STF, HC 68.742, 1ª Turma, RT, 698:448 e 453, voto do Min. Celso
de MelloHC 70.993, 1ª Turma, DJU, 2 dez. 1994, p. 33198).” ( in “Código Penal
Anotado, pág. 140, Damásio E. de Jesus).

EX POSITIS,

Espera, a Acusada, sejam as presentes Alegações Finais por Memorial recebidas, com a
juntada aos autos da inclusa documentação (doc. 1/9), julgando-se improcedente a denúncia de
fls......., e decretando em consequência, sua absolvição, pois desta forma Vossa Excelência, como
de costume, estará editando decisão compatível com os mais elevados ditames da JUSTIÇA.

Local, data

___________________
OAB
Alegações Finais por Memorial – Homicídio Pedido de Absolvição
Sumária – Legítima Defesa

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ..................

“Um momento da conduta humana não


revela o conhecimento de um homem.”

Protocolo nº ..........
Alegações Finais por Memorial

............................ , já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu advogado e defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do art.
415, inc. IV, do Código de Processo Pena, com a nova redação dada pela Lei 11.689/2008,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

Conforme restou demonstrado de forma plena e cabal, pela prova coligida durante o
judicium acusationnes, no momento do fato a vítima, além de dirigir palavras ofensivas, passou
a agredir fisicamente o Acusado fazendo uso de uma cadeira de ferro contra sua pessoa, tendo,
aquele, lançado mão do único meio de defesa de que dispunha, para fazer cessar a injusta e
atual agressão sofrida.

Consta ainda, dos autos, que a vítima era de caráter e temperamento beligerante, agressiva,
e que constantemente provocava outras pessoas, sendo tida como arruaceira no meio em que
vivia.

O Acusado, é pessoa honesta, pacata e trabalhadora, bom pai de família, radicado na


cidade de ...... há mais de .... anos, gozando de respeito consideração naquela comunidade, é
tecnicamente primário.
DO DIREITO

Ensina o festejado e saudoso .............., que muitos advogados abstêm-se de apresentar


alegações finais nos processos de competência do Tribunal do Júri. Outros as fazem bem
sucintas, apenas para tornar efetiva sua presença nos autos. Casos há, porém, em que se deve
lutar até pela absolvição sumária ou impronúncia, e, nesses casos as alegações devem ser bem
deduzidas e fundamentadas.

Sabe-se que a decisão intermediária da pronúncia, não comporta análise aprofundada de


mérito, vez que constitui ato processual de caráter meramente formal e não substancial, possui
feição de despacho interlocutório por não se revestir de força de decisão terminativa,
proclamando, assim, simples admissibilidade da acusação uma vez provada a materialidade do
fato e indícios de sua autoria.

Neste sentido é o magistério do ilustre processualista José Frederico Marques, que assim
leciona:

“A pronúncia é sentença de conteúdo declaratório, em que o juiz proclama admissível


a acusação para que esta seja decida no plenário do júri” (in: Elementos de Processo
Penal, Vol. III, pág. 181, Ed. 1,997).
:
No mesmo diapasão, é a advertência de Adriano Marrey, quando ensina:

“na fundamentação da sentença de pronúncia deve o juiz usar de prudência,


evitando manifestação própria quanto ao mérito da acusação. Cumpre-lhe abster-se
de refutar , a qualquer pretexto, as teses de defesa, contra-argumentando com dados
do processo, nem mesmo para acolher circunstâncias elementares do crime.

Devem ser abolidas expressões como: “o réu é culpado”, “O réu agiu em legítima
defesa”, “O réu agiu com torpeza...”, “O réu provocou a vítima...”, “O réu confessou
plenamente o delito, tanto na polícia quanto em juízo...”, e outras que conduzem a
prejulgamento, em prejuízo da defesa em plenário.” (in: Teoria e Prática do JÚRI,
pag. 261, 7a Ed., 2000).

Reside, pois, esta preocupação doutrinária, justamente, na garantia e preservação da


soberania do Tribunal do Júri, como Juízo Constitucional, para a apreciação e julgamento dos
crimes dolosos contra a vida, bem como, que lhe seja assegurada a proteção contra a ação de
qualquer espécie de influência em seus veredictos, sejam absolutórios ou condenatórios.

Porém, no presente caso, s.m.j., entende a defesa do Acusado, que o conjunto probatório é
suficiente para a prolação de uma sentença terminativa, pois conforme unanimidade da prova
carreada para autos, ficou provado estreme de dúvidas que o Acusado agiu sob o pálio protetor
da excludente de ilicitude prevista no art. 23, II, e 25 do Código Penal Brasileiro.

Na presente fase processual, quando a prova contida judicium accusationis, se apresenta


estreme de dúvida, no sentido de ter o acusado agido amparado por causa excludente de ilicitude
ou dirimente de culpabilidade, seria uma incoerência, deixar o processo se arrastar até o
dispendioso, complexo e mortificante julgamento pelo júri, principalmente, quando o
prosseguimento do feito ou a condenação do réu não representará qualquer avanço na busca do
ideal de justiça almejado pela sociedade.

Finalmente, como expressam as provas do processo, o Acusado é pessoa de excelente


antecedente, trabalhador, com família regularmente constituída que depende de seu lçabor para
a subsistência, gozando de respeito e admiração entre seus familiares e no meio social onde
reside.

EX POSITIS,

espera o Acusado ................................, ora defendente, sejam as presentes alegações


recebidas, vez que próprias e tempestivas, decretando sua ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, nos termos
do art. 415, inc. IV, do Código de Processo Penal, com a nova redação dada pela Lei 11.689/2008,
pois desta forma, Vossa Excelência, estará editando decisão compatível com os mais elevados
ditames do da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA.

__________________
OAB
Alegações Finais por Memorial – Justiça Militar

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA-AUDITORA DA AUDITORIA DA ......º CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA


MILITAR.

Processo

.....................................,

já qualificado nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a Justiça Militar desta CJM, via
de seu Advogado, in fine assinado, premissa máxima vênia vem, tempestivamente, perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 428 CPPM., apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos seguintes fatos, razões e fundamentos:

PRELIMINARMENTE

Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, ou seja: a) possibilidade


jurídica da pretensão (consistente na previsão legal do pretendido através dela); b) o interesse de
agir ou processual (que se traduz na adequada necessidade de se ir a juízo para obtenção da
devida providência ou solução da lide); c) a legitimatio ad causam que corresponde a legitimação
subjetiva a sua titularidade ativa (autor/MPM) e passiva (réu) 1, a presente ação penal deve ser
submetida ao crivo jurisdicional, com a análise do meritum causae.

A priori não se vislumbra a presença de eventual nulidade ou mácula processual.

SÚMULA DOS FATOS

“O Ministério Público editou denúncia em desfavor do Acusado .........., ora defendente, por
ter, em co-autoria com os soldados .............................., supostamente infringido a norma
incriminadora insculpida no art. 195 do Código Penal Militar, ns seguintes termos;
“No dia ..................., durante o período compreendido entre as ............ e a ..............
HS, o soldados ....................., mesmo estando de serviço, conforme escala publicada
no Boletim Interno Ostensivo ....., de ............. (fls.........), ausentaram-se da Base Aérea
de .......... para comprar bebidas alcoólicas na cidade de ............, sem autorização do
Oficial –de-dia e com a anuência do Comandante-da-Guarda, 3 o Sargento ...............,
que participava da conduta delituosa.

Cumpre esclarecer que os militares Denunciados se cotizaram e, durante os serviços


para os quais escalados, organizaram um “churrasco”, contando com a presença,
inclusive, de pessoas que pertenciam aquela Unidade Militar.

As condutas delituosas acima descritas e confessadas pelos ora denunciados


(fls.......), subsumem-se ao tipo penal previsto no art. 195 – Abandono de posto, do
Código Penal Militar, pois esses militares, agindo e em co-autoria, abandonaram, sem
ordem superior os serviços que lhes cumpria antes de termina-lo, sendo que o
Sargento .......... possibilitou esse abandono.

Durante a instrução os Denunciados foram interrogados e inquiridas ......... testemunhas


arroladas pela Acusação, cujas declarações confirmaram os fatos ventilados na denuncia,
acrescentando ainda que a conduta delituosa atribuída aos denunciados, não provocou prejuízo
à ordem administrativa militar, dano ou perigo apta a configurar o crime capitulado no art. 195
do CPM.

Instado a emitir suas alegações derradeiras, as fls. ........, o ilustre e zeloso representante do
Ministério Público Militar, em bem lançadas argumentações pugnou pela absolvição dos
Acusados, reconhecendo que os fatos narrados na denúncia possuem feição e adequação
nitidamente de transgressão disciplinar, fora da órbita jurisdicional desta Egrégia Corte
castrense, posicionamento ao qual se comunga e adere integralmente a defesa técnica do
Acusado, ora defendente.

DO DIREITO

“Um momento da conduta humana não revela o


conhecimento de um homem.“

A escassa doutrina penal castrense define o crime militar, (art. 9 o. CPM), como sendo a
grave e acentuada violação ao dever militar e aos valores das instituições militares. Distingue-se
da transgressão disciplinar porque esta embora constitua a mesma violação, sua manifestação
elementar é mais simples 2 e sua ofensividade aos bens juridicamente tutelados de menor
gravidade.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.).

De forma mais singela, a concepção de crime exige uma conduta violadora da norma penal
que atente de forma significativa e suficiente para repercutir contra a ordem social ou
administrativa. O que vale dizer comprometa de tal forma que exija a aplicação da pena
correspondente.

No ordenamento jurídico norteador da legislação militar, surge para mesma conduta


increpada, diferentes interpretações no plano de aplicação da norma in abstrato, ao caso
concreto, como no presente feito, onde o abandono do local de serviço tanto poderá corporificar
o delito previsto no art. 195, do Código Penal Milita,r como as transgressões disciplinares
previstas nos itens 17 e 19, do Regulamento Disciplinar Aeronáutica (RDAER), aprovado pelo
Decreto 76.322/75, porém, como bem salientou o ilustre Representante do Ministério Público em
suas alegações escritas de fls. 251/254, “ o abandono do serviço praticado pelos acusados não
corresponde ao fato típico, ilícito e culpável”, ou seja, não teve a gravidade suficiente para atingir
o patamar de um crime militar, mas tão só, de eventual transgressão disciplinar.

As condutas atribuídas e confessadas pelos acusados violaram o dever militar, sem contudo
colocar em perigo a segurança ou administração da OM 3, estando, portanto, dentro da esferas das
transgressões disciplinares previstas no Decreto supracitado, e não a tipificação como o crime
militar insculpido no art. 195, do CPM, que exigiria maior gravidade

Pelo Exposto, espera o Acusado _________, sejam as presentes alegações recebidas, vez que
próprias e tempestivas, final acatando perecer do Ministério Público Militar, exarado as
fls. ........., Este Egrégio Conselho Permanente de Justiça para a Aeronáutica, julgue improcedente
a denúncia de fls. ......, para absolve-lo, pois desta forma estará restabelecendo o império do
direito, da Lei e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Alegações Finais por Memorial – Porte Ilegal de Arma de Uso
Proibido

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ............ .

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo .............
Alegações Finais Por Memorial

.................... , já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, em tempo do artigo 403, do Código de Processo Penal,
com a redação que lhe deu a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados;

SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público aportou nos cancelos deste Juízo, ação penal em desfavor do
Acusado, imputando-lhe a prática delituosa inserta na norma proibitiva do artigo 14, da Lei
10.826/2003, se propondo, na proemial acusatória, provar durante o persecutio criminis in
judicio a prática dos seguintes fatos in verbis as fls. 02/03:

“consta do incluso inquérito policial, que no dia .............................., por volta


das ............ horas, na Rua ......................... Bairro ..............., nesta cidade, o
denunciado portava arma de fogo, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, consistente em um revolver marca ........,
calibre ......, talas de madeira, sem numero de identificaçao e 10 (dez) munições
intactas, conforme Termo de Exibição Apreensão de fls. ....

Segundo o procedimento investigatório, no dia e hora acima mencionados, a


Sra. ............................, esposa do denunciado, temendo eventual atitude agressiva por
parte deste, que vinha a ameaçando de morte, ao perceber a sua presença nas
proximidades de sua residência acionou a policia militar, que por sua vez, se dirigiu
ao referido local. Sendo que, o denunciado ao verificar a aproximação dos policiais
militares, jogou a aludida arma de fogo, em baixo do veiculo de sua propriedade, a
qual foi devidamente apreendida pelos policiais militares.
Consta ainda, que a policia militar ao proceder na busca pessoal no denunciado
encontrou em seu poder, 01 (um) par de algemas e cinco munições calibre ....,
consoante Termo de Exibição e Apreensão de fls. .........

Diante do exposto, o denunciado ...................................... incorreu nas penas do art.


14 (conduta portar) da Lei 10.826/03, pelo que se requer, seja o mesmo citado,
interrogado e processado pelo rito pertinente e, confirmada esta, condenado na forma
da lei.”

A instrução criminal transcorreu na forma preconizada pela legislação vigente, tendo ao


tempo do art. 499, do CPP, o Órgão de Acusação Oficial, aditado a denúncia, modificando a
imputação original, para o art. 16, do mesmo Codex, em função da arma apreendia estar com a
numeração raspada.

É de se observar que embora o Acusado tenha respondido por vários TCOs. na comarca
de ............, conforme demonstram os IACs., de fls. ....., trata-se de pessoa que exerce profissão
lícita, vez que é comerciante naquela urbe, com excelente conduta social, possui residência fixa,
com família regularmente constituída, conforme noticiam a documentação acostado nos
autos .............., (fls. ........), em apenso, não havendo nenhuma ordem judicial restritiva de seu
status libertatis, que poderia constituir óbice para o restabelecimento de sua liberdade, além do
que é acadêmico do curso de Direito na Faculdades Integradas ...........

DO DIREITO

Por imposição legal, e que não ocorra violação da Súmula 523, do STF, a defesa técnica do
Acusado, protesta pela edição de decreto absolutório nos termos do art. 386, VII do CPP, pelos
seguintes motivos.

A Acusação Oficial alicerçou seu pedido de condenação, em suas alegações derradeiras de


fls., única e exclusivamente nos depoimentos da esposa do réu, que notoriamente é sua desafeta
em virtude do rompimento da relação conjugal e fugurar como suporta vítima em outra ação
penal andamento nesta Corte, constituindo, assim, prova inidônea para sustentar eventual
decreto condenatório.

Além do mais, nossos tribunais pátrios tem repudiado a adoção dos depoimentos de
policiais que efetuaram a prisão como razão de decidir, vez que representam apenas uma forma
de justificar suas atuações arbitrárias, como ocorreu no presente feito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM. Por mais veementes que sejam os
elementos constantes do inquérito, tão só nos mesmos não pode basear-se sentença
condenatória e. pois fugiria ao contraditório, assegurado por princípio
constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n 178.595, de Guarulhos, Rel.
SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remansosa nesse passo a jurisprudência (RT
369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278; 393/343; 386/249; 360/241;
356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.(“Apud” rolo n 146. flash nº 318,
do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

“ O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o


exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.” (Ac. un. da 4ª. Câm., de 1°.-9-77, na Ap. n.° 165.733, de São Paulo,
rel. GONÇALVES SOBRINHO. “Apud” rolo n.° 128, flash n° 135, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)”

Caso prevaleça no espírito de Vossa Excelência o entendimento de que o acusado deva ser
condenado, é indeclinável a conclusão de que, o mesmo preenche todos os requisitos para
exercer o direito de recorrer em liberdade, uma vez que demonstrou através da juntada de vasta
documentação, que embora tenha antecedentes judiciais de pequeno porte, regulados pela Lei
9.099/95, é pessoa trabalhadora, com residência fixa, estudante do curso de direito, com família
regularmente constituída, sendo que sua liberdade não importará em prejuízo da harmonia
social.

É neste mesmo sentido que se posicionam nossos mais elevados Tribunais Pátrios,
consoante os seguintes arestos:

“PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – ART. 10, CAPUT, DA LEI Nº 9.437/97


– DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE – ART. 594 DO CPP – FALTA DE
DEMONSTRAÇÃO DAS HIPÓTESES DO ART. 312 DO CPP – O direito do réu de
apelar em liberdade, assegurado pelo art. 594 do CPP, não lhe pode ser denegado, se
permaneceu solto durante a instrução criminal e não evidenciadas qualquer das
hipóteses previstas no art. 312 do CPP, quando da prolação da r. Sentença
condenatória. (Precedentes). Writ concedido.” (STJ – HC 32000 – SP – 5ª T. – Rel.
Min. Felix Fischer – DJU 31.05.2004 – p. 00336)

“PROCESSUAL PENAL – RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS – ART. 121,


§ 2º, INCISO IV, DO CÓDIGO PENAL – DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE –
ART. 594 DO CPP – FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DAS HIPÓTESES DO ART. 312
DO CPP – CRIME CLASSIFICADO COMO HEDIONDO – I - O direito do réu de apelar
em liberdade, assegurado pelo art. 594 do CPP, não lhe pode ser denegado, se
permaneceu solto durante a instrução criminal e não evidenciadas qualquer das
hipóteses previstas no art. 312 do CPP, quando da prolação da r. Sentença
condenatória. (Precedentes). II - Ainda que se trate de condenação por crime
classificado como hediondo, a negativa do direito de apelar em liberdade exige
motivação concretamente vinculada, não sendo por si só suficiente a mera alegação
genérica de que se trata de delito equiparado a hediondo. Recurso provido.” (STJ –
RHC 15729 – SP – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 31.05.2004 – p. 00329)
JCP.121 JCP.121.2.IV JCPP.594 JCPP.312)”
EX POSITIS,

espera o Acusado, ...................................., ora defendente, sejam as presentes alegações


finais de defesa recebidas, vez que tempestivas e próprias, para final julgar improcedente a
denúncia, com sua consequente absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta
forma Vossa Excelência, estará editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o
império da Lei, do Direito de Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA.

___________________________
OAB
Alegações Finais por Memorial – Roubo – Falta de Reconhecimento
da Vítima

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA COMARCA DE ...............

PROTOCOLO ............
Alegações Finais Por Memorial

...................................., já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de seu


defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença
de Vossa Excelência, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, nos termos do artigo 403, do Código de Processo Penal, com a redação que lhe
inovou a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

O Órgão Ministerial editou denúncia de fls. ........, em desfavor do Acusado, ora defendente,
se propondo em provar durante o persecutio criminis in judicio a autoria do delito previsto no
art. 157, do Código Penal, nos seguintes termos in verbis:

“Narra inclusa peça informativa que, no dia ............... do ano fluente (.....), por volta
das ....... horas, na ......, próximo ao .............., neste município, o denunciando
subtraiu, para si, mediante grave ameaça, com emprego de um revólver, .......... (...)
pares de ....., no valor aproximado de R$ ........... (............), imobilizando, para tanto,
as vítimas .................. e ...............

Verificou-se que a vitima ............. encontrava-se em sua residência, onde estavam


depositados os ......... pares de sapatos, pois que desativado seu estabelecimento
comercial, quando apareceu o denunciando interessado em adquirir todo o estoque.

Por ser o denunciando pessoa conhecida da vítima ..........., com quem negociara
anteriormente, esta vendeu-lhe a mercadoria por R$ .......... (............).
Encerrada a transação, o denunciando pediu a ......... que o acompanhasse até ...........,
onde pegaria o numerário para pagar-lhe. Este, sem prever a intenção do
denunciando, prontificou-se a ir e convidou a vitima ..... para acompanhá-los.

Aproximadamente, a .... quilômetros do trevo ......, o denunciando simulou defeito no


veículo que conduzia, parando-o. Em seguida, apontou um revólver para as vítimas e
determinou que saíssem do veículo e permanecessem no local, empreendendo fuga
rumo à Capital deste Estado e levando consigo a mercadoria.

Destarte, está o denunciando incurso as sanções do art. 157, 2°. incisos I (emprego de
arma) do Código Penal Pátrio...”.
A denúncia foi recebida, tendo o Réu na ocasião de seu interrogatório negou a autoria do
fato nos seguintes termos:

“Que alega que nunca esteve nesta cidade, sendo esta a primeira vez que aqui vem;
Que alega que não conhece as vítimas; Que alega que nunca esteve no Trevo ......,
na ....., e que nunca saiu do município de ........., onde nasceu e se criou; Que nunca
negociou com a vítima ........, dizendo que não a conhece; Que o interrogando é
portador da Carteira de Identidade n° .............., expedida em .........., pela .....; Que
alega que nunca foi proprietário de um veículo .....; Que desconhece o motivo pelo
qual as vítimas e as testemunhas mencionadas na denuncia estão lhe imputando
autoria do delito descrito na inicial. (…) Que o interrogado alega que na data do fato
mencionado na denuncia não possuía habilitação para conduzir o veículo e nem era
proprietário de veículo; Que tomou conhecimento dos fatos mencionados na
denuncia há cerca de ... mês, alegando que antes nunca tinha sido procurado pela
Polícia pelos fatos já mencionados; Que alega que tomou conhecimento do decreto de
prisão preventiva através de seus familiares e que aqui compareceu, mesmo ciente de
que poderia ser preso, porque disse que não cometeu o crime e nada tem a temer.”

Durante a instrução criminal foram ouvidas a suposta vítima, mais três testem unhas do rol
da denúncia e duas arrolada pela defesa, destacando-se de seus depoimentos o seguinte:

................ (vítima?)

“Que o (...) quando ali chegou o acusado em um ...... (...) Que no dia dos fatos, o
depoente chegou a anotar a placa do carro em que o acusado estava, mas a polícia
constatou que a placa era fria; sendo que o depoente também conseguiu anotar o
nome do acusado olhando seu carteira de identidade quando ele desceu do veículo
tratando-se de ....................; Que o depoente na ..... foi descrevendo as características
do acusado e foi feito o retrato falado do mesmo; Que o depoente embora não possa
afirmar com absoluta certeza reconheceu, o acusado nesta data por fotografia
consoante cópias constante as fls...... dos autos” (Grifei).

......................
Em Juízo:

“que o depoente na data dos fatos, encontrava-se na residência de seu amigo .........
(...) quando ali chegou o acusado em um ......, de cor ....., salvo engano, dizendo que
estava interessado emcom0prar o restante do estoque de uma loja de sapatos
que ........ possuía e havia fechado.” (grifei).

.......................................

Na Delegacia:

“QUE, quando foi por volta das ...... horas, .............. e ........... chegaram em casa
muito apavorados e comunicando que após o Trevo ....... neste município, .........
apontou um revólver para eles, fizeram com eles descessem do veiculo” (grifei).

Em Juízo:

“Que ............... e ............... retornaram a noite à pé, dizendo a depoente que seguiram
para ........... no veículo ...... do acusado, e no trajeto o acusado parou o veículo e disse
a eles que havia um defeito na roda, e pediu a eles que descessem e olhassem o
defeito, mas quando ............... foi entrar novamente no carro, o acusado
obrigou .............. e ................ a descerem...” (grifei).

É indiscutível que o fato imputado ao acusado constitui uma farsa, engendrada pela
suposta vítima e sua mãe, em conluio com as duas testemunhas e a polícia civil, basta observar
que o delegado endereçou o ofício nº ......., no dia ....., (fls.....) ao Diretor do Instituto de
Identificação da ......, e, pasme, no mesmo dia, às ....... hrs., (fls...), foi expedida a cópia do
prontuário requerida, a qual foi objeto de reconhecimento de fls.... Tamanha rapidez, que só seria
possível se a Delegacia de ....... estivesse on line com o Instituto de Identificação, fato este que
na data de hoje não existe.

O referido procedimento policial falacioso, apresenta outras facetas de caráter sui generis,
pois vejamos: da data do fato ao relatório que concluiu o inquérito, demandaram apenas .... dias,
nenhuma diligência foi realizada no sentido de localizar o “assaltante”, e o que é mais fantástico:
o acusado, que é ...., foi reconhecido através de uma fotocópia de sua fotografia, na qual só se vê
apenas um tição1 no local do rosto.

Na realidade, o Acusado, foi vítima de um ato indecoroso, obsceno e vergonhoso,


arquitetado pela suposta vítima, o que é mais revoltante: com o apoio da própria polícia, que
cuidou da formalização do fictício assalto, por motivos até então ignorados.

Por outro lado o Acusado afirmou em seu interrogatório judicial de fls., que nunca esteve
em ........, e que desde adolescente se dedica a profissão de marceneiro, jamais possuiu veículo de
marca ........., inclusive, na ocasião do suposto crime, não possui habilitação para dirigir, o que
foi confirmado pelas testemunhas arroladas na defesa prévia, e documentação acostada aos autos
de nº ....... de Pedido de Revogação de Prisão Preventiva.
O Ilustre Representante do Ministério Público, em suas alegações finais de fls., fez jus ao
papel institucional de atuar como custus legis, pugnando pela improcedência da denúncia,
demonstrando elevado senso de justiça e imparcialidade, virtudes que enobrece e dignifica sua
gloriosa instituição,

DO DIREITO

“Um culpado punido


É exemplo para os delinquentes,
Um inocente condenado
Preocupação para todo homem de bem.”
(La Bruyere)

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco mínima que seja de condenar quem
nada deva2.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil3”

Na mesma trilha é o iluminado ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 4. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza...,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.

No caso em apreço, os reconhecimentos da suposta vítima e testemunhas arroladas na


denúncia, não podem, servir de alicerce para eventual decreto condenatório, porque foram
realizados ao arrepio das exigências contidas no art. 226 do CPP, principalmente quando é
realizado, precariamente, através de fotocópia de uma fotografia. 5

O reconhecimento fotográfico procedido na Polícia constitui elemento precário de prova,


principalmente, quando os fatos se deram a noite e o meliante agiu com o rosto parcialmente
encoberto, de forma que a vítima que mais se aproximou do bandido afirmar, categoricamente,
não poder efetuar um reconhecimento seguro da pessoa do réu.

“O reconhecimento fotográfico somente deve ser considerado como forma idônea de


prova, quando acompanhada de outros elementos aptos a caracterizar a autoria do
delito.6

“PROVA - Reconhecimento de pessoas - Nulidade - Suspeito não colocado ao lado de


outros que com ele guardem semelhança - Hipótese em que o reconhecimento em
juízo não sana a falta da formalidade - Inteligência do artigo 226 do CPP. As
formalidades previstas no artigo 226 do CPP são essenciais à valia do
reconhecimento, que, inicialmente, há de ser feito por quem se apresente para a
prática do ato, a ser iniciado com a descrição da pessoa a ser reconhecida. Em
seguida, o suspeito deve ser colocado ao lado de outros que com ele guardem
semelhança, a fim de que se confirme o reconhecimento. A cláusula “se for possível”,
constante do inciso II do artigo de regência, consubstancia exceção, diante do
princípio da razoabilidade. O vício não fica sanado pela corroboração do
reconhecimento em juízo, também efetuado sem as formalidades referidas”. 7

“O reconhecimento fotográfico dos acusados produzido na fase de inquérito policial,


com a inobservância dos requisitos do artigo 226 do CPP, é meio extremamente
precário para embasar decreto condenatório, mormente se inexistirem outros meios
de prova juridicamente idônea a ratificar a sentença.” 8

É óbvio, que o reconhecimento do acusado não obedeceu a regras estabelecidas na lei


processual penal vigente, não podendo servir de amparo e embasamento a decreto condenatório,
face de sua indiscutível inidoneidade e ilegalidade formal.

A presunção de honestidade é patrimônio inalienável de todo cidadão de bem, porém, por


tudo que dos autos consta é nítida e inarredável a conclusão, de que tanto a suposta vítima
como polícia civil, engendraram uma manobra fraudulenta e covarde, imputando ao Acusado a
autoria de um crime grave inexistente, que poderia em caso de condenação, destruir-lhe toda
sua existência, que sempre foi pautada no trabalho, dedicação à família e respeito ao direito
alheio.

EX POSITIS,

espera o Acusado, ...................., ora defendente, sejam as presentes alegações de defesa


recebidas, vez que tempestivas e próprias, para final, acolhendo parecer ministerial, julgar
improcedente a denúncia, com a consequente absolvição, nos termos da legislação pertinente,
pois desta forma Vossa Excelência, estará editando decisório carregado de equidade,
restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

_________________
OAB
Alegações Finais Por Memorial– Roubo – Insuficiência de Provas
Para a Condenação

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ..........

Protocolo nº ..............
Alegações Finais Por Memorial
Acusado:................

............................................, já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe


move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 403
do CPP, com a redação dada pela Lei 11.719, de 20/06/2008 tempestivamente, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1 A exordial acusatória, de fls......, imputou ao acusado, ora defendente, a prática do ilícito


penal incrustado na norma proibitiva do artigo 157, do Código de Processo Penal, nos seguintes
termos in verbis:
“No dia ............, por volta das ... horas, na ....., ... km antes do Bairro ......, nesta
cidade, os denunciados em comunhão de desígnios e mediante violência subtraíram
para si um celular marca ........, dois capacetes, uma motocicleta ..........., placa ......
de .......... uma carteira contendo documentos pessoais, talonário de cheques e
quantia de R$ ........ em dinheiro da vítima ..................

Ressai dos autos que a vítima e sua namorada trafegavam em uma motocicleta no
local acima mencionado, quando os denunciados em outra motocicleta abordaram-
nos anunciando o assalto. Simulando estarem armados, os denunciados fizeram com
a vítima parasse a moto e, violentamente, revistaram ele e a namorada, subtraindo-
lhes tudo que de valor tinham, ou seja, a carteira do bolso, os capacetes e a moto.

Após tomarem a motocicleta da vítima, os denunciados evadiram-se do local em


alta velocidade Fernando que pilotava a moto da vítima, distanciou-se de ..........
Então, perseguido por uma viatura policial, não conseguiu fazer uma curva e caiu,
sem tempo para levantar a moto, a abandonou e continuou a fuga a pé. Na queda o
denunciado ainda deixou para trás um capacete onde constava escrito a placa da
motocicleta de ......

Na sequência os policiais perseguiram .............., logrando prende-lo chegando em


sua residência.

Assim agindo, o denunciado ................ e ............... encontram-se incursos nas


sanções do artigo 157, § 2º, II, do Código Penal Brasileiro.

Ante o exposto, requer esta Promotoria de Justiça, que após o recebimento e


autuação da presente denúncia seja o réu citado para interrogatório e apresentação
de defesa, bem como para se ver processar até final julgamento, com ulterior
condenação, notificando-se as vítimas e as testemunhas do rol abaixo a
comparecerem em Juízo, em dia e hora a serem designados, sob as cominações
legais..”(fls. ........)

Durante a fase inquisitiva, bem como na instrução criminal, nenhum elemento de


convicção foi coletado em detrimento da pessoa do Acusado, ora defendente, ficando a pretensão
ministerial ancorada única e exclusivamente nas declarações do co-réu .................., o que por si
só não é suficiente para alicerçar ou sustentar eventual decreto condenatório.

DO DIREITO

A legislação ordinária complementa a norma constitucional atinente à garantia do devido


processo legal. Quase todas as Constituições modernas trazem fundamentos e garantias ao
processo e, principalmente, ao instrumento próprio para a realização da Justiça Penal, eis que,
nele, há intenção estatal de comprometer o ius libertatis, bem jurídico maior ao cidadão. E é
inegável que de nada adiantaria a previsão constitucional, se a legislação processual não lhe
complementasse, como bem assinalado no magistério de JOÃO MENDES JÚNIOR, na seguinte
ordem:

“As leis do processo são o complemento necessário das leis constitucionais, e as


formalidades do processo, as atualidades das garantias constitucionais” 1

No mesmo diapasão tem sido o entendimento esposado pelo Tribunal de Justiça goiano, na
venerável decisão proferida no Habeas Corpus nº ............., da comarca de Jaraguá, cuja ementa
assim dita:

“O processo penal moderno exige o máximo de proteção à regular marcha


procedimental, posto que, cabendo ao Estado o direito de punir, só o faz deduzindo
sua intenção ao órgão jurisdicional, a fim de que este também ingresse no trinômino
descrito por Búlgaro - judicium est actum trium personarum: iudicis, actoris et rei.
Todavia, a eventual punição só pode advir após a irrestrita observância do modus
procedendi, para o qual a norma processual, constitucional e ordinária, prevê a
amplitude da defesa”.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública.

No descortino da lei processual penal, edita o artigo 156 do CPP “A prova da alegação
incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença,
determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.”

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova dos fatos alegados na denúncia,
e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, erigindo sua pretensão condenatória
única e exclusivamente na versão apresentada pelo co-réu ........... , cuja pessoa não pertence ao
circulo de conhecidos do Acusado, ora defendente.

Conforme nossa melhor doutrina e jurisprudência dominante, no direito penal da culpa


não há espaço jurídico para a presunção de culpabilidade. O ônus processual da prova pertence
à acusação e não ao sujeito defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas
desculpas, vez que o que impera é a tutela do silencio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.

O juiz decide pelo princípio da não culpabilidade, mesmo que vigorosas sejam a s
presunções e ilações. Como no caso em apreço, em que se poderia indagar, sem sucesso, se o
Acusado/defendente teria ou não conhecimento da existência de droga no interior de seu carro,
quando o suporte probatório não traz prova robusta neste sentido.

É correto afirmar que o NULLUM CRIMEN SINE ACTIO seja o reitor do direito penal. E o
agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato existente na realidade. Jamais pela
presunção, assim sendo a absolvição do acusado ............................, se impõe diante da
fragilidade da prova coligida nos autos, no que pertine a sua suposta participação no fato narrado
na exordial acusatória.

A jurisprudência dominante, principalmente a do Tribunal de nosso Estado, tem


repudiado a adoção de prova não jurisdicionalizada como suporte para sentença condenatória
conforme o seguintes arestos:

“APELAÇÃO - Roubo - Tentativa - Absolvição - Insuficiência de provas.

Se não existe prova jurisdicionalizada suficiente para a condenação do acusado,


impõe-se, de pronto, a manutenção da sentença que o absolveu nos termos do artigo
386, inciso VI, do CPP. Apelo improvido.”2

“APELAÇÃO - Furto - Tentativa - Prova da Autoria - Dúvida - Absolvição Mantida.


Se não existe prova jurisdicionalizada suficiente para condenação do acusado,
aplica-se o princípio in dubio pró reo, de acordo o comando normativo do artigo 386,
inciso VI, do Código de Processo Penal, como o fez o dirigente procedimental.
Recurso de apelação improvido.”3

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para embasar


um juízo condenatório impõe-se, de pronto, a manutenção da sentença que absolveu
o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” 4

Consoante magistério iluminado do jurista Ricardo Jacobsen Gloeckner:

“A natureza da presunção de inocência é de verdadeiro direito fundamental do


acusado, que significa a não possibilidade de condenação do mesmo se não houver
prova robusta de sua culpabilidade”. 5 (...) “Em nenhum momento processual poderá
imputar-se ao acusado, cargas processuais, diante do princípio da presunção de
inocência. Em caso contrário, uma tese, por exemplo, acerca da negativa de autoria
de um delito, conduziria à necessidade da prova por parte do réu desta
circunstância, como se verifica na jurisprudência majoritária do Brasil. Se tal tese
defensiva não se comprova, a carga processual continua nas mãos do autor”. 6

Efetivamente, todavia, não há nos autos prova da suposta participação do


Acusado ........................, no fato descrito na denúncia. E bem assim são inconsistentes os demais
indícios, porque não evidenciam de forma clara e conclusiva acerca de sua responsabilidade
penal, impondo-se sua absolvição nos termos do art. 386, VII, do CPP com a nova redação dada
pela Lei nº 11.690, de 09.06.2008 - DOU 10.06.2008).

Consoante o insuperável magistério do ilustre jurisconsulto peninsular CARRARA,

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

In summa não restando provada de forma absoluta e indiscutivel a eventual participação


do Acusado ...................., ora defendente, imperioso se torna a aplicação do non liquet com a sua
conseqüente absolvição, nos termos do artigo 386, VI do Código de Processo Penal, ao passo que
uma possível condenação seria temerária, ante a precariedade e a fragilidade da prova deduzida
em juízo.

EX POSITIS,

Espera o Acusado, ......................., sejam as presentes Alegações

Finais, recebidas, vez que próprias e tempestivas, julgando improcedente a denúncia nos
termos das argumentações ut retro invocadas, decretando-se sua ABSOLVIÇÃO, pois desta forma
Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Termos em pede e espera deferimento.

Local, data.

_________________

OAB
Alegações Finais Por Memorial – Roubo – Reconhecimento
Defeituoso

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ............

PROTOCOLO ...............
Cód. TJ.... – ... -Alegações Finais por Memorial

......................................, já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de seu


defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença
de Vossa Excelência,vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, nos termos do artigo 403, do Código de Processo Penal, com a redação que lhe
deu a lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

O Órgão Ministerial editou denúncia em desfavor do Acusado, ora defendente, se


propondo em provar durante o persecutio criminis in judicio a autoria do delito previsto no art.
157, do Código Penal, nos seguintes termos in verbis:
“I Narram às peças do caderno informativo, que o denunciado, em comum acordo e
previamente ajustado com mais ... (...) indivíduos ainda não identificados, portando
cada qual armas pretas, no dia ............ do corrente ano, deliberaram subtrair para os
mesmos, mediante grave ameaça e violência, ... (...) camioneta ......; ... (....) aparelho
de DVD; ... (...) latas de tinta; ... (...) lata de verniz; ... (...) lata de selador; ... (...)
barraca; ... (...) aparelhos celulares; e ... (...) anel de formatura pertencente
à ................; ...... peças de roupas; ..... (...) ; ... (...) aliança e R$ ..... (.........) de
propriedade do ofendido .....................; ... (...) veículo ..... e R$ ...... (..........)
de .................. ; ... (....) anel e ... (...) pulseira de prata de ............; R$ ...... (.......)
de ...............; R$ ..... (.......) de .........

II- Segundo a peça evidenciada, no dia indicado em linhas recuadas, o denunciado


juntamente com ... (...) comparsas não individualizados, por volta das .... h.,
invadiram a residência situada na .........................., e renderam primeiramente a
pessoa de ................., bem como toda sua família (esposa e filhos), subtraindo
mediante grave ameaça e violência vários bens (anteriormente descritos), entre
eles .... (...) camioneta ........, veículo com o qual o denunciado colocou os demais
objetos na carroceria, bem como constrangeu a vitima juntamente com sua, esposa
e ... (...) filhas a embarcarem.Nesta oportunidade, foram até a confecção ....., de
propriedade da vítima ............., situada na Rua ................ nesta. Entrementes, ao se
dirigiram até esta localidade, também mediante agressão, roubaram em concurso
formal vários bens, dentre eles o total de ...... peças de roupas prontas, maquinários
da citada confecção, como também diversos outros móveis pertencentes aos
funcionários da empresa nos termos precedentemente alinhados.
III- Consta no intróito, que na mesma contemporaneidade, o denunciado, juntamente
com seus cúmplices, subtraíram, usando dos mesmos elementos de violência e grave
ameaça, ... (...) veículo ..., bem este pertencente à vítima ...... que estava estacionado
nas imediações da empresa anteriormente apontada

IV- É dos elementos primários, que o acusado concertado com terceiros, provenientes
da Cidade de ...... vieram para estas plagas intencionados a cometerem crimes
patrimoniais. Aqui chegando, portando armas pretas e capuzes, observaram
atentamente as vítimas com bens de valores consideráveis, razão pela qual, pegaram
de assalto primeiro o veiculo utilitário e utilidades várias do seu senhor, para, depois,
invadirem a confecção apoderando-se injustamente das peças de vestuário e outros
móveis, colocando-as na carroceria do veículo e saindo em carreira desabalada.
Ainda levaram outro automóvel que se encontrava estacionado nas cercanias.

V- Verifica-se que ocorreram duas séries de crimes patrimoniais(concurso material),


com ambas as cadeias em concurso formal, considerando que houve vários vitimados
em cada “conduta” do grupo malfeitor.

VI- Emergiu por fim, que todo os crimes ocorreram mediante o concurso de várias
pessoas, com utilização de armas pretas para aumentar o poder intimidativo, ,como
também, mediante a restrição da liberdade das vítimas, quando os assaltantes
mantiveram por período considerável os ofendidos sob seus jugos.

Neste proceder, realizando os fatos descritos em linhas volvidas, está incurso o


denunciado nas sanções do art. 157, § 2°, I, II e V, c/c art. 70, todos do Código Penal
(referente ao roubo ocorrido na residência de ..................) bem como, art. 157 § 2º I,
II, e V, c/c art- 70 do Código Penal(referente ao roubo ocorrido na confecção Pio X),
todos combinados com artigo 69, Caput, do Estatuto Principal, pelo que requer o
Ministério Público o recebimento e autuação desta denúncia, citando o acusado para
o interrogatório e demais atos processuais (art. 395/405 e 498 e seguintes do CPP),
sob pena de revelia, até que jurisdicionados os elementos de convicção, será
condenado nos preceitos secundários das normas evidenciadas.”

Durante a instrução criminal foram ouvidas seis vítimas, e muito embora algumas tenham
afirmado ter reconhecido a pessoa de ..................., como sendo um dos meliantes que executaram
o assalto, seus reconhecimentos foram inconsistentes, incoerentes e insuficientes para alicerçar
eventual decreto condenatório, além do que, não obedeceram a exigências legais, ao ponto de
caracterizar prova penal válida.
Eis alguns fragmentos dos depoimentos prestados em Juízo:

...................... (fls. .........):

“que um destes assaltantes não estava usando capuz estava apenas com uma
camiseta tentando encobrir o rosto; que este assaltante entrou no escritório onde
estava e deu voz de assalto e lhe dizendo que não era para olhar para ele pois senão o
mataria” (...) que o rosto do acusado ....... estava parcialmente coberto pela camiseta
estando do lado de fora o olho, as orelhas e costeleta e a nuca; que esteve com o
acusado ......... por aproximadamente um minuto; que não ficou nervoso e nem as
outras vítimas; que o .............. e ............. não reconheceram o acusado .............; que a
vítima ....... não chegou sequer a olhar para o acusado ....... pois quando tentou fazer
isto ele lhe deu uma coronhada na cabeça; que a vítima ....... também não olhou para
o acusado .......; QUE O ÚNICO QUE OLHOU PARA O ACUSADO ......... FOI A
VÍTIMA .......; QUE A VÍTIMA ......... AFIRMA QUE NÃO TEM CERTEZA SE É O
ACUSADO ....... O AUTOR DO DELITO mas reconhece que o acusado ....... é muito
parecido com um dos autores do delito; que a vítima ......... também reconheceu o
acusado como sendo o autor do delito; que quando viu a foto do acusado ........ pela
televisão já o reconheceu como sendo um dos autores do delito; que o
reconhecimento feito na delegacia de polícia no município de ......... foi feito somente
pela foto; que não viu o acusado .............. naquela oportunidade; que também não
foram colocadas outras pessoas do lado do acusado” (Grifei).

..................... (Fls. .......):

“que todos os assaltantes estavam encapuzadas e sabe dizer que o acusado ....... é
forte mas não capaz de reconhecê-lo pois não chegou a ver o seu rosto .”

..................... (Fls. .........)

“que não viu os outros assaltantes mas o único que viu estava com a camiseta
encobrindo parte do rosto; (...) que não se recorda se o acusado ....... estava usando
boné”

......................... (Fls. .....):

“que não viu quantos assaltantes eram; que somente viu um deles; que este
assaltante que viu estava apenas com a camiseta encobrindo parte do rosto (...) que
não foi até o município de ....... fazer o reconhecimento dos assaltantes; que foi até a
delegacia de polícia para reconhecer um dos assaltantes mas não teve certeza; que
lhe mostrado a foto de fls... dos autos o declarante reconheceu o assaltante de
camiseta preta como sendo um dos autores do delitos; que não confirma este fato
com certeza; que as características são semelhantes; (...) que o assaltante que fez a
abordagem dando voz de assalto não estava de boné; que não sabe dizer quais das
vítimas ficou mais próxima do assaltante; que chegou a ficar bem próximo do
assaltante; que o assaltante chegou inclusive a tocar nele” (Grifei).
É evidente que os reconhecimentos das testemunhas .... (fls...) e ............. (fls....), não
possuem qualquer validade, como elemento de prova, eis que são flagrantemente forjados, pois
o próprio ........... é categórico quando afirma que a única pessoa que olhou para o rosto do
assaltante foi .... (fls...), e, esta vítima afirma não ser possível afirmar com certeza de que o
meliante se tratava da pessoa do réu.

Do mesmo modo, inadmissível consubstanciar, o Termo de Reconhecimento de Pessoas,


(fls...) realizado na ......, onde compareceram as vítimas ............. e ..........., quando se trata de uma
peça imprestável, falsa e até vergonhosa, uma vez que os próprios Reconhecedores, afirmaram
em juízo (fls.........), jamais terem participado daquele fraudulento ato administrativo policial.

Por outro lado o Acusado afirmou em seu interrogatório judicial de fls..., que no dia e hora
apontados na denúncia estava na Exposição Agropecuária de ..., onde realizava um show ..., com
o cantor ......, na companhia de seu amigo ......., que em Juízo as fls...., assim se posicionou:

“(...) a última vez que esteve em companhia do Acusado foi no Show ....” de ....., na
pecuária, no final de ......; chegou por volta das .... horas e encontrou-se com ele pó
volta das ... as ... horas naquele local; assistiu todo show na companhia de sua
namorada e também do acusado, sendo que no final o depoente foi embora, mas ele
(acusado) continuou no local; soube a data específica do show por intermédio do pai
do acusado, podendo dizer que era dia ..... e esclarece que disse ao mesmo (pai do
acusado) tinha estado juntos durante todo show (...)”

A versão apresentada pelo réu e confirmada pela testemunha ...., está condizente com a
programação oficial da ..... – Exposição Agropecuária de ...., realizada entre .... à .... de ....,
publicada no Jornal “.......” edição de ...º a ........, (cópia em anexo) onde consta no rol de atrações:
...................

Deste modo o Acusado, cumpriu seu encargo processual de provar o alegado, quando
afirmou que na data e horário em aconteceram os fatos narrados na denúncia, estaria assistindo
ao Show do cantor .........., na exposição Agropecuária de ............

O acusado, embora responda a outra ação penal, conforme depoimentos prestados pelas
testemunhas arroladas na defesa prévia, exerce ocupação lícita, vive em ambiente familiar
exemplarmente constituído na companhia de seus pais, que no decorrer do presente se fizeram
atuantes na luta pela prova de sua inocência porque ciosos que o mesmo não possui
personalidade voltada para a senda criminosa, sendo primário, gozando de respeito e admiração
no meio social onde vive.

DO DIREITO

“Um culpado punido


É exemplo para os delinquentes,
Um inocente condenado
Preocupação para todo homem de bem.”
(La Bruyere)
Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de
conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco mínima que seja de condenar quem
nada deva1.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranquilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil2”

Na mesma trilha é o iluminado ensinamento de Heleno Cláudio Fragoso, que obtempera: a


condenação exige certeza e não basta a alta probabilidade, que é apenas um juízo de nossa
mente em torno da existência de certa realidade 3. Mesmo a íntima convicção do juiz, como
sentimento de certeza, sem o concurso de dados objetivos , não é verdadeira a própria certeza...,
mas simples crença, conforme a ponderação de Sabatini, citado pelo mestre Heleno Fragoso.

Assim, a condenação somente será admitida quando o exame sereno da prova conduzir a
exclusão de todo motivo para duvidar.

No caso em apreço, os reconhecimentos das vítimas, não podem por si só, servir de alicerce
para eventual decreto condenatório, porque foram realizados ao arrepio da exigências contidas
no art. 226 do CPP, além das circunstâncias como ocorreram os fatos, quando o meliante atuou
com o rosto parcialmente coberto com uma camiseta e no período noturno, condições que
avultam a possibilidade erros na apreciação e fixação das imagens no subconsciente.

Os reconhecimentos realizados na Delegacia de Polícia de ..... (fls....) representam um


simulacro que vem contaminar os demais atos processuais de identificação do autor do fato
criminoso, subseqüentes, haja vista que são meramente a confirmação daquele efetuado
ardilosamente pela Polícia Civil daquela urbe.

A jurisprudência tem rechaçado a validade do Reconhecimento do acusado feito pela


vítima, na Polícia e em Juízo, sem observância das cautelas determinadas pelo artigo 226 do CPP,
principalmente quando há direta influência desse reconhecimento na condenação que, em face
das circunstâncias, pode ter sido fruto de equívoco causador de possível erro judiciário. 4

O reconhecimento fotográfico procedido na Polícia constitui elemento precário de prova,


principalmente, quando os fatos se deram a noite e o meliante agiu com o rosto parcialmente
encoberto, de forma que a vítima que mais se aproximou do bandido afirmar, categoricamente,
não poder efetuar um reconhecimento seguro da pessoa do réu.

“O reconhecimento fotográfico somente deve ser considerado como forma idônea de


prova, quando acompanhada de outros elementos aptos a caracterizar a autoria do
delito.5

“PROVA - Reconhecimento de pessoas - Nulidade - Suspeito não colocado ao lado de


outros que com ele guardem semelhança - Hipótese em que o reconhecimento em
juízo não sana a falta da formalidade - Inteligência do artigo 226 do CPP. As
formalidades previstas no artigo 226 do CPP são essenciais à valia do
reconhecimento, que, inicialmente, há de ser feito por quem se apresente para a
prática do ato, a ser iniciado com a descrição da pessoa a ser reconhecida. Em
seguida, o suspeito deve ser colocado ao lado de outros que com ele guardem
semelhança, a fim de que se confirme o reconhecimento. A cláusula “se for possível”,
constante do inciso II do artigo de regência, consubstancia exceção, diante do
princípio da razoabilidade. O vício não fica sanado pela corroboração do
reconhecimento em juízo, também efetuado sem as formalidades referidas”. 6

“O reconhecimento fotográfico dos acusados produzido na fase de inquérito policial,


com a inobservância dos requisitos do artigo 226 do CPP, é meio extremamente
precário para embasar decreto condenatório, mormente se inexistirem outros meios
de prova juridicamente idônea a ratificar a sentença.” 7

É óbvio, que o reconhecimento do acusado não obedeceu a regras estabelecidas na lei


processual penal vigente, não podendo servir de amparo e embasamento à decreto condenatório,
face de sua indiscutível inidoneidade e ilegalidade formal.

A presunção de honestidade é patrimônio inalienável de todo cidadão de bem. A defesa


não tem a pretensão de macular a honra das vítimas, elevando seus reconhecimentos a pecha de
falácia ou patranha, porém, invoca-se a devida e redobrada cautela na aferição da validade dos
referidos reconhecimentos, levando-se em conta as circunstâncias em que os fatos ocorreram,
para que não incidir em um juízo condenatório iníquo e malévolo, capaz de gerar lamentável e
irreparável erro judiciário.

Consoante a autorizada lição do mestre Enrico Altavilla: o reconhecimento é resultado de


um juízo de identidade entre uma percepção presente e uma passada; Naturalmente, no
reconhecimento refletem todas as imprecisões de percepção anterior, de sua recordação, de sua
evocação e, finalmente os erros de julgamento que podem derivar da comparação das duas
percepções.8

Argumenta, ainda: a maior parte dos erros de reconhecimento é devida às condições em


que se deu a primeira percepção: distância, rapidez, condições de luz, falta de atenção,
perturbação emotiva, (...) é diferente a percepção de uma pessoa à noite ou de dia, numa zona
de luz difusa ou apanhada por um facho luminoso. Quando menor é a luz, menos seguro é o
reconhecimento. (...) Não somente a emoções, mas também qualquer perturbação dos processos
psíquicos, pode determinar erros no reconhecimento. 9
Assim sendo, Excelência, é oportuno ressaltar que o fenômeno psicológico do
reconhecimento, para determinação da verdade real, é acompanhado de extremo perigo, porque
frequentemente o reconhecedor, não se dá conta do processo interior, que em casos como este,
pode ser levado por um verdadeiro fenômeno ilusório, ao afirmar ter reconhecido o réu, quando,
na verdade não teve oportunidade de visualizar com clareza e totalidade o rosto do agressor,
que estava parcialmente encoberto, pela insuficiência de claridade, como também pela confusão
psicológica, pânico e medo, emoções que sempre desencadeiam no espírito de quem se vêm,
inesperadamente, agredido, comprometendo, assim, a percepção da realidade e o valor do
reconhecimento.

Observa-se que, na confecção, apenas duas vítimas afirmam ter reconhecido o réu, assim,
vale relembrar o trecho do depoimento da vítima .......... (fls...): que o rosto do acusado ..... estava
parcialmente coberto pela camiseta estando do lado de fora o olho, as orelhas e costeleta e a
nuca; que esteve com o acusado ......... por aproximadamente ....minuto; (grifei). Do mesmo modo
asseverou a testemunha/vítima ...... (fls....): que não viu os outros assaltantes mas o único que viu
estava com a camìseta encobrindo parte do rosto ; (…) saiu pela porta e olhou para ver quem era,
ocasião em que viu o acusado ........ que estava dirigindo a caminhonete; que quando olhou o
acusado .......... já havia descido da camínhonete mas a porta estava aberta; que o
acusado ............. já estava com a camiseta encobrindo o rosto. (grifei).

Percebe-se claramente que os estigmas e traços corporais do assaltante que estavam


visíveis, são por demais insignificantes, para a realização de um reconhecimento seguro, preciso
e indiscutível, aliado a precariedade de iluminação, tempo de percepção e estado emocional de
todos que estavam sendo assaltados.

Embora a jurisprudência e a doutrina dominante, têm atribuído relevante valor probante às


declarações das vítimas, nesta modalidade criminosa, porém, não é menos verdade que isoladas,
sem sintonia com os demais elementos do conjunto probatório, se tornam insuficientes para
alicerçar decisão condenatória, como se vê nos arestos a seguir expostos:

“A palavra da ofendida, quando isolada no processo, não pode autorizar uma


condenação, máxime se ela é desmerecida e desacreditada por uma série de
circunstâncias, de mais relevância umas, de menos intensidade outras, mas
convergindo na mesma rota de de fragilidade, de inoperância.” 10

“A sentença condenatória há que se apoiar em prova inequívoca de autoria,” 11

“A prova da cusação pata ter conseqüência jurídica, deve conduzir à certeza da


criminalidade.”12

A prova da acusação referente a autoria do fato denunciado, restou imbele e frágil, vez que
fundamentado exclusivamente nos reconhecimentos da vítimas, nada foi apreendido em poder
do Acusado, que o ligasse ao crime, nenhum outro indício foi gerado durante a fase instrutória,
que pudesse corroborar, fortalecer ou confirmar os citados reconhecimentos.

Por outro lado, o Réu, ao negar a autoria do fato, alegou que no dia e hora em que houve a
perpetração do crime estava na Exposição Agropecuária de ......., assistindo um show de
música ......., quando ali se apresentava o cantor ............., versão esta confirmada pela
testemunha: ........., ouvido as fls......, conforme trecho de seu depoimento retro transcrito, assim
como, na cópia do Jornal “.......” de Anápolis, em apenso.
Neste ponto, Excelência, é inarredável o entendimento de que o Acusado cumpriu, a
contento e satisfatoriamente, o comando normativo inserto no art. 156, do Código de Processo
Penal, que atribui o encargo processual de provar aquilo que foi alegado em suas declarações.

No caso em apreço, o Acusado .............., ora defendente, tem ótimo relacionamento no


meio familiar e social, o que implicaria na imposição, por via de regra, a fixação da reprimenda
penal ancorada no mínimo legal.

EX POSITIS,

Espera, o Acusado ..........................., sejam as presentes alegações finais defensivas


recebidas, vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta, julgado
improcedente a denúncia, nos termos do artigo 386, do Código de Processo Penal, decretando a
absolvição do Acusado/defendente, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de costume
editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Requer ainda, nos termo do art. 231 do CPP, a juntada, aos autos, da inclusa cópia da capa
do jornal “........”, edição ..º de ...............

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

__________________

OAB
Alegações Finais Por Memorial – Tentativa de Homicídio –
Absolvição Sumária – Desclassificação para Lesão Corporal

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .....................

“Um momento da conduta humana não


revela o conhecimento de um homem.”

Protocolo ...................

Código TJ... – ..... - Alegações Finais

......................................................., já qualificado, nos autos


da ação penal que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado e defensor in
fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, tempestivamente, nos termos do parágrafo Quarto do artigo 411 do Código de
Processo Penal, com a nova redação dada pela Lei 11.689/2008, apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS DE DEFESA POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

Conforme restou demonstrado de forma plena e cabal, pela prova coligida durante o
judicium acusationnes, principalmente pelos depoimentos prestados pelos familiares da dupla
penal, no momento do fato o acusado estava sendo agredido verbal e fisicamente pela vítima,
tendo lançado mão do único meio de defesa de que dispunha, naquele momento, para fazer
cessar a injusta e atual agressão sofrida.

Consta ainda, dos autos, que a vítima é pessoa beligerante, agressiva, e que constantemente
agredia a própria mãe como também já houvera agredido o pai, e, há muito tempo vinha
impondo toda sorte de provocações contra a pessoa do Acusado, ora apossando-se de suas
roupas, dinheiro e até mesmo chamando-lhe de “viado”, inclusive já houvera agredido
fisicamento com um soco no rosto. (fls. ......).

O Acusado, embora jovem, sempre foi dedicado aos estudos e ao trabalho, gozando no seio
familiar e social de respeito e admiração, inclusive, foi obrigado a se exilar fora das fronteiras de
nosso país, para obter meios de concluir o curso de engenharia aeronáutica interrompido por
falta de recursos financeiros.

DO DIREITO

O fato objeto do presente feito, é ímpar e singular nas raias dos tribunais, uma vez que
representa o retrato de uma tragédia urbana intra familiar a exigir do Órgão Judicante um
posicionamento que talvez deva transcender os princípios regularmente aplicados no dia a dia
da prestação jurisdicional, para proferir uma decisão mais consentânea, adequada e conveniente
para realização dos ideais da Justiça.

Ensina o saudoso e festejado Evandro Lins e Silva, que muitos advogados abstêm-se de
apresentar alegações finais nos processos de competência do Tribunal do Júri. Outros as fazem
bem sucintas, apenas para tornar efetiva sua presença nos autos. Casos há, porém, em que se
deve lutar até pela absolvição sumária ou impronúncia, e, nesses casos as alegações devem ser
bem deduzidas e fundamentadas.

Sabe-se que a decisão intermediária da pronúncia, não comporta análise aprofundada de


mérito, vez que constitui ato processual de caráter meramente formal e não substancial, possui
feição de despacho interlocutório por não se revestir de força de decisão terminativa,
proclamando, assim, simples admissibilidade da acusação uma vez provada a materialidade do
fato e indícios de sua autoria.

Porém, no presente caso, s.m.j., entende a defesa do Acusado, que o conjunto probatório é
suficiente para a prolação de uma sentença terminativa, pois como a própria Acusação
reconheceu em suas alegações finais de fls..., e estreme de dúvidas que o Acusado não agiu
animus necandi pugnando pela desclassificação do fato imputado para o de lesão corporal leve.

Embora a ilustre Representante do Ministério Pública tenha se inclinado par a


desclassificação do fato, na verdade, pela prova coligida durante o judicium acusationis, o que se
tem é um quadro inequívoco da presença da excludente de ilicitude prevista no art. 23, II, e 25
do Código Penal Brasileiro.

Na presente fase processual, quando a prova contida judicium accusationis, se apresenta


estreme de dúvida, no sentido de ter o acusado agido amparado por causa excludente de ilicitude
ou dirimente de culpabilidade, seria uma incoerência, deixar o processo se arrastar até o
dispendioso, complexo e mortificante julgamento pelo júri, principalmente, quando o
prosseguimento do feito ou a condenação do réu representará, única e simplesmente, a
decretação da aniquilação de uma família que já se encontra com seus laços afetivos corroídos
impossibilitando qualquer chance de reestruturação.

Finalmente, como expressam as provas do processo, o Acusado é pessoa de excelente


antecedente, sem qualquer antecedente judicial, trabalhador, estudioso gozando de respeito e
admiração entre seus familiares e no meio social onde.

EX POSITIS,

espera o Acusado .........................., ora defendente, sejam as presentes alegações recebidas,


vez que próprias e tempestivas, decretando sua ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, caso assim não
entenda, proceda a desclassificação do fato para o art. 129, “caput´do Código Penal, nos termos
do artigo 383, do Código de Processo Penal pois desta forma, Vossa Excelência, estará editando
decisão compatível com os mais elevados ditames do da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA.

_________________

OAB
Alegações Finais – Violação de Domicilio – Estupro

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ........... VARA CRIMINAL DE ...............

Protocolo nº .................
Cód. TJ.... – ..... - - Alegações Finais

................................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do artigo 403,
do CPP inovado pela Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

A inaugural acusatória de fls......, imputa ao Acusado, a prática dos ilícitos penais previstos
nos arts. 150, 213 e 344 do Código Penal.
A Acusação Oficial se propôs a provar durante o persecutio criminis, que o Acusado,
constrangeu a suposta vítima a manter atos de libidinagem diversos da conjunção carnal, quais
sejam beijos e braços lascivos, em duas ocasiões distintas, nos seguintes termos:

“Consta do incluso inquérito policial (autos n.° .............) que, no período


compreendido entre o mês de ................... e o mês de ............., o acusado, por
algumas vezes, constrangeu a adolescente ..............., à época com .... anos de idade, a
permitir que praticasse com ela atos libidinosos diversos da conjunção carnal, quais
sejam, abraços e beijos lascivos.

“.Consta, ainda, que no dia ........., após entrar astuciosamente na residência da


vítima, sem o consentimento da genitora desta, o acusado levou a mesma até um
quarto e passou a acaricia-la de forma lasciva, tentando convence-la a manter , com
ele, conjunção carnal.” (fls. ...).

E ainda:

“que ao descobrir que havia sido instaurado inquérito policial para apurar o fato, o acusado
passou a proferir ameaças contra a mãe da vítima e sua família , através de recados para vizinhos
e telefonemas...”(fls...)

Nas declarações da mãe da suposta vítima extrai-se, que a mesma tinha conhecimento do
fato e de quem era seu autor desde .........., quando assim se expressa às fls...:

“QUE, a comunicante esclarece que já desconfiava que o ................ estava tentando


aproximar da ........., sempre conversando com ela, desde o mês de .............., quando
a comunicante mudou o citado apartamento;” (Grifei).

Mais adiante esclarece:

“QUE, a comunicante esclarece que já desconfiava de algo entre o ............ e ...........,


desde quando mudou para o citado apartamento no mês de ................., pois percebia
que o ............ tinha muitas intimidades com a ........., ficava empurrando e brincando
com a ....... (tipo assim brincadeiras extrovertidas, empurrões, dava chocolates,
balinhas, uma vez deu dinheiro (..... Reais), esclarecendo ainda que quando
perguntou de onde era os ..... reais para ........., a mesma disse que tinha achado o
dinheiro, isto o ....... tinha mandado ela falar que achou, em outras ocasiões, a
comunicante, presenciou o ........ jogar beijos para sua filha ........., do pátio do prédio
para cima (do seu apartamento), não lembrando a época pois era de tempo a tempo,
esclarecendo que no mês de ................., não lembrando o dia exato, em uma reunião
que ........... fez no apartamento dela, convidando a comunicante, e o ....... para uma
reunião, para esclarecimento, por volta das ...... horas, a comunicante aproveitou a
oportunidade para chamar a atenção do ..................., que não estava gostando dos
fatos.” (Grifei)

Durante a instrução criminal, o Estado-Acusador não se desincumbiu do ônus probandi,


quando os próprios depoimentos da suposta ofendida, foram unânimes em afirmar que o
Acusado em nenhum momento tentou manter consigo conjunção carnal ou qualquer espécie de
ato libidinoso, quando assim relata:

Na delegacia Fls......:

“passado um pouquinho, o ...... pegou em sua mão, normalmente, levando a mesma


para o quarto da sua mãe, onde ficaram conversando mais ou menos uns .... minutos,
, o qual ficava calado um tempão, e que a declarante ficou com as pernas trêmulas,
pois a declarante ficou com muito medo do ................., pois ele ficava olhando
demais para a declarante, sem falar nada a ela, e que a declarante disse ainda que , o
que o ....... fez foi ficar pegando em sua mão, não tentando nada mais com a
declarante, nem beijos e nem abraços “ (grifei).

Em Juízo Fls.......:
“que, no dia em que o acusado entrou no apartamento, passaram-se uns quarenta
minutos dede a chegada dele até a de sua mãe, sendo que nesse meio tempo ele
ficava pegando em sua. mão e tentando se aproximar, ao passo que a declarante
ficava sempre se afastando dele; que, a mãe da declarante falou que, se ela não
chegasse, ele tentaria fazer alguma coisa a mais com a mesma; que, nesse dia ele não
chegou a beijar nem a tentar beijar a declarante.” (Grifei).

A versão apresentada pela suposta vítima está em harmonia com os demais depoimentos

Ficou também cabalmente demonstrado que o acesso do Acusado ao apartamento foi


franqueado pela suposta vítima que como moradora daquele imóvel era detentora do direito de
permitir a entrada de qualquer pessoa, pelo que denota não ter havido qualquer violação de
domicílio como pretende Acusação Oficial.

Neste ponto, é de se ressaltar que o depoimento da genitora da suposta vítima assim se


pronuncia às fls. 09:

“QUE, a comunicante esclarece ainda que antes deixava a chave com a ........., e
soube através dela que no dia ................., a ............. tinha dado uma cópia da chave
do apartamento para o ............., não sabendo a época..” (Grifei).

O Acusado é pessoa trabalhadora, com família regularmente constituída que depende


exclusivamente de atividade laborativa, tecnicamente primário, de bons antecedentes e boa
conduta social.

DO DIREITO

PRELIMINARMENTE

Conforme o entendimento unânime da doutrina processual, tanto a ação civil como a


penal, o direito de se exigir, legitimamente, o provimento jurisdicional, está condicionado ao
cumprimento de determinadas condições de ação, que genericamente são: a legitimidade da
parte (ad causam), o interesse de agir e a possibilidade jurídica. Especificamente, no processo
penal, acrescenta-se outras condições de procedibilidade, dentre as quais figura a representação
do ofendido, em determinados crimes, legitimando o Ministério Público para assumir o polo
ativo do processo penal.

Assim ensina a festejada doutrinadora Ada Pellegrini Grinover, em sua obra “As
Nulidades no Processo Penal”, 2ª Edição, pag. 57:

“Quando faltar uma só que seja das condições da ação ou de procedibilidade, diz-se
que o autor é carecedor desta. A consequência é que o juiz, embora exercendo a
função jurisdicional, não chegará a apreciar o mérito.

É dever do juiz a verificação da presença das condições da ação e de procedibilidade


o mais cedo possível e de ofício. Nesse caso, trancará a ação, por ser o autor dela
carecedor. Se, no entanto, não o fizer, nem na sentença final (lembrando que não há
preclusão, nem mesmo pro judicato, para a reapreciação da matéria), o processo será
nulo “ab initio” (art. 564, II, do CPP)”.

A dependência da representação do ofendido ou seu representante legal, para legitimar a


atuação do Ministério Público, é abordada com muita propriedade pelo insigne doutrinador
Eugênio Raúl Zaffaroni, nos seguintes termos:

“A ação penal pública condicionada é regida pela regra - para muitos, princípio - da
oportunidade. É que razões sobram para que assim procedesse o legislador, pois,
muitas vezes, pode ter o ofendido um legítimo interesse em que o fato não ganhe o
publicidade, e, nesse caso, o interesse do ofendido se sobrepõe ao estatal, na
repressão do ato criminoso. Por tal razão, a lei faz a atuação do Ministério Público
ficar na dependência da manifestação do ofendido, mas, uma vez oferecida a
denúncia, a representação torna-se irretratável, prosseguindo a ação penal
condenatória até o seu final.(grifei)

A representação, em tal situação, possui uma dupla vantagem, pois, enquanto


resguarda o interesse privado, permite que, uma vez satisfeita a condição de
procedibilidade, por ser pública, apresente-se como mais idônea para se efetivar o
processo de repressão do crime”. (in “Manual de Direito Penal Brasileiro, Parte
Geral, Ed. 1997 -Pág. 775).

O exercício da ação penal é de natureza pública, consoante dispõe a regra do artigo 100, do
Código Penal. Tratando-se, porém, de crime contra os costumes (art. 213 à 221 CP), a ação penal
só se procede mediante queixa. Na hipótese do § 1 °, do artigo 225, I, do Código Penal a ação
penal será pública mas condicionada à representação de quem de direito, obedecendo ao
princípio da conveniência, que é absoluto, e da disponibilidade, que é relativo, posto que ao
titular do direito a representação, como condição da ação, lhe é facultado a retratação da delação
(art. 25, do CPP e 102 do CP), desde que o faça anteriormente a denúncia.

Embora a representação não exija rigor formalístico, no caso em apreço, com relação ao
delito tipificado no art. 213, do CPB, não restou inequívoco o interesse do representante da
suposta vítima em ver instaurado o persecutio criminis, com relação a suposta prática do delito
do art. 213, do CPB, vez que o Boletim de Ocorrência de fls...., não possui o condão de assumir o
papel da representação criminal, porque a delação ali contida diz respeito única e
exclusivamente a uma possível violação de domicílio.

A Delegada de Polícia baixou a Portaria de fls...., de forma arbitrária e distorcida da


verdade, uma vez que recebeu o Boletim de Ocorrência delatando a prática de uma suposta
violação de domicílio, e deu-lhe outra interpretação, inclusive afirmando literalmente “ ..o qual
teria pedido a ........ que com ele tivesse relação sexual...” , fato inexistente naquele Boletim, como
também não foi apurado durante o contraditório. Logo, o presente feito teve seu nascedouro no
terreno decomposto da mente da autoridade policial, que acresceu voluntária e conscientemente
uma violação de direito não suscitada e nem requerida pela representante legal da suposta
vítima.
Mesmo considerando, o B.O, como uma possível representação, é de convir que, conforme
fragmentos dos depoimentos retro alinhados, percebe-se claramente que a presente ação penal
deve referir-se exclusivamente aos fatos supostamente ocorridos no dia ......., uma vez que
aqueles citados na exordial acusatória que teriam ocorrido em datas pretéritas à reunião
realizada no apartamento da testemunha ........., foram alcançados pela preclusão, uma vez que a
própria genitora da suposta vítima firma, taxativamente, ter conhecimento dos fatos e sua autoria
desde .................., (Fls....) sem contudo exercitar seu direito a representação no prazo legal.

É imperativo legal contido no Art. 28 do Código de Processo Penal, que salvo disposição em
contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro do prazo de ... (...) meses, contado do dia em que vier a
saber quem é o autor do crime, ora, se a genitora da suposta vítima em .................. já tinha
conhecimento da conduta do Acusado, deveria exercer seu direito de representação dentro
daquele lapso temporal, e, não o fez.

Deve, assim, a presente preliminar ser reconhecida, e por força do que dispõe o inciso II,
do Art. 564, ser decretada a nulidade processo com relação ao delito tipificado no art. 214 do
CPB, pois assim Vossa Excelência editará decisão inspirada nos mais lídimos princípios do
direito.

DO MÉRITO

Com referência aos fatos ocorridos em ..........., não há como sustentar ter havido qualquer
ato libidinoso como pretende a Acusação Oficial, pois a própria vítima é segura em afirmar que
“; que, nesse dia ele não chegou a beijar nem a tentar beijar a declarante.” E ainda a declarante
disse ainda que , o que o ..... fez foi ficar pegando em sua mão, não tentando nada mais com a
declarante, nem beijos e nem abraços.. Considerar os fatos acima descritos como aqueles atos
libidinosos, previstos no tipo penal sugerido pela Acusação, suscetíveis de grave apenação, é
ferir o bom senso e agredir de forma voraz o princípio da proporcionalidade.

Embora, a conduta atribuída ao Acusado, possa ser censurável do ponto de vista ético,
moral ou religioso, é óbvio que ela está fora da órbita da proibição penal, na forma sugerido pelo
Ministério Público.

Em conclusão, tem-se que a conduta descrita na denúncia por ocasião dos fatos ocorrido no
apartamento da mãe da suposta vítima é penalmente atípica.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

No caso em apreço, as declarações da suposta vítima é no sentido de que o Acusado não


praticou nenhum ato de libidinagem consigo, e se encontram em harmonia com as demais
provas coligidas, pelo que devem ser acolhidas com a conseqüente absolvição do Acusado.

Deve-se ressaltar, também, que a suposta vítima esclareceu em Juízo que permitia que o
Acusado buscasse no colégio e espontaneamente se dava ás possíveis carícias e beijos, e visando
fugir a fiscalização da mãe pedia que lhe deixasse no ponto de ônibus afastado de sua residência.
A própria genitora declara que a suposta vítima ardilosamente forneceu uma cópia da chave do
apartamento para o Acusado, além do que “...... “acoitava” muita coisa que ele fazia” (fls.....).

caso já apontadas.

É patente, que a conduta atribuída ao acusado está longe de alcançar a gravidade dos atos
elencados no artigo 213 do CPB, pelo que reverteria em notória injustiça, em caso de
condenação, que sua reprimenda penal fosse alçada nos parâmetros definidos na norma
incriminadora ali inserta: ..... (...) a (...) anos de reclusão, o que exige do Ilustre Julgador critérios
redobrados e sopesando-se as diretrizes do princípio da proporcionalidade.

Daí, que no caso em apreço, o Princípio da Proporcionalidade deve nortear a conduta do


juiz frente ao caso concreto, pois deverá ponderar a gravidade da medida imposta com a
finalidade pretendida, sem perder de vista o fumus delicti e o perigo ao normal
desenvolvimento do processo. Deverá valorar se esses elementos justificam a gravidade das
conseqüências do ato e a estigmatizarão jurídica e social que irá sofrer o acusado.

Com relação a imputação do Acusado ter infringido o suposto delito de violação de


domicílio, previsto no artigo 150 do Código Penal, é improcedente, pois como dos autos consta
ele adentrou no apartamento da suposta vítima com a anuência desta, que era, moradora daquele
imóvel era detentora do direito de permitir a entrada de qualquer pessoa. É indispensável que o
agente, ao adentrar na casa alheia, o faça contra a vontade deste e tenha o propósito de cometer o
delito fim contra o proprietário.

É assente na jurisprudência dominante, que a violação de domicílio, como crime


subsidiário que é, também requisita para sua integração o dolo específico. Se a finalidade do
agente não foi a de violar o domicílio, como propósito único da ação, não configura o crime ( RT
432/346).

Assim sendo, se a parte Acusação afirma in tese, que o intuito do Acusado era a prática de
crime contra liberdade sexual, a violação de domicílio passou a ser delito-meio pelo que fica
absorvido pela conduta proibida de maior relevo em obediência ao princípio major absorbet
minorem.

No que pertine a acusação de ter o Réu usado de grave ameaça, com o fim de favorecer
interesse próprio conra parte ou qualquer pessoa que funcione ou é chamada a intervir em
processo judicial ou policial, contida na exordial, não ficou cabalmente demonstrado durante a
instrução criminal, razão que exige ser a denúncia ser julgada improcedente neste particular.

Consoante, o entendimento esposado pela melhor doutrina, o referido crime tem como
objeto material o emprego de violência ou grave ameaça. A primeira é representada pela vis
corporalis, consistente no uso de força física contra a pessoa da vítima, enquanto que a grave
ameaça é representada pela vis compulsiva, que é a violência moral, a qual a lei exige que seja de
natureza grave, capar de incutir justificável temor, o que não se confunde com a atuação do
Acusado que num momento de desespero implorou a vítima que se abstivesse de dar
prosseguimento ao persecutio criminis.

A Leitura das transcrições da fitas de áudio de fls....., demonstra nas palavras do Acusado
mais um teor de angústia e medo do que ameaças contra os familiares da suposta vítima.
Observando-se, ainda, que todas expressões naquele sentido eram instigadas pelos seus
interlocutores.

Assim sendo Excelência, deve o Acusado ser absolvido da referida imputação, por ausência
do elemento subjetivo e do objeto material da imputação, por um princípio de Justiça.

O Acusado, ora defendente, conforme declarações de fls......, é pessoa honesta,


tecnicamente primário, portador de excelente antecedentes, que em função dos fatos geradores
do presente processo se encontra encarcerado, deixando seus filhos menores à margem da
miserabilidade, além do que sua esposa encontra-se gravemente enferma, necessitando todos de
sua assistência.

EX POSITIS,

Requere a juntada aos autos da inclusa documentação, com fulcro no artigo 231 do Código
de Processo Penal, e, espera o Acusado, ora defendente, sejam as presentes alegações recebidas,
vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos conste, seja acatada a preliminar
suscitada e julgado improcedente a denúncia, nos termos do artigo 386, do mesmo Estatuto, pois
desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume, editando decisório compatível com os
mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

____________________

OAB
Alegações Finais – Estelionato - Associação Criminosa - Uso de
Documento Falso - Falta de Prova pericial - Absorção do Falso
Pelo Estelionato

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE .......

ESCRIVANIA DO CRIME

Protocolo .................

................................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a Justiça
Pública desta comarca, via de seu defensor, in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com supedâneo no art. 403, do
Código de Processo Penal, com a redação que lhe deu a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS por memorial

Face aos seguintes fatos razões e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1Na exordial acusatória, de fls ....., o órgão da Acusação Oficial, imputou ao acusado, ora
defendente, a prática do ilícito penal incrustado na norma proibitiva do artigo 171, “caput”, 288
e 304, em concurso de pessoas com os co-réus ..........., ................ e ...................., nos seguintes
termos in verbis:

“Consta do incluso Inquérito Policial registrado sob o nº ........, oriundo da Delegacia


de Polícia local, que os denunciados, já qualificados nos autos, utilizando-se de
meios fraudulentos, induzindo e mantendo outrem em erro, obtiveram vantagens
ilícitas em prejuízo alheio, quando também denotou-se que de forma organizada,
estiveram associados formando quadrilha ou bando para o fim de cometer infrações.

Que segundo consta, no dia ......... do corrente ano, o primeiro denunciado,


utilizando-se de diversos documentos falsificados, adquiriu junto a .............
– .........................., localizada nesta cidade, uma moto ......, no valor de R$ .......
(..............), emitindo, para pagamento, quatro cheques “clonados” da conta .........,
agência ........., ..........., cujo titular, na verdade, era ...................., conforme apuração
feita junto â Instituição Financeira.

Que alguns dias depois, o primeiro denunciado retornou até a referida empresa e
apresentou o segundo denunciado, que utilizando também de documentos
falsificados, adquiriu uma moto ....... Fazer, no valor de R$ ....... (...........................),
cujo pagamento fora feito através da emissão de ..... cheque, também “clonados” da
conta ....., agência ......, Banco ........, cujo titular, segundo apurado, seria na
verdade, ............................

Que poucos dias antes dos cheques inicialmente apresentados vencessem, o


primeiro denunciado novamente contactou os funcionários da ........., indicando o
terceiro e o quarto denunciado como possíveis compradores, sendo que, nesta
oportunidade desconfiando que algo estaria errado, pela semelhança da
documentação apresentada, a vítima, por meio de seus administradores, passou a
investigar a origem dos documentos, o que frustou as duas últimas negociações.

Assim, não obtendo êxito na tentativa de receber o prejuízo sofrido e diante das
informações de que o primeiro denunciado teria utilizado dos mesmos artifícios em
outras oportunidades, a vítima procurou a Delegacia de Polícia local para a adoção da
providencias cabíveis. (...)”

A denúncia foi recebida as fls. ......; ocasião em decretou-se a prisão preventiva; citado via
editalícia (fls. ........), não compareceu para ser interrogado, tendo sido determinada a suspensão
do processo (fls.....).

Com o cumprimento do mandado de prisão em desfavor do co-réu .................... (fls........),


prosseguiu a instrução criminal com relação a este, com a ...... (...) testemunhas arroladas na
denúncia (fls........); e, via deprecata ..... (...) testemunhas de beatificação, arroladas pelo
Acusado .........., além da genitora do, ora defendente, (fls. .....).

As fls. o Acusado, ora defendente fez juntar instrumento procuratório aos autos, pugnando
pelo prosseguimento do feito se a sua presença física, pedido que foi indeferido nesta instância
singela e deferido pelo TJ... através do HC ................).

Retomado o andamento do persecutio criminis, a defesa técnica do Acusado as fls.,


ratificou e convalidou o conjunto probatório carreado para os auto na sua ausência.

A prova coligida durante a instrução criminal, é insuficiente para embasar eventual decreto
condenatório, vez que todas testemunhas ouvidas em Juízo são empregados da suposta vítima, e
por isso indignos de valor probante são seus depoimentos.

De outro prisma verifica-se que com a absolvição do co-réu ...................., inviável o


reconhecimento do crime de bando ou quadrilha (art. 288 do CPB) vez que restaram apenas ...
acusados, número aquém daquele exigido no referido dispositivo legal para a configuração do
delito.

Com relação ao crime de tipificado no art. 304 do Código Penal Brasileiro, insta a
conclusão, como delito-meio, de que o mesmo restou absorvido pelo crime de estelionato, que no
presente feito, representa o delito-fim.

Embora o Acusado, ora defendente, responda outro processo criminal na comarca


de ................, é tecnicamente primário, possui residência na cidade de Ceres, e em caso de
eventual condenação deve sua reprimenda pena ser ancorada no mínimo legal, a ser cumprida
no local onde reside.

DO DIREITO

PRELIMINARMENTE

O Código de Processo Penal, no Livro que trata das nulidades processuais impõe o
seguinte comando normativo:

Art. 564 - A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

(...) 0missis
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
(...) omissis
b) O Exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no artigo 167.

Nosso Estatuto de Ritos Processuais Penais, no artigo ut retro citado, dispõe que ocorrerá
nulidade no caso de falta de termos ou fórmulas, dentre os quais a realização de exame de corpo
de delito nos crimes que deixam vestígios, como no caso em pauta, por corporificar e
instrumentalizar a materialidade dos fatos objeto da persecução judicial. Isso, porque a Justiça
Criminal, principalmente, deve exteriorizar-se através de formas, absolutamente cogentes e
inalteráveis ao arbítrio das partes. Assim, sua falta já traduz nulidade por si mesmo,
independentemente da ocorrência ou não de prejuízo.

Oportuna a lição do eminente jurisconsulto pátrio JÚLIO FABBRINI MIRABETE, quando


assim leciona:

“Causa nulidade absoluta a ausência do exame de corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios. Na hipótese de delicta lactis permanentis é por ele que se
comprova a existência do crime quando este deixa vestígios, sob pena de nulidade,
para evitar-se acusações infundadas. Ressalva o artigo 167, porém, que não sendo
possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal pode suprir-lhe a falta.” 1(Grifei).

Diz a jurisprudência

“A não realização de exame de corpo de delito direto, que dá maior credibilidade e


confiança ao julgador, por incúria da autoridade policial, que, por comodismo, realiza
o exame indireto, sem especificação de sua fonte, implica comprometimento da
prova da materialidade do delito, impondo-se a absolvição” (RT 637/267). No mesmo
sentido, (TJSP: RT 553/339; TACRSP: RT 548/339; TJMG: RT 534/416.)

Correta a advertência de que quando o ilícito penal deixa vestígios torna-se necessária e
imprescindível a realização do exame de corpo de delito. Desta ótica, destina-se a comprovação
por perícia da existência dos elementos objetivos do tipo, os quais são aferidos, principalmente,
ao resultado produzido pelo atuar reprovável, de que houve o evento, do qual depende a
existência objetiva do crime, ex vi do artigo 13, do Código Penal.

Incensurável é o posicionamento de que configura-se nulidade absoluta a ausência do


exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, e no caso sub examine, trata-se de
delicta factis permanentes, sendo por ele que se comprova a existência típica só quando há
vestígios positivados, sempre sob o crivo da nulidade absoluta. Neste sentido é pacífica a
orientação pretoriana já apontada.2

É preciso insistir, no entanto, que se trata de nulidade absoluta e não relativa, que por força
do que dispõe normativamente o artigo 573, do CPP, e pela ausência de dispositivo que lhe
outorgue qualquer sanatória (v. por falta do exame de corpo de delito, direto ou indireto, nos
crimes que deixam vestígios, ex vi do artigo 564, III, letra b do CPP.

No caso em tela, a documentação acostada aos autos, pela suposta vítima, constitui talvez
ou simplesmente, mero indício da ocorrência de possível ilícito penal, não podendo ser elevado
a categoria de prova da materialidade de um delito, que por sua natureza e sede deixa vestígios
constatáveis através de elaboração de Laudo Pericial em documentos que se submetidos ao crivo
dos senhores peritos poderiam comprovar a existência ou não da alegada fraude ou artifício.

A evidência do aspecto ora suscitada encontra eco nas próprias palavras das testemunhas
ouvidas em Juízo, que de forma uníssona declaram que o Acusado teria utilizado de documentos
falsificados para a aquisição dos bens da suposta vítima.

Excelência é flagrante e incontestável a incidência da nulidade do processo por falta de


prova da materialidade dos fatos descritos na denúncia de fls., por infringência do disposto no
artigo 564, III, “b” do Código de Processo Penal, impondo-se o reconhecimento da preliminar
suscitada com o julgamento do feito sem apreciação do mérito, determinando-se o arquivamento
da presente ação penal para todos os fins de direito.

DO MÉRITO

A denúncia imputa ao Acusado a conduta descrita no art. 288, que assim preconiza
“associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometerem crimes”.

O referido dispositivo, trata-se crime coletivo, plurissubjetivo, que exige um número


mínimo de quatro agentes para sua configuração típica, o que vale dizer que com a absolvição do
co-réu ........................., restaram apenas três acusados, número inferior ao exigido legalmente,
para a configuração do ilícito penal denunciado. Logo, por falta de elementar do tipo impõe-se
sua absolvição.

A jurisprudência hodierna comunga o entendimento acima alinhado conforme o seguinte


julgado:

“A absolvição, com provimento da apelação, de um dos quatro réus que se associaram


para cometer crimes, descaracteriza o delito de quadrilha ou bando, pela falta, em
relação aos demais, do quorum mínimo de quatro” 3
Assim sendo, dever o Acusado, ora defendente, ser absolvido da imputação prevista no art.
288 do CPB.

De igual modo não merece prosperar a acusação referente o delito previsto no art. 304, do
Código Penal Brasileiro, vez que, no presente caso, a suposta falsidade configurou ato
meramente preparatório do crime de estelionato, pelo que dever por este ser absorvido, conforme
inteligência do art. 14 do mesmo Codex.

A doutrina mais abalizada tem proclamado que os atos preparatórios, quais sejam aqueles
que representam a forma de atuar, que criam condições prévias para a realização do delito
planejado, não são puníveis. Assim sendo, aquela conduta que precede, sob o prisma temporal, a
execução do fato criminoso, é meramente uma fase do iter criminis, ou seja ato preparatório
indiferente ao nosso direito penal, que pune a cogitação e a preparação.

No caso em apreço, a suposta falsificação de documentos configurou ato preparatório do


delito de estelionato, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária:

“tentativa cometida mediante uso de documento falso - Pune-se somente o


crime de estelionato,que absorve a falsidade, quando este foi o meio
fraudulento empregado para a prática.”4

“Uso de documento falso – Crime-meio para a obtenção da indevida vantagem


econômica – Absorção pelo crime-fim, no caso estelionato. Inteligência da
Súmula 17 do STJ - Se o uso de documento falso foi endereçado à obtençaão de
indevida vantagem econômica, o falso constitui-se em crime-meio, que fica
absorvido pelo crime-fim no caso estelionato.”5

“A utilização de documento falsificado como meio para a prática de estelionato,


resulta na absorção, por este, do delito previsto no art. 304 do CP.” 6
É, assim, caso de uso de documento falso – delito-meio - para a consumação do verdadeiro
objetivo do agente, o estelionato – delito-fim, há pluralidade de normas e unidade de crimes,
onde nasce a consunção, com que se procura resolver o problema de conflito aparente de
normas.

Segundo o princípio da consunção, a norma incriminadora de um fato, que é meio


necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, é excluída pela norma a
este relativa. Assim sendo, no magistério de Heleno Fragoso “há consunção quando um crime é
meio necessário ou normal fase de preparação ou de execução de outro crime”. 7

Deste modo, imperioso que se proceda a absolvição do Acusado, ora defendente com
relação ao delito do art. 304 do Código Penal Brasileiro, vez que pelo princípio da consunção este
foi absorvido pelo delito de estelionato.

O Acusado, embora responda por outra ação penal na comarca de................ é primário,
possui endereço certo e sabido na cidade de Ceres, onde reside em companhia de sua mãe, pelo
que, no caso de eventual condenação deve sua pena ser cumprida naquela urbe conforme lhe
faculta o art. 86, da Lei de Execução Penal.

EX POSITIS,
Espera o Acusado, ......................, sejam as presentes Alegações finais, recebidas, vez que
próprias e tempestivas, julgando procedente a preliminar suscitada, com a decretação da
nulidade absoluta do processo nos termos do art. 564, III, “b”, do Código de Processo Penal, em
caso de análise de mérito, julgada improcedente a denúncia e todos seus termos, decretando-se
sua ABSOLVIÇÃO, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Termos em pede e espera deferimento.

LOCAL, DATA.

_____________

OAB
Alegações Finais – Estupro – Falta de Dissenso da Vítima - Relação
Sexual consentida

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo ................
Alegações Finais
Acusado:..............

...................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 403, do Código de Processo Penal
com a redação que lhe deu a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1O Acusado foi denunciado como incursos na penas do art. 213, do Código Penal
Brasileiro, com a nova redação que lhe emprestou a Lei 12.015/2009, sob a suposta prática do
seguinte fato delituoso in verbis (Fls........).

“Infere-se dos autos, que na madrugada do dia ........ a vítima dirigiu-se ao


“..................”, onde ficou conhecendo o denunciado e ficaram conversando, sendo ao
anunciar que iria para a sua casa, o mesmo lhe ofereceu carona e foi aceita. No
caminho para a casa da vítima, o denunciado mudou o percurso e após passarem por
outro bar e dar voltas pela cidade a levou par a sua (dele). Nesse local, sob violência
física e ameaças a obrigou a manter consigo conjunção carnal e atos libidinosos,
permanecendo com a vítima cerca de três horas.

Após satisfazer sua irrefreada lascívia, o denunciado adormeceu e a vítima


conseguiu deixar o local, sendo socorrida por um rapaz que a levou até a delegacia
da mulher, onde registrou ocorrência e foi requisitado o exame de conjunção carnal ,
que foi realizado e comprovada a cópula vagínica e a violência.”
2Ao prestar suas declarações perante a autoridade policial, a suposta vítima afirma que
mesmo, o Acusado sendo pessoa desconhecida, aceitou de bom grado a carona oferecida, e que
embora o mesmo tenha tomado um caminho diferente ao que levaria até sua residência, não
tomou nenhuma providencia enérgica que denotasse indignação, descontentamento ou
dissidência, deixando-se levar de forma livre e voluntariamente, noite a dentro, perambulando
por bares da cidade até a madrugada:

Fls. ......:

“ QUE, o ... falou para a declarante , você está com fome ?, então vamos sair para
comer alguma coisa, a declarante respondeu para o ...., não! Não vou não! Nem te
conheço e ..... falou então eu te levo na sua casa, que ficava duas quadras acima onde
a declarante estava; (...) QUE a declarante, esclarece que aceitou a carona do rapaz, a
qual pediu para ir embora para casa, e o mesmo concordou em levar a declarante
para casa, porém, o ....... ainda falou então a gente vai dar umas voltinhas e depois eu
te levo para sua casa, até então a vítima ainda estava fora da ............, não anotando a
placa, e resolveu entrar no carro, e QUE ........ virou o carro e rumo ao centro da
cidade; QUE, a declarante esclarece ainda que o ........... passou no Churrasquinho
do ......., situado nas proximidades da ............., nesta cidade, esclarecendo ainda que
comeu ....... ......., e que a declarante sempre pedindo para o .......... para ir embora
para casa o qual falava a gente já vai “

Fls. ...

“QUE a declarante disse que o ........ parou em um ......... situado na ........., o qual
ficou uns minutinhos só, e saindo de lá por volta das ..... horas, e que o ........ falou
que ia passar na casa da mãe dele, por perto da praça ..........., não sabendo o
endereço e nem lembrando o local, pois o ........ deu muitas voltas para ir até a casa
da mãe dele, onde ele parou em um local perto da praça, não lembrando onde, vendo
a declarante que o ......... apertou um interfone, não ouvindo o que ele conversou”
(Grifei)

Em Juízo a suposta vítima confirma que em nenhum momento tentou desvencilhar da


companhia do Acusado:

Fls. .....:
“aceitou a carona, mais assim que entrou na camionete o acusado pegou um outro
caminho, pediu para ir embora para casa que não queria ir em outro lugar, ele disse
que ia ali e logo a levaria para casa, passou no ...................., foi agressivo com
o ..........., depois tornou a entrar no carro e a declarante sempre pedindo para ir
embora, que a deixasse em casa, ele disse que ia ali e logo a levaria, ficou dando
volta, passou na ........... na cassa da mãe dele, entrou na casa da mãe e sai passarem
em outro ......................e a declarante sempre pedindo para que a levasse em casa e
ele disse que já ia leva-la; que ao invés de leva-la para casa levou para casa dele
no ............; que continuou insistindo que queria ir embora, mais ele trancou o
portão” (Grifei)
A adesão aos intuitos lascivos do Acusado está bem estampado no trecho das declarações
da suposta vítima quando, naquele fantasioso momento de opressão, ela aconselha que o mesmo
ao menos use camisinha:

Fls.
“esclarece a declarante que já que ele estava fazendo isto tudo, podia usar uma
camisinha, o qual respondeu que não ia usar, pois “puta ele gostava de comer
daquele jeito mesmo”

Está claro que a suposta vítima opôs uma simulada resistência, ao voluptuoso enlace
sexual, com aspecto meramente formal, platônico, e frágil, quando diz:

Fls. ...:
“...e depois jogou na , fazendo sexo de todas as maneiras, oral, penetrava,
tirava, colocava o pênis, ora em sua boca, ora em sua vagina, não fazendo sexo
anal , pois a declarante conseguiu não deixar...”

O congresso sexual foi tão espontâneo que, conforme a própria “vítima” afirmou em juízo
às fls. 351: “que surgiu um boato no bairro depois do estupro que a declarante namorava com o
Acusado”, é óbvio, que para que surgisse um boato desta natureza é necessário que houvesse um
relacionamento, no mínimo, amistoso ou afetuoso entre ambos.

Outro fator relevante, é que pela narrativa da suposta vítima, e pelas agressões que alegou
ter sofrido, haveria de constar no laudo de exame de corpo de delito, de fls. 29/31, lesões de
grandes proporções, tais como hematomas, equimoses, principalmente queimaduras, uma vez
que alegou ter sido queimada com cigarro, do seguinte modo:

Fls. 350:

“que ao invés de leva-la para casa levou para casa dele no Anápolis City; que
continuou insistindo que queria ir embora, mais ele trancou o portão e começou a
ficou muito agressivo com a declarante, que lhe puxava o cabelo, batia no chão e
esfregava seu rosto por diversas vezes, depois de bater muito no declarante que se
debatia sempre, ele a violentou, queimou com cigarro,” (Grifei)

Conforme laudo de exame de corpo de delito – “conjunção carnal”, foi constatado apenas
“escoriações finas na região mamária”, estigmas próprios de uma relação sexual normal e
consentida. Não foi detectado nenhuma queimadura, ou escoriações no rosto, o que vale dizer, se
realmente a suposta vítima tivesse sido agredida os Senhores Peritos teriam consginado no laudo
a existência dos referido vestígios ou lesões.

Por seu turno, o Acusado, ao ser interrogado em juízo, (fls. ..), não negou ter mantido
relação sexual com a suposta vítima, inclusive confirmou que estiveram em vários “bares” da
cidade, antes de irem para sua residência de forma livre e espontânea.

Como pode ser visto, a violência ou grave ameaça foram frutos da imaginação da suposta
vítima. É obvio, que jamais prestaria um depoimento sincero diante da conduta pouco
recomendável que assumiu ao se entregar sexualmente ao acusado _______ por livre e
espontânea vontade.
DO DIREITO

No caso em apreço, o Julgador, deverá edificar seu juízo com redobrada cautela e
parcimônia, com a necessária e acurada análise de todo conjunto dos fatos, para aferir se dentro
do contexto estão contidas todos os elementos e circunstâncias que integram a definição legal
típica. Principalmente quando a suposta vítima traz para o bojo dos autos uma versão
inverossímil e carregada de contradições.

Edita o artigo 213, de nosso Código Penal, com a nova redação dada pela Lei 12.015 de 07
do agosto de 2009:

“Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
(“Caput” com redação dada pela Lei nº 12.015, de 07.08.2009 - DOU 10.08.2009)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Como crime comissivo e material, sua consumação depende da realização da conduta


contida na norma proibitiva, aqui representada pelo verbo “constranger mediante violência ou
grave ameaçar”, que conceitualmente representa cópula vagínica, contra a vontade da vítima,
utilizando-se de violência ( vis corporalis illata), que é o emprego de força física, com a
necessidade para sua configuração de que haja, pelo menos, lesões leves (HUNGRIA) 1 , ou, a
grave ameaça (vis compulsiva), consistente na violência moral, que é a promessa idônea do
agente de causar mal sério e grave ao á vítima, (ANIBAL BRUNO) 2, sendo, fundamental e
indispensável que ocorra o dissenso da vítima, pois sua concordância acarreta a atipicidade do
fato. É preciso que a falta de consentimento da ofendida seja sincera epositiva, que a resistência
seja inequívoca, demonstrando vontade de evitar o ato desejado pelo agente, que será quebrada
pelo emprego pela violência física ou moral. (DAMÁSIO) 3.

Nossa doutrina é uníssona em afirmar que nesta modalidade delituosa, o dissenso da


vítima deve ser sincero e positivo, manifestando-se uma inequívoca e real resistência. Ensina o
festejado NELSON HUNGRIA, que não basta uma platônica ausência de adesão, uma recusa
meramente verbal, uma oposição passiva e inerte. É necessário uma vontade decidida e
militantemente contrária, uma oposição que somente a violência física ou moral consiga vencer.
Sem duas vontades embatendo-se em conflito, não há crime. Nem é de confundir a efetiva
resistência com a instintiva ou convencional relutância do pudor, (MANFREDINI), ou como o
jogo de simulada esquivança ante uma vis grata, como daquelas ninfas de que fala CAMÕES ( Os
Lusíadas, canto IX, estrofe LXX4):

“Fugindo as ninfas vão por entre os ramos,


Mas, mais industriosas que ligeiras,
Pouco a pouco sorrindo, e gritos dando,
Se deixam ir dos galgos alcançando...”.

Logo, Excelência, a resistência ativa da vítima é a contraprova da ameaça como elemento


integrante do crime de estupro, existindo, a adesão e anuência por parte da vítima, e sem ela não
há que falar tipicidade delituosa, como pretendeu o Órgão Ministerial em sua perfunctórias e
desarrazoadas alegações finais. A anuência está estampada na própria versão da suposta
ofendida, quando categoricamente admite categoricamente que “..passou no ................,(...)
entrou na casa da mãe e sai passarem em outro .............. (...)a declarante tomou um copo de
cerveja; que ele parou na casa da mãe por um ou dois minutos.” A situação de comodidade e
aderência é ainda mais flagrante quando, durante a sessão de orgias genésicas a suposta
violentada, solicita que o agressor “ que pelo menos usasse camisinha” (fls.).

Pelos fragmentos acima citados, denotam que a suposta vítima estava bastante à vontade,
que em nenhum momento pediu socorro, ou tentou fugir do suposto algoz.

Diz a jurisprudência a cerca do dissenso da vítima com relação aos crimes desta natureza:

“Uma jovem estuprada há de opor-se razoavelmente à violência, não se podendo


confundir como inteiramente tolhida nessa repulsa quem nada faz além de tentar
gritar e nada mais. A passividade, que muitas vezes se confunde com a tímida
reação, desfigura o crime, por revelar autentica aquiescência” (TJSP - AC - Rel ODYR
PORTO - RT 429/400)

O festejado mestre em medicina legal, HELIO GOMES, assim discorre sob o tema:

“A violência física consiste no emprego de meios materiais que anulem a resistência da


ofendida, obrigando-a à conjunção carnal. Sendo, via de regra, muscularmente mais forte do que
a mulher, o homem pode, em determinadas condições vencer-lhe toda a resistência e submetê-la
ao congresso sexual. O assunto, entretanto, comporta algumas observações no terreno da
Medicina Legal. Discutem realmente os legistas se é possível a um homem manter cópula carnal
com a mulher, oferecendo esta ´seria resistência. Autores como HOFMANN e LACASSAGNE,
negam essa possibilidade. Entendem ser impossível, porque a resistência da vítima, os
movimento da bacia, a junção dos membros inferiores, tudo isso impediria a introdução do pênis
na vagina5.” (Grifei)

A versão apresentada pela suposta vítima além de incoerente, é contraditória, pois nas
declarações prestadas tanto na fase policial quanto judicial, afirma que foi vítima de violenta
sessão espancamento, inclusive, queimadura com cigarro, porém, em seu corpo não foi
detectado nenhuma lesão, principalmente na área genital, coxas, braços, pois a pressão
provocada pelas agressões indubitavelmente provocaria hematomas, ou outra lesão provocada
por instrumento contundente:

HELIO GOMES é taxativo quando leciona;

“No caso de violência física, ficarão vestígios: contusões, escoriações, estigmas


ungueais (lesões de defesa da vítima encontráveis no agressor) 6,”

A jurisprudência dominante, também, se posiciona no sentido de que em havendo


violência física, inevitavelmente, haverá lesões corporais:

“Posto de lado a questão da possibilidade de um só agressor consumar a conjunção


carnal contra a vontade da mulher, em caso de resistência havrá, inevitavelmente,
vestígios, por lesões características, de que foi empregada violência efetiva para a
prática do ato sexual”7
“Tem-se como descaracterizar o estupro típico quando a vítimanão ostenta qualquer
lesão a evidenciar a resistência”8

“Mera menção à existência de lesão grave não faz presumível o emprego de força,
que a ofensa física pode decorrer da própria cópula, realizada sob precárias
condições ambientais”9
O argumento de que a vítima se entregou lascivamente, ao Acusado, de forma consensual,
está no fato de que o exame de corpo de delito foi realizado, há poucas horas após a prática da
suposta ocorrência das agressões, e não foi constatado nem ao menos uma leve tumefação ou
hiperemia na mucosa vaginal ou equimoses em suas parte íntimas, estigmas que
indubitavelmente deveriam estar presentes no caso da ocorrência de coito violento.

Ressalte-se, finalmente excelência, que a vítima acompanhou o Acusado, por sua livre e
espontânea vontade, permanecendo em sua companhia sem qualquer consternação, ou
constrangimento, agindo com desembaraço, sem timidez ou acanhamento, tomando cervejas em
bares, conduta que não coaduna com a de que está sob coação, ou contra sua vontade.

É assente, que no ordenamento jurídico adotado no Brasil, mormente no processo penal,


que não existe hierarquia de provas, em virtude da aplicação do sistema da livre apreciação
motivada, porém, já se consolidou no meio jurídico de que, a palavra da vítima, nos crimes
contra os costumes, surge com um coeficiente probatório de ampla valoração 10. No entanto, não é
menos verdade, de a jurisprudência tem fixado que, as palavras da ofendida, para serem cridas,
devem ser verossímeis e uniformes, além de concordante e harmoniosas com os demais
elementos indiciários11, principalmente, com ensina NELSON HUNGRIA, “quando a queixosa,
isenta de qualquer lesão corporal, afirma ter sido violentada por um só agente suas declarações
devem ser recebidas com a máxima reserva ou desconfiança porque o êxito da violência física,
com unidade de agente, não é crível ou, pelo menos rarissime accidit12.”

No caso em apreço, as declarações da suposta vítima são, não merecem credibilidade, uma
vez que falseou a verdade acerca de fatos relevantes com o intuito de incriminar a pessoa do
acusado, pelo que devem ser analisadas com redobrada cautela.

Em conclusão, ficou demonstrado pelo conjunto de provas abalizadas nos autos que a
palavra da suposta vítima restou carregada de vícios, contradições e embustes, trazendo para os
autos uma versão enganosa e pérfida, sendo, pois insuficientes para alicerçar qualquer decreto
condenatório. Diz a Jurisprudência:

“Inexistindo outro elemento adverso de convicção, o antagonismo entre as versões da


vítima e do réu impõe-se a decretação do non liquet” (Ap. 182.367 – TACrimSP – Rel.
Valentim Silva).

“Sendo conflitante a prova e não se podendo dar prevalência a esta ou aquela, é


prudente a decisão que absolve o réu” (Ap. 29.889 – TACrimSP – Rel. Lauro Alves).

“Sentença Absolutória. Para a condenação do réu a prova há de ser plena e


convincente, ao passo que para absolvição basta a dúvida, consagrando-se o
princípio “in dúbio pro réo”, contido no art. 386, VI do CPP” (JTACcrim, 72/26 – Rel.
Álvar Cury).

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso que:

“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas
um juízo de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. Mesmo a íntima
convicção do Juiz - pondera Sabatini -, como sentimento da certeza, sem o concurso
de dados objetivos de justificação - , não é verdadeira e própria certeza...”; “no lugar
da certeza, em espécie tal, tem-se a simples crença.’’ “Dessa forma, uma condenação
somente terá lugar quando o exame sereno da prova conduza à exclusão de todo
motivo sério para duvidar.” (in – “Jurisprudência Criminal, Borsoi, 1973, vol. II, pág.
389)

Deste modo a palavra da vítima deixou de possuir aquela credibilidade, sustentada pela
jurisprudência dominante, vez que está contaminada pela inverossimilhança, razão pelas qual
impõe-se a decretação do non liquet, com a consequência absolvição do réu nos termos do art.
386, VII, do Código de Processo Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei 11.690/2008.

Caso prevaleça no espírito de Vossa Excelência o entendimento de que o acusado deva ser
condenado, é indeclinável a conclusão de que, o mesmo preenche todos requisitos para exercer o
direito de recorrer em liberdade, uma vez após a revogação de sua custódia, nenhum fato novo
ocorreu a ponto de obstacularizar a concessão do benefício de exercitar recurso voluntário em
liberdade.

EX POSITIS,

espera o Acusado ..........................., sejam as presentes alegações finais, recebidas, vez que
próprias e tempestivas, julgado improcedente a denúncia de fls. 02/04, com a decretação da
absolvição do Acusado, pois desta forma Vossa Excelência, como de costume, estará editando
decisório compatível com o mais elevado senso de JUSTIÇA.

Nestes Termos
Pede deferimento.

Local, data.

______________________

OAB
Alegações Finais – Estupro de Vulnerável – Depoimento Infantil
Fantasioso

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA .......... VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo nº ...................
Alegações Finais
Acusado: ...............

....................................., já qualificado, nos autos da ação penal, que lhe move a justiça
pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, ao tempo do artigo 403, do Código
de Processo Penal com a redação dada pela Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados;

SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público chancelou ação penal em desfavor do Acusado, imputando-lhe a


prática de conduta subsumível na norma proibitiva dos artigos 217-A, do Código Penal
Brasileiro, com a nova redação dada pela Lei 12.015 de 07.08.2009, se propondo, na vestibular
acusatória, a provar durante a instrução criminal os seguintes fatos delituosos in verbis:

“Consta do incluso inquérito policial (autos .................) que, no dia ......., por volta
das ......, em sua residência, o acusado constrangeu a menor ........... (... anos de
idade), a permitir que praticasse com ela ato libidinoso.

Segundo se apurou, no dia dos fatos, .................., mãe da vítima deixou a mesma na
casa do acusado, enquanto ajudava a esposa do mesmo, a levar a empregada desta ao
Hospital.

Apurou-se, ainda, que no momento em que a vítima dormia, o acusado puxou sua
calcinha e ficou passando a língua em sua vagina. Momento em que a vítima acordou
e o acusado disse a mesma que não contasse a ninguém o ocorrido, pois se o fizesse
ele negaria.
Ao chegar em casa, a vítima contou todo o ocorrido a sua mãe, a qual levou o fato a
conhecimento da Autoridade Policial.”

Ao ser submetida a exame de corpo de delito, (fls. ...) logo em seguida a suposta ocorrência
do fato, os senhores peritos não encontraram qualquer vestígio, como mancha de saliva na
calcinha nem na vulva da infante periciada, como também não houve constatação de
edemas,hiperemia vulvar ou eventual irritação de pele ou mucosa próxima a genitália da
pretensa vítima, pois consoante depoimentos das testemunha ouvidas em juízo, naquela época, o
Acusado encontrava-se com sua barba por fazer, a qual é crespa, o que induvidosamente irritaria
a pele sensível da criança caso houvesse um contato direto com ela.

É importante salientar que conforme noticiou a testemunha ............, ouvido as fls........, o


perito que realizou o exame de corpo de delito, foi categórico em dizer que se eventualmente
houvesse acontecido os fatos noticiados pela suposta vítima, inevitavelmente haveriam vestígio
detectáveis, o que não ocorreu:

“Que, conversou com o perito por ocasião da realização do exame de corpo de delito;
que, o perito disse para o declarante que não havia nenhum tipo de sinal na criança,
esclarecendo que foi informado que não haviam trocado a roupa dela, nem lhe dado
banho, tendo ele dito que, se houvesse algum tipo de contato, ainda que fosse um
beijo, seria possível constatar a presença de saliva, o que ele não encontrou durante o
exame, tendo dito, ainda, que ela não apresentava nenhum tipo de sinal; que, ao
acompanhar o exame, sua intenção não era proteger o acusado, porque se houvesse a
constatação de alguma coisa seria o primeiro a acusa-lo e ficar do outro lado, uma
vez que o seu relacionamento com os familiares da vítima era muito bom,...”

Por outro lado, no relatório de avaliação social de fls..., a própria mãe da pretensa vítima,
relata para a Assistente Social “ que os familiares não acreditam que ......... foi abusada, dizem
que a menina inventou toda a história” , dando mostras de que embora muito nova a vítima teria
capacidade suficiente para fantasiar os fatos atribuídos ao Acusado narrados na denúncia.

Pelo conjunto de provas coligido para os autos percebe-se que não há provas suficientes
para a condenação do Acusado.

O Acusado, trata-se pessoa de excelente conduta social e familiar, é tecnicamente primário,


possui bons antecedentes, é trabalhador conforme noticiaram todas testemunhas ouvidas por
este Ilustrado Juízo.
DO DIREITO
Consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial dominante, a hipótese levantada na
proemial acusatória para que tenha repercussão jurídica deve ser amplamente provada durante a
instrução criminal desenvolvida sob o manto da garantia constitucional do contraditório, da
ampla defesa e do devido processo legal assumindo a acusação oficial o ônus probandi da
autoria, da materialidade e de todas as circunstâncias do fato.

Na lição sempre abalizada de Maria Lúcia Karam, 1 pode-se conceituar a prova como um
instrumento de demonstração da veracidade de afirmações feitas a propósito da ocorrência ou da
inocorrência de fatos, em que alegadamente fundamentada uma pretensão exposta no processo,
de modo que o juiz, formando seu convencimento, esteja apto a resolver as questões àquelas
relativas (isto é, as questões de fato), sobre as quais controvertem as partes. Assim entendida a
prova, é fácil perceber que a distribuição do ônus a ela relativo, tanto no processo penal como no
processo civil, deverá partir da premissa de que é sobre a parte que alega um direito que irá
recair a incumbência de demonstrar a existência dos fatos dos quais o pretende fazer derivar. É o
que dispõe a regra contida no art. 156 do CPP, ao estatuir que “ a prova da alegação incumbirá a
quem a fizer”,regra que, como já advertia Frederico Marques, a rigor, não apresenta diferença
substancial com as que norteiam a matéria no processo civil. 2

Originando-se dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, tanto a garantia da


presunção de inocência ou de não-culpabilidade quanto o princípio in dúbio pro reo dela
derivado, rigorosa e efetivamente aplicados, constituem importantíssimos instrumentos de
contenção do poder de punir e, assim, de contenção do Estado policial.

A garantia da presunção de inocência ou de não-culpabilidade e o princípio in dúbio pro


reo dela derivado implicam na atribuição ao autor da ação penal condenatória - isto é, àquele que
ocupa a posição da Acusação - do ônus de demonstrar, de forma induvidosa, a existência da
infração penal e de sua autoria, na medida em que somente a certeza quanto a esta existência
poderá conduzir a um pronunciamento de procedência do pedido de condenação.

Como assinala aqui também, Julio Maier, a ausência da certeza representa a


impossibilidade do Estado de destruir a situação de inocência, construída pela lei (presunção),
que ampara o acusado, razão por que conduz à absolvição qualquer outra posição do juiz a
respeito da verdade, a dúvida, ou mesmo na probabilidade, impedindo a condenação e havendo
de desembocar na absolvição.3

Esta exigência da certeza para a condenação, materializadora do princípio in dúbio pro reo,
vem preconizada, em nosso ordenamento jurídico, nas regras que asseguram a efetividade da
garantia constitucional inscrita no inc. LVII, do art. 5º, da Constituição Federal, bem como no
inciso VII do artigo 386, do Código de Processo Penal determinam que seja o réu absolvido
quando , “não existir prova suficiente para a condenação”. (Inciso acrescentado pela Lei nº
11.690, de 09.06.2008 - DOU 10.06.2008)

A respeito obtempera Heleno Cláudio Fragoso 4, que a condenação exige certeza e não basta,
sequer, a alta probabilidade , que é apenas um juízo de nossa a mente em torno da existência de
certa realidade. Mesmo a íntima convicção do Juiz – pondera Sabatine – como sentimento da
certeza, sem o concurso de dados objetivos de justificação , no lugar da certeza, em espécie tal,
tem simples crença . Desta forma, uma condenação somente terá lugar quando o exame sereno
da prova conduza a exclusão de todo motivo sério para duvidar.

Assim, durante a instrução criminal, quando se realiza reconstituição dos fatos alegados
pela parte autora da ação penal, que se pode chegar a uma conclusão de certeza da prática da
infração penal imputada ao réu ensejando a imposição da pena respectiva, ou, caso contrário,
quando pela prova ali produzida, se estabeleça uma dúvida e acenar uma possibilidade de
inocência, por mínima que seja, impõe-se a absolvição.

No caso vertente, a versão apresentada pela suposta vítima, que de acordo com a
jurisprudência dominante, possui acentuado relevo e valor probante quando plausíveis,
coerentes, equilibradas, harmônicas e apoiadas em outros elementos ou circunstâncias que
direcionem quanto a pratica delituosa. Porém, aqui se mostrou inverossímil e fantasiosa, além do
que, a defesa do Acusado, demonstrou com os depoimentos das testemunhas inquiridas na
instrução criminal e o exame de corpo de delito, a impossibilidade do Acusado ter agido da
forma descrita na denúncia. colocando em dúvida razoável a existência e a autoria do fato
denunciado.
Caso fosse verdadeira a estória apresentada pela pretensa vítima, da ação atribuída ao
Acusado, haveriam de ser detectados vestígios da prática delituosa, por mínimos que fossem,
porém, nada foi constatado, colocando por terra a versão por ela apresentada, tornando-a
insuficiente para ancorar decreto condenatório.

Neste sentido é o entendimento jurisprudencial dominante no Tribunal de Justiça de Goiás:

“EMENTA: “APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO - PALAVRA DA VITIMA RESERVA -


ABSOLVIÇÃO - INSUFICIÊNCIA DE PROVAS’.I - A PALAVRA DA VITIMA DE
CRIMES SEXUAIS REPRESENTA A VIGA MESTRA DA ESTRUTURA PROBATÓRIA.
E EXATAMENTE PELA SUA RELEVÂNCIA, ESSA PROVA DEVE REVESTIR-SE DE
CREDENCIAIS IDÔNEAS PARA AFIRMAR O JUÍZO DE CERTEZA, POIS SE EXISTIR
DUVIDA, AINDA QUE ÍNFIMA, NO ESPÍRITO DO JULGADOR, DEVE,
NATURALMENTE, SER RESOLVIDA EM FAVOR DO RÉU. II - RECURSO
IMPROVIDO.” (Grifei)

“EMENTA: “APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO


PUDOR. PRELIMINARES DE NULIDADE. DENUNCIA NÃO RATIFICADA NO JUÍZO
COMPETENTE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA A ACUSAÇÃO. UNIDADE E
INDIVISIBILIDADE DOS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PUBLICO. NULIDADE NÃO
CONFIGURADA. SENTENÇA SEM FUNDAMENTAÇÃO. FUNDAMENTOS
CONCISOS E SUFICIENTES. MÉRITO. PROVAS. NEGATIVA DE AUTORIA. ATO
SEXUAL CONSENTIDO. PALAVRA. CONTRADIÇÕES. INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA. IN DÚBIO PRO REO. INCIDÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. I - O MINISTÉRIO
PUBLICO E UNO E INDIVISÍVEL NADA IMPEDINDO O PROCESSAMENTO, NO
JUÍZO COMPETENTE, DE AÇÃO INTENTADA POR DENUNCIA OFERECIDA EM
OUTRA COMARCA, MORMENTE SE PREJUÍZO ALGUM EXPERIMENTOU A
ACUSAÇÃO. II - INCABÍVEL A ANULAÇÃO DE JULGADO QUE, EMBORA
SUCINTAMENTE, FACA A INDICAÇÃO CLARA DOS MOTIVOS DE FATO E DE
DIREITO QUE SUSTENTAM A DECISÃO. III - APALAVRA DA VITIMA EM CRIMES
SEXUAIS, CONSTITUI EXCELENTE MEIO DE PROVA, MAS, ISOLADA E
CONTRADITÓRIA, NÃO AUTORIZA A EDIÇÃO DE DECRETO CONDENATÓRIO. IV
- IMPÕE-SE A APLICAÇÃO DO PRINCIPIO IN DÚBIO PRO REO SE NÃO SE TEM,
NOS AUTOS, PROVAS SUFICIENTES PARA A CONDENAÇÃO. V - RECURSO
PROVIDO”.

Da forma preconizada pela jurisprudência dominante, a palavra da vítima para assumir o


papel preponderante na escala da valoração da prova deve sempre se apresentar de forma
verossímil, coerente, segura e harmônica com os demais elementos de convicção produzidos na
instrução criminal, o que não aconteceu no presente caso, em que a pretensa vítima, traz à lume
uma versão fantasiosa dos fatos, impossível de existir no campo e na esfera da realidade.

Por outro lado, Excelência, a doutrina especializada tem de forma contundente,


proclamado que o depoimento infantil deve ser analisado com redobrada e elevada cautela
devido vários fatores de ordem psico-fisiológicos, próprios da falta de amadurecimento,
sugestionabilidade, fertilidade da imaginação, percepção distorcida e fantasiosa, etc., comumente
verificadas nas primeiras fases da vida humana.

Conforme circunspeta monografia de José Carlos G. Xavier de Aquino, leciona que as


legislações de outrora já traziam consigo o direito de testemunhar. O Código de Manu, o direito
romano, bem como o direito bárbaro prescrevia que os menores eram absolutamente incapazes
de prestar testemunho, nesse caso seus testemunhos eram equiparados aos alienados mentais
(Código de Manu, Liv.III).

As Ordenações Filipinas, germe do direito penal brasileiro, em seu Livro III titulo 56, nº 6,
já proclamava essa incapacidade:

“Os menores de 14 anos não podem ser testemunha em nenhum feito.”

O motivo que levou os legisladores a considerar os menores absolutamente incapazes de


depor e não permitir que se defira compromisso aos seus depoimentos é de fácil compreensão.
As crianças, como é notório, não têm ainda uma total percepção dos fatos e a devida
compreensão das coisas, em função do seu incompleto desenvolvimento orgânico. Além do mais
não tem noção da importância do ato que irão praticar diante do magistrado. Como bem observa
Binet, a criança “avalia mal a exatidão do que diz e do que faz; é tão inábil no espírito como o é
nas mãos; é notável sua facilidade em satisfazer com palavras, ou em deixar de perceber que não
está compreendendo. Sua inteligência se assemelha à de um imbecil adulto” 5.

É nesse mesmo sentido que o insuperável mestre germânico Mittermayer: 6

“Por maior que seja o valor que se dê a candura, nas suas ingênuas palavras, que,
sem macular as consequências , só exprimem o que realmente caiu sob os seus
sentidos, o legislador deverá recear da leviandade natural de seu espírito, da falta de
seus meios de observação, do seu hábito de só verem as coisas superficialmente e se
contentarem-se com as primeira impressões”.

Além dos enganos inerentes à idade, em que a criança pode incorrer, salienta-se que a
facilidade ser enganada constitui outro motivo para que sempre se recebam com redobradas
cautelas seus testemunhos. Acrescenta-se a isto tudo, poder de imaginação do infante. Como é
sabido, fortis imaginatio generat casum (uma robusta imaginação cria acontecimentos por si
mesma).

No caso em preço a vítima, de apenas quatro anos de idade atribui, ao Acusado, um fato de
extremo relevo na resposta penal imposta pelo Estado, porém, sua versão restou isolada no
contexto probatório, portanto insuficiente, por si só, para lastrear eventual decreto condenatório.

A Jurisprudência hodierna também tem reconhecido a fragilidade do depoimento prestado


por crianças, como elemento único gerador da convicção judicial, principalmente para condenar,
conforme os seguintes arestos:

“ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – NÃO CARACTERIZAÇÃO – DEPOIMENTO


INFANTIL – Hipótese em que as informações ofertadas pelo menor na polícia e em
juízo, não imprimem inteira confiança para efeito de incriminação e devem ser
recepcionadas com cautela – Apresentação de versão diferente em cada uma das
vezes em que ouvido – Prova recepcionada que não leva a certeza de ocorrência do
crime, nem da culpabilidade do acusado – Réu absolvido com base no artigo 386, VI,
do Código de Processo Penal. Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da
vítima, em crimes sexuais, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida
sem reservas, quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com
suas declarações. Assim, existindo dúvida, ainda que ínfima, no espírito do julgador,
deve, naturalmente, ser resolvida em favor do réu, pelo que merece provimento seu
apelo para absolvê-lo por falta de provas.” (TJSP – ACr 231.148-3 – General Salgado –
3ª C.Crim. – Rel. Des. Marcos Zanuzzi – J. 05.04.2000 – m.v.)

“ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – PROVA – DEPOIMENTO INFANTIL – O


TESTEMUNHO INFANTIL, DE UMA GAROTA DE APENAS DOIS ANOS DE IDADE,
MERECE ANÁLISE CRITERIOSA, TENDO EM VISTA A TENDÊNCIA À
FABULAÇÃO E O PREDOMÍNIO DO IMAGINÁRIO NO PSIQUISMO DA CRIANÇA –
Seu relato, para merecer credibilidade, há de ancorar-se, de forma sólida, nos demais
elementos de convicção. – Não havendo a certeza de que os fatos imputados ao réu
são verdadeiros, de rigor a absolvição.” (TJMG – ACr 100.031/4 – 2ª C.Crim. – Rel.
Des. Alves de Andrade – J. 06.08.1998)

Desta forma, a aplicação do non liquet, ao que tudo indica, seria decisão mais sensata e de
elevada lucidez, a ser aplicada ao caso em apreço, relambrando a sempre preciosa lição de La
Bruyere: “Um culpado punido é exemplo para os delinqüentes; Um inocente condenado,
Preocupação para todos homens de bem.”

O Acusado, conforme depoimentos das testemunhas ouvidas em juízo, demonstrou ser


pessoa trabalhadora, com família regularmente constituída, sustentada exclusivamente com os
frutos de seu labor, goza no meio social em que vive do respeito e consideração de todos, não
tendo personalidade voltada para senda criminosa, é radicado nesta cidade desde criança.

EX POSITIS,

espera o Acusado, ........................, ora defendente, sejam as presentes alegações recebidas,


vez que tempestivas e próprias, para final reconhecer as preliminares suscitadas e julgar
improcedente a denúncia, decretando sua ABSOLVIÇÃO, nos termos da legislação pertinente,
pois desta forma Vossa Excelência, estará como de costume editando decisório carregado de
equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

_____________________

OAB
Alegações Finais – Roubo – Participação de Menor Importância

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .........

......................, pelo seu defensor que esta subscreve, vem no prazo legal, apresentar
alegações finais, contestando de forma veemente a denúncia de fls. ........ e alegações finais de
fls., do ilustre Representante do Ministério Público, pelos fatos e fundamentos que passa a
escandir:

Preliminarmente

A mecânica processual até aqui funcionou normalmente.

O Inquérito Policial iniciou através de Auto de Prisão em Flagrante. (fls......), onde foram
ouvidos os policiais que efetuaram a detenção, e a vítima do fato narrado na denúncia de fls. ....,
a qual imputou ao Acusados e os demais co-réus a pratica do ilícito penal estampado no art. 157,
§ 2º, inc. I, II e V do Código Penal brasileiro, sob a pretensa acusação de terem, no dia ................,
por volta da .... horas, subtraíram da vítima ........... os bens móveis descrito as fls......, mediante
uso de arma, em concurso de pessoas e com restrição da lliberdade da vítima.

Porém, não se apurou durante o contraditório, acerca da suposta participação do


Acusado/defendente na prática do ilícito penal denunciado, ficando a autoria com relação a sua
pessoa carente de prova suficiente para embasar um decreto condenatório.

A versão apresentada pelo acusado não foi contrariada em todo seu conteúdo pela prova
produzida no processo, devendo assim prevalecer no momento da decisão de mérito no presente
feito, de forma que está claro e evidente que não participou ativamente dos fatos narrados na
denuncia que teve como mentor e executor o menor de idade ...........

Em momento algum o Acusado, que ora se defende, teve premeditação ou a intenção de


agir da forma preconizada na denúncia, nem assumiu a direção dos atos objeto do presente
processo.

Ademais, a versão apresentada pela vítima não aponta com exatidão qual foi o grau de
participação do Acusado, razão pela qual nada impede de dar azo aos fatos da forma narrada em
seu interrogatório de fls. ..............

No caso vertente, o conjunto de provas dá conta de que a parte ex adversa, não se


desincumbiu do ônus probandi, de trazer para os autos provas da realidade dos fatos deduzidos
na pretensão punitiva o que impõe a prolação de decreto absolutório consoante entendimento
esposado pela jurisprudência hodierna, conforme os seguinte arestos:
“Não se presumindo a culpa, deve ser cumpridamente provada, dentro dos elementos
de sua configuração, desprezadas as deduções e as ilações ou a conclusões que não
se assentem em prova concreta, acima de qualquer dúvida” (Revista Forense
175/375).

“Ônus da prova. As alegações relativas ao fatos objeto da pretensão punitiva têm de


ser provadas pelo acusador , incumbindo ao acusado, demonstrar apenas os fatos
impeditivos e extintivos” (JTACrim – 72/243).

“Culpa. Presunção. A culpa não se presume em nosso ordenamento jurídico penal,


devendo ser demonstrada de maneira positiva e cabal para justificar uma
condenação” (JTACrim – 73/364).

“Ao Ministério Público cabe o ônus da prova acusatória, ou seja, da materialidade do


fato e sua autoria . Ao acusado tão-só incumbe a prova de eventuais fatos
impeditivos ou extintivos da imputação” (EI 174449 – TACrimSP – Rel. Weiss de
Andrade).

“a favor de o réu é presumida a inocência, até que se demonstre o contrário. Assim,


basta à acusação não promover prova capaz de infundir a certeza moral no espírito
do julgador para que obtenha decreto absolutório” (Ap.1987.889 – TACrimSP – Rel.
Weiss de Andrade).

Vale Frisar que o Acusado, é pessoa de excelente relacionamento com sua família e sua
conduta social está integrada dentre da normalidade, é tecnicamente primário, devendo em caso
de condenação ter sua pena fixada no mínimo legal.

Pelo exposto, Espera sejam as presentes argumentações recebidas, por estarem dentro do
prazo legal, e por tudo o mais que dos autos consta, julgado improcedente a denúncia, nos
termos do artigo 386, do Código de Processo Penal, decretando a absolvição do
Acusado/defendente, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de costume editando
decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA.

_____________

OAB
Alegações Finais - Estelionato - Ausência de Exame de Corpo de
Delito - Atipicidade - Ônus da Prova

EXMO.. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo nº ........................
Alegações Finais Por Memorial
Acusados:...............

......................................................... , já qualificados, nos autos da ação penal que lhes move


a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 403, do
Código de Processo Penal, com a redação que lhe emprestou a Lei 11.719/2008,
tempestivamente, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

Face aos fatos, razões fundamentos a seguir perfilados:

SÍNTESE DOS FATOS

1. O Ministério Público, ofertou a denúncia de fls. ..., em desfavor do Acusado


....................., imputando-lhe a prática dos seguintes fatos:
“No dia e hora indeterminados, NO MÊS DE ......................, consoante
REPRESENTAÇÃO de fls. ..., na sede da ..............................., Avenida ............., ..........,
centro, nesta o DENUNCIADO, utilizando-se de sua condição de vendedor
ESTELIONATOU a vítima, a própria ........., ao obter para si ou para outrem,
vantagem ilícita, mediante meio fraudulento, conforme autos de Inquérito Policial.

Consta dos mencionados autos que, no dia e hora acima referidos, sendo o
DENUNCIADO vendendor da ......................................., VENDEU VÁRIOS VEÍCULOS
PERTENCENTES A ................ (CERCA DE ..... VEÍCULOS) para diferentes pessoas e
empresas, entre as quais, ................................................., de ................, recebendo as
respectivas quantias, em sua própria conta corrente, OU EM CONTA DE
TERCEIROS, DE QUEM TOMAVA DINHEIRO EMPRESTADO, sem REPASSAR OS
DEVIDOS VALORES PARA A FIRMA ......, ONDE TRABALHAVA,
ESTELIONATANDO-A E LHE PROVOCANDO SÉRIOS PREJUÍZOS FINANCEIROS,
na faixa de .............................. REAIS” (Grifei).

2Inicialmente, percebe-se que a conduta estampada na exordial acusatória contra a pessoa


do Acusado ................................, pela sua forma de execução denota ser daquelas que deixam
vestígios na contabilidade da suposta vítima ....... bem como na escrita contábil de outras
empresas que se dizem estelionatadas, razão pela qual é imperioso que se tivesse determinado a
realização de exame de corpo de delito, através de laudo pericial, para comprovar a
materialidade do fato, como fórmula essencial para validade do ato, inquinando assim todo o
processo de nulidade absoluta e insanável, nos termos do artigo 564, III, “b” do Código de
`Processo Penal.

3Recebida a denúncia em ....................., de forma atípica, vez que não consta dos autos
qualquer requerimento ou manifestação do Parquet para sua atuação como assistente de
acusação, a suposta vítima, através da petição de fls. ......, em ............, (fls. ........) protestou pelo
não recebimento da denúncia, com a remessa dos autos a procuradoria de justiça, para os fins do
artigo 28 do Código de Processo Penal.

4O órgão Oficial de Acusação, aditou a denúncia às fls. ............, assumindo o onus


probandi in judicio dos seguintes fatos:

“I - No mês de ......................... . em dias e horários; diversos os DENUNCIADOS·


conscientes e voluntariamente, pretendendo obter, em proveito dos mesmos.
vantagem ilícita em prejuízo à ......................... e seus clientes, armaram meio
fraudulento de negociação nos termos abaixo discriminados.

II. 0 1º DENUNCIADO era simples vendedor da ..................................., empresa


concessionária e revendedora de veículos automotores da. marca ............ e não tinha
qualquer autorização para receber importâncias de clientes, dar quitação ou entregar
veículos adquiridos, pois suas atividades deveria limitar-se a “somente emitir o
pedido de venda, anexar o pagamento ou a proposta de compra e pagamento enviar a
tesouraria” tais documentos.

III. Nada obstante a falta dos aludidos poderes. o lº DENUNCIADO contratou. em


nome da .................................................... e sem a autorização desta, a venda de
diversos veículos da marca ............ (...........) entre outros com vários clientes
(.........................)., através dos representantes legais e empregados destes clientes,
com a finalidade deliberada de receber e desviar o preço da venda para si e os demais
denunciados e lesar as pessoas jurídicas acima discriminadas.
IV. 0 1º DENUNCIADO manteve os referidos clientes em erro. fazendo-os acreditar
que contratavam regularmente com a ........................... e mediante válido contrato de
compra e venda, e determinou a estes que os preços da venda dos veículos
supostamente adquiridos fossem depositadas nas contas bancárias suas e dos demais
denunciados ou das empresas em que estes denunciados eram sócios proprietários
(contas nº ........... do 1º DENUNCIADO, .................. dos 2º e 3º
DENUNCIADOS, ............... da 4ª DENUNCIADA e ................. da 5ª DENUNCIADA.
todas mantidas na Agência nº ........ do BANCO .........).

V. Os citados clientes foram induzidos, pelo 1º DENUNCIADO, a acreditar que


estavam pagando, regularmente, à .................. os preços de aquisição dos veículos
supostamente adquiridos e aguardaram a entrega do objeto contratado que,
reiteradamente, era adiada por falsos motivos apresentados pelo 1º DENUNCIADO.

VI. Os 2º, 3º, 4ª e 5ª DENUNCIADOS, cientes do artifício narrado. concorreram para


a consumação das infrações acima noticiada ao permitirem que o lº DENUNCIADO
utilizasse das contas bancárias daqueles (ou das empresas em que os mesmos eram
sócios-proprietários para receber o depósito dos preços pagos pelos clientes acima
discriminados, relativamente às mercadorias adquiridas, assim como levantaram
para si os depósitos ali efetivados, tudo com a finalidade de dificultar a descoberta da
fraude e a reparação dos prejuízos dos depositantes (clientes e da ...............................)
que resultou acionada por seus clientes para a entrega. dos veículos contratados.
(Grifei)

5Os Acusados, ora defendentes, foram interrogados em juízo e apresentaram versões em


perfeita harmonia com o conjunto probatório produzido durante a instrução criminal, em
relação aos depósitos realizados em suas contas bancárias, por ordem do Acusado .................,
como pagamento de numerário havidos por empréstimo do acusado ............................, bem
como da inexistência de qualquer vínculo associativos nas negociações supostamente
fraudulentas entre o 1º e o 2º denunciados. Assim se pronunciaram:

2º DENUNCIADO

“Que o interrogando era amigo do ......., e emprestou-lhe certa quantia em dinheiro,


isto por várias vezes; Que, uma das quantias, foi paga ao interrogando, via depósito
na conta de sua esposa, e segundo ficou sabendo, este depósito foi feito
pela ...............; Que, a outra quantidade foi depositada na conta de sua esposa, não
sabendo se da conta particular ou da firma ....................................................., não
sabendo também se foi ou não depositada pela ...............; (...) Que não teve nenhuma
participação em qualquer transação comercial de compra e venda de veículos com
a .......... ou com qualquer outra empresa; Que, acha que foi citado nos autos apenas
porque havia emprestado o dinheiro para o ................ e o mesmo o pagou com
aqueles depósitos.” (Fls. ...).

......................................

“Que, foi feito alguns depósitos em nome da firma, da qual o interrogando é Diretor,
tendo como sócio: ...........................................,; Que, todos os depósitos foram feitos
pelo ...........; Que, teve conhecimento deste fato, porque o seu
filho ..................................., usando o crédito da firma conseguiu alguma importância
em dinheiro para emprestar para o ......................, pois eram amigos, e os depósitos
acima eram para cobrir estes empréstimos; Que, além dos empréstimos
o ............................, não tinha outros tipos de negócios com o ............., da mesma
foram ............................................;” (Fls.........).

............................................
“Que o esposo da interrogada, ........................., pediu a mesma que levantasse no
banco algumas importâncias em dinheiro, em nome de sua firma e também de sua
conta particular; Que a referidas importâncias eram para emprestar ao .......... , que
era seu amigo, somente de pois do fato foi que ficou sabendo que era para emprestar
para o ............................., mas não chegou a saber por que motivo ou para que seria
aquele dinheiro; Que tem conhecimento que todas as quantias foram pagas a
interroganda e a sua firma, via depósito em conta corrente; (...) Que, seu marido
nunca teve qualquer tipo de transação comercial com o .................;” (Fls. ....).

6Os diretores da suposta vítima .........., assim como as demais testemunhas, arroladas no
aditamento da denúncia, ouvidas em juízo, foram unânimes em confirmar as versões
apresentadas pelos Acusados, ora defendentes, quando assim se expressam:

..........................................:

“ Que não houve nenhuma declaração falando sobre o ..........., proprietário da


empresa, bem como a ........................ e da mesma forma a ....................; (...) Que
conhece todos os acusados da família ...........; Que não tem conhecimento de
nenhum ato ilícito praticado pelos mesmos; Que os carros adquiridos pelos .........
foram pagos rigorosamente em dia à ......; Que, os mesmos foram faturados em nomes
dos compradores; Que, tem conhecimento que o ................... emprestava dinheiro
para o .............; Que, não tem conhecimento a pedido de quem eram feitos os
depósitos em nome dos ...............; (...) Que, acha que o suposto envolvimento
dos ............. está preso apenas no depoimento do ....... e nos depósitos;” (Fls. ..........)
(GRIFEI).

“Afirma que as tratativas eram mantidas tanto com o ora acusado quanto com “.....”
e os respectivos pagamentos efetuados, mediante depósitos bancários em diversas
contas correntes, por indicação deles, tanto em favor da “.........”, quanto de ....... e do
próprio “.......”. Havia também depósitos em contas de terceiras pessoas. “ (Fls. ......)

7O Acusado ......................., nestes autos, ao ser interrogado na Delegacia Estadual de


Furtos e Roubos em ........., às fls. .............., esclarece:

“QUE, com referência as ordens de pagamento feitas a ...............


e ..........., ...................., ......................... e ......................., bem como no próprio nome
do declarante, o mesmo respondeu: na conta da família .................. era débito que o
declarante tinha com os próprios... (...) QUE, perguntado ao declarante a respeito de
sua relação com as pessoas de ............................ e ....................., respondeu: QUE,
tomava dinheiro emprestado com juros bem acima do mercado, sendo que tratava de
negócios exclusivamente com a pessoa de .................................., o qual é filho do
Sr. .........................” (Fls. ....................).
Naquela ocasião ainda afirmou:

“QUE, o declarante não tinha nenhum tipo de sociedade com o ..............................,


mas que em declarações prestadas na Delegacia de Estelionato afirmou tal fato,
sendo que uma declarante impensada; QUE, a parceria ou sociedade afirmada pelo
declarante referia-se a dinheiro tomado emprestado com juros acima do mercado do
Sr. ........................., QUE, os depósitos feitos pelo declarante em outras contas da
família ..................... ou da firma pertencente a família eram determinações
do .......................;”

Já nos autos em apenso (N.º ......), o Acusado ..............., prestou vários depoimentos na fase
policial, instigado e coagido para afirmar qualquer envolvimento de ........................., em
eventuais falcatruas porém, sempre confirmou a mesma versão, como pode ser visto a seguir:

“Que o declarante disse que apenas pedia dinheiro emprestado a ..............................


e pagava com juros, mas não disse para o ........... o que fazia com o dinheiro
emprestado por ele, e quando pagava o ....... ele que determinava a conta que o
declarante tinha que fazer o depósito e não tomava conhecimento quem era a
pessoa;” (fls.....).

“que passou a sua conta corrente n.º ........, do Banco ................., (conta particular),
para o comprador ......... para o mesmo pagar os veículos e depositar em sua conta
particular assina citada esclarecendo ainda que deu o n.º da conta corrente do .....,
particular do ........................ para depositar “...” esclarecendo que pediu o ............
para fazer o depósito na conta do ......., pois o declarante estava devendo o ......”
(fls......).
“Que a partir de ................, propôs ao amigo ................., seu amigo desde
os ..............., trabalharem em conjunto, nas seguintes condições: .....................
entraria com o dinheiro para a compra de veículos, sendo que ao efetuar a venda,
devolveria a ele o principal, acrescido de juros cobrados pelos bancos, mais a metade
do lucro que tivessem; Que trabalharam em conjunto de ................, período em que
realizaram inúmeras negociações; Que os diretores da ....... não tinham conhecimento
deste negócio entre o declarante e ...................., até porque o que interessava a ... era
vender e receber;” (Fls....)

“Que informa que .............. não tinha conhecimento de qual o tipo de negociação que
era realizada, ele sabia sim, o numerário que saia e que entrava;” (Fls. .....)

8Paralelamente, ao presente feito foram instaurados outros procedimentos policiais e


judiciais, em desfavor do acusado .............., e até mesmo contra os diretores da empresa........,
versando sobre fatos análogos, sem contudo figurar no polo passivo as pessoas dos Defendentes,
descaracterizando-se, assim, qualquer relação associativa, ou adesão de vontade dirigidas para a
obtenção de vantagem ilícita em prejuízo alheio, que por força de decisório judicial
reconhecendo a incidência da litispendência encontram-se, apensados aos presentes autos a
saber:
PROCESSO Nº ............

...ª Vara Criminal

Denúncia recebida : .......

Denunciado: ....................

Incursão: artigo 171, § 2º, IV CPB


Vítima : ......................

Parecer ministerial de fls. .............., requerendo a remessa à ....ª Vara para serem
apensados aos autos ......... (.............)
Decisão de fls. .... – determinando a remessa dos autos para a ...ª Vara Criminal.

PROCESSO Nº .....................

...ª. Vara Criminal

Inquérito Policial de n.º ................

Indiciado: ...................

Ilícito: art. 171 do CPB

Vítima: ........................

Parecer ministerial de fls. ............., requerendo a remessa à ..ª Vara para serem
apensados aos autos ........... (................)

Decisão de fls. ............... – determinando a remessa dos autos para a ...ª Vara Criminal.

PROCESSO Nº .............

....ª. Vara Criminal

Inquérito Policial de n.º ..........

Indiciados: ............................

Ilícito: art. 171 “caput” e 171 c/c 29 do CPB

Vítima: ..............................

Parecer ministerial de fls. ..... – requerendo a remessa à ...ª Vara para serem apensados
aos autos ...... (..........)

Decisão de fls. ... – determinando a remessa dos autos para a ...ª Vara Criminal.
Em apenso: .... volumes

Assunto: .......................

Requerente: ...................

Ofício n.º ..................................

9Como bem frisou o diretor da suposta vítima (.....), .................., o envolvimento dos
Defendentes prende-se única e exclusivamente, em uma declaração isolada do
Acusado ................, na fase investigatória, e nos comprovantes de depósitos existentes em seus
nomes, que foram exaustivamente comprovados serem oriundos de pagamentos de empréstimos
de dinheiro de ................. sem qualquer demonstração nos autos de envolvimento nos possíveis
ilícitos penais perpetrados pelo Primeiro Denunciado.

10 O Órgão Ministerial, às fls. ......, embora tenha protestado pela absolvição dos
Acusados, ................... , ......................... e .................., assume uma posição de indisfarçável
mandatária da empresa ......, ao pugnar pela condenação do Acusado ..................., quando sequer
ficou provado nos autos a responsabilidade penal do Acusado ....................., diante da barafunda
que se tornou o processo pela atuação desorientada da suposta vítima ............... Ao pedir a
condenação de ........................, ao arrepio da prova jurisdicionalizada nos autos, a Acusação
Oficial, data vênia abandonou seu munus constitucional de zelator do ordenamento jurídico
para defender interesses particulares buscando uma condenação temerária e injusta.

11 Os Acusados, ora defendentes, são pessoas com amplo conhecimento na sociedade


anapolina, pertencentes a família de notório respeito no meio empresarial face a direção séria e
honesta de suas diversas empresas, conforme documentação acostadas às fls. Fls............ dos
Autos nº .........., em apenso.

DO DIREITO

Aqueles que perambulam


pelas alfurjas da iniqüidade
só enlameiam a si próprios”

PRELIMINARMENTE

1O Código de Processo Penal, no Livro que trata das nulidades processuais impõe o
seguinte comando normativo:

Art. 564 - A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

(...) 0missis
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
(...) omissis
b) O Exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no artigo 167.

Nosso Estatuto de Ritos Processuais Penais, no artigo ut retro citado, dispõe que ocorrerá
nulidade no caso de falta de termos ou fórmulas, dentre os quais a realização de exame de corpo
de delito nos crimes que deixam vestígios, como no caso em pauta, por corporificar e
instrumentalizar a materialidade dos fatos objeto da persecução judicial. Isso, porque a Justiça
Criminal, principalmente, deve exteriorizar-se através de formas, absolutamente cogentes e
inalteráveis ao arbítrio das partes. Assim, sua falta já traduz nulidade por si mesmo,
independentemente da ocorrência ou não de prejuízo.

Oportuna a lição do eminente jurisconsulto pátrio JÚLIO FABBRINI MIRABETE, em sua


obra “Código de Processo Penal Interpretado, Ed. 94, pág. 634)

“Causa nulidade absoluta a ausência do exame de corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios. Na hipótese de delicta lactis permanentis é por ele que se
comprova a existência do crime quando este deixa vestígios, sob pena de nulidade,
para evitar-se acusações infundadas. Ressalva o artigo 167, porém, que não sendo
possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
testemunhal pode suprir-lhe a falta.”

Diz a jurisprudência

“A não realização de exame de corpo de delito direto, que dá maior credibilidade e


confiança ao julgador, por incúria da autoridade policial, que, por comodismo,
realiza o exame indireto, sem especificação de sua fonte, implica comprometimento
da prova da materialidade do delito, impondo-se a absolvição” (RT 637/267). No
mesmo sentido, (TJSP: RT 553/339; TACRSP: RT 548/339; TJMG: RT 534/416.)

Correta a advertência de que quando o ilícito penal deixa vestígios torna-se necessária e
imprescindível a realização do exame de corpo de delito. Desta ótica, destina-se a comprovação
por perícia da existência dos elementos objetivos do tipo, os quais são aferidos, principalmente,
ao resultado produzido pelo atuar reprovável, de que houve o evento, do qual depende a
existência objetiva do crime, ex vi do artigo 13 do Código Penal. Incensurável é o
posicionamento de que configura-se nulidade absoluta a ausência do exame de corpo de delito
nos crimes que deixam vestígios, e no caso sub examine, trata-se de delicta factis permanentes,
sendo por ele que se comprova a existência típica só quando há vestígios positivados, sempre sob
o crivo da nulidade absoluta. Neste sentido é pacífica a orientação pretoriana já apontada: (RTJ
99/101; RT 534/416, 548/339, 554/335, 556/348, 580/316 e 637/267).

É preciso insistir, no entanto, que se trata de nulidade absoluta e não relativa que por força
do que dispõe normativamente o artigo 573 do CPP, e pela ausência de dispositivo que lhe
outorgue qualquer sanatória (v. por falta do exame de corpo de delito, direto ou indireto, nos
crimes que deixam vestígios, ex vi do artigo 564, III, letra b do CPP, se essa falta não foi suprida
pelo depoimento das testemunhas, ex vi do artigo 167 do CPP).

No caso em tela, a documentação acostada aos autos, pela suposta vítima ....., constitui
talvez ou simplesmente, mero indício da ocorrência de possível ilícito penal, não podendo ser
elevado a categoria de prova da materialidade de um delito, que por sua natureza e sede deixa
vestígios constatáveis através de perícias contábeis ou fiscais, pois conforme versão, diga-se
inverossímil da dita empresa, o Acusado ....... teria agido fraudulentamente ao emitir
irregularmente Proposta de Compras e Vendas de Veículos, Contratos de Compras e Vendas de
Veículos, Ordens de Faturamentos, etc.. quirógrafos que se submetidos ao crivo dos senhores
peritos poderiam comprovar a existência ou não da alegada fraude ou artifício.

A evidência do aspecto ora suscitada encontra eco nas próprias palavras da então patrona
da suposta vítima da empresa ......, em suas alegações finais às fls...... , protesta pela realização
Laudo Pericial de exame do corpo de delito, in verbis;

“(...) requer a assistente seja determinada, perícia contábil na movimentação das


contas correntes dos cinco acusados durante todo período em que se sabe Ter
existido o “esquema paralelo” de vendas de veículos,...”

Excelência é flagrante e incontestável a incidência da nulidade do processo por falta de


prova da materialidade dos fatos descritos na denúncia de fls., por infringência do disposto no
artigo 564, III, “b” do Código de Processo Penal, impondo-se o reconhecimento da preliminar
suscitada com o julgamento do feito sem apreciação do mérito, determinando-se o arquivamento
da presente ação penal para todos os fins de direito.

DO MÉRITO

A pretensão da Acusação Oficial, deduzida nos presente feito com relação a


responsabilidade penal do Acusado ................., ora defendente, baseia-se única e exclusivamente
no fato de ter o co-réu .................., supostamente confessado extra-judicialmente na fase
inquisitorial de outro feito, (................) estar agindo em conjunto com aquele, haja vista que o
mesmo lhe emprestava dinheiro, com o qual realizava transações comerciais de compra e venda
de veículos, porém, o acusado .................., ao ser acareado naqueles autos (fls........) é taxativo ao
retratar as declarações anteriores afirmando que nunca houve sociedade de qualquer espécie
entre sua pessoa e ............

Edita o Código Penal:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:

É corrente o entendimento, de que o crime, como entidade jurídico-penal, só se aperfeiçoa


ou se consuma quando o agente realiza todos elementos que compõem a descrição do tipo legal.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.)

Inicialmente, no caso em apreço, há que ressaltar sendo a tipicidade, a justaposição ou


adequação da conduta atribuída ao Acusado a um tipo legal de crime, ou seja, a conformidade do
fato com a descrição precisa da definição legal da infração penal objeto do persecutio criminis in
judicio. Nesta linha de raciocínio, a ação do Acusado não pode ser considerada típica ou ilícita,
vez que descaracterizada de qualquer feição criminosa, por ausência dos requisitos elementares
típicos, indispensáveis para o aperfeiçoamento da conduta punível (crime), que são a
tipicidade, a ilicitude ou antijuridicidade, entendida “como a relação de contrariedade entre a
conduta da vida real e o ordenamento jurídico” (Welzel, Das Deutsche Strafrecht, pag. 50;
Jescheck, Lehrbuch, pag. 175; Petrocelli L’antigiuridicitá,pag. 13 - Apud. - Francisco de Assis
Toledo, “Princípios..” pag. 85 - Ed. 1991).

Em conclusão tem-se que sequer na forma de participação ou colaboração se adequa a


conduta do Acusado ......................., ao delito definido no artigo 171 do Código Penal, por outro
lado, a Acusação não se desincumbiu do ônus de provar se em algum momento referido
Acusado, tenha agido com dolo, que é o elemento subjetivo do crime de estelionato.

Pode-se, de acordo com o sucinto conceito de “fraus” do Direito Canônico definir-se em


poucas palavras o “estelionato” como sendo: “ a obtenção de injusto lucro patrimonial com o uso
de dolo.” Nós sabemos que sem que sujeito ativo tenha agido com dolo (entendido como a
vontade e a inteligência do agente voltadas e determinadas à produção do ato incriminado) ou
com culpa, não podemos aferir a tipicidade do seu ato para considerá-lo criminoso.

Do escólio do insuperável mestre Nélson Hungria, o estelionato conceitualmente, só é


punível a título de dolo. Seu elemento específico – a fraude – exclui, necessariamente, outra
forma de culpabilidade. Extrai daí que não existe o crime sem a vontade conscientemente
dirigida à astucia mala que provoca e mantém o erro alheio e à correlativa locupletação ilícita em
detrimento de outrem. Logo sem a consciência de ilicitude inexiste o dolo consequentemente
não se configura o estelionato.

No presente caso não se vislumbra o dolo (direto ou indireto) por parte do acusado ............
nem sequer uma possível co-autoria entre este e ..........., uma vez que não há prova nos autos da
preexistência de uma adesão de vontades dirigida a consumação do fato típico a ele imputado,
haja vista, pela prova coligida, sua intenção era simplesmente de auferir eventual lucro com
empréstimo de dinheiro sem almejar a obtenção de vantagem ilícita em detrimento de bem
patrimonial alheio através de ardil, artifício ou qualquer outro meio fraudulento.

Diz a jurisprudência:

PREFEITO MUNICIPAL - Contribuição previdenciária - Omissão - Não recolhimento.


O fato crime reclama conduta e resultado. Analisados do ponto de vista normativo. A
responsabilidade penal (Constituição da República e Código Penal) é subjetiva. Não
há espaço para a responsabilidade objetiva. Muito menos para a responsabilidade por
fato de terceiro. A conclusão aplica-se a qualquer infração penal. “Não recolhimento
de contribuição previdenciária” caracteriza crime omissivo próprio. A omissão não é
simples não fazer, ou fazer coisa diversa. É não fazer o que a norma jurídica
determina. O Prefeito Municipal, como regra não tem a obrigação (sentido
normativo) de efetuar os pagamentos do Município; por isso, no arco de suas
atribuições legais, não lhe cumpre praticar atos burocráticos, dentre os quais,
elaborar a folha e efetuar pagamentos. Logo, recolher as contribuições
previdenciárias. O pormenor é importante, necessário por ser indicado na denúncia.
Diz respeito a elemento essencial da infração penal. A ausência acarreta nulidade da
denúncia. Não há notícia ainda de hipótese do concurso de pessoas(CP, artigo 29).
(STJ - Ag. Reg. no AI nº 134.427 - PR - 6ª T - Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro - J.
01.07.97 - DJU 03.08.98 - v.u). (GRIFEI)

A Acusação Oficial, lastreou seu pedido de condenação em provas existentes


exclusivamente na esfera administrativa do inquérito policial, .. Porém, quando existe a
participação imediata e direta da própria autoridade policial, na produção da prova, o caráter
inquisitivo, que tem a persecução administrativa, torna imprescindível a judicialização ulterior
do ato probatório para que a instrução ali contida se apresente com o valor de prova, e seja
utilizado como elemento na formação da convicção judicial, no momento de decidir a causa
penal.

Verifica-se, assim, que a prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação
(inquérito policial) e a instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao
julgamento final da pretensão punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do
processo, fornece ao julgador os dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser
julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”(ac. un. de
27. 11 . 70, da 4ª Câm. do TACrimSP, na Ap. 22.830, de Itanhaém, rel. Juiz Azevedo
Júnior, in RT 426/395).

“O inquérito policial está, por definição, arredio aos preceitos constitucionais de


amplitude de defesa e de instrução contraditória. Bem por isso é elementar na
jurisprudência que a prova do inquérito, como a generalidade das provas
extrajudiciais ou extrajudicialiformes, só produz efeito no pretório quando neste fica
atestada a veracidade do seu teor ou, ao menos, a conformidade deste remanescente
do conjunto probante útil” (ac. un. de 2.10.69, da 4.a Câm. do TACrimSP, no HC
15.296, da Capital, rel. Juiz Azevedo Júnior, in RT 411/250-252).

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INQUÉRITO POLICIAL - CARACTERÍSTICAS MERAMENTE INVESTIGATÓRIAS


ADMINISTRATIVAS E NÃO INSTRUTÓRIAS PENAIS,- INSUFICIÊNCIA,
PORTANTO. DE SEUS ELEMENTOS, PARA LASTREAR DECISÃO CONDENATÓRIA
JURISDICIONAL, INCLUSIVE NA CASO DE CONFISSÃO POLICIAL, NA
PRESENÇA DE CURADOR.

0 inquérito policial se desenvolve em fase de pura atividade administrativa. Nele há


investigação fática e não instrução jurisdicionalmente garantida. Assim, os elementos
em o mesmo coligidos não passam de dados informativos para eventual denúncia; e
seus elementos jamais poderão dispensar a produção de provas perante o órgão
julgador, em ônus que, em nosso sistema processual penal, recai todo sobre o
Ministério Público.
- Confissão policial, seja ou não tomada na presença de testemunhas idôneas ou de
Curadores, não pode servir como elemento de convicção para a sentença
condenatória, por não passar de ato integrante da atividade investigatória
administrativa, estranha à instrução penal, com a garantia da contraditoriedade e
supervisão jurisdicional. (Ac. un. de 19.9.78,· da 1; Câm., na Ap. nº 186.785, de
Jundiaí, rel. WEISS DE ANDRADE, que no excelente acórdão após transcorrer os
escólios de FREDERICO MARQUES, · MASSARI e ANGIONI, (já indicados na
ementa de nº: 5998-A, do mesmo relator) continuou:
“Esses ensinamentos se ajustam integralmente ao caso em tela uma vez que o ilustre
portaló da sentença assentou sua convicção unicamente na confissão policial do
recorrido, confissão retratada em Juízo.
Na verdade, condenar-se com base no inquérito implica em proferir decisão
condenatória com fundamento em simples investigação e não em instrução, onde se
assegura ampla defesa ao acusado. 0 inquérito policial, em nossa sistemática
processual, necessário se repita a exaustão é peça meramente informativa da
denúncia e nisso se esgota sua função. Em termos outros. a polícia investiga, como
disse FREDERICO MARQUES, para que possa o Ministério Público acusar. A
acusação, portanto, não dispensa a produção de provas perante o órgão julgador.
Aliás, a jurisprudência ainda que de maneira indireta, consagra este entendimento.
quando, constante e reiteradamente, proclama que as nulidades ou vícios do
inquérito não contaminam a ação penal.
0 ônus da prova acusatória é do Ministério Público, a quem cabe demonstrar a
veracidade ou falsidade da imputação feita ao réu. Estes princípios, que não podem
ser olvidados porque informam o sistema processual brasileiro, impedem que se dê à
confissão policial o valor que lhe atribuiu a sentença. Pouco importa que tenha sido
prestado na presença de Curador ou de testemunhas credenciadas. Se aceita a tese.
chegaríamos à conclusão de que obtida a confissão policial desnecessário que o
acusador demonstrasse no juízo instrutório e contraditório as alegações inseridas na
denúncia. Em outros termos, se no inquérito policial há apenas investigação,
inexistindo relação processual, sendo fase puramente administrativa. como dará
prova ali produzida caráter absoluto a ponto de justificar e amparar decreto
condenatório? O encargo probatório, ônus do Ministério Público na ação penal,
estaria transferindo a uma fase investigatória onde “o indiciado é simples objeto de
um procedimento administrativo”.
A confissão policial, portanto, seja ou não tomada na presença de testemunhas
idôneas e mesmo curadores, não pode servir como elemento de convicção para
sentença condenatória”. - (“Apud” rolo nº 147, flash nº 699 do serviço de
microfilmagem do TACRIM-SP). (grifei)

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n
178.595, de Guarulhos, Rel. SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remançosa nesse
passo a jurisprudência (RT 369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278;
393/343; 386/249; 360/241; 356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.
(“Apud” rolo n 146. flash nº 318, do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

A inexistência de qualquer vínculo associativo entre os Acusados ..................


e ...................., é reconhecida pelos próprios diretores da empresa............, ........................
e .........................., em seus depoimentos às fls.........

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil” (in - “Lógica das Provas em Matéria Criminal, ed.
Saraiva, pp. 14 e 15).

Referindo-se à legislação processual americana o saudoso Heleno Fragoso, em sua


Jurisprudência Criminal, Vol. 1º, pág. 485, nota 389, que esse é o princípio que vigora no Direito
norte-americano, incluído entre as regras do devido processo legal, due process of law. Não se
pode aplicar a pena sem que a prova exclua qualquer dúvida razoável, any reasonable doubt.
Aqui não basta estabelecer sequer uma probabilidade, “ it is not suficient to establish a
probability even a strong one”: é necessário que o fato fique demonstrado de modo a conduzir à
certeza moral, que convença ao entendimento, satisfaça a razão e dirija o raciocínio, sem
qualquer possibilidade de dúvida (cf. Kennys, Outlines of Criminal Law, 1958, p. 480).”A
sociedade se sente legitimamente perturbada na sua tranqüilidade com a certeza do delito, e de
seu autor, é lógico, asseverando Gorphe: “S’il subsiste une doute, s’est que la preuve n’est pas fait
e arrematando o insigne Carrara: “no processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica”.

“Condenação exige certeza E certeza absoluta, quer do crime quer da autoria. “Não
basta a alta probabilidade desta ou daquele.

“A certeza é, aqui, “a consciência dubitandi secura° de que falava Vico e que não
admite graus. Tem de fundar-se em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral,
que evidenciem o delito e autoria (Sauer, Grundlagen des Prozessrechts, 1929, p. 75),
sob pena de conduzir tão-somente à íntima convicção insuficiente” (Heleno Fragoso,
“RDPenal Vol. 5, Pág. 148, ed. Borsói”).

A íntima convicção, sem apoio em dados ou elementos indiscutíveis, leva à simples crença
e não àquela certeza necessária e indispensável à condenação. Essa certeza não pode ser,
igualmente, a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador.

Com fulcro no escólio de Carrara, escorreitamente já se aduziu que:

“O processo criminal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: A da verdade sempre
desativada de dúvidas”.

É do escólio do eminente Professor Fernando de Almeida Pedroso, que a sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Como ressaltou o Juiz Lúcio Urbano, do TAMG, ao relata a Ap. Crim. 5.520, de Belo
Horizonte, “tudo aquilo que oferece duas conclusões lógicas não permite ao Juiz criminal admitir
a contrária ao réu, porque a condenação é fruto de prova induvidosa, já que o Estado não tem
maior interesse na verificação da culpabilidade do que na verificação da inocência, como
procedentemente afirmou Carrara” in (RT 524/449). Por isso, “em matéria criminal a prova deve
ser límpida; qualquer dúvida deve vir a favor do imputado, porque temerária a condenação
alicerçada em elementos eivados de incertezas” (RT 523/375). “Uma condenação não pode estar
alicerçada no solo movediço do possível ou do provável, mas apenas no terreno firme da certeza”
(RT 529/367). Portanto, “a dúvida in poenalibus deve ser decidida pro libertate” (RT 525/348),
pois “um culpado punido é exemplo para os delinqüentes”, ao passo que um inocente
condenado - como corretamente ponderou La Bruyére - constitui “preocupação para todos os
homens de bem”.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública

É no mesmo diapasão que a jurisprudência hodierna tem se posicionado:


Processo Penal. Prova. Inexistência de certeza absoluta para um juízo condenatório.
Exegese do artigo 386,VI, do CPP. l. É correta a sentença absolutória que se baseou no
fato de que a única testemunha que prestou depoimento mediante o contraditório
legal não logrou delinear em que contexto positivo se desenrolou a ação, e que a
prova trazida pela parte autora consistia em meras declarações do agente da
autoridade no inquérito policial, despedido ainda as formalidades ilegais, para julgar
improcedente o pedido articulado na peça exordial do Ministério Público. 2. A prova
no processo penal democrático exige a prova ser madura, robusta, isenta de
incertezas, e não tão-somente indicativa diante do artigo 386, VI, do CPP. Recurso
improvido para manter a sentença absolutória.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163, 2ª
Câmara Julgadora, em 16/06/1992)

“Prova. Dúvidas.”In dúbio pro reo”. Absolvição. Se diante do fato há duas versões,
uma fornecida pela declarada vítima e outra pelo acusado, não se trata de questionar
o velho adágio testius unus, testius nullus, mas de constatar dentro do conjunto
probatório na variante de possibilidades a versão cabal, firme e inconteste da
dinâmica do acontecer, caso contrário, diante da intranqüilidade da dúvida, o único
caminho que resta ao julgador sereno e imparcial é a aplicação do consagrado
princípio in dúbio pro reo ínsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso do órgão do
Ministério Público improvido.” ( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 câmara julgadora, em
24/09/1992.

Trilhando neste mesmo sentido, ou seja, mesma linha de raciocínio justo e na defesa do
moderno Estado de Direito, está o nosso Egrégio Tribunal de Justiça, conforme ementa que segue:

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para embasar


um juízo condenatório impõe-se , de pronto, a manutenção da sentença que absolveu
o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” (Ap. Crim. 15046-9/213, TJ-G0, 2a
Cam. Crim. Rel Des. Pedro Soares Correia, DJ n° 12099 de 06/07/95, pág. 12).
Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desor. Byron Seabra
Guimarães, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)

Arremata o Ilustre Desembargador:


“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)

Deste modo, a Acusação Oficial, com a edição do aditamento da denúncia, com relação aos
Acusados, ora defendentes, assumiu o ônus da prova da autoria, dos fatos e suas circunstâncias,
durante a instrução, encargo do qual no se desvencilhou até o presente momento, com provas
robustas e idôneas capazes de fundamentar um juízo condenatório, o que vale dizer ALLEGARE
NIHIL ET ALLEGATUM NON PROBARE PARIA SUNT, ainda mais porque na fase do judicium
causae impera o princípio do in dúbio pro reo.

Ressalte-se, finalmente, que tanto o Acusado ....................., quanto os demais são pessoas
de notório respeito entre seus concidadãos, não existindo qualquer mácula em suas condutas,
tanto familiar e social quanto no aspecto empresarial, que possa desabona-los.

EX POSITIS,

esperam os Acusados, ........................., ..........................., ..........................


e ............................, sejam as presentes alegações finais recebidas, vez que próprias e
tempestivas, julgando-se improcedente o aditamento da denúncia de fls. ......................,
consequentemente decretando-se suas ABSOLVIÇÕES pelas razões e fundamentos ut retro
perfilados, pois desta forma Vossa Excelência, como de costume, estará editando decisório
compatível com os mais elevados princípios da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

Pedem deferimento.

_________________

OAB
Alegações Finais - Estupro de vulnerável – Versão da Vítima
Inverossímil – Ônus da Prova

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ..................

“Um culpado punido é exemplo para os delinquentes


Um inocente condenado
preocupação para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Protocolo nº .................
Alegações Finais Por Memorial
Acusado:...........

.........................., já qualificado, nos autos da ação penal, que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, ao tempo do artigo 403, do Código de
Processo Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados;


SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público intentou ação penal em desfavor do Acusado, imputando-lhe a


prática do ilícito penal inserto na norma proibitiva dos artigos 217-A, do Código Penal
Brasileiro, se propondo, com a redação que lhe deu a neonata Lei 12.015 de 07.08.2009, na
exordial, a provar durante a instrução criminal os fatos contido na denúncia de fls. ....., assim
descritos in verbis:

“Segundo se apurou, o acusado tinha um relacionamento de amizade com a família


da vítima, o que lhe proporcionou oportunidade de se aproximar dela.

Apurou-se, ainda, que no mês de .................., em três ocasiões distintas, o


denunciado foi até a casa da vítima e aproveitando-se da ausência de seus pais,
promoveu meios para ficar a sós com ela. Para isso, o denunciado afastou o irmão da
vítima, ........, de ..... anos, e sua prima ......, de ...... anos, sendo que a esta o
denunciado dava dinheiro para que a mesma fosse comprar chocolates ou
refrigerantes, enquanto àquele concedia algumas voltas em sua motocicleta.

Apurou-se, outrossim, que no dia cinco de setembro de ......., o denunciado, após ter
afastado o irmão e a prima da vítima, foi até o quarto dela, agarrou-a pelos pulsos e a
jogou contra a parede, imobilizando-a, momento em que mandou que a vítima se
despisse, porém diante da sua recusa o denunciado a dominou com um dos braços e
com a outra mão tirou-lhe a roupa. Neste dia o denunciado tentou manter conjunção
carnal com a vítima, mas como ela reclamou das dores que estava sentindo, o mesmo
retirou o pênis das coxas da vítima e masturbou-se sobre ela.

Logo após estes fatos, ........ chegou e viu que a vítima estava deitada no sofá e
chorando, enquanto o denunciado estava no banheiro, momento em que a vítima lhe
disse o que havia ocorrido. Ao perceber que a vítima havia dito à sua prima o que
tinha lhe acontecido, o denunciado disse-lhes que seriam espancadas e expulsas de
casa caso alguém ficasse sabendo o que aconteceu, garantindo, dessa forma, o
silêncio das mesmas.

No dia seguinte, o denunciado telefonou na casa da vítima e perguntou a ela se sua


mãe estava, tendo a vítima respondido que não e desligado o telefone. Alguns
minutos depois o denunciado foi até a casa da vítima e a encontrou na cozinha,
quando então a dominou como da primeira vez.
Desta vez o denunciado conseguiu manter conjunção carnal com a vítima e, logo,em
seguida, retirou seu pênis da vagina da mesma e a obrigou a fazer sexo oral.com ele.

Ato contínuo, o denunciado reiterou as ameaças feitas no dia anterior e foi-se


embora.

Apurou-se, por fim, que no dia ..... de ..........., após ter feito com que os irmãos e a
prima da vítima saíssem, o denunciado arrastou a vítima para o quarto do seu irmão
e a despiu, oportunidade em que deitou-a na cama e manteve com ela conjunção
carnal, sendo que após uns ........ minutos masturbou-se na presença da vítima..”

A suposta vítima em suas declarações de fls. ......., assim se pronunciou:

“QUE, por volta das ...... horas do dia ................ a declarante chegou da escola e foi
para seu quarto se trocar; QUE, diz a declarante que quando chegou viu .......... na
casa de uma vizinha de nome ........, que hoje está residindo na ........ e que sua mãe
não se encontrava ali; QUE, sabedor que seu irmão gostava de motocicleta, ele lhe
emprestou a sua e dando três reais a sua prima, mandou que fossem comprarem
chocolates e assim afastou-os da casa; QUE, a declarante estava trocando de roupas
em seu quarto, quando, escutou ........... entrando no banheiro e já sabia que era ele,
porque viu quando o mesmo estava dando a chave de sua moto a seu irmão e
dinheiro para sua prima; QUE, pouco depois, ele abriu a porta de seu quarto e ali
entrou, quando a declarante estava vestindo somente a calcinha; QUE, nesse
momento, a declarante mandou que ele saísse do quarto, no que ......... obedeceu e
então ela se vestiu; QUE, nem bem a declarante se vestiu e já estava saindo do
quarto, quando o indiciado veio em seu encontro e agarrando-a pelos pulsos, jogou-a
de encontro a parede e ali a imobilizou; QUE, devido a violência e força com que ele
a manietando-a , a declarante pediu pediu-lhe que a soltasse, dizendo que ele estava
machucando-a; QUE, nesse instante , ele mandou que tirasse sua roupa, tendo esta se
recusado e então, ......., a dominou com um dos braços e com a outra mão ele abaixou
sua saia e sua calcinha; QUE, com um dos joelhos o indiciado obrigou-a abrir as
pernas e depois descendo sua calça, tentou penetra-la , tendo a declarante lhe dito
para ele parar , pois estava doendo muito;” (...)”QUE, no dia seguinte , ao chegar da
escola ........ telefonou para sua casa e quando a declarante atendeu ele lhe
perguntou se sua mãe estava em casa, tendo ela dito que não e desligou; QUE, pouco
depois o telefone novamente chamou mas a declarante diz que não atendeu e nem
deixou sua prima faze-lo; QUE, minutos depois ele chegou e entrou na casa, quando
a declarante estava na cozinha bebendo água; QUE, novamente a declarante foi
agarrada e comprimida contra a geladeira e ali despida e possuída como da primeira
vez; QUE, diz a declarante que quando foi penetrada sentiu muitas dores e que
depois ........ tirou o pênis de sua vagina e mandou que ela “o chupasse”; QUE, nesse
instante, o indiciado percebeu que alguém se aproximava da porta da cozinha que
estava somente encostada e prontamente subiu sua calça e fingiu que estava
tomando água, quando ........ ali apareceu; QUE, então ele puxou ....... reais e mandou
que ela fosse comprar o que quisesse; QUE, ao verem a sós novamente, ........... tirou a
calça e mandou que “ela o chupasse” e como esta se recusasse, ele agarrou sua
cabeça e empurrou sua boca rumo ao seu pênis, obrigando-a a abocanha-lo” (...)
“QUE, no dia seguinte sua mãe buscou-a depois do desfile de ........... e deixou-a
sozinha em casa com sua prima e seus dois irmãos; QUE, novamente ....... ali chegou
e deu a moto para ........ passear e dinheiro para ......... ir comprar alguma coisa, sendo
que, seu outro irmão já havia saído antes; QUE, depois disso, o indiciado fechou a
janela do quarto de seu irmão e arrastando-a para ali, a despiu e deitou-a na cama,
quando lhe “enfiou tudo” e depois de uns dez minutos se masturbou; QUE, dessa vez
não viu liquido nenhum saindo de seu pênis, mas que quando foi ao banheiro,
notou que o mesmo liquido branco que dali saíra, escorria de sua vagina;” (Grifei).

Já em juízo as fls......., a suposta vítima oferece outra versão dos fatos

“que, nas ....... vezes a declarante não tinha visto sua prima e seu irmão saírem,
sendo que quando notou já estava só; que, ficou sabendo que o acusado tinha
dado ..... reais para ...... porque esta lhe contou; que, com relação às chaves da moto
foi seu irmão que lhe contou;” (Grifei)

“que, duas das relações foram em pé e uma delas, a que ocorreu no quarto de seu
irmão, foi deitada; que, não houve sangramento nas relações, sendo que na terceira
oportunidade a declarante estava menstruada;” (Grifie).

Os fatos narrados pela suposta vítima soam de forma incoerente, vacilante e insustentável
não possuindo a mínima verossimilhança suficiente para formar um eventual juízo desfavorável
ao Acusado, pois vejamos:

A assertiva de que o Acusado tivesse praticado ato sexual com a pretensa vítima, uma
mulher virgem de apenas ..... (....) anos de idade, em pé, está fora de qualquer possibilidade,
mormente quando se trata de pessoas de compleições físicas visivelmente desproporcionais, o
que em caso de eventual congresso vagínico, indubitavelmente provocaria uma série de lesões na
mucosa vaginal com sangramento, além do traumatismo psicológico que as agressões dessa
natureza geram nas vítimas de violência sexual, que dificilmente poderia ser superado,
sublevado ou disfarçado da forma com a suposta vítima narra em suas declarações.

Observe-se, também, o malabarismo que o Acusado teria que realizar para conseguir a
suposta relação sexual na versão apresentada por _______ as fls. 18: “ com um dos braços
subjugava a vítima, outra mão retirava-lhe a saia e a calcinha e com o joelho abria-lhe as pernas ,
e neste azáfama ainda conseguiria penetrar o membro viril em sua exígua vagina, e isso levando-
se em conta que ela era virgem, estavam de pé, e ela relutava para evitar a cópula. Percebe-se
claramente a falta de coerência e a impossibilidade do fato narrado ter realmente acontecido.

Além disso, face aos traumatismos anatômicos próprios da ruptura himenal, e da forma
violenta a que fora subjugada, a pretensa vítima, de acordo com a versão apresentada, nos dias
subseqüentes ao da primeira relação sexual apresentaria um quadro de intensas dores com
edemas na região vaginal de forma a tornar pouco provável as repetidas relações sexuais
mencionadas, sendo, portanto, inverossímil sua versão acerca dos fatos.

É comum o entendimento que a vida prática ensina, de que o desvirginamento consentido


de uma mulher, com idade e compleição física compatíveis, mesmo carregado dos devidos
cuidados, é ato de difícil consumação, tanto no aspecto material que importa no rompimento da
membrana himenal, para que haja a intromissão do membro masculino erétil na cavidade
vaginal, quanto no aspecto emocional e psicológico por ser um ato ritualístico até então singular
na vida da mulher.

Outro fato que chama a atenção nas declarações da pretensa vítima é quanto afirma que na
terceira vez que manteve relação sexual com o acusado, estava menstruada e pode perceber um
“líquido branco” saindo de sua vagina (fls........), é óbvio que devido ao fluxo menstrual esta
percepção se tornaria inviável.

Interessante, no relato da suposta vítima quando da primeira relação sexual, o Acusado já


com a intenção de perpetrar o indigitado ato, entrou no quarto quando a mesma estava apenas de
calcinha (fls.... última linha), e não tentou agredi-la naquele momento, somente o fazendo
quando esta já estava inteiramente vestida. Ora, se o réu já estivesse adredemente entabulado a
idéia de possuir sexualmente a suposta vítima, não deixaria escapar aquela oportunidade em que
ela estava semi-nua como a própria afirmou.

Por outro lado, a versão apresentada por ................. não se harmoniza com o relato de sua
prima ......, com relação ao momento em que o Acusado teria entregado dinheiro para última,
como também os locais onde se realizaram as suposta agressões, e até mesmo a ocasião em ....
tivesse lhe confidenciado os fatos, conforme o fragmento de seu depoimento as fls......:

“que, antes dos fatos acontecerem, o denunciado passou a ir “direto” na casa de sua
tia, mãe da vítima, sendo que em um determinado dia a vítima chegou à declarante e
lhe disse que contaria algo, mas era para a mesma não falar nada para ninguém;
(...)que, a vítima disse que, na primeira vez, a relação foi em pé, na segunda, teria
sido no quarto do ......., irmão da vítima, e, na terceira, no quarto dela;” (Grifei)

Assim, pela análise perfunctória da versão apresentada pela suposta vítima verifica-se a
sua total improcedência, em função da falta verossimilhança e harmonia com as demais provas
carreada para os autos, configurando uma estória fantasiosa engendrada para tripudiar a vida do
Acusado.
Quid ita?

Como a própria prima da suposta vítima lhe confidenciou, (fls.......), ela nutria pelo
Acusado uma atração de caráter sentimental e amorosa inconfessa, além de desejos lúbricos, que
por certo se desvaneciam após o noivado dele com ...... logo que retornou da ...... Poder-se-ia
argumentar que esta argúcia e sagacidade seriam impróprias para uma criança de apenas ....
anos, porém, a realidade atual nos mostra a cada momento que já não temos “ crianças de .....
anos” e sim “moças de ..... anos”, com capacidade de dissimulação perspicácia, que outrora era
atributo exclusivo dos adultos.

É, também, estranho o comportamento da genitora da indigitada vítima ao ameaçar as


pessoas intimadas para depor em juízo, conforme depoimentos de fls........., deixando uma séria
dúvida acerca da existência de eventuais fatos que poderiam modificar a feição da versão
apresentada ou talvez outros capazes de retirar a credibilidade de suas declarações.

Nos depoimentos acima apontados, ficou bem caracterizado que ......... sempre foi uma
menina criada por terceiros, e costumeiramente era vista no feirão da ......., local freqüentado por
viciados, prostitutas, vândalos, etc., em horários impróprios para pessoas de sua faixa etária.

O Acusado, em seu interrogatório prestado em juízo, negou a autoria do fato narrado na


denúncia, alegando (item ...) que ao tempo em que a pretensa vítima afirma que aconteceram os
fatos “estava hospedado em ..........., juntamente com sua noiva, na ..........” (fls......), muito embora
na narrativa dos fatos (item .....) por um equívoco esteja digitado com se fosse na cidade de .....
(fls...), além, do mais a existencia da referida pousada na cidade ...... é fato notório e do
conhecimento de todos, portanto desnecessária sua prova:

“que, no período referido na denúncia, o declarante, juntamente com sua


noiva, .................., tinham se hospedado na Pousada .........., localizada na entrada da
cidade de .........., onde permaneceram nos dias ...........; que, hospedou-se no Pousada
na parte da tarde do dia ......., uma vez que pela manhã daquele dia tinha ido até a
residência da vítima, com o objetivo de despedir-se da mãe dela, ......; que, mantém
relacionamento de amizade com ......., uma vez que ela também vai para a ....., já que
o companheiro dela é ........ e mora na cidade de .........; que, no dia .............., como
seus filhos iriam desfilar, o declarante veio a esta cidade, para assistir ao desfile; que,
levantou-se cedo, veio a esta cidade, pegou seus filhos e os levou para o desfile na
avenida .......; que, depois do desfile todos seguiram para a cidade de .......... para que
pudessem passar o dia juntos, inclusive para nadarem na piscina da Pousada, uma
vez que no dia seguinte (..............) o declarante embarcaria para a .......; que, voltou
para ..............., sendo que saiu da Pousada por volta das .................. horas, sendo que
dormiu em sua casa; que, o declarante não esteve nesta cidade nos dias ...........; que,
também nessas oportunidades não chegou a telefonar para a vítima; que, como disse,
o único dia que foi até a casa da vítima foi no dia .........., no período da manhã, para
se despedir da mãe dela, .....; que, ......... tem um ex companheiro, o qual é grande e
gordo, sendo que ele era apelidado por “........”; que, como o declarante é menor e
mais magro, ganhou o apelido de “............”, inclusive porque eram amigos; que, tem
testemunhas que se encontrava na Pousada todo o tempo, inclusive fez “churrasco”
no local, com a presença de pessoas de ............; que, tem a dizer que no dia que
retornaram o declarante, sua noiva e filhos para ....... (dia ................),”
Os fatos narrados pelo Acusado foram devidamente comprovados pelas testemunhas e pela
informante ouvida em juízo, e como é óbvio, as eventuais discrepâncias não foram de
significância suficiente para elidir a veracidade de sua versão.

Conforme salienta o Representante da Acusação Oficial, realmente existem algumas


pequenas contradições, entre o interrogatório do Acusado e as declarações de sua noiva, no que
diz respeito a datas horários, porém, estes são próprios da falibilidade da memória humana ao
remontar fatos que aconteceram há mais de seis meses, pois, se houvesse interesse da defesa em
deturpar os fatos, com simulações, teria, por certo, orientado todas testemunhas para que
depusessem no mesmo sentido, a fim de unificar seus depoimentos de forma a torna-los
simetricamente harmônicos. Os eventuais desencontros nos depoimentos não possuem a
relevância capaz de tornar improvável a versão apresentada pelo Acusado.

O representante do MP, em suas alegações finais, tentou distorcer o depoimento da


testemunha ................ (fls.......), quando afirma que na noite do dia ......... o Acusado não tivesse
se ausentado da Pousada, pois na realidade a testemunha é categórica em afirmar: “ não se
recorda se na noite anterior o acusado saiu, até o início da noite ele estava no bar” (fls.....). Assim,
não ficou descartada a possibilidade de ter se ausentado.

Com relação a estadia do Acusado na cidade de ..............., entre os dias ......................, não
restou nenhuma dúvida, pois além de sua noiva, outras testemunhas confirmaram tal fato,
vejamos:

“que conheceu o réu em ............... em ........ em um barzinho de propriedade do ........,


por volta da ....... horas, apresentado por ....... namorada do acusado e amiga da
depoente , que no dia seguinte encontrou com o casal em um churrasco de despedida
do acusado, que estava indo para a .........; que deixou o local aproximadamente ....
horas e que o acusado ainda estava lá;” (...) “que ficou em companhia do casal no
barzinho em torno de ....... minutos a uma hora; que o casal a convidou para ir para
um rancho , à noite, no dia ...... pois tinham convites”.
“Que no dia ................ o acusado esteve nesta cidade de .................; Que o acusado
veio nesta cidade em ........ na época da festa da da padroeira; Que no dia .............. o
acusado e passaram na casa do depoente aqui nesta cidade; Que a ............ é
namorada do acusado; Que .............. é filha do depoente; que os ...... falaram que iam
ficar hospedados na pousada Retiro das Pedras; Que no dia quatro eles passaram em
sua casa por volta das ...... horas da tarde; Que no dia ............... o depoente não viu os
dois; Que no dia .............. teve um churrasco na pousada organizado pelo acusado e
alguns amigos;”

“Que o acusado chegou na Pousada no dia ................., parece numa quarta feira e
saiu no ..............; (...) “Que o acusado fez um churrasco no dia ................. e ficou até
tarde; que o churrasco começou por volta do ........ dia, quando chegaram uns dez
amigos do acusado e foi até as ...... horas da noite quando acertou com o depoente;”

Além das testemunhas ouvidas em juízo sob o manto do contraditório, a defesa do acusado
fez juntar aos autos Escrituras Públicas de Declarações as fls........., nas quais a ......
(fls.....), ............... (fls...) e o ............. (fls.......), confirmaram que o acusado e sua noiva realmente
estiveram presentes na cidade de .......... no período indicado em seus depoimentos.
É óbvio que as referidas declarações não revestem de valor probante no aspecto formal e
processual, vez que não foram produzidos perante o juiz presidente do processo de
conhecimento e com a participação das partes, porém, não é menos verdade que indiciariamente
podem colaborar, de forma indireta, na formação da convicção judicial, pois seus editores estão
sujeitos as sanções previstas em lei em caso inserção de declaração falsa em documento público.

DO DIREITO
Consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial dominante, a pretensão deduzida
na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica deve ser amplamente provada durante
a instrução criminal desenvolvida sob o manto da garantia constitucional do contraditório, da
ampla defesa e do devido processo legal assumindo a acusação oficial o ônus probandi da
autoria, da materialidade e de todas as circunstâncias do fato.

Na lição sempre abalizada de Maria Lúcia Karam 1, pode-se conceituar a prova como um
instrumento de demonstração da veracidade de afirmações feitas a propósito da ocorrência ou da
inocorrência de fatos, em que alegadamente fundamentada uma pretensão exposta no processo,
de modo que o juiz, formando seu convencimento, esteja apto a resolver as questões àquelas
relativas (isto é, as questões de fato), sobre as quais controvertem as partes. Assim entendida a
prova, é fácil perceber que a distribuição do ônus a ela relativo, tanto no processo penal como no
processo civil, deverá partir da premissa de que é sobre a parte que alega um direito que irá
recair a incumbência de demonstrar a existência dos fatos dos quais o pretende fazer derivar. É o
que dispõe a regra contida no art. 156 do CPP, ao estatuir que “ a prova da alegação incumbirá a
quem a fizer”,regra que, como já advertia Frederico Marques, a rigor , não apresenta diferença
substancial com as que norteiam a matéria no processo civil 2.

Originando-se dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, tanto a garantia da


presunção de inocência ou de não-culpabilidade quanto o princípio in dúbio pro reo dela
derivado, rigorosa e efetivamente aplicados, constituem importantíssimos instrumentos de
contenção do poder de punir e, assim, de contenção do Estado policial.

A garantia da presunção de inocência ou de não-culpabilidade e o princípio in dubio pro


reo dela derivado implicam na atribuição ao autor da ação penal condenatória - isto é, àquele que
ocupa a posição da Acusação - do ônus de demonstrar, de forma induvidosa, a existência da
infração penal e de sua autoria, na medida em que somente a certeza quanto a esta existência
poderá conduzir a um pronunciamento de procedência do pedido de condenação.

Como assinala aqui também, Julio Maier, a ausência da certeza representa a


impossibilidade do Estado de destruir a situação de inocência, construída pela lei (presunção),
que ampara o acusado, razão por que conduz à absolvição qualquer outra posição do juiz a
respeito da verdade, a dúvida, ou mesmo na probabilidade, impedindo a condenação e havendo
de desembocar na absolvição.3

Esta exigência da certeza para a condenação, materializadora do princípio in dúbio pro reo,
vem preconizada, em nosso ordenamento jurídico , nas regras que asseguram a efetividade da
garantia constitucional inscrita no inc. LVII do art. 5º da Constituição Federal determinam que
seja o réu absolvido quando insuficientes às provas para a condenação (art. 386, VII, CPP), com a
nova redação dada pela Lei 11.690/2008.

A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso, 4que a condenação exige certeza e não
basta, sequer, a alta probabilidade , que é apenas um juízo de nossa a mente em torno da
existência de certa realidade. Mesmo a ítima convicção do Juiz – pondera Sabatine – como
sentimento da certeza, sem o concurso de dados objetivos de justificação , no lugar da certeza, em
espécie tal, tem simples crença . Desta forma, uma condenação somente terá lugar quando o
exame sereno da prova conduza a exclusão de todo motivo sério para duvidar.

Assim, durante a instrução criminal, quando se realiza reconstituição dos fatos alegados
pela parte autora da ação penal, que se pode chegar a uma conclusão de certeza da prática da
infração penal imputada ao réu ensejando a imposição da pena respectiva, ou, caso contrário,
quando pela prova alí produzida, se estabeleça uma dúvida e acenar uma possibilidade de
inocência, por mínima que seja, impõe-se a absolvição.

No caso vertente, a versão apresentada pela suposta vítima, que de acordo com a
jurisprudência dominante, possui acentuado relevo e valor probante quando plausíveis,
coerentes, equilibradas, harmônicas e, apoiadas em outros elementos ou circunstancias que
direcionem quanto a pratica delituosa, porém, aqui se mostrou inverossímil, em todos aspectos,
além do que, a defesa do Acusado, demonstrou com provas idôneas e harmoniosas da existência
de circunstâncias que excluem ou colocam em dúvida razoável a a existência e a autoria do fato
denunciado.

Em resumo do conjunto probatório, levando em consideração a versão apresentada pela


suposta vítima, é impossível que alguém consiga manter relação sexual, em pé, com uma mulher
virgem e contra sua vontade, principalmente, quando há uma diferença muito grande de estatura
entre um e outro, e, a suposta vítima se tratar de pessoa de tenra idade em que a genitália ainda
não alcançou sua plenitude fisiológica. Muito menos que esta façanha se repita em dias seguidos
e que a vítima de tamanha agressão se mantenha calada e guarde segredo por tanto tempo.

Caso fosse verdadeira a estória apresentada pela pretensa vítima, o primeiro congresso
sexual violento, fatalmente provocaria lesões expressivas na região vaginal, que poderiam
comprometer até mesmo o ato de caminhar normalmente, e, a relações subseqüentes seriam
extremamente dolorosas e insuportável, impossível de se concretizar, principalmente pela
desproporcionalidade de tamanho entre o órgão genital intumescido de um homem adulto com a
vagina diminuta e virgem de uma criança de .... anos.

Logo, a versão apresentada pela suposta ofendida , se mostra inverossímil, incoerente e


despropositada, não podendo, assim se revestir de valor probatório suficiente para embasar
eventual decreto condenatório.

Neste sentido é o entendimento jurisprudencial dominante no Tribunal de Justiça de Goiás:

Da forma preconizada pela jurisprudência dominante, a palavra da vítima para assumir o


papel preponderante na escala da valoração da prova deve sempre se apresentar de forma
verossímil, coerente, segura e harmônica com os demais elementos de convicção produzidos na
instrução criminal, o que não aconteceu no presente caso, em que a pretensa vítima, traz a lume
uma versão fantasiosa dos fatos impossível de existir na esfera da realidade, além de demonstrar
insegurança no relato de pontos relevantes das circunstâncias em poderiam ter acontecido os
fatos. Ex. na primeira declaração afirma que viu o Acusado dar dinheiro para a prima e a chave
da moto ao seu irmão, e, em juízo afirma que estes fatos tomou conhecimento posteriormente.
Logo, sua versão deve ser analisada com redobrada prudência.

A versão apresentada pelo Acusado, de que estaria hospedado na .................., na cidade


de ..............., entre os dias ............................, ficou irrefutavelmente demonstrado nos autos,
muito embora conste equivocadamente em seu interrogatório que a referida pousada estivesse
situada em .............., pode-se perceber claramente que se trata mera irregularidade, que tanto
pode ser atribuída a engano no momento da transcrição das declarações, como equívoco
provocado pelo nervosismo de estar perante uma corte, vez que no primeiro item do
interrogatório quando indagado do local onde se encontrava por ocasião dos fatos narrados na
denúncia, o réu foi categórico em afirmar que estava hospedado em ............., juntamente com
sua noiva,na ...................... Logo, a pretensão do Ministério Público, em suas alegações finais, de
levantar dúvida a este respeito e de todo infundada e improcedente.

Esta discrepância não torna a declaração falsa ou mentirosa, principalmente, quando os


demais elementos do processo mostram claramente que foi fruto de um equívoco, além do que, a
existência da ........................ na cidade de ........, é fato público e notório que não são objeto de
prova processual.

Além da noiva do Acusado, ter minudentemente descrito o itinerário do casal no período


retro apontado, outras pessoas do circulo de amizade de ambos depuseram em juízo, sob a
atuação fiscalizadora do Ministério Público e da Assistência de Acusação, confirmando que
realmente ele não se encontrava na cidade de Anápolis, nas datas e horários citados pela suposta
vítima como aqueles em que teriam ocorrido as indigitadas agressões contra sua pessoa.

Inobstante, os referidos depoimentos, não serem milimetricamente aparados, suas


eventuais divergências não se revestem de gravidade e significância de tal monta que possa tirar
a credibilidade, a possibilidade de ser verídica a versão apresentada pelo Acusado, pelo que deve
ser acatada por este Ilustrado Juízo decretando-se sua absolvição.

O Acusado embora apresente um antecedente judicial, pelo qual já prestou contas a


sociedade, conforme depoimentos das testemunhas ouvidas em juízo, demonstrou ser pessoa
trabalhadora, pai de dois filhos menores os quais são sustentado exclusivamente com os frutos
de seu labor, além de ser responsável pela mantença de sua genitora, goza no meio social em que
vive do respeito e consideração de todos, não tendo personalidade voltada para senda criminosa,
é radicado nesta cidade desde criança de onde não pretende se afastar.

EX POSITIS,

espera o Acusado, ......................, ora defendente, sejam as presentes alegações recebidas,


vez que tempestivas e próprias, para final julgar improcedente a denúncia, decretando sua
ABSOLVIÇÃO, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma Vossa Excelência, estará
como de costume editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei, do
Direito de Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

___________________
OAB
Alegações Finais – Estupro de vulnerável - Valor Probante da
Palavra da Vítima - Ilegitimidade do MP diante da Retratação
das Representações - Provas não Jurisdicionalizadas -
Influência da Mídia

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ..................

Protocolo Nº .........
Alegações Finais Por Memorial

........................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, em tempo do artigo 403 do Código de Processo Penal com
a nova redação que lhe emprestou a Lei. 11.719/22008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados;

SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público intentou ação penal em desfavor do Apelante, imputando-lhe a


prática dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 217-A, do Código Penal
Brasileiro, com a nova redação dada pela Lei 12.015 de 07.08.2009, se propondo, a provar em
juízo que valendo-se de sua situação financeira, manteve relações sexuais e praticou atos
libidinosos com diversas menores sob a mediação de ...........

Alegou também o órgão de acusação oficial que

2. Segundo apurou-se, o imputado valendo-se de sua situação financeira, aliciava


crianças e adolescentes menores de 14 anos, que eram de suas preferidas, e pagava
pelos favores sexuais das infantes.

3. O imputado aproveitava da situação de pobreza das vítimas, oferecendo vítimas,


uma casa bem grande. No entanto, preferencialmente os encontros aconteciam em
motéis, tais como “Motel “, em ........, “Motel” e “Motel”, em ...............

6. O imputado para praticar suas condutas pervertidas sempre levava suas vítimas
para locais previamente escolhidos, sendo acompanhado por mais de uma vítima,
quase sempre três. E ao chegarem ao local, todas se despiam, inclusive o imputado,
as vezes todas entravam na piscina juntamente com o imputado, onde eram
praticados atos libidinosos diversos, tais como masturbação, pegava nas partes
íntimas das vítimas, não satisfeito escolhia uma e ia para um lugar reservado aonde
mantinha conjunção carnal.

7. Conforme apurou-se nos autos de investigação o imputado vem praticando as


condutas acima descritas há muito tempo. Apurou-se que o imputado primeiramente
teria envolvido-se com Patrícia de tal e Maria de tal e “Sisinha”, que não foram
ouvidas, nem tampouco identificadas, mas estas teriam apresentado o imputado para
as irmãs gêmeas .......... e ......., quando estas tinha apenas 11 anos de idade.
Posteriormente estas apresentaram o imputado para ............., então contava com 11
anos, ao passo que ........... passou a arrumar meninas mais novas que pudessem
satisfazer a tara sexual do imputado, e através de ....... o imputado conheceu a
imputada ...................., irmã de .........., sendo que esta passou a aliciar meninas
pobres induzindo-as à satisfazer a lascívia do imputado.

8. A imputada .............. para conseguir convencer as vítimas dizia que as vítimas


apenas ficariam peladas para que o imputado ........... pudesse apenas contemplar, e
para isto ganhariam R$ ...... (.........), ao passo que ........ recebia R$ ........ (.........) para
cada garota que conseguisse arrumar para o imputado ............., e sempre
acompanhava as vítimas até o local dos encontros.

9. O imputado praticou com todas as vítimas atos libidinosos diversos da conjunção


carnal e manteve conjunção carnal com as seguintes vítimas todas elas menores de
14 anos à época do fato: ...................., ...................., ......................, ........................
e .........................., conforme os Laudos de ‘Exame de Corpo de Delito - Conjunção
Carnal, juntado nas fls. ........................, respectivamente.

Ante o exposto, incorreu o imputado ..................... nas sanções dos artigos 217-A,
artigo 228, caput c/c artigo 71, todos do Código Penal ...” (Fls. 3/7).

Quanto a autoria dos fatos narrados na denúncia todas testemunhas e vítimas, arroladas
pela acusação, ouvidas em juízo, foram unânimes e categóricas em afirmar que os fatos
narrados na exordial não foram praticados pelo Acusado ..............................:
Disse a vítima ............, às fls. ...:

“que, não conhece o Acusado ......... e ........ conhece lá do setor onde reside; que, nem
por ouvir dizer pode dar informações sobre o acusado .........; que, também nunca
ouviu dizer que o acusado havia levado menores para motéis; que sobre a denúncia
não pode dar informações porque não conhece o fato; que, jamais se encontrou com
o Acusado ......; que, nunca foi procurada pelos acusados depois que se tornou
público o fato narrado na denúncia; (...) “que o .......... não se encontra presente;”
(GRIFEI)

Por seu turno a própria mãe de ........assim se expressa às fls......:


“que retificando parcialmente a última afirmação pediu que na Delegacia de
Mulheres fossem tomadas as providências; que, lá de fato assinou alguns papéis, mas
não sabe informar se existia alguma representação; que posteriormente de fato pediu
para que tudo se cessasse porque já não agüentava os constantes aparecimentos da
polícia na sua porta e também tiravam fotografias de sua filha; que não recebeu
qualquer gratificação em recompensa para desistir da representação que assim
procedeu porque o pessoal estava falando que a polícia estava comparecendo a sua
porta porque o seu marido estava roubando; (GRIFEI)

Os depoimentos acima transcritos dão conta da voluntariedade e ausência de qualquer


vício de vontade em suas manifestações, principalmente quando foram prestados sob a batuta do
Juiz do feito e a fiscalização do representante do Ministério Público. As demais declarações
seguem o mesmo diapasão, então vejamos:

......................................, Fls. .....

:”Que conheceu o ........ através das irmãs gêmeas .............. e ...................., sendo que
elas estavam saindo com o mesmo e a chamaram para sair com elas; que nunca tinha
visto o Dr. Fernando antes; que o ................ era alto, magro, moreno da cor da
informante, tinha o cabelo meio ruim e uma pinta do lado direito do rosto, sendo que
a mesma apresentava pêlos; que na época já fazia programas, (...)que o ..............
nunca esteve na casa da informante; (...)que por volta do mês de agosto daquele ano,
o acusado .......... esteve duas ou três vezes na casa da informante, fazendo política
porque queria ser deputado” (GRIFEI)

.............................. – Fls.

“que conheceu o acusado ....., no meio do ano ......., na época da política; que
conheceu o acusado ...... na casa de ...... de tal, quando o mesmo fazia campanha, não
sabendo para que cargo; que não sabe o sobrenome da referida dona Maria, cuja casa
frequentava; que viu o acusado apenas uma vez, sendo que nesta o acusado
prometeu emprego, para trabalhar em campanha e também deu uma cesta para a mãe
da depoente; que a depoente não tem e não tinha título de eleitor à época, somente
sua mãe; que não se recorda o nome todo do Boadir; que reconhece a pessoa referida
como sendo o acusado aqui presente, nesta oportunidade, na sala de audiências; que
não foi procurada pela família do acusado, nem por este, nem pela acusada ...........,
nem foi ameaçada ou pressionada e também não recebeu nenhuma promessa de
recompensa pelo seu depoimento; que nunca saiu na companhia do acusado ..........;
que sua irmã .......... também conheceu o acusado .........., na mesma ocasião, na casa
de ..... que ......... também não chegou a ver o acusado mais de uma vez”.(...) também
desconhece que qualquer moça daquele setor tenha mantido qualquer tipo de
relacionamento sexual com o acusado;) (GRIFEI).

......................................... - Fls.
“...que não sabe dizer que idade o ........... aparentava; que o chamavam de Dr.
Fernando porque foi assim que o mesmo se apresentou; que o referido homem ainda
tinha uma pinta escura na face direita; que pode afirmar que os dois acusados .........
e ........ estão presentes; que o ........... não está presente nesta sala; que não sabe dizer
o que a história do ......... pode ter em comum com a história do acusado ...... ;”
(GRIFEI)

Em juízo, a mãe das vítimas ...... e ..........., .............., às fls. ......, é taxativa em excluir
qualquer responsabilidade penal do Acusado ........... com relação aos fatos narrados na denúncia:

“... que a informante tem certeza de que suas filhas não tem nenhum envolvimento
com Adrinéia ou com o ...........”

....................................., Fls.

“que conheceu o acusado ........... quando o mesmo estava fazendo política na casa da
mãe da .............; que não sabe o nome da mãe da ...............; que isso ocorreu há mais
de ano; que não sabe para que cargo o acusado fazia campanha; que nessa
oportunidade estava acompanhada de sua mãe e esta recebeu uma cesta do acusado;
que não conversou com o acusado nessa ocasião; que pode afirmar que tanto o
acusado quanto ........... estão presentes, nesta sala e não se sente constrangida de
depor na presença dos mesmos; que nunca mais viu o ..........;” (GRIFEI)
......................– Fls.

“Que conhece a ............. há cerca de ..... meses somente e não conhece ..............
nunca tendo visto... que não conhece o réu aqui presente; que ......... e ........ nada
têm em comum e nem conhece este último;” (GRIFEI)

............................. – Fls.

“que foi chamada pelo Promotor de Justiça, ignorando seu nome; que o mesmo a
chamou para depor porque pensou que a informante estava saindo com o .............;
que não sabe porque o Promotor pensou isso; que não estava saindo com o ..........;
que conheceu o ...... há cerca de um ano,”

Inobstante, durante a fase instrutória, não ter havido a jurisdicionalização de qualquer


prova que pudesse corroborar os fatos narrados na denúncia, a Acusação Oficial, em suas
alegações finais de fls. desarrazoadamente insiste na condenação do Acusado, erigindo sua
pretensão exclusivamente em suposições extraídas do caderno informativo e de notícias
veiculadas pela imprensa, querendo dar a estas fontes extra processuais um colorido
jurisdicional, inexistente em nosso ordenamento jurídico vigente.
DO DIREITO

Consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial dominante, a pretensão deduzida


na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica deve ser amplamente provada durante
a instrução criminal desenvolvida sob o manto da garantia constitucional do contraditório,
assumindo a acusação oficial o ônus probandi da autoria, da materialidade e de todas as
circunstâncias do fato.

O Órgão Ministerial, em suas alegações finais de fls. sustenta sua pretensão condenatória,
exclusivamente, com suporte em deduções e elementos e existentes na esfera administrativa do
inquérito policial, e noticiários veiculados pela imprensa local. Porém, quando existe a
participação imediata e direta da própria autoridade policial, na produção da prova, o caráter
inquisitivo, que tem a persecução administrativa, torna imprescindível a judicialização ulterior
do ato probatório para que a instrução ali contida se apresente com o valor de prova, e seja
utilizado como elemento na formação da convicção judicial, no momento de decidir a causa
penal.

Verifica-se, assim, que a prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação
(inquérito policial) e a instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao
julgamento final da pretensão punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do
processo, fornece ao julgador os dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser
julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”(ac. un. de
27. 11 . 70, da 4ª Câm. do TACrimSP, na Ap. 22.830, de Itanhaém, rel. Juiz Azevedo
Júnior, in RT 426/395).

“O inquérito policial está, por definição, arredio aos preceitos constitucionais de


amplitude de defesa e de instrução contraditória. Bem por isso é elementar na
jurisprudência que a prova do inquérito, como a generalidade das provas
extrajudiciais ou extrajudicialiformes, só produz efeito no pretório quando neste fica
atestada a veracidade do seu teor ou, ao menos, a conformidade deste remanescente
do conjunto probante útil” (ac. un. de 2.10.69, da 4.a Câm. do TACrimSP, no HC
15.296, da Capital, rel. Juiz Azevedo Júnior, in RT 411/250-252).

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n
178.595, de Guarulhos, Rel. SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remansosa nesse
passo a jurisprudência (RT 369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278;
393/343; 386/249; 360/241; 356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.
(“Apud” rolo n 146. flash nº 318, do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

“O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o


exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.” (Ac. un. da 4ª. Câm., de 1°.-9-77, na Ap. n.° 165.733, de São Paulo,
rel. GONÇALVES SOBRINHO. “Apud” rolo n.° 128, flash n° 135, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)”

“Prova - Inquérito policial - Insuficiência à condenação - Voto vencido.


- As provas constantes de inquérito policial não bastam, por si só, à prolação de
decreto condenatório. (Ac. por m. de v., da 3 ~ Câm., de 14-12-77, na Ap. n.°
172.129, de São Paulo, rel. LAURO ALVES. Venc. SILVIO L~T. «Apud~ rolo n.° 132,
flash n ° 467, do serviço de microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São
Paulo)”

“Prova - Inquérito policial - Insuficiência à condenação.


- O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o
exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.” (Ac. un. da 4ª. Câm., de 1°.-9-77, na Ap. n.° 165.733, de São Paulo,
rel. GONÇALVES SOBRINHO. “Apud” rolo n.° 128, flash n° 135, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)”

“Prova - Inquérito policial - Insuficiêneia à condenação.


- Prova colhida somente em inquérito policial não basta, por si só, para embasar
decreto condenatório.” (Ac un. da 6ª Câm., de 16-8-77, na Ap. n.° 167.087, de
Campinas, rel. AQUINO MACHADO. «Apud. rolo n.° 122, flash n.° 694, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)”
“Prova - Conjecturas ou probabilidades - Insuficiência à condenação.
- O Direito Penal não opera com conjecturas ou probabilidades. Sem certeza total e
plena da autoria e da culpabilidade, não pode o Juiz criminal proferir condenação.
(Ac. un. da 5ª. Câm., de 19-7-77, na Ap. n.° 162.055, de Jaú, rel. GOULART
SOBRINHO. “Apud” rolo n.° 123, flash n ° 154, do serviço de microfilmagem do Trib.
de Alçada Criminal de São Paulo)”

Referindo-se à legislação processual americana o saudoso Heleno Fragoso, em sua


Jurisprudência Criminal, Vol. 1º, pág. 485, nota 389, que esse é o princípio que vigora no Direito
norte-americano, incluído entre as regras do devido processo legal, due process of law. Não se
pode aplicar a pena sem que a prova exclua qualquer dúvida razoável, any reasonable doubt.
Aqui não basta estabelecer sequer uma probabilidade, “ it is not suficient to establish a
probability even a strong one”: é necessário que o fato fique demonstrado de modo a conduzir à
certeza moral, que convença ao entendimento, satisfaça a razão e dirija o raciocínio, sem
qualquer possibilidade de dúvida (cf. Kennys, Outlines of Criminal Law, 1958, p. 480).”A
sociedade se sente legitimamente perturbada na sua tranquilidade com a certeza do delito, e de
seu autor, é lógico, asseverando Gorphe: “ S’il subsiste une doute, s’est que la preuve n’est pas fait
e arrematando o insigne Carrara: “no processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica”.

É do escólio do eminente Professor Fernando de Almeida Pedroso, que a sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório operando com uma margem de risco mínima que seja de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Nicola Framarino dei Malatesta, que a condenação não
pode basear-se senão na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável -
também mínima da inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve,
necessariamente, conduzir à absolvição, assim leciona o mestre peninsular:

“voltando ao que dizíamos, e concluindo, a inocência se presume; e por isso no juízo


penal a obrigação da prova cabe à acusação. A presunção da inocência, pois, quando
determina a obrigação da prova no juízo penal, não é senão uma dedução daquele
principio ontológico que afirmamos ser o princípio supremo para o ônus da prova”
( Nicola Framarino Dei Malatesta, in “A lógica das provas em matéria criminal”, vol.
I, Ed. Saraiva, São Paulo, 1960, pág. 147) .

Com fulcro no escólio de Carrara, escorreitamente já se aduziu que:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvida.”
A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso que:

“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas
um juízo de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. Mesmo a íntima
convicção do Juiz - pondera Sabatini -, como sentimento da certeza, sem o concurso
de dados objetivos de justificação - , não é verdadeira e própria certeza...”; “no lugar
da certeza, em espécie tal, tem-se a simples crença.’’ “Dessa forma, uma condenação
somente terá lugar quando o exame sereno da prova conduza à exclusão de todo
motivo sério para duvidar.” (in – “Jurisprudência Criminal, Borsoi, 1973, vol. II, pág.
389)

Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desembargador. Byron


Seabra Guimarães, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)

Arremata o Ilustre Desembargador:

“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)

Deste modo, a Acusação Oficial, com a edição da denúncia assumiu o ônus da prova da
autoria, dos fatos e suas circunstâncias, durante a instrução, encargo do qual no se desvencilhou
até o presente momento, com provas robustas e idôneas capazes de fundamentar um juízo
condenatório, o que vale dizer ALLEGARE NIHIL ET ALLEGATUM NON PROBARE PARIA
SUNT, ainda mais porque na fase do judicium causae impera o princípio do in dúbio pro reo.

Num último ato, quando a prova processual demonstrou inequívoca a inocência do


Acusado, a acusação invoca como principal fonte de prova a sustentar sua pretensão
condenatória as reportagens veiculadas à época do fato pela famigerada mídia, querendo assim
substituir a função da Magistratura e a garantia do devido processo legal por uma nova entidade
jurisdicional: Sua Excelência a IMPRENSA. Quando reverbera às fls. 644:

“Todo o conjunto de provas coligido para estes autos, especialmente as reportagens


veiculadas nos jornais da época, dão conta de que a acusada ADRINÉIA era quem
persuadia as vítimas a se encontrarem com o acusado BOADYR, para os fins de
praticarem com ele atos de luxuria, ou seja, a satisfação de sua concupiscência, que,
concretamente, se realizava através de atos de libidinagem e conjunções carnais.”
(GRIFEI)

Ninguém desconhece a necessidade de adoção de rigor no campo da definição de


responsabilidade, mormente quando em jogo interesses públicos da maior envergadura. No
levantamento de dados, no acompanhamento dos fatos, no esclarecimento da população,
importante é o papel exercido pela imprensa. Todavia, há de se fazer presente a advertência de
Joaquim Falcão, veiculada sob o título “A Imprensa e a Justiça”, no Jornal O Globo, de 06 de
junho de 1993:

“Ser o que não se é, é errado. Imprensa não é justiça. Esta relação é um remendo. Um
desvio institucional. Jornal não é fórum. Repórter não é juiz. Nem editor é
desembargador. E quando, por acaso, acreditam ser, transformam a dignidade da
informação na arrogância da autoridade que não têm. Não raramente, hoje, alguns
jornais, ao divulgarem a denúncia alheia, acusam sem apurar. Processam sem ouvir.
Colocam o réu, sem defesa, na prisão da opinião pública. Enfim, condenam sem
julgar.” (GRIFEI)

Embora, questão de menor relevo no deslinde do presente processo, é inelutável que se


levante a voz contra a truculência e a barbárie de que fora vítima: o Acusado, por ocasião de sua
prisão, onde, sem que houvesse qualquer manifestação de vontade por parte dos titulares da
ação, além, de uma situação flagrancial preparada ardilosamente, foi subjugado a uma prisão de
manifesta ilegalidade, por parte da autoridade policial, e, imediatamente, sem que houvesse
qualquer prova de sua criminalidade, foi submetido ao vexame público, e, com a cumplicidade
de alguns parlamentares municipais, o Ministério Público da Infância e Juventude desta capital,
na avidez de um estrelato efêmero e leviano, provocado pela ampla cobertura jornalística da
mídia eletrônica, sacrificou perante as câmeras de televisão, a garantia constitucional da
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do Acusado, afrontando o
princípio da presunção de inocência previstos no artigo 5º, X e LVII da Constituição Federal, os
quais tinham o dever funcional de preservar e defender.

Na sua função de investigar e punir, o poder público, com certa freqüência, está longe de
ser respeitoso com os direitos fundamentais da pessoa. Exorbita quase sempre, de várias formas
(violência desnecessária, corrupção etc.). O mais moderno modo de destroçar (injustamente) um
ser humano, e nisso entra a conivência da mídia, consiste na divulgação intempestiva e
irresponsável do fato que se investiga, com a conseqüente divulgação dos nomes de todas as
pessoas envolvidas: suspeito, testemunhas, vítimas etc. Emblemático, entre nós, é o caso da
“Escola Base”. E tudo é feito, lamentavelmente, não só de forma prematura e inconsistente,
senão especialmente contra expresso mandamento legal: CPP, art. 20 - “A autoridade assegurará
no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da ‘` sociedade’,
sobretudo, os de interesse particular , quais sejam de proteger a honra, a imagem e a intimidade
de todo cidadão.

Neste ponto, invoca-se o iluminado e inspirado posicionamento do eminente Luiz Flávio


Gomes, que em sua novíssima obra “Estudo de Direito Penal e Processo Penal”, Ed. 1.999, Editora
RT, ao discorrer sobre a “Liberdade de Imprensa, Investigação e Respeito à Pessoa”, (pág. 230),
assim se expressa:
“A divulgação prematura e irresponsável dos nomes dos suspeitos de um delito, sem
que haja prova contundente ou sequer uma acusação formal, para além de afetar o
princípio da presunção de inocência e direitos básicos como honra, intimidade etc.,
no fundo expressa o que Carnelutti, em 1957, chamava de “degeneração do
processo”, que é grave sintoma de civilização em crise. É que “a crônica judiciária e a
literatura policial servem (...) de diversão para a cinzenta vida cotidiana (...) a
descoberta do delito, de dolorosa necessidade social, se tornou uma espécie de
esporte; as pessoas se apaixonam como na caça ao tesouro; jornalistas profissionais,
jornalistas diletantes, jornalistas improvisados não tanto colaboram quanto fazem
concorrência aos oficiais de polícia e aos juizes instrutores; e, o que é pior, aí fazem o
trabalho deles. Cada delito desencadeia uma onda de procura, de conjecturas, de
informações, de indiscrições. (...) O homem, quando é suspeito de um delito, é
jogado às feras. (...) Logo que surge o suspeito, o acusado, a sua família, a sua casa, o
seu trabalho são inquiridos, investigados, despidos na presença de todos. O
indivíduo, assim, é feito em pedaços (...) embora fosse o único valor que deveria ser
protegido”.

A jurisprudência de forma uníssona já repudiou a utilização de reportagens jornalísticas


como fonte de prova a ensejar ou lastrear decreto condenatório, conforme o seguinte aresto.]

“Prova - Publicação de jornal - Inaceitabilidade.

- Não há considerar como prova no processo penal simples publicação de jornal


relativa ao fato incriminado. (Ac. un. de 16-9-71, da 1ª Câm., na Ap. n°. 34.857, de
São Paulo, rel. MACHADO ALVIM. “Apud” rolo n°. 23-AC-2, flash n.° 6, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)

Exige-se do Judiciário a eqüidistância, a atuação desapaixonada, buscando, assim, o


restabelecimento da paz jurídica momentaneamente abalada, acima de tudo de uma atuação
garantista das normas estabelecidas pela lei, uma das quais a de julgar os litígios mediante a
utilização de provas regularmente admitidas no processo e cuja obtenção tenha a participação e
a fiscalização das partes, em homenagem ao princípio constitucional do devido processo legal.

Diante, deste contexto, seria de bom alvitre, que na circunspecção que todo operador do
direito deve habituar-se, principalmente os da área penal, o levantamento da seguinte indagação:
após o Acusado, ter se sucumbido à este interminável e doloroso calvário, sob o manto da
vergonha, da indignação dos familiares, da execração pública, e da desmoralização profissional,
qual seria o valor profilático de uma eventual pena? Ou quiçá, o valor da recompensa de sua
absolvição, quando já se tem demandados seis décadas de uma vida reta e proba? e, por fim qual
será o laurel de seus algozes contumeliadores, por terem destruído toda uma existência humana?

Ressalte-se, por fim, que consoante a unanimidade das provas coligidas no presente feito,
ser o Acusado, pessoa elevado conceito social e profissional, de excelentes antecedentes, além do
que tecnicamente primário, e, mesmo desfigurado pela contumélia e pela calúnia que lhe
emprestou a imprensa e outros órgãos estatais, teve seu nome sufragado pelo povo da cidade
de ........., que o elegeu para o cargo máximo do executivo em outubro próximo passado.
EX POSITIS,

espera o Acusado, .............., ora defendente, sejam as presentes alegações recebidas, vez
que tempestivas e próprias, para final julgar improcedente a denúncia, sem julgamento do mérito
face a preliminar invocada, e quanto ao mérito seja decretada sua absolvição, nos termos da
legislação pertinente, pois desta forma Vossa Excelência, estará editando decisório carregado de
equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

______________________
OAB
Alegações Finais – Estupro de Vulnerável – Lei nº 12.015/2009 -
Depoimento Infantil – Inimputabilidade Relativa – Portador de
Distúrbio “Pedofilia”

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo nº .............
Alegações Finais por Memorial

................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe


move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima
vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos
termos do artigo 403, do CPP. com a redação que lhe emprestou a Lei 11.719/2008, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

Em síntese a denúncia alega que no dia .........., no período vespertino a vítima foi abordada,
supostamente, pelo Acusado, na rua ...., da vila ......... e que mediante artifício a colocou no porta
malas do carro dirigindo-se para um lugar ermo, onde a teria estuprado, provocando as lesões
descritas no Laudo de Exame de Conjunção Carnal fls...............

Conforme Termo de Reconhecimento de fls ....., o Acusado foi reconhecido pela vítima no
dia ..............., ou seja quase um ano após o fato, o que compromete a validade daquele ato como
prova da autoria do fato.

Em todas ocasiões em que foi interrogado negou a pratica do fato, restando contra sua
pessoa única e exclusivamente a palavra da vítima que ficou isolada no contexto probatório.

No decorrer da instrução foi instaurado o incidente de insanidade mental, (autos .............)


no qual os senhores peritos concluíram que ao tempo do fato, o Acusado, em virtude de
perturbação da saúde mental, era parcialmente incapaz de se auto determinar (fls.....), no que
manifestou-se de acordo o órgão Ministerial (fls...).

Conforme certidão de fls.... e copia de denúncia de fls......, o Acusado respondeu perante a


Primeira Vara Criminal dessa comarca outra ação penal, cujo fato, pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, deve ser considerado praticado em
continuidade delitiva com o presente caso.

O Acusado, trata-se pessoa de excelente conduta social e familiar, possui bons


antecedentes, quando em liberdade exercia atividade laborativa lícita, preenchendo os requisitos,
para que em caso de eventual condenação, ver sua reprimenda penal ancorada no mínimo legal.

DO DIREITO
Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de
conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil” (in - “Lógica das Provas em Matéria Criminal, ed.
Saraiva, pp. 14 e 15).

Embora a Jurisprudência tem atribuído relevante valor probante nas declarações da


ofendida, nos crimes contra a liberdade sexual. nossos Tribunais Superiores, de forma uníssona
firmaram o entendimento, de que isoladas e sem harmonia com o conjunto probatório, por si só,
não são suficientes para amparar ou alicerçar decreto condenatório, como se vê nos arestos a
seguir expostos:

“Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da vítima, em crimes contra os


costumes, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida sem reservas,
quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com suas
declarações” (TJSP - AC - Rel. Adalberto Spagnoulo - RTJSP 59/404).

“As vacilações da ofendida em caso de estupro deitam a perder a prova, já que, em


tema de crimes contra os costumes, fundamental é a sua palavra”(TJSP - AC - Rel.
Dirceu de Mello - RT 566/308);

No caso em apreço, as declarações da suposta vítima não se harmonizam com o conjunto


probatório extraído durante a instrução criminal.
A doutrina especializada tem de forma contundente, proclamado que o depoimento infantil
deve ser analisado com redobrada e elevada cautela devido vários fatores de ordem psico-
fisiológicos próprios da falta de amadurecimento, sugestionabilidade, fertilidade da imaginação,
percepção distorcida e fantasiosa, etc., comumente verificadas nas primeiras fase da vida
humana.

Conforme circunspeta monografia de José Carlos G. Xavier de Aquino, as legislações de


outrora já traziam consigo o direito de testemunhar. O Código de Manu, o direito romano, bem
como o direito bárbaro prescreviam que os menores eram absolutamente incapazes de prestar
testemunho, nesse caso o testemunho do menor era equiparado ao alienado mental (Código de
Manu, Liv.III).

As Ordenações Filipinas, germe do direito brasileiro, em seu Livro III titulo 56, nº 6, já
proclamava essa incapacidade:

“Os menores de 14 anos não podem ser testemunhas em nenhum feito.”

O motivo que levou os legisladores a considerar os menores absolutamente capazes de


depor e não permitir que se defira compromisso aos seus depoimentos é de fácil compreensão.
As crianças, como é notório, não têm ainda uma total percepção dos fatos e a devida
compreensão das coisas, em função do seu incompleto desenvolvimento orgânico. Alem do mais
não tem noção da importância do ato que irão praticar diante do magistrado. Como bem observa
Binet, a criança “avalia mal a exatidão do que diz e do que faz; é tão inábil no espírito como o é
nas mãos; é notável sua facilidade em satisfazer com palavras, ou em deixar de perceber que não
está compreendendo. Sua inteligência se assemelha à de um imbecil adulto” (Cf. Almeida Jr. E
Costa Jr. Lições de medicina legal pág. 286).

E nesse mesmo sentido que o insuperável mestre germânico Mittermayer, em sua obra
“Tratado da Prova em Matéria Criminal”, ed. 1834, pág. 391:

“Por maior que seja o valor que se dê a candura, nas suas ingênuas palavras, que,
sem macular as conseqüências , só exprimem o que realmente caiu sob os seus
sentidos, o legislador deverá recear da leviandade natural de seu espírito, da falta de
seus meios de observação, do seu hábito de só verem as coisas superficialmente e se
contentarem-se com as primeira impressões”.

Além dos enganos inerentes à idade, em que a criança pode incorrer, salienta-se que a
facilidade ser enganada constitui outro motivo para que sempre se recebam com redobradas
cautelas seus testemunhos. Acrescenta-se a isto tudo, poder de imaginação do infante. Como é
sabido, fortis imaginatio generat casum (uma robusta imaginação cria acontecimentos por si
mesma).

No caso em preço a vítima, dez o reconhecimento do Acusado, quase um ano após a


realização do fato, quando as lembranças já haviam se dissipado na memória, e comprometida na
sua capacidade de apreciação dos fatos, além facilmente sugestionável pelas circunstâncias em
lhe fora apresentado o suposto indigitado, o que não se pode afirmar seja crível e incontestável o
reconhecimento realizado nestas condições afetadas pelo efeito deletério do tempo.

A Jurisprudência hodierna também tem reconhecido a fragilidade do reconhecimento e do


depoimento prestado por crianças, como elemento único gerador da convicção judicial,
principalmente para condenar, conforme os seguintes arestos:
“ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – NÃO CARACTERIZAÇÃO – DEPOIMENTO
INFANTIL – Hipótese em que as informações ofertadas pelo menor na polícia e em
juízo, não imprimem inteira confiança para efeito de incriminação e devem ser
recepcionadas com cautela – Apresentação de versão diferente em cada uma das
vezes em que ouvido – Prova recepcionada que não leva a certeza de ocorrência do
crime, nem da culpabilidade do acusado – Réu absolvido com base no artigo 386, VI,
do Código de Processo Penal. Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da
vítima, em crimes sexuais, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida
sem reservas, quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com
suas declarações. Assim, existindo dúvida, ainda que ínfima, no espírito do julgador,
deve, naturalmente, ser resolvida em favor do réu, pelo que merece provimento seu
apelo para absolvê-lo por falta de provas.” (TJSP – ACr 231.148-3 – General Salgado –
3ª C.Crim. – Rel. Des. Marcos Zanuzzi – J. 05.04.2000 – m.v.)

“ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – PROVA – DEPOIMENTO INFANTIL – O


TESTEMUNHO INFANTIL, DE UMA GAROTA DE APENAS DOIS ANOS DE IDADE,
MERECE ANÁLISE CRITERIOSA, TENDO EM VISTA A TENDÊNCIA À
FABULAÇÃO E O PREDOMÍNIO DO IMAGINÁRIO NO PSIQUISMO DA CRIANÇA –
Seu relato, para merecer credibilidade, há de ancorar-se, de forma sólida, nos demais
elementos de convicção. – Não havendo a certeza de que os fatos imputados ao réu
são verdadeiros, de rigor a absolvição.” (TJMG – ACr 100.031/4 – 2ª C.Crim. – Rel.
Des. Alves de Andrade – J. 06.08.1998)

Em face da pluralidade de ações e do nexo temporal e circunstancial indicativos da


seqüência de condutas, bem como a homogeneidade dos delitos perpetrados, presente se faz o
delictum continuatum na moldura do art. 71, do Código Penal.

PENAL – CRIME CONTRA OS COSTUMES – PROVA – DECLARAÇÕES DA VÍTIMA


– CREDIBILIDADE – ESTUPRO – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – CONCURSO
– CRIME CONTINUADO – OFENSA DO MESMO BEM JURÍDICO – Em infrações de
natureza sexual, há que se dar elevado crédito ao depoimento da própria vítima, já
que em delitos deste jaez, cometidos quase sempre às ocultas, mostra-se difícil a
obtenção de prova da autoria. Há continuidade delitiva entre os crimes de estupro e
atentado violento ao pudor cometidos nas condições do art. 71 do Código Penal
contra uma mesma vítima, e não concurso material, haja vista que o agente se move
dentro de um mesmo contexto temporal e espacial, ofendendo a liberdade sexual,
que é o objeto da tutela jurídica. (TJMG – ACr 000.210.102-0/00 – 2ª C.Crim. – Rel.
Des. Reynaldo Ximenes Carneiro – J. 15.03.2001)

PENAL E PROCESSUAL PENAL – CRIME CONTINUADO – VÍTIMAS DIFERENTES –


CONDENAÇÃO – DEPOIMENTOS DE CO-ACUSADOS – RETRATAÇÃO – 1. A
unidade de sujeito passivo não é essencial à configuração do crime continuado. Nos
crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa, pode o juiz aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticos, até o triplo
(art. 71, parágrafo único – CP). 2. Os depoimentos de co-acusados podem ser levados
em conta para a condenação, desde que apresentem enredo linear com os fatos do
processo e tenham apoio, ainda que indiciário, no restante da prova dos autos. 3. A
retratação do acusado no interrogatório judicial não desautoriza o teor da sua
confissão pré-processual, quando os demais elementos informativos dos autos, vistos
de forma conjunta, evidenciaram que não passa (a retratação) de uma estratégia de
defesa. 4. Improvimento da apelação do Ministério Público Federal. Provimento da
apelação de um acusado e provimento parcial das apelações dos demais. (TRF 1ª R. –
ACR 01000127816 – TO – 3ª T. – Rel. Juiz Olindo Menezes – DJU 04.08.2000 – p. 4)

ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – VIOLÊNCIA PRESUMIDA – PROVA –


TESTEMUNHO INFANTIL – VALIDADE – CRIME CONTINUADO – DELITOS
PRATICADOS CONTRA VÍTIMAS DIVERSAS – CONTINUIDADE DELITIVA
RECONHECIDA – Pela natural sugestionabilidade, o depoimento infantil é quase
sempre precário. Mas não pode ser desprezado quando vier corroborado por outros
elementos de prova, sobretudo se guardar coerência e compatibilidade com realidade
dos fatos. No crime de atentado violento ao pudor, praticado em seqüência, sendo
duas as vítimas, é justificável o reconhecimento da continuidade delitiva. Recurso
conhecido e parcialmente provido. (TJMG – ACr 000.199.731-1/00 – 1ª C.Crim. – Rel.
Des. Gudesteu Biber – J. 17.10.2000)

Neste passo deve o processo ser chamado a ordem e remetido ao Juízo da primeira vara
criminal de nossa comarca, onde o acusado já cumpre pena por outro fato da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, impondo a unificação dos processos.

Por outro lado verifica-se que o Acusado, nos autos ......... de incidente de insanidade
mental, foi considerado semi imputável, pelos Senhores Peritos psiquiatras, da Junta Médica
Oficial do Poder Judiciários de ____, ensejando, em caso de eventual condenação que seja
reprimenda penal diminuída no grau máximo editado pelo Parágrafo único do art. 26 do Código
Penal.

EX POSITIS,

espera, o Acusado sejam as presentes alegações finais por memorial recebidas, vez que
próprias e tempestivas, final julgando improcedente a denúncia de fls. .., e, conseqüentemente
decretando-se sua absolvição ou, em caso de eventual condenação seja reconhecido a
continuidade delitiva na forma invocada, ou, ainda, o reconhecimento da semi-imputabilidade
aplicando-se a redução da pena no máximo legal, pois desta forma Vossa Excelência, estará
editando acórdão compatível com os excelsos ditames da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos,

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

_____________________

OAB
Alegações Finais – Estupro de Vulnerável – Lei nº 12.015 de
07.08.2009 – Vítima de 08 anos Grávida do Próprio Pai – Exame
de DNA Positivo

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .....................

Protocolo nº ......................
Cód. TJ...... - Alegações Finais

......................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do artigo 403, do CPP,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS


A exordial acusatória de fls. .........., imputa ao Acusado, a prática dos ilícitos penais
previstos nos arts. 217-A, , com a nova redação que lhe emprestou a Lei 12.015, de 07.08.2009 e
art. 226, II, todos do Código Penal

A Acusação Oficial se propôs a provar durante o persecutio criminis, que o Acusado,


constrangeu a suposta vítima a manter atos de libidinagem diversos da conjunção carnal, de
forma continuada, in verbis:

“Consta dos autos do Inquérito Policial que o denunciado na condição de pai da


vítima ..................., atualmente com .... anos de idade, mediante violência presumida
e grave ameaça a constrangeu a permitir que com ela praticasse atos libidinosos
diversos da conjunção carnal.
Consta do caderno inquisitorial que o denunciado valendo-se da condição de pai da
vítima, mediante violência presumida e a ameaça de matá-la e depois fugir, por mais
de ..... anos consecutivos, a constrangeu a permitir que ele apalpasse seus seios,
introduzisse o dedo em sua vagina e esfregasse o pênis em suas coxas (coito inter
fêmura).
Ressai ainda dos autos que o denunciado submete a vítima a tais práticas desde antes
dos seus ....... anos de idade, aproveitando-se sempre das vezes em que a levava para
passear em sua casa. Nestas ocasiões, o denunciado esperava sua esposa entrar para
o banho ou sair, quando então, chamava a vítima até o quarto da residência tirava-lhe
a roupa e esfregava o pênis nas suas coxas.

Emerge pois, que nos últimos ..... meses a vítima foi morar com o denunciado tendo o
mesmo passado a importuná-la com maior freqüência ao ponto de numa dessas
vezes, em que praticava coito inter fèmura com ela, tê-la engravidado.” (Grifei)

Embora a suposta vítima tenha reiterado, na fase policial e na instrução criminal, que o
Acusado a compelia à prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, esta versão, por
si só, não se robustece a ponto de ser considerada uma prova absoluta capaz de servir de alicerce
para eventual decisão condenatória, uma vez que a mesma, em suas declarações, teceu um
rosário infinito de mentiras e inverdades denotando ser uma criança precocemente habilidosa e
adestrada na arte da perfídia.

Rememorando as declarações prestadas em juízo, verifica-se que a vítima mentiu e forma


dissimulada e natural ao negar a autoria do grafismo (verde) constante no documento de fls. ......,
o qual após ser objeto de perícia grafotécnica (fls.....), a Senhora Perita confirmou que aquele
escrito era de autoria de ............ .

Do mesmo modo a suposta vítima falseou a verdade dos fatos quando afirmou ter faltado a
aula apenas ..... vezes, quando, na realidade, a cópia de seu histórico de aproveitamento escolar,
acostado as fls. ......, aponta a existência de nada menos que .... faltas durante o ano letivo.

As testemunhas ouvidas em juízo dão conta de que a suposta vítima era precocemente
desenvolvida no trato de assuntos e comportamentos caráter libidinoso, conforme reporta sua
irmã ................................ as fls. .....:

“Que o comportamento da .......... era terrível; que ela ficava com os meninos na
escola dava dinheiro do caixa para os meninos ficar com ela e que isto tudo mundo
da escola sabe, que prometeu dar um celular para um menino ficar com ela; que
deixou o pai dela doido por causa desse celular; que quando morava com a mãe ela
tinha este comportamento, ficava com os meninos , direto a mãe tinha que ir a
escola; que pelo o que a declarante sabe a .......... estava muito custosa e a mãe
resolveu entregar ela para o acusado; inclusive a mãe foi despedida de um emprego
que uma mulher pegou a ........... beijando o neto dela; que a ................. mente
demais; que ela falou para a declarante que não queria mais morar com o pai e
contaria uma mentira para sair da casa dele; que a declarante é filha do irmão do
acusado; que quando a mãe teve um relacionamento com ......., nunca a desrespeitou
nenhuma delas;”

O comportamento irregular da vítima também foi ressaltado pela coordenadora da escola


onde estudava que em seu depoimento de fls. .......... disse:

“que uma vez depois que ficou sabendo que o pai da vítima a teria engravidado ele
teria na escola perguntando a declarante se ela sabia se a filha tinha saído com algum
rapazinho da escola, ela afirmou que nunca tinha visto nem ouvido falar, quando
estavam conversando passou um menino ........... de aparência de ..... anos, e o
acusado falou que era aquele menino, perguntou ao menino se já tinha saido
com ......... pagado a ............. ele disse que já” (...) “que o senhor ...... perguntou se
a ............ pagou para sair com você o menino disse que sim;”

Por sua vez a Senhora ..........., vizinha do Acusado assim mencionou, as fls. .....:

“que o sabe informa que seu ........ foi um vizinho muito correto e que a ............
mentia muito inclusive foi a. declarante e sua filha quem escreveu as cartas
anônimas contando o comportamento da ............. e que ela pagava os meninos
para sair com ela; que O sobrinho da declarante contava que a ....... tinha esses
namorados e que ............ também falava e por isso que escreveu as cartas para
o seu ......., que era um homem muito respeitador.”

Mais elucidativo foi o depoimento da colega de classe da vítima que assim reportou, as
fls. .....:
“a declarante estudava junto com ........., na escola estadual ...................; que ...........
sempre dava em cima dos meninos que tinham namorada que ela sempre sentava em
cima da mesa com as pernas abertas e virada para os meninos; que deu muita
confusão porque as meninas queriam brigar com ela, muitas vezes ela xingava as
meninas; que .......... não copiava as tarefas direito muitas vezes a declarante copiava.
para ela; que conhece a letra de ............. porque copiava para ela; que sabe informar
que a letra escrita em verde das fls, ....., dos autos é da ..........; que ............ fa!tava
muito as aulas; que uma vez foi entregue para ..... um termo para entregar para. o pai
e ela jogou no lixo e que ....... entregou outro termo para ela; que sabe informar o
nome dos meninos que namoravam ......... era ........., .........., ........ e ...........; que
.........já recebeu R$ ...........para namorar com ele só sabe que eles namoravam atrás do
colégio, que .............disse que ia dar um celular para ..........; que ficou sabendo disso
através dele; que na hora do recreio a declarante voltava. primeiro e que as vezes
a ...............perdia uma aula;” (...) “que o ................ia para trás do muro na hora do
recreio e depois da aula quando o pai dela não ia busca-la; que foi o ..................que
disse a declarante que ela dava R$ .................., que ela perguntou para a declarante se
dava o dinheiro, disse que não porque o homem não presta, que os dinheiro era para
ele namorar com ela; que acha que o pagamento era só pro dia; não sabe como era o
namora sabe que namorava; que a ..............brigou com a declarante; que todas a as
professoras que viam .............e sentada na mesa mandava ela ter postura.”
Como pode ser observado, o acervo probatório constante dos depoimentos prestados em
juízo, são harmoniosos no sentido de que a suposta vítima, embora muito jovem, possui um
desenvolvimento psicológico e mental bastante desenvolvido par sua idade, e que era e é
plenamente capaz de simular situações inexistentes, fabricar mentiras para iludir os professores
e o pai, além de ser portadora de uma precocidade exagerada de motivação sexual;
demonstrando uma lubricidade, lascívia, e sensualismo incompatível com sua faixa etária. Tanto
é que teve o primeiro fluxo menstrual aos oito anos de idade.

Um ponto é incontroverso: geneticamente o filho gerado no útero da vítima, conforme


Laudo Técnico de Estudo de Vinculo Genético Através da Análise do DNA, nº ...........acostado as
fls. ............., foi proveniente da fecundação de um espermatozóide pertencente ao Acusado, ora
defendente.

A afirmativa acima exige que sejam formuladas as seguintes questões:

1ª - O fato do exame de DNA ter dado resultado positivo, por si só, constitui prova
absoluta de que houve relação sexual ou ato libidinoso, mesmo que seja inter femura, ou
existem outras maneiras (não ortodoxas) de ocorrer uma fecundação?
2ª - É somente através da atividade sexual entre pessoas de sexos opostos que pode
ocorrer a intromissão de espermatozóides no interior da vagina?

Em todas oportunidades em que foi ouvida, a vítima afirma que o Acusado, tentava
introduzir o pênis em sua “perereca”, do seguinte modo:

fls. .....- “...percebeu que seu pai estava tirando sua roupa e passou seu “ pinto” entre
suas coxas e depois tentou pô-lo em sua perereca” (...) “diz a declarante que, as
vezes chegava a doer quando ele punha seu pinto nela” (Grifei)

fls.........– “...ele terminava de ver televisão ia deitar mandava que tirasse a roupa e
colocava o pênis em sua vagina e fazia isto todo dia, (...) que ele colocava um pouco
do pênis em sua vagina...” (Grifei).

O presente caso é carregado de peculiaridades, que exigem redobrados cuidados no


momento último de julgar. Pois, conforme está amplamente provado nos autos, ao tomar
conhecimento de que sua filha apresentava sintomas de gravidez, o Acusado, tomou todas
providências e envidou com afinco para que todos meios de se apurar o fato, fossem tomados,
levando de imediato ao conhecimento do Conselho Tutelar (fls....), providenciando exames,
médicos, buscando orientação com o padre da igreja ............... (fls. ......), e, por fim livre e
espontaneamente aceitou que se realizasse o exame de DNA (fls....). Condutas que não coadunam
com aquelas, geralmente tomadas por quem quer fugir da ação da justiça ou se escusar de
eventual responsabilidade penal.

O Acusado é pessoa sem qualquer mácula judicial pretérita, nunca tendo sido processado
civil ou criminalmente (fls.......... dos autos .........), excelente pai de família, trabalhador e
detentor do respeito e admiração no meio social em que vive (fls. ............... dos autos ...........),
colaborou de forma livre e espontânea na coletas das provas judiciais, mantendo sempre este
Ilustrado Juízo informado de suas mudanças de endereço, fazendo, assim, jus, ao benefício de
apelar em liberdade no caso e eventual condenação.

DO DIREITO

Edita o Código Penal:

Estupro de vulnerável

Art. 217-A - Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

Consoante nossa melhor doutrina o ato libidinoso diverso da conjunção carnal, exigido
para tipificar o crime previsto no dispositivo ut retro, inclui todo tipo de ação atentatória ao
pudor, praticada com o propósito lascivo, sejam sucedâneos da conjunção carnal ou não. 1 A lei
exige sempre que haja o contato físico com o ofendido, pois, é imprescindível que ocorra ação
corpórea do agente sobre a pessoa da vítima.

Neste caso, e indispensável que a parte Acusadora, prove de forma inequívoca a ocorrência
de uma ação positivada num contato físico, material do Acusado com a vítima.

Na análise do termo legalmente empregado no neonato art. 217-A do Código Penal


Brasileiro, “praticar” pode-se afirmar que para a caracterização do ato libidinoso exige-se a
intervenção corpórea material do agente com a vítima, seja ativa ou passiva. 2 Sem a prova cabal
e incontroversa não se pode cogitar da ocorrência do delito.

No caso em apreço, como se verá adiante, a palavra da suposta vítima, se mostrou carente
de credibilidade, pelas inúmeras inverdades proferidas durante suas declarações prestadas em
juízo.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

No caso em apreço, as declarações da suposta vítima são, não merecem credibilidade, uma
vez que falseou a verdade acerca de fatos relevantes com o intuito de incriminar a pessoa do
acusado, pelo que devem ser analisadas com redobrada cautela.

Em conclusão, ficou demonstrado pelo conjunto de provas abalizadas nos autos que a
palavra da suposta vítima restou carregada de vícios, contradições e embustes, trazendo para os
autos palavras enganosas e pérfidas, sendo, pois insuficientes para alicerçar qualquer decreto
condenatório. Diz a Jurisprudência:

“Inexistindo outro elemento adverso de convicção, o antagonismo entre as versões da


vítima e do réu impõe-se a decretação do non liquet” (Ap. 182.367 – TACrimSP – Rel.
Valentim Silva).

“Sendo conflitante a prova e não se podendo dar prevalência a esta ou aquela, é


prudente a decisão que absolve o réu” (Ap. 29.889 – TACrimSP – Rel. Lauro Alves).

“Sentença Absolutória. Para a condenação do réu a prova há de ser plena e


convincente, ao passo que para absolvição basta a dúvida, consagrando-se o
princípio “in dúbio pro réo”, contido no art. 386, VI do CPP” (JTACcrim, 72/26 – Rel.
Álvar Cury).

A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso que:


“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas
um juízo de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. Mesmo a íntima
convicção do Juiz - pondera Sabatini -, como sentimento da certeza, sem o concurso
de dados objetivos de justificação - , não é verdadeira e própria certeza...”; “no lugar
da certeza, em espécie tal, tem-se a simples crença.’’ “Dessa forma, uma condenação
somente terá lugar quando o exame sereno da prova conduza à exclusão de todo
motivo sério para duvidar.” (in – “Jurisprudência Criminal, Borsoi, 1973, vol. II, pág.
389)

Deste modo a palavra da vítima deixou de possuir aquela credibilidade, sustentada pela
jurisprudência dominante, vez que está contaminada pela inverossimilhança, razão pelas qual
impõe-se a decretação do non liquet, com a conseqüência absolvição do réu nos termos do art.
386, VII, do Código de Processo Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei 11.690/2008. 3

Outro fator que não tem caráter de absoluto é o fato do resultado do exame de DNA ter
apontado afirmativamente para a paternidade do Acusado, vez que não ficou provado nos autos
que o mesmo tenha praticado os atos articulados pela suposta vítima.

Deste modo, existem multifárias maneiras de anfigaminação ou fertilização da mulher sem


que ocorra a relação sexual ou a prática de atos libidinosos com um parceiro do sexo oposto, não
podendo presumir de forma absoluta, a existência das referidas condutas, pelo fato do exame de
DNA ter dado resultado positivo.

O Acusado é pessoa sem qualquer mácula judicial pretérita, nunca tendo sido processado
civil ou criminalmente (fls........ dos autos ...........), excelente pai de família, trabalhador e
detentor do respeito e admiração no meio social em que vive (fls. ............... dos autos ..........),
colaborou de forma livre e espontânea na coletas das provas judiciais, mantendo sempre este
Ilustrado Juízo informado de suas mudanças de endereço, fazendo, assim, jus, ao benefício de
apelar em liberdade no caso e eventual condenação.

Conforme a ilustres Representante de Ministério Público ressalta em seu parecer de fls......,


dos autos ..............., “...Sobressai ainda que o réu é pessoa radicada nesta comarca, aqui possui
família, casa e ocupação lícita, sendo proprietário de um supermercado” (...) “Ademais, ainda que
considerado hediondo, não subsistindo os motivos para a manutenção da prisão, esta deve ser
revogada.”

Realidade esta que foi sufragada por vossa Excelência na decisão que concedeu a liberdade
provisória as fls. 30, da seguinte maneira: “De primo, registro que estão ausentes os pressupostos
para a prisão preventiva e os fundamentos que a autorizam,... ” (...) “É notório que os motivos
ensejadores da custódia preventiva não mais subsistem, tendo em vista que quase toda a
instrução já fora concretizada, ou seja, as testemunhas arroladas foram todas inquiridas, já foram
coletados os materiais para a realização dos exames requeridos, portanto, demonstra-se
desnecessária a manutenção do acusado no cárcere até o julgamento.”

É neste mesmo sentido que se posicionam nossos mais elevados Tribunal Pátrio, consoante
os seguintes arestos:

“PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – ART. 10, CAPUT, DA LEI Nº 9.437/97


– DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE – ART. 594 DO CPP – FALTA DE
DEMONSTRAÇÃO DAS HIPÓTESES DO ART. 312 DO CPP – O direito do réu de
apelar em liberdade, assegurado pelo art. 594 do CPP, não lhe pode ser denegado, se
permaneceu solto durante a instrução criminal e não evidenciadas qualquer das
hipóteses previstas no art. 312 do CPP, quando da prolação da r. Sentença
condenatória. (Precedentes). Writ concedido.” (STJ – HC 32000 – SP – 5ª T. – Rel.
Min. Felix Fischer – DJU 31.05.2004 – p. 00336)

“PROCESSUAL PENAL – RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS – ART. 121,


§ 2º, INCISO IV, DO CÓDIGO PENAL – DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE –
ART. 594 DO CPP – FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DAS HIPÓTESES DO ART. 312
DO CPP – CRIME CLASSIFICADO COMO HEDIONDO – I - O direito do réu de apelar
em liberdade, assegurado pelo art. 594 do CPP, não lhe pode ser denegado, se
permaneceu solto durante a instrução criminal e não evidenciadas qualquer das
hipóteses previstas no art. 312 do CPP, quando da prolação da r. Sentença
condenatória. (Precedentes). II - Ainda que se trate de condenação por crime
classificado como hediondo, a negativa do direito de apelar em liberdade exige
motivação concretamente vinculada, não sendo por si só suficiente a mera alegação
genérica de que se trata de delito equiparado a hediondo. Recurso provido.” (STJ –
RHC 15729 – SP – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 31.05.2004 – p. 00329)
JCP.121 JCP.121.2.IV JCPP.594 JCPP.312)”

Assim sendo, não havendo qualquer alteração no panorama processual, em havendo


condenação, protesta o Acusado pela concessão do benefício de exercitar seu direito de recurso
em liberdade.

EX POSITIS,

Requere a juntada aos autos da inclusa documentação, espera o Acusado, ora


defendente, sejam as presentes alegações defensivas recebidas, vez que próprias, e, tempestivas,
por tudo o mais que dos autos conste, julgado improcedente a denúncia, nos termos da legislação
retro apontada, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume, editando decisório
compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos
Pede deferimento.

Local, data

________________
OAB
Alegações Finais - Exploração Sexual de Menor - Site Pornográfico

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CRIMINAL DE .........

PROTOCOLO ..............
Alegações Finais Por Memorial
Acusado:

.................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do artigo 403, do CPP,
com a redação inovadora da Lei 11.719/2008, apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS

A exordial acusatória de fls. ......, imputa ao Acusado, a prática do ilícito penal previsto no
art 244-A E 244-b, do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, com a nova redação
dada pela Lei 12.015 de 07 de agosto de 2009.

A Acusação Oficial se propôs provar durante o persecutio criminis in juditio , que o


Acusado, explorava sexualmente adolescentes, nos seguintes termos.

“Consta dos autos do Inquérito Policial que o denunciado estava agenciando as


adolescentes .........., de ..... anos de idade, ............., de ........ anos de idade, ..............,
de ....... anos de idade, ................., de ........ anos de idade à época dos fatos, bem
como outros adolescentes, para a realização de “programas” submetendo-os à
exploração sexual e à prostituição.
Consta do caderno inquisitorial que o denunciado mantinha um site, intitulado
“...............” onde oferecia o serviço de acompanhantes cujo telefone para contato era
o mesmo do cartão do .............. da propriedade do denunciado.
E que o denunciado oferecia, em anúncios de jornais, empregos para acompanhantes
mediante salário de ......... reais por semana.

Consta também que o denunciado agenciava os adolescentes, conseguindo


programas para os mesmos, que em contrapartida deveriam pagar a quantia de
R$ ..... (.........) reais mensais para aquele.. (Fls. .....).

As testemunhas ouvidas em juízo de forma uníssona negam peremptoriamente que os fatos


narrados na exordial acusatória tenham ocorrido.

........................
Fls......:

“Que sua filha está grávida de ...... meses; que sabe informar que acusado ...... tinha
um “site” na internet, sendo que, o nome desse “site” www.........com; esclarecendo
que a foto de sua filha não está ali por ser menor, mas há fotos de outras moças; que
os jornais de ........... havia o anúncio do “..................”, localizado na rua primeiro de
maio; que a promessa era de que as moças receberiam R$ ...... (............ Reais) por
semana; que não sabe informar se o acusado receberia alguma coisa” (Grifei)

...............................

Fls. ......

“ Que, retifica o trecho do seu depoimento no sentido de que quem a chamou para ir
ate ......... foi a ........., juntamente com outras pessoas e não com o acusado( que,
conhece ....... sabendo que ela fazia programas, esclarecendo que ela e quem passou o
telefone da depoente para as pessoas com quem fez programas; que, quando o
acusado soube que a depoente era menor de idade disse que não a colocaria no site
porque neste (site) não havia nenhuma menina menor ;(...) que, em relação aos
programas feitos pela depoente não passou dinheiro para ninguém que a depoente é
civilmente emancipada há uns ....... meses pelos seus pais; que foram as meninas que
disseram que os R$ ..... eram destinados a participar do site e não para passar para o
acusado; que não foi pressionada e nem sofreu constrangimento para participar dessa
atividade”.

(Grifei).

Pelo que apurou no bojo dos autos, principalmente pela prova testemunhal, o acusado em
nenhum momento explorou sexualmente as pessoas nominadas como vítimas na vestibular
acusatória.
DO DIREITO
“Na atualidade depois de 15 anos, já começa a ser problemático saber quem seduz
quem.”
(LUIZA NAGIB ELUF, promotora de justiça, Secretária Nacional dos Direitos da Cidadania do Ministério
da Justiça, Líder Feminista)

O Órgão de Acusação Oficial postula no presente feito a condenação do Acusado, ora


defendente, nas penas do art. 244-A, da Lei 8.069/90, do ECA. que assim preconiza:

“Art. 244-A - Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do


artigo 2° desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:

Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.

“Art. 244 Art. 244-B - Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito)


anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

(Artigo 244-B acrescentado pela Lei nº 12.015, de 07.08.2009 - DOU 10.08.2009)

O supracitado dispositivo legal foi inserido em nosso ordenamento jurídico pela Lei nº
9.975, de .............e Lei 12.015 de 07.08.2009, que alterou o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) para efeito de acrescentar, na tipologia dos delitos contra menores, uma nova
figura criminosa: a submissão de criança ou de adolescente à prostituição ou à exploração sexual
e a corrupção de menores, que situava no art. 218 do Código Penal.

A preocupação, do legislador, de sempre criminalizar, sem levar na devida conta o correto


modus operandi de composição típica, fez-se também presente na nova figura constante do
Estatuto da Criança e do Adolescente. Observa-se que o núcleo do tipo é representado pelo
vocábulo submeter que pode ser decomposto no prefixo sub, que quer dizer sob, embaixo de, por
baixo de e o verbo meter de forma a construir a idéia global do colocar alguém sob, isto é, numa
relação indicativa de subordinação ou de inferioridade.

O verbo submeter, de acordo com os mais autorizados dicionaristas brasileiros significa


meter ou pôr debaixo de sujeitar, dominar, subjugar, reduzir à dependência, subordinar alguém a
alguma ação1 . Submeter faz, portanto, pressupor, a existência de uma conduta, que, através do
emprego de mecanismos de pressão - que não se confundem com o induzimento, a facilitação, o
aliciamento ou o agenciamento - conduz à subordinação de criança ou de adolescente à
prostituição ou à exploração sexual2.

Nesse caso, será necessário sempre que haja uma relação dominadora/dominado entre o
agente e a vítima e, portanto, a existência de um vínculo explícito de submissão do menor. É
exato que, no “Dicionário Houaiss”, se aventa também como outro significado do verbo submeter
o “fazer (alguém ou algo) de alvo de alguma ação” o que poderia, à primeira vista, abrigar, na área
de significado desse verbo, a idéia de que estaria incriminada toda conduta que tornasse a
criança ou o adolescente alvo da ação de prostituição ou de exploração sexual. Mas essa
interpretação por demais abrangente do verbo submeter poderia resultar no enquadramento
típico não apenas de quem se utilizou de mecanismos de pressão contra o menor, mas também
de quem induziu, atraiu, agenciou, favoreceu ou aliciou, enfim, de quem, por qualquer outro
modo de execução, levou o menor à prostituição ou à exploração sexual. Não obstante entenda
que fazer alguém de alvo, de mira, de uma ação qualquer indica que a pessoa alvejada ou mirada
está numa posição de subordinação ou de inferioridade, força é convir que se a pretensão do
legislador fosse efetivamente a de dar amplitude máxima no processo de criminalização, sua
opção não deveria ser, com exclusividade, o verbo submeter, mas sim a composição de um tipo
misto alternativo no qual as diversas formas de manifestação da conduta criminosa pudessem ser
configuradas, tornando-se fungíveis3.

Consoante a lição da socióloga Heleieth Saffioti 4, na excelente obra “Crianças Vitimizadas –


Síndrome do Pequeno Poder”, a exploração, qualquer que seja a acepção que a ele se atribua ,
implica, necessariamente, o conceito de dominação . Passando-se para o plano dos fenômenos,
para que alguém possa explorar outrem, seja economicamente, seja para seu próprio prazer, é
preciso que exerça domínio sobre o outro. Fora deste contexto não se pode falar em exploração
sexual.

É um axioma que não se pode contestar, pois seria incoerente alegar que o Acusado estaria
explorando sexualmente a referidas adolescentes, sem exercer qualquer tipo de domínio sobre
elas. O que os autos dão conta é que o tipo de relacionamento que eventualmente poderiam ter
numa suposta ligação com o Réu, obviamente não era, aquele que elas desfrutavam com um
número indeterminado de homens, mercantilizando seus corpos, sem qualquer interferência,
conhecimento ou auferimento de lucro ou outra espécie vantagem em favor do réu.

A ausência de qualquer espécie de dominação por parte do réu se depreende das próprias
versões apresentadas pelas supostas vítimas e testemunhas ouvidas em juízo, onde aquelas
afirmaram que se entregavam livres, espontânea e desembaraçadamente, aos instintos lúbricos e
lascivos, pois, já eram dissolutas, experientes na arte do Kama Sutra, sem que houvesse qualquer
espécie submissão, pressão psicológica, coação moral ou física. 5

Por outro prisma, se se inclinar à concepção de que a conduta típica em comento, por
interpretação extensiva, representa forma equiparada aos delitos previstos no capítulo destinado
ao “lenocínio” do Código Penal, (ar. 227 ao 231), ou seja, que o agente exerça uma ação
parasitária sobre a prostituição alheia, ensejaria a absolvição do Acusado, haja vista que, não há
em todo processo nenhuma prova jurisdicionalizada, de que tenha induzido alguém a satisfazer
a lasciva de outrem; atraído para a prostituição ou tentado impedir seu abandono, assim como
jamais manteve casa de tolerância ou tirado proveito econômico da prostituição de outrem.

Não se compreende que se possa dar esse nível de amplitude e porosidade ao verbo
submeter a não ser que se queira, intencionalmente, lesar o princípio constitucional da
legalidade, de capital importância em nível penal. Exercer a missão salvífica de preservar um
tipo que o legislador penal não soube estruturar de forma correta não se inclui entre as tarefas de
um intérprete ou de um julgador.

No campo penal, não há espaços vazios que possam ser ocupados por meio de uma
interpretação de extensão máxima ou analógica. É evidente, assim, que o legislador penal falhou
uma vez mais - como de hábito - na construção típica na medida em que omitiu condutas
criminalizáveis e deixou de expressar os meios ou os modos de execução, através dos quais a
criança e o adolescente pudessem ser submetidos à prostituição ou à exploração sexual. Para a
correção dessa situação, é obrigação do legislador - e não, do intérprete ou do julgador -
reformular o tipo para atribuir-lhe um raio maior de abrangência 6.

S.m.j. nesta ótica não há outra conclusão senão aquela em que a conduta assumida pelo
Réu, é penalmente irrelevante, ou seja, carente de tipicidade.

Na lição do festejado doutrinador em voga Luiz Flávio Gomes, que a tipicidade necessária à
caracterização do fato típico se biparte em formal e material. Tipicidade formal é justamente a
adequação da conduta do agente ao modelo abstrato (tipo) previsto na lei penal. Entende-se por
tipicidade material aquele critério de adequação da conduta do agente a um tipo penal
incriminador. Se interrompida aqui a definição do conceito de tipicidade material, nada
diferente da tipicidade formal. No entanto, além da necessidade de existir um modelo abstrato
que preveja com perfeição a conduta praticada pelo agente, é preciso que, para que ocorra essa
adequação, seja levada em consideração a relevância do bem que está sendo objeto de proteção,
mais ainda, que a conduta implemente ou incremente um risco socialmente proibido.

Segundo CLAUS ROXIN: “só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos
de outras pessoas e que não seja simplesmente pecaminoso ou imoral. À conduta puramente
interna, puramente individual - seja pecaminosa, imoral, escandalosa ou diferente, falta a
lesividade que pode legitimar a intervenção penal”.

Os foros superiores possuem decisões ainda apoucadas e tímidas acerca neste assunto,
porém, em um caso com certa semelhança, assim decidiu o Tribunal de Justiça do Estado do
Mato Grosso do Sul:

“APELAÇÃO CRIMINAL – CASA DE PROSTITUIÇÃO E SUBMISSÃO DE


ADOLESCENTE À PROSTITUIÇÃO OU EXPLORAÇÃO SEXUAL – RECURSO
PROVIDO – O fato de a boate ser freqüentada por garotas de programa não
caracteriza o crime de prostituição, para tanto há necessidade de prova de obtenção
de vantagem com a prática desta. A conduta de submeter adolescente à prostituição
exige o uso desta com fins de aferição de lucro, sem o que inexiste a conduta típica 7.”
(Grifei)
Pela análise sistemática do conjunto probatório, verifica-se que não há nenhum indício de
que o Acusado permitisse anúncio em seu site de pessoas que estivessem dentro da esfera de
proteção legal, qual seja: menores de dezoito anos. Nem tampouco que obtivesse lucro financeiro
ou de outra ordem, com a prostituição alheia.

Neste aspecto imperioso a ilação de que a não houve adequação da conduta atribuída ao
Réu ao tipo penal incriminador sugerido na exordial acusatória, pelo sua absolvição se impõe
nos termos do art. 386 e seus incisos, do Código de Processo Penal Brasileiro.

Ressalte-se, por fim, que consoante a unanimidade das provas coligidas no presente feito,
ser o Acusado, pessoa, de excelentes antecedentes, além do que tecnicamente primário, espera
que se faça justiça decretando-se sua absolvição da imputação contida no caderno processual.

EX POSITIS,

espera o Acusado, ora defendente, sejam as presentes alegações finais de defesa recebidas,
vez que próprias, e, tempestivas, por tudo o mais que dos autos consta, julgando improcedente a
denúncia, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume, editando decisório
compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.
Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

____________________

OAB
Alegação Final por Memorial – Homicídio – Pedido de
Desclassificação Para Lesão Corporal

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ..................... .

“Um momento da conduta humana


não revela o conhecimento de um homem.”

Protocolo ...............................
Alegações Finais Por Memorial

....................................., já qualificado, nos autos da carta precatória, em epígrafe, oriunda


da comarca de ................., via de seu advogado e defensor in fine assinado, permissa máxima
vênia, vem perante conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, nos
termos do art. 384 c/c 411, do Código de Processo Penal com redação dada pela Lei nº 11.719, de
20.06.2008 apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

Conforme restou demonstrado de forma plena, cabal e incontroversa, pela prova coligida
durante o judicium acusationnes, o Acusado não agiu com animus necandi, que constitui o
elemento subjetivo do tipo incrustado no art. 121, do CPB.

Consta dos autos, pela unanimidade dos depoimentos prestados em juízo, que após desferir
o disparo que feriu a vítima, o Acusado tomou todas as providências para salvar-lhe a vida,
conduzindo-a, espontaneamente, ao hospital onde foi atendida e preservado sua vida.

DO DIREITO

Ensina o festejado Evandro Lins e Silva, que muitos advogados abstêm-se de apresentar
alegações finais nos processos de competência do Tribunal do Júri. Outros as fazem bem
sucintas, apenas para tornar efetiva sua presença nos autos. Casos há, porém, em que se deve
lutar até pela absolvição sumária ou impronúncia, e, nesses casos as alegações devem ser bem
deduzidas e fundamentadas.
Sabe-se que a decisão intermediária da pronúncia, não comporta análise aprofundada de
mérito, vez que constitui ato processual de caráter meramente formal e não substancial, possui
feição de despacho interlocutório por não se revestir de força de decisão terminativa,
proclamando, assim, simples admissibilidade da acusação uma vez provada a materialidade do
fato e indícios de sua autoria.

Neste sentido é o magistério do ilustre processualista José Frederico Marques, que assim
leciona:

“A pronúncia é sentença de conteúdo declaratório, em que o juiz proclama


admissível a acusação para que esta seja decida no plenário do júri” 1

No mesmo diapasão, é a advertência de Adriano Marrey, quando ensina:


“na fundamentação da sentença de pronúncia deve o juiz usar de prudência,
evitando manifestação própria quanto ao mérito da acusação. Cumpre-lhe abster-se
de refutar , a qualquer pretexto, as teses de defesa, contra-argumentando com dados
do processo, nem mesmo para acolher circunstâncias elementares do crime.

Devem ser abolidas expressões como: “o réu é culpado”, “O réu agiu em legítima
defesa”, “O réu agiu com torpeza...”, “O réu provocou a vítima...”, “O réu confessou
plenamente o delito, tanto na polícia quanto em juízo...”, e outras que conduzem a
prejulgamento, em prejuízo da defesa em plenário.” 2

Reside, pois, esta preocupação doutrinária, justamente, na garantia e preservação da


soberania dos veredictos emanados do Tribunal do Júri, como Juízo Constitucional, para a
apreciação e julgamento dos crimes dolosos contra a vida, bem como, que lhe seja assegurada a
proteção contra a ação de qualquer espécie de influência em seus veredictos, sejam absolutórios
ou condenatórios.

Entende a defesa do Acusado, que nos presentes autos não deve silenciar e omitir, mas
em articulações sucintas, colocar a imputação tipológica, sugerida pela Acusação, dentro de seu
justo e razoável limite, para que, casos como este não ultrapassem a presente fase processual.

Ora, se para aperfeiçoar a tentativa de homicídio o resultado morte, não ocorre por
circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II do CPB), e, no caso em apreço o próprio
agente motu próprio procurou evitar este evento, não há que se falar em crime doloso contra a
vida.

Esta realidade processual está delineada nos autos estreme de dúvidas, de forma cristalina
e incontroversa.

Ante o exórdio já delineado, necessário e imperioso se torna esclarecer que a capitulação


pleiteada pelo Órgão Ministerial, não coaduna com a realidade dos fatos, e constitui uma
anomalia jurídica ao invocar a existência do dolo específico, qual seja o desejo da obtenção do
evento morte, por parte do acusado. Logo a desclassificação para outro delito fora da esfera da
competência do Júri, se impõe como medida de inteira justiça.
Na presente fase processual, quando a prova contida judicium accusationis, se apresenta
estreme de dúvida, no sentido de ter o acusado agido sem animus necandi, seria uma
incoerência, deixar o processo se arrastar até o dispendioso e complexo julgamento pelo júri,
tornando-se, como no caso em apreço, necessário e imperioso protestar por uma decisão de
impronúncia, como impõe o comando normativo contido no artigo 414, do CPP com redação
dada pela Lei nº 11.689, de 09.06.2008., tanto por uma questão de economia processual quanto
pelas próprias diretrizes que inspiram a justiça.

EX POSITIS,

espera o Acusado ............................. , ora defendente, sejam as presentes alegações


recebidas, vez que próprias e tempestivas, decretando sua desclassificação para o delito previsto
no art. 129 do Código Penal, nos termos do dispositivo ut retro citado, pois desta forma, Vossa
Excelência, estará editando decisão compatível com os mais elevados ditames do da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

_________________
OAB
Memorial Defensório – Tráfico de Drogas – Pedido de Absolvição
Pelo MP

EXMO. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ..........................

Protocolo .................

Código TJ..... – .... – Alegações Finais

.................................., já qualificado, nos autos da ação penal em epígrafe, via de seu


advogado e defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, em atendimento ao r. despacho de fls. tempestivamente, no prazo
decendial, nos termos do art. 57 da Lei 11.343/06, apresentar

MEMORIAL DEFENSÓRIO

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

A exordial acusatória imputou ao acusado, a prática do ilícito penal incrustado na norma


proibitiva do caput do artigo 33, da Lei 11.343/2006, descrevendo o seguinte fato sob a alegação
de ter realizado a seguintes conduta, fls. .......:

“Exsurge dos elementos de convicção emanados do incluso Inquérito Policial que no


final do mês de ..... e início do mês de ......, no interior da cela ... do ....., na Cadeia
Pública de ........., a denunciado ........ de forma livre e consciente, em desacordo com
determinação legal, forneceu para o denunciado ..... a substância entorpecente
“Cannabis Sativa Lineu”, vulgarmente conhecida por maconha...” (Fls. ....) (...)
“enquanto ....... namorava a mãe desta última, a denunciada .......... Destarte
aproveitando-se das ligações externas que possuíam, os denunciados que estavam
presos ajustaram com ......., ......... e ........ a formação de um vínculo associativo..com
o fim de traficar substância entorpecente...(fls. ....)”
Realizada a audiência de instrução e julgamento nada foi apurado em desfavor da pessoa
do Acusado ....., tanto que a Ilustre Representante do Ministério Público, em suas derradeiras
alegações, pugnou pela absolvição do mesmo, por faltar provas de participação na eventual
traficância de entorpecente descrita na denúncia.

Razão assiste ao Órgão de Acusação Oficial.

DO DIREITO

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública. Sobre esse desiderato, o mestre Nïcola Dei Framaríno Malatesta defendia o
seguinte: “voltando ao que dizíamos, e concluindo, a inocência se presume; e por isso no juízo
penal a obrigação da prova cabe à acusação. A presunção da inocência, pois, quando determina
a obrigação da prova no juízo penal, não é senão uma dedução daquele principio ontológico que
afirmamos ser o princípio supremo para o ônus da prova” 1

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova dos fatos alegados na denúncia,
e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, tanto que ao elaborar suas alegações
finais, a Ilustre Promotora de Justiça, pediu a absolvição do Acusado ..........., dando um exemplo
a seus pares de desprendimento, de imparcialidade e insuperável senso de justiça, além de
demonstrar que realmente neste processo está exercendo em toda inteireza sua função de custus
legis.

Sendo, pois, a prova, insuficiente para lastrear decreto condenatório a absolvição se impõe,
como tem entendido o nosso Egrégio Tribunal de Justiça, conforme ementa que segue:

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para embasar


um juízo condenatório impõe-se , de pronto, a manutenção da sentença que absolveu
o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” (Ap. Crim. 15046-9/213, TJ-G0, 2a
Cam. Crim. Rel Des. Pedro Soares Correia, DJ n° 12099 de 06/07/95, pág. 12).

Consoante o insuperável magistério do ilustre jurisconsulto peninsular CARRARA,

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Deste modo, a defesa do Acusado .... está de pleno acordo com a Acusação no sentido de
ser-lhe decretada a absolvição nos termos do art. 386 do CPP,.

EX POSITIS,
espera o Acusado, ................., seja o presente memorial recebido, vez que próprio e
tempestivo, final julgando improcedente a denúncia em todos seus termos, e, por via de
conseqüência, decretando-se sua absolvição, nos termos dos incisos IV e VI, do art. 386 do
Código de Processo Penal, pois desta forma Vossa Excelência, estará restabelecendo o império da
Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

Local, data

_______________________

OAB
Contra Razões de Apelação – Acusado Absolvido nos crimes de
estupro e Exploração Sexual de Menor

CONTRA RAZÕES DE APELAÇÃO

PROTOCOLO Nº ................
Apelante: Ministério Público
Apelado : ...........................

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara.

Insurgiu o órgão do Ministério Público, através de sua ilustre representante, contra o


sentença mista da lavra da juíza da .... Vara Criminal de ..........., nos autos em epígrafe, pugnando
pela reforma do decisium para cassar a absolvição referente aos crimes do art. 217-A do Código
Penal, 244-A e 244B do Estatuto da Criança e do Adolescente, com as novas redações dadas pela
Lei 12.015 de 07.08.2009, com relação a suposta vítima .......... e ............, bem como seja
decretada a perda do cargo de ....................
O Recurso é próprio e foi manejado dentro do prazo legal devendo pois ser conhecido,
porém, por falta de suporte fático, jurídico e legal deve ser improvido em todos seus termos.

SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público intentou a presente ação penal em desfavor do Acusado, imputando-


lhe a prática dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 217-A, do Código Penal,
com a redação inovada pela Lei 12.015 de 07.08.2009, artigos 241 “ caput” (vítimas ..........; ...........
e ..........), ainda, 244-A e 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, também reformados
pela supracitada Lei, se propondo em provar em juízo os seguintes fatos, conforme a denúncia de
fls ........:

Durante a instrução criminal, discorrida sob o pálio do contraditório, a suposta


vítima ..................., de forma clara, segura e irrepreensível retratou suas declarações prestadas
perante a autoridade policial, assim se reportou:

Fls. ......

“as fotos de folhas ............. são da declarante e tinha treze anos de idade quando
estas fotos foram tiradas, no apartamento do acusado, quando este saiu para comprar
refrigerante; quem tirou as fotos foi uma amiga da declarante chamada .........,
apelidada de ..........; só tirou essas fotos; só viu as fotos nesta data; mentiu na
delegacia quando disse que o denunciado a obrigou a tirar as fotos e fez isso porque
teve medo do pai que estava do lado de fora; não manteve relação sexual com o
denunciado e fez essa declaração porque havia perdido a virgindade com o
namorado chamado ............; esse namoro foi depois da ida ao apartamento do
denunciado e pensou que ninguém ia saber quando tinha perdido a virgindade;
namorou ......... por ...... meses; tinha uns ........ meses de namoro com .......... quando
perdeu a virgindade.” (Grifei)

Fls. ..........

“(...) mudou suas declarações nesta data, hoje, porque ficou arrependida de ter
mentido e por causa disso uma pessoa vai ficar na cadeia...”
Por outro lado, a mãe de ............, ao ser interrogada em juízo, nada de acréscimo trouxe
para os autos limitando-se a afirmar que “ supõe” que o Acusado tivesse mantido relação sexual
com a referida adolescente:

Fls. ....
“ ...não sabe denunciado manteve relação sexual com ......; supõe que sim pois ela
chorou muito quando fala no assunto...”

A retratação apresentada pela suposta vítima ..........., é amplamente confirmada pela


testemunha .................., quando em juízo foi categórica em afirmar que o Acusado nunca teve
qualquer relacionamento íntimo com a mesma. Eis sua fala:

Fls. 719
“............ tem o apelido de ........... e uma vez no ............. a depoente ouviu ela
comentar que tinha ido ao apartamento do denunciado mas não tinha nenhum
envolvimento com ele; nesta oportunidade ela contou que havia tido a primeira
relação sexual com o namorado dela, ........., e isso foi antes de conhecer o
denunciado; ela contou ainda que havia jogado a responsabilidade sobre o acusado,
pela perda da virgindade, com medo do pai dela;”

A suposta ameaça sofrida por ............... reportada durante seu depoimento perante a
autoridade policial, e retratada em juízo, foi também desmentida pela adolescente ..........., por
ocasião de seu depoimento de fls........., quando de forma livre e consciente assim se pronunciou:

“o acusado nunca ameaçou nem pressionou a declarante e amigas a ficar no


apartamento; ele buscava e depois deixava no mesmo lugar; o acusado não oferecia
bebida alcóolica a declarante pegava porque queria;” (grifei).
Assim sendo, a Sentença recorrida não merece ser reformada pela absolvição decretada
com relação a suposta infração do delito de estupro de vulnerável (art. 217-A, CPB), contra a
pessoa de .........., assim como, também, obrou com correção ao absolver o Apelado de imputação
contida no art. 244-A e 244-B, do ECA, todos inovados pela Lei 12.015 de 07.08.2009.

O enunciado nas razões do Ministério Público de fls......... de que as supostas as vítimas


possuíam “.. desenvolvimento mental e moral incompleto, não foi permitido às vítimas entender
a extensão da gravidade de seus atos, de forma que se mostravam em débil alegria nas
fotografias tiradas pelo réu” , é até risível, para não dizer burlesco, diante do descompasso da
elucubração com a realidade social atual, pois, o que se verificou durante o processo foi que,
embora de tenra idade as supostas vítimas, demonstraram um conhecimento na arte da
libertinagem e da safadeza, além do domínio pleno das habilidades próprias das mais
experientes odaliscas, vulgívagas e messalinas que vivem nos lupanares.

O Acusado é filho de ............., tendo desempenhado relevantes serviços à comunidade nos


cargos e funções que ocupou, como ..............., vereador por duas gestões, assessor de vários
prefeitos, além de figurar na direção de inúmeras entidades culturais, filantrópicas, assistenciais,
sociais, esportivas e maçônicas, possui família regularmente constituída e é radicado na cidade
desde o nascimento, onde permanecerá após provar sua inocência no transcorrer do processo de
conhecimento.

DO DIREITO

O Órgão de Acusação Oficial recorreu da sentença da lavra da Juíza de primeiro grau,


postulando a cassação das absolvições e que fosse majorada a reprimenda aplicando-se o inciso
III do art. 226 do Código Penal, além da perda do cargo de Delegado de Polícia por força do art.
92 do mesmo Estatuto.

A princípio fica superada a pretensão da aplicação da causa majorante do inc. III, do art.
226 do Código Penal, dispositivo este revogado pelo art. 5º da Lei 11.106 de 28/04/05.

Em segundo lugar, configura-se despropositada a reivindicação da inclusão da perda do


cargo de ......................., nos efeitos da condenação, eis que o agravamento da pena é ilegal, pois,
aposentado, já não exercia cargo público ao tempo dos fatos, assim como os fatos a ele atribuídos
sem nenhuma conotação com a função pública que exercia, quando na ativa.

É preciso ver, a propósito, que é a ocupação de cargo público e o exercício eficiente de suas
funções o fundamento da aplicação do dispositivo em comento, de tal modo que esta, subsiste
ligada intrinsecamente ao cargo, perde sua legitimidade se o funcionário inativo pela concessão
de aposentadoria obtida muito antes dos fatos.

Neste sentido obtempera o insigne MIRABETE, que dando relevância ao desvalor da


conduta praticada nas atribuições que são próprias do agente público, não se aplica o
dispositivo ao funcionário que agiu na qualidade de particular, fora de suas funções 1. (Grifei).

De igual modo é o entendimento esposado pela jurisprudência dominante, de que a perda


de função pública aplica-se nos crimes funcionais próprios e impróprios, previstos nos arts.
312/326 do Código Penal, como nos demais delitos em ocorreu o abuso de poder ou violação de
dever, mas não se o sujeito praticou o fato na qualidade particular 2.

Assim sendo, a pretensão da plêiade ministerial que autografou as razões de fls............,


representa nada mais que manifestação ostensiva da prepotência, do arbítrio e da parcialidade,
configurando indisfarçável abuso e excesso de acusação, incompatíveis com a sublime função
institucional de zelar pelo efetivo respeito dos direitos e garantias constitucionais de todo
cidadão brasileiro.

Por outro lado a sentença recorrida deve ser mantida no que se refere as absolvições
atacadas pelo presente recurso, vez que foram decretadas com embasamento na prova coligida
sob o manto do contraditório.
EX POSITIS,

espera o Apelado, ........................, ora defendente, sejam as presentes contra razões


recebidas, vez que tempestivas e próprias, para final julgar improcedente a o presente recurso,
decretada sua absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma Vossas
Excelências estarão editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei,
do Direito de Excelsa JUSTIÇA.

Local e data.

__________________
OAB
Pedido de Desaforamento do Júri

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO ESTADO ..........

(Prevenção Recurso em Sentido Estrito nº .................)

DESAFORAMENTO COM PEDIDO DE LIMINAR

Eminente Relator

Colenda Câmara.

...................................., brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), respectivamente, residentes na


cidade de ............., atualmente presos na Cadeia Pública Municipal daquela urbe, via de seu
advogado in fine assinado (m.j.), vem com acatamento e respeito devidos, com fulcro no artigo
427 do Código de Processo Penal, combinado com o artigo 321 e seguintes do Regimento Interno
deste Egrégio Tribunal, requerer seja DESAFORADO o julgamento pelo Tribunal do Júri, da
comarca de ........., onde se encontram pronunciados (doc...) como supostamente incursos nas
sanções do artigo 121, § 2º, I, III e IV, do Código Penal, para outra comarca onde não subsistam
os motivos que determinaram o pleito e seu deferimento, qual seja a fundada suspeita quanto a
imparcialidade dos jurados, e exigência de ordem pública , para que não haja perda irreparável
de objeto, concessão initio litis, impeditiva da realização de qualquer de julgamento do Júri, pois
já foi designado o dia ...................., segundo ata de audiência em apenso (doc...), para que seu
pedido mereça deferimento expõe as razões que o autorizam e fundamentam:

SÍNTESE DOS FATOS

1Os Requerentes, como dito, foram pronunciados como supostamente incursos nas
sanções do artigo 121, § 2º, I, III e IV, do Código Penal, na forma de participação e autoria
mediata do crime que vitimou a esposa do primeiro, fato que causou um grande clamor público
na sociedade anapolina, e mereceu um efusivo destaque na mídia regional, tendo, inclusive, já
ter sido gravado reportagem para o programa ......................, que poderá vir ao ar a qualquer
momento, vez que os Acusados ................. e .................... se encontram foragidos.

2Durante o feito, exercitou recurso voluntário contra as disposições da pronúncia o qual


foi improvido, e requereu o desaforamento do julgamento, desistindo de seu prosseguimento
pois naquela época os ânimos dos familiares da vítima e a imprensa estavam amenos, porém, o
objeto do presente pedido se assente numa a realidade atual completamente diversa.

3Após, a colocação do julgamento, na pauta do Tribunal do Júri para o dia ............... do


corrente ano, tanto a imprensa local quanto os familiares da vítima açodaram suas campanhas
perante a população de ................., no sentido de obter a condenação do Requerente a todo custo
tomando medidas tendentes e influenciar negativamente a opinião dos jurados.
4Os familiares da vítima realizam várias passeatas, pelas ruas centrais da cidade usando
camisetas com a fotografia da vítima silcadas no peito e um pedido de condenação escrito na
parte anterior, exibindo faixas e distribuído panfletos (doc...) nos estabelecimentos comerciais,
repartições públicas colégios, escolas e demais logradouros; montaram piquetes nas entradas da
cidade, além, de realizar visitas nas residências do jurados, extravasando o direito de ampla
defesa que lhes era assegurado.

5Por seu turno, a imprensa de modo sistemático, passou a repetir todos os dias as
gravações das confissões dos co-réus ............., ................. e ............... dadas em entrevistas no ano
de ................, conclamando toda população para assistirem a condenação do Requerente.

6Na véspera do julgamento foi que pela primeira vez o Requerente foi procurado pela
equipe de reportagem da ................ (...), dando-lhe oportunidade apresentar sua versão, porém a
opinião pública já se encontrava irreversível como demonstra a enquete contida na fita cassete
em apenso (doc...) na qual as pessoas entrevistadas são unânimes em pugnar pela condenação, e,
até mesmo pela prisão perpétua ou pena capital, dando uma demonstração clara e indeclinável,
de que os jurados de ........, neste clima de convulsão social já estão destituídos do uso de sua
livre apreciação do fato.

7Não se trata de mera conjectura pois publicamente o Jurado ........., declarou na sala da
OAB do fórum de ........., que o pai da vítima foi até sua residência argumentando por várias
horas acerca da necessidade de se condenar os Requerentes, fato que será apurado
oportunamente mediante procedimento próprio, e levado aos presentes autos.

DO DIREITO

Nossa melhor doutrina Processual Penal tem proclamado que sempre que houver indícios
através de elementos seguros de que a ordem pública estiver ameaçada quanto a realização do
julgamento num ambiente de paz e tranqüilidade, que não assegure ao conselho de sentença a
tomada de uma decisão desativada de qualquer coação ou influência externa que venha
contaminar sua imparcialidade, deverá ser deferido o pedido de desaforamento.

É do escólio do eminente Processualista José Frederico Marques a seguinte lição:

“As dúvidas sobre a imparcialidade do julgamento existem sempre que haja fatos que,
sem conturbar a ordem pública, alterem a serenidade do julgamento, afugentando-
lhe a imparcialidade. Elas não se confundem com os casos de suspeita de julgadores,
mas se referem a causas ambientais, de pressão, adesão ou influência, e também de
coação ou violência moral, ‘cabalas; indignação popular com relação ao réu, ou
circunstancias decorrentes da posição social da vítima ou do acusado.” (in “Da
Competência em matéria Penal- Saraiva - ed. 1953 – pag. 281)

É no mesmo sentido o ensinamento de Hermínio Alberto Marques Porto, em sua obra “Júri”
quando leciona:

“De outra parte, pode servir para gerar dúvidas sobre a imparcialidade dos jurados,
especialmente em centros populacionais menores onde a cabala e as pressões - de
varias origens e formas as mais diversas - podem conseguir até a criação de clima de
receio por parte dos jurados, a prova de uma sistemática, poderosa, direta,
envolvente ou coativa campanha de coação da vontade dos cidadãos alistados, e mais
diretamente voltada para os sorteados. “ (pag. 107)

De igual forma tem sido o entendimento esposado pela Suprema Corte conforme o seguinte
aresto:

“Para se caracterizar a dúvida sobre a imparcialidade do ,júri não se exige a certeza,


basta a previsão de indícios capazes de produzir receio fundado da mesma. “ (STF –
RT 549/428)

No caso em apreço pelo material acostado nos autos principalmente, pelo conteúdo da
opinião prestada da pessoa denominada de ................., entrevistada pela .............. (fita cassete em
apenso), denota-se que o julgamento do Requerente pelo Tribunal do Júri de .........., caso realize
terá efeito meramente formal vez que pelo alarido da imprensa e as manifestações orquestradas
pelos familiares da vítima ele já se encontra definitivamente condenado.

Como se vê, não se trata de “ meras suspeitas” (RT486/291) ou “vagos temores” (RF
255/335), mas de prevenção tornada necessária pela ocorrência de comprovados e até invocados
“fatos inequívocos” (Bento de Faria, 2/35, Espínola Filho, VI/233): o abaixo-assinado, a campanha
induzida “pelos meios de comunicação, tanto escrita como falada e televisionada” caracterizam o
que o eminente Ministro Hermes Lima pedia como “ notícia de algum fato indiscutível, que prove
uma trama, um esforço para subverter o estado de ânimo dos jurados” (RT 44/646).

O pedido de liminar impeditiva da realização de qualquer seção pelo Tribunal do Júri, até
julgamento do mérito do presente feito tem acento no artigo 324 do RITJ-GO, uma vez que os
motivos elencados no presente pedido demonstram a existência inequívoca do periculum in
mora, caso venha a ser julgado no foro de ............., além da imanente proximidade da data
designada para a sessão.

Quanto ao segundo requisito, fumus boni iuris se encontra presente em vários aspectos e
sobre sai da documentação em anexo.

EX POSITIS,

e provado, pede respeitosamente a Vossa Excelência que ordene a imediata distribuição do


feito, para que possa o eminente Desembargador Relator, conceder medida initio litis,
suspendendo a realização do julgamento pelo Júri até que seja apreciado este pleito, ordenando a
colheita de informações do Meritíssima Juíza de Direito Presidente do Tribunal do Júri da .........,
de ......... para que possam os autos seguir à Douta Procuradoria Geral de Justiça, para seu
percuciente parecer, e ser afinal considerada procedente a exceção e decretada a derrogatio fori,
para que o julgamento pelo Júri, quando houver de ser realizado, ocorra em Comarca onde não
existam as condições inconvenientes noticiadas.

Local, data.

______________

OAB
Pedido de Desistência de Recurso na Justiça Militar

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA-AUDITORA DA AUDITORIA DA ...º CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA


MILITAR.

Processo .............

.................................,já qualificado nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a
Justiça Militar desta CJM, via de seu advogado, in fine assinado, premissa máxima vênia vem,
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tendo em vista a decisão de fls. que
reconheceu a incidência da prescrição da pretensão punitiva, DESISTIR do prosseguimento do
presente recurso de apelação, protestando pelo arquivamento do feito para todos os fins de
direito.

Pede deferimento.

Local, data.

____________

OAB
Pedido de Desistência do Prosseguimento de Recurso

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .....................

Protocolo ...................
Cód. TJ... - .... - Desistência

......................................................., já qualificado, nos autos


da ação penal que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine
assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos da legislação pertinente DESISTIR, do prosseguimento do recurso
voluntário, interposto contra a decisão intermediária de pronúncia, protestando pelo seguimento
do judicium causae.

Local, data

___________________

OAB
Pedido de Juntada de Contra Razões de Apelação

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA OITAVA VARA CRIMINAL DE ...................... .

Protocolo nº .................
Código TJ.......... - Contra-Razões de Apelação

...................................., Já qualificado, nos autos da ação


penal que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor dativo in fine assinado,
permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, requerer a juntada aos autos das inclusas Contra Razões de Apelação, e, após
os trâmites legais, sejam encaminhadas ao Superior Grau de Jurisdição, para apreciação e
julgamento.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

_____________________________

OAB
Razões de Apelação – Estupro – Violência Presumida

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROTOCOLO Nº .........

Apelante: ..................

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da Primeira Vara Criminal de .............., que o condenou a uma
pena definitiva ..... (...) anos e .... (..) meses de reclusão a ser cumprida no regime aberto, sob a
suposta prática do delitos inscritos nos art. 218-A, do Código Penal e 244-B, do Estatuto da
Criança e do Adolescente, com as novas redações dadas pela neonata 12.015 de 07.08.2009.

SÍNTESE DOS FATOS


O Ministério Público intentou a presente ação penal em desfavor do Acusado, imputando-
lhe a prática dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 218-A, do Código Penal
(vítima....), 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente (vítimas .....; ......... e ........) se
propondo em provar em juízo os seguintes fatos, conforme a denúncia de fls.......:

Durante a instrução criminal, discorrida sob o pálio do contraditório, a suposta


vítima ................., de forma clara, segura e irrepreensível retratou suas declarações
prestadas perante a autoridade policial, razão pela qual a ilustre juíza de piso
absolveu o Apelante da imputação relativo ao crime de estupro.

A sentença recorrida de forma equivocada e injusta julgou procedente a acusação com


referência ao delito acima descritos ao arrepio da prova produzida durante a instrução criminal.

DO DIREITO
PRELIMINARMENTE
O presente feito nada mais é do que um elo da ação penal de nº ......................, pois, os
ilícitos penais atribuídos ao Acusado, aqui, pelas condições de tempo, lugar, modus operandi, e
outras semelhantes, configuram in tese a continuidade delitiva, prevista no art. 71, do Código
Penal Brasileiro, o que impunha a Magistrada de piso determinar a reunião dos processos, para
prolação de uma única sentença. Assim deve, pela presente preliminar decretar-se a nulidade da
sentença recorrida para que os fatos ali julgados integrem o rol daqueles julgados na referida
ação penal.

É neste sentido o entendimento esposado pelos nossos tribunais de teto, conforme os


seguintes arestos:
“PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR –
VÍTIMAS DIFERENTES – CONTINUIDADE DELITIVA – PARÁGRAFO ÚNICO DO
ART. 71 DO CÓDIGO PENAL – Em se tratando de crime de atentado violento ao
pudor, perpetrado contra vítimas diferentes, pode ser aplicado o disposto no
parágrafo único do art. 71, do Código Penal, observando-se os demais requisitos para
o reconhecimento da continuidade delitiva. Writ parcialmente conhecido. (STJ – HC
26152 – MS – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 10.11.2003 – p. 00200) JCP.71
JCP.71.PUN”

“PENAL – ESTUPRO – PRÁTICA REITERADA – HOMOGENEIDADE DE


CIRCUNSTÂNCIAS – ART. 71 DO CP – CRIME CONTINUADO – OCORRÊNCIA –
HABITUALIDADE – INOCORRÊNCIA – 1. Na ficção jurídica do crime continuado, o
agente, movido pelo anseio de reiterar a primeira conduta criminosa, faz uso do
mesmo modus operandi ou aguarda a oportunidade em que estejam presentes as
mesmas condições favoráveis à prática do delito. 2. Verifica-se, no presente caso, a
presença do nexo circunstancial entre os vários estupros praticados pelo avô contra
sua neta, uma vez que o agente esperava o momento em que se encontrava à sós com
a vítima, para viabilizar a mansa e clandestina execução do crime de estupro. 3.
Desta forma, não há como se falar em mera repetição habitual, que diz respeito à
ações criminosas autônomas e isoladas, praticadas em circunstâncias diversas e com
meios distintos de execução. 4. Recurso conhecido e provido para determinar a
incidência do aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal. (STJ – RESP
306308 – RO – 5ª T. – Relª Min. Laurita Vaz – DJU 16.06.2003 – p. 00367) JCP.71”

Desta forma, Excelência, os fatos objeto do presente feito estão em plena harmonia com
aqueles apurados nos autos ................, no que concerne aos requisitos para o reconhecimento da
continuidade delitiva, caso haja condenação, pelo que não deveria ter sido instaurada ação
penal distinta, cuja unificação deve ser decretada no presente momento processual, decretando-
se a nulidade da sentença recorrida, sob pena de insurgência contra a garantia constitucional do
devido processo legal, incrustado no inciso LIV, do art. 5ª da Constituição Federal.

DO MÉRITO
É pacífico, na doutrina dominante, que a corrupção de menores, trata-se de crime material,
que só se aperfeiçoa com a positivação do resultado como característico do tipo penal, com a
objetiva lesão do bem jurídico tutelado. O que vale dizer: que para sua consumação é imperioso e
indispensável que a vítima efetivamente fique corrompida em sua conduta moral, ex pert nos
prazeres da carne, degradada e escrava da luxúria.
Verifica-se, assim, que a descrição legal do crime, possui dois núcleos alternativos:
corromper, que tem o significado de perverter, viciar, depravar, etc, e facilitar a corrupção, que é
tornar mais fácil, prestar auxílio à iniciativa da menor, para a mesma corrupção. Quanto a
modalidade da ação do agente, há uma tríplice previsão; a) com ela praticando ato libidinosos; b)
ou induzindo-a a pratica-lo, e , c) ou induzindo-a a presencia-lo.

Invoca-se o magistério de nosso ilustre mestre conterrâneo Geraldo Batista Siqueira, que
assim leciona:

“O delito de Corrupção de Menores, em nossa legislação (artigo 218, CP), se


apresenta através de um tipo misto. Dois núcleos tipológicos expressam a figura
acima indicada: corromper ou facilitar a corrupção.

A definição procurada não é matéria de interesse meramente acadêmico. Ao


contrário, assume papel de relevo na aplicação do Direito ao caso concreto,
principalmente no que toca à consumação. Na concepção formal do tipo legal, em
apreço, a consumação, momento terminal de várias figuras penais, prescinde-se,
para seu aperfeiçoamento, da realização do resultado, embora inserido na definição
do tipo legal. Verificando-se a efetivação do resultado, a corrupção do sujeito passivo
da infração, teremos etapa posterior ao resultado, o exaurimento. Diz-se o crime
exaurido.” (“Corrupção de Menores Aspectos Processuais”- in JURID 8.0 –
Publicações Eletrônicas – CD-ROM).

A sentença hostilizada não levou em conta a prova produzida durante a instrução que
confirma o estado de corrupção das supostas vítimas antes de conhecerem o Apelante, o que se
afiguraria como crime impossível, a consumação do delito previsto no art.. 244-B da Lei
8.069/90, com a nova redação emprestada pela Lei 12.015/2009. Resumindo é impossível
corromper uma pessoa já corrompida.

Neste ponto de vista, pelo conjunto probatório existente nos autos, é inafastável a realidade
do estado deletério da moral em já se encontravam as pretensas vítimas, que levavam vida
leviana, dissoluta de pessoas notoriamente já corrompidas, não podendo assim figurar como
sujeito passivo do referido delito. Diz a jurisprudência:

“Não pode prosperar a acusação de corrupção de menor se se trata de moça leviana


que se ausenta de casa sem dar notícia de seu paradeiro, viajando constantemente
em companhia de rapazes. O simples Fato de englobar a denúncia três acusados de
uma só vez indica, de forma inequívoca, que ai vítima já estaca corrompida” 1
“A corrupção tem como pressuposto indeclinável a integridade moral da vítima. e
não se pode admiti-la se. já no primeiro encontro com o réu, a ele se entrega,
mantendo relações sexuais completas. Em tal caso, acha-se ausente o preparo
psicológico do agente, para a cópula, ato de libidinagem e corruptor por excelência”
(TJSP - AC - Rel. Villa da Costa - RT 485/298).

“A corrupção pressupõe honestidade, que se mostra amplamente duvidosa na jovem


que se entrega voluntariamente a quem conhecia apenas de vista e logo ao primeiro
encontro” (TJSP - AC Rel. Acácio Rebouças – RT 470/105).
“O art. 218 do CP alude a “corromper ou facilitar a corrupção” de menor. Parte do
pressuposto, pois, de ser a vítima recatada e de bons costumes, o que não ocorre com
a moça que pernoita fora de casa e se entrega sexualmente a estranho, cujo nome
sequer conhecia” (TJSP - AC - Rel. Cunha Bueno - RT 591/328).

“Não padece dúvida de que o Estado, através do art. 218 do CP, quis estender a sua
proteção aos menores inexperientes nos prazeres sexuais, e que tem vencido o seu
natural recato, o pudor, pela indução à prática ou à assistência de ato libidinoso.
Evidente é que, se a vítima não guarda pudor, não há o que se resguardar. Daí, a
orientação dos julgados no sentido de que a simples conjunção carnal consentida,
sem nenhum ato de aliciamento conducente à destruição do pudor, não configura o
crime de corrupção de menor” (STF - HC - Rel. Djaci Falcão - RTJ 49/I12).

Como o citados julgados enfatizaram as supostas vítimas no presente processo, não


preenchem os requisitos exigidos para figurarem como sujeito passivo do delito de corrupção de
menores, pois a toda evidência se entregavam sexualmente, livre e conscientemente, motivadas
pelo interesse financeiro, além do que tinham vidas desregradas, já acostumadas à prática sexual
(fls........., autos principais.) freqüentando casas de prostituição (fls...., idem), se ausentavam de
casa por vários dias e quando retornavam sequer davam explicações aos seus responsáveis,
denotando já viverem em estado de degradação moral.

Assim, não há como confirmar a condenação exarada pela juíza a quo pela prática do
crime de corrupção de menores, impondo-se sua absolvição por Esta Egrégia Corte.

Como também ficou demonstrado que as fotografias eróticas constantes dos autos foram
tiradas pelas próprias menores, que aproveitando da ausência do Acusado se auto fotografavam,
devendo também, ser cassada sua condenação na sentença recorrida.,

EX POSITIS,

espera o Apelante, ...................., , sejam as presentes razões recebidas, vez que tempestivas
e próprias, para final dar provimento ao presente apelo, conseqüentemente, decretada sua
absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará
editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data.

___________________
OAB
Razões de Apelação – Estupro – Falta de Dissenso da Vítima

RAZÕES DE APELAÇÃO

Protocolo ................

Apelante: ....................

“Um culpado punido é exemplo


para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra do Juiz da Terceira Vara Criminal de ......., que o condenou a uma exacerbada pena restritiva
de liberdade de .... (...) anos de reclusão a ser cumprida inicialmente no regime fechado, como
incurso na norma incriminadora do artigo 213, do Código Penal Brasileiro, com a novo perfil
adotado pela Lei nº 12.015/2009.

SÚMULA DOS FATOS

A sentença recorrida afrontou visceralmente a prova coletada durante todo processado, vez
que, pelo que se apurou, restou claro e incontroverso, que a suposta vítima não esboçou nenhum
ato enérgico que denotasse real e sério dissenso para realização do congresso sexual com o
Apelante.

1A denúncia que capeia os autos narra o suposto fato ilícito atribuído ao Apelante do
seguinte modo in verbis (Fls. .......):

“Infere-se dos autos, que na madrugada do dia ........... a vítima dirigiu-se ao


“Bar .......”, onde ficou conhecendo o denunciado e ficaram conversando, sendo ao
anunciar que iria para a sua casa, o mesmo lhe ofereceu carona e foi aceita. No
caminho para a casa da vítima, o denunciado mudou o percurso e após passarem por
outro bar e dar voltas pela cidade a levou par a sua (dele). Nesse local, sob violência
física e ameaças a obrigou a manter consigo conjunção carnal e atos libidinosos,
permanecendo com a vítima cerca de .... horas.

Após satisfazer sua irrefreada lascívia, o denunciado adormeceu e a vítima conseguiu


deixar o local, sendo socorrida por um rapaz que a levou até a delegacia da mulher,
onde registrou ocorrência e foi requisitado o exame de conjunção carnal , que foi
realizado e comprovada a cópula vagínica e a violência.”

2Ao prestar suas declarações perante a autoridade policial, a suposta vítima afirma que
mesmo, o Apelante sendo pessoa desconhecida, aceitou de bom grado a carona oferecida, e que
embora o mesmo tenha tomado um caminho diferente ao que levaria até sua residência, não
tomou nenhuma providencia enérgica que denotasse indignação, descontentamento ou
dissidência, deixando-se levar de forma livre e voluntária, noite a dentro, perambulando e
bebendo, na companhia do Apelante, por bares da cidade até altas horas da madrugada:

Fls. .....:

“ QUE, o ....... falou para a declarante , você está com fome ?, então vamos sair para
comer alguma coisa, a declarante respondeu para o ........, não! Não vou não! Nem te
conheço e .......... falou então eu te levo na sua casa, que ficava duas quadras acima
onde a declarante estava; (...) QUE a declarante, esclarece que aceitou a carona do
rapaz, a qual pediu para ir embora para casa, e o mesmo concordou em levar a
declarante para casa, porém, o ........ ainda falou então a gente vai dar umas voltinhas
e depois eu te levo para sua casa, até então a vítima ainda estava fora da camioneta,
cor vermelha, não anotando a placa, e resolveu entrar no carro, e QUE ........ virou o
carro e rumo ao centro da cidade; QUE, a declarante esclarece ainda que o .........
passou no ................., situado nas proximidades da ..............., nesta cidade,
esclarecendo ainda que comeu churrasquinho com cerveja, e que a declarante
sempre pedindo para o ...... para ir embora para casa o qual falava a gente já vai “

Fls. .....

“QUE a declarante disse que o ........ parou em um “......” situado na ......................, o


qual ficou uns minutinhos só, e saindo de lá por volta das ........ horas, e que o ......
falou que ia passar na casa da mãe dele, por perto da praça ..........., não sabendo o
endereço e nem lembrando o local, pois o ........... deu muitas voltas para ir até a casa
da mãe dele, onde ele parou em um local perto da praça, não lembrando onde, vendo
a declarante que o ............ apertou um interfone, não ouvindo o que ele conversou”
(Grifei)

3A sentença conspurcada ignorou a completa ausência de dissenso, quando na instrução


criminal a suposta vítima confirma que em nenhum momento agiu de forma a deixar claro sua
relutância em acompanhar o Apelante, “de bar em bar”:

Fls. .....:
“aceitou a carona, mais assim que entrou na camionete o acusado pegou um outro
caminho, pediu para ir embora para casa que não queria ir em outro lugar, ele disse
que ia ali e logo a levaria para casa, passou no .............., foi agressivo com o garçom,
depois tornou a entrar no carro e a declarante sempre pedindo para ir embora, que a
deixasse em casa, ele disse que ia ali e logo a levaria, ficou dando volta, passou
na ................ na casa da mãe dele, entrou na casa da mãe e saiu e passaram em outro
bar na ................. e a declarante sempre pedindo para que a levasse em casa e ele
disse que já ia leva-la; que ao invés de leva-la para casa levou para casa dele
no ............; que continuou insistindo que queria ir embora, mais ele trancou o
portão” (Grifei)

4A adesão voluntária e consensual, da pretensa vítima, aos propósitos do Apelante, está


bem clara e estampada no trecho das suas declarações quando, naquele fantasioso momento de
opressão, ela aconselha que o mesmo ao menos use camisinha:

Fls.
“esclarece a declarante que já que ele estava fazendo isto tudo, podia usar uma
camisinha, o qual respondeu que não ia usar, pois “puta ele gostava de comer
daquele jeito mesmo”

5Restou induvidosio que a suposta vítima opôs uma simulada resistência, ao voluptuoso
enlace sexual, com aspecto meramente formal, platônico, e frágil, quando diz:

Fls. 12:

“...e depois jogou na, fazendo sexo de todas as maneiras, oral, penetrava, tirava,
colocava o pênis, ora em sua boca, ora em sua vagina, não fazendo sexo anal , pois a
declarante conseguiu não deixar...”

6O congresso sexual foi tão espontâneo que, conforme a própria “vítima” afirmou em juízo
às fls. ....: “que surgiu um boato no bairro depois do estupro que a declarante namorava com o
Acusado”, é óbvio, que para que surgisse um boato desta natureza é necessário que houvesse um
relacionamento, no mínimo, amistoso ou afetuoso entre ambos.

7Outro fator relevante, ignorado pela sentença recorrida, é o fato de que pela narrativa da
suposta vítima, e pelas agressões que alegou ter sofrido, haveria de constar no laudo de exame de
corpo de delito, de fls......, lesões de grandes proporções, tais como hematomas, equimoses,
principalmente queimaduras, uma vez que menciona ter sido queimada com cigarro, do seguinte
modo:

Fls. 350:

“que ao invés de leva-la para casa levou para casa dele no ...............; que continuou
insistindo que queria ir embora, mais ele trancou o portão e começou a ficou muito
agressivo com a declarante, que lhe puxava o cabelo, batia no chão e esfregava seu
rosto por diversas vezes, depois de bater muito no declarante que se debatia sempre,
ele a violentou, queimou com cigarro,” (Grifei)
8Conforme laudo de exame de corpo de delito – “conjunção carnal”, foi constatada apenas
“escoriações finas na região mamária”, estigmas próprios de uma relação sexual normal e
consentida. Não foi detectada nenhuma queimadura, ou escoriações no rosto, o que vale dizer, se
realmente a suposta vítima tivesse sido agredida, os Senhores Peritos teriam consignado no laudo
a existência dos referido vestígios ou lesões, principalmente as de queimaduras provocadas por
pontas de cigarro.

9Por seu turno, o Acusado, ao ser interrogado em juízo, (fls.......), não negou ter mantido
relação sexual com a suposta vítima, inclusive confirmou que estiveram em vários “bares” da
cidade, antes de irem para sua residência de forma livre e espontânea.

10 Como podem ser visto a violência ou grave ameaça foram frutos da imaginação da
suposta vítima. É obvio, que jamais prestaria um depoimento sincero diante da conduta pouco
recomendável que assumiu ao se entregar sexualmente ao acusado ______ por livre e espontânea
vontade.

DO DIREITO

Senhores Julgadores, no caso em apreço, o magistrado de piso, deveria ter edificador seu
juízo de valor, com redobrada cautela e parcimônia, pautando-se com a necessária e acurada
análise de todo conjunto dos fatos sem parcialidade, para aferir se dentro do contexto global
taduzido pela prova jurisdicionalizada, se estavam presentes todos os elementos e circunstâncias
que integram a definição legal típica. Principalmente quando a suposta vítima traduz uma versão
inverossímil e carregada de contradições.

Edita o artigo 213 de nosso Código Penal, com nova redação dada pela LEI 12.015 DE
07.08.2009:

Estupro

Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
(“Caput” com redação dada pela Lei nº 12.015, de 07.08.2009 - DOU 10.08.2009)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

Nossa melhor doutrina tem conceituado, o estupro como crime comissivo e material, cuja
consumação depende da realização da conduta contida na norma proibitiva, aqui representada
pelo verbo “constranger mediante violência ou grave ameaçar”, que conceitualmente representa
cópula vagínica, contra a vontade da vítima, utilizando-se de violência ( vis corporalis illata),
que é o emprego de força física, com a necessidade para sua configuração de que haja, pelo
menos, lesões leves (HUNGRIA)1 , ou, a grave ameaça ( vis compulsiva), consistente na violência
moral, que é a promessa idônea do agente de causar mal sério e grave ao á vítima, (ANIBAL
BRUNO)2, sendo, fundamental e indispensável que ocorra o dissenso da vítima, pois sua
concordância acarreta a atipicidade do fato. É preciso que a falta de consentimento da ofendida
seja sincera epositiva, que a resistência seja inequívoca, demonstrando vontade de evitar o ato
desejado pelo agente, que será quebrada pelo emprego pela violência física ou moral.
(DAMÁSIO)3.
Não há divergência, no entendimento doutrinário e jurisprudencial de na modalidade
delituosa, em questão, o dissenso da vítima deve ser sincero e positivo, manifestando-se uma
inequívoca e real resistência. Ensina o festejado NELSON HUNGRIA, que não basta uma
platônica ausência de adesão, uma recusa meramente verbal, uma oposição passiva e inerte. É
necessário uma vontade decidida e militantemente contrária, uma oposição que somente a
violência física ou moral consiga vencer. Sem duas vontades embatendo-se em conflito, não há
crime. Nem é de confundir a efetiva resistência com a instintiva ou convencional relutância do
pudor, (MANFREDINI), ou como o jogo de simulada esquivança ante uma vis grata, como
daquelas ninfas de que fala CAMÕES (Os Lusíadas, canto IX, estrofe LXX4):

“Fugindo as ninfas vão por entre os ramos,


Mas, mais industriosas que ligeiras,
Pouco a pouco sorrindo, e gritos dando,
Se deixam ir dos galgos alcançando...”.

Logo, Excelências, a resistência ativa da vítima é a contraprova da ameaça como elemento


integrante do crime de estupro, existindo, a adesão e anuência por parte da vítima, e sem ela não
há que falar tipicidade delituosa, como pretendeu o Órgão Ministerial em sua perfunctórias e
desarrazoadas alegações finais. Esta anuência está estampada na própria versão da suposta
ofendida, quando categoricamente admite categoricamente que “..passou no .....................,(...)
entrou na casa da mãe e sai passarem em outro bar na ............. (...) a declarante tomou um copo
de cerveja; que ele parou na casa da mãe por um ou dois minutos.” A situação de comodidade e
aderência é ainda mais flagrante quando, durante a sessão de orgias genésicas a suposta
violentada, solicita que o agressor “ que pelo menos usasse camisinha” (fls.).

Pelos fragmentos acima citados, denotam que a sentença recorrida não aferiu com presteza
e isenção, o conjunto probatório construído no decorrer da instrução criminal, uma vez que a
suposta vítima demonstrou em juízo, que durante o desenrolar dos fatos, sempre esteve à
vontade e que em nenhum momento pediu socorro, ou tentou fugir do suposto algoz.

Diz a jurisprudência a cerca do dissenso da vítima com relação aos crimes desta natureza:
“Uma jovem estuprada há de opor-se razoavelmente à violência, não se podendo
confundir como inteiramente tolhida nessa repulsa quem nada faz além de tentar
gritar e nada mais. A passividade, que muitas vezes se confunde com a tímida
reação, desfigura o crime, por revelar autentica aquiescência” (TJSP - AC - Rel ODYR
PORTO - RT 429/400).

O festejado mestre em medicina legal, HELIO GOMES, assim discorre sob o tema:

“A violência física consiste no emprego de meios materiais que anulem a resistência


da ofendida, obrigando-a à conjunção carnal. Sendo, via de regra, muscularmente
mais forte do que a mulher, o homem pode, em determinadas condições vencer-lhe
toda a resistência e submetê-la ao congresso sexual. O assunto, entretanto, comporta
algumas observações no terreno da Medicina Legal. Discutem realmente os legistas
se é possível a um homem manter cópula carnal com a mulher, oferecendo esta
´seria resistência. Autores como HOFMANN e LACASSAGNE, negam essa
possibilidade. Entendem ser impossível, porque a resistência da vítima, os
movimento da bacia, a junção dos membros inferiores, tudo isso impediria a
introdução do pênis na vagina5.” (Grifei)
A versão apresentada pela suposta vítima e abraçada pela sentença recorrida, além de
incoerente, é contraditória, pois nas declarações prestadas tanto na fase policial quanto judicial,
afirma que foi vítima de violenta sessão espancamento, inclusive, queimadura com cigarro,
porém, em seu corpo não foi detectado nenhuma lesão, principalmente na região genital, coxas,
braços, pois a pressão provocada pelas agressões indubitavelmente provocaria hematomas, ou
outra lesão próprias de instrumento contundente:

HELIO GOMES é taxativo quando leciona;


“No caso de violência física, ficarão vestígios: contusões, escoriações, estigmas
ungueais (lesões de defesa da vítima encontráveis no agressor) 6,”

A jurisprudência dominante, também, se posiciona no sentido de que em havendo


violência física, inevitavelmente, haverá lesões corporais:

“Posto de lado a questão da possibilidade de um só agressor consumar a conjunção


carnal contra a vontade da mulher, em caso de resistência havrá, inevitavelmente,
vestígios, por lesões características, de que foi empregada violência efetiva para a
prática do ato sexual”7

“Tem-se como descaracterizar o estupro típico quando a vítimanão ostenta qualquer


lesão a evidenciar a resistência”8

“Mera menção à existência de lesão grave não faz presumível o emprego de força,
que a ofensa física pode decorrer da própria cópula, realizada sob precárias
condições ambientais”9

O argumento de que a vítima se entregou lasciva e espontaneamente, ao Acusado, está no


fato de que o exame de corpo de delito foi realizado, há poucas horas após a prática da suposta
ocorrência das agressões, e não foi constatado nem ao menos uma leve tumefação ou hiperemia
na mucosa vaginal ou equimoses em suas parte íntimas, estigmas que indubitavelmente
deveriam estar presentes no caso da ocorrência de coito violento.
Ressalte-se, finalmente Senhores Julgadores, que a vítima acompanhou o Acusado, por sua
livre e espontânea vontade, permanecendo em sua companhia sem qualquer consternação, ou
constrangimento, agindo com desembaraço, sem timidez ou acanhamento, tomando cervejas em
bares, conduta que não coaduna com a de quem está sob efeito de coação, ou contra sua vontade.

É assente, que no ordenamento jurídico adotado no Brasil, mormente no processo penal,


que não existe hierarquia de provas, em virtude da aplicação do sistema da livre apreciação
motivada, porém, já se consolidou no meio jurídico de que, a palavra da vítima, nos crimes
contra os costumes, surge com um coeficiente probatório de ampla valoração 10. No entanto, não é
menos verdade, de a jurisprudência tem fixado que, as palavras da ofendida, para serem cridas,
devem ser verossímeis e uniformes, além de concordante e harmoniosas com os demais
elementos indiciários11, principalmente, com ensina NELSON HUNGRIA, “quando a queixosa,
isenta de qualquer lesão corporal, afirma ter sido violentada por um só agente suas declarações
devem ser recebidas com a máxima reserva ou desconfiança porque o êxito da violência física,
com unidade de agente, não é crível ou, pelo menos rarissime accidit12.”

No caso em apreço, as declarações da suposta vítima são, não merecem credibilidade, uma
vez que falseou a verdade acerca de fatos relevantes com o intuito de incriminar a pessoa do
acusado, pelo que devem ser analisadas com redobrada cautela.
Em conclusão, ficou demonstrado pelo conjunto de provas abalizadas nos autos que a
palavra da suposta vítima restou carregada de vícios, contradições e embustes, trazendo para os
autos uma versão enganosa e pérfida, sendo, pois insuficientes para alicerçar qualquer decreto
condenatório. Diz a Jurisprudência:

“Inexistindo outro elemento adverso de convicção, o antagonismo entre as versões da


vítima e do réu impõe-se a decretação do non liquet” (Ap. 182.367 – TACrimSP – Rel.
Valentim Silva).

“Sendo conflitante a prova e não se podendo dar prevalência a esta ou aquela, é


prudente a decisão que absolve o réu” (Ap. 29.889 – TACrimSP – Rel. Lauro Alves).

“Sentença Absolutória. Para a condenação do réu a prova há de ser plena e


convincente, ao passo que para absolvição basta a dúvida, consagrando-se o
princípio “in dúbio pro réo”, contido no art. 386, VI do CPP” (JTACcrim, 72/26 – Rel.
Álvar Cury).

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso que:

“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas
um juízo de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. Mesmo a íntima
convicção do Juiz - pondera Sabatini -, como sentimento da certeza, sem o concurso
de dados objetivos de justificação - , não é verdadeira e própria certeza...”; “no lugar
da certeza, em espécie tal, tem-se a simples crença.’’ “Dessa forma, uma condenação
somente terá lugar quando o exame sereno da prova conduza à exclusão de todo
motivo sério para duvidar.” (in – “Jurisprudência Criminal, Borsoi, 1973, vol. II, pág.
389)

Deste modo a palavra da vítima deixou de possuir aquela credibilidade, sustentada pela
jurisprudência dominante, vez que está contaminada pela inverossimilhança, razão pelas qual a
sentença recorrida deve ser cassada , com a conseqüência absolvição do réu nos termos do art.
386, II e VII do Código de Processo Penal, com a redação que lhe emprestou a Lei 11.690/2008.

EX POSITIS,

espera o Acusado ..........................., sejam as presentes RAZÕES, recebidas, vez que


próprias e tempestivas, cassando-se in totum a sentença recorrida, com a decretação da
absolvição do Acusado, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, como de costume, estará
editando decisório compatível com o mais elevado senso de JUSTIÇA.
Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data

________________

OAB
Razoes de Apelação – Atentado Violento ao Pudor – Falta de Provas

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo: .....................
Apelantes: ................................

“Um culpado punido


é exemplo para os delinqüentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra do Juiz a quo, que contrariando a prova apurada na instrução criminal julgou procedente a
denúncia para condena-lo à pena privativa de liberdade de .... (.....) anos e ..... (...) meses de
reclusão, a ser cumprida integralmente no regime fechado.

SÚMULA DOS FATOS

A exordial acusatória de fls. ...., imputa ao Acusado, ora defendente, a suposta autoria do
seguinte fato:

“Infere-se dos autos que, no dia ............., por volta das ........h, a vítima e seu primo
de nome ................... saíram de casa para tomarem banho em um poço que fica nas
imediações do Bairro ...............a convite deste último.
Ao chegarem no local a vítima se despiu, ficando só de calcinhas banhando.
Decorrido uns minutos, seu primo saiu do local para urinar em um canavial
próximo, neste ínterim, apareceu o acusado já totalmente despido, entrou no poço e,
no afã de satisfazer sua irrefreada concupiscência, agarrou a vítima, usando de
violência.
A vítima reagiu à investida de seu algoz, o qual rasgou as suas vestes, e se debateu
tentando se desvencilhar, instante que chegou o seu primo, ajudando-a se livrar do
denunciado, e, juntos saíram e desabalada carreira.”
Em juízo, embora a suposta vítima tenha reafirmado sua versão inicial, não menciona
qualquer tipo de ato libidinoso praticado pelo Acusado, dizendo simplesmente que o mesmo
tentou agarra-la, pelo que se concluiu que não se realizou o tipo previsto no artigo 217-A, do
Código Penal Brasileiro, com a nova feição trazida pela Lei 12.015 de 07.08.2009..

Conforme depoimentos de fls. ..........., verifica-se que o Apelante, conta com 69 anos de
idade, nunca tendo infringido qualquer norma legal, sendo pessoa dedicada ao trabalho e com
família regularmente constituída.

DO DIREITO
Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de
conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil” (in - “Lógica das Provas em Matéria Criminal, ed.
Saraiva, pp. 14 e 15).

A íntima convicção, sem apoio em dados ou elementos indiscutíveis, leva à simples crença
e não àquela certeza necessária e indispensável à condenação. Essa certeza não pode ser,
igualmente, a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador.
Com fulcro no escólio de Carrara, escorreitamente já se aduziu que:

“O processo criminal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: A da verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Embora a Jurisprudência tem atribuído relevante valor probante nas declarações da


ofendida, nos crimes contra a liberdade sexual. Nossos Tribunais Superiores, de forma uníssona
firmaram o entendimento, de que isoladas e sem harmonia com o conjunto probatório, por si só,
não são suficientes para amparar ou alicerçar decreto condenatório, como se vê nos arestos a
seguir expostos:

“Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da vítima, em crimes contra os


costumes, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida sem reservas,
quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com suas
declarações” (TJSP - AC - Rel. Adalberto Spagnoulo - RTJSP 59/404).

Senhores Desembargadores, no caso em apreço, as declarações da suposta não demonstram


que o Apelante tenha de fato praticado qualquer tipo de ato libidinoso relatando, sim, que o
mesmo tentou agarra-la, sem contudo obter êxito em seu intento, assim como não indica com
clareza se seu objetivo seria satisfazer sua concupiscência. Diante da prova coligida não há como
lhe debitar a prática de atentado violento ao pudor em sua forma consumada.

É inequívoco, que a sentença recorrida editou uma condenação no terreno movediço da


dúvida e embasado em depoimentos pouco esclarecedores no sentido da realização do fato ilícito
apontado na denúncia, devendo assim ser cassada em toda sua plenitude, por este Egrégio
Sodalício.

O Apelante é pessoa honesta, tecnicamente primária, portadora de excelentes antecedentes.

EX POSITIS,

esperam, os Apelantes seja o presente recurso conhecido, vez que próprio e tempestivo,
final julgando suas razões procedentes dando-lhe provimento para cassar in totum a sentença
recorrida, e, conseqüentemente decretando-se a absolvição do recorrente, pois desta forma Essa
Colenda Câmara, estará editando acórdão compatível com os excelsos ditames da Lei, do Direito
e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

_____________________

OAB
Razões de Apelação – Estupro e Corrupção de Menores –
Retratação da Representação

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo .........................
APELANTE:........................................

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra do Juiz da Primeira Vara Criminal de ......................, que o condenou a uma pena restritiva
de liberdade de 13 (treze) anos e 2 (dois) meses de reclusão, como incurso na norma
incriminadora do artigo 213 e 228 do Código Penal.

SÚMULA DOS FATOS


O presente procedimento teve início através de representações ofertadas na Delegacia da
Mulher de .............. , (Fls. .............), pelos representantes legais das ofendidas, e, todas retratadas
conforme se vê às fls. ................. , porém, atropelando as normas referente a legitimidade para a
propositura da ação o Ministério Público ofertou denúncia, a qual foi recebida.

O órgão Ministerial intentou ação penal em desfavor do Apelante, imputando-lhe a prática


dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 213, 214 c/c 224, alínea “a” e artigo
228, todos do Código Penal Brasileiro, se propondo, na exordial, a provar em juízo que valendo-
se de sua situação financeira, o Apelante, manteve relações sexuais e praticou atos libidinosos
com as menores: ........................., sob a mediação da co-ré .............

Alegou também a acusação oficial que o apelante “apresentava-se nos encontros como
sendo “....................”, sendo que as vítimas até lhe dispensava o tratamento de “Tio”, e utilizava
uma camioneta para conduzi-las”.
Ouvidas em Juízo as supostas vítimas, de forma uníssona e harmoniosa negaram conhecer
a pessoa do Apelante, bem como afirmaram categoricamente que a o mesmo não se tratava do
indivíduo que conheciam como ..............., com o qual mantiveram relações sexuais e praticaram
atos libidinosos (fls. ....).

Com relação a validade das retratações, vale dizer que duas representantes das menores
(mães), ao serem indagadas em Juízo assim reportaram:

............................ (mãe das menores, .................................), fls. ...: “que a informante tem
certeza que as suas filhas não tem nenhum envolvimento com ........ ou com ............. porque as
pressionou e as mesmas teceram que tinham um envolvimento sexual com um senhor
chamado ............, mas isto no Setor Aeroviário a cerca de 3 anos;” (...) “que ....................... foram
chamadas para depor sobre o................ e não sobre ...........;”

....................................... (mãe da menor, .....................................), fls......: “que, retificando


parcialmente a última afirmação pediu que na Delegacia de Mulheres fossem tomadas as
providências; que, lá de fato, assinou alguns papéis, mas não sabe informar se existe alguma
representação; que, posteriormente, pediu para que tudo se cessasse porque já não agüentava os
constantes aparecimento da polícia na sua porta e também tiraram fotografias de sua filha: ”

No tocante ao vício de vontade sugerido pela sentença recorrida a referida testemunha foi
categórica ao afirmar: “que, não recebeu qualquer gratificação em recompensa para desistir da
representação...”

A sentença recorrida, mesmo reconhecendo que todas as representações foram retratadas


antes do oferecimento da denuncia entendeu serem inválidas as retratações por vício de vontade
sugerindo que houve favorecimento de caráter pecuniário por parte da defesa do acusado. Porém,
desconsiderou por completo as próprias declarações das representantes legais ouvidas em juízo
(fls.), bem como deixou de indicar de forma objetiva apontando os fatos concretos de onde reside
a prova da existência do vício alegado.

Melhor sorte não teve o Juiz a quo com relação a atribuição da autoria dos fatos narrados
na denuncia ao apelante, pois todas as vítimas ouvidas em juízo foram incisivas e categóricas ao
afirmar e reafirmar que o acusado ..................... não é o indivíduo conhecido como
“........................” com o qual mantiveram relações sexuais e praticaram atos libidinosos.

No que diz respeito ao reconhecimento, da prática do crime de favorecimento a


prostituição atribuída ao apelante, a mingua de qualquer suporte probatório a sentença recorrida
sequer fundamenta os motivos da condenação naquele tipo penal.

A sentença recorrida foi editada de forma tão parcial e tendenciosa que ignorou por
completo que o delito do art. 213, com sua combinação com o art.224, “a”, esta fora do rol dos
crimes contemplados pela Lei nº 8.072.

DO DIREITO

Consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial dominante, a pretensão deduzida


na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica deve ser amplamente provada durante
a instrução criminal desenvolvida sob o manto da garantia constitucional do contraditório,
assumindo a acusação oficial o ônus probandi da autoria, da materialidade e de todas as
circunstâncias do fato.

A sentença recorrida ignora por completo a prova judicializada da autoria dos fatos
constantes na denuncia, invocando como sustentação da condenação de que as vítimas negaram
ter tido qualquer relação sexual com o acusado .................... porque supostamente teriam sido
orientadas pela defesa, porém, não indica de forma objetiva de onde retirou tal entendimento.
Diz a sentença:

“esteve certo em afirmar que as investigações do inquérito, por si só, não tem valor
probante e não podem ensejar condenação, porque conseguidas a revelia do
contraditório.

Esta máxima, no entanto, não se aplica ao presente caso, uma vez que praticamente
todas as afirmações das vítimas feito o inquérito, foram confirmadas em Juízo. Aqui
apenas não reafirmaram que o fato foi praticado pelo acusa ..............., por razões
óbvias, um vez que, com certeza, já haviam recebido orientação segura por parte da
defesa”. (fls.....) (Grifei)

O entendimento de toda doutrina e da jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, é de


que nos crimes contra a liberdade sexual, a palavra da vítima tem elevado valor probante,
exercendo especial relevo na formação do Juízo, valoração esta que no presente feito foi aplicada
ao inverso pelo Juiz senteciante, desconsiderando integralmente as versões apresentadas pelas
ofendidas que de forma harmoniosa e segura declararam que jamais mantiveram qualquer
relação íntima com o apelante.

É oportuno, agora, transcrever alguns trechos das declarações das vítimas:

........................................ :

“que não conhece o acusado .......... ... que jamais encontrou com a acusado .......... (...)
que o ................. não se encontra presente;” (fls.....)

............................................ :

“...que o .......................... nunca esteve na casa do informate; (...) o acusado ............


teve duas ou três vezes na casa do informante,” (fls......).

..................................................... :

“que nunca saiu na companhia do acusado ...................;” (fls....)

.................................................... :

“...que os dois acusados ............... e ................ estão presentes; que o .................... não
esta presente nesta sala;” (fls.....)

................................................... :

“...não conhece ................ nunca tendo visto... que ............... e ............... nada tem em
comum, e nem conhece este último;” (fls......)
.................................................. :

“que não estava saindo com o ...................; que conheceu o .................. a cerca de um
ano;” (fls.........)

................................................... :

“conheceu o acusado ........, quando o mesmo estava fazendo política na casa da mãe
da ............; (...) que nunca mais viu ...............;” (fls.........)

Pelos trechos acima citados percebe-se que a sentença condenatória recorrida está
frontalmente divorciada das provas dos autos.

A prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação (inquérito policial) e a


instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao julgamento final da pretensão
punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do processo, fornece ao julgador os
dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”(ac. un. de
27. 11 . 70, da 4ª Câm. do TACrimSP, na Ap. 22.830, de Itanhaém, rel. Juiz Azevedo
Júnior, in RT 426/395).

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n
178.595, de Guarulhos, Rel. SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remansosa nesse
passo a jurisprudência (RT 369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278;
393/343; 386/249; 360/241; 356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.
(“Apud” rolo n 146. flash nº 318, do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

“ O inquérito policial é peça meramente informativa, destinada, apenas, a autorizar o


exercício da ação penal. Não pode servir, por si só, de alicerce à sentença
condenatória, pois viria infringir o princípio do contraditório, garantia
constitucional.” (Ac. un. da 4ª. Câm., de 1°.-9-77, na Ap. n.° 165.733, de São Paulo,
rel. GONÇALVES SOBRINHO. “Apud” rolo n.° 128, flash n° 135, do serviço de
microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São Paulo)”

“Prova - Inquérito policial - Insuficiência à condenação - Voto vencido.


- As provas constantes de inquérito policial não bastam, por si só, à prolação de
decreto condenatório. (Ac. por m. de v., da 3 ~ Câm., de 14-12-77, na Ap. n.°
172.129, de São Paulo, rel. LAURO ALVES. Venc. SILVIO L~T. «Apud~ rolo n.° 132,
flash n ° 467, do serviço de microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de São
Paulo)”
- Simples elementos de inquérito policial que não tenham passado pelo crivo do
contraditório não bastam à prolação de decreto condenatório.” (Ac. un. da 3ª. Câm.,
de 12-5-77, na, Ap. n ° 159.475, de São Paulo, rel. ROBERTO MARTINS. “Apud” rolo’
n ° 117, flash n°. 598, do serviço de microfilmagem do Trib. de Alçada Criminal de
São PauIo)”

Referindo-se à legislação processual americana o saudoso Heleno Fragoso, em sua


Jurisprudência Criminal, Vol. 1º, pág. 485, nota 389, que esse é o princípio que vigora no Direito
norte-americano, incluído entre as regras do devido processo legal, due process of law. Não se
pode aplicar a pena sem que a prova exclua qualquer dúvida razoável, any reasonable doubt.
Aqui não basta estabelecer sequer uma probabilidade, “ it is not suficient to establish a
probability even a strong one”: é necessário que o fato fique demonstrado de modo a conduzir à
certeza moral, que convença ao entendimento, satisfaça a razão e dirija o raciocínio, sem
qualquer possibilidade de dúvida (cf. Kennys, Outlines of Criminal Law, 1958, p. 480).”A
sociedade se sente legitimamente perturbada na sua tranqüilidade com a certeza do delito, e de
seu autor, é lógico, asseverando Gorphe: “ S’il subsiste une doute, s’est que la preuve n’est pas fait
e arrematando o insigne Carrara: “no processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica”.

É do escólio do eminente Professor Fernando de Almeida Pedroso, que a sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório operando com uma margem de risco mínima que seja de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Nicola Framarino dei Malatesta, que a condenação não
pode basear-se senão na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável -
também mínima da inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve,
necessariamente, conduzir à absolvição, assim leciona o mestre peninsular:

“voltando ao que dizíamos, e concluindo, a inocência se presume; e por isso no juízo


penal a obrigação da prova cabe à acusação. A presunção da inocência, pois, quando
determina a obrigação da prova no juízo penal, não é senão uma dedução daquele
principio ontológico que afirmamos ser o princípio supremo para o ônus da prova”
( Nicola Framarino Dei Malatesta, in “A lógica das provas em matéria criminal”, vol.
I, Ed. Saraiva, São Paulo, 1960, pág. 147) .

Com fulcro no escólio de Carrara, escorreitamente já se aduziu que:

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvida.”

A respeito, obtempera Heleno Cláudio Fragoso que:

“a condenação exige certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade, que é apenas
um juízo de nossa mente em torno da existência de certa realidade”. Mesmo a íntima
convicção do Juiz - pondera Sabatini -, como sentimento da certeza, sem o concurso
de dados objetivos de justificação - , não é verdadeira e própria certeza...”; “no lugar
da certeza, em espécie tal, tem-se a simples crença.’’ “Dessa forma, uma condenação
somente terá lugar quando o exame sereno da prova conduza à exclusão de todo
motivo sério para duvidar.” (in – “Jurisprudência Criminal, Borsoi, 1973, vol. II, pág.
389)

Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desembargador. Byron


Seabra Guimarães, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)

Arremata o Ilustre Desembargador:

“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)
Deste modo, a Acusação Oficial, com a edição da denúncia assumiu o ônus da prova da
autoria, dos fatos e suas circunstâncias, durante a instrução, encargo do qual no se desvencilhou,
com provas robustas e idôneas capazes de fundamentar um juízo condenatório, o que vale dizer
ALLEGARE NIHIL ET ALLEGATUM NON PROBARE PARIA SUNT, ainda mais porque na fase do
judicium causae impera o princípio do in dúbio pro reo.

A sentença recorrida, condenou o acusado como incurso nas penas do art. 217-A, do
Código Penal e 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente, com as novas redações dadas
pela novel Lei 12.015 de 07.08.2009, contrariando diametralmente toda prova produzida no
processo, pelo que deve ser cassada por essa Egrégia Corte decretando sua absolvição

Ressalte-se, por fim, que consoante a unanimidade das provas coligidas no presente feito,
ser o Acusado, pessoa elevado conceito social e profissional, de excelentes antecedentes, além
do que tecnicamente primário, e, mesmo desfigurado pela contumélia e pela calúnia que lhe
emprestou a imprensa e outros órgãos estatais, teve seu nome sufragado pelo povo da cidade de
______, que o elegeu para o cargo máximo do executivo em outubro próximo passado.

EX POSITIS,

espera o Apelante, .................. , sejam as presentes razões recebidas, vez que tempestivas e
próprias, para final dado provimento ao presente recurso, cassando a sentença recorrida sem
julgamento do mérito face a preliminar invocada, e quanto ao mérito seja decretada sua
absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma este Egrégio Sodalício, estará
restabelecendo o império da lei do direito e da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA.

____________________
OAB
Razões de Apelação – Homicídio Privilegiado – Legítima Defesa

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo Nº .............
Apelantes: .....................

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra do Juiz Presidente do Tribunal do Júri da comarca de Anápolis, manifestamente, contrária à
decisão dos jurados, e, por haver erro e injustiça no tocante à aplicação da pena, nos termos do
artigo. 593, III, b, c, do Código de Processo Penal, face aos motivos, razões e fundamentos a
seguir expostos.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme consta dos autos, no dia ............., houve uma festa na ...... da Vila ....... para a
escolha da rainha da indústria e após o desfile o Apelante, pegou seis balões que se encontravam
enfeitando a passarela, e, ao passar próximo a vítima ............................., esta lhe pediu um balão,
tendo estourado o mesmo, imediatamente, próximo ao rosto do Apelante, que não gostou
daquela atitude agressiva da vítima, e a partir deste momento inicio-se uma discussão, e a
vítima, por ser pessoa forte e mestrada em artes marciais, passou a agredi-lo violentamente,
provocando-lhe as lesões constantes do Laudo de Exame Pericial de fls. ......... Ato seguinte, o
Apelante foi socorrido por dois rapazes que se encontravam na arquibancada, os quais também
foram surrados pela vítima.

2Assim, se expressa a testemunha .............. às Fls...:

“QUE, em dado momento, viu um indivíduo desconhecido, que posteriormente ficou


sabendo chamar-se .........., furar um dos balões que se encontrava com ......;
QUE, ....... chamou-lhe a atenção, dizendo para ele não fazer aquilo e .............. achou
ruim e deu um pontapé na perna de ......., passando em seguida, a xingá-lo, empurrá-
lo; QUE, como ..... não reagisse, ....... passou assim mesmo a espancá-lo com murros
na cara e pontapés, espancando-o barbaramente; QUE, como ninguém separasse a
briga, o Declarante resolveu fazer, mas também apanhou, tomando socos no rosto e
pontapés: QUE, ........ tentou também separar e levou uma cadeirada, pontapés e
murros; QUE, vendo que não davam conta de separar a briga já estando os três
apanhando de ......... resolveram correr, saindo os três para a rua;”

3A mesma versão foi contada pela testemunha ........................ às fls...., da seguinte forma:
“ QUE, em dado momento, viu um rapaz, que depoente, ficou sabendo chamar-
se ......., dentro da quadra com uns balões na mão; QUE, logo em seguida, veio um
outro rapaz, seu desconhecido, que ficou sabendo chamar-se ............. e furou alguns
balões de ........ e, em Seguida, passou a espancá-lo, dando tapas no rosto, pontapés e
depois deu um soco no mesmo, derrubando-o; QUE, como ninguém separasse a
briga, ....... o chamou, para ajudá-lo a separar a briga, pois o rapaz que estava:
apanhando era seu amigo; QUE, na tentativa de separar aquela briga, acabaram se
envolvendo na mesma e foram também espancados por ........; QUE, o declarante
tomou uma cadeirada, lado esquerdo do tórax e na mão esquerda, e passou a sentir
muitas dores;”

4Ato contínuo ao espancamento que sofrera, o Apelante se dirigiu até sua residência
retornando ao ......., logo em seguida quando, os rapazes que o socorreu, percebendo que se
encontrava emocionalmente transtornado, saíram em sua companhia para que o mesmo se
acalmasse, ao retornarem depararam com a vítima, tendo o Apelante solicitado que parasse o
veículo, saindo do mesmo imediatamente, e rumando em direção de ......, que ao perceber sua
presença disse-lhe “aí bonitão quer apanhar de novo?”, iniciando uma nova discussão, quando a
vítima desferiu um pontapé na pessoa do Apelante que incontinenti disparou a arma que portava
na direção da vítima, que veio a falecer em consequência dos ferimentos sofridos.

5 Com relação ao momento final do fato esclarece o co-réu .................. em seu


interrogatório em plenário, às fls......:

“Que confirma que o acusado ........., estando muito nervoso, continuou a xingar a
vítima de filho de uma égua , filho de uma puta”, e com o revólver na mão apontado
para a vítima, instante em que esta se irritou e desferiu um chute na perna de .......,
que ato contínuo, deu um tiro na vítima...”

6Durante a instrução criminal, o Apelante fez juntar os autos certidões negativas dos
cartórios criminais de .........., (fls........); declarações de boa conduta moral e social, (fls..............);
diploma de ..................... (fls......), além dos depoimentos prestados em juízo (fls................),
dando conta de ser pessoa trabalhadora, boa índole e estimada no meio social que vive.

7A acusação particular requereu a juntada, aos autos, do ............; figurando como


vítima ...................., a qual em audiência preliminar manifestou desejo de não representar contra
o Apelante, razão pela qual o referido procedimento foi arquivado (fls.......); e, ainda cópia
do ...................., (..............);todos segurando como vítima sua ex-amásia, ......................, pela
prática do tipo penal inscrito no art.147 e 129 do CPB, por questões de incompatibilidade de
gênios. Fora esses registros judiciais o Apelante não possui qualquer mácula em sua conduta
perante sua família, seu trabalho e o ambiente social que vive.
8O Apelante, foi denunciado como incurso nas penas do artigo , 121, § 2º, incisos II e IV
do Código Penal, pronunciado, libelado e submetido a julgamento pelo tribunal do júri por
homicídio simples, artigo 121, caput, do mesmo Codex, tendo o Conselho de Sentença
desacolhido a tese de exculpação da inexigibilidade de conduta diversa, por ..... (...) votos
contra ... (...), e aceito a tese de homicídio privilegiado por ... (...) votos contra dois (...), porém o
ilustre Juiz Presidente, desconsiderando o veredicto dos Jurados, o condenou por homicídio
simples, e, equivocadamente, considerou a maioria das questões judiciais, como desfavoráveis ao
Apelante, para injustamente fixar a pena-base em ..... (...) anos de reclusão, por demais
exacerbada e divorciada da intenção emanada da decisão tomada pelos jurados.

DO DIREITO

A sentença representa o ponto culminante da relação processual, constituindo o ato pelo


qual o juiz põe termo ao processo, decidindo o mérito da causa, momento em que o Estado dá
cumprimento ao seu dever de prestação da tutela jurisdicional. É ato solene, sacramental e
ritualístico, cumprindo a seu prolator, atentar e cumprir rigorosamente todos requisitos,
objetivos e subjetivos, impostos pela lei.

Conforme nossa melhor doutrina, o rigor formal das sentenças, em geral, é suavizado
quando a decisão emana do julgamento pelo Tribunal do Júri, porque nada mais é que a
interpretação da deliberação do Conselho de Sentença, órgão jurisdicional, que na verdade
condena, sem dizer os motivos de sua íntima convicção, de acordo com a sua consciência, e os
ditames da justiça. Assim, como mero intérprete, da decisão dos jurados, o juiz está dispensado
de declinar os motivos da procedência da acusação, senão expor as conseqüências das respostas
aos quesitos. Embora, no tocante a dosimetria da pena, o Juiz Presidente, aja de acordo com o
princípio da livre convencimento, cabe-lhe ao editar as razões da imposição da reprimenda,
explicitar os motivos, causas, circunstâncias e critérios de que se valeu, sempre em harmonia e
consonância com a prova produzida pelas partes e o veredicto emanado dos jurados.

Em um primeiro momento, a sentença, ora hostilizada, condenou o Apelante, por


homicídio simples, como incurso nas penas do caput do artigo 121 do Código Penal, quando a
condenação proferida pelo Conselho de Sentença foi pela prática de homicídio privilegiado,
típica do §, 1º do mesmo dispositivo legal

Trata-se portanto, de figuras típicas diferenciadas, na sempre autorizada lição do eminente


doutrinador CELSO DELMANTO, que assim leciona:

“Divisão: O art. 121 do CP apresenta as seguintes figuras de homicídio: simples (art.


121, caput), privilegiado (§ 1°-), qualificado (§ 2°-) culposo simples (§ 3º) e culposo
qualificado (§ 4°); o último parágrafo do artigo (§ 5º) diz respeito à especial hipótese
de perdão judicial, aplicável ao homicídio culposo.” (in “Código Penal Anotado, 4ª
Ed., 1.998, Pág. 121).

Conforme magistério sempre autorizado do isígne Anibal Bruno, que a lei ou a disposição
de lei especial prepondera sobre a lei ou disposição de posição especial, que prevalece sobre a
disposição, geral, assim o homicídio qualificado do § 2º ou privilegiado do § 1º do artigo 121,
representam tipos específicos que excluem a figura genérica do homicídio simples do caput do
mesmo artigo; nesta hipótese tanto o homicídio qualificado quanto o privilegiado não funcionam
como meras circunstância, mas como elementos integrativos típicos. Daí, extrai-se, que tendo o
Conselho de Sentença decidido que o acusado agiu sob o domínio de violenta emoção logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o quis condena-lo como incurso nas penas do artigo 121,
§ 1º, (homicídio privilegiado), e não no caput (homicídio simples), como entendeu o ilustre Juiz
Presidente em sua sentença. Portanto, aqui tem-se a presença de sentença contrária à decisão
soberana do Tribunal Constitucional do Júri, passiva da aplicação medida reformadora, pelo
Juízo ad quem, prevista no § 2º, do artigo 593, do Código de Processo Penal

De igual modo, a sentença atacada, na avaliação das questões judiciais, insertas no artigo
59 do Código Penal, na fixação da pena, não guarda harmonia com a prova produzida nos autos,
apresentando-se dissociada da essência da decisão tomada pelos Senhores Jurados, configurando
notária e indisfarçável injustiça, a sua dosagem extremamente exacerbada, conforme adiante
expostos.

Por etapas a análise da peça apelada, com relação as questões judiciais:

1 - Da Culpabilidade

A sentença:

“- por maioria de ..... votos a ....., recusaram a tese supralegal da exculpação da


inexigibilidade de conduta diversa; e

- por maioria .... votos a ...., acolheram o requerimento da causa especial de


diminuição de pena do homicídio privilegiado.

Ante a decisão soberana do Colendo Conselho


de Sentença, declaro o acusado .................... condenado nas penas do art. 121
“caput” do C.P.B.

“Nos termos do art. 68 do C.P.B., passamos ao


cálculo da pena. Inicialmente, atendendo aos requisitos previstos no art. 59 do
referido diploma legal, passamos a fixar a pena base:

- o agente agiu com dolo intenso, uma vez que desferiu os tiros contra a vítima
com a nítida intenção de tirar-lhe a vida. Segundo podemos extrair dos autos,
diante dos depoimentos testemunhais e das declarações do próprio acusado, em
plenário, ficou demonstrado que o acusado, após ter sido agredido pela vítima, foi
até sua casa, armou-se do revólver e retornou ao mesmo local. Em seguida, saiu
acompanhado de dois amigos e, após encontrar com a vítima, abordou-o para tirar
satisfações, momento em que iniciaram uma discussão e o acusado acabou por
desferir-lhe os tiros, que o levou a morte. Não existem registros nos autos de que o
acusado seja portador de qualquer anomalia que o impedisse de conhecer o
caráter ilícito de sua conduta ou de determinar-se de acordo com aquele
entendimento. Poderia e deveria ter o acusado adotado conduta diversa, conforme
decidiu os Senhores Jurados ao rejeitarem a tese de inexigibilidade de conduta
diversa, por ..... votos a ..... Além do que, conforme podemos extrair dos autos, a
vítima não expôs o acusado a qualquer espécie de risco, pois após as primeiras
agressões, ocorridas em decorrência de uma discussão, não voltou a procurar o
acusado. O que ocorreu foi exatamente o contrário. Assim, deve este Juízo adotar
elevado senso de culpabilidade em desfavor do acusado;”(grifei)
Embora, o ilustre Juiz Presidente, haja formalmente motivado a decisão, sua análise, no
trecho acima, admitindo elevado grau de culpabilidade em desfavor do sentenciado, além de dar
uma conclusão contrária à decisão dos senhores jurados, vez que reconheceram ter agido sob o
manto da causa especial de diminuição de pena, do homicídio privilegiado, por estar sob o
domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima, olvida que a
iniciativa da agressão, foi única e exclusiva da vítima que sem qualquer motivo espancou
barbaramente o Apelante. Se mostra contraditório, também, quando uma vez reconhecido o
motivo do crime (art.121, § 1º CPB), inviável a admissão do grau elevado de culpabilidade, pois
o reconhecimento desta causa especial de diminuição de pena, por si só, demonstra a
diminuição do grau de culpa do Apelante, consoante ensina o príncipe do direito penal
brasileiro NELSON HUNGRIA, nos seguintes termos:

“E não deixa de ser assim ainda quando a emoção seja violenta e ocasionada por
grave injustiça, pois, em tal caso, apenas se reconhece uma diminuição ou
degradação da culpabilidade, pela qual se mede a pena in concreto.
Responsabilidade com menor culpabilidade ou menor punibilidade, mas nunca
irresponsabilidade...” in “Comentários ao Código Penal, Vol. V, 6ª Ed., 1.959, Forense,
pág.137.).

No mesmo diapasão é o ensinamento da maior autoridade brasileira, em culpabilidade


penal, Min. Francisco de Assis Toledo, em sua magnífica obra “Princípios Básicos de Direito
Penal, 4ª Ed., Saraiva, pág. 337):

“Para o direito penal, que trabalha sobre o agir humano, os estados emocionais
adquirem especial relevância, por razões óbvias, desde que apresentem grau de
intensidade capaz de interferir nos processos de inibição e controle. Não se lhes
atribui, entretanto, como regra, papel decisivo na área da exclusão da culpabilidade,
a não ser em casos especiais, quando traduzam situações de inexigibilidade
(exemplo: o medo na coação moral irresistível), ou sintomas de estados patológicos.
Na primeira hipótese, o legislador reservou para si a regulamentação dos
mencionados casos especiais, em que se deva dar relevância aos estados emocionais,
considerados, o mais das vezes, componentes ou fatores motivacionais do
comportamento, para efeito tão-somente de atenuação da pena ou do grau da culpa.
Na última hipótese, a solução se desloca para a área do art. 26 e seu parágrafo do
Código Penal.” (grifei)

E ainda, diz a jurisprudência:

“É o consagrado Hungria quem assevera que emoção é um estado de ânimo ou de


consciência caracterizado por uma excitação dos sentimentos (Comentários ao
Código Penal, vol. 5/121). Acrescenta o eminente penalista, ao distinguir entre
emoção e paixão, que a emoção é uma descarga nervosa subitânea que, por sua breve
duração, se alheia aos plexos superiores que coordenam a conduta ou não atinge o
plano neopsíquico, de que fala Patrizi (ob. cit., p. 122). E conclui: entendemos que a
emoção, quando atinge seu auge, reduz quase totalmente a “vis electiva” em face dos
motivos e a possibilidade do “self-control”. Já alguém comparou o homem sob o
influxo da emoção violenta a um carro tirado por bons cavalos, mas tendo à boléia
um cocheiro bêbado. Na crise aguda da emoção, os motivos inibitórios tornam-se
inócuos freios sem rédea, e são deixados a si mesmos os centros motores de pura
execução. Dá-se a desintegração da personalidade psíquica (ob. cit., p. 123)” (TJSP -
EI - rel. Des. Weiss de Andrade - RJTJSP 28/384).

A aceitação do elevado grau de culpabilidade, na sentença guerreada, é contrária e


afrontosa à soberania da decisão proferida pelo Conselho de Sentença, além de estar em franca
oposição as provas fáticas contidas nos autos, e discrepar do posicionamento da melhor doutrina
e da jurisprudência dominante, caracterizando franca e indisfarçável injustiça.

2 -Da Conduta Social e Personalidade do Acusado.

Afirma a sentença:

“- embora as testemunhas arroladas pela defesa tenham atestado a conduta social


do acusado, existem provas às fls. .......... de que o mesmo tenha respondido a
diversos TCOs. e encontra-se respondendo a outro processo crime perante as
Comarca de ............ e ................., pela prática de lesões corporais e ameaça,
demonstrando ser portador de conduta social reprovável;

- durante o interrogatório e diante da forma fria com que o acusado narrou os


fatos, perante os Senhores Jurados, além da comprovação de haver praticado
outros ilícitos penais, demonstrou ser portador de personalidade voltada para a
pratica de crimes e nocivo à sociedade;”

De igual forma, a sentença do ilustre Juiz Presidente, ao analisar a conduta social e a


personalidade do acusado, utiliza de um critério unilateral, parcial e de justiça duvidosa,
erigindo como justificativa de seu posicionamento, exclusivamente, na existência de Termos
Circunstanciados de Ocorrências, instaurados contra a pessoa do Apelante, nos quais sempre
figura como vítima sua ex-amásia, oriundos de divergências de ordem familiar entre ambos, que
nunca exorbitaram a esfera da intimidade doméstica, para ser tido como elemento deteriorador
de sua conduta social, a qual deve ser aferida mediante a análise do comportamento do
indivíduo, como um todo, levando-se em conta, tanto sua conduta na esfera familiar, de
trabalho, quanto no meio social em que vive, e não apenas em isolados procedimentos judiciais,
em andamento, diga-se: bagatelas consideradas de menor potencial ofensivo pela Lei 9.099/95.

Neste sentido ministra, Alberto Silva Franco, em sua obra “Código Penal e Sua
Interpretação Jurisprudencial”, 6ª Edição, 1.997, Vol. 1, Tomo 1, pág.897/898, da seguinte
maneira:

“A conduta social , como elemento norteador do juiz no processo de fixação da pena


, constitui, apenas na aparência, uma inovação do legislador de 84. É que tal conceito
era abrangido pelo de antecedentes, e o simples fato de ter agora assumido a
categoria de fator autônomo de determinação da pena não significa que não fosse
antes objeto de consideração. A conduta social, como acentua Júlio Fabbrini Mirabete
(Manual de Direito Penal, 1997, 12. ed., p. 288)” diz respeito “aos diversos papéis
desempenhados” pelo agente “junto à comunidade, tais como suas atividades
relativas ao trabalho, à vida familiar etc:””

Ora, se nos termos da legislação pretérita, quando a conduta social estava integrada nos
antecedentes, os processos em andamento não podiam ser considerados, nesta fase, para
prejudicar o réu, e, este entendimento não foi abolido, injustificável, a postura do Juiz
Presidente, a dar como desfavorável ao Apelante a conduta social e personalidade, pelo simples
fato de responder a TCOs. como salienta Damásio E. de Jesus:
“Não devem ser considerados como maus antecedentes, prejudicando o réu

Processos em curso (TACrimSP, RvCrim 124.212, JTACrimSP, 78:14; STF, HC 68.641,


1ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, RT, 690:390; STJ, RHC 2.702, 6ª Turma, DJU, 28
jun. 1993, p. 12901; STF, HC 68.742, 1ª Turma, RT, 698:448 e 453, voto do Min. Celso
de Mello); inquéritos em andamento (TACrimSP, RvCrim 124.212, JTACrimSP, 78:14;
STF, HC 68.641, 1ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, RT, 690:390; STJ, RHC 2.702, 6ª
Turma, DJU, 28 jun. 1993, p. 12901); sentenças condenatórias ainda não confirmadas
(TACrimSP, RvCrim 124.212, JTACrimSP, 78:14; TACrimSP, ACrim 941.399, 12ª
Câm., RJDTACrimSP, 27:149; RT, 742:659); simples indiciamento em inquérito
policial (TACrimSP, ACrim 331.713, RT, 586:338); fatos posteriores não relacionados
com o crime (TFR, ACrim 6.448, DJU, 14 nov. 1985, p. 20614); crimes posteriores
(TACrimSP, ACrim 599.055, RJDTACrimSP, 6:122; Weber Martins Batista, O princípio
constitucional da inocência: recurso em liberdade, antecedentes do réu,
RJDTACrimSP, 6:21 - n. II, 1); fatos anteriores à maioridade penal (TACrimSP, ACrim
245.015, JTACrimSP, 67:310); sentenças absolutórias (RT, 572:391 e 742:659);
referência feita pelo delegado de polícia de que o indivíduo tem vários inquéritos
contra si (JTACrimSP, 65:67); simples denúncia (JTACrimSP, 49:243); periculosidade
(JTACrimSP, 54:425); e revelia, de natureza estritamente processual (TACrimSP, HC
155.748, JTACrimSP, 90:88); demissão do serviço público (STF, HC 70.993, 1ª Turma,
DJU, 2 dez. 1994, p. 33198).”in “Código Penal Anotado em CD ROM - 3ª Ed.- 1998).

Desta, forma, tem-se, também, equivocada e distorcida da realidade fática e jurídica a


admissão, pelo Juiz Presidente, de ser o Apelante portador de má conduta social e personalidade
voltada para a prática de crimes. Uma vez que a presença dos TCOs., se revestem de
insignificância frente a prova de boa conduta social e moral promovida pela defesa, com a
juntada de inúmeros documentos aos autos, elencados no Item 6 ut retro, os quais sequer foram
objetos de apreciação judicial na sentença apelada.

3 - Dos Motivos

A sentença edita:

“- os motivos que levaram o acusado a cometer o crime foram de vingança, uma


vez que, ao invés de buscar os meios legais para ver resguardado seus direitos,
armou-se de um revólver e saiu ao enlaço da vítima. Sentimento esse reprovável
pela sociedade;” (Grifei).

Consoante a melhor doutrina e a jurisprudência, o homicídio privilegiado é incompatível


com os motivos de caráter subjetivo. Não pode viver no mesmo corpo células que se repelem,
assim como não se harmonizam, na mesma sentença, o acolhimento da causa especial de
diminuição de pena do homicídio privilegiado, por ter o acusado agido por motivo de violenta
emoção, e, o juiz presidente, em franca dicotomia, entender que o crime fora cometido por
motivo de vingança, pois ambas motivações são de caráter subjetivo, portanto, inconsiliáveis.

É neste sentido a pronta advertência de Celso Delmanto, em sua obra “Código Penal
Comentado”, 4ª Ed., 1.998, Pág. 219, deste modo:

“Concurso com qualificadoras: O homicídio privilegiado é incompatível com as


qualificadoras subjetivas (motivo fútil, torpe etc.) mas é compatível com as
qualifcadoras objetivas (togo, veneno, meio cruel etc.) (STF, RT 541/466). Contra: É
incompatível com as circunstâncias qualificadoras, inclusive com as de cunho
objetivo, Inexistindo homicídio “privilegiado-qualificado” (TJSP, RT 672/305). O
privilégio é incompatível com o motivo fútil (STF, RTJ 120/1102, 1i5/371; STJ, REsp
30.633, DJU 20.3.95, p. 6146, in RBCCr 10/222; TJMG, RT 620/341 ; TJSP, RJTJSP
101/440; TJSC, RT 554/338; TJAL, RF 275/331) ou com o motivo torpe (TJSP, RT
575/361 ).”

4 - Das Consequências do Crime

A Sentença diz:

“- as consequências do crime foram graves, uma vez que foi eliminada uma vida e
de pessoa que não possuía qualquer mácula perante a sociedade;”

As Consequências do crime aludida no artigo 59 do Código Penal, refere-se aquelas


extrapenais, não estando assim incluídas as circunstância elementares típicas, de sorte que o
evento morte que constitui o núcleo da conduta proibitiva do artigo 121 do CPB, não pode ser
considerado em prejuízo do sentenciado, pois desta forma ter-se-ia indisfarçável bis in idem.

“O resultado do crime não pode ser considerado “consequência”

Não pode assim ser considerada a morte da vítima no delito de homicídio: TJRS,
ACrim 687.001.842, RJTJRS, 122:126 e 131; ACrim 686.048.828, RJTJRS, 120:173"
(in. “Código Penal Anotado em CD ROM.- Ed. 1.998 - Damásio E. de Jesus).

Desta forma, Senhores Julgadores, pela análise das motivações contidas na sentença
apelada, conclui-se que foram edificadas em contradição com o veredicto tomado pelo conselho
de Sentença, que, como Juizes Constitucionais, desejavam um apenamento mais brando ao réu,
face às circunstancias que envolveram os fatos e seus protagonistas; contrárias, também, com as
provas carreadas para os autos, que aquelas favoráveis ao sentenciados foram desprezadas com o
objetivo de justificar o posicionamento equivocado do ilustre Juiz Presidente, e, alfim
contaminadas de extrema injustiça face a exacerbação injustificável da pena-base, fixada em ...
(...) anos de reclusão, no grau médio, e, muito acima do mínimo, o que ofende as novas diretrizes
da ciência e, a jurisprudência dominante, no que diz respeito a penalização de infrator menor
de ..... (...) anos, conforme o seguintes julgados:

“PENA - Menor - Fixação. A menoridade é sempre elemento a ser considerado a


fixação da pena. O agente menor pode ainda não possuir discernimento integral a
respeito da ilicitude de sua prática. A retribuição jurídica há de considerar a
circunstância, atendo-se a pena ao mínimo mesmo porque, a menoridade é atenuante
obrigatória, a teor do disposto no inciso I do artigo 65 do CP.

PENA - Menor - Fixação. Presentes a atenuante obrigatória da menoridade - CP, artigo


65, I - e a agravante da reincidência - CP, artigo 61, I - nada impede ambas se
compensem, aplicando-se ao réu a pena mínima.

PROVA - Confissão do réu - Valor. A confissão do réu em Juízo constitui prova


consistente, hábil a ensejar a condenação, desde que ajustada a outros elementos
formadores da convicção e afastada eventual possibilidade de o réu intentar falsa
admissão de culpa. (TACrimSP - Ap. Crim. nº 289.764 - Araçatuba - Rel. Juiz Renato
Nalini - J. 19.08.96 - DJU 16.09.96)
“PENA - Fixação. Individualização da pena. Prevalência da atenuante de menoridade
sobre a reincidência (HC 66.605 e 70.873), e, com mais razão, sobre a chamada
“circunstância judicial” de maus antecedentes, única razão, no caso, da exacerbação
da pena mínima, a qual, em conseqüência, deve ser reduzida ao mínimo legal. (STF -
HC nº 71.773 - Rel. Min. Sepúlveda Pertence - J. 21.02.95 - DJU 09.06.95).”

Consoante a doutrina de ponta em matéria processual penal, a sentença como ato de


autoridade, possui sua alma e sua razão de ser na motivação, sendo, pois, o esteio e o alicerce,
que, sem a qual, como um prédio ruirá, por mais bela e vistosa sua fachada. É o momento em
que o Juiz externa seu ponto de vista, seu posicionamento, exteriorizando os fatos, motivos e
razões que o levaram a decidir desta ou daquela forma, e, sempre de modo lógico e coerente.

Embora, nessa fase da sentença condenatória proferida no Tribunal do Júri, o Juiz exerça
sua função regido pelo princípio do livre convencimento, isto não lhe um dá um poder
discricionário absoluto, a ponto de emitir juízo em oposição aos elementos probatórios constante
dos autos e em afronta à decisão de mérito proferida pelos jurados. É pois a lição de Tourinho
Filho, quando disserta acerca da motivação na sentença no seguinte tom:
“Na motivação, o Juiz analisa os fundamentos fáticos em que se arrima a pretensão
deduzida, sopesa e valora as provas produzidas, analisa regras de direito, dando,
enfim, a conhecer o desenvolvimento do trabalho intelectual do Magistrado que o
leva à conclusão, que é a decisão propriamente dita. Dai dizer o inc. III do art. 381 do
CPP que a sentença deve conter a indicação dos motivos de fato e de direito em que
se fundar a decisão.

Sentença sem motivação é um corpo sem alma. É nula. Se se trata, conforme


acabamos de ver, de requisito estrutural da sentença, formalidade, portanto,
essencial, fácil concluir-se que sentença sem motivação é uma não-sentença. Tão
essencial e fundamental é a motivação, que sua omissão, que constitui nulidade,
encontraria suporte na própria alínea n do inc. III do art. 564 do CPP, sem
necessidade de se invocar o disposto no inc. IV do mesmo artigo.
Por outro lado, tão imperativa é a regra que se contém na segunda parte do art, 131
do CFC, que a outra conclusão não se pode chegar.

Não basta a motivação. É preciso haja coerência no desenvolvimento da atividade


intelectual do Juiz, externada na motivação. Uma motivação contraditória equivale a
ausência de fundamentação. “A ausência ou contradição da motivação quanto ao fato
a que se refere torna nula a sentença” (cf. Manzini, Tratado, cit., v. 4, p. 494). E, por
outro lado, Vincenzo Cavallo adverte: “toglie valore al requisito, perchè contene in sè
la sua propria negazione” (ci. La sentenza penale, p. 372)

Se a sentença de encerrar um raciocínio lógico, como poderá o Magistrado conciliar a


conclusão com a motivação, se esta é contraditória? Motivação contraditória equivale
a ausência de motivação.

Se não se admite motivação contraditória, muito menos contradição entre


fundamentação e conclusão. Nesse sentido, vejam-se os venerandos arestos na RTJ,
43/818, 36/302, 36/572 e 41/545".( in “Processo Penal - Vol 4, 4ª Ed., Pág. 198).

Concluindo, Excelências, têm-se, no caso em apreço, ausência de motivação intrínsica,


uma vez que embora formalmente exista a fundamentação, esta não encontra apoio nas provas
dos autos, é injusta, arbitrária e contrária a decisão dos jurados, consubstanciando-se em mera
criação mental do sentenciante, projetada única e exclusivamente com o caráter de disfarçada
justificativa para elevar e exacerbar a pena-base que não poderia sair das imediações do mínimo
legal.

EX POSITIS

espera, o Apelante, seja o presente recurso conhecido vez que próprio e tempestivo, dando-
lhe provimento, com o fim de cassar a sentença condenatória editada pelo Juiz Presidente do
Tribunal do Júri, retificando-lhe as irregularidades, com a adequação da pena-base, nos termos
das razões e fundamentos retro perfilados, pois desta forma Vossas Excelências estarão , como de
costume, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA

_________________

OAB
Razões de Apelação – Homicídio Qualificado – Decisão
Manifestamente Contra as Provas dos Autos – Pena Exacerbada

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo nº ...................
Apelante: ............................

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com veredito condenatório


proferido pelo Conselho de Sentença, vez que manifestamente contrário as provas dos autos,
bem como com a sentença de fls. .........., da lavra da Juíza Presidente do Tribunal do Júri da
comarca de Anápolis, por haver erro e injustiça no tocante à aplicação da pena, nos termos do
artigo. 593, III, “a”, “c” e “d”, do Código de Processo Penal, face aos motivos, razões e
fundamentos a seguir expostos.

SÚMULA DOS FATOS

A exordial acusatória imputou ao Acusado, a prática de homicídio duplamente qualificado,


ao descrever as fls. 03/04 a seguinte conduta típica:

“Faz certo os autos que no dia do crime, a vítima estava na residência, situada na Rua
..........., ........., nesta cidade, quando por volta das ....... horas o denunciado chegou
em seu lar, onde estava também o filho do casal, com dois anos de idade, e agrediu
sua esposa, asfixiando-a, com uma solução ainda não identificada.

O crime foi confessado pelo acusado para sua amásia, ......................, a qual ao ser
ouvida na polícia, disse que ........, depois de muito insistir, disse que havia matado
sua mulher ...................., naquele dia, asfixiando-a com um pano embebido em
amoníaco (fls.....).

A vítima foi submetida a exame pericial (f1s....) comprovando a sua morte “em
decorrência de asfixia resultante de ação de substância química não identificada
sobre os pulmões, levando ao quadro de insuficiência respiratória. Ato praticado com
crueldade.

O local também foi periciado, assim como remetida as vísceras da vítima, para a
identificação da substância química, cujos laudos serão encaminhados
oportunamente
Assim procedendo, o acusado subsumiu no disposto estatuído no artigo 121, § 2°,
inciso II (motivo fútil) e III (veneno e asfixia) c/c 61 II, letra “e” (contra cônjuge) do
CPB.
Em face da incidência penal acima descrita, o Ministério Público do Estado
de .........., oferece a presente denúncia, requerendo, após registrada e autuada com os
inclusos autos de inquérito policial, seja a mesma recebida e citado o acusado,
requisitando o seu comparecimento perante este Juízo, para ser processado, nos
termos do artigos 394/ 497 todos do CPPB, produzindo a sua defesa, caso seja este o
seu desejo, sob pena de revelia, e ao final ser pronunciado.

A pretensão acusatória deduzida na inicial teve como único arrimo o depoimento de


......................., com quem o Apelante mantinha um relacionamento extra conjugal, que afirmou
na fase inquisitória administrativa as fls. ..., o seguinte:

“QUE, por volta das ......, ........saiu com o namorado e eles ficaram na casa e mais ao
menos as ......., seu namorado convidou-a para sair e que ele, inclusive, precisava de
comprar leite para o filho dele; QUE, ficaram rodando, dentro da cidade. no carro
.dele. um ................ de cor verde, pois. como era um feriado, não achavam nenhuma
panificadora aberta; . QUE, após encontrarem o local ele comprou uma caixa de leite
numa panificadora e entrando numa mercearia; que fica junto à essa panificadora,
comprou duas latas de leite em pó, e que esse local fica em frente a uma igreja
protestante; QUE, após isso eles foram até a um bar situado em frente a residência de
um irmão dele. chamado .............., pois falou que precisava encontrar esse irmão
para dar um dinheiro e ali ficou por cerca de meia hora esperando, vez que, esse
irmão ali não se encontrava; QUE, nesse bar, tomaram um refrigerante e depois disse
que estava tarde e que não poderia mais esperai e foram embora; QUE, no caminho, a
declarante observando que seu namorado estava meio esquisito, perguntou-lhe o que
estava se passando com ele e depois de muito insistir ele disse que havia matado sua
mulher, ............., naquele dia, asfixiando-a com um pano embebido em amoníaco...”
(...) QUE, por volta das ele a deixou em sua casa e nessa hora ainda não tinha
chegado com o namorado e que foi-se embora imediatamente, dizendo que voltaria a
vê-la no dia seguinte; QUE, nessa mesma noite, a declarante contou o caso para, que
não acreditou na história;”

Ainda na órbita do procedimento policial as fls...., a testemunha , reconsidera sua versão


original dando novo contorno aos fatos quando diz:
“QUE, afirma que, quando ela e seu namorado saíram da casa de, por volta das,
rodaram por cerca de urna meia hora no carro dele até encontrarem a panificadora e
a mercearia onde comprou o leite para o filho dele; QUE, após isso, ele a deixou
num orelhão num lugar muito escuro, não sabendo dizer o local, e disse a ela que ia
até a casa dele deixar o leite e pediu que o esperasse ali; QUE, a declarante diz que,
deixou um cartão de telefone para que ela pudesse telefonar para a mãe dela no e que
este cartão estava inutilizado (não tinha mais unidades); QUE, ela tentou por
diversas, vezes ligar para a mãe mas não o conseguiu e que demorou cerca de trinta
minutos para retornar e que ele voltou com a mesma roupa.” .

A testemunha supra citada após prestar depoimentos na delegacia, tomou destino ignorado
não comparecendo em juízo para jurisdicionalizar a versão apresentada naquela fase.

O acusado, por seu turno negou a imputação, na fase inquisitória administrativa, bem
como, durante seu interrogatório, no judicium accusationnis.
“QUE, na casa estavam .............., sua amante ......... e duas crianças, além da genitora
de ............, que é doente mental; QUE, depois de um curto espaço de tempo, ele saiu
em companhia de ....... em seu veículo ............ de cor verde metálica para passearem;
QUE, no caminho o declarante lembrou-se que tinha de comprar Toddy e leite para
seu filho e em companhia de sua amante foi até a Rua ................ onde numa
mercearia e numa panificadora comprou esse leite e toddy deixando sua namorada
no carro; QUE, deixando sua amante num orelhão localizado na última rua da Nova
Vila foi até sua casa para deixar o alimento de seu filho, onde chegou por volta
entre .................; QUE, ao chegar sem sua casa encontrou sua esposa, ora vítima,
deitada na cama pois a mesma era muito friorenta e que seu filho de dois anos estava
brincando pela casa; QUE, após entregar-lhe as compras, o declarante retornando,
apanhou sua namorada no telefone público onde tinha deixado a mesma e dali se
dirigiu até a casa de seu irmão ........., no ..........; QUE, como seu irmão não estivesse
em casa, foi até o boteco do ......... , localizado em frente a casa do seu irmão e ali
esperou algum tempo, enquanto tomava um refrigerante e que sua amante também
tomou um refrigerante sem no entanto entrar no bar; QUE, depois saiu deixando um
recado com ......... dizendo que “iria ali mas que voltaria já” e era para ....... aguarda-
lo; QUE, dali, o declarante deixou sua namorada na casa de ..........., no B. .............. e
dali voltou a casa de seu irmão ........., onde encontrou-se com o mesmo, por volta
de ..........; QUE, permaneceu com seu irmão até depois das .......: QUE, depois dirigiu-
se para sua casa onde chegou por volta das ......., e entrando foi até o quarto de
dormir do casal, verificou que o guarda-roupas estava aberto e que tinha peças de
roupas no chão e seu filho estava dormindo na cama de solteiro, encostado à cama de
casal; QUE, indo até a cozinha, ali deparou com sua esposa caída de bruços no chão
e com as pernas cruzadas e com esta já tivera, anteriormente crise de taquicardia
acreditou que a mesma tivesse desmaiado e agachando-se ao seu lado chamou-a pelo
nome que como sua esposa não desse resposta saiu correndo e foi até a casa de seu
vizinho ......... e chamando-o voltou a sua casa; QUE, seu vizinho e sua esposa além
de um outro vizinho a quem não se recorda o nome o acompanharam e o declarante
foi até seu carro para arruma os bancos, enquanto seus dois vizinhos tentavam
levantar o corpo de sua esposa para leva-lo até o veículo do declarante, tendo a
esposa de seu vizinho apanhado seu filho e levado para a casa dela; QUE, nesse
tempo seus dois vizinhos vieram ter com ele dizendo que não adiantava na da pois
sua esposa já estava morta;
Durante a instrução criminal, foram ouvidas sete testemunhas, das arroladas na denúncia
(fls.......), e, sete testemunhas (fls. .......), arroladas pela defesa, por ocasião da defesa prévia,
sendo que nenhuma delas, apontou o réu como o autor do fato contido na denúncia de fls......

Por outro lado, a prova testemunhal foi unânime em afirmar que o Acusado, é pessoa de
excelentes antecedentes, elogiável conduta social, fixado nesta cidade desde a infância onde
exerce ocupação lícita, tecnicamente primário conforme reconhece a sentença ora hostilizada.

Levado a julgamento pelo Tribunal do Júri, o apelante, negando a autoria do fato, sustentou
a inexistência de prova cabal e irretorquível para sua condenação, uma vez que a acusação
restou única e exclusivamente no depoimento isolado da testemunha .............., prestado na
polícia (fls.......), que sequer foi confirmado em juízo, sob o crivo do contraditório,
consubstanciando sua condenação em ato temerário e contrário as provas dos autos.

Uma vez admitida a autoria do fato, contraditória se tornou a aceitação, pelo Conselho de
Sentença, da qualificadora do motivo fútil, vez que os autos dão conta de que o réu foi
compelido pelas constantes cobranças efetivadas pela amante, que exigia exclusividade no
relacionamento com o mesmo. Assim, se por houvesse agido da forma ditada na denúncia,
imporia a conclusão de estar excluída, de forma taxativa, a pretensa futilidade do ato.

Por outro lado, na sentença da Ilustre magistrada Presidente do Júri, ao contrário do


entendimento esposado pela atual corrente jurisprudencial e doutrinária determinou que a
reprimenda penal fosse cumprida integralmente no regime fechado por força da Lei nº 9.072/90.

DO DIREITO

I – DA DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA Ã PROVA DOS AUTOS

QUANTO A AUTORIA DO FATO

Pelo conjunto de provas produzido durante a instrução criminal, sob o manto do princípio
constitucional do contraditório e do devido processo legal, outra conclusão no há senão a de que
o Conselho de Sentença proferiu veredito manifestamente contrário às provas dos autos, tanto
com relação a admissão da autoria do fato ao Apelante, como do acatamento da qualificadora do
motivo fútil.

Embora seja soberana a decisão proferida pelo Conselho de Sentença, o Jurado não pode,
de modo pouco responsável, ignorar totalmente a prova coligida nos autos e valer-se de uma
versão pouco provável, sobretudo do ponto de vista lógico, e desacompanhada de qualquer
evidência que denote certeza absoluta da criminalidade, sob pena de se transformar sua decisão
em arremedo de justiça.

Conforme o entendimento esposado pela doutrina processual penal, que. embora


destinada apenas à preparação da ação penal, a investigação preliminar colhe, desde logo,
elementos probatórios que podem servir posteriormente como dado instrutório definitivo para o
julgamento da pretensão punitiva. É o que sucede com as provas ali obtidas em que predomina o
aspecto técnico da pesquisa, consubstanciado pelas perícias e laudos técnicos, etc.. Porém,
quando existe a participação imediata e direta da própria autoridade policial, na produção da
prova, o caráter inquisitivo, que tem a persecução administrativa, torna imprescindível a
judicialização ulterior do ato probatório para que a instrução ali contida se apresente com o valor
de prova, e seja utilizado como elemento na formação da convicção judicial, no momento de
decidir a causa penal.

Verifica-se, assim, que a prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação
(inquérito policial) e a instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao
julgamento final da pretensão punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do
processo, fornece ao julgador os dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser
julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”(ac. un. de
27. 11 . 70, da 4ª Câm. do TACrimSP, na Ap. 22.830, de Itanhaém, rel. Juiz Azevedo
Júnior, in RT 426/395).

“O inquérito policial está, por definição, arredio aos preceitos constitucionais de


amplitude de defesa e de instrução contraditória. Bem por isso é elementar na
jurisprudência que a prova do inquérito, como a generalidade das provas
extrajudiciais ou extrajudicialiformes, só produz efeito no pretório quando neste fica
atestada a veracidade do seu teor ou, ao menos, a conformidade deste remanescente
do conjunto probante útil” (ac. un. de 2.10.69, da 4.a Câm. do TACrimSP, no HC
15.296, da Capital, rel. Juiz Azevedo Júnior, in RT 411/250-252).

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
a prolação de um decreto condenatório, a prova testemunhal que, embora colhida em Juízo,
reporte-se a depoimento anterior, prestado por ocasião’ da informatio delicti. A remissão assim
feita, a par de censurável e de retirar do testemunho a sua espontaneidade, desnatura a fase
judicial da instrução, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e por
transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.
É evidente, Senhor Relator e Egrégia Câmara que a decisão dos jurados embasada
exclusivamente no depoimento de ........................., prestado unicamente na fase policial, e não
renovado durante a instrução probatória, por si só não autoriza o reconhecimento da autoria com
a consequente prolação do decreto condenatório. É neste diapasão que tem se posicionado a
jurisprudência, conforme o seguintes julgados:

“INQUÉRITO POLICIAL - CARACTERÍSTICAS MERAMENTE INVESTIGATÓRIAS


ADMINISTRATIVAS E NÃO INSTRUTÓRIAS PENAIS,- INSUFICIÊNCIA,
PORTANTO. DE SEUS ELEMENTOS, PARA LASTREAR DECISÃO CONDENATÓRIA
JURISDICIONAL, INCLUSIVE NA CASO DE CONFISSÃO POLICIAL, NA
PRESENÇA DE CURADOR.

0 inquérito policial se desenvolve em fase de pura atividade administrativa. Nele há


investigação fática e não instrução jurisdicionalmente garantida. Assim, os elementos
em o mesmo coligidos não passam de dados informativos para eventual denúncia; e
seus elementos jamais poderão dispensar a produção de provas perante o órgão
julgador, em ônus que, em nosso sistema processual penal, recai todo sobre o
Ministério Público.
- Confissão policial, seja ou não tomada na presença de testemunhas idôneas ou de
Curadores, não pode servir como elemento de convicção para a sentença
condenatória, por não passar de ato integrante da atividade investigatória
administrativa, estranha à instrução penal, com a garantia da contraditoriedade e
supervisão jurisdicional. (Ac. un. de 19.9.78,· da 1; Câm., na Ap. nº 186.785, de
Jundiaí, rel. WEISS DE ANDRADE, que no excelente acórdão após transcorrer os
escólios de FREDERICO MARQUES, · MASSARI e ANGIONI, (já indicados na
ementa de nº: 5998-A, do mesmo relator) continuou:
“Esses ensinamentos se ajustam integralmente ao caso em tela uma vez que o ilustre
portaló da sentença assentou sua convicção unicamente na confissão policial do
recorrido, confissão retratada em Juízo.
Na verdade, condenar-se com base no inquérito implica em proferir decisão
condenatória com fundamento em simples investigação e não em instrução, onde se
assegura ampla defesa ao acusado. 0 inquérito policial, em nossa sistemática
processual, necessário se repita a exaustão é peça meramente informativa da
denúncia e nisso se esgota sua função. Em termos outros. a polícia investiga, como
disse FREDERICO MARQUES, para que possa o Ministério Público acusar. A
acusação, portanto, não dispensa a produção de provas perante o órgão julgador.
Aliás, a jurisprudência ainda que de maneira indireta, consagra este entendimento.
quando, constante e reiteradamente, proclama que as nulidades ou vícios do
inquérito não contaminam a ação penal.
0 ônus da prova acusatória é do Ministério Público, a quem cabe demonstrar a
veracidade ou falsidade da imputação feita ao réu. Estes princípios, que não podem
ser olvidados porque informam o sistema processual brasileiro, impedem que se dê à
confissão policial o valor que lhe atribuiu a sentença. Pouco importa que tenha sido
prestado na presença de Curador ou de testemunhas credenciadas. Se aceita a tese.
chegaríamos à conclusão de que obtida a confissão policial desnecessário que o
acusador demonstrasse no juízo instrutório e contraditório as alegações inseridas na
denúncia. Em outros termos, se no inquérito policial há apenas investigação,
inexistindo relação processual, sendo fase puramente administrativa. como dará
prova ali produzida caráter absoluto a ponto de justificar e amparar decreto
condenatório? O encargo probatório, ônus do Ministério Público na ação penal,
estaria transferindo a uma fase investigatória onde “o indiciado é simples objeto de
um procedimento administrativo”.
A confissão policial, portanto, seja ou não tomada na presença de testemunhas
idôneas e mesmo curadores, não pode servir como elemento de convicção para
sentença condenatória”. - (“Apud” rolo nº 147, flash nº 699 do serviço de
microfilmagem do TACRIM-SP). (grifei)

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n
178.595, de Guarulhos, Rel. SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remançosa nesse
passo a jurisprudência (RT 369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278;
393/343; 386/249; 360/241; 356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.
(“Apud” rolo n 146. flash nº 318, do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

A soberania dos vereditos proferidos pelo Conselho de Sentença não dá sinal aberto que
permita aos Jurados tomarem decisões estrabilárias, dissociadas dos princípios reguladores da
norma jurídica, a ponto de julgar de modo pouco responsável, ignorando totalmente a prova
coligida nos autos e valer-se de uma versão pouco provável, sobretudo do ponto de vista lógico, e
desacompanhada de qualquer evidência, sob pena de se transformar sua decisão em arremedo de
justiça, o que impõe ao Juízo ad quem a determinação de que o Apelante seja submetido a novo
julgamento.

Deste modo, a íntima convicção deve prevalecer quando respaldada e arrimada em provas
cuja validade seja prescrita na norma processual penal (contraditório), principalmente quando a
repercussão da condenação temerária recai de modo drástico no status libertatis de qualquer
cidadão. Se o Juiz monocrático não pode ser liberal em matéria de provas para condenar,
inconcebível que se outorguem ao Juiz leigo o poder discricionário ilimitado para editar veredito
no campo nebuloso e movediço da incerteza e da dúvida com relação a autoria do fato.

O error in judicando na interpretação dos fatos e das provas constantes do processo,


incorrido pelos Jurados, foi em decorrência da inépcia do órgão acusador, que não se
desincumbiu do ônus probandi assumido na peça exordial com relação autoria do fato delituoso,
bem como da qualificadora do motivo fútil.

Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desor. Byron Seabra


Guimarães, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)
Arremata o Ilustre Desembargador:

“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)

Deste modo, a Acusação Oficial, com a edição da denúncia assumiu o ônus da prova da
autoria, dos fatos e suas circunstâncias, durante a instrução, encargo do qual no se desvencilhou
até o presente momento, com provas robustas e idôneas capazes de fundamentar um juízo
condenatório, o que vale dizer ALLEGARE NIHIL ET ALLEGATUM NON PROBARE PARIA
SUNT, ainda mais porque na fase do judicium causae impera o princípio do in dúbio pro reo.

A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,


verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública. Sobre esse desiderato, o mestre Nïcola Dei Framaríno Malatesta defendia o
seguinte: “voltando ao que dizíamos, e concluindo, a inocência se presume; e por isso no juízo
penal a obrigação da prova cabe à acusação. A presunção da inocência, pois, quando determina
a obrigação da prova no juízo penal, não é senão uma dedução daquele principio ontológico que
afirmamos ser o princípio supremo para o ônus da prova” ( Nicola Framarino Dei Malatesta, in
“A lógica das provas em matéria criminal”, vol. I, Ed. Saraiva, São Paulo, 1960, pág. 147) .

Processo Penal. Prova. Inexistência de certeza absoluta para um juízo condenatório.


Exegese do artigo 386,VI, do CPP. l. É correta a sentença absolutória que se baseou no
fato de que a única testemunha que prestou depoimento mediante o contraditório
legal não logrou delinear em que contexto positivo se desenrolou a ação, e que a
prova trazida pela parte autora consistia em meras declarações do agente da
autoridade no inquérito policial, despedido ainda as formalidades ilegais, para julgar
improcedente o pedido articulado na peça exordial do Ministério Público. 2. A prova
no processo penal democrático exige a prova ser madura, robusta, isenta de
incertezas, e não tão-somente indicativa diante do artigo 386, VI, do CPP. Recurso
improvido para manter a sentença absolutória.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163, 2ª
Câmara Julgadora, em 16/06/1992)

Prova. Dúvidas. “In dúbio pro reo”. Absolvição. Se diante do fato há duas versões,
uma fornecida pela declarada vítima e outra pelo acusado, não se trata de questionar
o velho adágio testius unus, testius nullus, mas de constatar dentro do conjunto
probatório na variante de possibilidades a versão cabal, firme e inconteste da
dinâmica do acontecer, caso contrário, diante da intranqüilidade da dúvida, o único
caminho que resta ao julgador sereno e imparcial é a aplicação do consagrado
princípio in dúbio pro reo ínsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso do órgão do
Ministério Público improvido. ( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 câmara julgadora, em
24/09/1992.

Trilhando neste mesmo sentido, ou seja, mesma linha de raciocínio justo e na defesa do
moderno Estado de Direito, está o nosso Egrégio Tribunal de Justiça, conforme ementas que
seguem:

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para embasar


um juízo condenatório impõe-se , de pronto, a manutenção da sentença que absolveu
o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” (Ap. Crim. 15046-9/213, TJ-G0, 2a
Cam. Crim. Rel Des. Pedro Soares Correia, DJ n° 12099 de 06/07/95, pág. 12).

DA QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL

Compulsando os autos verifica-se que o fato atribuído ao Apelante, originou-se do romance


clandestino que mantinha com sua amante ..............., iniciado na cidade de ................, a qual no
início do mês de abril do corrente ano veio para a cidade ................, ficando hospedada na
residência de uma amiga do Acusado, que declarou:

“que o relacionamento entre ..... e ........ era bom e ele estava muito envolvido
com ela, e ele estava apaixonado por ela” (Fls. .....).

“... ela os dois discutirem em sua frente , ela dizendo que ele fez ela deixar sua
família e chegando aqui ele morava com a esposa (...) que o acusado e ...........
não brigavam ela apenas cobrava dele o fato dele estar casado e ela morando na
casa da declarante, que achava que a incomodava” (fls. .......).

É cediço o entendimento de que motivo fútil caracteriza-se pela mesquinhez e frivolidade,


porém sempre aliados aos antecedentes psicológicos do agente, vez que as circunstâncias da
motivação possuírem sempre caráter subjetivo.

O culto Desembargador Onei Raphael, do Tribunal de Justiça de São Paulo, há muito,


pontificou em acórdão unânime, que o estado psicológico e emocional perturbado
desequilibrado não configura futilidade e assinalou: “o motivo está no íntimo do agente, nos seus
refolhos de alma mais escondido e de alto cunho pessoal, a revelar a existência de um
sentimento que se opõe, que repele a desmotivação de um ataque à integridade física da vítima.

Diz a jurisprudência:

“Não se deve confundir o motivo fútil com o motivo injusto. Aliás, a injustiça da
motivação do agente é elemento integrante do crime. Para que se reconheça a
futilidade da motivação, é necessário que, além de injusto, o motivo seja
insignificante. Isso, contudo, não se pode dizer quando entram em jogo a separação
de um casal e o crime. Se tais motivos justificassem a atuação do réu,
corresponderiam a causas excludentes de criminalidade, que evidentemente, não
são” (TJSP - Rec. - Rel. Geraldo Arruda - RJTJSP 62/356).

“Motivo fútil é tão-somente o motivo insignificante, desarrazoado, despropositado,


ínfimo, mínimo e tão desprovido de razão que deixa, por assim dizer, o crime
cometido vazio de motivação, e não se confunde com motivo injusto” (TlRS - Rec. -
Rel. Roberto Nicolau Frantz - RT 563/371).
Hipoteticamente, admitindo-se a autoria, entretanto, evidencia-se que o acusado foi
tomado de uma paixão frêmita pela amante, foi pois, impulsionado e premido por um
sentimento agudo e arrebatador, ou seja, era movido por motivo, ainda que se possa tachá-lo de
injusto e egoístico na essência, trata-se de sentimento profundo, contrário à banalidade. O que
impõe a conclusão que o Conselho de Sentença ao admitir a qualificadora do motivo fútil, tomou
decisão manifestamente contrária a prova dos autos, devendo, pois, este Egrégio Sodalício
decretar a nulidade do veredito e que o Apelante seja submetido a novo julgamento, ou efetue a
cassação da referida qualificativa com a consequente adequação da reprimenda penal.

II – DO ERRO E INJUSTIÇA NA APLICAÇÃO DA PENA

A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59 da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O juiz possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck (in “Tratado de Derecho Penal”, vol. II/1191,
1981), de discricionariedade juridicamente vinculada, posto que está preso às finalidades da
pena e aos fatores determinantes do quantum punitivo.

Consoante o entendimento esposado pela doutrina e jurisprudência, o objetivo da pena não


é eternizar ou infernizar a situação do apenado; para reintegra-lo ou reinseri-lo no convívio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim profilático e social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).

“Na fixação da reprimenda o Magistrado deve atender e buscar o equilíbrio


necessário entre o interesse social e a expiação, sempre visando ao sentido binário da
pena, verdadeira pedra de toque do direito penal moderno: reinserção social e
expiatório-aflitivo, afeiçoando-se ao princípio da humanidade da pena, finalidades
atribuídas pelo estatuto repressivo pátrio” (TRF (4ª Reg.) - AC Rel. Gilson Dipp - RTJE
152/267).

“Nunca é demais lembrar que o fim último da pena não é o de eternizar e muito
menos infernizar a situação do apenado; para reintegrá-lo, ou reinseri-lo ao meio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional estimulando o homem
apenado e preparando-o necessariamente para o retorno. A esperança de momentos
mais fáceis e menos rigorosos, de liberdade ainda distante, é inerente ao complexo
tema da recuperação do condenado” (TARS - RA 290108117 - JUTARS 76/27).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).
No caso em apreço, quando o sentenciado, ora Apelante, é reconhecido pela própria
sentença impugnada como tecnicamente primário, de bons antecedentes, e boa conduta social.
(fls. ...), imporia por via de regra a fixação da pena base ancorada ao mínimo legal

“Analisando as informações sobre a vida pregressa do acusado, verifica-se que o


mesmo é primário e não possui antecedentes criminais; conduta social
aparentemente normal, consoantes depoimentos de testemunhas..”

Por outro lado, se a aplicação da sanção penal traz, no texto legal, a exigência de se
perscrutar todos parâmetros contidos no artigo 59 do CPB, objetivos e subjetivos, à luz dos
elementos fáticos extraídos do processo, com o condão de individualizar racionalmente a
reprimenda de cada réu, chegando-se à pena-base, no presente feito, tem-se que a ilustre
Magistrada elevou a pena do Apelante, em função do motivo fútil, que não poderia ser
considerado para majorar ou diminuir a pena, haja vista se trata de uma circunstância legal já
inserta na própria condenação, o que caracteriza bis in idem, inadmissível.

Do mesmo modo, nas conseqüências penais colacionadas pela sentença, têm-se: “ foram as
mais danosas possíveis que a vida de uma mulher jovem foi ceifada.. ”, que realça o mesmo fato
pelo qual o Apelante já houvera sido condenado pelo Conselho de Sentença (artigo 121 CPB),
não podendo assim ser objeto de elevação da pena-base, pois a inteligência do comando
normativo do artigo 59 CPB, alude as consequências extrapenais não contidas no tipo.

Pelo conjunto probatório contido no processo, não há como justificar uma pena fixada
muito acima do mínimo legal, conforme o entendimento adotado por nossos Tribunais
Superiores:

“PENA - Réu primário - Pena-base estipulada em limite superior ao mínimo legal -


Necessidade de fundamentação.

Nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu


grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante, desde que o faça em ato decisório
adequadamente motivado, proceder a uma especial exacerbação da pena-base.
Impõe-se, para esse efeito, que a decisão judicial encontre suporte em elementos
fáticos concretizadores das circunstâncias judiciais abstratamente referidas pelo
artigo 59 do CP, sob pena de o ato de condenação transformar-se numa inaceitável e
arbitrária manifestação de vontade do magistrado aplicador da lei. (STF - HC nº
71.697-GO - Rel. Min. Celso de Mello - J. 27.09.94 - DJU 16.08.96).

“TRÁFICO DE DROGAS - Concurso material com o delito do artigo 14 da Lei nº


6.368/76 - Pena - Fixação.
1. Sendo os acusados primários, não obstante a gravidade do delito de tráfico de
cocaína, não se justifica a exacerbação da pena-base além do mínimo legal, para cada
um dos crimes.
2. Aplicação correta da agravante do previsto do artigo 18, I, da Lei nº 6.368/76.”
(TRF1ªR - Ap. Crim. nº 9.543-8 - PA - 3ª T - Rel. Juiz Tourinho Neto - DJU 17.06.96).

“Não tem sentido a aplicação da pena, além do mínimo legal, a indivíduo primário e
de bons antecedentes, que vai cumpri-la depois de tantos anos após o fato criminoso.
Na aplicação da pena o juiz há que buscar o equilíbrio necessário entre o máximo
interesse social e o mínimo de expiação do réu” (TJMG - AC - Rel. José Arthur - RT
519/425).

“Quando as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem favoráveis ao réu, a pena


não deve se afastar do mínimo legal. Na fixação da pena, o Juiz deve pautar-se pelos
critérios legais para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao réu” (TJMT AC - Rel.
Carlos Avallone - RTJE I IS/229).

“Sendo favoráveis ao acusado as moduladoras do art. 59 do CP e não havendo


circunstâncias outras, operativas ou modificativas a considerar, deve a pena
aproximar-se do mínimo legal” (TARGS - AC - Rel. Carlos Roberto Nunes Lengler -
RT 681/390).

“REVISÃO CRIMINAL - Pena - Mínimo legal - Majoração - Réu primário - Bons


antecedentes - Artigo 59 do CP - Co-autores - Penas idênticas - Individualização da
pena.

Sendo o réu primário e de bons antecedentes, não há motivo para aplicar-lhe uma
pena além do mínimo legal, visto que a primariedade e os bons antecedentes
sobrepujam as demais condições estabelecidas no artigo 59 do CP, podendo a pena
imposta ser corrigida em sede revisional. Em se tratando de co-autores, as penas
devem ser idênticas para todos os partícipes, salvo diferença advinda de outros
operadores de cálculos de individualização da pena. Se, ao fixar a pena-base, o
Magistrado considera as circunstâncias do artigo 59 do CP não em relação ao
criminoso, mas em razão do crime praticado, a decisão incorre não apenas em
injustiça, mas em erro técnico, cabendo a correção da pena imerecida, o que
constitui, entre outros, o intuito da revisão criminal.” (TJMG - Rv. Cr. nº 18.104/0 -
TP - Rel. Des. Sebastião Rosenburg - DJMG 07.09.95).

A sentença recorrida, no aspecto de fixação da pena, datíssima vênia, adotou critério


dissociado da norma estabelecida na lei penal, para exacerbar injustificadamente a sanção in
concreto, devendo pois ser corrigida por esta Egrégia Câmara, fixando-a próximo ao mínimo
legal.

III – DO REGIME INICIAL PARA O CUMPRIMENTO DA PENA.

Nossa melhor doutrina e a jurisprudência hodierna tem proclamado que com o advento da
Lei nº 9.455/97 (Lei de Tortura), restou abolido e removido o impedimento legal à
progressividade do regime, relativamente ao homicídio qualificado, uma vez que não se pode
descurar que o escopo maior da pena é a ressocialização do condenado, isto é, reincorporá-lo à
sociedade, propiciando-lhe a condição dignificante, traduzida na opção do trabalho.

A tortura é crime equiparado aos crimes hediondos por força do artigo 5º, XLIII, da CF, e do
artigo 2º da Lei nº 8.072/90. Assim, não se justifica a discrepância entre o parágrafo sétimo do
artigo 1º da Lei nº 9.455/97 e o artigo 2º, parágrafo primeiro, da Lei nº 8.072/90, que prevê o
cumprimento da pena, aplicada por crime hediondo ou equiparado, integralmente em regime
fechado. O tratamento diverso, mais benéfico, dado ao responsável pela tortura, em
contraposição àquele previsto para os demais crimes previstos na Lei nº 8.072/90, não se
justifica. O artigo 2º, parágrafo primeiro, da Lei nº 8.072/90, embora não infrinja a CF, como
reiteradamente têm decidido nossos Tribunais superiores, entrava o processo de integração
social do condenado, tido como objetivo primordial da execução da pena (artigo 1º da LEP).

O STJ. por sua 6ª Turma., por unanimidade e de ofício, concedeu habeas corpus para o
único fim de transformar o regime de cumprimento de pena em inicialmente fechado, conforme
ementa do seguinte teor:

“CRIME HEDIONDO - Pena - Execução - Regime integralmente fechado - Resp -


Constitucional - Penal - Execução da pena - Crimes hediondos (lei nº 8.072/90) -
Tortura ( Lei n. 9.455/97) - Execução - Regime fechado.
A Constituição da República (artigo 5°, XLIII) fixou regime comum, considerando-os
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos.
A Lei nº 8.072/90 conferiu-lhes a disciplina jurídica, dispondo: “a pena por crime
previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado” (artigo 2°,
parágrafo primeiro).
“A Lei nº 9.455/97 quanto ao crime de tortura registra no artigo 1° - 7°: “O condenado
por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do parágrafo segundo, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado. A Lei nº 9.455/97, quanto à execução da
pena, é mais favorável do que a Lei nº 8.072/90. Afetou, portanto, no particular, a
disciplina unitária determinada pela Carta Política. Aplica-se incondicionalmente.
Assim, modificada, no particular a Lei dos Crimes Hediondos. Permitida, portanto,
quanto a esses delitos, a progressão de regimes. Matéria solucionável no âmbito da
legislação infraconstitucional.”(STJ - HC nº 6.809 - DF - Reg. 98.0001143-9 - 6ª T -
Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro - J. 19.05.98 - DJU 17.08.98).

E, é neste mesmo diapasão que os Tribunais Superiores tem decidido a questão do


cumprimento inicial da pena do crimes catalogados na Lei nº 9.072/90, conforme se extrai dos
seguintes arestos:

“CRIME HEDIONDO - Entorpecente - Tráfico - Progressão de regime prisional -


Admissibilidade - Interpretação do artigo 1º, parágrafo sétimo, da Lei nº 9.455/97.- É
aplicável aos delitos mencionados na Lei nº 8.072/90, por imperativo lógico e
racional, o parágrafo sétimo do artigo 1º da Lei nº 9.455/97, que permite o
cumprimento da pena em regime inicialmente fechado para o crime de tortura. Por
esse fato, reinstalou-se no ordenamento jurídico, como regra geral, a possibilidade da
progressão do regime prisional para o condenado por crime hediondo ou equiparado,
dentre os quais se encontra o tráfico de entorpecentes.” ( TJMG - HC 114.118/3 - 2ª
Câm. - j. 19.02.1998 - rel. Des. Alves de Andrade - DOMG 18.08.1998.)

“PENA - Execução - Crime Hediondo - Progressão - Admissibilidade após a Lei nº


9.455/97.
O regime fechado deve ser estabelecido apenas para o início de cumprimento de
pena, não mais se admitindo a ausência de progressão nos chamados crimes
hediondos após a entrada em vigor da Lei nº 9.455/97, a qual revogou o parágrafo
primeiro do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, pois se o legislador constituinte tratou
igualmente os crimes de tortura, terrorismo, tráfico de entorpecentes e os que
viessem a ser definidos como hediondos, não pode a lei ordinária dar-lhes tratamento
diverso, devendo ser iguais as restrições de natureza penal e processual penal, sob
pena de se ferir o princípio da isonomia.” (TAMG - Ap. Crim. nº 255.818/1 - São
Gotardo - Rel. Juíza Jane Silva - J. 13.05.97 - DJU 17.06.98).

“TRÁFICO DE ENTORPECENTES - Internacionalidade - Autoria e materialidade


comprovadas - Pena dosada no mínimo legal - Cumprimento integral da pena em
regime fechado - Impossibilidade - Aplicação do artigo 1°, parágrafo sétimo da lei
9.455/97 - Recurso improvido - Exclusão, de ofício, do regime fechado para o
cumprimento integral da pena.
(omissis)
5 - O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que o artigo 2º
parágrafo primeiro da Lei 8.072/90, foi alterado pela Lei de Tortura (artigo 1º,
parágrafo sétimo da Lei 9.455/97).
6 - Interpretação que propicia ao condenado as condições necessárias à sua
reintegração no convívio da sociedade.
7 - Apelo improvido. Exclusão, de ofício, da determinação de que a pena seja
cumprida integralmente em regime fechado.(TRF 3ªR - Ap. Crim. nº 69.538-6 - SP -
5ª T - Rel. Juíza Ramza Tartuce - J. 08.06.98 - DJU 04.08.98 - v.u).

“HABEAS CORPUS” - Erro na aplicação de circunstância agravante da reincidência.


Questão já apreciada em sede de apelação - Competência do STJ artigo 105, I, ‘c’, da
Constituição Federal - Não conhecimento - Progressão de regime prisional -
Admissibilidade - Constituição Federal artigo 5º, XLVI - Princípios da humanidade da
pena e da dignidade da pessoa humana - Lei n° 9.455/97 - Revogação do artigo 2°,
parágrafo primeiro da lei 8.072/90 - Tratamento igualitário conferido pela carta
constitucional - Ordem conhecida parcialmente.
(omissis)
4 - O legislador, ao admitir na Lei nº 9.455/97 a progressão de regime para o crime de
tortura, estabeleceu outra forma de tratamento para a fase de execução das penas
pertinentes aos crimes tratados no inciso XLIII do artigo 5° da Magna Carta, pelo que,
na atualidade, em razão do tratamento igualitário imposto pelo legislador
constitucional a esses delitos, não remanesce nem mesmo o comando legal que
impunha o cumprimento integral da pena em regime fechado para os crimes
hediondos, inclusive para o de tráfico internacional de entorpecentes.
5 - ‘Habeas corpus’ conhecido parcialmente, tão-somente no que diz respeito ao
pleito de progressão de regime prisional, concedendo neste ponto a ordem para o fim
de admiti-lo, cabendo ao r. juízo da execução da pena o exame do preenchimento,
pelo paciente, dos requisitos legais consectários. Questão da aplicabilidade ou não da
circunstância agravante da reincidência não conhecida, face a incompetência deste
Tribunal.”(TRF 3ªR - HC nº 98.03.008071-7 - SP - 5ª T - Relª. Juíza Suzana Camargo -
J. 25.05.98 - DJU 20.10.98 - v.u.).

“TRÁFICO DE ENTORPECENTES - Concessão da progressão prisional.


(omissis)
O MM. Juízo a quo determinou que a pena restritiva de liberdade fosse integralmente
cumprida em regime fechada, com fundamento no artigo 2º, parágrafo primeiro, da
Lei nº 8.072/90. Referido dispositivo foi revogado pelo Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos, artigo 7º, que foi ratificado pelo Brasil, em 24.01.92. Constitui
tratamento cruel a um condenado submetê-lo, integralmente, durante o cumprimento
da sanção, a regime mais gravoso, excluindo a possibilidade de, pelo mérito,
demonstrar que faz jus à progressão prisional.
Desprovido o recurso e concedida de ofício ordem de habeas-corpus para autorizar a
progressão do regime prisional, nos termos do artigo 33, parágrafo segundo, do
Código Penal e artigo 112 da Lei nº 7.210/84. O Juízo das Execuções Penais
examinará quando e se o condenado preenche os requisitos concretos.”(TRF 3ªR -
Ap. Crim. nº 98.03.012408-0 - 5ª T - Rel. juiz André Nabarrete - J. 10.08.98 - DJU
20.10.98 - v.u).

De igual modo, nosso TJ..., tem acolhido entendimento igualitário ao esposados nos demais
Colegiados de Superior Grau de Jurisdição do país, conforme a decisão proferida no Agravo
nº ......, julgado em ........., por esta Segunda Câmara Criminal, tendo relator o eminente
Desembargador ............., cuja ementa assim edita:

“EMENTA – AGRAVO EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CRIME DE


TÓXICO.
- Se cumprida mais de um sexto (1/6) da pena corpórea em execução, impõe-se a
concessão de direito de progressão do regime prisional, ainda que tenha sido
condenado pela prática de crime hediondo (Tóxicos) em face da inteligência do
artigo 1º, § 7º, da Lei nº 9.455/97.
- Recurso provido, observados no juízo de origem os requisitos necessários paraa
concessão do benefício.”

Assim, protesta o apelante pela reforma da sentença, também, para consignar o regime de
cumprimento de pena na forma progressiva.

EX POSITIS

espera o Apelante, sejam as presentes razões recebidas, vez que próprias e tempestiva,
dando provimento ao presente recurso, em todos seus termos, pois desta forma Egrégio
Sodalício, estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

_____________________

OAB
Razões de Apelação – Homicídio Qualificado – Nulidade

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo Nº .....................
Apelante: .........................

“Lute pelo Direito, porém,


quando encontrares o direito
em conflito com a justiça
lute pela JUSTIÇA”.
(Eduardo Couture)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a submissão ao Conselho de


Sentença do quesito relativo a qualificadora da utilização do meio cruel, a qual já havia sido
suprimida por esta Egrégia Corte quando do julgamento da primeira apelação, constituindo
assim notória nulidade processual ocorrida posterior a pronúncia, além do que houve injustiça
na aplicação da reprimenda penal na sentença lavrada pelo Juiz Presidente , nos termos do
artigo. 593, III, “a”, “b” e “c”, do Código de Processo Penal, face aos motivos, razões e
fundamentos a seguir expostos.

SÚMULA DOS FATOS

O Apelante foi denunciado, pronunciado e final condenado pelo Tribunal do Júri


de .............., como incurso nas penas do art. 121 § 2º,´III (meio cruel), da condenação interpôs
recurso apelatório que esta Egrégia Corte deu provimento determinando que o submetesse a
novo julgamento, vez que a decisão proferida pelos senhores Jurados foi manifestamente
contrária a prova dos autos, no tocante ao reconhecimento da qualificadora do meio cruel.

Submetido a novo julgamento, o Juiz Presidente, sob protesto da defesa, consignado na ata
de julgamento de fls., ignorou a decisão proferida pelo superior grau de jurisdição, e submeteu a
apreciação dos jurados a qualificadora extirpada no primeiro recurso, provocando manifesta
nulidade processual por desrespeito da hierarquia jurisdicional e afrontar o instituto da coisa
julgada.

Além da nulidade acima suscitada houve indisfarçável injustiça na aplicação da pena.

DO DIREITO

Por imperativo legal incrustado na norma prevista no art. 571, V e VIII, do Código de
Processo Penal, as nulidades ocorridas após a pronúncia e durante o julgamento do Tribunal do
Júri devem ser argüidas na própria sessão, registrando-se na ata o eventual indeferimento.

Por ocasião da leitura dos quesitos a defesa insurgiu-se contra a presença no questionário
da indagação aos Juizes leigos acerca da qualificadora do meio cruel, haja vista que no recurso de
apelação anterior esta Egrégia Corte reconheceu sua total improcedência. Assim, s.m.j., a defesa
entendeu que a inclusão daquela qualificadora ao crivo do Conselho de sentença, sobre fato já
decidido na instância superior, importaria na quebra da hierarquia jurisdicional, acarretando
nulidade processual.

Embora o objeto do presente recurso, por imposição e vedação legal, não se assente no
motivo de ser a decisão proferida pelos jurados manifestamente contrária as provas dos autos, é
bom ressaltar que a soberania dos veredictos proferidos pelo Conselho de Sentença não dá sinal
aberto que lhe permita tomar decisões estrabilárias, dissociadas dos princípios reguladores da
norma jurídica, a ponto de julgar de modo pouco responsável, ignorando totalmente a prova
coligida nos autos e valer-se de uma soberania atentatória aos princípios basilares incrustados na
Constituição Federal, sobretudo do ponto de vista lógico, e desacompanhada de qualquer
evidência, sob pena de transformar a decisão dali emanada em arremedo de justiça, o que impõe
ao Juízo ad quem promover a devida corrigenda.

Em que pese a proclamação constitucional da soberania dos veredictos emanados do


Tribunal do Júri (CF art. 5º, XVIII), a doutrina dominante aduz que a expressão “ soberania” não
deve ser confundida com onipotência , pois, na verdade é termo teórico, que deve ser
considerado segundo a dogmática do processo penal, neste passo Magalhães Noronha, ensina
que se se tomar o referido vocábulo como poder incontrastável, sem limite e absoluto, não se
compreende como a decisão do Júri possa ser inteiramente reformada pelo superior grau de
jurisdição na revisão (art.626 CPP), substituído por outro no protesto por um novo julgamento
(art.607 CPP) e na apelação (art.593, III, a, b, c e d CPP).

O assunto já foi objeto de reiterados julgados no sentido de que a soberania do júri é


relativa e cede a várias injunções tais como protesto por um novo julgamento, a reforma da
decisão em grau de apelação, para determinar novo julgamento, bem como a substituição de suas
decisões pela revisão, quando contrárias à evidência dos autos .1

O entendimento acima esposado além das inúmeras outras justificativas, vislumbra-se que
a garantia constitucional da soberania dos veredictos do Júri deriva das garantias individuais e
não da instituição propriamente dita, além do que se deve dar prevalência ao interesse social do
status libertatis.

Nossos Superiores Sodalícios chamados a pronunciar em casos análogos, se inclinam para


o cancelamento da qualificadora inexistente com a adequação da reprimenda, consoante os
seguintes arestos:

“Não fere o principio da soberania do julgamento do Tribunal do Júri o ter o Tribunal


de Justiça, em grau de apelação, desclassificado o delito de tentativa de homicídio
duplamente qualificado para tentativa de homicídio simples” (STF – RE – Rel. Min.
Aldir Passarinho – RT 635/423).

“A qualificadora de motivo fútil reconhecida pelo Conselho de Sentença diz com


juízo inscrito no domínio da fixação da pena, podendo ser desautorizada pelo
Tribunal de Justiça ante apelação fundada no art. 593, III, “c” do CPP.” (STF – RE –
Rel Min. Francisco Rezek – RTJ 123/338).
Deste modo, Senhor Relator e Egrégia Câmara, ante a injustificada renitência, dos juizes
leigos, em sustentar a presença da qualificadora do meio cruel, quando a mesma se mostra
totalmente alheia a evidência dos autos, principalmente, quando já proclamado sabiamente pelo
acórdão da lavra dessa Turma Julgadora no primeiro recurso de apelação, mister se faz a cassação
da referida axasperadora, com supedâneo no dispositivo elencado no presente apelo, o qual não
foi aventado no primeiro recurso.

A ordem jurídica, com certeza, iria a pique se os Tribunais Superiores não dispusessem de
algum instrumento legal para sanar eventuais disparates e injustiças emanadas das cortes
inferiores, como no caso em apreço em que o juizes leigos emitiram um julgamento descabido e
afrontoso ao ordenamento jurídico em vigor, além do que, cuja matéria já fora sopesada e
decidida por esta Egrégia Turma.

Por outro lado, a fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais
constitui, conforme o art. 59 da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O juiz possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck (in “Tratado de Derecho Penal”, vol. II/1191,
1981), de discricionariedade juridicamente vinculada, posto que está preso às finalidades da
pena e aos fatores determinantes do quantum punitivo.

Consoante o entendimento esposado pela doutrina e jurisprudência, o objetivo da pena não


é eternizar ou infernizar a situação do apenado; para reintegra-lo ou reinseri-lo no convívio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim profilático e social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).

No caso em apreço, quando o sentenciado, ora Apelante, é reconhecido pela própria


sentença impugnada como tecnicamente primário, de bons antecedentes, e boa conduta social,
imporia por via de regra a fixação da pena base ancorada ao mínimo legal
Pelo conjunto probatório contido no processo, não há como justificar uma pena fixada
muito acima do mínimo legal, conforme o entendimento adotado por nossos Tribunais
Superiores:
“Não tem sentido a aplicação da pena, além do mínimo legal, a indivíduo primário e
de bons antecedentes, que vai cumpri-la depois de tantos anos após o fato criminoso.
Na aplicação da pena o juiz há que buscar o equilíbrio necessário entre o máximo
interesse social e o mínimo de expiação do réu” (TJMG - AC - Rel. José Arthur - RT
519/425).

A sentença recorrida, no aspecto de fixação da pena, datíssima vênia, adotou critério


dissociado da norma estabelecida na lei penal, para exacerbar injustificadamente a sanção in
concreto, devendo, pois ser corrigida por esta Egrégia Câmara, fixando-a próximo ao mínimo
legal.

EX POSITIS

espera o Apelante, sejam as presentes razões recebidas, vez que próprias e tempestiva,
dando provimento ao presente recurso, em todos seus termos, pois desta forma este Egrégio
Sodalício, estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA

__________________

OAB
Razões de Apelação – Júri – Decisão Manifestamente Contrária as
Provas dos Autos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE .............

RAZÕES DE RECURSO

Apelante: .......................................

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara

Versa o presente recurso do inconformismo do Apelante com o veredicto condenatório


proferido pelo Tribunal do Júri da comarca de ........... , nos autos n. ........... , ao desacolher a tese
de reconhecimento da semi-imputabilidade por ...... (...) votos contra ..... (....), constante dos
quesitos de n. ...., às fls.....,assim como o acolhimento da qualificadora da utilização de meio que
tornou impossível a defesa das vítimas, por tê-las amarrado e trancado no barraco incendiado,
nos termos do libelo-crime acusatório de fls., vez que as decisões, ora hostilizadas, foram
proferidas manifestamente contra as provas dos autos.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme consta dos autos, o Acusado, ora Apelante, no dia ............... , teve um entrevero
com seu vizinho de barraco, e, após terem sido conduzidos até a delegacia de polícia, serenaram
os ânimos, retornando à suas casas, ocasião em que o réu se desentendeu com sua esposa, a qual
o abandonou levando os filhos e os trecos que guarneciam a mísera habitação para a residência
do irmão do mesmo. Inconformado, o Acusado, passou a beber o resto de pinga que possuía e a
certa altura, já embriagado, juntou alguns trastes próximo à divisória de madeira que separava o
cômodo em que morava, do ocupado pelas vítimas, ateando fogo, que se expandiu incendiando o
barraco, e, provocando a morte de seus vizinhos.

2Os escombros do incêndio foram minuciosamente analisados pelos senhores peritos, que
elaboraram o Laudo de Exame Pericial em Local de Incêndio de fls. ... , fartamente ilustrado por
reportagem fotográfica de fls. .... , onde não se detectou qualquer vestígio denunciador de terem,
as vítimas, sido amarradas com arame, e, que os fios desencapados encontrados sobre os
entulhos pertenciam à instalação elétrica aérea, conforme noticiam os peritos ás fls. ....... (1 a
linha). Logo inexiste no processo qualquer prova da qualificadora do inciso IV do parágrafo 2 o
do artigo 121 do Código Penal.

3Incidentalmente, foi determinado a realização de exame de insanidade mental n. ...... , em


apenso, tendo os peritos, médicos psiquiatras do Hospital Espírita de ........ , concluído pela
inimputabilidade do periciado às fls. .... , porém, devido ao inconformismo do Órgão Ministerial,
o Acusado foi submetido à um segundo exame psiquiátrico, agora, realizado pela Junta Médica
Oficial do Tribunal de Justiça de ...... , que após judiciosos exames concluíram que: “O periciado
não era inteiramente capaz de se determinar”, (Fls. ...), ou seja, era semi imputável, por ser
portador de perturbação da saúde mental que comprometia sua capacidade de determinação.

4Chamado a se pronunciar acerca do Laudo Pericial realizado pela Junta Médica do Poder
Judiciário, a acusação, através do Órgão Ministerial, em sua cota de fls. .... , além de elogiar o
trabalho realizado pelos peritos, não se insurgiu contra suas conclusões no sentido da
responsabilidade diminuída do Acusado, fazendo jus à redução da pena prevista no parágrafo
único, do artigo 26 do Código Penal.

5Submetido a julgamento pelo Tribunal Popular, o Acusado, ora Apelante,


injustificadamente, teve sua semi imputabilidade desconhecida por ..... (...) votos contra .......
(...), afrontando, assim, toda prova contida no processo, notadamente duas perícias realizadas
por experts em psiquiatria, (fls. ......), do incidente de exame de insanidade mental, merecendo,
assim, a reforma pelo Egrégio Tribunal ad quem.

DO DIREITO
Incrustado no pórtico dos Direitos e Deveres Fundamentais, da Constituição Federal, o
Tribunal do Júri tem seus vereditos assegurados pela soberania de suas decisões, configurando,
assim, talvez, a única expressão da democracia no Poder Judiciário, onde o povo é conclamado a
exercer a tutela jurisdicional, julgando seus pares nos crimes dolosos contra vida.
Júri, por sua própria essência de juízo leigo, não julga a lei, logo não está comprometido
com o equacionamento de jurisprudências ou a obediência às fórmulas técnicas ou jurídicas,
como o juízo togado, vez que julga o fato em toda sua inteireza, dentro de um critério sui generis
fundado no princípio da íntima convicção, porém, esta autonomia ou elastério na aferição dos
vereditos, ou na escolha das versões apresentadas pelas partes, não outorga ao Jurado um poder
ilimitado ou uma alforria sem fronteiras, para, assim, editar julgamentos ilógicos, incoerentes e
absurdos, totalmente dissociados do conjunto probatório erigido no processo, pois, se assim não
fosse, com a simples desculpa de preservar e garantir a soberania de suas decisões estar-se-ia
diante de uma verdadeira heresia jurídica, propiciando o prevalecimento de decisões
comprometedoras dos princípios basilares da própria justiça.
No caso em apreço a decisão proferida pelo Conselho de Sentença está frontalmente
dissociada das provas dos autos, quando, embora todas perícias médico-psiquiátricas apontaram
para a responsabilidade penal diminuída, pela incidência de perturbação da saúde mental, ao
tempo do fato, retirando do Acusado a sua capacidade de determinação, esta realidade
incontroversa foi negada, injustificadamente, pelos Jurados, mesmo tendo a Acusação Oficial se
posicionado no sentido de que não haveria como subtrair ao acusado o benefício previsto no
artigo 26, parágrafo único, do Código Penal (fls. .... apenso), e, em plenário.

A jurisprudência dominante, tem proclamado a inadmissibilidade de ser desprezada a


opinião dos experts quando no processo inexiste prova hábil em sentido contrário, como
enunciam os seguintes julgados:
“JÚRI - NULIDADE - Decisão Manifestamente contrária às provas dos autos. Semi-
imputabilidade do acusado não reconhecida pelo jurado, contrariando as conclusões
firmadas por médico-legal. Error in judicando caracterizado. Inteligência do artigo
26, parágrafo único do CP.” (TJSP - Ap. 85.314-3 - 1 a Câm. - Rel. Des. ANDRADE
CAVALCANTE - RT 655/286).

“Não pode o juiz, havendo prova pericial afirmativa da inimputabilidade dos réus,
desprezá-la, com base em considerações pessoais.” (TAPR - AC - Rel. Des. MOACIR
GUIMARÃES - RT 678/365).

“Evidenciada a inimputabilidade, diante de prova hábil, não há opção ao Juiz, eis


que a improcedência da acusação se impõe, sem prejuízo das medidas cabíveis.”
(TSPR - Rec. - Rel. Des. ARMANDO JORGE DE OLIVEIRA CARNEIRO - RT 45/464).

“Comprovado pericialmente ser o réu psicopata, que não tinha plena capacidade de
entender o caráter ilícito dos atos praticados ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, pode e deve ser beneficiado com a redução da pena prevista no art.
22, parágrafo único do Código Penal.” (TACRIM-SP - AC - Rel. Des. SILVA LEME - RT
398/304).
É pois, Senhores Julgadores, notório e incontroverso o reconhecimento através de dois
laudos periciais, que ao tempo do fato, por influência de perturbação da saúde mental, o
Acusado, ora Apelante, não era inteiramente capaz de se determinar, sendo inconcebível, neste
contexto, o não reconhecimento da semi-imputabilidade, pelos Jurados, conseqüentemente
devendo neste sentido ser reformada a decisão por esse Egrégio Sodalício.

De igual sorte transmutou-se em arbitrária a aceitação da qualificadora da utilização de


recurso que tornou impossível a defesa das vítimas “ao amarra-las e trancá-las no barraco
incendiado.”, de conformidade com o libelo (fls. ...), e, que embora não conste do quesito n. 8,
(fls. ...), as circunstancias fáticas acima, os Jurados foram alertados pelo Juiz Presidente, acerca
das mesmas, porém, inexiste dentro dos autos qualquer prova que induza ter o Acusado agido
desta forma. O Laudo Pericial em Local de Incêndio às fls. ...., é categórico em afirmar que não
foram encontrados quaisquer vestígios que denotassem ter as vítimas submetidas a outra forma
de violência que não fosse pela ação do fogo.

A prova testemunhal produzida não traz dados suficientes de convicção no sentido de que
as vítimas tenham sido amarradas e trancadas no interior do barraco incendiado, inclusive a
testemunha ............................................... (fls. ...), ao ser apresentado, em plenário, as fotografias
das vítimas não vacilou em dizer que se encontravam das mesma forma em foram encontradas
nos escombros, ou seja, sem qualquer sinal de arames ou amarras (vide fotos).

Então, tem-se o acolhimento de qualificadora manifestamente contra as provas dos autos,


pois não se apoia em nenhum elemento contido no processo, ensejando destarte a reforma por
parte Desta Colenda Turma.

Desta forma, a qualificadora ora hostilizada, no momento da lavratura da sentença


condenatória, foi reconhecida como circunstância agravante, que aumentou a pena de ... anos
e ... meses para ... anos devendo, assim ser corrigido, com a cassação da qualificadora e a
realização da devida redução da pena, bem como o reconhecimento da semi-imputabilidade
facultando o benefício do parágrafo único do artigo 26 do Código Penal.
EX POSITIS,

espera o Recorrente, sejam o presente recurso conhecido, vez que próprio e tempestivo,
final julgadas suas razões procedentes dando-lhes provimento para reconhecer que a decisão
proferida pelo Conselho de Sentença, ora hostilizada, foi manifestamente contrária às provas dos
autos, devendo ser devidamente retificada com o ajustamento da reprimenda penal, pois desta
forma Essa Colenda Câmara, estará editando acórdão compatível com os excelsos ditames da Lei,
do Direito e da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA.

_____________________

OAB
Razões de Apelação – Júri – Legítima Defesa – Homicídio
Privilegiado

RAZÕES DE RECURSO

Apelante: .....................

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

O presente recurso foi manejado em razão do inconformismo, do Apelante com o veredicto


condenatório proferido pelo Conselho de Sentença do Tribunal Popular, da comarca de ..............,
por ser frontalmente contrário e em desacordo com as provas coligidas para os autos, bem como
a sentença de fls., da lavra da Juíza Presidente que injustificadamente exacerbou a reprimenda
penal imposta, nos termos do artigo. 593, III, “a”, “c” e “d”, do Código de Processo Penal, face aos
motivos, razões e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

Conforme ficou acentuado no acórdão de fls............, é inquestionável que entre vítima e


Apelante havia um desentendimento gerado pela construção de um muro, inclusive tendo o dito
conflito sido levado perante justiça cível pelo recorrente que alegava que tal construção invadia
seu terreno.

O deslinde da dita contenda findou com o reconhecimento, por parte da vítima, que
realmente a construção havia adentrado na área de propriedade do Apelante, elaborando-se um
acordo, no que ficou consignado que, a título de indenização pagaria certa importância ao
esbulhado, e, futuramente, em caso de eventual construção de outro muro, o mesmo deveria
obedecer a mesma linha divisória que fora objeto do acordo.(vide fotos apensadas as fls.....).
Observa-se, na fotografia, claramente, que o muro antigo não seguia o mesmo alinhamento da
parede do barracão.

Inbostante, o acordo elaborado entre vítima e réu, no dia ......, por volta das .... horas, o
Apelante ao perceber que a vítima, novamente, estava construindo outro muro, avançando o
limite anteriormente pactuado em juízo, se dirigiu até os pedreiros, que efetuavam a obra,
pedindo para que os mesmo parassem com o serviço, até que houvesse um entendimento entre
ele e a vítima, sendo obedecido.
Ato contínuo o Apelante, procurou por seu advogado, Dr. ......... (fls.....), a qual havia lhe
representado na ação cível anterior, sendo aconselhado a procurar o agrimensor que havia feito o
laudo pericial, naquela contenda, para que o mesmo lhe acompanhasse até o local da invasão,
vez que a vítima tratava-se de pessoa beligerante e agressiva que poderia agredir a pessoa do
Apelante.

Como o Apelante não encontrou o ............., em sua residência, retornou para o local do
fato, onde já se encontrava a vítima, que ao vê-lo já passou a proferir insultos, com imprecações,
impropérios e agressões verbais, acerca da divisa entre os lotes, tendo, inclusive, em tom de
acinte dito que até compraria o referido imóvel. Depois de acalorada discussão, a vítima
caminhou em direção do acusado com intuito de agredi-lo, quando este sacou de sua arma e
desferiu ... tiros, como meio de defesa, tendo o último disparo atingido o agressor que caiu já
desfalecido sobre o corpo do réu. Conforme noticia a testemunha ....................., em seu
depoimento de fls....., prestado em plenário:

“Trabalha como ...... há ......... anos; foi contratado pela vítima para derrubar um
muro velho de placas pré-moldadas que já estava caindo e construir no mesmo lugar
um muro novo para separar os lotes pertencentes à vítima e ao acusado; quando
ocorreu o fato da denúncia, o qual foi presenciado pelo depoente, tinha três dias que
estava trabalhando no local e já tinha feito o alicerce do muro; a linha deste novo
muro foi feita exatamente no lugar onde antes existia o muro de placa pre-
moldada”(...); “por volta de oito e trinta o denunciado chegou acompanhado de uma
criança e perguntou pela vitima e pela esposa desta, mas os dois tinham saído; o
acusado mandou o depoente parar o serviço porque não era para ser erguido o muro
ali e da parte dele o serviço estava embargado; não mostrou nenhum documento
para o depoente e foi embora, depois que os pedreiros pararam de trabalhar; uns
cinco minutos depois a mulher da vitima chegou e ao saber do ocorrido telefonou
para a vitima e esta veio para casa e mandou que os trabalhos prosseguissem, e assim
foi feito; por volta de dez e trinta a vitima estava na porta da cozinha conversando
em um telefone sem fio e os dois filhos da vitima estavam andando de bicicleta em
volta da vitima ; o acusado chegou pelo lote dele, isto é, pelos fundos e falou para
vitima “você e cabeçudo eu falei que esse muro não é para ser feito aí”; o acusado
não falou onde era para o muro ser feito; a vitima respondeu que o muro precisava
ser feito porque ela tinha escritório ali com computadores e quando o denunciado
quisesse vender o lote a vítima o compraria; o acusado respondeu que não tinha lote
para vender; a vitima retrucou que não sabia o que o acusado queria pois a proposta
dela era boa;”

A decisão dos jurados foi manifestamente contraria as provas dos autos.

Restou inequívoco que entre vítima e Acusado, além de existir uma desavença pretérita, no
momento do fato, discutiriam com veemência, acerta do local correto em que seria a divisa entre
suas propriedades, inclusive, a vítima se propôs comprar o lote do Apelante. Logo, inconcebível
e inaceitável a admissão, pelos Jurados, da qualificadora da surpresa.

Por outro lado, a sentença lavrada pela Juíza Presidente, não espelha a realidade dos fatos,
no momento da dosagem da pena-base, ao sustentar, na análise das questões judiciais, que a os
motivos foram injustificáveis, quando na realidade o mote dos disparos foi à agressão (real ou
ficta) sofrida pelo Apelante, e não invasão de sua propriedade, como bem salientou em seu
interrogatório, versão esta confirma pela testemunha ouvida em plenário; e, ainda, sustentar que
a vítima em nada concorreu para evento, é ignorar a prova insofismável de que o novo muro
realmente não obedecia ao mesmo alinhamento daquele preexistente, (foto superior fls. 32), e
sim o alinhamento do barracão (foto superior fls....). O que vale dizer que os reclames do réu,
relativos a invasão na divisa, não eram improcedentes.

Deste modo no primeiro momento da dosagem da pena, no sistema trifásico, não andou
bem a Magistrada ao fixar a pena-base acima do mínimo legal.

Da mesma forma em que ao efetuar a diminuição da pena pelo reconhecimento das duas
atenuantes (confissão e idade superior a setenta anos na data da sentença), subtraiu em apenas
dois meses.

DO DIREITO

Pelo conjunto de provas produzido durante a instrução criminal, sob o manto do princípio
constitucional do contraditório e do devido processo legal, outra conclusão no há senão a de que
o Conselho de Sentença proferiu veredicto manifestamente contrário às provas dos autos, ao
rechaçar a tese defensiva da legítima defesa própria, do homicídio privilegiado, e,
principalmente quando reconheceu a qualificadora do uso de surpresa, quando dos autos
sobejamente restou provadas todas hipóteses levantadas pela defesa.

A soberania dos veredictos proferidos pelo Conselho de Sentença não dá sinal aberto que
permita aos Jurados tomarem decisões estrabilárias, dissociadas dos princípios reguladores da
norma jurídica, a ponto de julgar de modo pouco responsável, ignorando totalmente a prova
coligida nos autos e valer-se de uma versão pouco provável, sobretudo do ponto de vista lógico, e
desacompanhada de qualquer evidência, sob pena de se transformar sua decisão em arremedo
de justiça, o que impõe ao Juízo ad quem a determinação de que o Apelante seja submetido a
novo julgamento, ou adequação da reprimenda, no caso de cassação da qualificadora.

Deste modo, a íntima convicção deve prevalecer quando respaldada e arrimada em provas
cuja validade seja prescrita na norma processual penal (contraditório), principalmente quando a
repercussão da condenação temerária recai de modo drástico no status libertatis de qualquer
cidadão. Se o Juiz monocrático não pode ser liberal em matéria de provas para condenar,
inconcebível que se outorgue ao Juiz leigo o poder discricionário ilimitado, irrestrito para editar
veredicto no campo nebuloso e movediço da incerteza e da dúvida com relação ao acatamento
da qualificadora sugerida pela Acusação Oficial, a qual está visceralmente alheia ao conteúdo
probatório dos autos.

“A soberania do Júri não se traduz no arbítrio irresponsável dos jurados. É certo que
não fundamentam sua decisão. Mas, esta deve se circunscrever à prova dos autos. Se
avulta a prova em sentido contrário, força é concluir que a decisão contrariou a
evidência e outra alternativa não há que outro julgamento se realize” (TJSP - Ap. -
rel. Des.Cunha Bueno - RT 609/322).

“Não pode ser mantida a decisão do Conselho de Jurados que contraria a prova dos
autos, ante o que se extrai do conjunto probatório. Anula-se o julgamento para que o
réu a outro seja submetido, em consonância com os ditames legais” (TJMT - Ap. - rel.
Des. Onésimo Nunes Rocha - RT 606/395).
Conforme foi exposto nos depoimentos transcritos, nas presentes razões, a prova que
resplandeceu foi de que o Apelante agiu em legítima defesa própria, quando ao reclamar de
eventual esbulho de sua propriedade foi recebido com agressões verbais e físicas por parte da
vítima , que se lançou contra sua pessoa, não havendo outro meio para repelir a injusta e atual
agressão senão o uso da arma que portava, pelo que se traduz ter o Conselho de Sentença
decidido manifestamente contra as provas dos autos, tornando imperioso que este Colendo
Tribunal decrete a anulação do julgamento para que seja submetido a outro.

Se a parte acusadora não produziu provas suficientes, de que o Apelante tenha agido de
inopino e de forma surpreendente, e, que a vítima não possuísse, naquele instante, motivos
atuais ou remotos, para esperar ação do réu, injustificável a manutenção da condenação sem
nenhum suporte fático dentro do processo, o que ficou provado de forma indiscutível foi que
entre vítima e réu, havia desentendimento pretéritos, em função do mesmo motivo, no momento
do fato ambos discutiam calorosamente, sendo, assim, previsível uma agressão de qualquer dos
contendores.

Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desor. Byron Seabra


Guimarães, deste Tribunal goiano, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)

Arremata o Ilustre Desembargador:

“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)

É no mesmo sentido o entendimento esposado pelos tribunais superiores:

“Processo Penal. Prova. Inexistência de certeza absoluta para um juízo condenatório.


Exegese do artigo 386,VI, do CPP. l. É correta a sentença absolutória que se baseou no
fato de que a única testemunha que prestou depoimento mediante o contraditório
legal não logrou delinear em que contexto positivo se desenrolou a ação, e que a
prova trazida pela parte autora consistia em meras declarações do agente da
autoridade no inquérito policial, despedido ainda as formalidades ilegais, para julgar
improcedente o pedido articulado na peça exordial do Ministério Público. 2. A prova
no processo penal democrático exige a prova ser madura, robusta, isenta de
incertezas, e não tão-somente indicativa diante do artigo 386, VI, do CPP. Recurso
improvido para manter a sentença absolutória.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163, 2ª
Câmara Julgadora, em 16/06/1992)
Prova. Dúvidas. “In dúbio pro reo”. Absolvição. Se diante do fato há duas versões,
uma fornecida pela declarada vítima e outra pelo acusado, não se trata de questionar
o velho adágio testius unus, testius nullus, mas de constatar dentro do conjunto
probatório na variante de possibilidades a versão cabal, firme e inconteste da
dinâmica do acontecer, caso contrário, diante da intranquilidade da dúvida, o único
caminho que resta ao julgador sereno e imparcial é a aplicação do consagrado
princípio in dúbio pro reo ínsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso do órgão do
Ministério Público improvido. ( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 câmara julgadora, em
24/09/1992.

Não há como sufragar o veredicto proferido pelos Juizes Leigos, vez que a legítima defesa
se resplandeceu com todos seus requisitos na conduta do réu, que agiu diante de um a injusta
agressão, atual, usando de forma moderada do único meio de que dispunha, no momento, para
fazer cessar aquele ataque, tanto é, que a vítima veio a expirar sobre o corpo do Apelante,
conforme versão apresentada de forma unânime nos presentes autos.

“Não se pode exigir, para configuração da legítima defesa que o agredido proceda
como um covarde e trate de fugir ao invés de repelir a agressão atual e iminente,
contribuindo, muitas vezes, para a maior audácia e prepotência do agressor. Embora
não seja dever jurídico. A legítima defesa é dever moral ou político que a nenhum
pretexto deve deixar de ser estimulado pelo direito Positivo.”(TACRIM/SP – AC –
REL. Juiz Albano Nogueira – RT 562/355 e TJSP – REC - REL. SILVA LEME – RJTJSP –
89/359).

“No sistema do Código Penal, basta a presença concreta de perigo para que surja, sem
qualquer outra indagação, a necessidade de defesa. A existência desta ajuíza-se pela
situação externa, meramente objetiva, e não pela íntima posição do agente,
independendo, pois de elementos subjetivos”(3 º CCRIM. DO TJSP, REC. CRIM. N
25.132-3, V. UN. EM 2.4.1984, REL. Des. SILVA LEME, RT 589/295).
“Reconhece-se a legítima defesa quando a versão sustentada pelo réu, na ausência de
quaisquer testemunhas presenciais do fato, é que se harmoniza com as demais
circunstâncias apuradas no processo” (TACRIM-SP – AC – REL JUIZ CUNHA
CAMARGO – RT 418/285).

“Para acolhimento da justificativa da legítima defesa não é imprescindível a


ocorrência da prova cabal e inconcussa, mas apenas prova razoável e verossímil,
principalmente nos casos em que o evento ocorreu sem a presença de
testemunhas”(TJMG- AC-REL. DES. EROTIDESDINIZ – 438/472).

“Em caso de agressão mútua, ocorrendo dúvida a respeito de quem a ela tenha dado
início, a melhor solução será sempre a absolutória, porque, em tese qualquer dos
contendores poderá estar em situação de legítima defesa, então, para que não se
condene um provável inocente, mais justo que se absolva dois possíveis
culpados”(TACRIM-SP – AC – REL. JUIZ ERCÍLIO SAMPAIO).

Diante das evidenciasse comprovações que o caso apresenta, tem-se com estrabilária e
desafeiçoado das provas dos autos, devendo ser anulado o referido julgamento, por Este Egrégio
Sodalício.
Maior absurdo, ainda, foi o acatamento da qualificadora da surpresa, pelo Conselho de
Sentença, quando a doutrina mais abalizada esposa o entendimento que a referida qualificadora
somente se faz presente quando o ato homicida é totalmente inesperado, impedindo ou
dificultando a defesa, encontrando-se essa circunstância na cognição do agente 1, sendo
indispensável, ainda, que a vítima esteja descuidada, desprevenida, e não tenha razões próximas
ou remotas para espera-la2. Diz a Jurisprudência:

“Não se admite a surpresa, como meio que impossibilita a defesa, quando o crime é
precedido de discussão e havia inimizade antrior entre o réu e vítima” (RJTERGS
185/159)

“Não basta, para configurar a surpresa, que a vítima não espere a agressão. É preciso,
também, que o agente aja com insídia, isto é, procure, com a ação repentina,
impossibilitar ou dificultar a defesa do ofendido” (TJSP - Rec. - rel. Des. Mendes
Pereira - RT 512/375).

“Incabível a inclusão da qualificadora da surpresa na pronúncia, se não houve


insídia, aleivosia, traição ou ardil, ou outra forma de dissimulação ou recurso que
houvesse tornado impossível ou dificultado a defesa do ofendido” (TJSP - Rec. - rel.
Des. Márcio Bonilha - RT 519/362).

“Se o agente já havia revelado, anteriormente, sua atitude agressiva para com a
vítima, não se pode dizer que esta foi surpreendida com o seu ataque, o que a
impossibilitou de se defender” (TJSP - Rec. rel. Des. Alves Braga - RT 461/345).

Deste modo, in casu era público e notório a existência de animosidade entre o Apelante e a
vítima, em virtude desta já haver invadido a propriedade daquele, cuja perlenga alcançou a
esfera judicial, e, no dia do fato novamente foi surpreendida esbulhando, ao avançar o muro de
divisa, que ao ser interpelada pelo réu, redargüiu com ofensas e agressões, sendo injustificável e
dissociada da prova dos autos, a decisão proferida pelos jurados ao responderem positivamente o
quesito relativo a qualificadora da surpresa.

Pelas razões retro perfiladas impõe-se a cassação da decisão proferida pelo Conselho de
Sentença, determinando-se que o Apelante seja submetido a um novo julgamento por força das
diretrizes do parágrafo 3º do artigo 593, do Código de Processo Penal, ou proceda a adequação da
pena com a cassação da qualificadora retro alinhada.

DA SENTENÇA
A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59, da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O sentenciante possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck3, de discricionariedade juridicamente
vinculada, posto que está preso às finalidades da pena e aos fatores determinantes do quantum
punitivo.

Consoante o entendimento esposado pela doutrina e jurisprudência, o objetivo da pena não


é eternizar ou infernizar a situação do apenado; para reintegra-lo ou reinseri-lo no convívio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu objetivo de profilaxia moral
e social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).

No caso em apreço, a prova dos autos mostra que o Apelante é pessoa de excelente conduta
social, sem qualquer antecedente judicial,detentor de primariedade o que imporia por via de
regra a fixação da pena base no mínimo legal.

A sentença recorrida, no aspecto de fixação da pena, datíssima vênia, adotou critério


dissociado da norma estabelecida na lei penal, para exacerbar injustificadamente a sanção in
concreto, devendo, pois ser corrigida por esta Egrégia Câmara, fixando-a no mínimo legal, pois
análise realizada pelo juiz presidente, da culpabilidade, circunstâncias, motivos do crime e
comportamento da vítima não resplandecem a realidade do processo, uma vez que:

A sentença recorrida equivoca-se ao reportar que os motivos foram injustificáveis, pois ao


que tudo indica, o móvel do crime foi um a suposta divisa de terreno que já fora resolvida uma
vez pelo Juizado Especial desta comarca, e naturalmente, poderia sê-lo mais uma vez . Ocorre,
que os disparos foram efetuados em virtude da agressão sofrida pelo Apelante e não em razão da
invasão de seu terreno. Com relação a invasão o Apelante agiu conforme dispõe o Código Civil
Brasileiro:

Art. 1.210 - O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de
ser molestado.

Parágrafo primeiro - O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou


restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
(Grifei).

É também reprochável a assertiva contida na sentença, ora hostilizada, que diz


Comportamento da Vítima: não concorreu para o desfecho do evento delituoso, se considerado
pelas provas dos autos o novo muro que estava sendo erguido seguia a mesma linha do antigo de
placa. Esta afirmativa é flagrantemente improcedente. Basta fazer uma comparação dos
alinhamentos dos referido muro nas fotografias apensadas as fls. ... (muro antigo) e fls. ... (muro
novo), que pode ser percebido a olho nu que o muro original não acompanhava o alinhamento
da parede do barracão. Logo, a sentença não traduz a realidade da prova processual.
Pelo conjunto probatório contido no processo, não há como justificar uma pena fixada
acima do mínimo legal, conforme o entendimento adotado por nossos Tribunais Superiores:

“PENA - Réu primário - Pena-base estipulada em limite superior ao mínimo legal -


Necessidade de fundamentação.

Nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu


grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante, desde que o faça em ato decisório
adequadamente motivado, proceder a uma especial exacerbação da pena-base.
Impõe-se, para esse efeito, que a decisão judicial encontre suporte em elementos
fáticos concretizadores das circunstâncias judiciais abstratamente referidas pelo
artigo 59 do CP, sob pena de o ato de condenação transformar-se numa inaceitável e
arbitrária manifestação de vontade do magistrado aplicador da lei. (STF - HC nº
71.697-GO - Rel. Min. Celso de Mello - J. 27.09.94 - DJU 16.08.96).

Por outro lado, a decisão apelada foi bastante econômica ao diminuir apenas dois meses no
momento em aplica a minoração referente as duas atenuantes reconhecidas pelos Jurados
(confissão espontânea e idade superior a setenta ao tempo da sentença) devendo ser corrigida por
Esta Colenda Corte.

Senhores Desembargadores, in summa, o presente apelo objetiva o reconhecimento de que


o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Anápolis, ao proferir seu veredicto o fez
manifestamente contrario as provas dos autos ao rejeitar as teses defensivas e aceitar o
reconhecimento da qualificadora da surpresa, bem como também, a sentença da lavra da Juíza
Presidente foi injusta ao fixar a pena acima do mínimo legal.

EX POSITIS,

espera o Apelante, sejam as presentes razões recebidas, vez que próprias e tempestiva, dando-se
provimento ao presente recurso, em todos seus termos, como forma de prestigiar e aplicar a mais
reta e lídima JUSTIÇA.

Local, data

____________________
OAB
Razões de Apelação – Roubo – Participação de Menor Importância

RAZÕES DE APELAÇÃO

Protocolo : .....................

Apelante: ..........................

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da Primeira Vara Criminal de .............., que o condenou a uma
pena definitiva de ... (...) anos e ... (...) meses de reclusão a ser cumprida inicialmente no regime
fechado, por ter supostamente infringido a norma incriminadora do art. 157, § 2º, I, II e V do
Código Penal Brasileiro.

SÚMULA DOS FATOS

A sentença recorrida de fls. ......., condenou o Recorrente pela suposta prática do ilícito
penal prescrito no art. 157, § 2º, inc. I, II e V de nosso Estatuto Substantivo Penal, imputando-lhe
a conduta descrita na denúncia, assim relatada:

“No dia ...................., por volta das ......... , no cruzamento da ........................ , nesta
cidade , os denunciados .................... e ......................... , em concurso e com unidade
de desígnios , com o adolescente ....................... ,subtraíram , mediante violência ,
perpetrada com o emprego de arma de fogo e , ainda , restringindo a liberdade de
locomoção da vitima ................................., o veiculo .................. , ............,
placa ............ ( fls....), de propriedade de ..............................., bem como os bens
móveis descritos às ...... dos autos, pertencentes à citada vítima.
Segundo apurado, no dia dos fatos, a vítima trafegava pela cidade no automóvel
supramencionado quando , no cruzamento da ....................., enquanto aguardava o
semáforo abrir, foi abordado pelos denunciados.
Apurou-se que o denunciado ......... encostou um revolver na cabeça da vitima e
anunciou um assalto, tomando a direção do carro.Os denunciados pegaram então a
carteira e o celular da vitima e logo depois a empurraram para o centro do veículo, os
denunciados ............ e .........., portando também outro revolver, entraram no veiculo
pela porta de trás, ,tendo o adolescente ............ sentado no banco da frente junto com
o denunciado ...........
Restou apurado que, dentro do carro. O adolescente encapuzou a vitima e os
denunciados foram em direção dão ......................., ficando, por aproximadamente
uma hora, dando voltas pela cidade, ocasião em que agrediram aquela com murros
no nariz, no rosto, pancadas no tórax e varias coronhadas também no rosto.
Consta que em determinado momento, os denunciados pararam o veiculo e
colocaram a vitima no porta-malas do automóvel, seguindo, posteriormente, rumo à
cidade de ...............
Segundo que consta, os denunciados ao pararem no ............, perceberam a presença
de policiais militares.
Informam os autos que os policiais militares, assim que avistaram o veiculo da
vitima, já avisados do roubo, iniciaram um perseguição, consta que os denunciados e
a policia passaram a trocar tiros, sendo que, em determinado, momento, aqueles
pararam o veiculo, já nas proximidades do trevo de ......................., e empreenderam
fuga pelo matagal

Durante a fase instrutória, não se apurou de forma clara e inconteste a suposta participação
do Acusado/defendente na prática do ilícito penal denunciado, ficando a autoria, com relação a
sua pessoa, nebulosa e controvertida tendo a sentença recorrida emitido juízo temerário ao
condena-lo a uma exacerbada pena constritiva da liberdade.

A prova produzida no processo não contraria a versão apresentada pelo acusado devendo
assim ser cassada a sentença proferida pela ilustre magistrada que presidiu o feito de cognição,
de forma que embora tenha ficado claro e evidente sua não participação ativa nos fatos narrados
na exordial, culminou o procedimento, injustificadamente, com édito condenatório.

No caso vertente, o conjunto de provas jurisdicionalizadas demonstra que a parte/acusação,


não se desincumbiu do ônus probandi, que a impunha a incumbência processualde trazer para
os autos provas da realidade dos fatos deduzidos na pretensão punitiva o que impõe a pronta e
eficaz cassação da sentença vergastada.

Ademais, a versão apresentada pela vítima não aponta com exatidão qual foi o grau de
participação do Apelante, razão pela qual nada impede de dar credibilidade aos fatos da forma
narrada em seu interrogatório de fls. ..........

Por outro lado, Senhor Relator, a sentença recorrida restou carente de fundamentação ao
fixar a pena-base acima do mínimo legal, do mesmo modo que de forma injusta, no segundo
momento da dosimetria da reprimenda, elevou no limite máximo a majoração prevista no § 2º
do art. 157 do CPB, quando pela análise das questões judiciais, verifica-se que a pena-base
deveria ser ancorada no mínimo legal assim como a majorante referente as qualificadoras deveria
ser dosadas no patamar de um terço (....) e não na metade como fez a Juíza sentenciante.

DO DIREITO
Senhores Desembargadores, consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial
dominante, a pretensão deduzida na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica
deve ser amplamente provada durante a instrução criminal desenvolvida sob o manto da
garantia constitucional do contraditório, assumindo a acusação oficial o ônus probandi da
autoria, da materialidade e de todas as circunstâncias do fato. É corrente o entendimento, de que
o crime, como entidade jurídico-penal, só se aperfeiçoa ou se consuma quando o agente realiza
todos elementos que compõem a descrição do tipo legal.

No caso vertente, o conjunto de provas dá conta de que a parte ex adversa, não se


desincumbiu do ônus probandi, de trazer para os autos provas da realidade dos fatos deduzidos
na pretensão punitiva o que torna injustificável a condenação imposta pelo Juízo de piso,
impondo, assim, a reforma in totum da sentença hostilizada, consoante entendimento esposado
pela jurisprudência hodierna, conforme os seguinte arestos:

“Não se presumindo a culpa, deve ser cumpridamente provada, dentro dos elementos
de sua configuração, desprezadas as deduções e as ilações ou a conclusões que não
se assentem em prova concreta, acima de qualquer dúvida” (Revista Forense
175/375).

“Ônus da prova. As alegações relativas ao fatos objeto da pretensão punitiva têm de


ser provadas pelo acusador , incumbindo ao acusado, demonstrar apenas os fatos
impeditivos e extintivos” (JTACrim – 72/243).

“Culpa. Presunção. A culpa não se presume em nosso ordenamento jurídico penal,


devendo ser demonstrada de maneira positiva e cabal para justificar uma
condenação” (JTACrim – 73/364).

“Ao Ministério Público cabe o ônus da prova acusatória, ou seja, da materialidade do


fato e sua autoria . Ao acusado tão-só incumbe a prova de eventuais fatos
impeditivos ou extintivos da imputação” (EI 174449 – TACrimSP – Rel. Weiss de
Andrade).

“a favor de o réu é presumida a inocência, até que se demonstre o contrário. Assim,


basta à acusação não promover prova capaz de infundir a certeza moral no espírito
do julgador para que obtenha decreto absolutório” (Ap.1987.889 – TACrimSP – Rel.
Weiss de Andrade).

Da Pena Exacerbada
A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59 da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O juiz possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck1 de discricionariedade juridicamente
vinculada, posto que está preso às finalidades da pena e aos fatores determinantes do quantum
punitivo.

Consoante o entendimento adotado pela doutrina e jurisprudência dominante, o objetivo


da pena não é eternizar ou infernizar a situação do apenado. Para reintegra-lo ou reinseri-lo no
convívio social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim de profilaxia social.
“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).
“Na fixação da reprimenda o Magistrado deve atender e buscar o equilíbrio
necessário entre o interesse social e a expiação, sempre visando ao sentido binário da
pena, verdadeira pedra de toque do direito penal moderno: reinserção social e
expiatório-aflitivo, afeiçoando-se ao princípio da humanidade da pena, finalidades
atribuídas pelo estatuto repressivo pátrio” (TRF (4ª Reg.) - AC Rel. Gilson Dipp - RTJE
152/267).

“Nunca é demais lembrar que o fim último da pena não é o de eternizar e muito
menos infernizar a situação do apenado; para reintegrá-lo, ou reinseri-lo ao meio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional estimulando o homem
apenado e preparando-o necessariamente para o retorno. A esperança de momentos
mais fáceis e menos rigorosos, de liberdade ainda distante, é inerente ao complexo
tema da recuperação do condenado” (TARS - RA 290108117 - JUTARS 76/27).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).

No caso sub judice, a sentença reconhece, no momento da aferição da pena-base,que as


questões judiciais de caráter pessoal são todas favoráveis ao Apelante, o que imporia sua fixação
estribada no mínimo legal, ou seja quatro anos, e não seis anos com editou a Juíza a quo.. O
critério justo a ser realizado é aquele abraçado pela maioria de nossos tribunais, ou seja, se a
pena base nestes casos deve ser fixada no mínimo legal, sob pena de ser ajustada no juízo ad
quem.

Do mesmo modo, tem-se como injustificável o lançamento do aumento de pena previsto no


§ 2º, do art. 157 do Código Penal, no seu limite máximo, principalmente, quando se verifica que
o fato foi realizado em função da imaturidade dos réus e o compromentimento com o uso de
drogas,

Assim sendo, se a aplicação da sanção penal traz, no texto legal, a exigência de se


perscrutar todos parâmetros contidos no artigo 59 do CPB, objetivos e subjetivos, à luz dos
elementos fáticos extraídos do processo, com o condão de individualizar racionalmente a
reprimenda de cada réu, chegando-se à pena-base, no presente feito, tem-se que a conclusão do
ilustre magistrado sentenciante, não guarda lógica, ou racionalidade vez que as circunstâncias
judiciais, não são de tudo desfavor[áveis ao Recorrente.

Mesmo sabendo-se que aquela avaliação do art. 59 do CPB. destina-se, no sistema trifásico,
à alcançar a pena base, não se pode negar que deve ter repercussão no segundo e terceiro
momentos da equação que trata das causas especiais de aumento de pena, pelo que não se
justifica o aumento no patamar máximo previsto no § 2º do art. 157 do CPB.

Pelo conjunto probatório contido no processo e reconhecido na própria sentença recorrida,


não há como justificar o aumento da reprimenda do Apelante, acima do mínimo legal, devendo
assim ser efetuado a corrigenda por Este Egrégio Sodalício.
“PENA - Réu primário - Pena-base estipulada em limite superior ao mínimo legal -
Necessidade de fundamentação.
Nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu
grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante, desde que o faça em ato decisório
adequadamente motivado, proceder a uma especial exacerbação da pena-base.
Impõe-se, para esse efeito, que a decisão judicial encontre suporte em elementos
fáticos concretizadores das circunstâncias judiciais abstratamente referidas pelo
artigo 59 do CP, sob pena de o ato de condenação transformar-se numa inaceitável e
arbitrária manifestação de vontade do magistrado aplicador da lei. (STF - HC nº
71.697-GO - Rel. Min. Celso de Mello - J. 27.09.94 - DJU 16.08.96).

“Não tem sentido a aplicação da pena, além do mínimo legal, a indivíduo primário e
de bons antecedentes, que vai cumpri-la depois de tantos anos após o fato criminoso.
Na aplicação da pena o juiz há que buscar o equilíbrio necessário entre o máximo
interesse social e o mínimo de expiação do réu” (TJMG - AC - Rel. José Arthur - RT
519/425).

“Quando as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem favoráveis ao réu, a pena


não deve se afastar do mínimo legal. Na fixação da pena, o Juiz deve pautar-se pelos
critérios legais para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao réu” (TJMT AC - Rel.
Carlos Avallone - RTJE I IS/229).

Assim, Senhores Julgadores, não há como chancelar a condenação imposta pela sentença
recorrida, principalmente quando a clareza dos elementos produzidos nos autos indica que não
existem provas suficientes dos fatos narrados na denúncia, além do que o Recorrente, teve
participação de menor importância, circunstância esta não analisada no decreto do Juízo a quo, e
finalmente, teve o aumento de sua pena, injustificavelmente, afastada do mínimo previsto no §
2º do art. 157 do Código Penal, devendo a sentença recorrida ser cassada na forma pleiteada nas
presentes razões.

Vale Frisar que o Acusado, é pessoa de excelente relacionamento com sua família e sua
conduta social está integrada dentre da normalidade, é tecnicamente primário, devendo em caso
de prevalecer a condenação ter sua pena fixada no mínimo legal.

Pelo exposto, Espera sejam as presentes razões conhecidas, vez que próprias e tempestivas,
e por tudo o mais que dos autos consta, julgado procedente o apelo para cassar a sentença
recorrida, in totum, decretando-se a absolvição do Apelante, ou, ajustando a reprimenda penal
imposta, ao mínimo legal, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará como de costume,
editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Razões de Apelação – Roubo – Participação de Menor Importância
– Dosimetria da Pena

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo : ................
Apelante: ...................

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da Primeira Vara Criminal de ........., que o condenou a uma pena
definitiva de ... (...) anos e .... (...) meses de reclusão a ser cumprida inicialmente no regime
fechado, sob a supositícia afirmação de ter infringido a norma incriminadora prevista no art.
157, § 2º, I, II e V do Código Penal Brasileiro.

SÍNTESE DOS FATOS

A sentença condenatória vergastada, de fls. ....., impingiu ao Recorrente a prática do ilícito


penal descrito no art. 157, § 2º, inc. I, II e V do Código Penal Brasileiro, imputando-lhe a
conduta descrita na denúncia, assim relatada:
“No dia ..............., por volta das ..... , no ........................, nesta cidade , os denunciados
.................................. , em concurso e com unidade de desígnios , com o
adolescente ....... ,subtraíram , mediante violência , perpetrada com o emprego de
arma de fogo e , ainda, restringindo a liberdade de locomoção da vitima ............., o
veiculo ...................... ( fls....), de propriedade de .............., bem como os bens móveis
descritos às ... dos autos, pertencentes à citada vítima.

Segundo apurado, no dia dos fatos, a vítima trafegava pela cidade no automóvel
supramencionado quando , no cruzamento da..........................., enquanto aguardava
o semáforo abrir, foi abordado pelos denunciados.
Apurou-se que o denunciado ........ encostou um revolver na cabeça da vitima e
anunciou um assalto, tomando a direção do carro.Os denunciados pegaram então a
carteira e o celular da vitima e logo depois a empurraram para o centro do veículo,os
denunciados ......................, portando também outro revolver, entraram no veiculo
pela porta de trás, ,tendo o adolescente .............. sentado no banco da frente junto
com o denunciado ...........
Restou apurado que, dentro do carro. O adolescente encapuzou a vitima e os
denunciados foram em direção ............., ficando, por aproximadamente uma hora,
dando voltas pela cidade, ocasião em que agrediram aquela com murros no nariz, no
rosto, pancadas no tórax e varias coronhadas também no rosto.
Consta que em determinado momento, os denunciados pararam o veiculo e
colocaram a vitima no porta-malas do automóvel, seguindo, posteriormente, rumo à
cidade de ...........
Segundo que consta, os denunciados ao pararem no ..........., perceberam a presença
de policiais militares.
Informam os autos que os policiais militares, assim que avistaram o veiculo da
vitima, já avisados do roubo, iniciaram um perseguição, consta que os denunciados e
a policia passaram a trocar tiros, sendo que, em determinado, momento, aqueles
pararam o veiculo, já nas proximidades do trevo de ..............., e empreenderam fuga
pelo matagal

Durante a instrução criminal, não foi apurado, de forma clara e inconteste, a eventual
participação do Apelante na prática do ilícito penal denunciado, ficando a autoria, com relação a
sua pessoa, nebulosa e controvertida tendo a sentença recorrida emitido juízo temerário ao
condena-lo a uma exacerbada pena constritiva da liberdade.

Há que ressaltar fato relevante, não considerado pela decisão do juízo a quo, de que as
testemunhas arroladas na denuncia apontam a pessoa do co-réu _____ e o menor de idade ____,
como os autores diretos do fato, e que apenas ouviram dizer que ____ também estava presente
no local onde o crime foi praticado, o que vale dizer que a sentença condenatória foi erigida no
terreno movediço da incerteza, o que impõe a edição de reparo por Esta Egrégia Corte.

A sentença recorrida olvidou, que se realmente os fatos tivessem acontecido conforme


relatado pela vítima, é forçosa a conclusão de,,.......................................... teve uma participação
de menor importância, sendo, assim merecedor da minorante contida no § 1º do art. 29 d9
Código Penal, o que não foi reconhecido na decisão de piso.

Assim, era imperioso que na sentença, ora hostilizada, fosse detraído da reprimenda
imposta o quantum referente ao reconhecimento da participação de menor importância com
relação a pessoa do Apelante.

Por outro lado, o Apelante ................, conforme depoimentos prestados pelas testemunhas
arroladas na defesa prévia exerce ocupação lícita, é estudante regularmente matriculado em
estabelecimento de ensino, vive em ambiente familiar exemplarmente constituído na companhia
de seus genitores, que no decorrer do presente se fizeram atuantes na luta pela prova de sua
inocência porque ciosos que o mesmo não possui personalidade voltada para a senda criminosa,
sendo primário, gozando de respeito e admiração no meio social onde vive.

A prova produzida no processo não contraria a versão apresentada pelo acusado devendo
assim ser cassada a sentença proferida pela ilustre magistrada que presidiu o feito de cognição,
de forma que embora tenha ficado claro e evidente sua não participação ativa nos fatos narrados
na exordial, culminou o procedimento, injustificadamente, com édito condenatório.

No caso vertente, o conjunto de provas jurisdicionalizadas demonstra que a parte/acusação,


não se desincumbiu do ônus probandi, que a impunha a incumbência processualde trazer para
os autos provas da realidade dos fatos deduzidos na pretensão punitiva o que impõe a pronta e
eficaz cassação da sentença vergastada.

Por outro lado, Senhor Relator, a sentença recorrida restou carente de fundamentação ao
fixar a pena-base acima do mínimo legal, do mesmo modo que de forma injusta, no segundo
momento da dosimetria da reprimenda, elevou no limite máximo a majoração prevista no § 2º
do art. 157 do CPB, quando pela análise das questões judiciais, verifica-se que a pena-base
deveria ser ancorada no mínimo legal assim como a majorante referente as qualificadoras deveria
ser dosadas no patamar de ....... (...) e não na metade como fez a Juíza sentenciante.

DO DIREITO

Senhores Desembargadores, consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial


dominante, a pretensão deduzida na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica
deve ser amplamente provada durante a instrução criminal desenvolvida sob o manto da
garantia constitucional do contraditório, assumindo a acusação oficial o ônus probandi da
autoria, da materialidade e de todas as circunstâncias do fato. É corrente o entendimento, de que
o crime, como entidade jurídico-penal, só se aperfeiçoa ou se consuma quando o agente realiza
todos elementos que compõem a descrição do tipo legal.
No caso vertente, o conjunto de provas dá conta de que a parte ex adversa, não se
desincumbiu do ônus probandi, de trazer para os autos provas da realidade dos fatos deduzidos
na pretensão punitiva o que torna injustificável a condenação imposta pelo Juízo de piso,
impondo, assim, a reforma in totum da sentença hostilizada, consoante entendimento esposado
pela jurisprudência hodierna, conforme os seguinte arestos:

“Não se presumindo a culpa, deve ser cumpridamente provada, dentro dos elementos
de sua configuração, desprezadas as deduções e as ilações ou a conclusões que não
se assentem em prova concreta, acima de qualquer dúvida” (Revista Forense
175/375).

“Ônus da prova. As alegações relativas ao fatos objeto da pretensão punitiva têm de


ser provadas pelo acusador , incumbindo ao acusado, demonstrar apenas os fatos
impeditivos e extintivos” (JTACrim – 72/243).

“Culpa. Presunção. A culpa não se presume em nosso ordenamento jurídico penal,


devendo ser demonstrada de maneira positiva e cabal para justificar uma
condenação” (JTACrim – 73/364).

“Ao Ministério Público cabe o ônus da prova acusatória, ou seja, da materialidade do


fato e sua autoria . Ao acusado tão-só incumbe a prova de eventuais fatos
impeditivos ou extintivos da imputação” (EI 174449 – TACrimSP – Rel. Weiss de
Andrade).

“a favor de o réu é presumida a inocência, até que se demonstre o contrário. Assim,


basta à acusação não promover prova capaz de infundir a certeza moral no espírito
do julgador para que obtenha decreto absolutório” (Ap.1987.889 – TACrimSP – Rel.
Weiss de Andrade).
Da Pena Exacerbada
A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59 da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O juiz possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck1 de discricionariedade juridicamente
vinculada, posto que está preso às finalidades da pena e aos fatores determinantes do quantum
punitivo.

Consoante o entendimento adotado pela doutrina e jurisprudência dominante, o objetivo


da pena não é eternizar ou infernizar a situação do apenado. Para reintegra-lo ou reinseri-lo no
convívio social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim de profilaxia social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).

“Na fixação da reprimenda o Magistrado deve atender e buscar o equilíbrio


necessário entre o interesse social e a expiação, sempre visando ao sentido binário da
pena, verdadeira pedra de toque do direito penal moderno: reinserção social e
expiatório-aflitivo, afeiçoando-se ao princípio da humanidade da pena, finalidades
atribuídas pelo estatuto repressivo pátrio” (TRF (4ª Reg.) - AC Rel. Gilson Dipp - RTJE
152/267).
“Nunca é demais lembrar que o fim último da pena não é o de eternizar e muito
menos infernizar a situação do apenado; para reintegrá-lo, ou reinseri-lo ao meio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional estimulando o homem
apenado e preparando-o necessariamente para o retorno. A esperança de momentos
mais fáceis e menos rigorosos, de liberdade ainda distante, é inerente ao complexo
tema da recuperação do condenado” (TARS - RA 290108117 - JUTARS 76/27).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).

No caso sub judice, a sentença reconhece, no momento da aferição da pena-base,que as


questões judiciais de caráter pessoal são todas favoráveis ao Apelante, o que imporia sua fixação
estribada no mínimo legal, ou seja quatro anos, e não seis anos com editou a Juíza a quo.. O
critério justo a ser realizado é aquele abraçado pela maioria de nossos tribunais, ou seja, se a
pena base nestes casos deve ser fixada no mínimo legal, sob pena de ser ajustada no juízo ad
quem.

Do mesmo modo, tem-se como injustificável o lançamento do aumento de pena previsto no


§ 2º, do art. 157 do Código Penal, no seu limite máximo, principalmente, quando se verifica que
o fato foi realizado em função da imaturidade dos réus e o compromentimento com o uso de
drogas,

Assim sendo, se a aplicação da sanção penal traz, no texto legal, a exigência de se


perscrutar todos parâmetros contidos no artigo 59 do CPB, objetivos e subjetivos, à luz dos
elementos fáticos extraídos do processo, com o condão de individualizar racionalmente a
reprimenda de cada réu, chegando-se à pena-base, no presente feito, tem-se que a conclusão do
ilustre magistrado sentenciante, não guarda lógica, ou racionalidade vez que as circunstâncias
judiciais, não são de tudo desfavor[áveis ao Recorrente.

Mesmo sabendo-se que aquela avaliação do art. 59 do CPB. destina-se, no sistema trifásico,
à alcançar a pena base, não se pode negar que deve ter repercussão no segundo e terceiro
momentos da equação que trata das causas especiais de aumento de pena, pelo que não se
justifica o aumento no patamar máximo previsto no § 2º do art. 157 do CPB.

Pelo conjunto probatório contido no processo e reconhecido na própria sentença recorrida,


não há como justificar o aumento da reprimenda do Apelante, acima do mínimo legal, devendo
assim ser efetuado a corrigenda por Este Egrégio Sodalício.

“PENA - Réu primário - Pena-base estipulada em limite superior ao mínimo legal -


Necessidade de fundamentação.

Nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu


grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante, desde que o faça em ato decisório
adequadamente motivado, proceder a uma especial exacerbação da pena-base.
Impõe-se, para esse efeito, que a decisão judicial encontre suporte em elementos
fáticos concretizadores das circunstâncias judiciais abstratamente referidas pelo
artigo 59 do CP, sob pena de o ato de condenação transformar-se numa inaceitável e
arbitrária manifestação de vontade do magistrado aplicador da lei. (STF - HC nº
71.697-GO - Rel. Min. Celso de Mello - J. 27.09.94 - DJU 16.08.96).

“Não tem sentido a aplicação da pena, além do mínimo legal, a indivíduo primário e
de bons antecedentes, que vai cumpri-la depois de tantos anos após o fato criminoso.
Na aplicação da pena o juiz há que buscar o equilíbrio necessário entre o máximo
interesse social e o mínimo de expiação do réu” (TJMG - AC - Rel. José Arthur - RT
519/425).

“Quando as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem favoráveis ao réu, a pena


não deve se afastar do mínimo legal. Na fixação da pena, o Juiz deve pautar-se pelos
critérios legais para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao réu” (TJMT AC - Rel.
Carlos Avallone - RTJE I IS/229).

Assim, Senhores Julgadores, não há como chancelar a condenação imposta pela sentença
recorrida, principalmente quando a clareza dos elementos produzidos nos autos indica que não
existem provas suficientes dos fatos narrados na denúncia, além do que o Recorrente, teve
participação de menor importância, circunstância esta não analisada no decreto do Juízo a quo, e
finalmente, teve o aumento de sua pena, injustificavelmente, afastada do mínimo previsto no §
2º do art. 157 do Código Penal, devendo a sentença recorrida ser cassada na forma pleiteada nas
presentes razões.

Vale Frisar que o Acusado, é pessoa de excelente relacionamento com sua família e sua
conduta social está integrada dentre da normalidade, é tecnicamente primário, devendo em caso
de prevalecer a condenação ter sua pena fixada no mínimo legal.
EX POSITIS,

espera sejam as presentes razões conhecidas, vez que próprias e tempestivas, e por tudo o
mais que dos autos consta, julgado procedente o apelo para cassar a sentença recorrida, in
totum, decretando-se a absolvição do Apelante, ou, ajustando a reprimenda penal imposta, ao
mínimo legal, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará como de costume, editando
decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

________________

OAB
Razões de Apelação – Tráfico de Drogas

RAZÕES DE APELAÇÃO

Protocolo ............................
Apelante: .....................

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra da Juíza da comarca de ............ , que o condenou a uma pena restritiva de liberdade
de .......... (...) anos de reclusão a ser cumprida inicialmente no regime fechado como incurso na
norma incriminadora do artigo 33, figura “transportar”, da Lei 11.343/06, .

SÚMULA DOS FATOS

A sentença recorrida condenou o Apelante, pura e simplesmente baseado na suposição e


suspeita de sua participação no crime de tráfico ilícito de entorpecente, afrontando
visceralmente o ordenamento jurídico em vigor, onde não há mais espaço para a presunção de
culpabilidade. A prova coletada durante todo processado, não possui elementos suficientes para
fundamentar um juízo a acerca da autoria do fato denunciado, nem tampouco sobre a destinação
mercantil da droga apreendida, sendo assim, a decisão vergastada deve ser cassada in totum, por
este Egrégio Sodalício.

A denúncia que capeia os autos narra o suposto fato ilícito atribuído ao Apelante do
seguinte modo in verbis (Fls. ........):

“Em ....................... , por volta das ......... horas, nas proximidades do posto da
Policia Rodoviária Federal localizado na BR ........, nesta cidade, os
denunciados ............ , ........................ e ......................................................,
transportavam cerca de ... quilos e .... gramas de maconha, substância entorpecente
capaz de causar dependência física e psíquica, de circulação proibida em todo o
território nacional, nos termos da Portaria nº 344/98 do DIMED. “ (fls. ....).

Segundo o que consta dos autos informativos, na data e horário supramencionados,


o denunciado ...................... encontrava-se na direção do veículo automotor ...........,
de cor ..............., placas de identificação ..............., e trazia como passageiros os
demais denunciados.
Quando se aproximava do posto policial localizado na BR ........... , nesta cidade, o
veículo em questão foi flagrado pelo sistema eletrônico de fiscalização de velocidade,
uma vez que desenvolvia uma velocidade de ..... quilômetros por hora
Na ocasião, diante da ordem de parada dada pelos policiais, o
denunciado ................. reduziu a velocidade, dando a entender que pararia o veículo,
mas logo em seguida, arrancou em alta velocidade, ultrapassando a barreira policial.

De imediato, os policiais rodoviários saíram no encalço do veículo ocupado pelos


denunciados perseguindo-o por cerca de .... quilômetros.

O acompanhamento tático perdurou até o acesso a uma estrada não pavimentada,


localizada no sentido do município de ................. , onde os denunciados pararam o
veiculo bruscamente..

Nesta oportunidade, o denunciado ........................... dispensou uma sacola plástica


e um aparelho celular em meio a vegetação.

A seguir quando os denunciados tentaram arrancar novamente, com o veículo


automotor, os policiais rodoviários pararam a viatura policial na linha de trajetória
dele, fazendo com que parasse.

Concomitantemente com a abordagem dos denunciados, o policiais rodoviários


lograram efetuar a preensão dos objetos supramencionados, vindo a constatar que, no
interior da sacola plástica, havia .... porções de maconha, embalados com fita
adesiva marrom, com peso total de ... quilos e ...... gramas de maconha.

Levados à sede do Grupo de Repressão de Narcóticos, no municípios


de ................. , os denunciados foram autuados em flagrante delito.

Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE ............. ,


oferece denuncia em desfavor de ................... , .............................
e ........................................., acima qualificados, dando-os como incursos nas penas
do art. 33,”caput” (figura transportar), da Lei 11.343/06.”(fls. .......)

Durante a instrução criminal o co-réu, ........................., às fls. .........., assim se pronunciou:

“que no dia dos fatos o .................... compareceu a casa do interrogando informando


que .............. acharia maconha por um preço mais barato e era só lá que tinha; que
pegaram uma lotação e se dirigiram para ................ apenas o interrogando
e ................; que o interrogando não conhecia ............... e não sabe informar
se .................. já o conhecia; que em ................. encontraram um ambulante, próximo
a um posto de gasolina que fica do lado esquerdo no sentido .................; .................;
que esse ambulante informou que sabia quem tinha a maconha para a venda; que
marcaram com essa pessoa que trouxesse a maconha; que foi o próprio ambulante
quem trouxe a maconha alguns minutos depois; que compraram uma sacola de
maconha pelo valor de um mil reais; (...) que logo a frente, próximo a BR
encontraram .................... ; que mesmo não conhecendo ......... este parou o carro e
indagou do interrogando e ............... se eles iriam para .................. e se queriam
carona; não sabe informar com ............ sabia que interrogando e .................... eram de
...................;que em ............... conversaram apenas com o ambulante e lhe contaram
que eram de .............. ;que indagaram de ........... o quanto que ele cobraria para leva-
los até ................ , obtendo a informação de que cobraria oito reais; que .............
quando parou para oferecer carona para o interrogando ainda estava dentro da
cidade” (Grifei)

Por seu turno o Acusado ................., confirma in totum a versão apresentada por ............,
no sentido de que o Acusado ............, ignorava a existência da droga no interior do veículo que
dirigia, quando assim reporta as fls. .........:

“que não conhecia .........., mas apenas .............; (...) que no dia dos fatos , o
interrogando saiu do trabalho por volta das ........ horas e passou na casa de ............,
seu conhecido de infância; que é usuário de maconha a exemplo de ...............; que
em .............. não estava havendo maconha para comprar; que chamou ................ para
irem até .................... comprar maconha; que chegando em ............., pararam em um
posto de gasolina de gasolina, a margem da rodovia, do lado esquerdo; que ali
encontraram um hippie; que essa pessoa indicou uma terceira pessoa para vender a
droga; que o interrogando e ............. compraram ........ mil reais de maconha; (...); que
essa droga seria destinada apenas ao uso do interrogando e .................; (...) que após a
compra da droga resolveram retornar para .............. e como tinha ido para ............. de
lotação, resolveram pedir carona a uma pessoa que estava no posto, cujo veículo
tinha placa de .................; que essa pessoa é ............ que lhe cobrou o valor de vinte
reais para transporta-los até ...............; (...); que em certa altura da rodovia havia uma
blitz da PRF; que ............ não viu a blitz e continuou a sua marcha; (...); que não
viram que estavam sendo seguidos por uma viatura da PRF; que viram apenas no
momento em que foram interceptados no meio da rodovia; nesse momento ficou
assustado pois não sabia o que estava acontecendo;” (Grifei).

Nenhuma das testemunhas ouvidas em juízo declarou que a substância apreendida era
destinada ao comércio ilegal de drogas, conforme informa o policial rodoviário
federal, ..........................................., às fls. .........:
“que o depoente não tem conhecimento se no interior do veículo foram encontrados
outros elementos que fizesse concluir que os acusados transportavam a droga para
comércio”

É a síntese da prova coligida na instrução criminal.

Na sentença recorrida, no momento de expressar sua motivação pertinente ao fato de que o


Apelante ....................., ora recorrente, tinha conhecimento da existência da droga no interior de
seu veículo, fez uma verdadeira acrobacia mental, de modo a justificar a nefanda conclusão
condenatória, amparada em pura suposição percorrendo um caminho imaginário de raciocínio
desprovido de qualquer lógica, quando aduz. as fls.:

“Entretanto, o raciocínio lógico rejeita a tese de que ................... não tinha


conhecimento de que transportava mais de ....... quilos de maconha acondicionada
em uma sacola que estava no banco dianteiro do veículo. E assim me posiciono por
variadas razões.

Em primeiro lugar porque aquela droga exala um forte e característico odor


conhecido por qualquer pessoa nos dias atuais, principalmente em se tratando de um
jovem como .......... que, inclusive, chegou a confessar que conhece maconha, embora
nunca tenha feito uso. Se em pequenas porções o odor característico pode ser
sentido, e inconcebível que em quantidade superior a dois quilos não seria
percebido.

Em segundo lugar porque se não tivesse conhecimento de que transportava a droga


teria obedecido a ordem de parar no radar instalado na rodovia e não teria reduzido a
velocidade para que ....................... atirasse a sacola cheia de maconha em meio ao
mato que margeia a estrada.
Em terceiro lugar porque não e crível que nos dias atuais alguém de carona a
desconhecidos, principalmente naquela região de ..................., próxima ao entorno
de ................ que, segundo estudos divulgados, e a terceira mais violenta do pais.

Em quarto lugar porque não conseguiram explicar de que forma ....................


e .................. descobriram que ......... também retornava para .................... se nem
sequer o conheciam.

Além disso, não fez prova de que realmente estava retornando de ................. , onde
alega que tinha ido para comprar um carro; prova esta fácil de produzir, já que para
adquirir veiculo teve que entrar em contato com pessoas ali domiciliadas ou
empresas ali instaladas.

Todas estas circunstancias são premissas que levam a. conclusão de que ...............
tinha pleno conhecimento de que transportava a droga.” (Grifos nossos)

Observa-se, no trecho acima, a presença indisfarçável do ranço do sistema inquisitório,


onde o julgador de forma clara assume o papel de acusador simulando e imaginando fatos que
não existem dentro do processo a guisa de mascarar sua parcialidade e inclinação induvidosa
para condenar o Apelante a qualquer custo, com a flagrante quebra do sistema acusatório
adotado em nosso ordenamento jurídico.

Em primeiro lugar não existe nos autos qualquer indícios de que a droga exalava qualquer
tipo de odor, principalmente porque estava acondicionado em embalagem plástica, o que veda a
exalação de eventual propagação de cheiro; em segundo lugar, não restou comprovado que o
Apelante deixou de parar ao sinal do policial da PRF, somente em função da existência de droga
no interior do veículo, como poderia também advir de falta de atenção ao entender que seria
apenas uma ordem para diminuir a velocidade; em terceiro lugar, o dado de ser o entorno
de .............. região violenta não inviabiliza a hipótese de se dar carona a pessoas desconhecidas
(a não ser que o proprietário seja uma mulher e juíza de direito da região, que lida no dia a dia
com a criminalidade), e, em quarto lugar a Ilustre Magistrada se esqueceu de que o co-
réu ............... , as fls. ......, afirmou categoricamente que pediu carona a .............. “ cujo veículo
tinha placa de ......................”

Por outro lado, o réu, não tem a obrigação processual de provar sua inocência, que já
presumida constitucionalmente, porém ao Ministério Público competia se desincumbir do ônus
probandi que assumido ao editar a denúncia.

Logo se percebe que a condenação do Apelante .................. , foi fruto da imaginação fértil
da magistrada prolatora da sentença recorrida, devendo ser cassada por este Egrégio Tribunal.

A Sentença conspurcada, deixou de perscrutar na seara da prova coletada na instrução


criminal, sobre os elementos de convicção que levaram a conclusão de que a droga apreendida
era destinada ao tráfico ilícito de narcóticos.

DO DIREITO

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica. Nada
de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”. (CARRARA)

O tráfico de entorpecentes constitui um câncer pernicioso no seio da sociedade, e deve ser


combatido de forma implacável e rigorosa, porém, nada justifica que num arremedo de justiça se
atropele os princípios e garantias constitucionais, editando uma condenação temerária e
imprudente, quando o Estado se queda impotente na apuração das responsabilidades penais,
violando, assim, o devido processo legal, em franca agressão ao status libertatis do cidadão. A
sociedade estará mais exposta ao arbítrio e a injustiça ao deparar com um só cidadão, possível
inocente, na prisão do que com cem culpados impunes.

Edita o art. 156 do Código de Processo Penal:

Código de Processo Penal

Art. 156 -

A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da


instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Conforme o entendimento sedimentado pela doutrina hodierna mais abalizada, sintetizada


nos ensinamento de Paulo Rangel, é que a visão correta que se deve dar a regra constitucional do
art. 5º, LVII, refere-se ao ônus da prova. À luz do sistema acusatório, bem como do princípio da
ampla defesa, inserida no texto constitucional, não é o réu que tem que provar sua inocência,
mas sim o Estado-administração (Ministério Público) que tem que provar culpa 1

Acentua, ainda, o ilustre jurisconsulto: A regra inserta na Carta Política (art. 5º, LVII)
inverte, totalmente, o ônus da prova para o Ministério Público. Hoje não é mais o réu que tem
que provar o álibi alegado; é o Ministério Público que tem que provar a inexistência deste álibi. 2

Nesta esteira de entendimento já pontuou o Supremo Tribunal Federal, tendo como relator
o Ministro Celso de Mello, ao prolatar o acórdão, cujo trecho da ementa se transcreve adiante:

“A exigência de comprovação plena dos elementos que dão suporte à acusação penal
recai por inteiro e com exclusividade, sobre o Ministério Público. Essa imposição do
ônus processual concernente à demonstração da ocorrência do ilícito penal reflete na
realidade e dentro de nosso sistema positivo, uma expressiva garantia jurídica que
tutela e protege o próprio estado de liberdade que se reconhece às pessoas em geral.
(Grifei).

(...)
Nenhuma acusação penal se presume provada. Não compete ao réu demonstrar a sua
inocência. Cabe ao Ministério Público comprovar, de forma inequívoca,a
culpabilidade do acusado. Já não mais prevalece , em nosso sistema de direito
positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo político brasileiro
(Estado Novo), criou, para o céu, com a falta de pudor que caracteriza os regimes
autoritários, a obrigação de o acusado provar sua própria inocência (Decreto-lei nº
88, de 20.12.37, art. 20, nº 5). Não se justifica sem base probatória idônea, a
formulação possível de qualquer juízo condenatório, que deve sempre assentar-se -
para que se qualifique como ato revestido de validade ético-jurídica - em elemento de
certeza, os quais, ao dissiparem ambigüidades, ao esclarecerem situações equivocas
e ao desfazerem dados eivados de obscuridade, revelam-se capazes de informar,
como objetividade, o órgão judiciário competente, afastando, desse modo, dúvidas
razoáveis, sérias e fundadas que poderiam conduzir qualquer magistrado ou tribunal
a pronunciar o non liquet3" (Grifei)
A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,
verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública nada justificando o decreto condenatório editado pelo Juízo de piso.

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova dos fatos alegados na denúncia,
e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, erigindo sua pretensão condenatória
única e exclusivamente na quantidade da droga apreendida, com meio de presunção da
destinação para o comércio clandestino, situação inaceitável no processo penal, onde a
condenação exige a certeza inabalável da culpabilidade do réu.

Logo, Senhores Julgadores, a propriedade da substância apreendida, ficou clara, eis que os
co-réus .............. e ........................, assumiram que realmente a adquiriram em .................. ,
informando que a destinação seria para uso próprio.

Nada foi jurisdicionalizado no sentido de que o Acusado, ora Apelante, tivesse


conhecimento de que a droga estivesse no interior de seu veículo, pois simplesmente deu carona
para pessoas desconhecidas. Fato comprovado nos autos e ignorado pela decisão que ora se
hostiliza.

A sentença condenatória recorrida caminhou na contramão do processo evolutivo da


ciência penal, onde o processo judicial representa um instrumento de salvaguarda das liberdades
individuais, na delimitação dos poderes de que dispõe os órgãos incumbidos da persecução
penal, e, não, um látego a disposição do arbítrio estatal.

Conforme nossa melhor doutrina e jurisprudência dominante, no direito penal da culpa


não há espaço jurídico para a presunção de culpabilidade. O ônus processual da prova pertence
à acusação e não ao sujeito defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas
desculpas, conforme aresto ut retro alinhado, vez que o que impera é a tutela do silêncio. Vale
dizer, o acusado não está obrigado a provar que é inocente.

No caso em tela, há um fato provado - único - nos autos : O ENCONTRO DE


CONSIDERÁVEL QUANDTIDADE DE MACONHA NO INTERIOR DO VEÍCULO DIRIGIDO
PELO ACUSADO, ORA DEFENDENTE.

Na decisão atacada, a participação consciente, do acusado, no transporte da droga


apreendida, nasceu de um verdadeiro malabarismo mental de sua prolatora, quando tentou
justificar sua convicção através de silogismo cujas preposições são falsas e foram tiradas do
mundo imaginário, sem nenhum nexo com a conduta atribuída na denúncia.

A doutrina mais conceituada, afirma que o juiz, no momento da decisão, deve se nortear
pelo princípio da não culpabilidade, mesmo que vigorosas sejam as presunções e ilações. Como
no caso em apreço, em que se poderia indagar, sem sucesso, se o Acusado/defendente teria ou
não conhecimento da existência de droga no interior de seu carro, quando o suporte probatório
não traz prova robusta neste sentido, a declaração do non liquet era um imperativo de ordem
pública ao invés de uma condenação erigida no terreno movediço da dúvida e suposição.

É correto afirmar que o NULLUM CRIMEN SINE ACTIO seja o reitor do direito penal. E o
agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato existente na realidade. Jamais pela
presunção, assim sendo a absolvição do acusado ......................, era um imposição lógica, diante
da fragilidade da prova coligida nos autos, no que pertine a autoria do fato narrado na denúncia.

É incontroverso que a droga estava sendo transportada dentro do veículo do Apelante, o


que vale dizer que a , porém, há ainda de se indagar acerca do elemento subjetivo da ação, qual
seja a existência do dolo, que de acordo com nossa melhor doutrina é “a vontade livre e
consciente de praticar qualquer dos das ações incriminadas, sabendo o agente que atua sem
autorização legal ou regulamentar”. Daí a necessidade da prova judicializada e inequívoca do
prévio conhecimento da existência da droga no interior do veículo.

Na lição de Damásio, tem-se que trata-se de dolo abrangente, exigindo o conhecimento de


que a substancia é entorpecente ou que cause dependência física ou psíquica e de que não há
autorização legal ou regulamentar.4

A jurisprudência dominante, tem proclamado, que não basta o simples encontro da


substância com o suspeito para se erigir uma prova de autoria, pois esta deve estar definida em
termos de dolo. A posse pode estar ligada tanto ao uso quanto ao tráfico. Daí o simples encontro
corporificar a materialidade do fato que nem sempre é criminoso. A simples posse pode
demonstrar uma presunção de autoria, mas esta há de ficar demonstrada. E, finalmente, o dolo
há de ser extraído das circunstâncias para que se autorize uma condenação. 5

Deste modo seria indeclinável que o Juízo de piso, indicasse de forma verossímil e lógica,
quais foram os elementos de provas existentes no processo que pudesse eliminar a possibilidade
da droga ser destinada ao uso próprio, para daí articular o raciocínio na direção do tráfico. Haja
vista que a prova da mercancia, e da circulação constitui elemento sine qua non para a
configuração do ilícito penal insculpido no art. 33 da Lei nº 11.343/06.

Efetivamente, todavia, não há nos autos prova de que a substância tenha circulado, muito
menos que teria esta destinação, de tal modo que não está integrado o tipo. Nem a norma. Toda
discussão sobre a quantidade expressiva de maconha apreendida é irrelevante. E bem assim são
inconsistentes os demais indícios, porque não dizem sobre a circulação, no sentido do tipo.

Convém, também, ressaltar que os policiais da PRF que depuseram em juízo, não
traduziram prova de que a droga destinava-se ao comércio clandestino, ficando esta ilação
atrelada única e exclusivamente na quantidade expressiva apreendida. A jurisprudência
dominante tem rechaçado a presunção de traficância exclusivamente pela quantidade elevada de
droga apreendida:

Existem incautos que afirmam que a quantidade é a garantia da certeza da destinação à


venda, cometendo aí o maior dos enganos, que a pouca vivência de seus sábios autores com o
infeliz mundo dos viciados; e principalmente com o dos experientes traficantes.

Vejamos a jurisprudência:

“A quantidade de droga apreendida sob responsabilidade do réu não é fator decisivo


que gere conclusão de tráfico, pois os ‘passadores’ nem sempre são colhidos com
vultosa quantia”6

“A quantidade de tóxicos apreendida não basta, por si só, ao reconhecimento de


traficância”7

“Acusado preso em flagrante quando transportava apreciável quantidade de maconha


- ‘A apreensão de apreciável quantidade de tóxico, por si só, não basta ao
reconhecimento da traficância”8

“Quantidade de tóxico induz á classificação provisória de tráfico”

“Interpretação do ad. 37 da Lei nº 6.368/76”


“Também é verdade que a grande quantidade induz tráfico e a pequena uso próprio.
Mas a definição final não se cifra, apenas, em termos de quantidade. A presunção
não induz certeza. Entende o Ministério Público que a quantidade de ..... g aliada à
circunstância de retorno do réu ao local com outro indivíduo revela o tráfico. É
muito pouco para acolher-se a pretensão ministerial. O art. 37 da nova Lei estabelece
vários critérios valorativos. Mas estes critérios não se sobrepõem uns aos outros. Não
há hierarquia de valores. Mas é do balanço do seu conjunto que se há de conceituar a
diferenciação entre traficante e usuário (RT498/401). Além disso, quando sobrepaire
dúvida a respeito de se saber se é traficante ou usuário, a classificação há de ser feita
pela espécie mais benéfica para o réu.”9

“ Grande quantidade - Por si não basta ao reconhecimento da traficância”


“Insuficiência do critério quantitativo na hipótese de dúvida, reconhecimento para
uso próprio
“Embora possuindo o agente razoável quantidade de maconha mas não comprovada,
‘quantum satis’, a traficância, a solução mais justa é considerar a droga como para
uso próprio”10
“’A singela apreensão de apreciável quantidade de tóxico não basta ao
reconhecimento da traficância, eis que essa quantidade, ainda que sugerindo alguma
suspeita, nem sempre dirime a controvérsia sobre ser o infrator traficante ou
usuário”11

“’Embora vultosa a quantidade da maconha apreendida, .................... gramas,


mantém-se a desclassificação para uso próprio, por ser a solução mais ajustável á
espécie, considerando-se o conjunto dos fatores arrolados no art. 37, da Lei
6.368/76.”12

Sendo, pois, a prova, insuficiente para lastrear decreto condenatório, a decisão


recorrida deve ser cassada em todos seus termos com a consequente absolvição do Apelante.,
como tem entendido este Egrégio Tribunal de Justiça, conforme ementa que segue:

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para embasar


um juízo condenatório impõe-se, de pronto, a manutenção da sentença que absolveu
o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” 13

De outro modo, não existe mais a obrigatoriedade do cumprimento da pena restritiva de


liberdade, no delito em apreço, ser inicialmente no regime fechado, além do que, pela análise das
circunstâncias das judiciais e a dosagem da pena no mínimo legal, se torna imperioso que o
início do cumprimento da pena seja modificado para o regime semi-aberto.

Concluindo, Senhores Julgadores, a propriedade da substância apreendida, e sua finalidade


destinada à mercancia não restou suficientemente provadas, em detrimento da pessoa do
apelante .................... , imperioso se torna a aplicação do non liquet com a sua conseqüente
absolvição, nos termos do artigo 386, VI do Código de Processo Penal, cassando a sentença
recorrida em todos seus termos, uma vez que nela está estampada uma condenação temerária,
ilegal e injusta, ante a precariedade e a fragilidade da prova deduzida em juízo.

EX POSITIS,
espera o Apelante, sejam as presentes razões recebidas, vez que próprias e tempestiva,
dando provimento ao presente recurso, reformando-se a sentença recorrida para absolve-lo,
mandando que se expeça o competente ALVARÁ DE SOLTURA, na forma requerida, pois desta
forma Vossas Excelências, estarão restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa
JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Razões de Apelação – Tráfico de Drogas – Insuficiência de Provas

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo
Apelante:

“Um culpado punido


é exemplo para os delinquentes
Um inocente condenado preocupação
para todos homens de bem.”
(La Bruyere)

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com a sentença condenatória, da


lavra do Juiz da Terceira Vara Criminal de ______, que o condenou a uma exacerbada pena
restritiva de liberdade de seis (6) anos e oito (8) meses de reclusão, como incurso na norma
incriminadora do artigo 33 da Lei 11.343/06.

SÚMULA DOS FATOS

A exordial acusatória imputou ao acusado, a prática do ilícito penal incrustado na norma


proibitiva do artigo 33, da Lei 11.343/06, nos seguintes termos:
“Consta do incluso inquérito policial que, no dia ............., por volta das .... horas, foi
a denunciada ........................, presa em flagrante, no Posto da Polícia Rodoviária
Federal, Km ...., da ....., município de ......, porque transportava, ... (...) pacotes de
Cannabis Sativa, Lineu, vulgarmente conhecida por “maconha”(...).
Interrogada, ............. assumiu a propriedade da mercadoria, esclarecendo que a droga
lhe foi entregue na cidade de ..........., por um indivíduo conhecido por ...... . Este,
naquele momento, retornava a ........ acompanhado por ........ e ................., em um
caminhão de propriedade deste último (...). Em decorrência da recusa de ......... em
transportar a maconha em seu caminhão, .......... se encarregou de trazê-la, de
ônibus.”

Ora, nota-se que ......... está sendo processado pelo simples fato de ter transportado
indivíduos que supostamente poderiam praticar um ilícito e/ou um possível telefone celular de
sua propriedade para facilitar a comunicação entre ...... e os transportados. Todavia, tanto na fase
inquisitorial quanto na judicial todos foram unânimes em frisar que o acusado ......., por possuir
um caminhão baú e ser devedor de ......, compensaria sua dívida realizando um frete, de levar a
família deste para o ........ Também, para liquidar a dívida, entregaria seu aparelho de telefone
celular, haja vista que só o valor do frete seria insuficiente para saldar seu débito, para com o
acusado .......

“QUE como ........ devia R$ .......... ao interrogado o frete seria descontado desta
dívida; QUE tal dívida decorre de empréstimo em dinheiro feito pelo interrogado
a ...........; (...) QUE ............. recusou-se a transportar a maconha;” (Auto de
Qualificação e Interrogatório de .............................. – fls....)

“QUE no dia seguinte fez contato com ................. por meio de um telefone público,
uma vez que não conseguiu ligar do celular que estava com ..........; (...) QUE
como .................. não quiseram ficar com a maconha no caminhão, então, pediu uma
carona para ............... e foi levar a maconha para casa de sua mãe; (...) ............ não
quis voltar com o entorpecente; QUE não sabe o que ............ conversou com ........
durante o trajeto .......-........; QUE não sabe dizer qual seria a parte de ............. no
negócio; (Auto de Qualificação e Interrogatório de ................ – fls. ...)

“QUE na semana passada foi procurado por .......... e ......... e estes lhe disseram que
gostariam de passear em ...................., indagando qual seria o valor de um frete,
pois ....... gostaria de levar sua moto para negociá-la naquele município; ...............
disse que naquele município o valor da moto seria mais alto; QUE o valor do frete
seria de aproximadamente R$ .............. e como devia a ............... R$ .............. seria
feita a compensação; QUE tomou conhecimento que ........... iria trocar a moto por
maconha na segunda-feira, momento em que ....... encontrou-se com ............; (...)
QUE recusou-se a transportar a droga de ........ para ......... em seu caminhão; (...) QUE
vendeu o seu telefone celular linha 974-7858 para ..........., um dia antes da viagem,
ou seja, na (data), ; QUE ........... nada pagou pelo aparelho, pois o valor do celular
também foi descontado da dívida;” (Auto de Qualificação e Interrogatório
de .................... – fls. ....).

“(...) e o ....................., passou o seu celular para a interroganda, cujo aparelho,


recebeu em pagamento de dívida do .............................; (...) que a interroganda alega
que o ..................... foi na viagem para ............... pagando uma dívida que devia para
o ................., não sabendo a origem da dívida, visto que o referido ........... trabalha
com frete de caminhão.” (Termo de Qualificação e Interrogatório de ......... –
fls. .../...) (GRIFEI).

“que o depoente alega que a acusada ......., acusada aqui presente, portava um
telefone celular, não dizendo se era dela ou não;”( Termo de Assentada de .............. –
fls..../...)
“Que na época dos fatos narrados na denúncia apenas alugou o seu caminhão
para .................. e ................., mais não teve notícia da infração. (...) Que o declarante
trabalha aqui em .............. com fretes de caminhões e estava no ponto onde trabalha
quando foi procurado por ........... e ......., para fazer um frete para a cidade de ........ no
........, perguntou por quanto o declarante fazia, disse para deixá-los lá cobraria
R$ .............. então eles disseram que precisava viajar com a família, levando colchão
e outra tralhas, por que iam visitar a mãe que morava lá; que iam ficar apenas quatro
dias e pediram para que o declarante ficasse lá esses dias, pelo valor de R$ ...........,
que o declarante achou muito pouco por causa da quantidade de dias, mais como o
declarante já tinha trabalhado com ............, por que trabalhava no mesmo ponto de
táxi e ............ tinha vendido o seu táxi e o declarante pegou com ele R$ .........
emprestado para comprar um baú para o seu caminhão que era de carroceria aceitou
a fazer o frete, porque assim pagaria ......... (...) encontraram uma pessoa
chamada .......... que se interessou pela moto, e ouviu eles conversando e ............
disse a ........... e .........., que dava ..... quilos de maconha pelo veículo; que quando o
declarante ouviu essa proposta disse a eles que tinha ido apenas para fazer um frete e
que nunca tinha mexido com isto e não transportaria de forma alguma maconha em
seu caminhão; (...) que chegando em ..................., ..........ligou para ...... de um celular,
que o declarante tinha vendido para ......... e ainda está em seu nome em pagamento
dos juros da dívida que tinha com ..................; (Termo de Qualificação e
Interrogatório de ................ – fls. ..../....)

Na fase instrutória, os próprios agentes policiais que realizaram a diligência de apreensão


da substância entorpecente, alegam total desconhecimento da origem do aparelho celular
encontrado com a co-ré ..........., bem como eventual participação do Acusado, ora defendente, na
negociação espúria dos demais.

“que o depoente alega que não conhece o conteúdo das declarações do


acusado ......................., aqui presente, perante o delegado da Polícia Federa, razão
pela qual não pode afirmar se o mesmo sabia ou não que a moto do ......... seria
trocada por maconha na cidade de ................” (Termo de Assentada de ....................
– fls. (..../...) (GRIFEI)

“que o depoente alega que com a ............... foi aprendido um aparelho celular, não
recordando se a mesma disse a quem pertencia; (...) Que o depoente alega que
a ............... disse que a maconha pertencia a seu .......”(Termo de Assentada
de .......................... – fls. (.../...)

Por outro lado, as testemunhas arroladas pela defesa do Acusado .........., foram unânimes
em afirmar que a viagem para a cidade de ......... foi acertadas em suas presença e se destinava
apenas ao transporte da família de ........ até a cidade de .........., não ficando ajustado qualquer
atividade de mercancia de tóxicos:

“Que o depoente trabalha como chapa, fazendo serviços para diversos proprietários
de caminhão, sendo que um dia estava no ponto nas proximidades do Terminal
Urbano desta cidade, quando chegaram dois rapazes e conversaram com o
acusado ..........., solicitando um frete em um caminhão baú para o mesmo; que
apenas ouviu eles conversando que precisavam de um caminhão fechado, porque
queriam levar umas crianças também até a cidade de ........., onde visitariam a mãe
deles, sendo que a finalidade de estarem fretando um caminhão baú era em razão
deles quererem ficar lá uns três dias e também para poderem, no caminho, pararem e
cozinhar; que apenas ouviu esse diálogo; (...) que, conhece o acusado ........ há ....
anos, período no qual nunca viu um mal comportamento da parte dele; (...) que, o
acusado ......... informou ao depoente que, chegando naquela cidade, os mencionados
rapazes foram e adquiriram droga, pedindo para o mesmo trazer até esta cidade; que,
no entanto, ........... disse que não traria no seu caminhão, pois tinha sido contratado
apenas para o passeio referido e não transportava aquele tipo de coisa no seu veículo;
Que o acusado ......... informou que vendeu o telefone celular par a acusada .........,
sendo que não ficou sabendo se esta negociação foi feita em ............, durante a
viagem ou na cidade mato-grossense;” (Termo de Assentada de ................... –
fls. .....) (GRIFEI)

“Que dos acusados conhece ............ e .........., de vista e, quanto a ..........., trabalha no
ponto em que o mesmo mantém um caminhão para frete; (...) que se encontrava no
mencionado local, quando os acusados ............ e .......... chegaram e foram conversar
com o acusado ...........; que como sempre que chega alguém se aproxima dos donos
do caminhão para ver se é algum frete, em que poderão trabalhar no carregamento, se
aproximou deles, quando pode ouvir que aqueles queriam contratar os serviços deste
para que fossem levados até o ..............., juntamente com uma criança, até a
residência da mãe de ...............; (...) que parece que ficaram combinado pelo frete no
valor de .........., para sair no dia seguinte; que por intermédio de outras pessoas, após
o acusado .......... retornar daquela viagem, ficou sabendo que aqueles, ......... e ..........,
queriam trazer uma droga, com o que .......... não concordou; (...) que não ficou
sabendo se o acusado Agnaldo emprestou o aparelho de telefone celular para a
acusada .........;” (Termo de Assentada de .................................... – fls.....v) (GRIFEI)

Durante todo processado, não ficou demonstrado, má conduta social do Acusado,


tecnicamente primário (fls....), tendo as testemunhas arroladas pela defesa confirmado ser pessoa
de excelente comportamento perante a família e o meio social em que vive, possuindo endereço
certo e exercendo atividade laborativa lícita.(fls. ...).

DO DIREITO

Consoante o entendimento doutrinário-jurisprudencial dominante, a pretensão deduzida


na exordial acusatória para que tenha repercussão jurídica deve ser amplamente provada durante
a instrução criminal desenvolvida sob o manto da garantia constitucional do contraditório,
assumindo a acusação oficial o ônus probandi da autoria, da materialidade e de todas as
circunstâncias do fato. É corrente o entendimento, de que o crime, como entidade jurídico-
penal, só se aperfeiçoa ou se consuma quando o agente realiza todos elementos que compõem a
descrição do tipo legal.

Examinando o crime sob um ângulo estritamente técnico e formal, em sua aparência mais
evidente de oposição a uma norma jurídica, várias definições podem ser lembradas: toda
conduta que a lei proíbe sob a ameaça de uma pena (Carmingnani); fato a que a lei relaciona a
pena, como conseqüência de Direito (Von Liszt); toda ação legalmente punida (Maggiore); fato
jurídico com que se infringe um preceito jurídico de sanção específica, que é a pena (Manzini).

Estas definições, porém, são insuficientes para a dogmática penal moderna, que necessita
colocar mais à mostra os aspectos essenciais ou elementos estruturais do conceito de crime. Daí,
dentre as definições analíticas que têm propostas por importantes penalistas a mais aceitável,
atualmente, é a que considera o fato-crime: uma ação (conduta) típica (tipicidade), ilícita ou
antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). (esta definição é adotada por Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha, Heleno Fragoso, Wessels, Baumann, etc.)
Inicialmente, Senhores Julgadores no caso em apreço, há que ressaltar sendo a tipicidade, a
justaposição ou adequação da conduta atribuída ao Apelante ao tipo legal de crime, ou seja, a
conformidade do fato com a descrição precisa da definição legal da infração penal objeto do
persecutio criminis in judicio. Nesta linha de raciocínio, a ação do Apelante não pode ser
considerada típica ou ilícita, vez que descaracterizada de qualquer feição criminosa, por
ausência dos requisitos elementares típicos, indispensáveis para o aperfeiçoamento da conduta
punível (crime), que são a tipicidade, a ilicitude ou antijuridicidade, entendida “como a relação
de contrariedade entre a conduta da vida real e o ordenamento jurídico” (Welzel, Das Deutsche
Strafrecht, pag. 50; Jescheck, Lehrbuch, pag. 175; Petrocelli L’antigiuridicitá,pag. 13 - Apud. -
Francisco de Assis Toledo, “Princípios..” pag. 85 - Ed. 1991).

Em conclusão tem-se que sequer na forma de participação, colaboração ou concorrer de


qualquer forma, se adequa a conduta do Apelante ..................., ao delito definido no artigo 33, da
Lei 11.343/06, por outro lado, a Acusação não se desincumbiu do ônus de provar se em algum
momento referido Acusado, tenha agido com dolo, que é o elemento subjetivo do crime de tráfico
ilícito de entorpecentes, ou que tenha se associado aos demais acusados, com a intenção de
praticar o fato delitivo contido na denúncia, ou seja, não há nos autos nenhuma prova indicativa
de possível adesão de vontades dirigidas àquele desiderato criminoso.

Diz a jurisprudência:

PREFEITO MUNICIPAL - Contribuição previdenciária - Omissão - Não recolhimento.


O fato crime reclama conduta e resultado. Analisados do ponto de vista normativo. A
responsabilidade penal (Constituição da República e Código Penal) é subjetiva. Não
há espaço para a responsabilidade objetiva. Muito menos para a responsabilidade por
fato de terceiro. A conclusão aplica-se a qualquer infração penal. (...) Não há notícia
ainda de hipótese do concurso de pessoas (CP, artigo 29). (STJ - Ag. Reg. no AI nº
134.427 - PR - 6ª T - Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro - J. 01.07.97 - DJU 03.08.98 -
v.u). (GRIFEI)

“Mera condução do réu ao local do delito. Absolvição.


Não basta para a configuração da co-autoria o simples auxílio material, sendo
necessário demonstrar-se o acordo de vontades no sentido de uma participação
ciente e consciente na obtenção do resultado visado pela prática do ato ilícito.” (TJSP
– 1ª Cam. Crim. – Rel. Onei Raphael – RT 449/384).

“Não se pode ter como provada a autoria intelectual do delito com base nas
declarações dos co-réus, aliás desmentidas pelos mesmos em juízo e não
corroboradas por qualquer outra prova testemunhal.” (TJBA – 1ª Cam. Crim. – Rel.
Oliveira Martins – in Rev. Bahia Forense, vol. V pág. 233).

A sentença recorrida, lastreou seu édito de condenação em provas existentes


exclusivamente na esfera administrativa do inquérito policial, porém, quando existe a
participação imediata e direta da própria autoridade policial, na produção da prova, o caráter
inquisitivo, que tem a persecução administrativa, torna imprescindível a judicialização ulterior
do ato probatório para que a instrução ali contida se apresente com o valor de prova, e seja
utilizado como elemento na formação da convicção judicial, no momento de decidir a causa
penal.

Verifica-se, assim, que a prova penal é objeto de duas operações distintas: a investigação
(inquérito policial) e a instrução. Aquela, por ser extrajudicial, não pode servir de base ao
julgamento final da pretensão punitiva, pelo que só a instrução, como elemento integrante do
processo, fornece ao julgador os dados necessários sobre a quaestio facti da acusação a ser
julgada.

“É evidente que o conjunto probante do inquérito, por não obedecer aos preceitos
constitucionais da amplitude da defesa e de instrução contraditória, há de ser
encarado como qualquer outra prova extrajudicial e, portanto, não leva a coisa
alguma útil se não é confirmado, ao menos quantum satis, pela prova colhida no
ambiente judicial, este saudavelmente arejado pelo oxigênio do Direito”(ac. un. de
27. 11 . 70, da 4ª Câm. do TACrimSP, na Ap. 22.830, de Itanhaém, rel. Juiz Azevedo
Júnior, in RT 426/395).

“O inquérito policial está, por definição, arredio aos preceitos constitucionais de


amplitude de defesa e de instrução contraditória. Bem por isso é elementar na
jurisprudência que a prova do inquérito, como a generalidade das provas
extrajudiciais ou extrajudicialiformes, só produz efeito no pretório quando neste fica
atestada a veracidade do seu teor ou, ao menos, a conformidade deste remanescente
do conjunto probante útil” (ac. un. de 2.10.69, da 4.a Câm. do TACrimSP, no HC
15.296, da Capital, rel. Juiz Azevedo Júnior, in RT 411/250-252).

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”

Se a Constituição solenemente assegura aos acusados ampla defesa, importa violar essa
garantia valer-se o Juiz de provas colhidas em procedimento em que o réu não podia usar do
direito de defender-se com os meios e recursos inerentes a esse direito.

Justamente porque carece o inquérito do contraditório penal, nenhuma validade tem, para
amparar um decreto condenatório, por colocar em ângulo sombrio o princípio do contraditório e
por transportar, para a fase judicial, a feição inquisitiva do caderno administrativo, onde o
depoimento foi carreado sem o descortino da defesa do acusado.

“INSUFICIÊNCIA DOS ELEMENTOS DO INQUÉRITO PARA LASTREAR


CONDENAÇÃO. POR VEEMENTES QUE SEJAM.
Por mais veementes que sejam os elementos constantes do inquérito, tão só nos
mesmos não pode basear-se sentença condenatória e. pois fugiria ao contraditório,
assegurado por princípio constitucional” (Ac. un. de 6.7.78 da 4º Câm., na Ap. n
178.595, de Guarulhos, Rel. SILVA LEME, que no aresto remarcou: - remançosa nesse
passo a jurisprudência (RT 369/70; 479/359; 448/334; 436/378; 426/395; 397/278;
393/343; 386/249; 360/241; 356/93; 350/342; 305/ 463; RF 175/336; 135/438, etc.
(“Apud” rolo n 146. flash nº 318, do serviço de microfilmagem ‘ do TACRIM-SP).

No caso em apreço, o que se apurou pela prova coligida na instrução criminal foi que o
Apelante ao transportar os demais até a cidade de ................. tinha a finalidade única e exclusiva
de recebimento do respectivo frete com o consequente abatimento em débito contraído junto a
pessoa do acusado ..............., não tendo agido com animus delinquendi, não sendo assim
suficiente para configurar a co-autoria o simples auxílio material, sendo necessária a
demonstração inequívoca de um acordo de vontades, no sentido de uma participação ciente e
consciente na obtenção do resultado visado pela prática do delito.

Consoante o entendimento esposado pela melhor doutrina processual penal, sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório, operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

Quando se tem presente, salientou Malatesta, que a condenação não pode basear-se senão
na certeza da culpabilidade, logo se vê que a credibilidade razoável - também mínima - da
inocência, sendo destrutiva da certeza da culpabilidade, deve, necessariamente, conduzir à
absolvição. É o ensinamento do mestre peninsular:

“O direito da sociedade só se afirma racionalmente como direito de punir o


verdadeiro réu; e para o espírito humano só é verdadeiro o que é certo; por isso,
absolvendo em caso de dúvida razoável, presta-se homenagem ao direito do acusado,
e não se oprime o da sociedade. A pena que atingisse um inocente perturbaria a
tranqüilidade social, mais do que teria abalado o crime particular que se pretendesse
punir; porquanto todos se sentiriam na possibilidade de serem, por sua vez, vítimas
de um erro judiciário. Lançai na consciência social a dúvida, por pequena que seja,
da aberração da pena, e esta não será mais a segurança dos honestos, mas a grande
perturbadora daquela mesma tranqüilidade para cujo restabelecimento foi
constituída; não será mais a defensora do direito, e sim a força imane que pode, por
sua vez, esmagar o direito indébil” (in - “Lógica das Provas em Matéria Criminal, ed.
Saraiva, pp. 14 e 15).
Referindo-se à legislação processual americana o saudoso Heleno Fragoso, em sua
Jurisprudência Criminal, Vol. 1º, pág. 485, nota 389, que esse é o princípio que vigora no Direito
norte-americano, incluído entre as regras do devido processo legal, due process of law. Não se
pode aplicar a pena sem que a prova exclua qualquer dúvida razoável, any reasonable doubt.
Aqui não basta estabelecer sequer uma probabilidade, “ it is not suficient to establish a
probability even a strong one”: é necessário que o fato fique demonstrado de modo a conduzir à
certeza moral, que convença ao entendimento, satisfaça a razão e dirija o raciocínio, sem
qualquer possibilidade de dúvida (cf. Kennys, Outlines of Criminal Law, 1958, p. 480).”A
sociedade se sente legitimamente perturbada na sua tranquilidade com a certeza do delito, e de
seu autor, é lógico, asseverando Gorphe: “S’il subsiste une doute, s’est que la preuve n’est pas fait
e arrematando o insigne Carrara: “no processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica”.

“Condenação exige certeza E certeza absoluta, quer do crime quer da autoria. “Não
basta a alta probabilidade desta ou daquele.
“A certeza é, aqui, “a consciência dubitandi secura° de que falava Vico e que não
admite graus. Tem de fundar-se em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral,
que evidenciem o delito e autoria (Sauer, Grundlagen des Prozessrechts, 1929, p. 75),
sob pena de conduzir tão-somente à íntima convicção insuficiente” (Heleno Fragoso,
“RDPenal Vol. 5, Pág. 148, ed. Borsói”).

A íntima convicção, sem apoio em dados ou elementos indiscutíveis, leva à simples crença
e não àquela certeza necessária e indispensável à condenação. Essa certeza não pode ser,
igualmente, a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador.

É do escólio do eminente Professor Fernando de Almeida Pedroso, que a sentença de


conteúdo condenatório exige, para sua prolação, a certeza de ter sido cometido um crime e de ser
o acusado o seu autor. A menor dúvida a respeito acena para a possibilidade de inocência do réu,
de sorte que a Justiça não faria jus a essa denominação se aceitasse, nessas circunstâncias, um
édito condenatório operando com uma margem de risco - mínima que seja - de condenar quem
nada deva.

A legislação ordinária complementa a norma constitucional atinente à garantia do devido


processo legal. Quase todas as Constituições modernas trazem fundamentos e garantias ao
processo e, principalmente, ao instrumento próprio para a realização da Justiça Penal, eis que,
nele, há intenção estatal de comprometer o ius libertatis, bem jurídico maior ao cidadão. E é
inegável que de nada adiantaria a previsão constitucional, se a legislação processual não lhe
complementasse, como bem assinalado no magistério de JOÃO MENDES JÚNIOR, na seguinte
ordem:

“As leis do processo são o complemento necessário das leis constitucionais, e as


formalidades do processo, as atualidades das garantias constitucionais” (“O Processo
Criminal Brasileiro”, 2ª edição, 1911, vol. I, p.8).

No mesmo diapasão tem sido o entendimento esposado por este Colendo Sodalício, na
venerável decisão proferida no Habeas Corpus nº 13.490-4/217 , da comarca de Jaraguá, tendo
como Relator o Ilustre Desembargador Byron Seabra Guimarães, cuja ementa assim dita:

“O processo penal moderno exige o máximo de proteção à regular marcha


procedimental, posto que, cabendo ao Estado o direito de punir, só o faz deduzindo
sua intenção ao órgão jurisdicional, a fim de que este também ingresse no trinômino
descrito por Búlgaro - judicium est actum trium personarum: iudicis, actoris et rei.
Todavia, a eventual punição só pode advir após a irrestrita observância do modus
procedendi, para o qual a norma processual, constitucional e ordinária, prevê a
amplitude da defesa”.
A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de inocência, figurando, agora,
verdadeiro direito público subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da ocorrência
do crime cabe ao órgão da acusação. Não logrando obter êxito, a absolvição torna-se imperativo
de ordem pública. Sobre esse desiderato, o mestre Nicola Dei Framarino Malatesta defendia o
seguinte: “voltando ao que dizíamos, e concluindo, a inocência se presume; e por isso no juízo
penal a obrigação da prova cabe à acusação. A presunção da inocência, pois, quando determina
a obrigação da prova no juízo penal, não é senão uma dedução daquele principio ontológico que
afirmamos ser o princípio supremo para o ônus da prova” ( Nicola Framarino Dei Malatesta, in
“A lógica das provas em matéria criminal”, vol. I, Ed. Saraiva, São Paulo, 1960, pág. 147) .

Diz a Jurisprudência hodierna:

Processo Penal. Prova. Inexistência de certeza absoluta para um juízo condenatório.


Exegese do artigo 386,VI, do CPP. l. É correta a sentença absolutória que se baseou no
fato de que a única testemunha que prestou depoimento mediante o contraditório
legal não logrou delinear em que contexto positivo se desenrolou a ação, e que a
prova trazida pela parte autora consistia em meras declarações do agente da
autoridade no inquérito policial, despedido ainda as formalidades ilegais, para julgar
improcedente o pedido articulado na peça exordial do Ministério Público. 2. A prova
no processo penal democrático exige a prova ser madura, robusta, isenta de
incertezas, e não tão-somente indicativa diante do artigo 386, VI, do CPP. Recurso
improvido para manter a sentença absolutória.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163, 2ª
Câmara Julgadora, em 16/06/1992)

Prova. Dúvidas. “In dúbio pro reo”. Absolvição. Se diante do fato há duas versões,
uma fornecida pela declarada vítima e outra pelo acusado, não se trata de questionar
o velho adágio testius unus, testius nullus, mas de constatar dentro do conjunto
probatório na variante de possibilidades a versão cabal, firme e inconteste da
dinâmica do acontecer, caso contrário, diante da intranqüilidade da dúvida, o único
caminho que resta ao julgador sereno e imparcial é a aplicação do consagrado
princípio in dúbio pro reo ínsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso do órgão do
Ministério Público improvido. ( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 câmara julgadora, em
24/09/1992.

No caso em apreço, a Acusação, competia o ônus da prova dos fatos alegados na denúncia,
e nada conseguiu provar durante a instrução criminal, erigindo sua pretensão condenatória
única e exclusivamente nos depoimentos dos policiais que efetuaram a prisão dos acusados, os
quais em juízo não confirmaram seus depoimentos prestados na delegacia de polícia.

...

Sendo, pois, a prova, insuficiente para lastrear decreto condenatório a absolvição se impõe,
como tem entendido o nosso Egrégio Tribunal de Justiça, conforme ementa que segue:

“Apelação, Insuficiência de provas. Não existindo provas suficientes para


embasar um juízo condenatório impõe-se , de pronto, a manutenção da
sentença que absolveu o réu ( art. 386, inc. VI, do CPP). Apelo Provido” (Ap.
Crim. 15046-9/213, TJ-G0, 2a Cam. Crim. Rel Des. Pedro Soares Correia, DJ
n° 12099 de 06/07/95, pág. 12).
Consoante o insuperável magistério do ilustre jurisconsulto peninsular CARRARA,
“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.

Segundo MALATESTA:

“sendo a prova o meio objetivo pelo qual o espírito humano apodera da verdade, sua
eficácia será tanto maior quanto mais clara, mais plena e mais seguramente ela
induzir no espírito a crença de estarmos de posse da verdade. Logo, o espírito
humano, relativamente ao conhecimento de um fato pode encontrar-se em estado de
ignorância, dúvida ou certeza, e somente o último autoriza a prolação de decreto
condenatório no processo penal

O Apelante, demonstrou em audiência, pelos depoimentos das testemunhas ouvidas


(fls. .../...v.) ), que, caso persista o decreto condenatório, ser possuidor dos requisitos legais
objetivos e subjetivos, para Ter sua reprimenda fixada no mínimo legal e com a conseqüente
substituição da pena corporal por pena restritiva de direito, consoante o disposto no artigo 44 do
Código Penal, com a nova redação dada pela Lei nº 9.714, de 28/11/98, e, o entendimento
dominante de nossa jurisprudência, acerca do assunto, como demonstra o julgado da Segunda
Câmara Criminal do TJGO, na apelação criminal nº .........., de (data), tendo como Relator o
Desembargador Remo Pallazzo:

“EMENTA: TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PROVA SUFICIENTE PARA


CONDENAÇÃO. PENA. APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.714/98. POSSIBILIDADE.

- Exaurida a figura típica descrita no artigo 12, c/c o artigo 18, inciso III, da Lei n°
6.368/76 e havendo prova suficiente para a condenação, não merece reparo a
sentença prolatada.
- Desde que o condenado pela prática do crime definido pelo artigo 12, da Lei n°
6.368/76, preencha os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pelo artigo 44 do
Código Penal, é tecnicamente possível a aplicação da Lei n° 9.714/98, a fim de
substituir-se a pena corporal imposta por outras restritivas de direitos, incabível
neste caso, como demonstrado, por falta de requisitos mínimos. - Recurso
improvido.”

O julgado ut retro citado, acompanha o entendimento esposado pelo Superior Tribunal de


Justiça, guardião da ordem federal, que tem entendido ser possível tecnicamente a
implementação da medida benéfica, imposta pela Lex Mitior, conforme o seguinte aresto

“ HC – PENAL - PENA SUBSTITUTIVA - LEI N° 9.714/98 - CRIME HEDIONDO - A


Lei n° 9.714, de 25 de novembro de 1998, recomendada pela Criminologia, face à
caótica situação do sistema penitenciário nacional, em boa hora; como recomendam
resoluções da ONU de, : que as Regras de Tóquio são ilustração bastante, ampliou
significativamente a extensão das penas restritivas de direitos; conferindo nova
:redação a artigos do Código Penal brasileiro: 0 art. 44 relacione as condições: I -
aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada se o crime for culposo;- II - o réu não for reincidente em crime doloso; III - a
culpabilidade os antecedentes, a conduta social e a personalidade indicarem que essa
substituição seja suficiente. Reclamam-se, pois; condições objetivas e subjetivas;
conferem, aliás, como acentuam os modernos roteiros de Direito Penal, amplo poder
discricionário ao Juiz. O magistrado, assim, assume significativa função; exigindo-se-
Ihe realizar a justiça material. O crime hediondo não é óbice à substituição. A lei,
exaustivamente, relaciona as hipóteses impeditivas (art. 44).” (STJ - HC N° 8753/RJ-
99/0019196-0, Rel. Min: Luiz Vicente Cernicchiaro, DJU de 17.05.99).”

Na hipótese dos autos, em caso de condenação, convém registrar que o Acusado preenche
os requisitos subjetivos para ver sua reprimenda ancorada ao mínimo legal, e, aplicada o
benefício da substituição da pena, prevista no art. 44 e seguintes do Código Penal.

EX POSITIS,

espera sejam as presentes razões conhecidas, vez que próprias e tempestivas, e por tudo o
mais que dos autos consta, julgado procedente o apelo para cassar a sentença recorrida,
ajustando a reprimenda penal imposta, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará como de
costume, editando decisório compatível com os mais elevados ditames do direito e da JUSTIÇA.

Termos em que pede e espera deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Razões de Recurso de Apelação – Corrupção de Menores

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROTOCOLO ....................
Apelante: ...................

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da ............. Vara Criminal de ............., que o condenou a uma
pena definitiva ...... (...) anos e ... (...) meses de reclusão a ser cumprida no regime semi-aberto,
sob a suposta prática do delitos inscritos nos art. 218-A, do Código Penal com a nova redação que
lhe deu a novel Lei 12.015/2009 e 241, do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90

A matéria objeto da presente irresignação já foi motivo de recurso do mesmo jaez, tendo
esta Egrégia Corte ex officio declarado a nulidade da sentença, no tocante a individualização da
pena, determinando a lavratura de outra em obediência aos critérios do art. 68 e 59 do Código
Penal. Embora, não haver apreciado mérito ficou sufragado a manutenção das condenações
impostas pelo Juízo de piso.

Com a devida vênia, como diz o dito popular “a emenda ficou pior que o soneto”.

A nova versão da sentença reformada é contraditória, traduzindo em suas conclusões, com


referência a determinação do quantum punitivo, um produto nascido de um raciocínio
equivocado e de lógica absurda e quimérica.

Pois vejamos:

A nova sentença alicerçou-se nos mesmos pilares do conjunto probatório, que serviu de
base à aquela anulada, cuja conclusão a que chegou foi de que a quantidade de pena suficiente
para reprovação e prevenção do crime seria de ... anos e ... meses de reclusão a serem cumprida
no regime aberto., agora, sem que houvesse qualquer mudança no cenário criminoso, obteve-se
um total de ... anos e ... meses. Ou seja, de lá para cá houve um acréscimo radical na reprimenda
penal, diga-se injustificável, porquanto o fato continuou o mesmo e as circunstâncias judiciais
permaneceram inalteradas.

De igual modo, não há justificativa plausível para a dupla condenação por corrupção de
menores (art. 218 CPB), pois se trata de crime de múltipla ação, sendo que a condenação na
forma prescrita na sentença recorrida constitui indisfarçável bis in idem, uma vez que ambas as
figuras “presenciar a prática de atos libidinosos e praticar ato libidinoso” estão no inseridos na
mesma conduta, pelo que não poderiam ocasionar duas condenações.

Neste aspecto, tanto a doutrina como a jurisprudência dominante, tem se posicionado no


sentido de que sendo crime de ação múltipla, aplica-se o princípio da alternatividade segundo o
qual a norma que prevê diversas condutas como forma de realização de um mesmo crime só é
aplicável uma vez, ainda quando realizada pelo mesmo autor sucessivamente num só contexto
de fato.1 Como diz Luiz Alberto Machado, quando os comportamentos devam ser considerados
“atos de uma só ação, o crime é apenas um”2

Diz a jurisprudência:

“A realização de mais de um comportamento descrito nos tipos, seja do caput sejam


dos parágrafos, desde que integrem no mesmo contexto de fato, havendo entre eles
nexo de causalidade ou relação de meios executórios e fim, configura delito único e
não concurso de crimes.No sentido de que há concurso material, não se somando as
penas”3

Outro fator discrepante da boa lógica é a exasperação da pena na segunda figura, do art.
218-A, do Código Penal com sua recentíssima redação que lhe emprestou a Lei 12.015/2009,
quando a análise das questões judiciais são visceral e totalmente idênticas as da primeira, o que
seria mais coerente a colocação da reprimenda penal no mesmo patamar, e não o dobro como
equacionou a magistrada de piso.

Ora, se o legislador ordinário, já estabelece as balizas a serem obedecidas no momento da


fixação da pena, incrustadas no art. 59, do Código Penal, e após efetuar análises
milimetricamente idênticas o juiz chega a duas conclusões díspares, é óbvio que ocorreu um
deslize em seu raciocínio. É este o posicionamento de nossos Superiores Pretório, como
demonstram os seguintes arestos:

“O Juiz não pode sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” 4

“(...) Em face disso, surpreendido na realização de uma das ações, seja inicial, seja
intermediária ou final, responde por um só delito..” 5
Do mesmo modo obrou a Juíza sentenciante na fixação das penas com relação aos crimes
previsto no art. 241 do ECA, com relação as vítimas ........ e ............. Análise das questões
judiciais idênticas e penas diferentes.

É indeclinável que Esta Egrégia Corte, mais uma vez, julgue procedente o presente recurso,
decretando a nulidade da sentença e faça a adequação da reprimenda penal, de forma lógica e
racional.

Com relação a matéria de mérito o Apelante, pugna pela incorporação das argumentações
contidas nas fls. .............., nas presentes razões.

EX POSITIS,
espera o Apelante, ................, sejam as presentes razões recebidas, vez que tempestivas e
próprias, para final dar provimento ao apelo, conseqüentemente, decretada sua absolvição, nos
termos da legislação pertinente, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará editando
decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data.

_________________
OAB
Razões de Recurso de Apelação – Júri Decisão Manifestamente
Contrária as Provas dos Autos e Erro ou Injustiça na Aplicação

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo Nº ...........................
Apelante:............................................
Apelado : Justiça Pública

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Versa o presente recurso, do inconformismo, do Apelante, com o veredicto condenatório


proferido pelo Conselho de Sentença, vez que manifestamente contrário as provas dos autos,
bem como a sentença de fls. ...., da lavra da Juiza Presidente do Tribunal do Júri da comarca
de ....... , por haver erro e injustiça no tocante à aplicação da pena, nos termos do artigo. 593, III,
“a”, “c” e “d”, do Código de Processo Penal, face aos motivos, razões e fundamentos a seguir
expostos.

SÚMULA DOS FATOS

Conforme ficou apurado nos autos, o Apelante, no dia .............. , por volta das ........ horas,
ao sair de uma quermesse que se realizava na paróquia do bairro ................. , em companhia de
seus irmãos e co-réus ............................................... E .................................................., o último foi
abordado pela vítima que fez um gesto de sacar uma arma do interior de uma bolsa, quando foi
alvejado por ......... com vários disparos de arma de fogo, provocando lesões que foram a causa de
sua morte.

Em todas ocasiões em que foi ouvido o co-réu ......... , admitiu ter desferido todos disparos
que provocaram a morte da vítima.

A única testemunha, possivelmente ocular, ............................. ao ser ouvida na delegacia


afirmou:

Fls. 35 – “QUE era por volta das ........ quando a depoente saiu da barraca para em
sua residência que fica muito perto do local; QUE estava a depoente quase chegando
em sua residência quando ouviu dois tiros aproximadamente; QUE em seguida a
depoente ouviu dizer que ram tiros de revolver e com medo a depoente recuou em
direção a barraca da festa.” (Grifei).
Já em Juízo, a referida testemunha, altera sistematicamente a versão apresentada, por
ocasião dos fatos, ao afirmar:

Fls. 82v. “estava na barraquinha quando a vítima convidou a depoente para ir até a
porta com ele; Que a depoente achou estranho a vítima a ter convidado para ir até a
porta com ele; (...) Que a vítima ao montar na moto já foi recebendo os tiros os quais
foram detonados por ............... e ...........;”

Percebe-se, claramente que as versões apresentadas pela testemunha ......... são


visceralmente contraditórias, imprestáveis para fundamentar um juízo condenatório.
Não há registro nos autos de nenhuma testemunha que tenha presenciado o fato.

Daí abstrai-se, que restou inexistente qualquer prova jurisidicioonalizada que confirmasse
a participação do Apelante na execução do crime. Senão vejamos:

......................................... (Amigo da Vítima)

FLS ........ - “... È amigo da vítima ...”


“... Quando estava pagando a conta quando ouviu vários tiros ... saiu na porta da
barraca e já viu a vítima caído ao lado de sua moto...

...............................................

FLS ..... - “ ...QUE estava no balcão quando ouviu vários tiros...”quando chegou a
porta da barraquinha viu somente um veiculo se distanciando e pelo comentário era
um Chevette...,diz que viu somente esse veiculo se afastar , mas não era o veículo
que estava os elementos que matou ...........”

.........................................

FLS .....- “... Estava no dia ............ do corrente ano, estava nesta barraca quando
ouviu vários tiros...,quando saiu viu somente um veiculo de cor branca, tipo
Chevette , que já se distanciava sendo que após o fato tomou conhecimento que
naquele Chevette estava sendo socorrido o Sr. ..................”

..........................................

FLS ..........- “...Que logo que a vitima saiu ouviu uns 10 tiros mais ou menos quando
saiu só viu várias pessoas socorrer ...............”

.............................................
FLS .......”... Estava neste bar ouvindo musica a quase uma hora quando ouviu varias
detonações de bala...quando cessou os tiros ele saiu do a porta do bar e viu um
veículo de cor branca sair em desabalada carreira...”

Os fatos retro narrados são incontroversos em todo processado, de modo que nenhuma das
testemunhas, presenciou o Apelante disparar contra a pessoa da vítima, pois, todas, de forma
unânime, afirmam que apenas ouviram os referidos tiros.
Por outro lado, o juiz presidente, ao prolatar sua sentença de fls........ equivocou-se quando
atribuiu algumas questões judiciais desfavoráveis ao Apelante, principalmente ao afirmar, de
forma absurda, que a vítima não contribuiu de forma decisiva para eclosão do evento,
exacerbando, assim, a reprimenda injustificadamente, devendo ser corrigida por Este Egrégio
Sodalício.

DO DIREITO

I – DA DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA A PROVA DOS AUTOS

Pelo conjunto de provas produzido durante a instrução criminal, sob o manto do princípio
constitucional do contraditório e do devido processo legal, outra conclusão no há senão a de que
o Conselho de Sentença proferiu veredicto manifestamente contrário às provas dos autos, tanto
com relação ao reconhecimento autoria, como também ao negar a existência de qualquer
atenuante em favor do réu quando ficou provado que o mesmo não teve qualquer participação na
execução do fato delituoso.

A soberania dos veredictos proferidos pelo Conselho de Sentença não dá sinal aberto que
permita aos Jurados tomarem decisões estrabilárias, dissociadas dos princípios reguladores da
norma jurídica, a ponto de julgar de modo pouco responsável, ignorando totalmente a prova
coligida nos autos e valer-se de uma versão pouco provável, sobretudo do ponto de vista lógico, e
desacompanhada de qualquer evidência, sob pena de se transformar sua decisão em arremedo
de justiça, o que impõe ao Juízo ad quem a determinação de que o Apelante seja submetido a
novo julgamento.

Deste modo, a íntima convicção deve prevalecer quando respaldada e arrimada em provas
cuja validade seja prescrita na norma processual penal (contraditório), principalmente quando a
repercussão da condenação temerária recai de modo drástico no status libertatis de qualquer
cidadão. Se o Juiz monocrático não pode ser liberal em matéria de provas para condenar,
inconcebível que se outorgue ao Juiz leigo o poder discricionário ilimitado, irrestrito para editar
veredicto no campo nebuloso e movediço da incerteza e da dúvida com relação a negativa de ter
sido réu o autor dos disparos que provocaram a morte da vítima:

“A soberania do Júri não se traduz no arbítrio irresponsável dos jurados. É certo que
não fundamentam sua decisão. Mas, esta deve se circunscrever à prova dos autos. Se
avulta a prova em sentido contrário, força é concluir que a decisão contrariou a
evidência e outra alternativa não há que outro julgamento se realize” (TJSP - Ap. -
rel. Des.Cunha Bueno - RT 609/322).

“Não pode ser mantida a decisão do Conselho de Jurados que contraria a prova dos
autos, ante o que se extrai do conjunto probatório. Anula-se o julgamento para que o
réu a outro seja submetido, em consonância com os ditames legais” (TJMT - Ap. - rel.
Des. Onésimo Nunes Rocha - RT 606/395).

Conforme foi exposto nos depoimentos transcritos, nas presentes razões, inexiste prova
segura de que tenha sido o Apelante o autor dos disparos que provocou a morte da vítima, pelo
que se traduz ter o Conselho de Sentença decidido manifestamente contra as provas dos autos,
tornando imperioso que este Colendo Tribunal decrete a anulação do julgamento para que seja
submetido a outro.

Se a parte acusadora não produziu provas suficientes da autoria, injustificável a


manutenção da condenação lastreada no terreno nebuloso e movediço da dúvida.

Conforme recente julgado proferido no HC nº 18 084-1/213, o Desor. Byron Seabra


Guimarães, em iluminado voto reverberou a seguinte lição:

“No direito penal da culpa, não há espaço jurídico para a presunção de


culpabilidade. O ônus processual de prova pertence à acusação e não ao sujeito
defesa, que de forma alguma precisa demonstrar a veracidade de suas desculpas, vez
que o que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não está obrigado a
provar que é inocente.” (GRIFEI)

Arremata o Ilustre Desembargador:

“Ninguém duvida que o NULLUM CRIMEN SlNE ACTIO seja princípio reitor do
direito penal do fato. E o agente ativo da conduta fática só pode ser punido pelo fato
existente na realidade. Jamais pela presunção. E diga-se: regra incompatível com o
princípio da não culpabilidade. (Vide ensinamento de Bobio).”(GRIFEI)

É no mesmo sentido o entendimento esposado pelos tribunais superiores:

“Processo Penal. Prova. Inexistência de certeza absoluta para um juízo condenatório.


Exegese do artigo 386,VI, do CPP. l. É correta a sentença absolutória que se baseou no
fato de que a única testemunha que prestou depoimento mediante o contraditório
legal não logrou delinear em que contexto positivo se desenrolou a ação, e que a
prova trazida pela parte autora consistia em meras declarações do agente da
autoridade no inquérito policial, despedido ainda as formalidades ilegais, para julgar
improcedente o pedido articulado na peça exordial do Ministério Público. 2. A prova
no processo penal democrático exige a prova ser madura, robusta, isenta de
incertezas, e não tão-somente indicativa diante do artigo 386, VI, do CPP. Recurso
improvido para manter a sentença absolutória.(TACRIM-RJ - AP. CRIM. 44.163, 2ª
Câmara Julgadora, em 16/06/1992)

Prova. Dúvidas. “In dúbio pro reo”. Absolvição. Se diante do fato há duas versões,
uma fornecida pela declarada vítima e outra pelo acusado, não se trata de questionar
o velho adágio testius unus, testius nullus, mas de constatar dentro do conjunto
probatório na variante de possibilidades a versão cabal, firme e inconteste da
dinâmica do acontecer, caso contrário, diante da intranqüilidade da dúvida, o único
caminho que resta ao julgador sereno e imparcial é a aplicação do consagrado
princípio in dúbio pro reo ínsito no artigo 386,VI,do CPP. Recurso do órgão do
Ministério Público improvido. ( TACRIM-RJ, Ap. 46.108,28 câmara julgadora, em
24/09/1992.
Pelas razões retro perfiladas impõe-se a cassação da decisão proferida pelo Conselho de
Sentença, determinando-se que o Apelante seja submetido a um novo julgamento por força das
diretrizes do parágrafo 3º do artigo 593, do Código de Processo Penal.

II – DO ERRO E INJUSTIÇA NA APLICAÇÃO DA PENA

A fixação da pena dentro das balizas estabelecidas pelas margens penais constitui,
conforme o art. 59, da Parte Geral do Código Penal, de 1984, uma tarefa que o juiz deve
desempenhar de modo discricionário, mas não arbitrário. O sentenciante possui, no processo
individualizador da pena, uma larga margem de discricionariedade, mas não se trata de
discricionariedade livre e, sim, como anota Jescheck1, de discricionariedade juridicamente
vinculada, posto que está preso às finalidades da pena e aos fatores determinantes do quantum
punitivo.

Consoante o entendimento esposado pela doutrina e jurisprudência, o objetivo da pena não


é eternizar ou infernizar a situação do apenado; para reintegra-lo ou reinseri-lo no convívio
social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim profilático e social.

“Na fixação da pena o juiz deve pautar-se pelos critérios legais e recomendados pela
doutrina, para ajustá-la ao seu fim social e adequá-la ao seu destinatário e ao caso
concreto” (TJMT - AC - Rel. Shelma Lombardi de Kato - RT 612/353).

“O Juiz não pode, sem nenhum dado concreto, carregar na dosimetria da pena,
arbitrariamente e segundo sua opinião pessoal a respeito de um determinado tipo
penal, mormente depois de ter considerado a primariedade do agente” (TACRIM SP -
AC - Rel. Vanderlei Borges - RJD 23/214).
No caso em apreço, o Apelante, embora possua antecedentes judiciais é tecnicamente
primário, o que imporia por via de regra a fixação da pena base no mínimo legal.

A sentença recorrida, no aspecto de fixação da pena, datíssima vênia, adotou critério


dissociado da norma estabelecida na lei penal, para exacerbar injustificadamente a sanção in
concreto, devendo pois ser corrigida por esta Egrégia Câmara, fixando-a no mínimo legal, pois
análise realizada pelo juiz presidente, da culpabilidade, da personalidade, motivos do crime e
comportamento da vítima não resplandecem a realidade do processo, uma vez que:

Pelo conjunto probatório contido no processo, não há como justificar uma pena fixada
acima do mínimo legal, conforme o entendimento adotado por nossos Tribunais Superiores:

“PENA - Réu primário - Pena-base estipulada em limite superior ao mínimo legal -


Necessidade de fundamentação.

Nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu


grau mínimo. É lícito ao magistrado sentenciante, desde que o faça em ato decisório
adequadamente motivado, proceder a uma especial exacerbação da pena-base.
Impõe-se, para esse efeito, que a decisão judicial encontre suporte em elementos
fáticos concretizadores das circunstâncias judiciais abstratamente referidas pelo
artigo 59 do CP, sob pena de o ato de condenação transformar-se numa inaceitável e
arbitrária manifestação de vontade do magistrado aplicador da lei. (STF - HC nº
71.697-GO - Rel. Min. Celso de Mello - J. 27.09.94 - DJU 16.08.96).

Senhores Desembargadores, in summa , o presente apelo objetiva o reconhecimento de


que o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de .............., ao proferir seu veredicto, no
presente processo, julgou manifestamente contra as provas dos autos com relação a autoria do
fato, e a inexistência de atenuante em favor do Apelante, como também, que sentença da lavra
do juiz presidente foi injusta ao fixar sua pena acima do mínimo legal.

EX POSITIS,

espera o Apelante, sejam as presentes razões recebidas, vez que próprias e tempestiva,
dando-se provimento ao presente recurso, em todos seus termos, pois desta forma Egrégio
Sodalício, estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

_______________

OAB
Razões de Recurso em Sentido Estrito Contra Decisão de
Pronúncia – Legítima Defesa

RAZÕES DE RECURSO

Protocolo .........................
Acusado: .............................

Egrégio Tribunal

Colenda Câmara,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a decisão


intermediária da pronúncia. que deixou de absolve-lo sumariamente à luz das provas coligidas
durante o judicium acusationes e o comando normativo instituído no inciso IV do artigo 415, do
Código de Processo Penal, com a nova redação dada pela Lei 11.689/2008, sendo, assim,
inadmissível sua submissão à julgamento pelo Tribunal do Júri, quando os fatos apurados
direcionam única e exclusivamente para o reconhecimento da excludente de ilicitude prevista no
inciso II, do artigo 23 do Código Penal. E todos requisitos exigidos pela norma penal em branco
do artigo 25 do mesmo “codex”. foram satisfatoriamente provados estreme de dúvidas.

Embora nossa melhor doutrina tenha. até então proclamado ser a decisão de pronúncia.
fundada unicamente na admissibilidade da acusação, não sendo assim, decisão de mérito e sim
de conteúdo meramente declaratório e de uma certeza provisória da autoria, e indícios da
responsabilidade penal do acusado, na atual conjuntura de nosso ordenamento jurídico, este
entendimento, simplista não pode prosperar.

As modernas diretrizes da prestação da tutela jurisdicional exigem um melhor


aparelhamento e eficiência do Poder Judiciário, impondo-lhe maior racionalidade, celeridade e
eficácia nas decisões de sua competência. Com este pano de fundo, imperioso que na decisão de
pronúncia, haja uma incursão mais profunda na matéria de mérito, decretando-se a absolvição
sumária do Acusado, sem que com isso, afronte a soberania do Júri, ou confisque sua
exclusividade do julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Neste aspecto. Exemplificativamente, já viceja a Lei 9.099/95, que instituiu e regulamentou


os Juizados Especiais Criminais, rompendo os esquemas clássicos do direito criminal e do
processo penal, apresentando, ousadamente, soluções profundamente inovadoras, e, ainda,
quando já tramitam vários projetos de lei, propondo profundas reformas no Código de Processo
Penal, notadamente, no complexo e anacrônico procedimento do Tribunal do Júri, visando
erradicar as chamadas crises de instância, e a impunidade provocada pela contumácia do réu
foragido ou ausente com a simplificação dos atos processuais.

O espírito inovador, já visitou nossa Suprema Corte, que recentemente. julgou o HC nº


73.662-9, de São Paulo, onde o iluminado voto do Min. Marco Aurélio Mendes de Faria Mello ,
relator, foi vencedor em decisão revolucionária que quebrou a inflexibilidade e o absolutismo na
aferição da presunção de violência nos crimes contra os costumes, pelo que pede-se a devida
vênia para a transcrição do seguinte trecho:

“ portanto. e de se ver que já não socorre a sociedade os rigores de um código


ultrapassado, anacrônico e, em algumas passagens até descabido, porque não
acompanhou a verdadeira revolução comportamental assistida pelos mais idosos.
Com certeza, o conceito de liberdade é tão discrepante daquele de outrora que só
seria comparado aos que norteavam, antigamente a noção de libertinagem, anarquia,
cinismo e desfaçatez.

Alfim, cabe uma pergunta que, de tão óbvia, transparece à primeira vista como
desnecessária, conquanto ainda não devidamente respondida: a sociedade envelhece;
as leis não?

Ora, enrijecida a legislação - que. ao invés de abnubilar a evolução dos costumes,


deveria acompanha-la, dessa forma protegendo-a cabe ao intérprete da lei o papel de
arrefecer tanta austeridade, flexibilizando, sob o ângulo literal, o texto normativo,
tornando-o, destarte, adequado e oportuno, sem o que o argumento da segurança
transmuta-se em sofisma e servirá, ao reverso, ao despotismo inexorável dos
arquiconservadores de plantão, nunca a uma sociedade que se quer global, ágil e
avançada – tecnológica, social e espiritualmente te. “

Em conclusão, Senhores Julgadores é de se dizer, que havendo nos autos provas suficientes
e inconcussas para que se decrete a absolvição sumária do Acusado, torna-se imperioso ao
magistrado, a prolação de uma decisão terminativa. Não o fazendo, este mister se transfere ao
Superior Grau de Jurisdição.

Em que pese o elevado conhecimento jurídico e senso de justiça do Ilustre prolator da


decisão intermediária de pronúncia de fls......, esta não guarda harmonia com a prova produzida
na instrução preliminar, primeiro, quanto à análise do fato faz uma interpretação unilateral e
desfavorável ao acusado, para num segundo momento rechaçar o reconhecimento da excludente
de ilicitude pleiteada. porém, se se efetuar um exame acurado das provas dos autos, com o
espírito desarmado, não há como refutar a realidade de que o acusado agiu sob o manto protetor
da descriminante inserta no artigo 23.II c/c 25 do Código Penal.

EX POSITIS,
Espera, o acusado, ora recorrente, em não havendo o despacho de retratação, seja o
presente recurso conhecido, vez que tempestivo e próprio, e dado provimento para o fim de
reformar a decisão de pronúncia, para absolver sumariamente o Recorrente, nos termos da
legislação pertinente, pois desta forma, como de costume, este Egrégio Sodalício, estará
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

_____________________

OAB
Razões em Agravo – Recurso Especial

RAZÕES DE AGRAVO

RECORRENTE: ..................
Protocolo ...............................

Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Eminente Ministro Relator,

Versa o presente recurso do inconformismo do Recorrente ..............., já qualificado, com o


despacho proferido pela Presidência Tribunal de Justiça do Estado de ........., que negou
prosseguimento do RECURSO ESPECIAL, interposto contra acórdão proferido nos autos do
Recurso de Apelação Criminal, em epígrafe, proferido pela ........ Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado de ......, que negou vigência ao artigo 156, do Decreto lei nº 3.689 de 03 de
Outubro de 1.941 (Código de Processo Penal), além do que, deu a lei federal interpretação
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal, conforme as razões a seguir perfiladas:

SÚMULA DOS FATOS

1O Recorrente, foi condenado pela Douta Juíza da .............. Vara Criminal da comarca
da ............., como incurso nas penas do artigo 214, “caput” c/c art. 224, alínea “a”, 226, II, e 71,
todos do Código Penal Brasileiro, pelo manejou recurso voluntário, o qual por unanimidade foi
improvido pela Primeira Câmara do Tribunal Goiano, afrontando o imperativo legal do ônus
probandi..

2Em suas razões de recurso apelatório, o Recorrente, deixou consignado sua indignação
com relação à condenação imposta pelo Juízo de piso, a qual foi editada frontalmente contrária a
prova colacionada durante todo processado, configurando uma afronta à norma estabelecida no
art. 156 do CPP, onde se registras que “ o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação. Logo, o
acórdão fustigado ao convolar a decisão estapafúrdia do Juízo de Piso negou a vigência do citado
dispositivo legal, dando uma interpretação divorciada do entendimento esposado pela
jurisprudência hodierna dominante”.

DO DIREITO

DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Conforme art. 26, da Lei nº 8.038/90, o recurso especial, está sujeito ao juízo de prelibação,
devendo ser recebido quando presentes seus pressupostos legais comuns a todos recursos, qual
sejam: tempestividade, legitimidade recursal e sucumbência, exigindo-se, também,
especificamente, o enfrentamento de decisões emanadas pelos Tribunais de Estado quando
presentes os motivos elencados no inciso III, do art. 105, da Constituição Federal, além de que as
matérias objeto do recurso tenham sido pré-questionadas nas esferas inferiores.

No caso em apreço, todos pressupostos de admissibilidade se fazem presentes, embora o


pré-questionamento das matérias fustigadas estejam implícitas no bojo das razões do recurso de
apelo, o que não descaracteriza sua presença, consoante ensinamento do ilustre Ministro
EDUARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA, “não é o artigo da lei mas a questão de direito que não
dispensa tenha sido cogitada. Assim, por exemplo, se o caso for de litisconsórcio necessário, e o
julgado o negar ter-se-á por contrariado o artigo 47 do CPC, não importando que a ele nenhuma
referência tenha sido feita.”

Deve pois o presente Recurso, transpor a barreira do Juízo de prelibação.

a) – DA CONTRARIEDADE A LEI FEDERAL, OU NEGAÇÃO DE SUA VIGÊNCIA;

Dispõe o art. 156 do Código de Processo Penal. (Dec. Lei 3689/41):

“Art. 156 - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso
da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante.”
Pelo conjunto de provas produzido durante a instrução criminal, sob o manto do princípio
constitucional do contraditório e do devido processo legal, outra conclusão no há senão a de que
não há provas suficientes para justificar a condenação do Recorrente, sendo imperioso a
aplicação do comando normativo inserto no art. 386, VI, do Código de Processo Penal, impondo-
se o competente decreto absolutório.

Se a denúncia representa uma hipótese acusatória proposta pelo Órgão do Ministério


Público, após seu recebimento cria para a acusação oficial o encargo processual de provar
durante a instrução criminal, sob o manto do contraditório, o fato criminoso descrito, sua autoria
e as circunstâncias com se desenvolveu. Assim não fazendo tem-se que não se desincumbiu do
ônus probatório, ensejando assim a adoção de sua absolvição sumário na decisão de pronúncia.

Outrossim, nem cabe acertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”.

Assim sendo, o acórdão recorrido, ignorou a prova colhida durante o judicium


acusationnes, o que deve ser objeto de reparo por esta Suprema Corte, vez trata-se matéria de
âmbito constitucional, ao ferir a garantia da ampla defesa e o princípio do devido processo legal.

b) - DA INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE ATRIBUÍDO OUTRO TRIBUNAL.

O Acórdão recorrido deu a prova dos autos interpretação dissonante dos princípios
reguladores da matéria probatória abraçados pela jurisprudência dominante, que preconiza ser
aprova colhida na esfera policial, e, não reproduzida em juízo insuficiente para embasar decreto
condenatório.

O Tribunal do Estado de Minas Gerais, ao julgar a Apelação Criminal nº 000.178.515-3/00,


por sua 2ª Câmara Criminal, tendo como Relator o Desembargador Reinaldo Ximenes Carneiro,
com acórdão publicado no Diário de Justiça no dia 11.05.2000, assim decidiu:

“TÓXICO – USO – CONFISSÃO – CONJUNTO PROBATÓRIO – TRÁFICO – PROVA


COLHIDA NO INQUÉRITO POLICIAL – INEXISTÊNCIA DE PROVA JUDICIAL –
CONDENAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE SOMENTE COM PROVA EXTRAJUDICIAL –
Estando

o conjunto probatório apontado somente para o uso de maconha pelo agente impõe-
se à condenação nesse tipo penal, sendo defeso expedir decreto condenatório diverso
com vbase apenas em prova extrajudicial.” (TJMG – ACr. – 000.178.515-3/00 – 2ª
CCrim. – Rel. Dês. Reynaldo Ximenes Carneiro – D.J. 11.05.2000).

Com isso, tem-se que o Tribunal de Justiça do Estado de ____ deu interpretação divergente
da jurisprudência firmada pelo TJMG, conforme julgado acima transcrito, ao entender ser
suficiente para prolação de decreto condenatório as provas existentes exclusivamente no
inquérito policial pelo que deve a matéria, ser revista por este Colendo Sodalício de teto.

EX POSITIS

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, dando-
se provimento em todos seus termos, pois desta forma este Egrégio Tribunal estará
restabelecendo o império do Direito, da Lei e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

________________

OAB
Razões em Recurso em Sentido Estrito – Homicídio –
Desclassificação Para Lesões Corporais

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Protocolo: .....................................
Pronunciado: .....................................

Egrégio Tribunal

Colenda Câmara,

o presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a decisão


intermediária da pronúncia que deixou de absolve-lo sumariamente ou impronuncia-lo à luz
das provas coligidas durante o judicium acusationes e o comando normativo instituído no artigo
415 e 419 do Código de Processo Penal, com a nova redação dada pela neo-nata Lei 11.689/08,
(embora estejamos sob os auspícios do vacatio legis, ao tempo do julgamento do presente recurso
aplicar-se-á a lei nova), sendo, assim, inadmissível sua submissão à julgamento pelo Tribunal do
Júri, quando os fatos apurados direcionam para eventual prática de delito cuja conduta fora da
esfera de competência do Tribunal do Júri, além do que, era imperioso que na decisão
intermediária fosse reconhecida a excludente de ilicitude prevista no inciso II, do artigo 23, do
Código Penal, vez que presentes todos os requisitos exigidos pela norma penal em branco do
artigo 25, do mesmo “codex”. foram satisfatoriamente provados estreme de dúvidas.

PRELIMINARMENTE

Data vênia, a decisão intermediária de pronúncia deve ser desentranhada dos autos, vez
pela sua linguagem candente é evidente que extrapolou os limites de “ mero juízo de
admissibilidade da ação”1 , ou na lição de José Frederico Marques “ sentença de conteúdo
declaratório, em que o juiz proclama admissível a acusação para que esta seja decida no plenário
do júri,”2 da forma em que foi redigida terá nefasta e sugestiva influência na decisão dos jurados,
quando explicitamente proclama que: “(...) impossível falar que o pronunciado agiu com animus
necandi...” (fls. 375), e logo adiante concluiu “(...) em evidente demonstração do animus
necandi...” (fls. 276).

Embora a neo-nata Lei 11.689, tenha dado nova redação ao artigo 478 do CPP, na qual
taxativamente proíba que as partes façam referências à decisão de pronúncia, bem como das
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, como argumento de autoridade. A
manutenção da pronúncia nos termos em que foi elaborada é franco aval à arbitrariedade judicial
e ingerência inoportuna na soberania das decisões do Tribunal do Júri.

Inquestionável, que a sentença vergastada, pecou com inserções valorativas quanto ao


mérito, quando de forma despropositada afirma “... em uma evidente demonstração do animus
necandi. O réu, portanto, (não??) logrou êxito no seu objetivo porque os Policiais Militares
chegaram no momento da briga, socorreram a vítima a tempo.”

De conformidade com as lições dos mestres, do calibre de Adriano Marrey, o juiz ao


pronunciar de ver ser cauteloso e prudente, utilizando da singeleza nas expressões, vez que ao
Júri é que compete, com exclusividade, apreciar as provas por seu merecimento, conforme a
seguinte lição:

“na fundamentação da sentença de pronúncia deve o juiz usar de prudência,


evitando manifestação própria quanto ao mérito da acusação. Cumpre-lhe abster-se
de refutar , a qualquer pretexto, as teses de defesa, contra-argumentando com dados
do processo, nem mesmo para acolher circunstâncias elementares do crime.

Devem ser abolidas expressões como: “o réu é culpado”, “O réu agiu em legítima
defesa”, “O réu agiu com torpeza...”, “O réu provocou a vítima...”, “O réu confessou
plenamente o delito, tanto na polícia quanto em juízo...”, e outras que conduzem a
prejulgamento, em prejuízo da defesa em plenário.” 3

Reside, pois, esta preocupação doutrinária, justamente, na garantia e preservação da


soberania dos veredictos emanados do Tribunal do Júri, como Juízo Constitucional, para a
apreciação e julgamento dos crimes dolosos contra a vida, bem como, que lhe seja assegurada a
proteção contra a ação de qualquer espécie de influência em seus veredictos, sejam absolutórios
ou condenatórios.

De forma crassa e sem qualquer disfarce a decisão de pronúncia antecipou o julgamento do


tribunal do júri, refutando a tese defensória, se subjugando ao entendimento esposado pela parta
Acusação, procedimento repudiado pelo nosso ordenamento jurídico em vigor.

Imperioso, pois, que a decisão de pronúncia seja anulada, para que outra venha substituí-la
com termos mais sóbrios para, assim, cumprir seu papel jurisdicional dentro dos seus razoáveis
limites de despacho interlocutório.

DO MÉRITO

Embora nossa melhor doutrina tenha. até então proclamado ser a decisão de pronúncia.
fundada unicamente na admissibilidade da acusação, não sendo assim, decisão de mérito e sim
de conteúdo meramente declaratório e de uma certeza provisória da autoria, e indícios da
responsabilidade penal do acusado, na atual conjuntura de nosso ordenamento jurídico, este
entendimento, simplista não pode prosperar.

As modernas diretrizes da prestação da tutela jurisdicional exigem um melhor


aparelhamento e eficiência do Poder Judiciário, impondo-lhe maior racionalidade, celeridade e
eficácia nas decisões de sua competência. Com este pano de fundo, impreterível que na decisão
de pronúncia, houvesse uma incursão mais profunda na matéria de mérito, decretando-se a
absolvição sumária do Acusado ou a desclassificação para o delito de lesões corporais, sem que
com isso, afronte a soberania do Júri, ou confisque sua exclusividade do julgamento dos crimes
dolosos contra a vida.
O espírito inovador, já visitou nossa Suprema Corte, que recentemente. julgou o HC nº
73.662-9, de São Paulo, onde o iluminado voto do Min. Marco Aurélio Mendes de Faria Mello ,
relator, foi vencedor em decisão revolucionária que quebrou a inflexibilidade e o absolutismo na
aferição da presunção de violência nos crimes contra os costumes, pelo que pede-se a devida
vênia para a transcrição do seguinte trecho:

“ portanto. e de se ver que já não socorre a sociedade os rigores de um código


ultrapassado, anacrônico e, em algumas passagens até descabido, porque não
acompanhou a verdadeira revolução comportamental assistida pelos mais idosos.
Com certeza, o conceito de liberdade é tão discrepante daquele de outrora que só
seria comparado aos que norteavam, antigamente a noção de libertinagem, anarquia,
cinismo e desfaçatez.
Alfim cabe uma pergunta que, de tão óbvia, transparece à primeira vista como
desnecessária, conquanto ainda não devidamente respondida: a sociedade envelhece; as leis
não?

...Ora, enrijecida a legislação - que. ao invés de abnubilar a evolução dos costumes,


deveria acompanha-la, dessa forma protegendo-a cabe ao intérprete da lei o papel de
arrefecer tanta austeridade, flexibilizando, sob o ângulo literal, o texto normativo,
tornando-o, destarte, adequado e oportuno, sem o que o argumento da segurança
transmuta-se em sofisma e servirá, ao reverso, ao despotismo inexorável dos
arquiconservadores de plantão, nunca a uma sociedade que se quer global, ágil e
avançada – tecnológica, social e espiritualmente te. “

Em conclusão, Senhores Julgadores é de se dizer, que havendo nos autos provas suficientes
e inconcussas para que se decrete a absolvição sumária do Acusado ou que opere o mutatio
libelli torna-se imperioso ao magistrado, a prolação de uma decisão terminativa. Não o fazendo,
este mister se transfere ao Superior Grau de Jurisdição.

Em que pese o elevado conhecimento jurídico e senso de justiça do Ilustre prolator da


decisão intermediária de pronúncia de fls. 371/377, esta não guarda harmonia com a prova
produzida na instrução preliminar, primeiro, quanto à análise do fato faz uma interpretação
unilateral e desfavorável ao acusado, para num segundo momento rechaçar o reconhecimento da
excludente de ilicitude pleiteada. porém, se se efetuar um exame acurado das provas dos autos,
com o espírito desarmado, não há como refutar a realidade de que o acusado não agiu com
animus necandi, além do que sua conduta está sob o manto protetor da descriminante inserta no
artigo 23, II, c/c 25 do Código Penal.

EX POSITIS,

Espera, o acusado, ora recorrente, em não havendo o despacho de retratação, seja o


presente recurso conhecido, vez que tempestivo e próprio, e dado provimento para o fim de
reformar a decisão de pronúncia, para absolver sumariamente o Recorrente ou efetue a
desclassificação para o delito do art. 129 do CPB, nos termos da legislação pertinente, pois desta
forma, como de costume, este Egrégio Sodalício, estará restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da excelsa JUSTIÇA.
LOCAL E DATA

__________________

OAB
Razões em Recurso Especial

RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

RECORRENTE: .....................

Egrégio Tribunal

Colenda Turma

Eminente Ministro Relator,

Versa o presente recurso do inconformismo do Recorrente ...................., já qualificado, com


o acórdão proferido nos autos do Recurso em Sentido estrito nº ............... (.......), proferido pela
Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de ..............., publicado no Diário de
Justiça do dia ........, que negou vigência ao artigo 156, do Decreto lei nº 3.689 de 03 de Outubro
de 1.941 (Código de Processo Penal), além do que, deu a lei federal interpretação divergente da
que lhe haja atribuído outro tribunal, conforme as razões a seguir perfiladas:

SÚMULA DOS FATOS

1O Recorrente, foi denunciado e processado com incurso nas penas do artigo 121, § 2º, I e
IV, do Código Penal, e pronunciado no mesmo dispositivo legal, pelo manejou recurso voluntário,
o qual por unanimidade foi improvido pela Primeira Câmara do Tribunal Goiano, afrontando o
imperativo legal do ônus probandi..

2Em suas razões de recurso apelatório, o Recorrente, deixou consignado sua indignação
com relação a decisão intermediária de pronúncia, que foi editada frontalmente com a prova
colacionada durante todo processado, configurando uma afronta à norma estabelecida no art.
156 do CPP, onde se registras que “ o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação. Logo, o
acórdão fustigado ao convolar a decisão estapafúrdia do Juízo de Piso negou a vigência do citado
dispositivo legal, dando uma interpretação divorciada do entendimento esposado pela
jurisprudência hodierna dominante”.

DO DIREITO

DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Conforme art. 26, da Lei nº 8.038/90, o recurso especial, está sujeito ao juízo de prelibação,
devendo ser recebido quando presentes seus pressupostos legais comuns a todos recursos, qual
sejam: tempestividade, legitimidade recursal e sucumbência, exigindo-se, também,
especificamente, o enfrentamento de decisões emanadas pelos Tribunais de Estado quando
presentes os motivos elencados no inciso III, do art. 105, da Constituição Federal, além de que as
matérias objeto do recurso tenham sido prequestionadas nas esferas inferiores.

No caso em apreço, todos pressupostos de admissibilidade se fazem presentes, embora o


prequestionamento das matérias fustigadas estejam implícitas no bojo das razões do recurso de
apelo, o que não descaracteriza sua presença, consoante ensinamento do ilustre Ministro
EDUARDO RIBEIRO DE OLIVEIRA, “não é o artigo da lei mas a questão de direito que não
dispensa tenha sido cogitada. Assim, por exemplo, se o caso for de litisconsórcio necessário, e o
julgado o negar ter-se-á por contrariado o artigo 47 do CPC, não importando que a ele nenhuma
referência tenha sido feita.”

Deve pois, o presente Recurso Extremo, transpor a barreira do Juízo de prelibação.

a) – DA CONTRARIEDADE A LEI FEDERAL, OU NEGAÇÃO DE SUA VIGÊNCIA;

Dispõe o art. 156 do Código de Processo Penal. (Dec. Lei 3689/41), com a nova redação
dada pela Lei 11.690/08:

Art. 156 - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;
II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

Pelo conjunto de provas produzido durante a instrução criminal, sob o manto do princípio
constitucional do contraditório e do devido processo legal, outra conclusão no há senão a de que
o Recorrente, por ocasião do fato, agiu sob o pálio da excludente de ilicituyde prevista no art. 23,
II e 25 do Código Penal Brasileiro, o que impunha sua absolvição sumário nos termo do art. 411
do Código de Processo Penal.

Se a denúncia representa uma hipótese acusatória proposta pelo Órgão do Ministério


Público, após seu recebimento cria para a acusação oficial o encargo processual de provar
durante a instrução criminal, sob o manto do contraditório, o fato criminoso descrito, sua autoria
e as circunstâncias com se desenvolveu. Assim não fazendo tem-se que não se desincumbiu do
ônus probatório, ensejando assim a adoção de sua absolvição sumário na decisão de pronúncia.

Outrossim, nem cabe assertar que posicionamento diverso seria possível por força do livre
convencimento ou íntima convicção do Juiz, que não sofre limitações, importando pois,
preponderantemente, a realidade dos fatos que entreveja nas provas, e não o lugar onde estas
foram colhidas. Concessa vênia daqueles que assim sustentam, sufragar-se tal escólio implicaria
postergar-se, de maneira flagrante, o princípio basilar do contraditório, fazendo-se dele tabula
rasa e simples quimera, com sua colocação no esquecimento.

Outra não é a lição de Frederico Marques: embora o princípio do Livre convencimento não
permita que se formulem regras apriorísticas sobre a apuração e descoberta da verdade, certo é
que traz algumas limitações a que o Juiz não pode fugir; e uma delas é a de que, em face da
Constituição, não há prova (ou como tal não se considera), quando não produzida
contraditoriamente”.

Assim sendo, o acórdão recorrido, ignorou a prova colhida durante o judicium


acusationnes, o que deve ser objeto de reparo por esta Suprema Corte, vez trata-se matéria de
âmbito constitucional, ao ferir a garantia da ampla defesa e o princípio do devido processo legal.

b) - DA INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE ATRIBUÍDO OUTRO TRIBUNAL.


O Acórdão recorrido, deu a prova dos autos interpretação dissonante dos princípios
reguladores da matéria probatória abraçados pela jurisprudência dominante, que preconiza ser
aprova colhida na esfera policial, e, não reproduzida em juízo insuficiente para embasar decreto
condenatório.

O Tribunal do Estado de Minas Gerais, ao julgar a Apelação Criminal nº 000.178.515-3/00,


por sua 2ª Câmara Criminal, tendo como Relator o Desembargador Reinaldo Ximenes Carneiro,
com acórdão publicado no Diário de Justiça no dia 11.05.2000, assim decidiu:
“TÓXICO – USO – CONFISSÃO – CONJUNTO PROBATÓRIO – TRÁFICO – PROVA
COLHIDA NO INQUÉRITO POLICIAL – INEXISTÊNCIA DE PROVA JUDICIAL –
CONDENAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE SOMENTE COM PROVA EXTRAJUDICIAL –
Estando
o conjunto probatório apontado somente para o uso de maconha pelo agente impõe-
se à condenação nesse tipo penal, sendo defeso expedir decreto condenatório diverso
com vbase apenas em prova extrajudicial.” (TJMG – ACr. – 000.178.515-3/00 – 2ª
CCrim. – Rel. Dês. Reynaldo Ximenes Carneiro – D.J. 11.05.2000).

Com isso, tem-se que o Tribunal de Justiça do Estado de _____ deu interpretação divergente
da jurisprudência firmada pelo TJMG, conforme julgado acima transcrito, ao entender ser
suficiente para prolação de decreto condenatório as provas existentes exclusivamente no
inquérito policial pelo que deve a matéria ser revista por este Colendo Sodalício de teto.

EX POSITIS

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, dando-se
provimento em todos seus termos, pois desta forma este Egrégio Tribunal estará restabelecendo o
império do Direito, da Lei e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

___________________

OAB
Pedido de Juntada de Razões de Apelação

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ........................

Protocolo .......................

......................., Já qualificado, nos autos da ação penal que


lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor dativo in fine assinado, permissa
máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, requerer a juntada aos autos das inclusas razões de apelação, e, após os
trâmites legais, sejam encaminhadas ao Superior Grau de Jurisdição, para apreciação e
julgamento.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

__________________

OAB
Embargos de Declaração – Sentença que Deixou de Determinar o
Recolhimento de Mandado de Prisão

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ............... .

ESCRIVANIA DO CRIME

Protocolo .........................

......................................... ,

já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a Justiça Pública desta comarca, via
de seu defensor, in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, com supedâneo no art. 382, do Código de Processo Penal opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

à sentença condenatória de fls., por omissão da determinação de recolhimento dos


mandados de prisão expedidos em desfavor do Embargante, bem como a falta de indicação do
local de cumprimento da reprimenda penal, face o Acusado residir em ............... , pelos seguintes
fundamentos:

1 O Acusado, ora Embargante, foi denunciado, na presente ação penal, e final condenado,
como incurso nas penas do art. 171, do Código Penal, ao cumprimento de uma pena restritiva de
liberdade, a ser cumprida inicialmente no regime semi-aberto, podendo manejar recurso
voluntário em liberdade, e, como consectário lógico é a revogação da prisão preventiva
automática, conforme sentença embargada de fls.

2 No curso do processo o Acusado teve sua prisão processual decretada, expedindo-se


mandados de prisão e oficiado as autoridades competentes para seus cumprimentos, porém, com
o advento da sentença condenatória, no regime semi-aberto, e sem o devido recolhimento dos
referidos mandados, o Embargante ficará impossibilitado de apelar sem recolher-se no cárcere,
vez que na sentença recorrida não foi determinado a expedição de ofícios solicitando suas
devoluções sem cumprimento.

3 Por outro lado, a sentença abjurada embora reconheça que o Embargante reside
em ............... , deixou de determinar, expressamente, que o cumprimento da pena se dê naquela
comarca, conforme faculta o art. 86, da LEP.
Como as omissões objeto dos presentes embargos representam, meramente, erro material
passivo de corrigenda através do presente recurso, protesta o Embargante pelo seu conhecimento
e deferimento na forma do dispositivo ut retro citado.

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

_________________________

OAB
Embargos de Declaração – Sentença Condena no Regime Semi
Aberto Mas Mantém o Réu Fechado

EXM. SR. DR. JUÍZ DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ......................

REU PRESO - URGENTE

Protocolo - ...................

Embargos Declaratórios

Acusado:

.........................................., já qualificado, nos autos da execução penal, em epígrafe via de


seu patrono in fine, assinado, permissa máxima vênia, vem perante a preclara presença de Vossa
Excelência com fulcro no artigo 382, do Código de Processo Penal opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

1A sentença condenatória de fls., concedeu ao Embargante o benefício de cumprir


inicialmente sua pena no regime semiaberto, e, considerando a interdição da Casa do Albergado,
substitutivamente impôs a prestação de serviços à comunidade; todavia por mero erro material
ficou consignado no decisório que a expedição do Alvará de Soltura estava condicionada ao
trânsito em julgado daquela decisão, mantendo-o no regime fechado, ou seja, em situação mais
gravosa daquela em que foi condenado, conjuntura que não se adequa ao principio da legalidade.
Principalmente quando a sentença já transitou em julgado para a acusação.

2Neste sentido, a jurisprudência tem se posicionado no seguinte trilho:

“O regime fechado para sentenciado do regime semi-aberto transcende a condenação,


afronta o ideal de justiça; é injustiça impor a um condenado pena a mais do que lhe
foi prescrito na sentença. Se não há estabelecimento prisional adequado à fiel
execução da sentença, ainda que se trate de preso provisório, condenado pó sentença
recorrível (CPP art. 393, I), concede-se, em caráter excepcional, a prisão domiciliar.” 1

Assim sendo, a corrigenda, diante da contradição da decisão, poderá ser executada no


comando normativo do art. 382, do Código de Processo Penal, inaudita altera parte.
EX POSITIS,

espera o Embargante seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, final
julgado procedente, inaudita altera pars, determinando a imediata expedição de ALVARÁ DE
SOLTURA, com a observação se por al não estiver preso, pois desta forma Vossa Excelência,
estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

___________________

OAB
Pedido de Juntada de Razões de Apelação

EXM. SR. DR. JUÍZ DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo: .................

Código TJ.... - .... - Razões de Apelação

..................., Já qualificado, nos autos da ação penal que lhe


move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor, in fine assinado, permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente,
requerer a juntada aos autos das inclusas razões de apelação, e, após os trâmites legais, sejam
encaminhadas ao Superior Grau de Jurisdição, para apreciação e julgamento.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

_______________________

OAB
Pedido de Juntada de Razões de Recurso

EXM. SR. DR. JUÍZ DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ......................

Protocolo: ...................
Código TJ... - ... - Razões de Apelação

............................., Já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu defensor, in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, requerer a juntada aos
autos das inclusas razões de apelação, e, após os trâmites legais, sejam encaminhadas ao
Superior Grau de Jurisdição, para apreciação e julgamento.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

_______________________

OAB
Petição de Recurso Especial ao STJ

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .....................

Apelação Criminal Nº.....................

Código TJ.... -

................................................... , já qualificado, nos autos da Apelação Criminal, em


epígrafe, via de seu patrono in fine assinado, vem, tempestivamente, perante este Egrégio
Sodalício, nos termos do artigo 105, III, “a” e “c”, da Constituição Federal, interpor

RECURSO ESPECIAL

para o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, face aos fatos, razões e fundamentos expostos
nas razões que seguem, em apenso, que ora requer sejam juntadas aos autos e após o juízo de
prelibação sejam encaminhados aos superior grau de jurisdição para conhecimento e
provimento.

LOCAL E DATA.

_____________________________

OAB
Petição de Recurso de Apelação – Júri Quando Ocorrer Nulidade
Posterior à Pronúncia

EXMO. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE ........

PROTOCOLO Nº ..................

Código TJ... – ... - APELAÇÃO

.................................., já qualificado, nos autos da ação penal


que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa
máxima vênia, inconformado com o veredicto dos jurados e a sentença condenatória proferida
pela juíza presidente do Tribunal do Júri de fls., vem à presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, da mesma APELAR, ao Egrégio Tribunal de Justiça de nosso Estado, com
fulcro no artigo 593, III, a,, do Código de Processo Penal, esperando seja o presente recurso
recebido, abrindo-se vistas dos autos para apresentação das respectivas razões.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

___________________
OAB
Razões de Apelação – Estupro – Violência Presumida

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROTOCOLO Nº .........

Apelante: ..................

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da Primeira Vara Criminal de .............., que o condenou a uma
pena definitiva ..... (...) anos e .... (..) meses de reclusão a ser cumprida no regime aberto, sob a
suposta prática do delitos inscritos nos art. 218-A, do Código Penal e 244-B, do Estatuto da
Criança e do Adolescente, com as novas redações dadas pela neonata 12.015 de 07.08.2009.

SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público intentou a presente ação penal em desfavor do Acusado, imputando-


lhe a prática dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 218-A, do Código Penal
(vítima....), 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente (vítimas .....; ......... e ........) se
propondo em provar em juízo os seguintes fatos, conforme a denúncia de fls.......:

Durante a instrução criminal, discorrida sob o pálio do contraditório, a suposta


vítima ................., de forma clara, segura e irrepreensível retratou suas declarações prestadas
perante a autoridade policial, razão pela qual a ilustre juíza de piso absolveu o Apelante da
imputação relativo ao crime de estupro.

A sentença recorrida de forma equivocada e injusta julgou procedente a acusação com


referência ao delito acima descritos ao arrepio da prova produzida durante a instrução criminal.

DO DIREITO
PRELIMINARMENTE
O presente feito nada mais é do que um elo da ação penal de nº ......................, pois, os
ilícitos penais atribuídos ao Acusado, aqui, pelas condições de tempo, lugar, modus operandi, e
outras semelhantes, configuram in tese a continuidade delitiva, prevista no art. 71, do Código
Penal Brasileiro, o que impunha a Magistrada de piso determinar a reunião dos processos, para
prolação de uma única sentença. Assim deve, pela presente preliminar decretar-se a nulidade da
sentença recorrida para que os fatos ali julgados integrem o rol daqueles julgados na referida
ação penal.
É neste sentido o entendimento esposado pelos nossos tribunais de teto, conforme os
seguintes arestos:

“PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR –


VÍTIMAS DIFERENTES – CONTINUIDADE DELITIVA – PARÁGRAFO ÚNICO DO
ART. 71 DO CÓDIGO PENAL – Em se tratando de crime de atentado violento ao
pudor, perpetrado contra vítimas diferentes, pode ser aplicado o disposto no
parágrafo único do art. 71, do Código Penal, observando-se os demais requisitos para
o reconhecimento da continuidade delitiva. Writ parcialmente conhecido. (STJ – HC
26152 – MS – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 10.11.2003 – p. 00200) JCP.71
JCP.71.PUN”

“PENAL – ESTUPRO – PRÁTICA REITERADA – HOMOGENEIDADE DE


CIRCUNSTÂNCIAS – ART. 71 DO CP – CRIME CONTINUADO – OCORRÊNCIA –
HABITUALIDADE – INOCORRÊNCIA – 1. Na ficção jurídica do crime continuado, o
agente, movido pelo anseio de reiterar a primeira conduta criminosa, faz uso do
mesmo modus operandi ou aguarda a oportunidade em que estejam presentes as
mesmas condições favoráveis à prática do delito. 2. Verifica-se, no presente caso, a
presença do nexo circunstancial entre os vários estupros praticados pelo avô contra
sua neta, uma vez que o agente esperava o momento em que se encontrava à sós com
a vítima, para viabilizar a mansa e clandestina execução do crime de estupro. 3.
Desta forma, não há como se falar em mera repetição habitual, que diz respeito à
ações criminosas autônomas e isoladas, praticadas em circunstâncias diversas e com
meios distintos de execução. 4. Recurso conhecido e provido para determinar a
incidência do aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal. (STJ – RESP
306308 – RO – 5ª T. – Relª Min. Laurita Vaz – DJU 16.06.2003 – p. 00367) JCP.71”

Desta forma, Excelência, os fatos objeto do presente feito estão em plena harmonia com
aqueles apurados nos autos ................, no que concerne aos requisitos para o reconhecimento da
continuidade delitiva, caso haja condenação, pelo que não deveria ter sido instaurada ação
penal distinta, cuja unificação deve ser decretada no presente momento processual, decretando-
se a nulidade da sentença recorrida, sob pena de insurgência contra a garantia constitucional do
devido processo legal, incrustado no inciso LIV, do art. 5ª da Constituição Federal.

DO MÉRITO

É pacífico, na doutrina dominante, que a corrupção de menores, trata-se de crime


material, que só se aperfeiçoa com a positivação do resultado como característico do tipo penal,
com a objetiva lesão do bem jurídico tutelado. O que vale dizer: que para sua consumação é
imperioso e indispensável que a vítima efetivamente fique corrompida em sua conduta moral, ex
pert nos prazeres da carne, degradada e escrava da luxúria.

Verifica-se, assim, que a descrição legal do crime, possui dois núcleos alternativos:
corromper, que tem o significado de perverter, viciar, depravar, etc, e facilitar a corrupção, que é
tornar mais fácil, prestar auxílio à iniciativa da menor, para a mesma corrupção. Quanto a
modalidade da ação do agente, há uma tríplice previsão; a) com ela praticando ato libidinosos; b)
ou induzindo-a a pratica-lo, e , c) ou induzindo-a a presencia-lo.
Invoca-se o magistério de nosso ilustre mestre conterrâneo Geraldo Batista Siqueira, que
assim leciona:

“O delito de Corrupção de Menores, em nossa legislação (artigo 218, CP), se


apresenta através de um tipo misto. Dois núcleos tipológicos expressam a figura
acima indicada: corromper ou facilitar a corrupção.

A definição procurada não é matéria de interesse meramente acadêmico. Ao contrário,


assume papel de relevo na aplicação do Direito ao caso concreto, principalmente no que toca à
consumação. Na concepção formal do tipo legal, em apreço, a consumação, momento terminal
de várias figuras penais, prescinde-se, para seu aperfeiçoamento, da realização do resultado,
embora inserido na definição do tipo legal. Verificando-se a efetivação do resultado, a corrupção
do sujeito passivo da infração, teremos etapa posterior ao resultado, o exaurimento. Diz-se o
crime exaurido.” (“Corrupção de Menores Aspectos Processuais”- in JURID 8.0 – Publicações
Eletrônicas – CD-ROM).

A sentença hostilizada não levou em conta a prova produzida durante a instrução que
confirma o estado de corrupção das supostas vítimas antes de conhecerem o Apelante, o que se
afiguraria como crime impossível, a consumação do delito previsto no art.. 244-B da Lei
8.069/90, com a nova redação emprestada pela Lei 12.015/2009. Resumindo é impossível
corromper uma pessoa já corrompida.

Neste ponto de vista, pelo conjunto probatório existente nos autos, é inafastável a realidade
do estado deletério da moral em já se encontravam as pretensas vítimas, que levavam vida
leviana, dissoluta de pessoas notoriamente já corrompidas, não podendo assim figurar como
sujeito passivo do referido delito. Diz a jurisprudência:

“Não pode prosperar a acusação de corrupção de menor se se trata de moça leviana


que se ausenta de casa sem dar notícia de seu paradeiro, viajando constantemente
em companhia de rapazes. O simples Fato de englobar a denúncia três acusados de
uma só vez indica, de forma inequívoca, que ai vítima já estaca corrompida” (TJSP’ -
AC - Rel. Gonçalves de Rezende).

“A corrupção tem como pressuposto indeclinável a integridade moral da vítima. e


não se pode admiti-la se. já no primeiro encontro com o réu, a ele se entrega,
mantendo relações sexuais completas. Em tal caso, acha-se ausente o preparo
psicológico do agente, para a cópula, ato de libidinagem e corruptor por excelência”
(TJSP - AC - Rel. Villa da Costa - RT 485/298).

“A corrupção pressupõe honestidade, que se mostra amplamente duvidosa na jovem


que se entrega voluntariamente a quem conhecia apenas de vista e logo ao primeiro
encontro” (TJSP - AC Rel. Acácio Rebouças – RT 470/105).
“O art. 218 do CP alude a “corromper ou facilitar a corrupção” de menor. Parte do
pressuposto, pois, de ser a vítima recatada e de bons costumes, o que não ocorre com
a moça que pernoita fora de casa e se entrega sexualmente a estranho, cujo nome
sequer conhecia” (TJSP - AC - Rel. Cunha Bueno - RT 591/328).
“Não padece dúvida de que o Estado, através do art. 218 do CP, quis estender a sua
proteção aos menores inexperientes nos prazeres sexuais, e que tem vencido o seu
natural recato, o pudor, pela indução à prática ou à assistência de ato libidinoso.
Evidente é que, se a vítima não guarda pudor, não há o que se resguardar. Daí, a
orientação dos julgados no sentido de que a simples conjunção carnal consentida,
sem nenhum ato de aliciamento conducente à destruição do pudor, não configura o
crime de corrupção de menor” (STF - HC - Rel. Djaci Falcão - RTJ 49/I12).

Como o citados julgados enfatizaram as supostas vítimas no presente processo, não


preenchem os requisitos exigidos para figurarem como sujeito passivo do delito de corrupção de
menores, pois a toda evidência se entregavam sexualmente, livre e conscientemente, motivadas
pelo interesse financeiro, além do que tinham vidas desregradas, já acostumadas à prática sexual
(fls........., autos principais.) freqüentando casas de prostituição (fls...., idem), se ausentavam de
casa por vários dias e quando retornavam sequer davam explicações aos seus responsáveis,
denotando já viverem em estado de degradação moral.
Assim, não há como confirmar a condenação exarada pela juíza a quo pela prática do
crime de corrupção de menores, impondo-se sua absolvição por Esta Egrégia Corte.
Como também ficou demonstrado que as fotografias eróticas constantes dos autos foram
tiradas pelas próprias menores, que aproveitando da ausência do Acusado se auto fotografavam,
devendo também, ser cassada sua condenação na sentença recorrida.,

EX POSITIS,

espera o Apelante, ...................., , sejam as presentes razões recebidas, vez que tempestivas
e próprias, para final dar provimento ao presente apelo, conseqüentemente, decretada sua
absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará
editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data.

______________
OAB
Razões de Apelação – Estupro – Violência Presumida

RAZÕES DE APELAÇÃO

PROTOCOLO Nº .........
Apelante: ..................

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação, do recorrente, com a sentença


condenatória, da lavra da Juíza da Primeira Vara Criminal de .............., que o condenou a uma
pena definitiva ..... (...) anos e .... (..) meses de reclusão a ser cumprida no regime aberto, sob a
suposta prática do delitos inscritos nos art. 218-A, do Código Penal e 244-B, do Estatuto da
Criança e do Adolescente, com as novas redações dadas pela neonata 12.015 de 07.08.2009.

SÍNTESE DOS FATOS


O Ministério Público intentou a presente ação penal em desfavor do Acusado, imputando-
lhe a prática dos ilícitos penais insertos na norma proibitiva dos artigos 218-A, do Código Penal
(vítima....), 244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente (vítimas .....; ......... e ........) se
propondo em provar em juízo os seguintes fatos, conforme a denúncia de fls.......:

Durante a instrução criminal, discorrida sob o pálio do contraditório, a suposta


vítima ................., de forma clara, segura e irrepreensível retratou suas declarações prestadas
perante a autoridade policial, razão pela qual a ilustre juíza de piso absolveu o Apelante da
imputação relativo ao crime de estupro.

A sentença recorrida de forma equivocada e injusta julgou procedente a acusação com


referência ao delito acima descritos ao arrepio da prova produzida durante a instrução criminal.

DO DIREITO
PRELIMINARMENTE
O presente feito nada mais é do que um elo da ação penal de nº ......................, pois, os
ilícitos penais atribuídos ao Acusado, aqui, pelas condições de tempo, lugar, modus operandi, e
outras semelhantes, configuram in tese a continuidade delitiva, prevista no art. 71, do Código
Penal Brasileiro, o que impunha a Magistrada de piso determinar a reunião dos processos, para
prolação de uma única sentença. Assim deve, pela presente preliminar decretar-se a nulidade da
sentença recorrida para que os fatos ali julgados integrem o rol daqueles julgados na referida
ação penal.

É neste sentido o entendimento esposado pelos nossos tribunais de teto, conforme os


seguintes arestos:

“PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR –


VÍTIMAS DIFERENTES – CONTINUIDADE DELITIVA – PARÁGRAFO ÚNICO DO
ART. 71 DO CÓDIGO PENAL – Em se tratando de crime de atentado violento ao
pudor, perpetrado contra vítimas diferentes, pode ser aplicado o disposto no
parágrafo único do art. 71, do Código Penal, observando-se os demais requisitos para
o reconhecimento da continuidade delitiva. Writ parcialmente conhecido.” 1

“PENAL – ESTUPRO – PRÁTICA REITERADA – HOMOGENEIDADE DE


CIRCUNSTÂNCIAS – ART. 71 DO CP – CRIME CONTINUADO – OCORRÊNCIA –
HABITUALIDADE – INOCORRÊNCIA – 1. Na ficção jurídica do crime continuado, o
agente, movido pelo anseio de reiterar a primeira conduta criminosa, faz uso do
mesmo modus operandi ou aguarda a oportunidade em que estejam presentes as
mesmas condições favoráveis à prática do delito. 2. Verifica-se, no presente caso, a
presença do nexo circunstancial entre os vários estupros praticados pelo avô contra
sua neta, uma vez que o agente esperava o momento em que se encontrava à sós com
a vítima, para viabilizar a mansa e clandestina execução do crime de estupro. 3.
Desta forma, não há como se falar em mera repetição habitual, que diz respeito à
ações criminosas autônomas e isoladas, praticadas em circunstâncias diversas e com
meios distintos de execução. 4. Recurso conhecido e provido para determinar a
incidência do aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal.” 2

Desta forma, Excelência, os fatos objeto do presente feito estão em plena harmonia com
aqueles apurados nos autos ................, no que concerne aos requisitos para o reconhecimento da
continuidade delitiva, caso haja condenação, pelo que não deveria ter sido instaurada ação
penal distinta, cuja unificação deve ser decretada no presente momento processual, decretando-
se a nulidade da sentença recorrida, sob pena de insurgência contra a garantia constitucional do
devido processo legal, incrustado no inciso LIV, do art. 5ª da Constituição Federal.

DO MÉRITO

É pacífico, na doutrina dominante, que a corrupção de menores, trata-se de crime material,


que só se aperfeiçoa com a positivação do resultado como característico do tipo penal, com a
objetiva lesão do bem jurídico tutelado. O que vale dizer: que para sua consumação é imperioso e
indispensável que a vítima efetivamente fique corrompida em sua conduta moral, ex pert nos
prazeres da carne, degradada e escrava da luxúria.

Verifica-se, assim, que a descrição legal do crime, possui dois núcleos alternativos:
corromper, que tem o significado de perverter, viciar, depravar, etc, e facilitar a corrupção, que é
tornar mais fácil, prestar auxílio à iniciativa da menor, para a mesma corrupção. Quanto a
modalidade da ação do agente, há uma tríplice previsão; a) com ela praticando ato libidinosos; b)
ou induzindo-a a pratica-lo, e , c) ou induzindo-a a presencia-lo.
Invoca-se o magistério de nosso ilustre mestre conterrâneo Geraldo Batista Siqueira, que
assim leciona:

“O delito de Corrupção de Menores, em nossa legislação (artigo 218, CP), se


apresenta através de um tipo misto. Dois núcleos tipológicos expressam a figura
acima indicada: corromper ou facilitar a corrupção.

A definição procurada não é matéria de interesse meramente acadêmico. Ao


contrário, assume papel de relevo na aplicação do Direito ao caso concreto,
principalmente no que toca à consumação. Na concepção formal do tipo legal, em
apreço, a consumação, momento terminal de várias figuras penais, prescinde-se,
para seu aperfeiçoamento, da realização do resultado, embora inserido na definição
do tipo legal. Verificando-se a efetivação do resultado, a corrupção do sujeito passivo
da infração, teremos etapa posterior ao resultado, o exaurimento. Diz-se o crime
exaurido.” (“Corrupção de Menores Aspectos Processuais”- in JURID 8.0 –
Publicações Eletrônicas – CD-ROM).

A sentença hostilizada não levou em conta a prova produzida durante a instrução que
confirma o estado de corrupção das supostas vítimas antes de conhecerem o Apelante, o que se
afiguraria como crime impossível, a consumação do delito previsto no art.. 244-B da Lei
8.069/90, com a nova redação emprestada pela Lei nº 12.015/2009. Resumindo é impossível
corromper uma pessoa já corrompida.

Neste ponto de vista, pelo conjunto probatório existente nos autos, é inafastável a realidade
do estado deletério da moral em já se encontravam as pretensas vítimas, que levavam vida
leviana, dissoluta de pessoas notoriamente já corrompidas, não podendo assim figurar como
sujeito passivo do referido delito. Diz a jurisprudência:

“Não pode prosperar a acusação de corrupção de menor se se trata de moça leviana


que se ausenta de casa sem dar notícia de seu paradeiro, viajando constantemente
em companhia de rapazes. O simples Fato de englobar a denúncia três acusados de
uma só vez indica, de forma inequívoca, que ai vítima já estaca corrompida” 3

“A corrupção tem como pressuposto indeclinável a integridade moral da vítima. e


não se pode admiti-la se. já no primeiro encontro com o réu, a ele se entrega,
mantendo relações sexuais completas. Em tal caso, acha-se ausente o preparo
psicológico do agente, para a cópula, ato de libidinagem e corruptor por excelência” 4

“A corrupção pressupõe honestidade, que se mostra amplamente duvidosa na jovem


que se entrega voluntariamente a quem conhecia apenas de vista e logo ao primeiro
encontro”5

“O art. 218 do CP alude a “corromper ou facilitar a corrupção” de menor. Parte do


pressuposto, pois, de ser a vítima recatada e de bons costumes, o que não ocorre com
a moça que pernoita fora de casa e se entrega sexualmente a estranho, cujo nome
sequer conhecia”6
Como o citados julgados enfatizaram as supostas vítimas no presente processo, não
preenchem os requisitos exigidos para figurarem como sujeito passivo do delito de corrupção de
menores, pois a toda evidência se entregavam sexualmente, livre e conscientemente, motivadas
pelo interesse financeiro, além do que tinham vidas desregradas, já acostumadas à prática sexual
(fls........., autos principais.) freqüentando casas de prostituição (fls...., idem), se ausentavam de
casa por vários dias e quando retornavam sequer davam explicações aos seus responsáveis,
denotando já viverem em estado de degradação moral.

Assim, não há como confirmar a condenação exarada pela juíza a quo pela prática do
crime de corrupção de menores, impondo-se sua absolvição por Esta Egrégia Corte.

Como também ficou demonstrado que as fotografias eróticas constantes dos autos foram
tiradas pelas próprias menores, que aproveitando da ausência do Acusado se auto fotografavam,
devendo também, ser cassada sua condenação na sentença recorrida.,

EX POSITIS,

espera o Apelante, ...................., , sejam as presentes razões recebidas, vez que tempestivas
e próprias, para final dar provimento ao presente apelo, consequentemente, decretada sua
absolvição, nos termos da legislação pertinente, pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará
editando decisório carregado de equidade, restabelecendo o império da Lei, do Direito de Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data.

___________________
OAB
Recurso de Apelação Perante o Juizado Especial Criminal – Por
Falta de Defesa

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DO PRIMEIRO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


DE ...............

Protocolo ...................

Cód. TJ.... - ... - Apelação

......................, já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a justiça
pública desta comarca, via de seu patrono in fine, assinado, permissa máxima vênia,
inconformado com a sentença condenatória de fls......., vem à presença de Vossa Excelência,
tempestivamente, da mesma APELAR, ao Superior Grau de Jurisdição, com fulcro no § 1º do art.
82, da Lei 9.099/95 face as razões a seguir expostas:

PRELIMINARMENTE
Colenda Turma Julgadora, edita a Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal:

“No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”
No caso em apreço em virtude da ausência do defensor constituído do Apelante, foi-lhe
nomeado defensor dativo na segunda parte da audiência de instrução e julgamento, o qual além
de exercer apenas um papel figurativo, acabou por concordar com a pretensão da Acusação
Oficial de que realmente o acusado/recorrente teria praticado uma contravenção penal, assim:

“Meritíssimo Juiz, a defesa manuseando os presentes autos, observou que as provas


apesar de frágeis, pois demonstram dúvidas quanto a realidade do ocorrido, tanto a
vítima quanto as demais provas não firmaram terem visto o ato do acusado dirigido
apenas paras ela, ao que parece estava praticando uma contravenção em uma praça
pública, não só para a vítima mas para o público que ali se encontrava” (fls.....).

É inarredável a conclusão de que a defesa dativa ao aderir a pretensão acusatória ruiu a


garantia constitucional do contraditório imposta pela constituição Federal e inquinou de
nulidade insanável o processo, devendo assim, a audiência de instrução e julgamento ser
anulada a partir do momento da nomeação do defensor dativo.

A defesa técnica do acusado, por conseguinte, não há de figurar no processo penal como
simples fantasia legal, mero adereço processual, colocada em ângulo sombrio e a título de mera
espectadora. Deve ser efetiva, real, contestadora, como uma entidade viva e sempre presente.
Isso não significa que, porém, deva ser erudita e brilhante, mas que não se limite a expressões
vagas e de nenhum conteúdo, como “ seja o acusado absolvido das imputações que lhe foram
impostas..” (Fls....). O pedido de absolvição ali consignada não possui sustentação em nenhum
fato ou articulado jurídico, por mínimo que seja, não podendo assim, ser confundido com a
defesa que a Lei garante e exige a todos acusados no processo penal.

Nossos Superiores Sodalícios, já preconizaram o entendimento de que a defesa


insuficiente, decorativa acarreta a nulidade do processo, conforme os seguintes arestos:

“No processo penal, quando a defesa é de tal modo omissa e deficiente, em condições
que não asseguram o mínimo de diligência e de iniciativa, incorrendo em prejuízo do
interesse processual do acusado, a situação deve ser equiparada a falta de defesa,
com a conseqüente nulidade absoluta, nos termos da Súmula 523.” (STF – RT
542/438 e JTACrimSP 60/366)

“PROCESSO-CRIME - Defensor dativo - Mera defesa formal - Ausência de defesa -


Nulidade decretada.

A nomeação de advogado para servir como defensor dativo não se restringe a mera
formalidade processual, devendo-se garantir efetiva defesa ao acusado. “No processo
penal, quando a defesa é de tal forma omissa e deficiente, em condições que não
asseguram o mínimo de diligência e de iniciativa, incorrendo em prejuízo do
interesse processual do acusado, a situação deve ser equiparada à falta de defesa,
com a conseqüente nulidade absoluta, nos termos da Súmula 523” (RT 542/438). Nas
alegações finais não é admissível que o defensor dativo limite-se tão-só a pedir a
absolvição do réu, sem qualquer análise do processo e das provas e das alternativas
possíveis surgidas na instrução. (TJSC - Ap. Crim. nº 9.282 - 1ª Câm. Crim. - Rel. Des.
Nilton Macedo Machado - J. 17.12.96).

No caso em apreço, a deficiência defensória pode ser percebida a olho nu, sem qualquer
esforço intelectual ou elevado conhecimento jurídico da norma penal ou processual penal, assim
como o prejuízo que provocou a defesa do réu que viu sua condenação ser efetivada sem
qualquer resistência.

Desta forma Senhores Membros desta Colenda Turma Julgadora, deve a presente preliminar
ser reconhecida com a conseqüente decretação da nulidade processual.

DO MÉRITO
Quanto ao mérito, pela prova produzida na audiência de instrução e julgamento,
principalmente pelo depoimento da testemunha ............ (gravado em fita magnética), nenhuma
pessoa presenciou os fatos narrados pela suposta vítima, ficando suas declarações isoladas no
conjunto probatório, sendo assim, insuficiente para embasar decreto condenatório.

A jurisprudência hodierna tem impugnado de forma unânime a condenação do acusado


sem que haja prova cabal e absoluta da ocorrência do fato e sua autoria, conforme os seguintes
julgados;
“Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da vítima, em crimes contra os
costumes, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida sem reservas,
quando outros elementos probatórios se apresentam em conflito com suas
declarações” (TJSP - AC - Rel. Adalberto Spagnoulo - RTJSP 59/404).

“As vacilações da ofendida em caso de estupro deitam a perder a prova, já que, em


tema de crimes contra os costumes, fundamental é a sua palavra” (TJSP - AC - Rel.
Dirceu de Mello - RT 566/308);

Assim sendo, impõe-se a cassação da sentença recorrida com a conseqüente absolvição do


acusado nos termos do art. 386, VI, do Código de Processo Penal.

EX POSITIS,

espera o Apelante seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, final julgado
procedente, nos termos que circunscrevem o pedido, pois desta forma esta Egrégia Corte, estará
como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

__________________

OAB
Recurso em Sentido Estrito

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...................... .

Protocolo ............
Cód. TJ........ - Recurso em Sentido Estrito

............................................... , já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, via de


seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, não se conformando com a decisão intermediária de pronúncia de
fls., vem dela interpor

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

ao Egrégio Tribunal de Justiça de ........, nos termos do artigo 581, IV, do CPP, e, após o
atendimento ao comando normativo do artigo 413, do mesmo Estatuto, seja aberto vistas dos
autos para a apresentação das respectivas razões recursais.

Pede, ainda, recebido o presente recurso, por próprio e tempestivo, depois de cumpridas as
formalidades legais, em não havendo juízo de retratação, (art. 589 CPP), remetidos os autos, ao
superior grau de jurisdição para ser conhecido e dado provimento.

LOCAL E DATA.

_____________________

OAB
Recurso em Sentido Estrito – Contra Decisão que Negou o Pedido
de Prosseguimento do Processo Suspenso de Réu Foragido

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE .......... .

ESCRIVANIA DO CRIME

Protocolo .........................

......................................................... , já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a


Justiça Pública desta comarca, via de seu defensor, in fine assinado, permissa máxima vênia,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com supedâneo no inc. LV, do
art. 5º, da Constituição Federal, c/c. art. 581, XVI, do Código de Processo Penal, interpor

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


contra decisão mista de fls. ......, que indeferiu o pedido de fls. ......., mantendo a suspensão
do processo, pelos seguintes fatos e fundamentos.

PREAMBULARMENTE

Embora não haja previsão legal sobre o recurso cabível da decisão (despacho) que suspende
o curso do processo, nos termos da Lei 9.271/96, ou de sua manutenção, a jurisprudência
dominante, entende que deve ser adotado o recurso em sentido estrito para a manifestação da
irresignação, por interpretação analógica do inc. XVI, do art. 581, do CPP, uma vez que se trata de
decisão interlocutória.1

É manejado tempestivamente, pelo que deve ser conhecido e julgado procedente, com a
edição do juízo de reconsideração.

Caso prevaleça entendimento diverso, que seja aplicado o princípio da fungibilidade


recursal.

Por questão de economia e celeridade processual interpõe o presente recurso acompanhado


com suas respectivas razões.

SÚMULA DOS FATOS

Conforme consta dos autos o Acusado/recorrente, não foi encontrado para citação pessoal,
no endereço fornecido na fase inquisitória, tendo sido determinado seu chamamento via
editalícia, porém, na data designada para interrogatório, não compareceu nem constituiu
advogado, tendo sido determinado, a suspensão do processo e do prazo prescricional, bem como
a decretação da prisão preventiva, por força da nova redação que a Lei nº 9.741/96 deu ao art.
366 do CPP, conforme decisão de fls. 165/166.

Às fls. ........, o Acusado deu novo panorama ao processo constituindo defensor para
representá-lo durante o persecutio criminis in judicio, abdicando, por ora, de seu direito
constitucional de estar presente fisicamente nos atos processuais.

Deste modo, o pedido de fls. ................., não representa, em nenhum momento, desejo ou
intenção de “estabelecer barganha” com o Juízo, e sim, a reivindicação de direito
constitucionalmente assegurado pelo inc. XVI, do art. 5º, da Constituição Federal, objetivando o
estabelecimento do contraditório e o pleno exercício da garantia da ampla defesa.

DO DIREITO

A norma do art. 366 do CPP, sendo de natureza mista e tendo como objetivo, de um lado,
em prol da sociedade, evitar a impunidade, com a suspensão do prazo prescricional, evitando a
extinção da punibilidade pela prescrição daqueles que se furtavam à ação da justiça, de outro,
assegurar para que o réu, citado por edital, não seja processado sem ter a certeza de sua ciência
da existência da ação penal, suspendendo o andamento do processo, até que constitua defensor
de sua confiança. Ou seja, no dizer de Paulo Rangel a lei dá um tratamento equilibrado e
igualitário, ao acusado e a sociedade2

Neste prisma, tem-se que com a constituição de advogado para representá-lo na ação penal,
o processo deve sair da inércia, resguardando o interesse da sociedade, e, da própria vítima, de
ver aqueles que in tese violaram a norma, responderem em juízo pelo atos atribuídos na
denúncia, o quer vale dizer que o Estado Administração, através do Juiz e Ministério Público,
estará exercendo seu múnus social, com a retomada da persecução judicial, por outro lado, surge
para o réu ausente a possibilidade de tentar provar sua inocência, através da defesa técnica
manejada pelo defensor constituído.

Salvo melhor Juízo, não há neste aspecto qualquer interesse em barganhar, negociar ou
tirar proveito com a retomada do andamento do processo, muito pelo contrário, em primeiro
lugar porque a presença física do acusado durante a ação penal é um direito seu e não uma
obrigação, tanto o é que no interrogatório, poderia ficar em silêncio, sem acarretar prejuízo para
sua defesa; em segundo, não condiciona o prosseguimento do feito, por exemplo, a revogação de
sua prisão preventiva, e, em terceiro, está contribuindo com a Justiça ao possibilitar ao ofendido
a sensação de que o Estado não está inoperante, ou seja, seu interesse processual não está
estagnado, parado e inerte.

A título de ilustração, com relação ao acusado revel, que devidamente intimado para o
interrogatório, e não comparece, demonstrando eventual desprezo para com a justiça ou
desinteresse em se defender, na dicção do art. 367 do CPP, ser-lhe-á decretada a revelia com o
prosseguimento do processo sem sua presença, porém, é indispensável a nomeação de defensor
dativo, pois, no ensinamento do ilustre Guilherme de Souza Nucci, “O réu pode acompanhar o
processo pessoalmente, mas não é obrigado a tal. Estando presente seu defensor, o que é
absolutamente indispensável, ainda que “ad hoc. (...) O que ocorre na esfera penal é a simples
ausência do processo, conseqüência natural do direito a audiência.3”(Grifei).

Na mesma esteira de entendimento, é o posicionamento da jurisprudência mais abalizada:


“Embora revel, tem o acusado, inegavelmente o direito de se valer do patrocínio de
advogado de sua escolha, eis que não existe no CPP dispositivo algum vedando ao
acusado ausente a faculdade de se fazer representar por defensor de sua confiança .
Impõe-se a solução máxime porque entendimento em contrário fere, frontalmente, o
princípio constitucional da ampla defesa. 4 (Grifei).

Nosso Tribunal de Justiça .......... , em caso análogo assim decidiu:

“Hábeas corpus. Suspensão do processo e do prazo prescricional, artigo 366 do


código de processo penal. Prisão preventiva. Falta de fundamentação. 1) a decisão
sucinta que enseja a medida extrema deve ser mantida quando demonstrada sua
necessidade e instrumentalidade, mormente quando o acusado muda-se de
domicilio, sem fornecer novo endereço. A sua ausência denota a intenção de se furtar
ao chamamento judicial. 2) tendo o paciente constituído advogado para promover
sua defesa, deve o processo de cognição seguir seu curso normal. 4) ordem deferida
em parte5.” (Grifei).

Em conclusão, Excelência, é de fácil constatação que a sentença recorrida, incorreu em


incontestável error in judicando e error in procedendo, ao indeferir o prosseguimento do feito
sem a presença física do Acusado, que constituiu defensor para representá-lo, e implicitamente o
condicionou ao cumprimento do mandado de prisão preventiva. Com efeito, é perfeitamente
factível a edição do juízo de reconsideração, como forma de reconduzir o feito aos trilhos da
legalidade.

EX POSITIS,

espera ao recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo,
pedindo-se nesta oportunidade que Vossa Excelência digne reformar a decisão guerreada (art.
589 do CPP), ou ordenar a remessa dos autos para a Superior Instância, para o devido
processamento, conhecimento e provimento do presente recurso, por ser medida de Justiça.

Nestes temos,

Pede deferimento.

LOCAL E DATA.

_____________________

OAB
Recurso Especial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO ESTADO DE .........

Protocolo ...............
Cód. TJ.... - .... – Recurso Especial

..................................., já qualificado, nos autos do recurso em sentido estrito, em epígrafe,


via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, não se conformando com a decisão proferida pela Câmara
Criminal desta Corte, que negou provimento a súplica, tempestivamente, perante este Egrégio
Sodalício, nos termos do artigo 105, III, “a” e “c”, da Constituição Federal, interpor

RECURSO ESPECIAL
para o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, face aos fatos, razões e fundamentos expostos
nas razões que seguem, em apenso, que ora requer sejam juntadas aos autos e após o juízo de
prelibação sejam encaminhados aos Superior Grau de Jurisdição para conhecimento e
provimento.

Local, data.

_________________

OAB
Liberdade Provisória com Aplicação de Medidas Cautelares -
Organização Criminosa - Lei nº 12.850 de 02/08/2013

EXMO. SR. DR. JUIZ DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE _________.

RÉU PRESO URGENTE

Distribuição por dependência


Autos nº
Pedido de Liberdade Provisória

..............................., brasileiro, amasiado, corretor de imóveis,


filho de ............., nascido aos ........, natural de ............, portador do RG ................. - DGPC-....,
residente e domiciliado na Rua ....................Vila Brasil, ................, já qualificado, nos autos do
Auto de Prisão em Flagrante, em epígrafe, via de seus advogados in fine, assinados, permissa
máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do
art. 5º, LVI, de nossa Carta Magna, combinado com art. 310, III, do Código de Processo Penal,
requerer

LIBERDADE PROVISÓRIA

ace aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme cópia do APF em apenso (doc. 01), o Requerente foi preso e autuado em
flagrante delito sob a imputação de supostamente ter infringido a norma proibitiva contida no
art. 2º da lei 12.850 de 02 de Agosto de 2013, combinado com art. 342, do Código Penal
Brasileiro, sob a suposta participação em Organização Criminosa destinada a obter indevida
vantagem em ato licitatório no âmbito da Secretaria de Transportes do GDF.

2Ao tempo do art. 310 do CPP, a míngua de elementos reveladores da existência de


elementos objetivos que de antemão autorizassem a concessão do benefício da liberdade
provisória, Vossa Excelência em decisão pontuada pela linguagem serena e equilibrada
homologou a Prisão em Flagrante convertendo-a em prisão preventiva. (doc. 02).
3De acordo com os documentos ora inclusos, o Requerente, trabalha como Assessor
Legislativo na Câmara Municipal de ............. possui endereço certo, com família regularmente
constituída que depende única e exclusivamente da força laborativa do suplicante para
assegurar suas subsistências, sendo primário e de excelentes antecedentes (doc. 03/10), fazendo
jus ao benefício da liberdade provisória ou a imposição de medida cautelar alternativa prevista
no art. 319 do CPP.

4Deste modo, Excelência os fundamentos e motivos que ensejaram e deram suporte para a
decretação da custódia preventiva do requerente, restaram suplantados e inexistentes, pela
documentação ora costada ao presente pedido, que dá conta

DO DIREITO

“As Leis valem tanto quanto valerem


os homens chamados a aplicá-la.”
(Mittermayer).
Preambularmente, convém pontuar que a neonata Lei 12.850/2013, que definiu o delito de
“organização criminosa” não vislumbrou nenhuma inovação quando a vedação da concessão do
benefício de liberdade provisória ou alteração nos ritos e procedimentos do Processo Comum
previsto em nosso ordenamento processual criminal vigente.

Tanto a doutrina mais abalizada, quanto à jurisprudência hodierna, tem proclamado que
em casos de desaparecimento das razões que, originalmente, determinaram a decretação da
custódia provisória, deixa a mesma carente de justo motivo para sua manutenção, conforme o
ensinamento de Júlio Fabbrini Mirabete:

“A prisão preventiva tem a característica de “rebus sic stantibus,” podendo ser


revogada conforme o estado da causa, ou seja, quando desapareceram as razões de
sua decretação durante o processo. Não estando presentes os motivos que a
determinaram, não deve ser mantida diante de seu caráter excepcional. Assim, se foi
decretada para garantir a instrução criminal, finda esta deve ser revogada. Também é
possível que o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação
da medida cautelar, verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que
permite também sua revogação”1

Excelência, é correto dizer que o juiz ao receber o Auto de Prisão em Flagrantre pode
conceder o benefício da liberdade provisória se , verificar a falta de motivo para a decretação da
prisão preventiva, (artigo 310, do CPP), logo é de bom alvitre conceder oportunidade para que o
Requerente demonstre que os motivos que ensejaram a decretação de sua custódia processual
não mais existam, bem como que preenche os requisitos legais para aguardar o andamento da
instrução criminal em liberdade. Neste sentido é o entendimento esposado por nossos Tribunais
de teto consoante o seguinte aresto:
“RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PLEITO
PELA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO PRISIONAL COM
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO FÁTICA CONCRETA.
PRECEDENTES.
1. A gravidade do crime, com supedâneo em circunstâncias que integram o próprio
tipo penal, não constitui, de per si, fundamentação idônea a autorizar a prisão
cautelar.
2. Tratando-se de fundamento que fulmina por inteiro o decreto prisional, é de ser
estendido os efeitos desta decisão à corré, na forma do artigo 580 do CPP.
3. Recurso em Habeas corpus provido.”2

No mesmo diapasão é o entendimento esposado pelos demais Tribunais Superiores,


conforme os seguintes arestos:

“HABEAS CORPUS - Crimes contra a administração pública - Prisão preventiva -


Irresignação - Alegada ausência dos pressupostos indispensáveis à mantença da
prisão e fundamentação inidônea - Inocorrência - Demonstração em concreto da
presença dos requisitos autorizadores da constrição cautelar - Gravidade concreta
dos delitos - Necessidade da prisão para garantia da ordem pública - Atendimento
aos ditames do artigo 93, IX, CR - Condições pessoais favoráveis - Irrelevância -
Prisão especial - Possibilidade - Paciente graduada em curso superior - Ordem
parcialmente concedida.
A presença do fumus comissi delicti, externado pela comprovação da materialidade e
pelos indícios da autoria, bem como a necessidade de resguardo da ordem pública
(periculum libertatis), justificam a manutenção da custódia cautelar. Os predicados
pessoais favoráveis ostentados pelo paciente não tem o condão de elidir a segregação,
em face do que estabelece o artigo 312 do CPP, cuja essência é a proteção da
sociedade, objetivo prioritário do estado democrático. O direito à liberdade
individual do cidadão não pode sobrepor-se à paz social. A condição de graduado em
nível superior, nos termos do artigo 295, VII, CPP, impõe o recolhimento do agente,
antes de condenação definitiva, em prisão especial.” 3

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.
1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da
necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.
2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra
antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.
3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a
todos os atos do processo.”4

Conceitualmente a prisão processual faz parte de um sistema de providências cautelares


que visam assegurar o bom andamento do processo e a execução da sentença. Poder-se-ia até
dizer: providências que se destinam a garantir provisoriamente a ordem jurídica até que outras
definitivas possam ser tomadas, e isso porque tais cautelas não existem apenas no direito
processual, mas também no direito substantivo. PROVISORIEDADE - De caráter meramente
instrumental das providências cautelares, decorre sua transitoriedade elas são tomadas para
viverem apenas algum tempo, isto é, até que possam tomar as definitivas ou revogadas

Finalizando, é oportuna a lição do eminente Magistrado LUIZ FLÁVIO GOMES: “O eixo, a


base, o fundamento de todas as prisões cautelares no Brasil residem naqueles requisitos da
prisão preventiva. Quando presentes, pode o Juiz fundamentadamente decretar qualquer prisão
cautelar; quando ausentes, ainda que se trate de reincidente ou de quem não tem bons
antecedentes, ou de crime hediondo ou de tráfico, não pode ser decretada a prisão antes do
trânsito em julgado da decisão5

Pelo que foi exposto verifica-se que o Requerente,preenche todos requisitos para a
concessão do benefício da liberdade provisória, não havendo, pois, justo motivo para persistir a
coerção da liberdade do Requerente, no presente feito. Assim, Excelência, é perfeitamente
aplicável o benefício disposto no art. 310, III, do Código de Processo Penal.

Além do que o Requerente fez prova de exercer ocupação lícita, com residência fixa, com
bons antecedentes e tecnicamente primário, fazendo jus a concessão da graça prevista no
parágrafo único do art. 310 do CPP.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão
preventiva, nos termos da legislação suscitada, mandando que se expeça em seu favor o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Data.

_________________

OAB
Liberdade Provisória com Aplicação de Medida Cautelar
Alternativa Lei nº 12.403 de 2011

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE _______

RÉU PRESO - URGENTE

Distribuição por Dependência


Protocolo
Código ___ - Pedido de Liberdade Provisória

..........................., brasileiro, solteiro, cientista da computação, natural de _____., nascido


em 13/01/1988, Filho de .............. e .............., residente na Rua ..............,
Bairro .............., ..............., via de seus advogados in fine assinados, (m.j.), permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,com fulcro no artigo 5º,
LXVI, de nossa Carta Magna, combinado com o art. 310, III do Código de Processo Penal,
requerer:

LIBERDADE PROVISÓRIA VINCULADA SEM FIANÇA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (doc. 1), o Requerente
encontra-se custodiado em um dos ferrolhos do Centro de Inserção Social, sob a imputação de
ter supostamente infringido a norma incriminadora do artigo 157 do Código Penal Brasileiro.

2O Requerente, conforme documentação em apenso, possui endereço certo e sabido nessa


cidade de Anápolis (Doc. 2/4), exercendo ocupação lícita (Doc. 5/13), é portador de curso
superior de Ciências da Computação (Doc. 14), além de ostentar primariedade e bons
antecedentes, não existindo qualquer registro judicial que possa desabonar sua pessoa e ausente
qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva previstas no artigo 312 do Código de
Processo Penal.

DO DIREITO

Edita o inciso LXVI, do artigo 5º, da Constituição Federal:

“ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando alei admitir liberdade
provisória, com ou sem fiança”.
E, ainda vem estampado no artigo 310, inciso III, do CPP, com nova redação que lhe
emprestou a Lei nº 12.403/2011, que o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, não
vislumbrando as hipóteses previstas no art. 312 do mesmo codex, deverá conceder o benefício da
liberdade provisória, dispositivo legal perfeitamente aplicável no presente caso onde o
Requerente preenche todos os requisitos legais para a obtenção da referida benesse judicial.

Na neonata estética cristalizada pelas marcantes mudanças inseridas pela Lei nº


12.403/2011, no título IX, do Livro I, do Código de Processo Penal, que trata “Da Prisão, das
Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória”, exige dos órgãos judicantes redobrado cuidado
na exegese do art. 312, do Diploma de Ritos, principalmente com relação a decretação ou
manutenção da prisão preventiva, que agora alcançou o status de verdadeira e autêntica ultima
ratio.

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado,
somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se
atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta. , conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

Neste ponto, mister, se faz, que as hipóteses autorizativas da segregação provisória estejam
demonstradas de forma concreta nos elementos fáticos contidos no bojo dos autos, o que não
ocorre no presente caso em que o fato ilícito atribuído ao Requerente configura-se ímpar e
singular em toda a sua existência.

Ordem pública, como de curial ciência de todos, é a paz e a tranquilidade do meio social,
que no caso vertente, em momento algum foram atingidas ou conturbadas por atos do
Requerente, uma vez que o fato que lhe foi atribuído não se revestiu de gravidade suficiente para
causar comoção na sociedade, nem tampouco está no rol daqueles previstos na Lei 8.072/90 (Lei
dos Crimes Hediondos).

No que concerne à conveniência da instrução criminal , cuidado especial há que ser dado a
esta hipótese, que somente poderá ser atendida quando ficar evidenciado que o agente, esteja
afugentando ou aliciando testemunhas que possam depor contra ele, ou assumindo qualquer
conduta que venha a deturpar o bom andamento da instrução criminal, situações que em
nenhum momento se fazem presentes no caso em tela.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. No presente caso, à sobeja se demonstrou que o Requerente é radicado na cidade de
Anápolis desde o seu nascimento, onde possui vínculo social, laborativo e familiar. Inexistindo
qualquer indício de que, injustificadamente, esteja com a intenção de se furtar à aplicação de
eventual reprimenda penal.

Hodiernamente, caminha o pensamento doutrinário no sentido de que, preenchidos, os


requisitos legais para a concessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito público
subjetivo do réu, não ficando sujeito ao poder discricionário do juiz a sua concessão, embora o
texto legal, dado à expressão poderá, possa indicar.

Neste diapasão, é o pensamento do insuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:
“sua concessão, a princípio pareceu-nos mera faculdade do juiz. Meditando sobre o
assunto, concluímos tratar-se de um verdadeiro direito público subjetivo do
indiciado ou réu. Nem teria sentido ficassem satisfeitos todos os pressupostos para a
obtenção da liberdade provisória, sem necessidade da prestação da fiança e o juiz
deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de mera possibilidade de poder fazer,
a ele conferida pelo texto legal. Seria uma rematada injustiça permitir-se que a
liberdade provisória ficasse na dependência da boa ou má vontade do magistrado...” 1

Portanto, Excelência, tendo sido demonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos


e documentos que instruem o presente pedido, possui o Requerente, todos requisitos legais para
a concessão do benefício da liberdade provisória e seu atendimento se torna imperioso e
indeclinável nos termos do artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, combinado com o artigo
310, III do CPP, já que dos autos não ressaem quaisquer elementos a demonstrar que a liberdade
da Requerente importará em atentado à ordem pública, ao bom andamento da instrução criminal
ou da reta aplicação da lei penal.

Sob os holofotes da Lei nº 12.403/2011, que institui as novas medidas cautelares no


processo penal, pouco ou nada adiantará o esforço de se construir uma nova concepção de
processo penal acusatória e garantista, voltado ao reverenciamento e zelo pelas garantia
constitucionais de todo cidadão se não houver uma reformulação nas idéias daqueles a quem é
dado o dever de aplicar a lei no caso concreto, de forma a evitar a continuidade da aplicação da
política law ad order personificação do nefasto direito penal do inimigo.

Assim sendo, no presente caso, é perfeitamente factível que o requerente reúne as


condições de ser favorecido com a aplicação de alguma das medidas cautelares previstas no art.
319, do CPP, dando amplas garantias a este juízo.

EX POSITIS

espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e depois de ouvido o nobre


representante do Ministério Público, deferido com a concessão do benefício da LIBERDADE
PROVISÓRIA, CLAUSULADA, cumulada com a aplicação de medida cautelar alternativa, nos
termos do art. 319 do CPP, comprometendo-se desde já a cumprir fielmente todas as condições
que lhe forem impostas, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume editando
decisório, compatível com mais elevados ditames da JUSTIÇA.

Local e data

___________________

OAB
Prisão Especial - Portador de Diploma em Curso Superior

ILMO. SR. DIRETOR DO CENTRO DE INSERÇÃO SOCIAL DE ________

........................................., brasileiro, solteiro, cientista da computação, natural


de ..............., nascido em 13/01/1988, .............. e .............., residente na Rua ..............,
Bairro .............., ..............., via de seus advogados in fine assinados, (m.j.), permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Senhoria, nos termos do art. 5º,
XLIX da Constituição Federal combinado com art. 295, VII, do Código de Processo Penal, expor e
requerer o que segue:

1 O Requerente encontra-se custodiado provisoriamente na masmorra da Delegacia Geral


de .............., em cela coletiva, frontalmente em descompasso com as exigências mínimas exigidas
pelo art. 88 da Lei nº 7.210/841.

2 Estabelece o art. 295, II do CPP, que:

Código de Processo Penal:

“Art. 295 ‘serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade


competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
[...]
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
[...]
Parágrafo segundo - Não havendo estabelecimento específico para o preso especial,
este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 10.25, de 11.07.2001 - DOU 12.07.2001)
Parágrafo terceiro - A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo,
atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de
aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 10.25, de 11.07.2001 - DOU 12.07.2001).

3Conforme cópia do Diploma em apenso (Doc. 01), o Requerente é diplomado pelo curso
superior de “Ciência da Computação da Faculdade .............. “, tendo colado grau no dia 13 de
abril de 2012, gozando da prerrogativa de ser instalado em estabelecimento adequado e
compatível com os dispositivos legais ut retro alinhados, sendo a sua permanência no local onde
se encontra constitutivo de ato violador da norma de execução penal e atentatório à garantia
constitucional de ser “assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral” incrustado
no inciso XLIX da Constituição Federal.
EX POSITIS

requer a Vossa Senhoria, seja realizada a transferência do Requerente da Delegacia Geral de


.............. para o Centro de Inserção Social de .............. , até que seja dado provimento ao pedido
de liberdade provisória pleiteado perante a 1º Vara Criminal de .............., pois desta forma estará
editando decisão amparada nos mais lídimos preceitos de JUSTIÇA.

Local e data.

_____________________

OAB
Relaxamento de Prisão - Excesso de Prazo Para Oferecimento da
Denúncia

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE __________

RÉU PRESO - URGENTE

Distribuição por Dependência


Protocolo
Código ___- Pedido de Relaxamento de Prisão

................ ................, brasileiro, solteiro, cientista da computação, natural de .................,


nascido em 13/01/1988, filho ................e ................, residente na Rua ................, Bairro ................,
................., via de seus advogados in fine assinados, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante
a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXV , de nossa
Carta Magna, combinado com os arts. 10 e 46 do Código de Processo Penal, requerer:

RELAXAMENTO DE PRISÃO

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (Doc. 1), o Requerente
encontra-se custodiado preventivamente em um dos ferrolhos do Centro de Inserção Social
desde 24/03/2013, tendo o Inquérito Policial sido remetido ao Poder Judiciário em 02/04/2013
(Doc. 2), ficando com carga ao MP a partir do dia 05/04/2013, para oferecimento de denúncia
(Doc. 3) e devolvido a Delegacia de origem em 17/04/2013 (Doc. 4).

2Inobstante já suplantado o lapso temporal de 05 (cinco) dias previsto pelo art. 46, do CPP
para oferecimento da denúncia, os autos volveram à delegacia de origem para novas diligências,
configurando inquestionável excesso de prazo para o encerramento do Inquérito Policial e
oferecimento da denúncia acarretando a ilegalidade da manutenção da prisão do Requerente,
cujo relaxamento, ex officio, constitui imperativo insculpido no inciso LXV, do art. 5º, da
Constituição Federal1.

3De outra ótica, o Requerente é primário, de bons antecedentes, tem residência fixa nesta
urbe e exerce ocupação lícita (Doc. 4/18), pelo que preenche todos os requisitos legais para
responder o processo de cognição em liberdade plena ou clausulada com a imposição de
cumprimento de alguma das medias cautelares alternativas previstas no art. 319 do CPP, dando
amplas e ilimitadas garantias ao Juízo.

DO DIREITO
Edita o inciso LX, do artigo 5º, da Constituição Federal:

“A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”

O Código de Processo Penal preconiza em seu artigo 10 que o Inquérito Policial deverá ser
concluído em 10 (dez) dias quando o indiciado estiver preso e em seu art. 40 estabelece que o
órgão acusatório deverá ofertar a denúncia em 05 (cinco) dias. Ora, tendo o Ministério Público,
dentro desse limite temporal,. requerido a devolução dos autos para novas diligências, tem-se aí
duas afrontas ao status libertatis do Requerente, primeiro o inquérito policial restou inconcluso e
em segundo o Parquet excedeu o tempo limite para ofertar a denúncia: nasceu a ilegalidade da
prisão.

Nossa melhor doutrina entende que os prazos acima citados são peremptórios e em caso de
descumprimento a prisão deve ser imediatamente relaxada. “Caso não seja observado pelo órgão
acusatório, enseja o constrangimento ilegal e a determinação de soltura do indiciado preso pelo
magistrado.”2

Na mesma trilha de raciocínio é o magistério de Eugênio Pacelli quando leciona “ a


superação do prazo em relação ao réu preso poderá causa ao relaxamento da prisão, salvo em
casos excepcionais, de maior complexidade, (...)” 3.

Nossa Corte de teto, em caso análogo, assim decidiu: “Ultrapassado, em muito, o prazo de
cinco dias para o oferecimento da denúncia previsto no art. 46 do Código de Processo Penal,
configura-se o constrangimento ilegal.”4

Deste modo, resplandece, à vista desarmada, a ilegalidade da prisão.e o que por imperativo
constitucional, impõe a este ilustrado juízo a revogação da custódia, sem pestanejar,
incontinentemente como forma de garantir a incolumidade do status libertatis do Requerente,
hora violado.

EX POSITIS

Requer, nos termos do dispositivos legais uti retro alinhavados, o Relaxamento da Prisão
Preventiva do Requerente como forma de restabelecer o império do Direito, da Lei e da Justiça.

Pede deferimento.

Local e data.

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva - Tráfico de Drogas - Adoção de
Medida Cautelar Alternativa

EXMO. SR. DR. JUIZ DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ____________.

RÉU PRESO URGENTE

Distribuição por dependência


Autos nº
Código ________ - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

................................, brasileiro, amasiado, corretor de imóveis, filho de ................ e


de ................, nascido aos 26/06/87, natural de ................, portador do RG ................, residente e
domiciliado na Rua ................, Vila ................, ........., já qualificado, nos autos da representação
de prisão preventiva, em epígrafe, via de seus advogados in fine, assinados, permissa máxima
vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 5º,
LVI, de nossa Carta Magna, combinado com art. 316, do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do APF em apenso (doc. 01), o Requerente foi preso e autuado em
flagrante delito sob a imputação de supostamente ter infringido a norma proibitiva contida no
art. 33 e 35, da Lei 11.343/06, por estar portando pequena quantidade de maconha, cuja
destinação seria para o uso próprio.

2Ao tempo do art. 310, do CPP, a míngua de elementos reveladores da existência de


elementos objetivos que de antemão autorizassem a concessão do benefício da liberdade
provisória, Vossa Excelência em decisão pontuada pela linguagem serena e equilibrada
homologou a Prisão em Flagrante convertendo-a em prisão preventiva. (doc. 02).

3De acordo com os documentos ora inclusos, o Requerente, trabalha como corretor der
imóveis na imobiliária ................, possui endereço certo, onde reside com sua companheira e o
filho menor, nascido em 22/08/2012, contando atualmente com apenas 02 meses de idade, os
quais dependem única e exclusivamente da força laborativa do suplicante para assegurar suas
subsistências e atualmente cursa o 7º período de Ciência da Computação da UNI................,
sendo primário e de excelentes antecedentes (doc. 03/10).

4Deste modo, Excelência os fundamentos e motivos que ensejaram e deram suporte para a
decretação da custódia preventiva do requerente, restaram suplantados e inexistentes, pela
documentação ora costada ao presente pedido, que dá conta

DO DIREITO

“As Leis valem tanto quanto


valerem os homens chamados a
aplicá-la.” (Mittermayer).

Na neonata estética cristalizada pelas marcantes mudanças inseridas pela Lei 12.403/2011,
no título IX, do Livro I, do Código de Processo Penal, que trata “da Prisão, das Medidas
Cautelares e da Liberdade Provisória”, exige dos órgãos judicantes redobrado cuidado na exegese
do art. 312, do Diploma de Ritos e art. 44, da Lei de Tóxicos (Lei nº 11.343/06), principalmente
com relação a decretação ou manutenção da prisão preventiva, que agora alcançou o status de
verdadeira e autêntica ultima ratio.

Hoje é de entendimento pacífico nas nossas Cortes de Teto, que a proibição contida no
nefasto art. 44 da Lei 11.343/06, ao vedar a concessão do benefício se livrar solto da acusação de
suposta violação do art. 33 do mesmo Codex é de constitucionalidade duvidosa, conforme se
recente voto proferido pelo iluminado Ministro Marco Aurélio, no HC 97.976-MG, que assim
lecionou:

“A vedação da concessão de liberdade provisória ao preso em flagrante por tráfico de


entorpecentes, veiculada pelo art. 44 da Lei nº 11.343/06, é expressiva de afronta aos
princípios da presunção de inocência, do devido processo legal e da dignidade da
pessoa humana (arts. 1º, III, e 5º, LIV e LVII da Constituição do Brasil). Daí resultar
inadmissível, em face dessas garantias constitucionais, possa alguém ser compelido a
cumprir pena sem decisão transitada em julgado, além do mais impossibilitado de
usufruir benefícios da execução penal. A inconstitucionalidade do preceito legal me
parece inquestionável.”

Pontua, com a autoridade de sempre, o Ministro, que a sentença que nega liberdade
provisória, nos acasos do art.. 33 da Lei 11.343/06: cuida-se de decisão juridicamente equivocada
e político-criminalmente incorreta (porque seguidora de um punitivismo exacerbado, típico do
Direito penal do inimigo, que refoge do abrigo da razoabilidade). Não constitui, evidentemente,
expressão da cultura jurídica do seu eminente prolator, nem tampouco configura uma lição de
Direito penal. Só retrata mais uma manifestação do “poder punitivo interno bruto” (PPIB), que é
exercido pelas agências repressivas típicas do Estado de Polícia. 1

Ainda, mais com os novos horizontes delineados pela Lei nº 12.403/2011, que alterou de
sobremaneira a matéria referente a prisão e a liberdade provisória dentro do Código de Processo
Penal, ao munir os magistrados com medidas cautelares diversas da prisão preventiva, como
forma de dar garantia ao bom andamento do processo, resguarda a ordem pública e garantir a
aplicação da lei penal, como verdadeiros instrumentos acautelatórios do processo sem se
descuidar dos princípios e garantias do cidadão, assegurados pela Constituição Federal.

Ao tempo da decretação da prisão preventiva, do Requerente, como bem expressa a decisão


acerca da impossibilidade, naquele momento, de conceder-lhe o benefício da liberdade
provisória, por falta de elementos objetivos que dessem suporte para tal, porém essa realidade,
no tempo atual já não se faz presente, com a documentação inclusa a demonstrar ser possuidor
dos requisitos legais para a obtenção da referida benesse, pela inteligência extraída do comando
normativo do art. 316, do Código de Processo Penal, que assim edita:

Código de Processo Penal:

Art. 316 - O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo,
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.

Tanto a doutrina mais abalizada, quanto à jurisprudência hodierna, tem proclamado que
em casos de desaparecimento das razões que, originalmente, determinaram a decretação da
custódia provisória, deixa a mesma carente de justo motivo para sua manutenção, conforme o
ensinamento de Júlio Fabbrini Mirabete:
“A prisão preventiva tem a característica de “rebus sic stantibus,” podendo ser
revogada conforme o estado da causa, ou seja, quando desapareceram as razões de
sua decretação durante o processo. Não estando presentes os motivos que a
determinaram, não deve ser mantida diante de seu caráter excepcional. Assim, se foi
decretada para garantir a instrução criminal, finda esta deve ser revogada. Também é
possível que o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação
da medida cautelar, verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que
permite também sua revogação”2

Ora Excelência, é correto dizer que o juiz pode revogar a prisão preventiva se no decorrer
do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem (artigo 316, do CPP), logo é de bom alvitre conceder
oportunidade para que o Requerente demonstre que os motivos que ensejaram a decretação de
sua custódia processual não mais existam, bem como que preenche os requisitos legais para
aguardar o andamento da instrução criminal em liberdade. Neste sentido é o entendimento
esposado por nossos Tribunais de teto consoante o seguinte aresto:

“PRISÃO PREVENTIVA - Inexistência de ameaça à ordem pública ou de embaraços à


instrução criminal. Não serve a prisão preventiva à punição sem processo, mesmo
considerada a extrema gravidade do crime imputado, porque terminaria pondo em
sacrifício desmedido o princípio constitucional da presunção de inocência, segundo
o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória” (artigo 5º, LVII, da Carta Magna), além daquele outro princípio
que garante ao acusado o devido processo legal. A prisão preventiva há de ser
adotada com parcimônia, para que não se termine por impor ao paciente, desde logo,
uma sentença apenadora. Por outro prisma, a ordem pública não se encontra
seriamente ameaçada, tampouco a liberdade do paciente irá desservir a instrução
criminal. Tanto que, para apurar a responsabilidade criminal do paciente, foi
instaurado IP, não havendo notícia de que tenha criado embaraços à apuração dos
fatos. Ademais, também entendo que, mesmo considerada a magnitude da infração,
isto não bastaria, por si só, para legitimar prisão preventiva, uma vez que já
transcorreu a instrução criminal, não podendo mais interferir na apuração dos
fatos.”3

No mesmo diapasão é o entendimento esposado pelos demais Tribunais Superiores,


conforme os seguintes arestos:

“Quando não mais se encontrem presentes os fatores subjetivos que recomendam a


custódia preventiva, não é ela de ser mantida só porque a autoria se encontra
suficientemente provada e a materialidade da infração demonstrada. 4.”

“Comprovado através de procedimento do réu, que sua intenção é de colaborar com a


justiça, não fugindo do distrito da culpa, cessa o motivo ensejador da prisão
preventiva que é a correta aplicação da lei penal e a garantia da ordem pública
principalmente quando o agente cumpre as condições estabelecidas para a concessão
da liberdade provisória5.”
Conceitualmente a prisão preventiva faz parte de um sistema de providências cautelares
que visam assegurar o bom andamento do processo e a execução da sentença. Poder-se-ia até
dizer: providências que se destinam a garantir provisoriamente a ordem jurídica até que outras
definitivas possam ser tomadas, e isso porque tais cautelas não existem apenas no direito
processual, mas também no direito substantivo. PROVISORIEDADE - De caráter meramente
instrumental das providências cautelares, decorre sua transitoriedade elas são tomadas para
viverem apenas algum tempo, isto é, até que possam tomar as definitivas ou revogadas
É cediço que a prisão preventiva é medida excepcional e que só deve ser imposta em se
demonstrando, justificadamente, a necessidade da segregação provisória do acusado 6. Tratando-
se de indivíduo sem antecedentes criminais, com ocupação lícita de caráter permanente e não
perigoso, desnecessária se torna à decretação de sua prisão preventiva 7
Finalizando, é oportuna a lição do eminente Magistrado LUIZ FLÁVIO GOMES: “O eixo, a
base, o fundamento de todas as prisões cautelares no Brasil residem naqueles requisitos da
prisão preventiva. Quando presentes, pode o Juiz fundamentadamente decretar qualquer prisão
cautelar; quando ausentes, ainda que se trate de reincidente ou de quem não tem bons
antecedentes, ou de crime hediondo ou de tráfico, não pode ser decretada a prisão antes do
trânsito em julgado da decisão8.”
Pelo que foi exposto verifica-se que os motivos que determinaram a decretação da prisão
preventiva, foram eliminados deixando de existir, na atualidade, não havendo, pois, justo
motivo para persistir a coerção da liberdade do Requerente, no presente feito. Assim, Excelência,
é perfeitamente aplicável o benefício disposto no art. 316 do Código de Processo Penal, vez que
desaparecido motivo ensejador da custódia preventiva deve ser revogada.

Além do que o Requerente fez prova de exercer ocupação lícita, com residência fixa, com
bons antecedentes e tecnicamente primário, fazendo jus a concessão da graça prevista no
parágrafo único do art. 310 do CPP.
EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão
preventiva, nos termos do artigo 316 do CPP, mandando que se expeça em seu favor o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local e data.

___________________

OAB
Excesso de Prazo Global Para Encerramento da Instrução Criminal

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE _____.

PROTOCOLO Nº .............

RÉU PRESO - URGENTE

............. ............. ............., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, via de seu
advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos temos do inciso LXV do artigo 5º da Constituição Federal, requerer o
reconhecimento de

EXCESSO DE PRAZO

para a conclusão da instrução criminal, pelos seguintes fatos, e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1 O Requerente foi preso e autuado em flagrante delito no dia 16 de Abril de 2011,


posteriormente, denunciado como incurso nas penas do artigo 159, § 1º do CPB, já contando até
a presente data com cento e vinte e nove (129) dias de encarceramento sem que tenha havido o
encerramento da instrução criminal, incorrendo em notório e inescusável excesso de prazo
global, para o encerramento da instrução criminal, cujo elastério em nada contribuiu a defesa,
transformando a prisão do acusado indisfarçável constrangimento ilegal, nos termos do artigo
648, II, do Código de Processo Penal.

2Ressalte-se, que ainda está pendente a oitiva da testemunha: ............., arrolada na


denúncia, em cuja depracata para comarca de Natividade-TO., foi designado o dia ............. para a
realização da respectiva audiência de inquirição, além da falta de designação de audiência de
qualificação e interrogatório, acarretando maior atraso na conclusão da instrução e
inquestionável prejuízo para o status libertatis do Acusado, ora Requerente.

3Por outro lado, é de se verificar que o Acusado, conforme documentação acostada aos
autos e no pedido de liberdade provisória (autos .............), é portador de bons antecedentes,
possui endereço certo e sabido na comarca de Anápolis-GO. e tecnicamente primário, dando
amplas garantias ao juízo no caso da concessão da liberdade clausulada.
DO DIREITO

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs


prazos para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para
o resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela
jurisdicional devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido
rigorosamente, principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer
constrangimento ilegal por parte do Estado.

Nossos tribunais superiores têm sufragado o entendimento de que uma vez ocorrido o
excesso de prazo para a conclusão da instrução criminal, não havendo a defesa concorrido para
tal desiderato, deve a prisão do acusado ser relaxada, por configurar constrangimento ilegal
violador das garantias constitucionais do cidadão. Vejamos os seguintes arestos:

Tribunal de Justiça de Goiás - TJGO.

“HABEAS CORPUS - Tráfico de droga - Prisão em flagrante - Excesso de prazo -


Deficiência da máquina judiciária e da acusação - Constrangimento ilegal
caracterizado.
Estando o paciente preso há mais de 155 (cento e cinquenta e cinco) dias, sem que a
instrução criminal seja concluída, sobretudo em decorrência da ineficiência do
aparelhamento judiciário e por ato propiciado pela acusação, vulnerando o prazo
global para a formação da culpa, caracterizado está o excesso de prazo. Ordem
concedida.”1

Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG.

“HABEAS CORPUS - Furto qualificado - Excesso de prazo - Paciente preso há mais de


05 meses - instrução criminal no início - Constrangimento ilegal configurado -
Ordem concedida.
Não sendo a demora para a prestação jurisdicional suficientemente justificada, e,
encontrando-se o paciente preso há mais de 05 meses, sem que tenha sido designada
audiência de instrução e julgamento, resta configurado o excesso de prazo para a
formação da culpa, impondo-se o relaxamento da prisão.” 2

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - TJRS.

“HABEAS CORPUS - Segregação cautelar - Excesso de prazo - Ordem concedida.

Paciente segregado cautelarmente há mais de 60 dias sem que a denúncia tenha sido
oferecida. Embora, por vezes, a jurisprudência flexibilize os prazos para conclusão de
inquérito e oferecimento da denúncia, a dilação temporal, no caso concreto, exorbita
qualquer limite de razoabilidade, evidenciando contornos de ilegalidade no ato
constritivo da liberdade do paciente. Ordem concedida. À unanimidade, concederam
a ordem.”3
A matéria relativa a possibilidade de reconhecimento do excesso de prazo, mesmo em se
tratando de crime elencado na Lei 8.072 de 25/07/90, já foi sumulado pelo STF, conforme se vê
adiante:

Supremo Tribunal Federal - Súmula nº 697.

“A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.”

Legislação:
CF, artigo 5º, LXV

Julgados:
HC 70.856, IG, 1ª T, 14.12.93, DJU de 29.9.95
HC 80.379, CM, 2ª T, 18.12.2000, DJU de 28.5.2001
Aprovado pelo Tribunal Pleno, na sessão de 24.09.2003 - Publicado no DJU de 9, 10 e
13.10.2003.”

Em caso análogo, Egrégio Tribunal Federal de Recurso da 4a Região, no HC n. 91.04.17092-


0, tendo como relator o Ministro Teori Albino Zavascki, assim decidiu:

“Os prazos processuais a serem observados quando o preso o réu aplicam-se


independentemente da natureza da prisão. A não observância daqueles prazos
constitui coação ilegal, nos termos do art. 648, II, do CPP, mesmo se tratando de
prisão preventiva. Ordem concedida.”

Assim, não tendo a instrução criminal sido encerrada dentro do prazo global de (110) cento
e dez dias, conforme maioria da jurisprudência delimita o prazo máximo para o encerramento da
instrução criminal, não tendo a defesa contribuído para a ocorrência do referido elastério, impõe-
se o reconhecimento da incidência de excesso de prazo, conseqüentemente, o relaxamento da
prisão do acusado, ora Requerente.

EX POSITIS, espera o Requerente ........................., sejam as presentes articulações


recebidas, ouvido o nobre e culto representante do Parquet, deferidas para que seja reconhecida a
ocorrência de excesso de prazo para a conclusão da instrução criminal, mandando que se
expeça em seu favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência
estará como de costume, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local e data

__________________

OAB
Excesso de Prazo – Atraso provocado pela Acusação

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ............

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo nº ..................

............................, já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, via de seu advogado
in fine assinado permissa vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 5º, inc. LIV, da Constituição Federal, requerer o reconhecimento
de

EXCESSO DE PRAZO
para o encerramento da instrução criminal, pelos seguintes fatos, e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1 O Acusado/Requerente foi preso, no dia ................, conforme ofício nº .............


(fls...), expedido pela direção do Centro de Inserção Social (Cadeia Pública) desta cidade,
informando a este ilustrado juízo o cumprimento do mandado de prisão de fls., já tendo
decorrido mais de ... (...) meses, sem tenha sido ouvido todas testemunhas arroladas na
denúncia, inclusive, o processo encontra-se parado aguardando devolução de deprecata
inquiritória da testemunha ................, arrolada na exordial acusatória.

2É claro e incontroverso que já extrapolou, injusficadamente, o lapso temporal para o


encerramento da instrução criminal, estabelecido pelo CPP, que segundo entendimento de nosso
Tribunal de Justiça goiano, é de ......... (...) dias, não tendo a defesa do Acusado contribuído, de
qualquer forma para a ocorrência do excesso de prazo, transformando a manutenção de sua
prisão em indisfarçável constrangimento ilegal, nos termos do artigo 648, II, do Código de
Processo Penal.

DO DIREITO

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs


prazos para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para
o resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela
jurisdicional devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido
rigorosamente, principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer
constrangimento ilegal por parte do Estado.
A jurisprudência hodierna, embora bastante leniente com a morosidade estatal na
prestação da tutela jurisdicional, não tem admitido como legal a manutenção da prisão
processual, diante de hiperbólico excesso temporal na conclusão da instrução criminal,
principalmente quando este elastério se dá por falta de diligência do poder público, como se vê
nos seguintes arestos:

“PRISÃO (TEMPORÁRIA E PREVENTIVA) - Instrução criminal (fases) -


Interrogatório do réu (audiência) - Prazo (excesso).

1. A instrução é uma seqüência de atos destinada a colher elementos de convicção.


Certamente que há prazos para a realização desses atos.
2. A lei processual penal admite se excedam prazos, desde que por motivo justo.
Inexiste, nos autos, justificativa para um excesso significativo.
3. Caso em que há evidente excesso de prazo, porquanto marcada audiência para o
interrogatório do réu, o primeiro dos atos da instrução processual, mais de ... (...)
meses após a designação.
4. Ordem de habeas corpus concedida.”1

“INSTRUÇÃO CRIMINAL - Excesso de prazo - Réu mantido preso desde o flagrante,


por mais de ... (...) meses, sem que tenha sido encerrado o processo -
Constrangimento ilegal - Ocorrência:
Ocorre constrangimento ilegal por excesso de prazo na hipótese de manutenção do
réu preso desde o flagrante, por mais de ... (...) meses, sem que tenha sido encerrado
o processo, uma vez que embora o prazo de ... (....) dias não possa ser considerado
fatal nem improrrogável, é inadmissível que um indivíduo permaneça encarcerado
por tanto tempo sem que seja alcançado o desfecho da ação penal, mormente se não
existe qualquer notícia no sentido de que a defesa tenha contribuído para o
retardamento do feito.”2 (Grifei).
“INSTRUÇÃO CRIMINAL - Excesso de prazo - Réu preso há cerca de ... (...) meses
sem que haja previsão razoável para o término da fase instrutória - Demora
decorrente da morosidade no cumprimento de atos deprecados - Constrangimento
ilegal:
Ainda que seja invocado o critério da razoabilidade e reconhecido o efetivo empenho
do Juiz do processo, sofre constrangimento ilegal o réu que se encontra preso há
cerca de ... (...) meses sem que haja previsão razoável para o término da fase
instrutória, cujo atraso decorre da morosidade da “máquina judiciária” no
cumprimento de atos deprecados.”3 (Grifei).

A prisão do Acusado, no presente processo, como já mencionado, aconteceu em ......., isto


é, há mais de duzentos e .... (...), dias. A despeito disso, não houve a conclusão da coleta, sequer,
da prova acusatória que é um indicativo de que o processo ainda se arrastará indefinidamente
até conclusão do judicium accusationnis.

Conforme ficou assentado em linhas volvidas, a jurisprudência tem admitido e tolerado


alguma superação no prazo fixado para a conclusão da instrução. Nunca, porém, quando a
morosidade é de uma proporção tal que faça o preso permanecer custodiado por mais de
duzentos e oitenta dias, sem nenhum resquício de concorrência sua para a anomalia
inadmissível e sem que sequer a prova acusatória tenha sido concluída.
Assim, não tendo a instrução criminal extrapolado , e muito, o lapso temporal de (110)
cento dez dias para sua conclusão,, impõe-se o reconhecimento da incidência de excesso de
prazo, conseqüentemente, o relaxamento da prisão do acusado.

EX POSITIS,

espera o Requerente sejam a presente súplica recebida, ouvido o ilustre representante do


Ministério Público, seja deferida reconhecendo-se a ocorrência de excesso de prazo, para a
conclusão da instrução criminal, e mandando que se expeça em seu favor o competente ALVARÁ
DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará como de costume, restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data

________________

OAB
Excesso de prazo – Dilação não provocada pela Defesa

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA ...... VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo ..............

Pedido de Benefício Para o Réu Preso

......................................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça
pública desta comarca via de seu advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, sob as diretrizes do inciso LXV, LVII do artigo
5o, da Constituição Federal, requerer o reconhecimento de

EXCESSO DE PRAZO

na formação da culpa do Requerente, pelos seguintes fatos, e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1 O Requerente encontra-se preso à disposição deste Ilustrado Juízo desde .........,


denunciado, foi interrogado tendo o procedimento seguido seus trâmites legais e após o
encerramento da instrução criminal foram os autos conclusos para sentença em ......., porém,
com supedâneo no art. 156, Parágrafo Terceiro do art. 403, do Código de Processo Penal, com a
nova redação imposta pela Lei 11.719/2008, às fls...., foi determinado a realização de diligências
complementares, entre as quais a reinquirição da suposta vítima e da menor ............................,
extrapolando o prazo para o encerramento da instrução criminal, configurando inquestionável
constrangimento ilegal.

2 A suposta vítima foi ouvida perante este Juízo às fls. ...., com relação a
menor ....................... não foi encontrada para ser intimada conforme certidão exarada ás fls.....

3Com o despacho de fls. ..., reabriu-se a fase de formação da culpa ou da produção de


provas, quando o Requerente já se encontra encarcerado há mais de ..... dias, muito além do
prazo que a lei estabelece para a conclusão desta fase processual, sem que a defesa houvesse
dado causa ao injustificável atraso da prestação jurisdicional.

4O Requerente trata-se pessoa trabalhadora, conforme documentação acostada aos autos nº


............... e no pedido de Habeas Corpus impetrado junto ao Tribunal de Justiça do Estado, vive
em ambiente familiar exemplarmente constituído na companhia de seus genitores, que no
decorrer do presente se fizeram atuantes na luta pela prova de sua inocência porque ciosos que o
mesmo não possui personalidade voltada para a senda criminosa.
DO DIREITO

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs


prazos para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para
o resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela
jurisdicional devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido
rigorosamente, principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer
constrangimento ilegal por parte do Estado.

No caso vertente, competia a acusação oficial, a incumbência de desenvolver a atividade


probatória do fato narrado na denuncia com todas suas circunstancias, durante a instrução
criminal capaz de formar a convicção judicial de forma a fornecer-lhe elementos suficientes para
proferir a sentença definitiva. Se não o fez atenpadamente esta deficiência jamais poderá ser
debitada em prejuízo do status libertatis do acusado, cuja proteção está incrustada no pórtico da
nossa Constituição Federal.

Muito embora, a dilação probatória tenha sido determinada ex officio pelo juiz, e encontra
sustentação legal no Código de Processo Penal (art. 156 e Parágrafo Terceiro do art. 403, do
Código de Processo Penal, com a nova redação imposta pela Lei 11.719/2008,), os referidos
dispositivos não possuem o condão de sublevar ou afrontar os princípios e garantias
constitucionais do devido processo legal, da presunção de não culpabilidade, da ampla defesa e
do direito de ir e vir.

O entendimento de que encerrada a instrução criminal não mais pode ser alegado o excesso
de prazo, contido na Súmula 52 do STJ, deve ser analisado com reservas, tendo a jurisprudência
hodierna proclamado a existência de constrangimento ilegal quando a demora na conclusão do
processo decorre de diligências do juiz para a elucidação do fato, sem que a defesa tenha dado
causa, tornando a sua custódia abusiva e injustificada, vez que, o direito de liberdade do cidadão
não pode ficar indefinidamente cerceado em decorrência das deficiências do aparelho judiciário.

“HABEAS CORPUS – PACIENTE PRESO PREVENTIVAMENTE – INSTRUÇÃO


CRIMINAL ENCERRADA – EXCESSO DE PRAZO PARA A PROLAÇÃO DA
SENTENÇA – CONSTRANGIMENTO ILEGAL – 1. Pelo que está disposto na Súmula
nº 52, do Superior Tribunal de Justiça, embora concluída a instrução do processo não
se afasta o constrangimento ilegal por excesso nos prazos previstos para diligências,
alegações finais e sentença. 2. Concluída a instrução do processo há mais de quatro
meses, sem que tenha a sentença sido proferida, concede-se ordem de habeas corpus
para revogar a prisão preventiva do réu se o atraso não decorreu de culpa sua. (TJDF
– HBC 20020020006864 – DF – 2ª T.Crim. – Rel. Des. Getúlio Pinheiro – DJU
15.05.2002 – p. 124)”

“HABEAS CORPUS – RÉU PRESO EM FLAGRANTE – EXCESSO DE PRAZO NA


PROLAÇÃO DE SENTENÇA – SÚMULA Nº 52, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA – CONSTRANGIMENTO ILEGAL – 1. Pelo que está disposto na Súmula nº
52, do Superior Tribunal de Justiça, embora concluída a instrução do processo pode
haver constrangimento ilegal por excesso nos prazos previstos para diligências,
alegações finais e sentença. 2. Concluída a instrução do processo há mais de três
meses, sem que tenha a sentença sido proferida, concede-se ordem de habeas corpus
para relaxar a prisão do réu se o atraso não decorreu de culpa sua. Por maioria, em
conceder a ordem para determinar a soltura do paciente. (TJDF – HBC
20010020049046 – 2ª T.Crim. – Rel. Des. Getulio Pinheiro – DJU 06.02.2002 – p. 64)”
Assim, pelo despacho de fls. ... ocorreu um retrocesso processual com a retomada da
produção de provas, quando a prisão processual do Requerente avizinha-se a marca de .... dias,
sem a devida prestação jurisdicional. Esta indigitada situação, não se coaduna com a nova ordem
constitucional instituída, na medida em que não é dado a Maquina Punitiva do Estado desfrutar
da liberdade do Acusado/Requerente ad perpetum, ou mesmo, posterga-lo ao seu bel prazer,
impondo assim a imediata soltura do mesmo.

De mais a mais, o Acusado/Requerente oferece todas garantias ao Juízo uma vez que é
primário, de bons antecedentes, exerce ocupação lícita e com residência fixa em nossa cidade

EX POSITIS, espera o Requerente sejam as presentes articulações recebidas, e deferidas


para que seja reconhecida a ocorrência de excesso de prazo, para a conclusão da instrução
criminal, e mandando que se expeça em seu favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois
desta forma Vossa Excelência estará como de costume, restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

____________________
OAB
Excesso de Prazo Global

EXM. SR. DR. JUIZA DE DIREITO DA .............. VARA CRIMINAL DE ...............

Protocolo nº ..................

RÉU PRESO - URGENTE

........................................, já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, via de seu


advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do inciso LXV do artigo 5º da Constituição Federal requerer o
reconhecimento de

EXCESSO DE PRAZO

Para a realização de audiência de instrução e julgamento, bem como para a conclusão da


instrução criminal, pelos seguintes fatos, e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1 O Requerente foi preso e autuado em flagrante delito no dia ........................,


posteriormente, denunciado como incurso nas penas do artigo 157, do CPB, já contando até a
presente data com ..... dias de encarceramento sem que tenha havido o encerramento da
instrução criminal, no tempo estabelecido pelo CPP, ocorrendo, assim, notório e incontestável
excesso de prazo global, para o encerramento da instrução criminal, não havendo sido
provocado pela defesa, transformando a prisão do acusado indisfarçável constrangimento ilegal,
nos termos do artigo 648, II, do Código de Processo Penal.

DO DIREITO

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs


prazos para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para
o resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela
jurisdicional devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido
rigorosamente, principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer
constrangimento ilegal por parte do Estado.

Nesta passo, verifica-se que o Requerente encontra-se preso por mais tempo que a lei
determina, contaminando sua custódia processual de inaceitável ilegalidade, tornado imperiosa
seu relaxamento nos termos do inciso LXV, do artigo 5º de nossa Carta Magna.
Em caso análogo, Egrégio Tribunal Federal de Recurso da 4a Região, no HC n. 91.04.17092-
0, tendo como relator o Ministro Teori Albino Zavascki, assim decidiu:

“Os prazos processuais a serem observados quando o preso o réu aplicam-se


independentemente da natureza da prisão. A não observância daqueles prazos
constitui coação ilegal, nos termos do art. 648, II, do CPP, mesmo se tratando de
prisão preventiva. Ordem concedida.”

Assim, não tendo a instrução criminal sido encerrada dentro do prazo global de (....) ........
dias, impõe-se o reconhecimento da incidência de excesso de prazo, conseqüentemente, o
relaxamento da prisão do acusado, ora Requerente.

EX POSITIS, espera o Requerente sejam as presentes articulações recebidas, e deferidas


para que seja reconhecida a ocorrência de excesso de prazo, para a conclusão do processo, e
mandando que se expeça em seu favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma
Vossa Excelência estará como de costume, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da
Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Excesso de Prazo Para Conclusão do Judicium Accusationes

EXM... SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ..........

RÉU PRESO - URGENTE

PROTOCOLO ......

“As Leis valem Tanto


Quanto valerem os homens
Chamados a aplicá-las”
(Enrico Ferri)

.............................., já qualificada, nos autos da ação penal, em epígrafe, via de seu


advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 5º, inc. LIV e LXV, da Constituição Federal, c/c art. 412, do Código
de Processo Penal com a nova redação dada pela neonata Lei 11.689/2008, requerer o
reconhecimento de

EXCESSO DE PRAZO
para o encerramento da instrução criminal, pelos seguintes fatos, e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS

1 A Acusada/Requerente foi presa, no dia ................, conforme conforma mandado


de prisão acostado as fls., sendo que até esta data decorreram ...... (....) dias , sem que tenha sido
ouvido todas testemunhas arroladas na denúncia, vez que o Ministério Público insistiu na oitiva
de uma testemunha faltosa na audiência de instrução e julgamento, arrolada na exordial
acusatória.
2É claro e incontroverso que o prazo estabelecido pela nova Lei já extrapolou, sem que a
defesa da Acusada tenha concorrido para a ocorrência do referido elastério e delonga, razão pela
qual não se pode debitar em prejuízo de seu status libertatis a falta de estrutura do Poder
Judiciário na execução do novo ordenamento jurídico implantado pela Lei 11.689/2008, além do
que, já ouvidas mais de dez testemunhas até momento a parte Acusação não produziu uma
mínima prova da existência de um vínculo volitivo ou psicológico, entre a Acusada e os demais
réus;
3De mais a mais, a Requerente conforme pontuado em seus pedidos de liberdade, oferece
todas as garantias ao juízo, pois é radicada nesta comarca onde possui bens de raiz, vínculo
familiar e social, não havendo motivo mesmo que remoto de evadir-se para esquivar-se do
cumprimento de eventual reprimenda penal.
4O presente momento é de demonstrar que tanto o Poder Judiciário no exercício do
monopólio do jus puniendi, quanto o Ministério Público na sua, agora, expressa missão de atuar
como fiscal da lei, conforme nova diretriz traçada pelo inc. II, do art. 257, do Código de Processo
Penal, não são meros mandatários dos interesse dos familiares da vítima na sua sanha de obter a
vedeta privada.

DO DIREITO
Edita o art. 412, do Código de Processo Penal com a nova redação dada pela debutante Lei
11.689 de 09 de junho de 2008:
Art. 412 – O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.

A doutrina da novel legislação, ainda acanhada, já reconhece que a pretendida celeridade


procedimental implementada pelo no novo ordenamento legal, é utópica e fora de realidade
estrutural do sistema judiciário brasileiro, que como é de curial sabença é carente de material
humano e estrutura organizacional para fazer cumprir as novas exigências legais, dentre elas o
cumprimento do jus accusationis no prazo de 90 (noventa ) dias.

Bem pontuou o jurista Walfredo Cunha Campos, em sua recente obra “O Novo Júri
Brasileiro”:

“Estipula, poeticamente, o art. 412 do CPP que o procedimento será concluído no


prazo máximo de 90 dias. O irrealismo do comando legal nasce da suposição,
absolutamente equivocada, que se superará a malsinada morosidade da Justiça
simplesmente com comandos legais, necessariamente abstratos, sem a menor
preocupação de dota o Judiciário do orçamento necessário para conseguir da
celeridade aos feitos. (...) É bom que se diga de plano; HOJE ESSE PRAZO NÃO
SERÁ, ORDINARIAMENTE, CUMPRIDO em comarcas com excesso de serviço em
suas varas cumulativas; afinal, não é possível que o magistrado deixe de dar
andamento a outros processo criminais igualmente importantes...” 1

Já o Juiz aposentado de Catalão.GO., em sua obra “Reforma do Código de Processo Penal


Comentado”, ao comentar o referido dispositivo sem titubear assinala:
“Em se tratando de réu preso, é de vital importância o cumprimento deste prazo, sob
pena de configuração de excesso de prazo fato que ensejará pedido de habeas corpus,
pois a permanência do acusado sob prisão, nesse caso se amoldura como
constrangimento ilegal.”2

Guilherme de Souza Nucci, vai além em acentuar que de nada adiante a lei determinar o
impossível, pois a busca da verdade real, a plenitude de defesa, o contraditório e o devido
processo legal precisam efetivar-se, pouco interessando o que preceitua a lei ordinária uma vez
que os princípios e garantias constitucionais estão acima dela 3
Neste ponto não se pode de forma alguma em sacrifício do sagrado direito ao satatus
libertatis do cidadão, constitucionalmente assegurado, por contingências alheias a atuação da
defesa, sustentar a manutenção de sua prisão por mais tempo do que a lei determina.

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs


prazos para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para
o resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela
jurisdicional devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido
rigorosamente, principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer
constrangimento ilegal por parte do Estado.

A prisão da Acusada, no presente processo, como já mencionado, aconteceu em 04 de


agosto de 2008, isto é, há mais de 90 dias. A despeito disso, não houve a conclusão da coleta, da
prova acusatória que é um indicativo inequívoco da ocorrência do excesso de prazo previsto em
lei, para a conclusão da instrução preliminar, devendo, pois, em estrita obediência ao princípio
da legalidade que é imposto a todo órgão estatal, ser colocada em liberdade incontinenti.

Nesta passo, verifica-se que a Requerente encontra-se presa por mais tempo que a lei
determina, contaminando sua custódia processual de inaceitável ilegalidade estatal, tornado
imperiosa seu relaxamento nos termos do inciso LXV, do artigo 5º de nossa Carta Magna.

E ainda, o que se espera é que o Ministério Público aja conforme o novo mandamento legal,
atuando como fiscal da execução da lei, e faça valer os princípios norteadores da função pública:
imparcialidade, impessoalidade e legalidade exarando seu parecer favorável ao pleito.

EX POSITIS,

espera a Requerente sejam a presente súplica recebida, ouvido a ilustre representante do


Ministério Público, seja deferida reconhecendo-se a ocorrência de excesso de prazo, para a
conclusão da instrução criminal, e mandando que se expeça em seu favor o competente ALVARÁ
DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará como de costume, restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA

_______________

OAB
Pedido de Expedição de Alvará de Soltura, por Cumprimento de
Mandado de Prisão já Revogada

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ............

RÉU PRESO URGENTE

PROTOCOLO nº ..........................

.................................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a Justiça
Pública desta comarca, via de seu advogado in fine, assinado permissa máxima vênia, vêm
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, expor e requerer o seguinte:

1O Requerente, responde a presente ação penal onde foi condenado a pena restritiva de
liberdade, ora em grau de recurso, em cuja sentença condenatória foi-lhe concedido o direito de
apelar em liberdade;

2Ocorre, que no dia de ontem (...................), foi abordados por Policiais da PM, sem
uniformes, em seu local de trabalho, informando que havia pendência de um mandado de prisão
contra sua pessoa, expedido por este Ilustrado Juízo no presente processo. Imediatamente fez o
comunicado ao seu advogado, que esta subscreve, e foi informado que não havia nos autos
notícia de eventual mandado, e, inobstante as argumentações do causídico, foi algemado e
encarcerado sendo que somente na madrugada de hoje (...................), é que lhe foi apresentado o
malfadado mandado de prisão, o qual foi cumprido.

3Compulsando os autos verifica-se que a expedição do referido mandado de prisão só pode


ter sido fruto de um lamentável equívoco, que culminou com a supressão do status libertatis do
Requerente, vez que não há qualquer restrição judicial contra sua pessoa na presente ação penal,
e encontra-se encarcerado sem justo motivo.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja o processo chamado a ordem com a determinação incontinenti


da expedição do competente, ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Pedido de Expedição de Folha de Antecedentes Criminais

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ...................

Cartório do Crime

.............................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, natural de ..............., nascido


em ............., filho de ........................., CPF: ..............., residente na ..........................., via de se
advogado in fine assinado (m.j.), nos termos do art. 5º, incisos XIV, XXXIII e XXXIV, “ b”, da
Constituição Federal, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência requerer
seja determinado a Escrivanía Criminal deste foro, a expedição de certidão de antecedentes
criminais do Requerente.

Nestes termos

Pede deferimento.

Loca, data.

________________

OAB
Pedido de Liberdade Provisória – Homicídio Qualificado – Crime
Hediondo

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ........................ .

Protocolo .........................

.......................................... , brasileiro, solteiro, industriário, nascido em ................,


filho de ........................... e ........................................., residente à rua ................... nº ....,
BAIRRO ........., distrito de ...................., município de ..............., via de seu advogado in fine
assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, artigo 5º, LVI, de nossa Carta Magna, combinado com o parágrafo único do artigo 310
, III, do Código de Processo Penal com redação dada pela Lei nº 12.403, de 04.05.2011, requerer:

LIBERDADE PROVISÓRIA VINCULADA SEM FIANÇA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (doc. ...), o Requerente, foi
preso e autuado em flagrante delito sob a acusação de ter infringido a norma incriminadora do
artigo 121 “caput” do Código Penal Brasileiro, cuja inocência será provada, oportunamente,
durante o persecutio criminis in judicio.

2Embora o Órgão Ministerial, na denúncia, tenha dado classificação da conduta atribuída


ao Requerente, como se fosse homicídio qualificado pelo motivo fútil e meio cruel, na narrativa
dos fatos não se vislumbra de nenhum episódio que possa dar ensejo a existência de tais
qualificadoras.

3O requerente, exerce ocupação lícita (doc. ...), reside em lugar certo e sabido no distrito de
.............., município de ................ ., (doc......), além de ser primário e de bons antecedentes, não
existindo qualquer registro judicial de relevo que possa desabonar sua pessoa e ausente qualquer
das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos no artigo 312 do Código de Processo
Penal

4O requerente, embora jovem, possui família constituída, com filhos menores, cuja
subsistência depende exclusivamente de sua atividade laborativa.

DO DIREITO

Com advento da neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, abriu-se um nova era no
tocante a decretação da custódia processual de qualquer cidadão sendo esta supressão da
liberdade individual, na ótica da nova regulamentação, cabível somente em casos de extrema
necessidade, conforme proclama o parágrafo 4º. Artigo 282, do Código de Processo Penal
constituindo uma ultima ratio.
Se é verdade que o Juiz não pode, na fase de recebimento da denúncia, desclassificar o
crime nela indicado, ou rejeitar a acusação por considerar menos exata a capitulação dada ao
fato, não é menos certo que “o despacho de recebimento da denúncia não importa no
reconhecimento de determinado crime com as conseqüências decorrentes da classificação
provisória da inicial”. Assim já entendia a jurisprudência (RT 241/109) e a boa doutrina (José
Frederico Marques, Elementos de direito processual penal, Forense, 1965, v. IV, p. 51), ao tempo
da prisão preventiva obrigatória.

Por ser esta a tradição de nosso direito, os Tribunais Superiores, agora sob o império da
chamada Lei dos Crimes Hediondos, voltou a proclamar, em v. acórdão da lavra do saudoso Des.
Dínio Garcia, que, “se se entender infundada a capitulação inicial, nem por isso deve ser
rejeitada a denúncia. Mas possível, em tal caso, a concessão do benefício previsto no artigo 310,
par. ún., do CPP.” Da mesma forma,” se duvidosa a hipótese, consoante as circunstâncias
concretas que o caso apresenta, pode ser aconselhável a libertação do paciente” (RJTJSP
111/553). O entendimento vem encontrando eco no Colendo STJ (HC 5.356 - PR, 5ª T., em
15.04.1997, rel. Min. Félix Fischer, DJU de 25.08.1997, p. 39.398 e HC 5.818 - DF, 6ª T.,
27.05.1997, rel. Min. William Patterson, DJU de 23.06.1997, p. 29.192) e deve ser adotado,
sempre que o Juiz vislumbre excesso de acusação ou, como na hipótese, a capitulação
motivadora da prisão-custódia, ou impeditiva das contracautelas previstas em lei, apareça, sem a
necessidade de exame aprofundado da prova, como capaz de não vir a prevalecer.

Perfilhado esse entendimento, vale dizer, não basta ter o crime qualificação de hediondo
para que a liberdade provisória seja vedada, sendo imprescindível fundamentar-se sua negação.

Pergunta-se, então, em qualquer circunstância, sendo o crime hediondo, descaberá a


liberdade provisória? Não. Sempre será necessário que o Juiz fundamente a constrição,
independentemente da natureza do crime.

Neste perfil é aconselhável ouvir o insuperável mestre Tourinho Filho:

“E quanto aos crimes hediondos e ao tráfico de drogas? O parágrafo segundo do


artigo 2º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) autoriza o Juiz, em decisão
fundamentada, a permitir o apelo em liberdade. Quer-nos parecer haver inversão de
valores: a Constituição exige que a prisão seja fundamentada, e não que se
fundamente para que o réu possa apelar em liberdade.”
Ademais, é de indagar: se nesses casos, que constituem, na orografia dos crimes, como diria
Hungria, o seu ponto culminante, admite a lei possa o Juiz, em decisão fundamentada, permitir o
apelo em liberdade, com muito mais razão poderá conceder o benefício da liberdade provisória.

Face a digressão retro perfilada e a jurisprudência dominante, não obstante tenha o réu sido
denunciado por homicídio qualificado, é admissível a concessão da liberdade provisória, se o
juiz, após a análise das provas, entender que o acusado é primário, de bons antecedentes, possui
residência fixa e ainda houver a possibilidade de desclassificação do crime pelo Tribunal do Júri.
A hediondez do crime não pode ficar adstrita, tão-somente, ao entendimento inicial do
Ministério Público, que assim se expressou na denúncia. A definição típica inicial inserta na
peça acusatória não pode valer, por si só, como se imutável fosse, o que, muitas vezes, não resiste
à apuração dos fatos até o desfecho do processo. Assim, deve o juiz da causa, depois de
verificadas as circunstâncias que envolveram o delito praticado e examinados os elementos
probatórios, aferir a necessidade ou não de manter o acusado encarcerado até o julgamento, pois,
em tese, poderá até ocorrer a desclassificação da capitulação exordial considerada pelo Parquet.
Destarte, pelo acima alinhavado, seria indispensável para a manutenção da segregação
provisória do Requerente, que uma das circunstâncias mencionadas aflorasse das provas até
agora coligidas, o que não ocorreu, ou que ficasse demonstrado sua necessariedade, vez que se
trata de medida drástica e excepcional, impondo-se, assim a concessão da liberdade provisória
ora pleiteada.

Hodiernamente, caminha o pensamento doutrinário no sentido de que, preenchidos, os


requisitos legais para a concessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito público
subjetivo do réu, independente da gravidade do delito, não ficando sujeito ao poder
discricionário do juiz a sua concessão, embora o texto legal, dado à expressão poderá, possa
indicar.

Neste diapasão, é o pensamento do insuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:

“sua concessão, a princípio pareceu-nos mera faculdade do juiz. Meditando sobre o


assunto, concluímos tratar-se de um verdadeiro direito público subjetivo do
indiciado ou réu. Nem teria sentido ficassem satisfeitos todos os pressupostos para a
obtenção da liberdade provisória, sem necessidade da prestação da fiança e o juiz
deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de mera possibilidade de poder fazer,
a ele conferida pelo texto legal. Seria uma rematada injustiça permitir-se que a
liberdade provisória ficasse na dependência da boa ou má vontade do magistrado...”.
( in Processo Penal, Vol. 3, Ed. 16, pág. 451).

Portanto, Excelência, tendo sido demonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos


e documentos que instruem o presente pedido, possui o Requerente, todos requisitos legais para
a concessão do benefício da liberdade provisória e seu atendimento se torna imperioso e
indeclinável nos termos do artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, combinado com parágrafo
4º.do art. 282 do CPP., já que dos autos não ressaem elementos idôneos a demonstrar que a
liberdade do Requerente importará em atentado à ordem pública, ao bom andamento da
instrução criminal ou da reta aplicação da lei penal.

DIANTE DO EXPOSTO, espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e depois de


ouvido o nobre representante do Ministério Público, deferido concedendo-lhe LIBERDADE
PROVISÓRIA, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos ulteriores do processo, pois
desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume editando decisório, compatível com mais
elevados ditames da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Pedido de Liberdade Provisória – Porte Ilegal de Arma

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA ..... VARA CRIMINAL DE .........

RÉU PRESO - URGENTE

Distribuição por dependência prot. ...........


Código TJ... - ....... - Pedido de Liberdade Provisória

........................, brasileiro(a), Profissão, Est.civil, natural de .............., filho


de .........................., nascido em ........., RG ................, residente na .................... , via de seu
advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LVII da Constituição Federal, requerer

LIBERDADE PROVISÓRIA

Face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

DOS FATOS

Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (doc...), (Protocolo ..........) , o


Requerente foi preso no dia ...................., sob a suposta prática do ilícito penal inscrito no art. 16,
da Lei 10.826/03, conforme cópia do APF em apenso.
2O Requerente é pessoa trabalhadora, com endereço certo e sabido (doc...) nesta comarca,
com família regularmente constituída, cuja mantença depende única e exclusivamente de seu
labor, portador de bons antecedentes e primário. (doc...)

DO DIREITO

Edita o inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal:

“ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal;”

Com advento da neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, abriu-se um nova era no
tocante a decretação ou a manutenção da custódia processual de qualquer cidadão sendo esta
supressão da liberdade individual, na ótica da nova regulamentação, cabível somente em casos
de extrema necessidade, conforme proclama o parágrafo 4º. Artigo 282 do Código de Processo
Penal constituindo uma ultima ratio.

É no mesmo sentido o posicionamento adotado por Guilherme de Souza Nucci, em sua


obra “Leis Penais e Processuais Penais Comentadas “ caberia ao juiz, em cada caso concreto,
decidir se decreta ou não a prisão preventiva,seja delito hediondo ou não, (essa aliás é a
jurisprudência prevalente. E deveria ser atribuição do juiz conceder liberdade provisória a
qualquer pessoa presa em flagrante, quando não estiverem presentes os requisitos da prisão
preventiva, seja crime hediondo ou equiparado” 1

No caso em apreço, o Requerente, embora, responda a outra ação penal, trata-se de pessoa
com família regularmente constituída com filhos menores, (doc.), cuja subsistência depende
exclusivamente de seu trabalho como produtor rural, (doc. ), não estando, assim, presentes as
hipóteses que autorizam a prisão preventiva.

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado,
somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se
atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta. , conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

Neste ponto, mister, se faz, que as hipóteses autorizativas da segregação provisória sejam
escorreitamente analisadas.

Ordem pública, como de curial ciência de todos, é a paz e a tranqüilidade do meio social,
que no caso vertente, em momento algum estão atingidas ou conturbadas por atos dos
requerentes, já que não praticaram in tese qualquer dos crimes previstos na Lei nº 8.072/90, que
via de regra causam comoção na sociedade, e não apenas a manifestação sensacionalistica e
isolada da imprensa, que geralmente levam à execração pública pessoas honestas, que ainda se
encontram sob o manto constitucional da presunção de inocência.

No que concerne à conveniência da instrução criminal , cuidado especial há que ser dado a
esta hipótese, que somente poderá ser atendida quando ficar evidenciado que o agente, esteja
afugentando testemunhas que possam depor contra ele, aliciando testemunhas falsas, ou
assumindo qualquer conduta que venha a deturpar o bom andamento da instrução criminal,
situações que em nenhum momento se fazem presentes no caso em tela.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. No presente caso, à sobeja se demonstrou que o Requerente é radicado no distrito da
culpa, onde tem raiz patrimonial, social, laborativa e familiar. Inexistindo qualquer indício de
que, injustificadamente, esteja, com a intenção de se furtar à aplicação de eventual reprimenda
penal.

Destarte, pelo acima alinhavado, seria indispensável para a manutenção da segregação


provisória dos Requerentes, que uma das circunstâncias mencionadas aflorasse das provas
coligidas, o que não ocorreu, ou que ficasse demonstrado sua necessariedade, vez que trata-se de
medida drástica e excepcional, impondo-se, assim a concessão da liberdade provisória ora
pleiteada.
Hodiernamente, caminha o pensamento doutrinário no sentido de que, preenchidos, os
requisitos legais para a concessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito público
subjetivo do réu, não ficando sujeito ao poder discricionário do juiz a sua concessão, embora o
texto legal, dado à expressão poderá, possa indicar.

Neste diapasão, é o pensamento do insuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:

“sua concessão, a princípio pareceu-nos mera faculdade do juiz. Meditando sobre o


assunto, concluímos tratar-se de um verdadeiro direito público subjetivo do
indiciado ou réu. Nem teria sentido ficassem satisfeitos todos os pressupostos para a
obtenção da liberdade provisória, sem necessidade da prestação da fiança e o juiz
deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de mera possibilidade de poder fazer,
a ele conferida pelo texto legal. Seria uma rematada injustiça permitir-se que a
liberdade provisória ficasse na dependência da boa ou má vontade do magistrado...”. 2
Portanto, Excelência, tendo sido demonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos
e documentos que instruem o presente pedido, que o Requerente é detentor de todos requisitos
legais para a concessão da liberdade provisória, seu atendimento se torna imperioso e
indeclinável nos termos do artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal, combinado com artigo 310,
parágrafo único do CPP, já que dos autos não ressaem elementos idôneos a demonstrar que a
liberdade do Requerente importará em atentado à ordem pública, ao bom andamento da
instrução criminal ou da aplicação da lei penal.

DIANTE DO EXPOSTO, espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e após


ouvido a nobre representante do Ministério Público, deferido concedendo-lhes LIBERDADE
PROVISÓRIA, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos ulteriores do processo, pois
desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume editando decisório, compatível com mais
elevados ditames da JUSTIÇA.

Local, data

______________________

OAB
Pedido de Liberdade Provisória – Receptação

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ............ .

RÉU PRESO - URGENTE

Distribuição por Dependência


Protocolo...............
Código TJ... - ... - Pedido de Liberdade Provisória

..............................., brasileiro(a), casado(a), (Profissão), RG ......., CPF .........., natural


de ........., nascido em ......, filho de .......... e .............., residente à rua ..........., com endereço
comercial na ..........., nesta urbe, via de seu advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, artigo 5º, LVI, de nossa
Carta Magna, combinado com o parágrafo 3º. do artigo 310 c/c parágrafo 4º. do artigo 282 do
Código de Processo Penal, com a nova redação que lhes emprestou a Lei 12.403 de 04 de ,maio
de 2011 requerer:

LIBERDADE PROVISÓRIA VINCULADA SEM FIANÇA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (doc. .../...), o Requerente, foi
preso e autuado em flagrante delito sob a imputação de ter infringido a norma incriminadora do
artigo 180 § 1º, c/c 311 do Código Penal Brasileiro.

3O requerente, exerce ocupação lícita e reside em lugar certo (doc. .../...), além de ser
primário e de bons antecedentes, (doc. ...) não existindo qualquer registro judicial que possa
desabonar sua pessoa e ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva
insertos no artigo 312, do Código de Processo Penal

4O requerente, embora jovem, possui família constituída, com filhos menores, cuja
subsistência depende exclusivamente de sua atividade laborativa.
DO DIREITO

Edita o inciso LVI, do artigo 5º, da Constituição Federal:

“ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando alei admitir liberdade
provisória, com ou sem fiança”.

E, ainda vem estampado no parágrafo 3º. do artigo 310, do Código de Processo Penal:

Código de Processo Penal


Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:
I – (omissis)
II – (omissis)
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.” (NR) (Redação
dada pela Lei 12.403 de 04/05/2011).

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado,
somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se
atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta. , conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

Neste ponto, mister, se faz, que as hipóteses autorizativas da segregação provisória sejam
escorreitamente analisadas.

Ordem pública, como de curial ciência de todos, é a paz e a tranquilidade do meio social,
que no caso vertente, em momento algum estão atingidas ou conturbadas por atos dos
requerentes, já que não praticaram in tese qualquer dos crimes previstos na Lei 8.072/90, que via
de regra causam comoção na sociedade, e não apenas a manifestação isolada de pessoas
interessadas em atribuir a responsabilidade dos Requerentes por toda sorte de abigeatos que
tenham ocorrido na região com autoria desconhecida.

Neste ponto é de salutar importância a exposição do seguinte julgado do Superior Tribunal


de Justiça:
“Não se pode confundir ordem pública com o estardalhaço causado pela imprensa
pelo inusitado crime. Como ficar em liberdade é a regra geral, deveria o juiz justificar
substancialmente a necessidade de paciente ficar preventivamente preso. Não basta
invocar de ordem formal, palavras abstratas do artigo 312 do CPP. Ordem
concedida”. (RSTJ 81/361).
No que concerne à conveniência da instrução criminal , cuidado especial há que ser dado a
esta hipótese, que somente poderá ser atendida quando ficar evidenciado que o agente, esteja
afugentando testemunhas que possam depor contra ele, aliciando testemunhas falsas, ou
assumindo qualquer conduta que venha a deturpar o bom andamento da instrução criminal,
situações que em nenhum momento se fazem presentes no caso em tela.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. No presente caso, à sobeja se demonstrou que o Requerente é radicado no distrito da
culpa, onde tem raiz- patrimonial, social, laborativa e familiar. Inexistindo qualquer indício de
que, injustificadamente, esteja, com a intenção de se furtar à aplicação de eventual reprimenda
penal.

Destarte, pelo acima alinhavado, seria indispensável para a manutenção da segregação


provisória dos Requerentes, que uma das circunstâncias mencionadas aflorasse das provas
coligidas, o que não ocorreu, ou que ficasse demonstrado sua necessariedade, vez que trata-se de
medida drástica e excepcional, impondo-se, assim a concessão da liberdade provisória ora
pleiteada.

Hodiernamente, caminha o pensamento doutrinário no sentido de que, preenchidos, os


requisitos legais para a concessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito público
subjetivo do réu, não ficando sujeito ao poder discricionário do juiz a sua concessão, embora o
texto legal, dado à expressão poderá, possa indicar.

Neste diapasão, é o pensamento do insuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:

“sua concessão, a princípio pareceu-nos mera faculdade do juiz. Meditando


sobre o assunto, concluímos tratar-se de um verdadeiro direito público subjetivo
do indiciado ou réu. Nem teria sentido ficassem satisfeitos todos os
pressupostos para a obtenção da liberdade provisória, sem necessidade da
prestação da fiança e o juiz deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de
mera possibilidade de poder fazer, a ele conferida pelo texto legal. Seria uma
rematada injustiça permitir-se que a liberdade provisória ficasse na dependência
da boa ou má vontade do magistrado...”1.

Portanto, Excelência, tendo sido demonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos


e documentos que instruem o presente pedido, possui o Requerente, todos requisitos legais para
a concessão do benefício da liberdade provisória e seu atendimento se torna imperioso e
indeclinável nos termos do artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, combinado com artigo 310,
parágrafo único do CPP, já que dos autos não ressaem quaisquer elementos a demonstrar que a
liberdade do Requerente importará em atentado à ordem pública, ao bom andamento da
instrução criminal ou da reta aplicação da lei penal.

EX POSITIS

espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e depois de ouvido o nobre


representante do Ministério Público, deferido concedendo-lhe LIBERDADE PROVISÓRIA,
comprometendo-se desde já comparecer em todos atos ulteriores do processo, pois desta forma
Vossa Excelência, estará, como de costume editando decisório, compatível com mais elevados
ditames da JUSTIÇA.

Local e data

______________________

OAB
Pedido de Liberdade Provisória – Roubo Qualificado Pelo Uso de
Arma

EXMO. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ....................

RÉU PRESO - URGENTE

Distribuição por Dependência


Protocolo ............
Código TJ... - ... - Pedido de Liberdade Provisória

........................................................., brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), natural de ..........,


nascida em ......., filha de ............................, residente à rua .................. ......, nesta urbe, via de
seu advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência,com fulcro no artigo 5º, LVI, de nossa Carta Magna,
combinado com o parágrafo único do artigo 310 do Código de Processo Penal, requerer:

LIBERDADE PROVISÓRIA VINCULADA SEM FIANÇA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em apenso (doc. ....), a Requerente, foi
presa e autuada em flagrante delito sob a imputação de ter supostamente infringido a norma
incriminadora do artigo 157, do Código Penal Brasileiro.

3A Requerente, exerce ocupação lícita e reside em lugar certo (doc. ), além de ser primária
e de bons antecedentes, (doc. ) não existindo qualquer registro judicial que possa desabonar sua
pessoa e ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos no artigo
312, do Código de Processo Penal

4A Requerente, embora jovem, possui família constituída, com filhos menores, cuja
subsistência depende exclusivamente de sua atividade laborativa.
DO DIREITO

Edita o inciso LVI, do artigo 5º, da Constituição Federal:

“ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando alei admitir liberdade
provisória, com ou sem fiança”.

Com advento da neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, abriu-se um nova era no
tocante a decretação da custódia processual de qualquer cidadão sendo esta supressão da
liberdade individual, na ótica da nova regulamentação, cabível somente em casos de extrema
necessidade, conforme proclama o parágrafo 4º. Artigo 282 do Código de Processo Penal
constituindo uma ultima ratio.

E, ainda vem estampado no artigo 310, e seu parágrafo único, do Código de Processo Penal
com a nova redação que lhe emprestou a Lei 12.403 de 04 de maio de 2011:

Código de Processo Penal

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:
I – (omissis)
II – (omissis)
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.” (Redação dada
pela Lei 12.403 de 04/05/2011).

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado,
somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se
atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta. , conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

Neste ponto, mister, se faz, que as hipóteses autorizativas da segregação provisória sejam
escorreitamente analisadas.

Ordem pública, como de curial ciência de todos, é a paz e a tranquilidade do meio social,
que no caso vertente, em momento algum estão atingidas ou conturbadas por atos da Requerente,
já que não praticara in tese qualquer dos crimes previstos na Lei, que via de regra causam
comoção na sociedade, como um todo, hipótese inexistente no presente caso.

Neste ponto é de salutar importância a exposição do seguinte julgado do Superior Tribunal


de Justiça:

“Não se pode confundir ordem pública com o estardalhaço causado pela imprensa
pelo inusitado crime. Como ficar em liberdade é a regra geral, deveria o juiz justificar
substancialmente a necessidade de paciente ficar preventivamente preso. Não basta
invocar de ordem formal, palavras abstratas do artigo 312 do CPP. Ordem
concedida”. (RSTJ 81/361).

No que concerne à conveniência da instrução criminal , cuidado especial há que ser dado a
esta hipótese, que somente poderá ser atendida quando ficar evidenciado que o agente, esteja
afugentando testemunhas que possam depor contra ele, aliciando testemunhas falsas, ou
assumindo qualquer conduta que venha a deturpar o bom andamento da instrução criminal,
situações que em nenhum momento se fazem presentes no caso em tela.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. No presente caso, à sobeja se demonstrou que a Requerente é radicada no distrito da
culpa, onde tem raiz- patrimonial, social, laborativa e familiar. Inexistindo qualquer indício de
que, injustificadamente, esteja com a intenção de se furtar à aplicação de eventual reprimenda
penal.

Destarte, pelo acima alinhavado, seria indispensável para a manutenção da segregação


provisória da Requerente, que uma das circunstâncias mencionadas aflorasse das provas
coligidas, o que não ocorreu, ou que ficasse demonstrado sua necessariedade, vez que trata-se de
medida drástica e excepcional, impondo-se, assim a concessão da liberdade provisória ora
pleiteada.

Hodiernamente, caminha o pensamento doutrinário no sentido de que, preenchidos, os


requisitos legais para a concessão da liberdade provisória, esta passa a ser direito público
subjetivo do réu, não ficando sujeito ao poder discricionário do juiz a sua concessão, embora o
texto legal, dado à expressão poderá, possa indicar.

Neste diapasão, é o pensamento do insuperável mestre Tourinho Filho, que assim leciona:

“sua concessão, a princípio pareceu-nos mera faculdade do juiz. Meditando sobre o


assunto, concluímos tratar-se de um verdadeiro direito público subjetivo do
indiciado ou réu. Nem teria sentido ficassem satisfeitos todos os pressupostos para a
obtenção da liberdade provisória, sem necessidade da prestação da fiança e o juiz
deixasse de lha conceder, por entender tratar-se de mera possibilidade de poder fazer,
a ele conferida pelo texto legal. Seria uma rematada injustiça permitir-se que a
liberdade provisória ficasse na dependência da boa ou má vontade do magistrado...”. 1

Portanto, Excelência, tendo sido demonstrado pelas argumentações, fundamentos jurídicos


e documentos que instruem o presente pedido, possui a Requerente, todos requisitos legais para
a concessão do benefício da liberdade provisória e seu atendimento se torna imperioso e
indeclinável nos termos do artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, combinado com o parágrafo
único do artigo 310, do CPP, já que dos autos não ressaem quaisquer elementos a demonstrar que
a liberdade da Requerente importará em atentado à ordem pública, ao bom andamento da
instrução criminal ou da reta aplicação da lei penal.

EX POSITIS

espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e depois de ouvido o nobre


representante do Ministério Público, deferido concedendo-lhe LIBERDADE PROVISÓ

RIA, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos ulteriores do processo, pois


desta forma Vossa Excelência, estará, como de costume editando decisório, compatível com mais
elevados ditames da JUSTIÇA.

Local, data.

_______________

OAB
Pedido de Prisão Especial Portador de Diploma em Curso Superior

EXMº. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DE......................... .

“Reo res sacra est”

................... , brasileiro, divorciado, médico, residente à rua ....................... , nesta capital,


via de seu advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 295 inciso VII, do Código de
Processo Penal, requerer lhe seja garantido o direito de

PRISÃO ESPECIAL

face aos seguintes fatos e fundamentos:

1O Requerente, encontra-se custodiado à disposição deste Ilustrado Juizo, por força de sua
autuação em flagrante delito, e, inobstante ter realizado prova documental de sua condição de
médico, (doc. 1), vez que formado pela Faculdade de Medicina da UFG, a doutora delegada
titular da Delegacia de Defesa da Mulher de ..............., determinou a expedição, em seu desfavor,
da inclusa Guia Para Recolhimento de Preso, (doc. 2), encarcerando-o na Casa de Prisão
Provisória, juntamente com os presos comuns daquele estabelecimento correcional,
desrespeitando o direito do requerente de se ver recolhido em prisão especial, antes do trânsito
em julgado de eventual sentença condenatória.

2É notório e do conhecimento geral que a CPP não possui recursos estruturais, para
receber presos com direito à prisão especial, portanto, o Requerente, diligenciou junto ao
Comando Geral de nossa gloriosa Polícia Militar e conseguiu vaga no quartel do 7º BPM, nesta
cidade, (doc. 3), para seu recolhimento provisório, em condições adequadas, até que se defira
seus pedidos de Relaxamento de Prisão em Flagrante e Arbitramento de Fiança.

DO DIREITO

Edita o artigo 295 do Código de Processo Penal:

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade


competente, quando sujeitos a prisão antes da condenação definitiva:
(omissis)
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República.
É evidente que o Requerente, em persistindo sua custódia no ambiente de promiscuidade
onde se encontra, tem seu direito, legalmente assegurado, em notória violação, e, diante da
inexistência de prisão especial curial conceder-lhe o recolhimento no quartel do 7º BPM, como
sucedâneo daquele benefício.

EX POSITIS

requer a Vossa Excelência, sua transferência da Casa de Prisão Provisória, para o quartel do
7º Batalhão de Polícia Militar, até que se defira seus pedidos de liberdade provisória já em
tramitação por Este Juizo, pois desta forma estará editando decisão amparada nos mais lídimos
preceitos de JUSTIÇA.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

______________________

OAB
Prova Ilícita – Pedido de Desentranhamento

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ........

RÉU PRESO - URGENTE -JÚRI

Protocolo ........

............................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu advogado e defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 157, do Código de
Processo Penal, com a nova redação dada pelo Lei nº 11.690, de 09.06.2008 - DOU 10.06.2008.
requerer o desentranhamento do interrogatório policial, prestado no dia .........., acostado as fls. ,
sob os seguintes fatos e fundamentos:

1Conforme Termo de Declaração, em apenso doc....., o Acusado, ora Requerente,


apresentou-se espontaneamente, incólume, no quartel do ........, no dia ........., para delatar o
famigerado assassino e co-réu .................., pela prática do homicídio perpetrado contra a
jovem ......................., cuja autoria até então estava ignorada pelas autoridades policiais.

2Porém, dois policiais militares, conduziram o Acusado até o “lixão” da cidade onde o
torturaram barbaramente, com o objetivo de extorquir-lhe a versão apresentada no interrogatório
questionado, causando-lhe as lesões descritas no Exame Médico em apenso, doc..., cujo original
está acostado nos autos da representação pela prisão preventiva, fato também confirmado por
familiares e amigos ouvidos durante o persecutio criminnis in judicio.

3É inequívoco que a versão apresentada na Delegacia de Polícia fls. , foi obtida mediante
tortura, configurando notória e incontestável prova ilícita, vedada taxativamente pela nova
ordem jurídica , razão pela qual deve ser extirpada dos autos.

DO DIREITO
Edita o neonato art. 157, do Código de Processo Penal:

Art. 157 - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Parágrafo primeiro - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

Parágrafo segundo - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

Parágrafo terceiro - Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada


inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes
acompanhar o incidente.

Parágrafo quarto - (VETADO)

A doutrina e a jurisprudência, já há muito clamava pela regulamentação da matéria


referente a inadmissibilidade da utilização da prova ilícita no sistema jurídico brasileiro, e
somente, agora a partir da reforma introduzida pela nova a Lei 11.690/2008, é que Lei ordinária
tratou, de modo claro, da disposição já vigorante na Lei Maior, (art. 5º, LVI, CF), que de forma
taxativa e garantista declarava inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

Com a novel sistemática legal poderia até surgir eventual discussão, se o conceito de
ilicitude previsto na nova lei seria atinente ao significado de restrito, ou seja proibido por lei, ou
sob o prisma amplo: no sentido de contrário aos bons costumes, à moral e os princípios gerais de
direito, porém, à toda evidência, a doutrina de forma unânime, já inclinou para a aceitação no
sentido de dar guarida à interpretação mais condizente com o texto constitucional: toda prova
ilegal ou ilegítima é ilícita, portanto inadmissível no processo. A obtidas por meio de tortura é
uma delas, portanto: está vedada por lei.

No ensinamento de Nucci extrai-se que “Constitucionalmente, preferimos o entendimento


amplo do termo ilícito, vedando-se a prova ilegal e a ilegítima. Nesse contexto, abrem-se duas
óticas, envolvendo o que é materialmente ilícito (a forma de obtenção da prova é proibida por
lei) e o formalmente ilícito (a forma de introdução da prova no processo é vedada por lei). (...)
Em síntese, portanto, pode-se concluir que o processo penal deve formar-se em torno da
produção de provas legais e legítimas, inadmintindo-se qualquer prova obtida por meio ilícito” 1

No caso em apreço, o Requerente foi cruelmente torturado pelos policiais da Policia Militar,
para obtenção de uma versão na qual ele teria uma participação ativa na execução do ilícito
penal, fato, incontroversamente, constitutivo de obtenção de prova ilícita, proibida pela nova
lei, que deve ser de pronto desentranhado do processo.

EX POSITIS,

espera o Acusado/requerente ................., ouvido a Ilustre representante do Parquet, seja o


processo chamado á ordem para determinar o desentranhamento do interrogatório de fls.;
prestado no dia ...................., na Delegacia de Polícia, vez obtido com a violação do art. 5º, inc.
LVI, da Constituição Federal e art. 157 do Código de Processo Penal, com a nova redação que lhe
deu a Lei 11.690/2008, pois desta forma, Vossa Excelência, estará editando decisão compatível
com os mais elevados ditames do da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA

________________________

OAB
Pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante 1

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ................

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo ...........

Distribuição por Dependência

Do Protocolo nº ............

Código TJ.... - ..... - Pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante

......................., brasileiro(a), (est.civil), (Profissão), natural de ................, nascido no


dia ................, filho de ..................., RG ................ residente a rua ...................., nesta cidade, via
de seu advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LIV, LXV e LXI da Constituição
Federal, combinados com artigo 310, I, do Código de Processo Penal, com a nova redação dada
pela Lei 12.403/2011, requerer

RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante, em Apenso, (...) o Requerente, foi
ilegalmente preso, no dia ......., por volta das ....... horas, ou seja, há muitas horas após o fato,
quando se encontrava tranqüilamente em sua residência, no endereço retro citado,, pela
suposta prática de ilícito penal ocorrido no dia anterior por volta das ..... horas, sem que
houvesse sido perseguido ou encontrado em seu poder qualquer com instrumentos, armas,
objetos ou papéis que fizessem presumir ser ele autor da infração.

2Observe-se que a arma apreendida por ocasião da lavratura do ...., foi encontrada na
residência do menor .........., e não em poder do Requerente como declararam os policiais naquele
ato administrativo.

O Requerente possui endereço certo nesta cidade, conforme documentos acostados nos
autos ................., exerce ocupação lícita (doc....), sendo tecnicamente primário e possuidor de
bons antecedentes (doc....), e, embora em sua .... , registre a existência de uma ação penal na
comarca de ....., é evidente que se trata de pessoa homônima uma vez que em .......... o
Requerente contava com apenas ... (...) anos de idade, pelo que aquele antecedente criminal deve
ser desconsiderado.

DO DIREITO
Incrustada no pórtico das garantias e direitos fundamentais (art. 5º LXI CF), está a
imperatividade de que o status libertatis de qualquer cidadão não pode ser suprimido sem que
esteja em flagrante delito (art. 302 CPP) ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente.

Edita o artigo 302 do Código de Processo Penal;

Art. 302 - Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;


II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.

Consoante o entendimento esposado por nossa melhor doutrina processual penal, constitui
a liberdade física do indivíduo um dos dogmas do Estado de Direito, sendo natural que a
Constituição fixe certas regras fundamentais a respeito da prisão de qualquer natureza, pois a
restrição ao direito de liberdade, em qualquer caso, é medida extraordinária, cuja adoção deve
estar sempre subordinada a parâmetros de legalidade estrita.

No caso da prisão cautelar, essas exigências se tornam ainda mais rigorosas, diante do
preceito constitucional segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória” (art. 5.°, inc. LVII, CF); em face do estado de inocência
do acusado, a antecipação do resultado do processo representa providência excepcional, que não
pode ser confundida com a punição, somente justificada em situações de extrema necessidade.

Além desse postulado fundamental à disciplina da prisão de natureza cautelar, sobressaem


no texto da Lei Maior as garantias da jurisdicionalidade e do devido processo legal.

Neste parâmetro de imperativos constitucionais, tem-se que o auto de prisão em flagrante,


é sacramental e ritualístico, cujas formalidades exigidas por lei não podem ser alteradas,
invertidas ou omitidas, sob pena de torna-lo imprestável como instrumento legal de coerção da
liberdade individual do cidadão. Sendo assim, em um primeiro momento sua realização, com
relação ao mérito, deve obedecer as hipóteses definidas nos incisos do artigo 302 do CPP, e,
quanto a forma, a autoridade responsável por sua lavratura, somente poderá fazê-la depois de
obedecidas as condições de procedibilidade, impostas pela lei, mesmo após com o advento da
Lei nº 11.113, de 13.05.2005 - DOU 16.05.2005, que impes algumas alterações no Código de
Processo Penal.

Pois bem, in casu, o que emerge disso é a conclusão, sob a ótica inquestionável, de que
quando foi encontrado, já muitas horas após o fato, o Requerente, não estava mais em estado de
flagrância capaz de justificar sua prisão.
Ora, como se sabe de sobejo, o artigo 302, do CPP, preconiza que alguém só pode ser preso
em flagrante delito quando: 1 - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é
perseguido, logo após, pela autoridade, etc.; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
arma, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Vale lembrar, todavia, a esse propósito, a boa lição de JÚLIO FABBRINI MIRABETE, que
assim leciona:

“Não encontra fundamento algum a crença popular de que é 24h o prazo entre a hora
do crime e a prisão em flagrante, para permitir a captura do autor do crime. Não
tendo havido perseguição logo após o ilícito não é legal a prisão em flagrante
efetuada depois de vários dias, no dia seguinte, ou mesmo algumas horas após o
crime”. (grifei)1

A jurisprudência mais abalizada, vale gizar, é nesse exato sentido:

“Não tendo sido o indiciado surpreendido cometendo a infração penal, ou quando


acabava de cometê-la, e tampouco perseguido em situação que fizesse presumir fosse
o autor de diligências policiais, não há falar em flagrante delito” (TJSP, 568/253).

“Prisão em flagrante - Abigeato - Suínos encontrados abatidos na casa do acusado -


Furto que teria ocorrido 12h antes - Inexistência de percepção - Relaxamento - HC
concedido - Inteligência do artigo 302 do CPP. Prisão em flagrante. E ilegal quando
não se enquadra nas hipóteses do artigo 302 do CPP. Concessão da ordem” (TAPR,
Rel. Juiz COSTA LIMA, RT 589/389).

O quadro fático reclama, no caso, a anulação do auto de prisão em flagrante, pois se


ninguém está acima da lei, ninguém, da mesma forma, pode ficar ao seu desamparo, por pior
criminoso que seja.

Conforme entendimento consolidado pela doutrina e jurisprudência hodierna, em não


havendo a lei fixado extensão temporal nas expressões logo após e logo depois, estas só poderão
ser interpretadas restritivamente 2, não podendo o agente haver passado à prática de atos
estranhos a infração penal, não se permite, pois, uma elástica, ilimitada, subjetiva e perigosa
conceituação de quase-flagrância, para convalidar a legalidade do auto de prisão em flagrante.

Mesmo, invocando o temerário principio da razoabilidade, muito em voga, que constitui


uma criação administrativa para acudir e justificar a morosidade e improducência do poder
público na falta de cumprimento de seus misteres dentro dos prazos previstos em lei.

Flagrante, a rigor, tecnicamente não existiu e, pois, daí, é inevitável reconhecer-se a


arbitrariedade da prisão que pesa contra o Requente, Por isso que, inocorreu o estado de
flagrância, pois a prisão do paciente foi efetivada muitas horas após o conhecimento, pela
autoridade policial, dos fatos atribuídos àquele, sem que houvesse qualquer perseguição.

Vale ainda dizer que estão ausentes a hipóteses que autorizariam a custódia cautelar
processual, insertas no artigo 312 do Código Processo Penal, mesmo se tratando de crime de
natureza grave, haja vista que se perdeu na medieva história do direito a figura da prisão
preventiva compulsória, abolida em nosso ordenamento jurídico com o advento da Lei 6.416/77 e
a moderna escola da ciência criminal adotada pelos nossos Superiores Tribunais, conforme o
seguintes arestos;

Superior Tribunal de Justiça

“CRIME HEDIONDO - Prisão preventiva - Periculosidade.


1 - Representa constrangimento ilegal a negativa de liberdade provisória sob o
fundamento único de se tratar de crime hediondo.”(STJ - R-HC nº 7.656 - GO -
98/0036071-9 - 6ª T - Rel. Min. Fernando Gonçalves - J. 06.08.98 - DJU 28.09.98 - v.u).

Tribunal de Justiça de Goiás

“PRISÃO EM FLAGRANTE - Estado de flagrância não configurado.


Não caracterizada qualquer das hipóteses previstas no artigo 302, incisos I a IV, do
Código de Processo Penal, não pode subsistir a prisão efetuada pela autoridade
policial como sendo em flagrante delito. Improvimento do recurso oficial. (TJGO -
Rec. Ex-Officio de HC nº 38.536.224 - Corumbá de Goiás - 2ª Câm. - Rel. Des. Arinam
de Loyola Fleury - J. 30.03.95 - DJ 17.04.95 - v.u).
Tribunal de Justiça do Distrito Federal - TJDF.

“LATROCÍNIO - Crime hediondo - Prisão preventiva - Revogação - Inocorrência -


Prisão em flagrante - Requisitos - Legalidade - Cabimento.
PRISÃO PREVENTIVA REVOGADA - Inexistência dos pressupostos ensejadores - A
cautela provisória não é uma antecipação de tutela. A prisão preventiva somente
deve ser deferida e decretada ocorrendo alguma das hipóteses do artigo 312, do CPP,
já que não é uma antecipação de tutela. Inexistindo qualquer um dos requisitos
legais, é de se manter a v. sentença que revogou a cautela provisória. Recurso
conhecido e improvido.” (TJDF - RSE nº 1.725/97 - 1ª T. Crim. - Rel. Des. Pedro
Aurélio Rosa de Farias - J. 08.05.97 - DJ 14.08.97).

Tribunal de Alçada Criminal - TACrimSP.

“LIBERDADE PROVISÓRIA - Alegação de gravidade do delito - Irrelevância -


Concessão - Inteligência: artigo 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
artigo 311 do Código de Processo Penal, artigo 312 do Código de Processo Penal.
A singela alegação de gravidade do delito, por si só, não autoriza a restrição da
liberdade de quem reúne os atributos para aguardar solto o definitivo
pronunciamento judicial sobre a acusação.” (TACrimSP - HC nº 237.638/6 - 6ª Câm. -
Rel. Vanderlei Borges - J. 06.01.93 - RJDTACRIM 17/182).

Na realidade, o que paira contra a pessoa do Requerente, até o presente momento, é uma
mera suspeita da prática de um delito tido como grave, porém sem nenhuma evidência concreta
da realidade da autoria, mormente quando pela documentação em apenso, percebe-se que se
trata de jovem trabalhador, sem qualquer mácula judicial pretérita, e inexistente qualquer das
hipóteses autorizadoras de sua prisão preventiva inscritas no artigo 311 e 312 do CPP, dando com
isto ampla e irrestrita garantia ao juízo.
EX POSITIS,

espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e, após ouvido o ilustre representante
do Ministério Público, deferido em todos seus termos, relaxando-se a prisão em flagrante
ilegalmente perpetrada, determinando-se a expedição do competente alvará de soltura em seu
favor, pois desta forma Vossa Excelência estará, como de costume, restabelecendo o império da
Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Desaparecimento dos Motivos da
Decretação

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...................

“Um momento da conduta humana


não revela o conhecimento de um homem.”

..................., brasileiro, solteiro , uelorixá, residente no Loteamento ............, lote .......,


Jardim .........., na cidade de ...............,, via do advogado e defensor (m.j.), in fine assinado,
permissa máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos
termos do art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, combinado com art. 316, do Código de
Processo Penal requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA


face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1O requerente figura com indiciado no Inquérito Policial nº .............. em tramitação pela


Delegacia de Defesa da Mulher desta cidade, sob a suposta imputação de ter mantido conjução
carnal mediante fraude com a pessoa ....................., tendo sido preso em flagrante delito, que
posteriormente colocado em liberdade por força de decisão deste Ilustrado Juízo que lhe
concedeu o benefício da liberdade provisória, sob o comando normativo, do parágrafo único, do
art. 310 do CPP.

2Por um equivoco a autoridade policial, representou perante V. Exa., pela decretação da


prisão preventiva sob alegação de o Requerente estaria supostamente ameaçando a vitima, o que
não é verdade, conforme declaração de próprio punho da mesma, em apenso, (doc.....). Na qual
declara taxativamente, livre e conscientemente de que nunca fora ameaçado pelo
indiciado/requerente.

3Desta forma, Excelência, percebe-se que as ameaças atribuídas ao Requerente, em


desfavor da pessoa da vítima, jamais foram proferidas, e, ficaram consignadas na representação
em razão de um lamentável equivoco da autoridade policial, conforme esclareceu, a suposta
vítima, ............., em depoimento prestado perante o Ministério Público local recentemente
(doc. .......), onde retrata e nega a existência das suscitadas ameaças.

4O Requerente, pretende se fazer presente durante todos atos da instrução criminal onde,
sob o manto do contraditório, irá provar que os fatos não ocorreram da forma descrita na portaria
que deu início ao inquérito policial, nem tampouco no relato inscrito na representação pela
prisão preventiva.
5Das três hipóteses, alinhavadas no art. 312, do CPP, nenhuma se faz presente no atual
momento processual, se se detiver uma análise sóbria do conjunto de provas até aqui
produzidas, inclusive, com a documentação que instrui o presente pedido, que constitui fatos e
provas novas, e que dão conta de o Requerente é pessoa de bem, trabalhadora, sem qualquer
mácula processual pretérita que pudesse chegar a ilação ou presunção de que em liberdade
continuariam na senda criminosa ou atentaria contra a incolumidade física da suposta vítima.

6Conforme documentos inclusos, temos que o Requerente, é ielorixá, trabalhando no


Centro Espírita .............., onde goza do respeito e admiração de todos que com ele convivem, pai
dedicado de duas crianças: ............ de ....... (....) anos e ....... de apenas .......... (....) anos de idade,
os quais dependem exclusivamente dos proventos de sua atividade laborativa para subsistirem,
e, ainda, é de excelentes antecedentes, primário, nunca tendo praticado qualquer infração penal
por mais insignificante que seja..

7A viabilidade da presente súplica, encontra seu respaldo jurídico no artigo 316, do CPP,
que na ótica do mestre Julio Fabbrini Mirabete: ...”Também é possível que o juiz, apreciando o
conjunto probatório amealhado após a decretação da medida cautelar, verifique que ela é
desnecessária ou inconveniente, o que permite também sua revogação” (Código de Processo
Penal Interpretado – 8ª Edição – Pág.710).

8Concluindo, tem-se que as ameaças denunciadas pela suposta vítima foram retratadas, e
com a juntada da inclusa documentação aos autos, verifica-se que houve a ocorrência de fatos
novos, demonstrativos de que os motivos da decretação da prisão preventiva deixaram de existir,
dando ao Juízo uma nova visão da personalidade, do caráter e da vida social e familiar do
Requerente, não havendo quaisquer indícios de esteja com intenção de conturbar o bom
andamento das investigações policiais ou da eventual instrução criminal,

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e depois de
ouvido o ilustre representante do Parquet, deferido para o fim de revogar suas prisões
preventivas, nos termos do artigo 316 do CPP, mandando que se expeça em favor dos
Requerentes o competente ALVARÁ DE SOLTURA, se comprometendo desde já se fazer presente
a todos atos processuais, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o império da
Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Pedem deferimento.

Local e data

_________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Endereço Não Encontrado Pelo
Oficial de Justiça

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .......

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo ..............

Por dependência – do Protocolo ...............,

Código TJ..... - ...... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

......................, brasileiro(a), Est.civil, Profissão, nascido em ........., em ............., filho


de ......................, residente na Rua ...................., ............, via de seu advogado in fine, assinado,
(m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 5º, LVI e LV, de nossa Carta Magna, combinado com art. 564, III,
“e” e 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

por ocorrência de nulidade absoluta do processo “ab nitio” , a partir das fls. 65, e face aos fatos e
fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1O Requerente foi denunciado, sob a suposta infringência da norma proibitiva contida no
art. 121 do CPB, tendo sido decretada sua prisão por pronúncia as fls......., (doc.....) em virtude
de ter sido considerado “em lugar incerto e não sabido”.

2Ocorre, excelência, que durante a persecução administrativa policial, o Requerente


indicou seu endereço as fls..........., como sendo: Rua ..............., Bairro ............, e, por um
lamentável lapso o Mandado de Citação de fls....., constou equivocadamente “Bairro ............”.
(doc....).

3Se não bastasse aquele equívoco da escrivania, em datilografar o endereço incorreto, o


saudoso amigo do causídico que esta subscreve, Elmo ........., então Meirinho incumbido de
cumprir aquele mandado, somente procurou pelo irmão do Requerente, o co-réu ........,
(doc..........) o qual forneceu dados inverídicos a cerca do seu paradeiro, o que não desobrigava o
nobre Oficial de Justiça de procurar pelo endereço cifrado no mandado, vez que a citação, no
processo penal, é ato de caráter personalíssimo dirigido exclusivamente a pessoa do réu.

4Assim sendo, ocorreu, irremovível e irremediável nulidade absoluta do processo, por


deficiência da citação editalícia, pois, esta também foi contaminada de eiva insanável, vez que
nenhuma diligência foi feita após o cumprimento do mandado, no sentido de esgotar os meios de
localizar o Acusado, ora Requerente.

5O Por via de consequência, uma vez que não se instalou e completou o actium trium
personarum, a prisão decretada não pode ser tida como legal, configurando notório
constrangimento ilegal.

6O Requerente/acusado, fez acostar no esdrúxulo e disparatado pedido protocolizado sob


nº ..............., documentos que dão conta de sua vida social, laborativa e familiar, bem como do
endereço onde poderá ser encontrado após o restabelecimento da regularidade processual, não
existindo, no momento, qualquer hipótese autorizativa de sua prisão preventiva.

DO DIREITO
A viabilidade jurídica do presente pedido assenta-se no art. 5º, LIV e LV, da Constituição
Federal combinado com art. 564, III, “ e”, 216 e 251 e seguintes do Código de Processo Penal, é
manejado tempestivamente e endereçado ao Juízo detentor da Jurisdição responsável pela
entrega da tutela jurisdicional invocada, vez que trata-se de reconhecimento de nulidade
absoluta do processo, matéria esta que não está sujeita ao alcance da res judicata ou preclusão.

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, em decorrência do


princípio da ampla defesa, assegurado pela Constituição Federal (art. 5º, LV), é imprescindível
que sejam os acusados cientificados da existência do processo e todo seu desenvolvimento 1,
sendo, pois, a citação um dos atos mais importantes do processo, porque através dela se inaugura
a própria ação2. Não pode, a citação ser realtivizada, relegada ou que paire a mais leve dúvida
quanto a sua efetiva realização. Se dúvida ou incerteza há, nulifica-se todo o feito, porque
postergado princípio básico do direito de defesa.3

A mestra Ada Pellegrine Grinover, leciona que a efetividade dos diversos atos de
comunicação processual representa condição indispensável ao pleno exercício dos direitos e
faculdades conferidos às partes; sua falta ou imperfeição implica sempre prejuízo ao
contraditório, comprometendo toda atividade subsequente. 4

No caso em apreço, está claro e evidente, que o direito de citação do Requerente/Acusado,


foi preterido injustificadamente, por ter em primeiro lugar sido expedido mandado de citação
com endereço diverso daquele oferecido pelo Acusado, em segundo lugar, o nobre ....... deixou de
cumprir integralmente a ordem, se dirigindo apenas ao endereço de um dos réus onde obteve
informação de estariam os demais réus em lugar incerto e não sabido, e, por último não há
registro nos autos de que o Juízo esgotou todos meios de localização do Acusado, para, só aí,
lançar mão da citação editalícia.

Nossos Tribunais superiores levados a apreciar a matéria ventilada assim se posicionaram:

“Em tema de citação não se pode presumira o conhecimento do citando fora dos
casos e dos limites fixados pela lei. Assim, como ato substancial à instauração da lide
egarantia do contraditório, a citação inicial há de ser perfeita, sendo que qualquer
defeito ainda que decorrente de simples erro material, importa em nulidade do
chamamento, trazendo “in re ipsa” ´presunção de prejuízo para o réu”
“CITAÇÃO - Edital - Nulidade - Publicação com incorreção quanto ao nome do citado
- Hipótese que fere o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório. Se
o edital de citação foi publicado com incorreção quanto ao nome do citando, tem-se
configurada nulidade absoluta por ofensa ao princípio constitucional da ampla
defesa e do contraditório, contagiando todos os demais atos processuais
subsequentes.

CITAÇÃO - Edital - Inadmissibilidade quando não esgotadas, de modo satisfatório, as


diligências para localização do acusado, que em interrogatório perante Juízo de outra
comarca atualizou seu endereço. Não esgotadas de modo satisfatório as diligências
para a citação pessoal do acusado que em interrogatório perante Juízo de outra
comarca indicou o endereço atualizado da sua residência, dado esse oportunamente
comunicado ao órgão policial do lugar da infração, não se justifica seja ele citado por
edital.” (STF - HC nº 75.743-0/RJ - 2ª T - Rel. Min. Maurício Corrêa - J. 09.09.97 - DJU
28.11.97). (RT 752/523/524)

“CITAÇÃO POR EDITAL - Réu não localizado - Diligência insuficiente - Nulidade


absoluta. Não e cabível a citação editalícia em não se comprovando terem sido
esgotados todos os meios para a localização do réu, por configurar cerceamento do
direito de defesa, a impor a nulidade absoluta do processo. no mesmo sentido HC nº
143877-7 1ª C. Criminal Rel. Juiz S. Ventura 06.10.92 Ap. Cível nº 194859-8 3ª C.
Civil Rel. Juiz D. De Paula 29.11.95 Ap. Crim. nº 188071-7 1ª C. Criminal Rel. Juiz S.
Braga 07.11.95.” (TAMG - Proc. nº 1.139.937 - Itabirito - Rel. Juiz Odilon Ferreira - J.
04.06.91).

“REVISÃO CRIMINAL - Nulidade da citação edital, porquanto o réu não foi


procurado em um endereço expressamente mencionado nos autos, mui
provavelmente foi cumprido o mandado de prisão - Nulidade absoluta, que deve ser
declarada na revisão, à luz do disposto no artigo 626, parágrafo único, do Código de
Processo Penal - Pedido deferido.

REVISÃO CRIMINAL - Nulidade da citação edital, porquanto o réu não foi em um


endereço expressamente mencionado nos autos, mui provavelmente onde foi
cumprido o mandado de prisão - Nulidade absoluta, que deve ser declarada na
revisão, à luz do disposto no artigo 626, parágrafo único, do Código de Processo
Penal - Pedido deferido.” (TJSP - Rev. Crim. nº 227.270-3 - Pederneiras - 2º Grupo de
Câmaras Criminais - Rel. Walter Guilherme - J. 07.04.98 - m.v).

Neste diapasão, é imperiosa a conclusão de que o erro ou falha na realização do ato


citatório, provocado por um lapso ou equívoco, da máquina judiciária, não pode ser debitado em
prejuízo do status libertatis e status dignitatis do Requerente/acusado, impondo-se o
chamamento do processo à ordem decretando-se a nulidade do feito ab initio e revogando-se sua
custódia processual.

O Requerente/acusado, conforme documentação acostada aos autos ..............., é portador


de excelente conduta vida social, exerce atividade laborativa lícita e possui família regularmente
constituída, que depende de seu labor para se sustentar, bem como tem endereço certo onde
poderá ser encontrado após o restabelecimento da regularidade processual, além de
tecnicamente primário, não estando presente, no momento, qualquer hipótese autorizativa de
sua prisão preventiva.
EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e ao
pedido ................, e depois de ouvido a ilustre representante do Parquet, deferido para o fim
decretar a nulidade do processo a partir da citação, e conseqüentemente, revogar sua prisão
preventiva, nos termos dos dispositivos legais retro perfilados, mandando que se expeça em seu
favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local, data

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Estupro

EXM. SR. DR. JUIZ DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .....................

RÉU PRESO - URGENTE

Por dependência – do Protocolo ...........

Código TJ... - ... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

......................., brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), nascido em ..............,


em ..........., filho de ...................., residente na Rua ......................., via de seu advogado in fine,
assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 5º, LVI e LV, de nossa Carta Magna, combinado com art. 316, do
Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1O Requerente foi indiciado pelo inquérito policial tramita pela Delegacia de Defesa da
Mulher , sob a suposta pratica do ilícito penal contido na norma incriminadora do art. 213- 121
do CPB,o fato ocorrido no dia ................... neste município.

2Enquanto a policia buscava a elucidação das circunstancia em que ocorrera o fato,


quando ainda incerta autoria do mesmo , o requerente livre e espontaneamente procurou pela
autoridade policial expondo detalhadamente, como o padrasto da vítima projetou e executou.

3Conforme, demonstram os documentos que instruem o presente pedido, o Requerente


possui endereço certo e sabido, nesta urbe, exerce ocupação lícita, possui família regularmente
constituída, inclusive, hoje contando com 66 anos de idade, é responsável pela criação e
educação de seu neto, .................. de apenas seis anos de idade, (doc.), sendo tecnicamente
primário e de bons antecedentes.
DO DIREITO
Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado, por
sentença penal condenatória, somente poderá ser convalidada se presentes além dos
pressupostos básicos e necessários, que se atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam:
garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e asseguração de eventual pena a
ser imposta, conforme se detrai do artigo 312, do Código de Processo Penal.

Ordem pública, como de curial sabença é a paz e a tranqüilidade geral, hipótese peculiar
aos delinqüentes contumazes cuja liberdade se mostra atentatória à harmonia social face a
periculosidade manifesta de seus destinatários, situação que no caso vertente, em momento
algum se faz presente uma vez que o Requerente é de excelente antecedentes e jamais infringiu
qualquer norma penal por mais insignificante que seja.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. Nos presente caso, à sobeja se demonstrou que o Requerente é radicado no distrito da
culpa, onde tem raiz- patrimonial, social, laborativa e familiar.

Ainda, mais com os novos horizontes delineados pela Lei 12.403/2011, que alterou de
sobremaneira a matéria referente a prisão e a liberdade provisória dentro do Código de Processo
Penal, ao munir os magistrados com medidas cautelares diversas da prisão preventiva, como
forma de dar garantia ao bom andamento do processo, resguarda a ordem pública e garantir a
aplicação da lei penal, como verdadeiros instrumentos acautelatórios do processo sem se
descuidar dos princípios e garantias do cidadão, assegurados pela Constituição Federal.

Ao tempo da decretação da prisão preventiva, do Requerente, como bem expressa a decisão


acerca da impossibilidade, naquele momento, de conceder-lhe o benefício da liberdade
provisória, por falta de elementos objetivos que dessem suporte para tal, porém essa realidade,
no tempo atual já não se faz presente, com a documentação inclusa a demonstrar ser possuidor
dos requisitos legais para a obtenção da referida benesse, pela inteligência extraída do comando
normativo do art. 316, do Código de Processo Penal, que assim edita:

Na ótica do mestre Julio Fabbrini Mirabete o pedido se viabiliza: ...”Também é possível que
o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação da medida cautelar,
verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que permite também sua revogação”
(Código de Processo Penal Interpretado – 8ª Edição – Pág.710) .

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e
depois de ouvido a ilustre representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão
preventiva, determinando que se expeça a competente contra-ordem de prisão, para o imediato
recolhimento dos respectivos mandados expedidos contra sua pessoa, pois desta forma Vossa
Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.
Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Garantia da Ordem Pública –
Assegurar a Aplicação da Lei Penal

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo .............
Código TJ........... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

......................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu advogado in fine, assinado, permissa máxima vênia, vêm perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LVI, de nossa Carta
Magna, combinado com artigo 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA


face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1O requerente responde a uma Ação Penal em tramitação por este Ilustrado Juízo (autos
nº .............), na qual Vossa Excelência entendeu por bem decretar sua prisão preventiva, para
assegurar a aplicação da Lei Penal e com garantia da ordem pública.
2Como a prisão preventiva foi decretada em data próxima a ocorrência do fato, o
Requerente, visando preservar este Ilustrado Juízo, no sentido e revogar aquele decreto, buscou
a cassação perante o Egrégio Tribunal de Justiça de nosso Estado, via de habeas Corpus,que foi
indeferido, porém, em seu voto o eminente Relator se reportou da seguinte forma:

“... No que tange aos fundamentos que sustentam o decreto prisional, vejo-os como
suficientes, até porque é ao Juiz do feito que se deve creditar a faculdade de valorar
as circunstâncias e apreciara necessidade da decretação da prisão diante dos fatos
objetivos emergentes dos autos”

3Com o excerto acima, percebe-se que o julgador ad quem abriu a possibilidade da ilustre
Magistrada, presidente do processo de conhecimento, apreciar a matéria com mais inteireza, vez
que mais próxima do cenário onde ocorreram os fatos, além de estar mais bem sintonizada com
a sociedade onde viviam seus protagonistas.

4 Conforme iluminado voto do eminente Desembargador João Batista de Faria Filho,


no HC 10.689, da 1ª Câmara Criminal, assim leciona: é sabido que todo crime conturba a vida
em sociedade. Entretanto, comumente, esse desequilíbrio é passageiro e se a permanência do
paciente em liberdade não põe em risco a ordem pública a prisão preventiva deixa de ser uma
necessidade. Razão, esta que levou o Requerente num primeiro momento buscar no superior
grau de jurisdição a restituição de seu status libertatis, e, somente agora, depois de dissipadas
impressões e sensações que geralmente sucedem a fatos desta ordem, já num ambiente de
tranqüilidade, é que vem perante Vossa Excelência suplicar pela revogação de sua custódia
processual.

5O Requerente, pretende deixar registrado, que em nenhum momento desejou se furtar à


ação da justiça, tanto que se apresentou a autoridade policial no dia seguinte, e, só não o fez
nesta cidade em virtude da decretação prematura de sua prisão temporária, além do natural
receio de retaliação por parte dos familiares da vítima.

6Há que se ressaltar, ainda, que a saída do local do fato delituoso é reação natural de
qualquer cidadão, não podendo ser confundido com intenção de fugir da ação policial ou
judicial. Tanto, que o Requerente se apresentou na delegacia de policia da cidade de .............,
cujo delegado estava revestido da mesma autoridade daquele que presidia o inquérito aqui
em .........., pelo que não pode ser desconsiderada sua apresentação espontânea como válida.

7Embora não tenha comparecido para ser interrogado no dia designado, em respeito à
justiça, prontamente apresentou justificativa de sua ausência, à Vossa Excelência, além de juntar
aos autos, vasta documentação acerca de sua conduta social, demonstrando, inequivocamente,
seu desejo de acompanhar o andamento do feito, seja pessoalmente ou através de seu defensor
constituído, conforme lhe faculta o artigo 366, do CPP, com a nova redação dada pela Lei nº
9.271, de 17 de abril de 1996, bem como trouxe novas provas de que a revogação da prisão se
torna viável no momento.

8De mais a mais, s.m.j., a ausência do réu no interrogatório não constitui conduta
atentatória ao bom andamento da instrução criminal, pois, a sanção processual decorrente do
não comparecimento, é o seguimento normal da ação, quando há advogado constituído, ou, em
caso contrário, a suspensão do feito e do prazo prescricional, não sendo assim, motivo para
decretação ou manutenção da prisão cautelar.

9Com relação à decretação da prisão preventiva face a gravidade do delito imputado,


deixou de existir no nosso ordenamento jurídico com advento da Lei 5.941/73, quando foi
sepultada a figura arcaica da prisão preventiva compulsória ou obrigatória, sendo que
hodiernamente impera o entendimento de que esta medida drástica e excepcional, somente
poderá ter lugar quando imprescindível e necessária para garantir a ordem pública, contra
futuras ações criminosas do Acusado; por conveniência da instrução criminal, nos casos em que
se evidencia que o imputado em liberdade poderá praticar atos atentatórios ao bom andamento
do processo; e, por fim, para garantir a aplicação da lei penal, quando seus destinatários não
tiverem raízes ou vínculos no distrito da culpa, facilitando sua evasão ou ocultação no caso de
possível aplicação de pena.

10 Das três hipóteses, acima alinhavadas, nenhuma se faz presente no atual momento
processual, se se detiver uma análise sóbria do conjunto de provas até aqui produzidas,
inclusive, com a documentação acostada aos autos após a decretação da custódia.

11 Não se pode, também, confundir o deferimento do presente pedido com a


concessão de liberdade provisória, visto que para delito em apreço existe a vedação legal da Lei
Hedionda. Aqui se pleiteia a cassação da medida cautelar com restituição do status quo ante, ao
passo que naquele benefício vedado por lei exige-se que o acusado esteja efetivamente preso.

12 A viabilidade da presente súplica, encontra seu respaldo jurídico no artigo 316, do


CPP, que na ótica do mestre Julio Fabbrini Mirabete: ...”Também é possível que o juiz, apreciando
o conjunto probatório amealhado após a decretação da medida cautelar, verifique que ela é
desnecessária ou inconveniente, o que permite também sua revogação” (Código de Processo
Penal Interpretado – 8ª Edição – Pág.710).
13 Conforme, documentos acostados aos autos principais, o Requerente, é pessoa
radicada em .......................... desde a infância, aqui constituiu família, e desempenha um papel
relevante nesta sociedade como empresário, não havendo quaisquer indícios de esteja com
intenção de se esquivar ou fugir do persecutio criminis in judicio.

EX POSITIS,
Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e após
ouvido o ilustre representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão preventiva,
nos termos do artigo 316 do CPP, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO
CONDUTO, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito
e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local e data

_____________________
OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Gravidade do Crime

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ..........................

Código TJ... - ... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

........................................................., brasileiro(a), (Est.Civil), (Profissão) , residente à


rua ....................., nesta Cidade , via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, artigo 5º, LVI, de nossa Carta
Magna, combinado com artigo 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1O requerente responde a uma Ação Penal em tramitação por este Ilustrado Juízo (autos
nº .......), na qual Vossa Excelência entendeu por bem decretar sua prisão preventiva, para
assegurar a aplicação da Lei Penal e com garantia da ordem pública. Conforme trecho da
Sentença a seguir:

“... o delito imputado a ........................... é grave e seus antecedentes, demonstram


péssimas condutas sociais” (Grifei).

2Percebe-se que a conclusão desse Ilustrado Juízo com relação aos antecedentes judiciais
do requerente partiram de informações equivocadas por parte da autoridade policial, pois, o
mesmo não possui qualquer registro criminal pretérito, conforme certidão de antecedentes
criminais de fls.

3Por outro lado o requerente possuí endereço certo e sabido (doc....), nunca esteve
homiziado ou foragido, exerce ocupação lícita conforme declaração em apenso (doc....).

4Tanto a doutrina mais abalizada quanto a jurisprudência hodierna, tem proclamado que
em casos de desaparecimento das razões que, originalmente, determinaram a decretação da
custódia provisória, deixa a mesma carente de justo motivo para sua manutenção, conforme o
ensinamento de Júlio Fabbrini Mirabete:

“A prisão preventiva tem a característica de rebus sic stantibus, podendo ser


revogada conforme o estado da causa, ou seja, quando desapareceram as razões de
sua decretação durante o processo. Não estando presentes os motivos que a
determinaram, não deve ser mantida diante de seu caráter excepcional. Assim, se foi
decretada para garantir a instrução criminal, finda esta deve ser revogada. Também é
possível que o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação
da medida cautelar, verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que
permite também sua revogação” (in, “Código de Processo Penal Interpretado”, Ed.
Atlas.pag.383)

5No mesmo diapasão é o entendimento esposado por nossos tribunais superiores,


conforme os seguintes arestos:
“HABEAS CORPUS - Roubo - Subtração de R$330,00 de uma padaria, mediante
grave ameaça exercida com o porte na cintura de uma faca - Conversão da prisão em
flagrante em preventiva - Necessidade da constrição para garantia da ordem pública -
Ausência de fundamentação concreta a justificá-la - Motivação restrita à gravidade
abstrata do delito - Condições pessoais favoráveis - Constrangimento ilegal
caracterizado - Fixação de fiança - Ordem parcialmente concedida.
1. Configura constrangimento ilegal a conversão da prisão em flagrante em
preventiva, motivada exclusivamente na gravidade abstrata do delito, mormente
porque as circunstâncias fáticas do crime de roubo não foram capazes de ultrapassar
a gravidade do próprio tipo penal, sobretudo porque não houve emprego de arma de
fogo e nem de violência contra a vítima, de modo que não se justifica a necessidade
da prisão cautelar do paciente com fundamento na garantia da ordem pública.
2. Não se cuidando de conduta que leve à comprovação de se tratar de pessoa
perigosa, cuja liberdade deva ser cerceada até o desfecho do processo, para a garantia
da ordem pública, e, considerando suas condições pessoais favoráveis - primário,
detentor de bons antecedentes, estudante, com residência fixa e ocupação lícita
comprovadas -, a manutenção da excepcional constrição cautelar não subsiste.
3. O valor da fiança, a ser fixado em conformidade com as disposições do artigo 325
do Código de Processo Penal, somente poderá ser dispensado ou reduzido em até o
máximo de 2/3, se restar demonstrado nos autos que a situação econômica do preso
assim recomenda, nos termos do artigo 325, parágrafo 1º, incisos I e II, do Código de
Processo Penal.
4. Existindo elementos nos autos a indicar que o paciente não é de todo desprovido
economicamente, mas que a fixação da fiança no mínimo legal exigido no caso dos
autos, ou seja, em 10 (dez) salários mínimos, se mostra demasiada para quem recebe
R$ 900,00, razão pela qual a reduzo em 2/3, a fim de fixá-la em R$ 2.070,00, nos
termos do artigo 325, parágrafo 1º, inciso II, do Código de Processo Penal.

5. Ordem parcialmente concedida para deferir ao paciente liberdade provisória


condicionada ao pagamento de fiança no valor de R$ 2.070,00, nos termos do artigo
325, inciso I, c/c parágrafo 1º, inciso II, do Código de Processo Penal, sem prejuízo de
que o Juízo a quo fixe outras medidas cautelares diversas da prisão, se entender
necessário, confirmando a liminar anteriormente deferida.” 1

“HABEAS CORPUS - Crime contra a saúde pública - Tráfico de drogas (artigo 33 da


Lei nº 11.343/2006) - Prisão em flagrante convertida em preventiva. Discussão
probatória inviável na via estreita do writ. Não conhecimento neste ponto. Decisão
que indeferiu o pedido de liberdade provisória e manteve a segregação cautelar sem
fundamentação idônea. Exegese do artigo 310, parágrafo único, do Código de
Processo Penal. Ausência de análise dos requisitos do artigo 312 do Código de
Processo Penal. Decisão que viola o disposto no artigo 93, inciso IX, da Constituição
Federal. Existência de materialidade e indícios de autoria que, por si só, não
autorizam a manutenção da segregação cautelar. Constrangimento ilegal configurado.
Ordem conhecida em parte e concedida.”2

6Portanto, Excelência, no momento não mais persistem os motivos que ensejaram a


decretação da prisão preventiva do Requerente, nem qualquer circunstância ou fato a indicar a
necessariedade da manutenção de sua custódia cautelar de caráter processual.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, e após ouvido o ilustre representante
do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão preventiva, nos termos do artigo 316 do
CPP, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO CONDUTO, pois desta forma
Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local, data.

_________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Cárcere Privado

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ...................

Código TJ.....- ....- Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

..................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente na ..................., nesta cidade, via


de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, artigo 5º, LVI, de nossa Carta Magna, combinado com artigo 316
do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1A Requerente foi indiciada em inquérito policial que tramita pela Delegacia de Polícia de
Defesa da Mulher de ............., sob a suposta prática do ilícito penal contido na norma
incriminadora do art. 148, § 2º, do Código Penal em que figura como vítima sua enteada
..............., a qual vive em sua companhia desde o início do ano .................

2Injustificadamente a autoridade policial representou pela decretação da prisão preventiva


da Requerente, pois desde que tomou conhecimento da busca e apreensão procurou
urgentemente retornar ao Brasil, chegou aqui no dia ........ passado, com a finalidade de
esclarecer todos os fatos equivocadamente denunciados, inclusive efetuou um telefonema para a
Doutora Delegada no dia ....... do mesmo mês se prontificando a comparecer na delegacia para
ser ouvida, sendo que aquela autoridade lhe afirmou que aguardasse ser intimada.

3Insatisfeita, a Requerente, solicitou ao subscritor do presente pedido que verificasse o


andamento do Inquérito pois estava muito preocupada com a situação de sua filha ..............,
sendo que fomos até a Delegacia da Mulher, no dia ....., informamos a ....., que a indiciada
desejava esclarecer todos os fatos e colaborar no que pudesse para que tudo fosse esclarecido, e,
em resposta a delegada informou que era cedo para ouvi-la, uma vez que pretendia colher os
demais depoimentos para no final ouvir a indiciada e que não era caso de representação de
Prisão Preventiva, ainda mais que a indiciada já havia ligado para ela se colocando a disposição.

4A denúncia anônima oferecida contra a pessoa da Requerente, foi feita de modo capcioso,
desonesto e injusto, e por pessoas maldosas que desconhecessem o dia a dia de luta e dedicação
que ela tem por sua filha ....., ou talvez motivada por interesses escusos, conforme ela mesma
reconhece na declaração escrita no dia ........ e as prestadas perante a Promotoria de Justiça, em
anexo: (doc....)

“Quero deixar registrado aqui que, se na vida tive momentos bons, devo eles a a
minha segunda mãe ........................, que me cuida incansavelmente e luta para
proporcionar uma vida a qual se pode chamar de digna de ser vivida. Agradeço a ela
a toda família pelo esforço, pelo amor que tem por nós e pelo carinho com o qual nos
tratam’.(Grifei).

5A Requerente, tem profundo sentimento de amor pelos seus enteados, que os considera
como filhos, principalmente por ....., em razão ter saúde muito debilitada, e jamais restringiu sua
liberdade de locomoção ou submeteu a maus tratos, com intuído de espezinhar e ou infligir
sofrimento, porém em razão dos distúrbios de saúde (doc.....) a mesma deve ser tratada de forma
diferenciada e com redobrados cuidados.

6Pelo simples fato da Requerente ter procurado espontaneamente e através de seu


advogado, a delegacia para esclarecer os fatos, demonstra a falta de intenção de sair do país e
fugir de possível aplicação da lei penal, principalmente porque quando recebeu a notícia de que
sua filha havia sido apreendida pela polícia, imediatamente retornou ao nosso país. Ora, sua
intenção fosse fugir da Justiça teria ficado na Suíça.

7O fato de ter dito a testemunha .............., que viajaria para o ..... em junho deste ano, é
pura invencionice daquela senhora, pois embora tenha um namorado que mora lá, e, que é de
notório conhecimento de todos amigos e familiares jamais abandonaria seus filhos em momento
deste.

8Conforme cópia dos prontuários médicos, verifica-se que .... sempre foi tratada com zelo e
dedicação e pelas inúmeras vezes em que foi atendida se fez acompanhar pela requerente numa
demonstração de preocupação com seu estado de saúde. (doc...).

9Por outro lado, conforme declarações em apenso, a Declarante, é pessoa de excelente


conduta social e familiar, nunca tendo infringido qualquer norma penal, além de exercer
ocupação lícita. (doc..... )

10 Tanto a doutrina mais abalizada, quanto a jurisprudência hodierna, tem


proclamado que em casos de desaparecimento das razões que, originalmente, determinaram a
decretação da custódia provisória, deixa a mesma carente de justo motivo para sua manutenção,
conforme o ensinamento de Júlio Fabbrini Mirabete:

“A prisão preventiva tem a característica de rebus sic stantibus, podendo ser


revogada conforme o estado da causa, ou seja, quando desapareceram as razões de
sua decretação durante o processo. Não estando presentes os motivos que a
determinaram, não deve ser mantida diante de seu caráter excepcional. Assim, se foi
decretada para garantir a instrução criminal, finda esta deve ser revogada. Também é
possível que o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação
da medida cautelar, verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que
permite também sua revogação” (in, “Código de Processo Penal Interpretado”, Ed.
Atlas.pag.383)

11 No mesmo diapasão é o entendimento esposado por nossos Tribunais Superiores,


conforme os seguintes arestos:

“HABEAS CORPUS - Decisão indeferitória do pedido de liberdade provisória -


Irresignação - Alegação de haver falta de fundamentação - Subsistência do pleito -
Decisão genérica - Ausência de menção às hipóteses do artigo 312 do CPP - Prisão
provisória com base na falta de requisitos objetivos e subjetivos do paciente, sem
apontar um elemento concreto - Motivo insuficiente a ensejar a custódia cautelar -
Concessão do writ.
1. A decisão que decreta a prisão preventiva ou a que indefere pedido de liberdade
provisória deve, obrigatoriamente, demonstrar a ocorrência concreta dos requisitos
da custódia cautelar e, não, se basear, apenas, em ilações genéricas, tais como, a
periculosidade do agente e a gravidade do crime. Assim, tem o magistrado que
encaixar os atos negativos praticados pelo acusado nas hipóteses do artigo 312 do
CPP.
2. Sendo o Decreto preventivo genérico quanto às hipóteses do artigo 312 do CPP e,
ainda, tendo, somente, se apoiado na suposta periculosidade do agente, por si só, não
é suficiente para a segregação preventiva, se o réu não praticou qualquer ato
indicativo da necessária cautelar, sofrendo, assim, coação ilegal ao permanecer
segregado cautelarmente, o que impõe a concessão do remédio heróico.
3. “A existência de indícios de autoria e prova da materialidade, bem como o juízo
valorativo sobre a gravidade genérica do delito imputado ao paciente e acerca de sua
suposta periculosidade, não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão
cautelar, se desvinculados de qualquer fator concreto.” 1

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.
1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da
necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.
2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra
antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.
3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a
todos os atos do processo.”2
12 Pelo que foi exposto, verifica-se que a representação pela decretação da prisão
preventiva, carente de fundamentação, precipitada, desnecessária, e sem amparo em dados
concretos que pudessem lhe sustentação legal, vez que foi elaborada com apoio em conjecturas e
presunções, não podendo persistir a coerção da liberdade da Requerente.

13 Sem pretender ingressar no mérito do feito, não se deve confundir cárcere privado,
com excesso de zelo ou um tratamento equivocado, pois lá se exige a demonstração inequívoca
da intenção de tolher a liberdade de locomoção de outrem, enquanto que aqui o desvio pode
ocorrer por um desconhecimento da forma exata de proceder ou talvez o receio de provocar um
mal a saúde da pessoa que se ama.

14 Portanto, Excelência, com a apresentação da documentação em apenso, verifica-se


que no momento não mais persistem os motivos que ensejaram a decretação da prisão preventiva
da Requerente, nem qualquer circunstância ou fato a indicar a necessariedade da manutenção de
sua custódia cautelar de caráter processual.

EX POSITIS,

Espera a Requerente, seja presente pedido recebido, e após ouvido o ilustre representante
do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão preventiva, nos termos do artigo 316, do
CPP, mandando que se expeça em seu favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta
forma Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Requer, ainda, seja oficiada autoridade policial, no sentido de informar, com urgência, a
este Ilustrado Juízo, se realmente a Requerente e seu patrono a procuraram antes da decretação
da prisão preventiva, para prestar suas declarações e colaborar no que fosse possível para a
elucidação dos fatos.

Pede deferimento.

Local, data

___________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Endereço não Encontrado pelo
oficial de justiça

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .......

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo ..............

Por dependência – do Protocolo ...............,

Código TJ..... - ...... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

......................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, nascido em ........., em .............,


filho de ......................, residente na Rua ...................., ............, via de seu advogado in fine,
assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 5º, LVI e LV, de nossa Carta Magna, combinado com art. 564, III,
“e” e 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

por ocorrência de nulidade absoluta do processo “ab nitio” , a partir das fls. 65, e face aos
fatos e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1 O Requerente foi denunciado, sob a suposta infringência da norma proibitiva contida no
art. 121 do CPB, tendo sido decretada sua prisão por pronúncia as fls......., (doc.....) em virtude
de ter sido considerado “em lugar incerto e não sabido”.

2 Ocorre, excelência, que durante a persecução administrativa policial, o Requerente


indicou seu endereço as fls..........., como sendo: Rua ..............., Bairro ............, e, por um
lamentável lapso o Mandado de Citação de fls....., constou equivocadamente “Bairro ............”.
(doc....).

3Se não bastasse aquele equívoco da escrivania, em datilografar o endereço incorreto, o


saudoso amigo do causídico que esta subscreve, Elmo ........., então Meirinho incumbido de
cumprir aquele mandado, somente procurou pelo irmão do Requerente, o co-réu ........,
(doc..........) o qual forneceu dados inverídicos a cerca do seu paradeiro, o que não desobrigava o
nobre Oficial de Justiça de procurar pelo endereço cifrado no mandado, vez que a citação, no
processo penal, é ato de caráter personalíssimo dirigido exclusivamente a pessoa do réu.

4Assim sendo, ocorreu, irremovível e irremediável nulidade absoluta do processo, por


deficiência da citação editalícia, pois, esta também foi contaminada de eiva insanável, vez que
nenhuma diligência foi feita após o cumprimento do mandado, no sentido de esgotar os meios de
localizar o Acusado, ora Requerente.

5O Por via de conseqüência, uma vez que não se instalou e completou o actium trium
personarum, a prisão decretada não pode ser tida como legal, configurando notório
constrangimento ilegal.

6O Requerente/acusado, fez acostar no esdrúxulo e disparatado pedido protocolizado sob


nº ..............., documentos que dão conta de sua vida social, laborativa e familiar, bem como do
endereço onde poderá ser encontrado após o restabelecimento da regularidade processual, não
existindo, no momento, qualquer hipótese autorizativa de sua prisão preventiva.

DO DIREITO
A viabilidade jurídica do presente pedido assenta-se no art. 5º, LIV e LV, da Constituição
Federal combinado com art. 564, III, “ e”, 216 e 251 e seguintes do Código de Processo Penal, é
manejado tempestivamente e endereçado ao Juízo detentor da Jurisdição responsável pela
entrega da tutela jurisdicional invocada, vez que trata-se de reconhecimento de nulidade
absoluta do processo, matéria esta que não está sujeita ao alcance da res judicata ou preclusão.

Consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, em decorrência do


princípio da ampla defesa, assegurado pela Constituição Federal (art. 5º, LV), é imprescindível
que sejam os acusados cientificados da existência do processo e todo seu desenvolvimento 1,
sendo, pois, a citação um dos atos mais importantes do processo, porque através dela se inaugura
a própria ação2. Não pode, a citação ser realtivizada, relegada ou que paire a mais leve dúvida
quanto a sua efetiva realização. Se dúvida ou incerteza há, nulifica-se todo o feito, porque
postergado princípio básico do direito de defesa.3

A mestra Ada Pellegrine Grinover, leciona que a efetividade dos diversos atos de
comunicação processual representa condição indispensável ao pleno exercício dos direitos e
faculdades conferidos às partes; sua falta ou imperfeição implica sempre prejuízo ao
contraditório, comprometendo toda atividade subsequente. 4

No caso em apreço, está claro e evidente, que o direito de citação do Requerente/Acusado,


foi preterido injustificadamente, por ter em primeiro lugar sido expedido mandado de citação
com endereço diverso daquele oferecido pelo Acusado, em segundo lugar, o nobre ....... deixou de
cumprir integralmente a ordem, se dirigindo apenas ao endereço de um dos réus onde obteve
informação de estariam os demais réus em lugar incerto e não sabido, e, por último não há
registro nos autos de que o Juízo esgotou todos meios de localização do Acusado, para, só aí,
lançar mão da citação editalícia.

Nossos Tribunais superiores levados a apreciar a matéria ventilada assim se posicionaram:

“Em tema de citação não se pode presumira o conhecimento do citando fora dos
casos e dos limites fixados pela lei. Assim, como ato substancial à instauração da lide
e garantia do contraditório, a citação inicial há de ser perfeita, sendo que qualquer
defeito ainda que decorrente de simples erro material, importa em nulidade do
chamamento, trazendo “in re ipsa” ´presunção de prejuízo para o réu”

“CITAÇÃO - Edital - Nulidade - Publicação com incorreção quanto ao nome do citado


- Hipótese que fere o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório. Se
o edital de citação foi publicado com incorreção quanto ao nome do citando, tem-se
configurada nulidade absoluta por ofensa ao princípio constitucional da ampla
defesa e do contraditório, contagiando todos os demais atos processuais
subsequentes.

CITAÇÃO - Edital - Inadmissibilidade quando não esgotadas, de modo satisfatório, as


diligências para localização do acusado, que em interrogatório perante Juízo de outra
comarca atualizou seu endereço. Não esgotadas de modo satisfatório as diligências
para a citação pessoal do acusado que em interrogatório perante Juízo de outra
comarca indicou o endereço atualizado da sua residência, dado esse oportunamente
comunicado ao órgão policial do lugar da infração, não se justifica seja ele citado por
edital.” (STF - HC nº 75.743-0/RJ - 2ª T - Rel. Min. Maurício Corrêa - J. 09.09.97 - DJU
28.11.97). (RT 752/523/524)

“CITAÇÃO POR EDITAL - Réu não localizado - Diligência insuficiente - Nulidade


absoluta. Não e cabível a citação editalícia em não se comprovando terem sido
esgotados todos os meios para a localização do réu, por configurar cerceamento do
direito de defesa, a impor a nulidade absoluta do processo. no mesmo sentido HC nº
143877-7 1ª C. Criminal Rel. Juiz S. Ventura 06.10.92 Ap. Cível nº 194859-8 3ª C.
Civil Rel. Juiz D. De Paula 29.11.95 Ap. Crim. nº 188071-7 1ª C. Criminal Rel. Juiz S.
Braga 07.11.95.” (TAMG - Proc. nº 1.139.937 - Itabirito - Rel. Juiz Odilon Ferreira - J.
04.06.91).

“REVISÃO CRIMINAL - Nulidade da citação edital, porquanto o réu não foi


procurado em um endereço expressamente mencionado nos autos, mui
provavelmente foi cumprido o mandado de prisão - Nulidade absoluta, que deve ser
declarada na revisão, à luz do disposto no artigo 626, parágrafo único, do Código de
Processo Penal - Pedido deferido.
REVISÃO CRIMINAL - Nulidade da citação edital, porquanto o réu não foi em um
endereço expressamente mencionado nos autos, mui provavelmente onde foi
cumprido o mandado de prisão - Nulidade absoluta, que deve ser declarada na
revisão, à luz do disposto no artigo 626, parágrafo único, do Código de Processo
Penal - Pedido deferido.” (TJSP - Rev. Crim. nº 227.270-3 - Pederneiras - 2º Grupo de
Câmaras Criminais - Rel. Walter Guilherme - J. 07.04.98 - m.v).

Neste diapasão, é imperiosa a conclusão de que o erro ou falha na realização do ato


citatório, provocado por um lapso ou equívoco, da máquina judiciária, não pode ser debitado em
prejuízo do status libertatis e status dignitatis do Requerente/acusado, impondo-se o
chamamento do processo à ordem decretando-se a nulidade do feito ab initio e revogando-se sua
custódia processual.

O Requerente/acusado, conforme documentação acostada aos autos ..............., é portador


de excelente conduta vida social, exerce atividade laborativa lícita e possui família regularmente
constituída, que depende de seu labor para se sustentar, bem como tem endereço certo onde
poderá ser encontrado após o restabelecimento da regularidade processual, além de
tecnicamente primário, não estando presente, no momento, qualquer hipótese autorizativa de
sua prisão preventiva.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e ao
pedido ................, e depois de ouvido a ilustre representante do Parquet, deferido para o fim
decretar a nulidade do processo a partir da citação, e conseqüentemente, revogar sua prisão
preventiva, nos termos dos dispositivos legais retro perfilados, mandando que se expeça em seu
favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, pois desta forma Vossa Excelência estará
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local, data

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Estupro

EXM. SR. DR. JUIZ DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .....................

RÉU PRESO - URGENTE

Por dependência – do Protocolo ...........


Código TJ... - ... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

..............., brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), nascido


em .............., em ..........., filho de ...................., residente na Rua ......................., via de seu
advogado in fine, assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vêm perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, LVI e LV, de nossa Carta Magna, combinado
com art. 316, do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1 O Requerente foi indiciado pelo inquérito policial tramita pela Delegacia de Defesa da
Mulher , sob a suposta pratica do ilícito penal contido na norma incriminadora do art. 213- 121
do CPB,o fato ocorrido no dia ................... neste município.

2Enquanto a policia buscava a elucidação das circunstancia em que ocorrera o fato,


quando ainda incerta autoria do mesmo , o requerente livre e espontaneamente procurou pela
autoridade policial expondo detalhadamente, como o padrasto da vítima projetou e executou.

3Conforme, demonstram os documentos que instruem o presente pedido, o Requerente


possui endereço certo e sabido, nesta urbe, exerce ocupação lícita, possui família regularmente
constituída, inclusive, hoje contando com 66 anos de idade, é responsável pela criação e
educação de seu neto, .................. de apenas seis anos de idade, (doc.), sendo tecnicamente
primário e de bons antecedentes.
DO DIREITO

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser


atentatória a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição
anterior de pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias
cautelas, a fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta
injustiça, fato que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente
considerado culpado, por sentença penal condenatória, somente poderá ser convalidada se
presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se atenda ainda, as circunstâncias
que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e asseguração
de eventual pena a ser imposta, conforme se detrai do artigo 312, do Código de Processo Penal.

Ordem pública, como de curial sabença é a paz e a tranqüilidade geral, hipótese peculiar
aos delinqüentes contumazes cuja liberdade se mostra atentatória à harmonia social face a
periculosidade manifesta de seus destinatários, situação que no caso vertente, em momento
algum se faz presente uma vez que o Requerente é de excelente antecedentes e jamais infringiu
qualquer norma penal por mais insignificante que seja.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. Nos presente caso, à sobeja se demonstrou que o Requerente é radicado no distrito da
culpa, onde tem raiz- patrimonial, social, laborativa e familiar.

Conforme, entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória, por ser atentatória
a liberdade individual da pessoa humana, e por constituir-se em prisão sem inflição anterior de
pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias cautelas, a
fim de que não se constitua em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta injustiça, fato
que compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não definitivamente considerado culpado,
somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que se
atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta. , conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

Sendo assim, se sentença que decreta a prisão preventiva não demonstra de forma objetiva
e com base em fatos concreto sobre a necessidade da inflição da custódia, tem-se um decreto
nulo por falta de fundamentação, conforme destaca a jurisprudência mais abalizada:

“HABEAS-CORPUS - Tráfico de drogas, associação para o narcotráfico e posse


irregular de munição - Prisão preventiva - Revogação - Decisão que não possui
fundamentação adequada acerca dos fundamentos do artigo 312 da Lei Processual
Penal.

O fato de os delitos serem graves, por si só, não abala a ordem pública, visto que se
assim fosse estaria institucionalizada para eles a prisão cautelar. Ademais, a despeito
de os pacientes terem sido denunciados pelo suposto cometimento dos injustos de
tráfico de entorpecentes, associação para o narcotráfico e posse irregular de munição,
possivelmente só será possível a condenação pelo crime de tráfico de drogas, visto
que a denúncia não demonstra situação concreta de associação entre os acusados e
sobre o crime de posse irregular de munição incidirá a abolitio criminis temporária.
Não obstante, não se pode afirmar tratar-se de grande quantidade de drogas (quatro
“pedras” de crack, cujo peso não consta dos autos de apreensão) e tampouco de
tráfico exercido de forma organizacional (nos termos acima referidos), circunstâncias
que teriam o condão de abalar a ordem pública diante da presunção de que se
colocados em liberdade os agentes voltariam a delinqüir. Por essas razões, assim
como não estando presentes qualquer dos outros fundamentos do artigo 312 do
diploma processual penal, é caso de revogação da prisão preventiva decretada em
desfavor dos pacientes. Ordem concedida.” 1

“HABEAS CORPUS - Posse ilegal de arma de fogo de uso restrito - Prisão preventiva -
Garantia da ordem pública - Pena máxima cominada superior a quatro anos -
Requisitos autorizadores da custódia cautelar - Ordem denegada - A necessidade da
segregação provisória do paciente está devidamente fundamentada na garantia da
ordem pública e na pena máxima cominada ao crime, portanto, não há que se falar
em constrangimento ilegal - Ementa - Habeas corpus - Posse ilegal de arma de fogo de
uso restrito - Liberdade provisória - Indeferimento - Decisão primeva carente de
fundamentação - Inteligência do artigo 93, IX, da Constituição da República -
Constrangimento ilegal - Ocorrência - Ordem concedida.
I - A doutrina e jurisprudência entendem que toda e qualquer espécie de prisão,
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, tem natureza cautelar, o que
significa dizer, deve estar devidamente comprovada a necessidade de tal restrição da
liberdade.
II - Se a decisão que contém o indeferimento de pedido de liberdade provisória não
está fundamentada em dados concretos dos autos, deve ser cassada, para que se veja
restabelecida a liberdade do paciente.
III - A gravidade do crime, por si só, não justifica a custódia cautelar, sob pena de o
juiz transformar-se em legislador positivo.
IV - Ordem concedida.”2

Na ótica do mestre Julio Fabbrini Mirabete o pedido se viabiliza: ...”Também é possível que
o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação da medida cautelar,
verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que permite também sua revogação”
(Código de Processo Penal Interpretado – 8ª Edição – Pág.710) .
Na neonata estética cristalizada pelas marcantes mudanças inseridas pela Lei 12.403/2011,
no título IX, do Livro I, do Código de Processo Penal, que trata “da Prisão, das Medidas
Cautelares e da Liberdade Provisória”, exige dos órgãos judicantes redobrado cuidado na exegese
do art. 312, do Diploma de Ritos, principalmente com relação a decretação ou manutenção da
prisão preventiva, que agora alcançou o status de verdadeira e autêntica ultima ratio.
Assim, Excelência, é perfeitamente aplicável o benefício disposto no art. 316 do Código de
Processo Penal, vez que desaparecido motivo ensejador da custódia preventiva.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e
depois de ouvido a ilustre representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão
preventiva, determinando que se expeça a competente contra-ordem de prisão, para o imediato
recolhimento dos respectivos mandados expedidos contra sua pessoa, pois desta forma Vossa
Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local, data.

___________________

OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Garantia da Ordem Pública –
Assegurar a Aplicação da Lei Penal

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo .............
Código TJ........... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

....................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu advogado in fine, assinado, permissa máxima vênia, vêm perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 5º, LVI, de nossa Carta
Magna, combinado com artigo 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1O requerente responde a uma Ação Penal em tramitação por este Ilustrado Juízo (autos
nº .............), na qual Vossa Excelência entendeu por bem decretar sua prisão preventiva, para
assegurar a aplicação da Lei Penal e com garantia da ordem pública.

2Como a prisão preventiva foi decretada em data próxima a ocorrência do fato, o


Requerente, visando preservar este Ilustrado Juízo, no sentido e revogar aquele decreto, buscou
a cassação perante o Egrégio Tribunal de Justiça de nosso Estado, via de habeas Corpus,que foi
indeferido, porém, em seu voto o eminente Relator se reportou da seguinte forma:

“... No que tange aos fundamentos que sustentam o decreto prisional, vejo-os como
suficientes, até porque é ao Juiz do feito que se deve creditar a faculdade de valorar
as circunstâncias e apreciara necessidade da decretação da prisão diante dos fatos
objetivos emergentes dos autos”

3Com o excerto acima, percebe-se que o julgador ad quem abriu a possibilidade da ilustre
Magistrada, presidente do processo de conhecimento, apreciar a matéria com mais inteireza, vez
que mais próxima do cenário onde ocorreram os fatos, além de estar mais bem sintonizada com
a sociedade onde viviam seus protagonistas.

4 Conforme iluminado voto do eminente Desembargador João Batista de Faria Filho,


no HC 10.689, da 1ª Câmara Criminal, assim leciona: é sabido que todo crime conturba a vida
em sociedade. Entretanto, comumente, esse desequilíbrio é passageiro e se a permanência do
paciente em liberdade não põe em risco a ordem pública a prisão preventiva deixa de ser uma
necessidade. Razão, esta que levou o Requerente num primeiro momento buscar no superior
grau de jurisdição a restituição de seu status libertatis, e, somente agora, depois de dissipadas
impressões e sensações que geralmente sucedem a fatos desta ordem, já num ambiente de
tranqüilidade, é que vem perante Vossa Excelência suplicar pela revogação de sua custódia
processual.

5O Requerente, pretende deixar registrado, que em nenhum momento desejou se furtar à


ação da justiça, tanto que se apresentou a autoridade policial no dia seguinte, e, só não o fez
nesta cidade em virtude da decretação prematura de sua prisão temporária, além do natural
receio de retaliação por parte dos familiares da vítima.

6Há que se ressaltar, ainda, que a saída do local do fato delituoso é reação natural de
qualquer cidadão, não podendo ser confundido com intenção de fugir da ação policial ou
judicial. Tanto, que o Requerente se apresentou na delegacia de policia da cidade de .............,
cujo delegado estava revestido da mesma autoridade daquele que presidia o inquérito aqui
em .........., pelo que não pode ser desconsiderada sua apresentação espontânea como válida.

7Embora não tenha comparecido para ser interrogado no dia designado, em respeito à
justiça, prontamente apresentou justificativa de sua ausência, à Vossa Excelência, além de juntar
aos autos, vasta documentação acerca de sua conduta social, demonstrando, inequivocamente,
seu desejo de acompanhar o andamento do feito, seja pessoalmente ou através de seu defensor
constituído, conforme lhe faculta o artigo 366, do CPP, com a nova redação dada pela Lei nº
9.271, de 17 de abril de 1996, bem como trouxe novas provas de que a revogação da prisão se
torna viável no momento.

8De mais a mais, s.m.j., a ausência do réu no interrogatório não constitui conduta
atentatória ao bom andamento da instrução criminal, pois, a sanção processual decorrente do
não comparecimento, é o seguimento normal da ação, quando há advogado constituído, ou, em
caso contrário, a suspensão do feito e do prazo prescricional, não sendo assim, motivo para
decretação ou manutenção da prisão cautelar.

9Com relação à decretação da prisão preventiva face a gravidade do delito imputado,


deixou de existir no nosso ordenamento jurídico com advento da Lei 5.941/73, quando foi
sepultada a figura arcaica da prisão preventiva compulsória ou obrigatória, sendo que
hodiernamente impera o entendimento de que esta medida drástica e excepcional, somente
poderá ter lugar quando imprescindível e necessária para garantir a ordem pública, contra
futuras ações criminosas do Acusado; por conveniência da instrução criminal, nos casos em que
se evidencia que o imputado em liberdade poderá praticar atos atentatórios ao bom andamento
do processo; e, por fim, para garantir a aplicação da lei penal, quando seus destinatários não
tiverem raízes ou vínculos no distrito da culpa, facilitando sua evasão ou ocultação no caso de
possível aplicação de pena.

10 Das três hipóteses, acima alinhavadas, nenhuma se faz presente no atual momento
processual, se se detiver uma análise sóbria do conjunto de provas até aqui produzidas,
inclusive, com a documentação acostada aos autos após a decretação da custódia.
11 Não se pode, também, confundir o deferimento do presente pedido com a
concessão de liberdade provisória, visto que para delito em apreço existe a vedação legal da Lei
Hedionda. Aqui se pleiteia a cassação da medida cautelar com restituição do status quo ante, ao
passo que naquele benefício vedado por lei exige-se que o acusado esteja efetivamente preso.
12 A viabilidade da presente súplica, encontra seu respaldo jurídico no artigo 316, do
CPP, que na ótica do mestre Julio Fabbrini Mirabete: ...”Também é possível que o juiz, apreciando
o conjunto probatório amealhado após a decretação da medida cautelar, verifique que ela é
desnecessária ou inconveniente, o que permite também sua revogação” (Código de Processo
Penal Interpretado – 8ª Edição – Pág.710).
13 Conforme, documentos acostados aos autos principais, o Requerente, é pessoa
radicada em .......................... desde a infância, aqui constituiu família, e desempenha um papel
relevante nesta sociedade como empresário, não havendo quaisquer indícios de esteja com
intenção de se esquivar ou fugir do persecutio criminis in judicio.

EX POSITIS,

Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, apensado aos autos principais, e após
ouvido o ilustre representante do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão preventiva,
nos termos do artigo 316 do CPP, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO
CONDUTO, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito
e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

_____________________
OAB
Revogação de Prisão Preventiva – Gravidade do Crime

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ..........................

Código TJ... - ... - Pedido de Revogação de Prisão Preventiva

........................................................., brasileiro(a), (Est.Civil),


(Profissão) , residente à rua ....................., nesta Cidade , via de seu advogado in fine assinado,
permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, artigo
5º, LVI, de nossa Carta Magna, combinado com artigo 316 do Código de Processo Penal, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

face aos fatos e fundamentos a seguir perfilados:

1O requerente responde a uma Ação Penal em tramitação por este Ilustrado Juízo (autos
nº .......), na qual Vossa Excelência entendeu por bem decretar sua prisão preventiva, para
assegurar a aplicação da Lei Penal e com garantia da ordem pública. Conforme trecho da
Sentença a seguir:

“... o delito imputado a ........................... é grave e seus antecedentes, demonstram


péssimas condutas sociais” (Grifei).
2Percebe-se que a conclusão desse Ilustrado Juízo com relação aos antecedentes judiciais
do requerente partiram de informações equivocadas por parte da autoridade policial, pois, o
mesmo não possui qualquer registro criminal pretérito, conforme certidão de antecedentes
criminais de fls.

3Por outro lado o requerente possuí endereço certo e sabido (doc....), nunca esteve
homiziado ou foragido, exerce ocupação lícita conforme declaração em apenso (doc....).

4Tanto a doutrina mais abalizada quanto a jurisprudência hodierna, tem proclamado que
em casos de desaparecimento das razões que, originalmente, determinaram a decretação da
custódia provisória, deixa a mesma carente de justo motivo para sua manutenção, conforme o
ensinamento de Júlio Fabbrini Mirabete:

“A prisão preventiva tem a característica de rebus sic stantibus, podendo ser


revogada conforme o estado da causa, ou seja, quando desapareceram as razões de
sua decretação durante o processo. Não estando presentes os motivos que a
determinaram, não deve ser mantida diante de seu caráter excepcional. Assim, se foi
decretada para garantir a instrução criminal, finda esta deve ser revogada. Também é
possível que o juiz, apreciando o conjunto probatório amealhado após a decretação
da medida cautelar, verifique que ela é desnecessária ou inconveniente, o que
permite também sua revogação” (in, “Código de Processo Penal Interpretado”, Ed.
Atlas.pag.383)

5No mesmo diapasão é o entendimento esposado por nossos tribunais superiores,


conforme os seguintes arestos:

“HABEAS CORPUS PREVENTIVO - Prisão antecipada - Crime de estupro de


vulnerável - Falta de fundamentação - Ilegalidade.

I. É intolerável que a autoridade judiciária, na decisão que decreta a prisão


preventiva, não indique situação concreta capaz de gerar justificativa para a custódia
antecipada do paciente, se contentando em invocar a gravidade abstrata do crime e
situações genericamente consideradas, sem um mínimo de lastro na exposição dos
autos, transitando pelo universo da especulação, que não se presta à fundamentação
idônea à imposição da medida extrema.

II. Não serve de fundamento ao Decreto de prisão preventiva a mera afirmação da


gravidade do delito, do risco à ordem pública, tampouco a especulativa possibilidade
de interferência na instrução criminal, quando não demonstrada nenhuma
ocorrência nesse sentido, devendo a decisão ser proferida com motivação bastante,
para o aferimento de sua compatibilidade com o artigo 312, do Código de Processo
Penal. Ordem concedida.”1

“HABEAS CORPUS - Tráfico - Prisão preventiva - Apreensão de 5,03 (cinco gramas e


três centigramas) de maconha - Ausência dos requisitos do artigo 312 do CPP -
Fundamentação inidônea - Ausência de elementos concretos - Cabimento de outras
medidas cautelares (CPP, artigo 319) - Aplicação da Lei nº 12.403/2011 - Ordem
concedida.

Implica constrangimento ilegal, passível de reparação por habeas corpus, a


decretação da prisão preventiva, quando não fundamentada de forma idônea. In
casu, o Decreto de não revogação da prisão preventiva baseou-se em imputações
genéricas tais como a necessidade de garantia da ordem pública, a efetiva aplicação
da Lei penal e o risco à segurança da comunidade, sem que o juízo as adequasse ao
caso concreto. De acordo com as alterações introduzidas pela Lei nº 12.403/2011, a
adoção da medida cautelar somente se justificará quando presentes o fumus
commissi delicti e o periculum libertatis; e a segregação apenas deverá ser mantida
em caso de extrema necessidade, consoante dicção dos parágrafo 5º e 6º, do artigo
282 do CPP.”2

6Portanto, Excelência, no momento não mais persistem os motivos que ensejaram a


decretação da prisão preventiva do Requerente, nem qualquer circunstância ou fato a indicar a
necessariedade da manutenção de sua custódia cautelar de caráter processual.

EX POSITIS,
Espera o Requerente, seja presente pedido recebido, e após ouvido o ilustre representante
do Parquet, deferido para o fim de revogar sua prisão preventiva, nos termos do artigo 316 do
CPP, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO CONDUTO, pois desta forma
Vossa Excelência estará restabelecendo o império da Lei, do Direito e da JUSTIÇA.

Pede deferimento.

Local, data.

_____________________
OAB
Revogação de Prisão Temporária – Ameaças à Vítima

EXMO. SR. DR. JUIZA DE 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ............................ .

Distribuição por dependência


Protocolo .......................

................................. , brasileiro, amasiado, pedreiro, natural de .......................... , nascido


dia ..................., RG .................. , CPF ................... , filho de .............................
e ................................ , residente na rua ................., bairro ...................., nesta cidade, via de seu
defensor e advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LVI, de nossa Carta Magna,
requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1O Requerente teve sua prisão temporária decretada por este Juízo, em atendimento a
representação da Autoridade Policial, da Delegacia de defesa da mulher de .............. , (doc. .......)
na qual informa a suposta incursão no ilícito penal prescrito no art. 213, do Código Penal.

2Afirma, ainda, a autoridade policial, que o Requerente estaria ameaçando a suposta


vítima, caso ela delatasse o fato à alguém, porém, verifica-se que o Boletim de Ocorrência foi
registrado dia ..........., (doc. ...) ocasião em que foi ouvido, tendo sido preso somente no
dia ............ , (doc. ....), quando já poderia ter cumprido as supostas ameaças, vez que a
adolescente estava indefesa e sem qualquer proteção policial, e não o fez, o que demonstra que
jamais a ameaçou.

4O Requerente é pessoa trabalhadora, (doc. ......), sempre tratou e respeitou sua enteada
com se fosse sua própria filha, a autoridade policial representou pela decretação da prisão
temporária dos Requerentes, sem justa causa, uma vez que, exerce ocupação lícita, reside em
lugar certo e sabido na cidade ..................... , além de ser tecnicamente primário e de bons
antecedentes, estando ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos
no artigo 312, do Código de Processo Penal.
DO DIREITO

A prisão temporária, de natureza cautelar, ou, com maior precisão , pré-cautelar, de caráter
provisório e pré-processual , assenta-se, a par dos requisitos inerentes a toda medida cautelar
(acessoriedade, preventividade, instrumentalidade hipotética e provisoriedade), sobre o binômio
periculum in mora e fumus boni iuris.

A fumaça do bom direito, inerente a qualquer prisão cautelar, consubstancia-se na


presença de elementos de convicção que demonstram a verossimilhança da imputação iminente
e que, portanto, torna plausível admitir a participação delitiva do indiciado no fato objeto da
apuração.

A seu turno, o periculum in mora se materializa na própria necessidade da constrição ao


ius libertatis do indivíduo, ante o receio de que, solto, possa o inculpado produzir danos à ordem
pública, à instrução do processo ou à aplicação da lei penal.

De qualquer modo, S.M.J., seja na prisão preventiva, seja na prisão temporária, é imposição
constitucional (art. 93, inc. IX, da Carta Política de 1988) que o magistrado explicite o seu
convencimento quanto à necessidade da segregação cautelar. Tal fundamentação somente será, a
seu turno, possível se o Delegado de Polícia ou o membro do Ministério Público indicarem os
motivos pelos quais se postula a prisão, não sendo satisfatório, evidentemente, limitar-se a
autoridade a dizer que a prisão temporária é imprescindível para as investigações do inquérito
policial (inciso I do art. 1°. da Lei 7.960/89), ou que o indiciado não tem residência fixa ou que
não forneceu elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (inc. II). Cumpre, sim,
ao postulante da medida indicar ao juiz o porquê de estas duas variantes, ou uma delas,
justificarem o encarceramento do suspeito ou indiciado, já que nem sempre é tal medida
indispensável ao sucesso das investigações policiais, como no caso em tela.

Ao bem da verdade, a autoridade policial ao representar pela prisão temporária, omitiu ao


Juízo, que o Requerente, tomou conhecimento delação feita pela suposta vítima no dia ................,
quando foi ouvido na Delegacia de Defesa da Mulher, e daquela data até sua prisão,
dia ..................., não esboçou qualquer gesto ou conduta que denotasse a intenção de atentar
contra a pessoa da suposta vítima ou de sua mãe, que inclusive, não rompeu a vida em comum
existente entre ambos, assim, fica claro que as ameaças referidas pela suposta vítima jamais
existiram, deixando de ser necessária a manutenção de sua custódia processual.

O Requerente, oferece todas garantias, tanto para a autoridade policial quanto para o Juízo,
para a pronta elucidação dos fatos, sem que seja necessário se sucumbir ao cárcere onde se
encontra.

DIANTE DO EXPOSTO, espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e após


ouvido a nobre representante do Ministério Público, deferido revogando-se a prisão temporária
decretada contra sua pessoa, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos do
inquérito policial e ulteriores do processo, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de
costume editando decisório, compatível com mais elevados ditames da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

_______________________

OAB
Revogação de Prisão Temporária – Roubo em Fazendas

EXMO. SR. DR. JUIZ DE 3ª VARA DA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL-SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DO ............. .

................................., brasileiro, solteiro, comerciante, CPF ...............,


RG ..................... (SSP-....), residentes à rua ..........................., Bairro.............. , ......................., via
de seu defensor e advogado in fine assinado, (m.j.) permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LVI, de nossa
Carta Magna, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1Os Requerentes tiveram suas prisões temporárias decretadas por este Ilustrado Juízo, em
atendimento a representação da autoridade policial da Delegacia de Furtos e Roubos de ............ ,
na qual informa a possível participação em um suposto assalto à Fazenda .............. de
propriedade do Sr. ....................................., ocorrido em .......................

2Conforme documentação inclusa, (doc.) os Requerentes ajuizaram Reclamações


Trabalhistas contra a pessoa da suposta vítima de assalto, e obtiveram procedência parcial em
suas reclamatórias, gerando revolta no ex patrão, que a título de vindita apresentou denunciação
caluniosa contra suas pessoas, culminando com a decretação de suas prisões provisórias.

3Perscrutando os anais da justiça do trabalho, verifica-se que o fato dos Reclamados


instaurarem inquérito policiais contra ex empregados tornou-se de uso corriqueiro, como forma
de exercer pressão no sentido forçar um acordo ou quiçá desistência dos direitos laborais
pleiteados, e para tanto contam muitas das vezes com a cumplicidade da polícia.

5Os Requerentes, na realidade, são credores da suposta vítima de vultosa quantia ainda em
fase de recurso, conforme cópias das sentenças em apenso (doc. ), o que descarta qualquer
possibilidade de terem agido criminosamente contra seu patrimônio, e uma vez intimados pela
autoridade policial jamais deixariam de atender ao chamamento, assim como franqueariam suas
residências e demais propriedades para realização de buscas destinadas a apuração dos fatos,
ocorre que nunca foram procurados por agentes policiais.

4No caso em apreço, a autoridade policial representou pela decretação da prisão


temporária dos Requerentes, sem justa causa, uma vez que, exercem ocupação lícita, residem em
lugar certo e sabido na cidade .............., além de serem tecnicamente primários e de bons
antecedentes, estando ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos
no artigo 312 do Código de Processo Penal.
DO DIREITO

A prisão temporária, de natureza cautelar, ou, com maior precisão , pré-cautelar, de caráter
provisório e pré-processual , assenta-se, a par dos requisitos inerentes a toda medida cautelar
(acessoriedade, preventividade, instrumentalidade hipotética e provisoriedade), sobre o binômio
periculum in mora e fumus boni iuris.

A fumaça do bom direito, inerente a qualquer prisão cautelar, consubstancia-se na


presença de elementos de convicção que demonstram a verossimilhança da imputação iminente
e que, portanto, torna plausível admitir a participação delitiva do indiciado no fato objeto da
apuração.

A seu turno, o periculum in mora se materializa na própria necessidade da constrição ao


ius libertatis do indivíduo, ante o receio de que, solto, possa o inculpado produzir danos à ordem
pública, à instrução do processo ou à aplicação da lei penal.

De qualquer modo, seja na prisão preventiva, seja na prisão temporária, é imposição


constitucional (art. 93, inc. IX, da Carta Política de 1988) que o magistrado explicite o seu
convencimento quanto à necessidade da segregação cautelar. Tal fundamentação somente será, a
seu turno, possível se o Delegado de Polícia ou o membro do Ministério Público indicarem os
motivos pelos quais se postula a prisão, não sendo satisfatório, evidentemente, limitar-se a
autoridade a dizer que a prisão temporária é imprescindível para as investigações do inquérito
policial (inciso I do art. 1°. da Lei 7.960/89), ou que o indiciado não tem residência fixa ou que
não forneceu elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (inc. II). Cumpre, sim,
ao postulante da medida indicar ao juiz o porquê de estas duas variantes, ou uma delas,
justificarem o encarceramento do suspeito ou indiciado, já que nem sempre é tal medida
indispensável ao sucesso das investigações policiais, como no caso em tela.

Ao bem da verdade, a autoridade policial ao representar pela prisão temporária, omitiu, ao


Juiz, fatos relevantes para a aferição da necessariedade da medida, bem como de outros relativos
a existência de uma contenda judicial no âmbito trabalhista, entre a suposta vítima e os pseudo
suspeitos, o que colocaria séria dúvida quanto a veracidade da denúncia de roubo.

Os Requerentes, oferecem todas garantias e colaboração, tanto para a autoridade policial


quanto ao Juízo, para a pronta elucidação dos fatos, sem que seja necessário se sucumbir ao
cárcere cujo objetivo não é outro que satisfazer aos interesses pessoais da suposta vítima
derrotada no foro trabalhista.

DIANTE DO EXPOSTO, esperam o Requerentes seja o presente pedido recebido, e após


ouvido a nobre representante do Ministério Público, deferido revogando-se a prisão temporária
decretada contra suas pessoas, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos do
inquérito policial e ulteriores do processo, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de
costume editando decisório, compatível com mais elevados ditames da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

__________________

OAB
Revogação de Prisão Temporária – Abigeato - Roubo em Fazendas

EXMO. SR. DR. JUIZ DE 3ª VARA DA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL-SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DO ............. .

................................., brasileiro, solteiro, comerciante, CPF ..............., RG .....................


(SSP-....), residentes à rua ..........................., Bairro.............. , ......................., via de seu defensor
e advogado in fine assinado, (m.j.) permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LVI, de nossa Carta Magna,
requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS


1 Os Requerentes tiveram suas prisões temporárias decretadas por este Ilustrado
Juízo, em atendimento a representação da autoridade policial da Delegacia de Furtos e Roubos de
............ , na qual informa a possível participação em um suposto assalto à Fazenda .............. de
propriedade do Sr. ....................................., ocorrido em .......................

2Conforme documentação inclusa, (doc.) os Requerentes ajuizaram Reclamações


Trabalhistas contra a pessoa da suposta vítima de assalto, e obtiveram procedência parcial em
suas reclamatórias, gerando revolta no ex patrão, que a título de vindita apresentou denunciação
caluniosa contra suas pessoas, culminando com a decretação de suas prisões provisórias.

3Perscrutando os anais da justiça do trabalho, verifica-se que o fato dos Reclamados


instaurarem inquérito policiais contra ex empregados tornou-se de uso corriqueiro, como forma
de exercer pressão no sentido forçar um acordo ou quiçá desistência dos direitos laborais
pleiteados, e para tanto contam muitas das vezes com a cumplicidade da polícia.

5Os Requerentes, na realidade, são credores da suposta vítima de vultosa quantia ainda em
fase de recurso, conforme cópias das sentenças em apenso (doc. ), o que descarta qualquer
possibilidade de terem agido criminosamente contra seu patrimônio, e uma vez intimados pela
autoridade policial jamais deixariam de atender ao chamamento, assim como franqueariam suas
residências e demais propriedades para realização de buscas destinadas a apuração dos fatos,
ocorre que nunca foram procurados por agentes policiais.

4No caso em apreço, a autoridade policial representou pela decretação da prisão


temporária dos Requerentes, sem justa causa, uma vez que, exercem ocupação lícita, residem em
lugar certo e sabido na cidade .............., além de serem tecnicamente primários e de bons
antecedentes, estando ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos
no artigo 312 do Código de Processo Penal.
DO DIREITO
A prisão temporária, de natureza cautelar, ou, com maior precisão , pré-cautelar, de caráter
provisório e pré-processual , assenta-se, a par dos requisitos inerentes a toda medida cautelar
(acessoriedade, preventividade, instrumentalidade hipotética e provisoriedade), sobre o binômio
periculum in mora e fumus boni iuris.

A fumaça do bom direito, inerente a qualquer prisão cautelar, consubstancia-se na


presença de elementos de convicção que demonstram a verossimilhança da imputação iminente
e que, portanto, torna plausível admitir a participação delitiva do indiciado no fato objeto da
apuração.

A seu turno, o periculum in mora se materializa na própria necessidade da constrição ao


ius libertatis do indivíduo, ante o receio de que, solto, possa o inculpado produzir danos à ordem
pública, à instrução do processo ou à aplicação da lei penal.

De qualquer modo, seja na prisão preventiva, seja na prisão temporária, é imposição


constitucional (art. 93, inc. IX, da Carta Política de 1988) que o magistrado explicite o seu
convencimento quanto à necessidade da segregação cautelar. Tal fundamentação somente será, a
seu turno, possível se o Delegado de Polícia ou o membro do Ministério Público indicarem os
motivos pelos quais se postula a prisão, não sendo satisfatório, evidentemente, limitar-se a
autoridade a dizer que a prisão temporária é imprescindível para as investigações do inquérito
policial (inciso I do art. 1°. da Lei 7.960/89), ou que o indiciado não tem residência fixa ou que
não forneceu elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (inc. II). Cumpre, sim,
ao postulante da medida indicar ao juiz o porquê de estas duas variantes, ou uma delas,
justificarem o encarceramento do suspeito ou indiciado, já que nem sempre é tal medida
indispensável ao sucesso das investigações policiais, como no caso em tela.

Ao bem da verdade, a autoridade policial ao representar pela prisão temporária, omitiu, ao


Juiz, fatos relevantes para a aferição da necessariedade da medida, bem como de outros relativos
a existência de uma contenda judicial no âmbito trabalhista, entre a suposta vítima e os pseudo
suspeitos, o que colocaria séria dúvida quanto a veracidade da denúncia de roubo.

Os Requerentes, oferecem todas garantias e colaboração, tanto para a autoridade policial


quanto ao Juízo, para a pronta elucidação dos fatos, sem que seja necessário se sucumbir ao
cárcere cujo objetivo não é outro que satisfazer aos interesses pessoais da suposta vítima
derrotada no foro trabalhista.

DIANTE DO EXPOSTO, esperam o Requerentes seja o presente pedido recebido, e após


ouvido a nobre representante do Ministério Público, deferido revogando-se a prisão temporária
decretada contra suas pessoas, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos do
inquérito policial e ulteriores do processo, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de
costume editando decisório, compatível com mais elevados ditames da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

_____________________

OAB
Revogação de Prisão Temporária – Ameaças à Vítima

EXMO. SR. DR. JUIZA DE 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ............................ .

Distribuição por dependência


Protocolo .......................

.................................................. , brasileiro, amasiado, pedreiro, natural


de .......................... , nascido dia ..................., RG .................. , CPF ................... , filho
de ............................. e ................................ , residente na rua ................., bairro ....................,
nesta cidade, via de seu defensor e advogado in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º,
LVI, de nossa Carta Magna, requerer

REVOGAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA


face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS

1O Requerente teve sua prisão temporária decretada por este Juízo, em atendimento a
representação da Autoridade Policial, da Delegacia de defesa da mulher de .............. , (doc. .......)
na qual informa a suposta incursão no ilícito penal prescrito no art. 213, do Código Penal.

2Afirma, ainda, a autoridade policial, que o Requerente estaria ameaçando a suposta


vítima, caso ela delatasse o fato à alguém, porém, verifica-se que o Boletim de Ocorrência foi
registrado dia ..........., (doc. ...) ocasião em que foi ouvido, tendo sido preso somente no
dia ............ , (doc. ....), quando já poderia ter cumprido as supostas ameaças, vez que a
adolescente estava indefesa e sem qualquer proteção policial, e não o fez, o que demonstra que
jamais a ameaçou.

4O Requerente é pessoa trabalhadora, (doc. ......), sempre tratou e respeitou sua enteada
com se fosse sua própria filha, a autoridade policial representou pela decretação da prisão
temporária dos Requerentes, sem justa causa, uma vez que, exerce ocupação lícita, reside em
lugar certo e sabido na cidade ..................... , além de ser tecnicamente primário e de bons
antecedentes, estando ausente qualquer das hipóteses autorizativas da prisão preventiva insertos
no artigo 312, do Código de Processo Penal.

DO DIREITO

A prisão temporária, de natureza cautelar, ou, com maior precisão , pré-cautelar, de caráter
provisório e pré-processual , assenta-se, a par dos requisitos inerentes a toda medida cautelar
(acessoriedade, preventividade, instrumentalidade hipotética e provisoriedade), sobre o binômio
periculum in mora e fumus boni iuris.

A fumaça do bom direito, inerente a qualquer prisão cautelar, consubstancia-se na


presença de elementos de convicção que demonstram a verossimilhança da imputação iminente
e que, portanto, torna plausível admitir a participação delitiva do indiciado no fato objeto da
apuração.

A seu turno, o periculum in mora se materializa na própria necessidade da constrição ao


ius libertatis do indivíduo, ante o receio de que, solto, possa o inculpado produzir danos à ordem
pública, à instrução do processo ou à aplicação da lei penal.

De qualquer modo, S.M.J., seja na prisão preventiva, seja na prisão temporária, é imposição
constitucional (art. 93, inc. IX, da Carta Política de 1988) que o magistrado explicite o seu
convencimento quanto à necessidade da segregação cautelar. Tal fundamentação somente será, a
seu turno, possível se o Delegado de Polícia ou o membro do Ministério Público indicarem os
motivos pelos quais se postula a prisão, não sendo satisfatório, evidentemente, limitar-se a
autoridade a dizer que a prisão temporária é imprescindível para as investigações do inquérito
policial (inciso I do art. 1°. da Lei 7.960/89), ou que o indiciado não tem residência fixa ou que
não forneceu elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (inc. II). Cumpre, sim,
ao postulante da medida indicar ao juiz o porquê de estas duas variantes, ou uma delas,
justificarem o encarceramento do suspeito ou indiciado, já que nem sempre é tal medida
indispensável ao sucesso das investigações policiais, como no caso em tela.

Ao bem da verdade, a autoridade policial ao representar pela prisão temporária, omitiu ao


Juízo, que o Requerente, tomou conhecimento delação feita pela suposta vítima no dia ................,
quando foi ouvido na Delegacia de Defesa da Mulher, e daquela data até sua prisão,
dia ..................., não esboçou qualquer gesto ou conduta que denotasse a intenção de atentar
contra a pessoa da suposta vítima ou de sua mãe, que inclusive, não rompeu a vida em comum
existente entre ambos, assim, fica claro que as ameaças referidas pela suposta vítima jamais
existiram, deixando de ser necessária a manutenção de sua custódia processual.

O Requerente, oferece todas garantias, tanto para a autoridade policial quanto para o Juízo,
para a pronta elucidação dos fatos, sem que seja necessário se sucumbir ao cárcere onde se
encontra.

DIANTE DO EXPOSTO, espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e após


ouvido a nobre representante do Ministério Público, deferido revogando-se a prisão temporária
decretada contra sua pessoa, comprometendo-se desde já comparecer em todos atos do
inquérito policial e ulteriores do processo, pois desta forma Vossa Excelência, estará, como de
costume editando decisório, compatível com mais elevados ditames da JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE ................

..................., brasileiro(a), (Est.Civil), (Profissão), residente à rua ................ nesta cidade,


via de seu advogado in fine assinado (m.j.), vem perante a conspícua e preclara presença de
Vossa Excelência, nos termos do artigo 321 e seguintes do Código de Processo Penal, requerer

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme Auto de Prisão em Flagrante, em apenso, o Requerente, foi detido pela


autoridade do ... Distrito Policial desta urbe, no dia ........., sob a pretensa incursão na norma
incriminadora contida no artigo 121, do Código Penal, , cujas penas mínimas in abstrato é de 6
anos de reclusão.

2Conforme documentação acostada, ao presente pedido, o Requerente, é médico exercendo


sua profissão nesta capital, possui endereço certo, de excelentes antecedentes nunca tendo sido
preso ou processado criminalmente sendo, pois, tecnicamente primário.

Com as novas diretrizes traçadas pela reforma das disposições do Código de Processo Penal
que tratam da concessão do benefício da medida cautelar da prestação de fiança, trazidas pela
Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, não há vedação legal para o pronto atendimento independente
do quantum da pena in abstrato prevista no Código Penal.

DO DIREITO

“Um momento da conduta humana não revela


o conhecimento de um homem”

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

Conforme, ficou demonstrado, o requerente, possui todos requisitos pessoais para que lhe
seja deferido o benefício pleiteado, e, não se encontram presentes quaisquer das hipóteses
ensejadoras de sua custódia processual, nos termos do artigo 311 e seguintes do CPP, dando
ampla garantia ao Juízo, vez que erradicado nesta comarca.

EX POSITIS,

espera o requerente seja o presente pedido de arbitramento de fiança, recebido e deferido


inaudita altera pars, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO CONDUTO, se
comprometendo a cumprir fielmente todas condições que lhe forem impostas, bem como se fazer
presente em todos os atos do possível processo, pois desta forma Vossa Excelência, estará, mais
uma vez, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data.

_________________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança – Júri – Desclassificação Para
Homicídio Culposo

EXMA. SRA. DRA. JUIZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE ............

(ESCRIVANIA DA TERCEIRA VARA CRIMINAL)

Protocolo ...........

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

......................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu patrono in fine, assinado, permissa máxima vênia, vem perante a preclara
presença de Vossa Excelência com fulcro no inciso VIII, do art. 319 c/c 322 e seguintes do Código
de Processo Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, com o
beneficio do art. 350 do mesmo Codex, requerer

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir perfilados:

DOS FATOS

1 O Requerente, foi submetido a julgamento pelo Egrégio e Soberano Tribunal do


Júri desta comarca, no dia ......., onde através de votação por maioria de votos, pelo Conselho de
Sentença, teve a imputação contida no libelo de fls........, artigo 121 caput, desclassificada para o
tipo penal inscrito no artigo 121, § 3º, do CPB, (Homicídio Culposo), cuja competência foi
transferida para o Juízo monocrático, representado por Vossa Excelência, que editou a sentença
de fls...., condenando-o a uma reprimenda corporal definitiva em dois (.....) anos de detenção a
ser inicialmente cumprida no regime aberto.

2O delito pelo qual o Requerente foi condenado está dentro do rol daqueles que admitem a
concessão de fiança, tendo sua reprimenda in concreto fora da esfera de vedação do benefício.

3O Requerente conforme documentação apensada às fls........ dos autos nº........., possui


endereço certo nesta comarca; exerce profissão lícita , além de primário e portador de bons
antecedentes conforme este ilustrado Juízo, na sentença em apenso. Doc. .....
DO DIREITO

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

Conforme, ficou demonstrado, o requerente, possui todos os requisitos pessoais para que
lhe seja deferido o benefício pleiteado, e, não se encontram presentes quaisquer das hipóteses
ensejadoras de sua custódia processual, nos termos do artigo 312 do CPP, dando ampla garantia
ao Juízo, vez que erradicado nesta comarca.

Embora o Requerente tenha aguardado julgamento pelo Tribunal Popular, sob custódia, esta
somente foi decretada em função de falta de comunicação de seu novo endereço ao juiz diretor
do processo principal, e garantir sua presença perante o Júri, motivos já superados com a
realização de seu julgamento.

EX POSITIS

espera o requerente seja o presente pedido de arbitramento de fiança, com o benefício do


art. 350 do CPP., recebido e deferido inaudita altera pars , mandando que se expeça em seu favor
o competente SALVO CONDUTO, se comprometendo a cumprir fielmente todas condições que
lhe forem impostas, pois desta forma Vossa Excelência, estará, mais uma vez, restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data.

_________________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança – Favorecimento da Prostituição

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .................................. .

Código TJ.............. - Pedido de Fiança

................................ , brasileiro, casado, comerciante, residente à Av. .............................,


Vila ..........., nesta cidade, via de seu advogado in fine assinado permissa vênia vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 10 do Código de
Processo Penal, e sob as diretrizes do inciso LXV, do artigo 5 o, da Constituição Federal, requerer o
reconhecimento de:

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir perfilados:

SÍNTESE DOS FATOS

1O Requerente foi preso no dia .............., por força do cumprimento de mandado de prisão
preventiva exarado por este Ilustrado Juízo, em função de estar sendo investigado em inquérito
policial em tramitação pela Delegacia de Repressão de Tóxicos (GECTE), de nossa cidade, sob
acusação de ter infringido a norma incriminadora inserta no art. 228, do nosso Estatuto
Substantivo Penal, com a nova redação inovada pela Lei 12.015 de 07.08.2009, cuja pena mínima
in abstrato é de dois (....) anos de reclusão.

2O Requerente conforme documentação em apenso (doc.), possui endereço certo, exerce


atividade laborativa lícita, com família regularmente constituída, cuja subsistência depende
exclusivamente dos proventos de seu labor, além de ser tecnicamente primário e portador de
bons antecedentes.

DO DIREITO

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

Com as novas diretrizes traçadas pela reforma das disposições do Código de Processo Penal
que tratam da concessão do benefício da medida cautelar da prestação de fiança, trazidas pela
Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, não há vedação legal para o pronto atendimento independente
do quantum da pena in abstrato prevista no Código Penal.

É oportuno ressaltar que nossa melhor doutrina processual penal bem como todos
Superiores Sodalícios Pátrios proclamam que os impeditivos legais insertos nos artigos 323 e 324
são taxativos não admitindo interpretação extensiva à circunstâncias não descritas na norma
reguladora das vedações do benefícios.

A moderna doutrina parte para a concepção que nesse casos de benefícios legais (liberdade
vinculada, suspensão condicional da- pena e livramento condicional) estando presentes as
condições exigidas pelo legislador, surge o direito subjetivo do condenado a esse benefício. A
comprovar que não estamos diante de uma faculdade judicial - benignitas judicii- há o fato de o
legislador impor condições; verificadas estas, a concessão do benefício passa a constituir uma
conseqüência normal.

Vários autores se posicionam a favor de que se trata de um direito subjetivo do acusado,


conforme magistério de José Frederico Marques, que assim ensina:

“Desde que se encontrem atendidos os pressupostos legais tem o réu direito à


liberdade provisória: trata-se de direito público subjetivo, emanado do “status
libertatis” do acusado, e que é corolário do disposto na Constituição Federal.” (in
Elementos de Direito Processual Penal, Forense, 1965, págs. 167/8).

Conforme, ficou demonstrado, pela documentação acostada ao presente pedido, o


requerente possui todos requisitos objetivos e subjetivos para que lhe seja deferido o benefício
pleiteado, e não se encontra presente quaisquer das hipóteses ensejadoras de sua custódia
processual, nos termos do artigo 311 e seguintes do CPP, dando ampla garantia ao Juízo da
persecução criminal.

EX POSITIS

Espera, o Requerente, seja o presente pedido de arbitramento de fiança, no mínimo legal,


recebido e deferido inaudita altera pars, mandando que se expeça o competente ALVARÁ DE
SOLTURA, se comprometendo, desde já, a cumprir fielmente todas condições que lhes for
impostas, pois desta forma Vossa Excelência, estará, mais uma vez, restabelecendo o império da
Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.
Nestes Termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

____________________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança - Furto

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ......................

RÉU PRESO - URGENTE

Código TJ..... - ...... - Pedido de Fiança

.........................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residentes à rua ................................., via


de seu patrono in fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a preclara presença
de Vossa Excelência com fulcro no artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal combinado com
artigo 321 e seguintes do Código de Processo Penal, requerer

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir perfilados:

SÍNTESE DOS FATOS

1 O Requerente, foi preso e autuado em flagrante delito (doc..), como incursos nas
penas do artigo 155, § 4º, inciso I c/c 14, II, do Código Penal, sob a suposta imputação da prática
de tentativa de furto cuja pena mínima in abstrato é de ... (...) anos de reclusão, portanto dentro
do elenco dos delitos que comportam a concessão da liberdade provisória vinculada com fiança..

3O Requerente conforme documentação em apenso (doc.... ), possui endereço certo, no


distrito da culpa, fato que não figura como impeditivo para concessão do benefício pleiteado,
exerce atividades laborativas lícitas, além de primário e portador de bons antecedentes .

DO DIREITO

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:
“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não
faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

É oportuno ressaltar que nossa melhor doutrina processual penal bem como todos
Superiores Sodalícios Pátrios, proclamam que os impeditivos legais impostos nos artigos 323 e
324 são taxativos não admitindo interpretação extensiva a circunstâncias não descritas na norma
reguladora das vedações do benefícios.

A moderna doutrina parte para a concepção que nesse casos de benefícios legais
( liberdade vinculada, suspensão condicional da pena e livramento condicional) estando
presentes as condições exigidas pelo legislador, surge o direito subjetivo do condenado a esse
benefício. A comprovar que não estamos diante de uma faculdade judicial - benignitas judicii- há
o fato de o legislador impor condições; verificadas estas, a concessão do benefício passa a
constituir uma conseqüência normal.

Vários autores se posicionam a favor de que se trata de um direito subjetivo do acusado.


José Frederico Marques, salienta:

“Desde que se encontrem atendidos os pressupostos legais tem o réu direito à


liberdade provisória: trata-se de direito público subjetivo, emanado do “status
libertatis” do acusado, e que é corolário do disposto na Constituição Federal.” (in
Elementos de Direito Processual Penal, Forense, 1965, págs. 167/8).

Conforme, ficou demonstrado, pela documentação acostada ao presente pedido, o


requerentes possui todos requisitos objetivos e subjetivos para que lhe seja deferido o benefício
pleiteado, e não se encontra presentes quaisquer das hipóteses ensejadoras de sua custódia
processual, nos termos do artigo 311 e seguintes do CPP, dando ampla garantia ao Juízo da
persecução criminal.

EX POSITIS

Espera, o Requerente, seja o presente pedido de arbitramento de fiança, recebido e deferido


inaudita altera pars, mandando que se expeça os competente ALVARÁS DE SOLTURA, se
comprometendo, desde já, a cumprir fielmente todas condições que lhes forem impostas, pois
desta forma Vossa Excelência, estará, mais uma vez, restabelecendo o império da Lei, do Direito e
da Excelsa JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data

______________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança – Júri – Desclassificação para
Homicídio Culposo

EXMA. SRA. DRA. JUIZA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE ............

(ESCRIVANIA DA TERCEIRA VARA CRIMINAL)

Protocolo ...........

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

......................, já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu patrono in fine, assinado, permissa máxima vênia, vem perante a preclara
presença de Vossa Excelência com fulcro no artigo 321 e seguintes do Código de Processo Penal,
requerer

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir perfilados:

DOS FATOS
1 O Requerente, foi submetido a julgamento pelo Egrégio e Soberano Tribunal do
Júri desta comarca, no dia ......., onde através de votação por maioria de votos, pelo Conselho de
Sentença, teve a imputação contida no libelo de fls........, artigo 121 caput, desclassificada para o
tipo penal inscrito no artigo 121, § 3º, do CPB, (Homicídio Culposo), cuja competência foi
transferida para o Juízo monocrático, representado por Vossa Excelência, que editou a sentença
de fls...., condenando-o a uma reprimenda corporal definitiva em dois (.....) anos de detenção a
ser inicialmente cumprida no regime aberto.

2O delito pelo qual o Requerente foi condenado está dentro do rol daqueles que admitem a
concessão de fiança, tendo sua reprimenda in concreto fora da esfera de vedação do benefício.

3O Requerente conforme documentação apensada às fls........ dos autos nº........., possui


endereço certo nesta comarca; exerce profissão lícita , além de primário e portador de bons
antecedentes conforme este ilustrado Juízo, na sentença em apenso. Doc. .....

DO DIREITO

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

Com as novas diretrizes traçadas pela reforma das disposições do Código de Processo Penal
que tratam da concessão do benefício da medida cautelar da prestação de fiança, trazidas pela
Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, não há vedação legal para o pronto atendimento independente
do quantum da pena in abstrato prevista no Código Penal.

Conforme, ficou demonstrado, o requerente, possui todos requisitos pessoais para que lhe
seja deferido o benefício pleiteado, e, não se encontram presentes quaisquer das hipóteses
ensejadoras de sua custódia processual, nos termos do artigo 311 e seguintes do CPP, dando
ampla garantia ao Juízo, vez que erradicado nesta comarca.

Embora o Requerente tenha aguardado julgamento pelo Tribunal Popular, sob custódia, esta
somente foi decretada em função de falta de comunicação de seu novo endereço ao juiz diretor
do processo principal, e garantir sua presença perante o Júri, motivos já superados com a
realização de seu julgamento.

EX POSITIS

espera o requerente seja o presente pedido de arbitramento de fiança, recebido e deferido


inaudita altera pars, mandando que se expeça em seu favor o competente SALVO CONDUTO, se
comprometendo a cumprir fielmente todas condições que lhe forem impostas, pois desta forma
Vossa Excelência, estará, mais uma vez, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa
JUSTIÇA.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Local, data.

_________________

OAB
Pedido de Arbitramento de Fiança no Mínimo Legal – Porte Ilegal
de Arma

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...................

RÉU PRESO- URGENTE

Distribuição por dependência


Protocolo ..............
Código TJ.... - ..... - Pedido de Fiança

..............................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, natural de ..............., nascido em .......,


filho de ............., RG. ................, residente na ......., Município de .........., via de seu patrono in
fine assinado, (m.j.), permissa máxima vênia, vem perante a preclara presença de Vossa
Excelência com fulcro no artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal combinado com artigo 321 e
seguintes do Código de Processo Penal, requerer a concessão de

ARBITRAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir perfilados:

SÍNTESE DOS FATOS

1 O Requerente, foi preso e autuado em flagrante delito (doc...), e incurso na pena do


artigo 14 da Lei 10.826/2003 sob a imputação de estar portando arma de fogo de uso permitido
sem autorização legal (autos nº .........), cuja pena in abstrato é de reclusão de ... a ... anos e
multa, portanto dentro do elenco dos delitos que comportam a concessão da liberdade provisória
vinculada com fiança..

2O Requerente conforme documentação em apenso (doc.), possui endereço certo, exerce


atividade laborativa lícita, além de ser primário e portador de bons antecedentes.

DO DIREITO

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presentes quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, e pelos
julgados mais hodiernos que assim decidiram:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz1.”

É oportuno ressaltar que nossa melhor doutrina processual penal bem como todos
Superiores Sodalícios Pátrios proclamam que os impeditivos legais insertos nos artigos 323 e 324
são taxativos não admitindo interpretação extensiva a circunstâncias não descritas na norma
reguladora das vedações dos benefícios.
A moderna doutrina parte para a concepção que nesses casos de benefícios legais
(liberdade vinculada, suspensão condicional da pena e livramento condicional) estando
presentes as condições exigidas pelo legislador, surge o direito subjetivo do condenado a esse
benefício. A comprovar que não estamos diante de uma faculdade judicial - benignitas judicii- há
o fato de o legislador impor condições; verificadas estas, a concessão do benefício passa a
constituir uma conseqüência normal.

Vários autores se posicionam a favor de que se trata de um direito subjetivo do acusado


José Frederico Marques, salienta2:

“Desde que se encontrem atendidos os pressupostos legais tem o réu direito à


liberdade provisória: trata-se de direito público subjetivo, emanado do “status
libertatis” do acusado, e que é corolário do disposto na Constituição Federal.”

Como é sabido, ocorreu o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo


plenário do STF, cuja decisão declarou a inconstitucionalidade dos artigos do Estatuto do
Desarmamento (Lei 10.826/03), que tornavam crime inafiançável o porte ilegal e disparo de arma
de fogo, e o que negava a liberdade provisória para os acusados de posse, porte e comércio ilegal
de armas, tendo como relator o Ministro RICARDO LEWANDOWSKI : Assim sendo, com o novo
entendimento da Suprema Corte, passa a ser afiançável o delito pelo qual o Requerente foi preso,
tornando viável a concessão do benefício ora pleiteado.

Diante do exposto, e Conforme ficou demonstrado, pela documentação acostada ao


presente pedido, o requerente possui todos os requisitos objetivos e subjetivos para que lhe seja
deferido o benefício pleiteado, e não se encontra presente qualquer das hipóteses ensejadoras de
sua custódia processual no termo do artigo 311 e seguintes do CPP, dando ampla garantia ao
Juízo da persecução criminal.

EX POSITIS

Espera, o Requerente, seja o presente pedido de ARBITRAMENTO DE FIANÇA NO


MÍNIMO LEGAL, visto que o mesmo se encontra em estado de miserabilidade recebido e
deferido inaudita altera pars, mandando que se expeça o competente ALVARÁ DE SOLTURA, se
comprometendo, desde já, a cumprir fielmente todas condições que lhes for impostas, pois desta
forma Vossa Excelência, estará, mais uma vez, restabelecendo o império da Lei, do Direito e da
Excelsa JUSTIÇA.
Nestes Termos

Pede deferimento.

Loal, data.

__________________

OAB
Pedido de Levantamento de Fiança

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ....................

Protocolo nº ...........

........................... e ......................., já qualificados, nos autos da ação penal, em epígrafe,


que lhes move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa
máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do
artigo 337, do Código de Processo Penal, requerer

LEVANTAMENTO DE FIANÇA

face aos fatos e razões a seguir expostas:

1Os Requerentes, responderam a presente ação penal, em liberdade provisória vinculada


com fiança, conforme decisão exarada por este Ilustrado Juízo, nos autos em apartado, datada de
..........., cujas condições impostas foram cumpridas fielmente até sentença absolutória, transitada
em julgado, sem que houvesse interposição de recurso voluntário pela parte sucumbente.
2Estabelece o artigo 337 do Código de Processo Penal, que:

“Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado a sentença que
houver absolvido o réu ou declarado extinta a ação penal, o valor que a constituir
será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo do artigo anterior.”

EX POSITIS,

uma vez preenchido os requisitos legais, requer a Vossa Excelência, a restituição dos
valores recolhidos pelos Requerentes, a título de prestação de fiança, conforme Termos de fls.,
determinando-se a expedição do competente alvará para seu levantamento.

Nestes termos
Pede deferimento

Local, data

_______________
OAB
Habeas Corpus - Medida Cautelar de Afastamento da Função
Pública - Pedido de Extensão de Benefício

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE Da ____ CÂMARA


CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE _____.

DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO -.....................

“HABEAS CORPUS”

(COM PEDIDO DE LIMINAR)

Colenda Câmara,

Eminente Relator,

.........................................., brasileiro, divorciado, advogado


regularmente inscrito na OAB sob o nº __, e ....................., inscrita na OAB sob o nº ____,
permissa máxima vênia vem perante esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º, LVII,
LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguintes e 580 do Código
de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

(com pedido de liminar)

em favor da Paciente ....................., brasileiro, casado, Comerciante, portador do CPF nº


....................., RG ..................... (DGPC-GO), residente na Rua ....................., Bairro ...............,
Anápolis - GO, com pedido de LIMINAR para conceder EXTENSÃO DE BENEFÍCIO ao Paciente
e contra decisão da lavra do Juízo da Primeira Vara Criminal de Anápolis-GO., (Doc. 02) que de
modo injustificável, impôs medida cautelar de suspensão do mandato eletivo de vereador
cumulada com a proibição de ausentar-se da comarca, imposição de entrega de passaporte e
proibição de acesso à órgãos públicos, sem a devida fundamentação de modo a vulnerar o artigo
93, inciso IX da Constituição Federal, constituindo notório e flagrante constrangimento ilegal,
sanável pelo presente remédio heróico de Habeas Corpus, nos termo dos dispositivos legais retro
perfilados e face aos fatos, razões de fundamentos a seguir expostos .

SÚMULA DOS FATOS

1. O Paciente, conforme cópia da denúncia em apenso responde a Ação Penal de nº


..................... (Doc. 01) perante o juízo da 1ª Vara Criminal de ................., como incurso nas
penas dos arts. 317, § 1º, na forma do art. 69; 312, caput, 2ª parte, c/c art. 71, caput; e 288, caput,
todos do Código Penal, figurando como co-réu ....................., ao qual essa Egrégia Câmara
concedeu ordem de Habeas Corpus, nos autos ..................... (Doc. 03), revogando a aplicação das
medidas cautelares impostas in verbis:

“HABEAS CORPUS. MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO. SUSPENSÃO DO


EXERCÍCIO DE CARGO PÚBLICO. PROIBIÇÃO DE ACESSO A ÓRGÃOS PÚBLICOS
E DE SE AUSENTAR DO DISTRITO DA CULPA. DESNECESSIDADE DA MEDIDA.
AUSÊNCIA DA COMARCA POR MAIS DE QUINZE DIAS. COMUNICAÇÃO PRÉVIA
AO JUÍZO. 1. A imposição da medida cautelar de suspensão do exercício da função
pública, prevista no art. 319, incisos VI, do Código de Processo Penal, como medida
restritiva de direito, cujo descumprimento pode resultar na decretação da prisão
preventiva, está sujeita à adequada motivação. 2. Verificando”.que a decisão que
determinou a suspensão provisória das funções públicas, do mandato eletivo e
proibição de acesso a órgãos públicos pelo paciente vulnera o artigo 93, inciso IX, da
Constituição Federal, eis que despida de suficiente fundamentação, merece ser
concedida a ordem. 3. Em se tratando de réu primário, com emprego fixo e residência
no distrito da culpa, desnecessária a proibição dele se ausentar da Comarca. 4. Na
hipótese de o paciente ter de se ausentar da comarca por mais de quinze dias, é
necessário que ele comunique previamente ao juízo o local onde poderá ser
encontrado. ORDEM CONHECIDA E PARCIALMENTE CONCEDIDA.

2. Ocorre que o Paciente se encontra em situação fática e jurídica idêntica a do


corréu ....................., tendo sido decretada a aplicação das referidas medidas cautelares (Doc. 01)
a ambos na mesma decisão, com a mesma fundamentação legal, incursões penais semelhantes e
idênticas condições processuais e pessoais referentes à primariedade, bons antecedentes e
conduta social.

3Essa Colenda Câmara concedeu ordem de Habeas Corpus em sessão realizada no dia
05/02/2013 ao corréu ....................., determinando a suspensão os efeitos da decisão atacada no
que se refere à suspensão provisória da função pública, do mandato eletivo vigente e de acesso
aos órgãos públicos (Secretaria de Meio Ambiente de ....................., 15ª Promotoria de Justiça e
gabinetes dos vereadores) expedida em desfavor do Paciente, bem assim no que tange à proibição
de ausentar-se da Comarca de ....................., sem autorização judicial, determinando que, na
hipótese de ausência do Distrito da Culpa, devesse comunicar previamente ao juízo o seu
paradeiro, para fins de eventual intimação.

4. Conforme disposto no art. 580, do CPP: “No caso de concurso de agentes (Código
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por outros réus, se fundada em motivos que não
sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros” . Assim sendo, no presente caso,
é imperioso que esta Colenda Corte determine a extensão do benefício concedido em favor do
Requerente, conforme já sedimentado o entendimento desse Egrégio Tribunal quando do recente
julgamento do HC n° ...........1.

5. De forma idêntica, é o entendimento esposado pelos demais Tribunais Estaduais


do país. Conforme os seguintes excertos:

“HABEAS CORPUS - Tentativa de roubo - Pedido de extensão de benefício concedido


aos corréus - Ordem concedida. Apesar da gravidade do delito, praticado em
concurso de agentes, uso de armas de fogo e restrição de liberdade das vítimas e da
condição pessoal do paciente (reincidente), trata-se do delito tentado, tendo havido a
prisão em flagrante dos envolvidos ainda no local do crime. O paciente está preso
preventivamente desde a prática delitiva, já que recolhido em flagrante, ou seja, há
mais de 04 meses. No sistema informatizado desta corte, há a informação de que, até
o momento, foi realizada uma audiência, ocorrida em 12-12-2011, não havendo
previsão de finalização da instrução. Necessário considerar, também, estarem os
condenados respondendo ai processo em liberdade, sendo, portanto, cabível a
concessão da ordem, mediante condições, em extensão do benefício já concedido aos
corréus. Ordem concedida mediante condições. Unânime.” 2

“HABEAS CORPUS - Concurso de pessoas - Continuidade delitiva - Substituição da


pena corporal por medidas alternativas - Possibilidade - Extensão de benefício
concedido em situação similar - Concessão da ordem. Não subsistindo mais os
motivos autorizadores da prisão preventiva, em similitude ao decidido nos autos do
Habeas Corpus nº 000087549.2012.8.01.0000, substituo a pena corporal por medidas
alternativas, inclusive com a suspensão temporária do exercício da função pública.” 3

6. Nossos Tribunais de teto já sufragaram o entendimento de que havendo identidade


de situação fático-processual entre os co-réus, cabe, a teor do artigo 580 do CPP, deferir o pedido
de extensão do benefício obtido por um deles, qual seja, o direito de aguardar o julgamento em
liberdade de acordo com os precedentes do .STF: HC 88.420-PR, DJ 8/6/2007; do STJ: HC 57.878-
SP, DJ 28/042008; RHC 20.225-MG, DJ 12/2/2007; HC 17.2008-CE, DJ 18/02/2002; HC 55.225-SP,
DJ 7/2/2008; HC 84.557-SP, DJ 12/11/2007; HC 58.156-SP, DJ 9/10/2006; RHC 22.040-MG, DJ
23/6/2008, e pedido de extensão no HC 69.075-PB, DJ 17/9/2007.

7Em recente julgamento, o Supremo Tribunal Federal, concedeu ordem liminar no HC


114944-GO., extensiva a todos corréus, conforme ementa que segue:

“HC ....
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
DECISÃO:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
– INADEQUAÇÃO. VERBETE Nº 691 DA SÚMULA DO SUPREMO – ALCANCE.
PRISÃO PREVENTIVA – FUNDAMENTOS – INSUBSISTÊNCIA. LIMINAR
DEFERIDA – EXTENSÃO A CORRÉUS. J. 11/10/2012.”4
8No presente caso, o Paciente encontra-se na mesma condição e situação processual do
corréu ..................... e conforme se vê na cópia da decisão que decretou a aplicação das medidas
cautelares, em apenso, (Doc. 2) teve sua custódia processual calcada em idêntica fundamentação
legal e igualdade de tratamento dentro dos fatos hipotéticos constantes na denúncia que
inaugurou a Ação Penal supracitada. Logo, é perfeitamente aplicável ao caso a extensão de
benefício nos moldes do art.580 do CPP.
Pelo teor do acórdão proferido nos autos do HC 435817-20.2012.8.09.0000 (201294358170),
restou demonstrada a ilegalidade e o abuso de poder no ato proferido pela autoridade apontada
como coatora, requisito suficiente para ensejar a concessão da ordem de forma LIMINAR,
inaudita altera part, determinando a suspensão da aplicação das medidas cautelares impostas no
juízo de piso, em desfavor do Paciente ....................., vez que demonstrada o fummus boni iures e
o periculum in mora, como forma de restabelecer o império do Dirieto, da Lei e da Justiça.
9Por outro prisma argumentos apontados pela sentença de piso, a título de fundamentação,
não encontram suporte em nenhum dado concreto existente dentro do caderno administrativo
paginado pela Polícia Judiciária, ficando tão somente na esfera da especulação e presunção
emanadas da mente fértil do seu prolator.
5De acordo com os documentos ora inclusos, (docs. 3/7) o Requerente, trabalha como
corretor de imóveis na imobiliária ...................., possui endereço certo, onde reside com sua
companheira e o filho menor, nascido em 22/08/2012, contando atualmente com apenas 02
meses de idade, os quais dependem única e exclusivamente da força laborativa do suplicante
para assegurar suas subsistências e atualmente cursa o 7º período de Ciência da Computação da
UNI............, sendo primário e de excelentes antecedentes (doc. 03/10).

DO DIREITO
É lugar comum que as restrições impostas às liberdades pessoais são necessárias para o
equilíbrio do convívio social, todavia não é razoável que as prisões preventivas sejam
fundamentadas em condições genéricas relativas à simples menção dos requisitos elencados no
art. 312 do Código de Processo Penal, como se verifica no presente caso, e ainda, se extraia do
campo etéreo das lucubrações prognósticos de periculosidade tendentes a justificar a decretação
da clausura sem pena.

A praxe judiciária evidencia que as decisões judiciais vêm revestidas, muitas vezes, de
fundamentação direcionada à necessidade de se assegurar a ordem pública de modo genérico,
sem observar os fatos concretos das práticas delitivas que exigem a restrição da liberdade dos
acusados.

Sob os holofotes da Lei nº 12.403/2011, que institui as novas medidas cautelares no


processo penal, pouco ou nada adiantará o esforço de se construir uma nova concepção de
processo penal acusatória e garantista, voltado ao reverenciamento e zelo pelas garantia
constitucionais de todo cidadão se não houver uma reformulação nas idéias daqueles a quem é
dado o dever de aplicar a lei no caso concreto, de forma a evitar a continuidade da aplicação da
política law ad order personificação do nefasto direito penal do inimigo.

Conforme sustentado no venerável Acórdão que concedeu ordem de Habeas Corpus ao


corréu ....................., a decisão que suspendeu o exercício da função pública desempenhada pelo
Paciente e proibição de acesso a órgãos públicos, ofende garantia constitucional, por desrespeitar
o modelo de pronunciamento jurisdicional motivado, exigido pelo art. 93, inciso IX, da Carta da
República, porquanto a autoridade aqui tida como coatora deixou de indicar elementos concretos
relativos à necessidade da medida restritiva de direitos, expondo-a ao vazio de motivação,
comprometendo-a pela ilegalidade, razão pela qual não pode prevalecer sobre a garantia
constitucional de ir e vir.

Reverbera ainda, o decisium acerca da insuficiência da motivação formal, porque o espírito


da fundamentação é de caráter substancial e material, ausentes no ato jurisdicional ora
impugnado.

Assim sendo, uma vez demonstrado que a decisão vergastada ofende a exigência da devida
motivação dos atos judiciais instalado no pórtico do art. 93, IX da Constituição Federal, é
imperioso que essa Egrégia Corte reedite a decisão tomada no Habeas Corpus 435817-
20.2012.8.09.0000, aqui tomado como paradigma, e conceda o presente writ.
EX POSITIS

esperam os Impetrantes, seja o presente pedido de LIMINAR deferido com a extensão do


benefício concedido ao corréu ....................., nos autos do HC ....................., ao Paciente
determinando a suspensão da aplicação das medidas cautelares impostas no juízo de piso e no
mérito dado provimento à presente ordem de HABEAS CORPUS, para fazer cessar a coação
ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, ....................., revogando a ordem impositiva de
medida cautelar contra a qual aqui se insurge, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados,
oficiando-se a autoridade aqui nominada coatora, para prestar suas informações em caráter de
urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local e data

____________________

OAB
Habeas Corpus - Pedido de Extensão de Benefício Concedido a
Corréu

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE _____.

DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO - HC .....................

1ª CÂMARA CRIMINAL - REL. DES. ..................

“HABEAS CORPUS”

(COM PEDIDO DE LIMINAR)

Colenda Câmara,

Eminente Relator,

................., brasileiro, ............, advogado regularmente


inscrito na OAB sob o nº ...., e ....................................., inscrita na OAB sob o nº ...., permissa
máxima vênia vem perante esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º, LVII, LXVI e
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguintes do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

com pedido de liminar

em favor da Paciente................................., brasileiro, amasiado, corretor de imóveis, natural


de ....................., filho de ..................... e ....................., nascido em 26/06/1987, RG .....................,
residente na na Rua ....................., Vila ................., ....................., com pedido de LIMINAR para
conceder EXTENSÃO DE BENEFÍCIO ao Paciente e contra decisão da lavra do Juízo da Segunda
Vara Criminal de Anápolis-GO., (doc. 01) que injustificada converteu a prisão em flagrante em
Prisão Preventiva (____), do Paciente, sob a alegação de que em liberdade o Paciente causaria
embaraços a instrução criminal e atentaria contra a aplicação da lei penal, sem contudo indicar
nenhum fato concreto indicativo da presença das referidas hipóteses do art. 312 do CPP,
caracterizando inequívoco constrangimento ilegal contra o status libertatis, sanável com o
presente instituto do Habeas Corpus.

SÚMULA DOS FATOS

1O Paciente, conforme cópia da denúncia em apenso responde a Ação Penal de nº


....................., perante o juízo da 2ª Vara Criminal de Anápolis, como incurso nas penas do art.
33 da Lei 11.343/06, figurando como corréu ....................., ao qual essa Egrégia Câmara concedeu
ordem de Habeas Corpus, nos autos ..................... (........), revogando sua prisão preventiva e
determinando a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão com a seguinte ementa:

“HC nº ..................... (.......)


Impetrante:
Paciente:
Relator:
EMENTA - HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
USO. NÃO CONHECIMENTO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM
PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. BONS PREDICADOS PESSOAIS.
APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO; 1- Ante a
natureza célere e a impossibilidade de dilação probatória, não se conhece na via
estreita mandamental pedido de desclassificação da conduta imputada ao paciente.
2- Meras ilações e conjecturas acerca de provável prejuízo para instrução criminal e
aplicação da lei penal, sem fundamento em elementos determinados, não possuem o
condão de manter o acusado preso, impondo-se a concessão de liberdade provisória
vinculada ao cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, mormente
quando presentes de predicados pessoais favoráveis (CPP, art. 321). Ordem
parcialmente conhecida e, nesta parte, concedida. _____, 10 de janeiro de 2013".

2. Ocorre que o Paciente se encontra em situação fática idêntica a do corréu


....................., tendo sido decretada a prisão preventiva de ambos na mesma decisão, com a
mesma fundamentação legal, incursões penais semelhantes e idênticas condições fático-
processuais e pessoais referentes à primariedade, bons antecedentes e conduta social.

3. Essa Colenda Câmara concedeu ordem de Habeas Corpus por unanimidade de


votos em sessão realizada no dia 11/01/2013 ao corréu ....................., determinando a expedição
de Alvará de Soltura para que possa responder à referida Ação Penal em liberdade, com
imposição de medida cautelar.

4. Conforme disposto no art. 580, do CPP: “No caso de concurso de agentes (Código
Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por outros réus, se fundada em motivos que não
sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros” . Assim sendo, no presente caso,
é imperioso que esta Colenda Corte determine a extensão do benefício concedido em favor do
Requerente, conforme já sedimentado o entendimento desse Egrégio Tribunal quando do recente
julgamento do HC n° 287.926.-29.2011.8.09.00001.

5. De forma idêntica, é o entendimento esposado pelos demais Tribunais Estaduais


do país. Conforme os seguintes excertos:

“HABEAS CORPUS - Tentativa de roubo - Pedido de extensão de benefício concedido


aos corréus - Ordem concedida. Apesar da gravidade do delito, praticado em
concurso de agentes, uso de armas de fogo e restrição de liberdade das vítimas e da
condição pessoal do paciente (reincidente), trata-se do delito tentado, tendo havido a
prisão em flagrante dos envolvidos ainda no local do crime. O paciente está preso
preventivamente desde a prática delitiva, já que recolhido em flagrante, ou seja, há
mais de 04 meses. No sistema informatizado desta corte, há a informação de que, até
o momento, foi realizada uma audiência, ocorrida em 12-12-2011, não havendo
previsão de finalização da instrução. Necessário considerar, também, estarem os
condenados respondendo ai processo em liberdade, sendo, portanto, cabível a
concessão da ordem, mediante condições, em extensão do benefício já concedido aos
corréus. Ordem concedida mediante condições. Unânime.” 2

“HABEAS CORPUS - Concurso de pessoas - Continuidade delitiva - Substituição da


pena corporal por medidas alternativas - Possibilidade - Extensão de benefício
concedido em situação similar - Concessão da ordem. Não subsistindo mais os
motivos autorizadores da prisão preventiva, em similitude ao decidido nos autos do
Habeas Corpus nº ..........., substituo a pena corporal por medidas alternativas,
inclusive com a suspensão temporária do exercício da função pública.” 3

6Nossos Tribunais de teto já sufragaram o entendimento de que havendo identidade de


situação fático-processual entre os co-réus, cabe, a teor do artigo 580 do CPP, deferir o pedido de
extensão do benefício obtido por um deles, qual seja, o direito de aguardar o julgamento em
liberdade de acordo com os precedentes do STF: HC 88.420-PR, DJ 8/6/2007; do STJ: HC 57.878-
SP, DJ 28/042008; RHC 20.225-MG, DJ 12/2/2007; HC 17.2008-CE, DJ 18/02/2002; HC 55.225-SP,
DJ 7/2/2008; HC 84.557-SP, DJ 12/11/2007; HC 58.156-SP, DJ 9/10/2006; RHC 22.040-MG, DJ
23/6/2008, e pedido de extensão no HC 69.075-PB, DJ 17/9/2007.

7Em recente julgamento, o Supremo Tribunal Federal, concedeu ordem liminar no HC


_____., extensiva a todos corréus, conforme ementa que segue:

“HC 114944
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
DECISÃO:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
– INADEQUAÇÃO. VERBETE Nº 691 DA SÚMULA DO SUPREMO – ALCANCE.
PRISÃO PREVENTIVA – FUNDAMENTOS – INSUBSISTÊNCIA. LIMINAR
DEFERIDA – EXTENSÃO A CORRÉUS. J. 11/10/2012.”4

8No presente caso, o Paciente encontra-se na mesma condição e situação processual do


corréu ........... e conforme se vê na cópia da decisão que decretou sua prisão preventiva em
apenso, teve sua custódia processual calcada em idêntica fundamentação legal e igualdade de
tratamento dentro dos fatos hipotéticos constantes na denúncia que inaugurou a Ação Penal
supracitada. Logo, é perfeitamente aplicável ao caso a extensão de benefício nos moldes do art.
580 do CPP.

Sendo assim, deve o presente pedido concedido LIMINARMENTE, inaudita altera part,
determinando a expedição do competente ALVARÁ DE SOLTURA em favor do Paciente ..............,
vez que demonstrada o fummus boni iures e o periculum in mora, como forma de restabelecer o
império do Direito, da Lei e da Justiça.

9Por outro prisma argumentos apontados pela sentença de piso, a título de fundamentação,
não encontram suporte em nenhum dado concreto existente dentro do caderno administrativo
paginado pela Polícia Judiciária, ficando tão somente na esfera da especulação e presunção
emanadas da mente fértil do seu prolator.

5De acordo com os documentos ora inclusos, (docs. 3/7) o Requerente, trabalha como
corretor der imóveis na imobiliária Ávila Imóveis, possui endereço certo, onde reside com sua
companheira e o filho menor, nascido em 22/08/2012, contando atualmente com apenas 02
meses de idade, os quais dependem única e exclusivamente da força laborativa do suplicante
para assegurar suas subsistências e atualmente cursa o 7º período de Ciência da Computação da
UNI..........., sendo primário e de excelentes antecedentes (doc. 03/10).

DO DIREITO

Nossos atuais fundamentos da garantia da ordem pública e assegurar a aplicação da lei


penal, inscritos no art. 312 do CPP, há muito são alvos de ferrenha crítica de juristas e operadores
do direito vez que são de conteúdo vago e impreciso, constituindo uma verdadeira “ anemia
semântica”, no dizer de Morais da Rosa,5 pois basta um pouco de conhecimento de estrutura
lingüística para construir artificiosamente estes requisitos, cuja “falsificação” não é tangível ou
verificável, portanto, uma vez realizada se reveste do caráter de verdade indiscutível.

É lugar comum que as restrições impostas às liberdades pessoais são necessárias para o
equilíbrio do convívio social, todavia não é razoável que as prisões preventivas sejam
fundamentadas em condições genéricas relativas à simples menção dos requisitos elencados no
art. 312 do Código de Processo Penal, como se verifica no presente caso, e ainda, se extraia do
campo etéreo das lucubrações prognósticos de periculosidade tendentes a justificar a decretação
da clausura sem pena.

A praxe judiciária evidencia que as decisões judiciais vêm revestidas, muitas vezes, de
fundamentação direcionada à necessidade de se assegurar a ordem pública de modo genérico,
sem observar os fatos concretos das práticas delitivas que exigem a restrição da liberdade dos
acusados. A “garantia da ordem pública” admite tamanha elasticidade interpretativa, que acaba
sendo confundida com o presente estado de inquietação sofrido pela sociedade diante do
crescente índice de criminalidade ou mesmo com situações em que se pretende, a rigor,
antecipação de pena.

Nada indica que o Paciente tenha potencial de periculosidade suficiente para causar grave
embaraço ou entrave ao bom andamento do feito, ou de qualquer forma possa dificultar a
produção de provas necessárias ao esclarecimento da verdade; nem se vislumbra a eventual
possibilidade de que possa, no futuro, furtar-se à possível aplicação da lei penal, vez que
comprovou ser radicado no distrito da culpa com endereço certo e sabido.

Neste enfoque tem-se que a prisão de natureza cautelar, no caso vertente: a prisão
preventiva, somente se justifica diante da necessidade do acautelamento do indivíduo que
cometeu um fato delituoso, desde que presentes os pressupostos do fumus boni iuris (fumus
comissi delicti)e do periculum in mora (periculum libertartis), que devem ser demonstrados de
forma concreta e segura.

É oportuno ressaltar para aqueles que enxergam a prisão cautelar como primeira opção, o
atual entendimento da 2.ª Turma do STF, relatada por Celso de Mello: “A prerrogativa jurídica da
liberdade - que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida
por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em preocupante discurso de
conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e
garantias fundamentais proclamados pela Constituição da República, a ideologia da lei e da
ordem (...)”6

Sob os holofotes da Lei 12.403/2011, que institui as novas medidas cautelares no processo
penal, pouco ou nada adiantará o esforço de se construir uma nova concepção de processo penal
acusatória e garantista, voltado ao reverenciamento e zelo pelas garantia constitucionais de todo
cidadão se não houver uma reformulação nas idéias daqueles a quem é dado o dever de aplicar a
lei no caso concreto, de forma a evitar a continuidade da aplicação da política law ad order
personificação do nefasto direito penal do inimigo.

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência (Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto,” mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são os interesses e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação,


que se constituem em fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí
a exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

Desta forma, a sentença abjurgada, além de contrariar o entendimento esposado pelas


Cortes de teto e ferir de morte as garantias constitucionais, ao indeferir o Pedido de Revogação de
Prisão Preventiva do Paciente, desvirtuou a realidade dos fatos ao conjecturar situações
imaginárias com o fito de justificar o injustificável indeferimento da concessão do benefício
legal.

EX POSITIS

esperam os Impetrantes, seja o presente pedido de LIMINAR deferido com a extensão do


benefício concedido ao corréu Jean Pierre da Rocha Mota, nos autos do HC ........... ao Paciente
determinando a expedição do competente Alvará de Soltura e no mérito dado provimento à
presente ordem de HABEAS CORPUS, para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima,
o Paciente, ....................., revogando a prisão cautelar de natureza processual, pelos fatos e
fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a autoridade aqui nominada coatora, para prestar
suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de
costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local e data

__________________

OAB
Habeas Corpus - Revogação de Prisão Preventiva e Imposição de
Medida Cautelar - Tráfico de Influência e Associação Criminosa
Lei 12.850 de 02 de Agosto de 2013

EXMo. SR. DR. presidente do tribunal de justiça do estado de _____

HABEAS CORPUS

................................., brasileiro, divorciado, advogado regularmente inscrito na OAB-GO


sob o nº ____ e ..........., brasileira, solteira, advogada regularmente inscrita na OAB-GO sob o nº
..........., com endereço profissional abaixo impresso, permissa máxima vênia vêm perante esta
Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, cominado com o
artigo 647 e seguinte do Código de Processo Penal e art. 13, alíneas “a” e “b”, art. 201, inc. IV, do
Regimento Interno desta Casa, impetrar uma ordem de

HABEAS CORPUS

Em favor do Paciente ..........., brasileiro, casado, Edil, portador do CPF nº ..........., RG ........... ,
residente na Rua ..........., Bairro ..........., ..........., contra decisão emanada do Juízo da Primeira
Vara Criminal de ........... .(Doc. 1), que de modo injustificável, parcial e tendencioso impôs
medida cautelar de suspensão do mandato eletivo de vereador cumulada com a proibição de
ausentar-se da comarca, imposição de entrega de passaporte e proibição de acesso à Secretaria de
Meio Ambiente e Agricultura de Anápolis, constituindo notório e flagrante constrangimento
ilegal, sanável pelo presente remédio heróico de Habeas Corpus, nos termo dos dispositivos
legais retro perfilados e face aos fatos, razões de fundamentos a seguir expostos:

SÚMULA DOS FATOS


O Paciente responde a Ação Penal nº ........... em tramitação pela 1ª Vara Criminal de
........... -....., como incurso nas penas do art. 232, do Código Penal, tendo nos referidos autos sido
decretada sua prisão preventiva (doc. 2), com os mesmos fundamentos da decisão ora combatida
através do presente writ, quais sejam a conveniência da instrução criminal e garantia da
aplicação da lei penal, sob o pretexto que em liberdade poderia tumultuar o andamento do
processo, com desfazimento de provas com destruição de outros elementos e objetos passíveis de
ser coletados..etc., conforme o seguinte trecho:

“21. Há ainda, a necessidade de garantir a ordem pública. assegurar a instrução


criminal do procedimento e a aplicação da lei penal.

22. De fato tendo sido denunciados (...) apontados como principais articuladores da
organização criminosa narrada na exordial acusatória, valendo-se de diversos setores
da administração pública para a suposta realização de negócios espúrios, voltados ao
estabelecimento de empreendimentos imobiliários nesta cidade, ao arrepio da
legislação ambiental e de probidade das instituições público, reputo, por ora, que a
manutenção do cárcere é providência necessária.

23 . Não se ignora, nesse particular, que a credibilidade dos Poderes Legislativo e


Executivo municipais foram atingidos, bem como do Ministério Público de Goiás, em
face das imputações que são dirigidas aqueles increpados, repercutindo,
sensivelmente, no meio social, como noticiam os veículos da imprensa local.

24. Demais disso, o retorno prematuro dos acusados significará tumulto à instrução
do procedimento criminal, desfazimento de elementos de prova e intimidação de
testemunhas, em face do elevado grau de organização da quadrilha e pelo vulto dos
interesses econômicos em desfile.

25. Ademais, tratam-se de funcionários públicos e empresários que poderão retornar


aos seus gabinetes e escritórios, lugares onde logrou-se angariar o acervo probatório,
e ali destruir outros elementos e objetos passíveis de serem coletados e que tenham
relação com os crimes que são imputados aos mesmos.

26. Assim em face da necessidade de acautelamento do meio social e de se


considerar a indispensabilidade de garantir a tramitação escorreita, válida e regular
do procedimento criminal, sem interferência que visam justamente macular o
“persecutio criminis in judicio,” imperiosa a decretação da prisão preventiva.”
(Grifei).

A famigerada sentença ut retro transcrita, foi cassada em toda sua inteireza pelo Supremo
Tribunal Federal, que concedeu liminarmente a ordem de Habeas Corpus nº ........... (Doc. 3),
tendo como relator o iminente Ministro Marco Aurélio, que em seu iluminado voto já pontuava
que o Juízo da Primeira Vara Criminal de Anápolis, ao editar o decreto de prisão preventiva
incorria em inconveniente e despropositado autêntico prejulgamento do mérito “como se a
culpa dos envolvidos já estivesse selada” e agora, novamente investe a decisão, ora vergastada,
contra matéria já discorrida pelo STF, sem que ocorresse qualquer fato novo entre a concessão da
liberdade provisória e a imposição de medidas cautelares.
O voto do Ministro Marco Aurélio, ao analisar a sentença de decretação de prisão
preventiva verberou:

“O Juízo aludiu à materialidade e a indícios da autoria. A seguir, potencializou a


imputação e, com base nesta, como se a culpa dos envolvidos já estivesse selada,
caminhou para a conclusão de que a ordem pública e a instrução criminal ficariam
ameaçadas. Presumiu o excepcional, ou seja, que os acusados, sob os holofotes do
Judiciário, continuariam a praticar crime e viriam a tumultuar a instrução. Também
não cabe, para respaldar a preventiva, evocar a credibilidade dos Poderes Legislativo
e Executivo municipais bem como do Ministério Público atingidos. O atropelo das
normas legais, da ordem jurídica, é que acaba por fragilizar as instituições.” (Grifei).

O Ilustre Ministro, em seu voto, após determinar a expedição de alvarás de solturas em


favor de todos Acusados, impôs como medida cautelar a advertência de “não se ausentarem do
distrito da culpa, atendendo aos chamados judiciais, contribuindo para a elucidação dos fatos e
adotando a postura que se aguarda de do homem médio, concernente a vida em sociedade.” Não
há qualquer indício de que algum dos Acusados tenha descumprido as condições impostas pelo
STF, que justificasse a imposição de novas medidas cautelares.

A sentença ora impugnada permeia pela mesma seara da decisão que decretou a prisão
preventiva do Paciente, possui os mesmo argumentos com idênticas fundamentações, matérias já
apreciadas e julgadas pela Suprema Corte, sem a ocorrência de nenhum fato novo que a pudesse
justificar a adoção de novas medidas cautelares suplementares.

Por outro lado, se o objetivo da imposição de novas medidas cautelares fosse o de preservar
eventuais elementos de provas existentes no ambiente de trabalho dos envolvidos, tem-se que
esta veio serodiamente vez que os envolvidos se encontram no gozo de liberdade desde 15
outubro pp., período em que caso fosse de suas vontades já teriam suprimido qualquer elemento
de prova ou indícios de eventual conduta criminosa.

Além do mais, por ocasião da prisão do Apelante e dos demais Acusados, foi determinada
pelo mesmo Juízo, a busca e apreensão em todos ambientes domiciliares e de trabalhos dos
envolvidos, com a realização de uma verdadeira devassa nestes locais com o objetivo de coletar
provas de eventuais fatos delituosos, sendo injustificável esta nova investida contra sues status
libertatis.

A ignominiosa decisão, ora vergastada, é a mais fiel tradução do destempero judicial, da


prepotência e da parcialidade na condução do processo de cognição, no qual desde sua fase
alboreal o Juízo não se acanhou ao demonstrar sua clara predisposição em abraçar de forma a
induvidosa, a pretensão acusatória. É como se militasse em um processo onde a figura do
Acusador e do julgador se amalgamassem de tal forma que se figuraria indistinta suas diferenças.

Pela completa ausência de objeto percebe-se nitidamente que o propósito da imposição de


medidas cautelares suplementares àquelas já decretadas pelo STF, é pura e simplesmente
tripudiar e enfernizar a vida dos Acusados, numa frívola e leviana demonstração de desapego aos
princípios e garantias constitucionais e o pisoteamento do senso de legalidade, imparcialidade e
impessoalidade que deveriam nortear a ação daqueles que são responsável pela distribuição da
justiça, configurando indisfarçável constrangimento ilegal.

O Paciente desde que obteve a liberdade através de Alvará de Soltura determinado pelo
STF, cumpriu fielmente todas condições impostas na concessão de liberdade provisória, não
havendo justa causa pra se submeter a esta vexatória e humilhante exposição de sua imagem,
perante seus familiares e a sociedade Anapolina, onde exerce o mandato de vereador.

DO DIREITO
Segundo a melhor doutrina, abalizada pelo mestre Aury Celso Lima Lopes Junior, as
medidas cautelares de natureza processual penal buscam garantir o normal desenvolvimento do
processo e eficaz aplicação do direito de punir ao, por exemplo, possibilitar a prisão do acusado
para garantia de sua presença na instrução ou determinar a prestação de fiança (fiança - garantia
do pagamento das custas do processo). O que se pretende é possibilitar o pleno exercício do
Direito de acusação garantindo também a eficácia do Direito de punir externado na provável
pena a ser imposta.

Delimitado o objeto das medidas cautelares é importante frisar um grave equívoco em que
tem incorrido diversos estudiosos do processo penal ao analisar requisito e fundamento das
medidas. A doutrina processual é uníssona em apontar como requisitos para adoção dessas
medidas o fumus boni iuris e o periculum in mora seguindo assim as lições de Calamandrei em
sua célebre obra “Introduzione allo studio sistematico dei provedimenti cautelari. ”

Neste contexto conclui-se que a aplicação da medida cautelar no processo penal impõe de
modo imprescindível a demonstração inequívoca do periculum in mora consubstanciado em um
fato concreto, que denote a necessidade da imposição da referida constrição de caráter pessoal.
Assim, não basta que o julgador sustente uma fundamentação vaga e calcada em presunções e
suposições sem nenhum amparo na realidade fática, no momento da aplicação da cautela
processual, como fez a juíza de piso, no caso em apreço.

Embora a sentença conspurcada invoque a aplicação teoria de um direito penal baseado no


princípio da intervenção mínima, invocando lições do eminente Luiz Flávio Gomes, seu
conteúdo é flagrantemente inspirado na teoria do Direito Penal Máximo, que tem como base o
movimento conhecido por “law and order”, do rançoso “Direito Penal do Inimigo”, segundo o
qual, dado o insucesso da pacificação social por outros meios, deve o Estado tipificar e punir
penal e energicamente os transgressores, inclusive os de infrações consideradas de menor
potencialidade ofensiva ao bem jurídico tutelado, de modo a desencorajar outras transgressões.
Essa doutrina sustenta que, apenas com a ampliação do Direito Penal ( por meio da ampliação da
tipificação penal, ampliação da aplicação e quantificação das sanções privativas de liberdade,
regime de execução mais rígido, tolerância zero, redução da maioridade penal e pena privativa
de liberdade para usuários de substâncias entorpecentes ), conseguirá o Estado controlar a
violência no meio social.

No caso vertente, conforme pontuou o Ministro Celso de Mello, do STF, ao conceder a


liberdade provisória ao Paciente, a sentença hostilizada, do mesmo modo da sentença que
decretou a prisão preventiva: “presume o excepcional, ou seja, que os acusados sob os holofotes
do judiciário, continuariam a praticar crime e viriam a tumultuar a instrução”. É a reedição de
uma decisão que foi cassada integralmente pela Suprema Corte, pelo que deve ser considerada
natimorta pelos seus próprios argumentos.

A toda evidência a sentença conspurcada trata a imposição das medidas cautelares como
verdadeiro adiantamento de pena, desvirtuando sua natureza essencialmente cautelar e de
sobremaneira os princípios e objetivos do novel instituto, sem qualquer conteúdo satisfativo, o
que, em tese, não deixa de ser também uma conspurcação ao princípio da presunção de
inocência, nos moldes da visão essencialmente garantista.

De tão tosca, a fundamentação da decisão ora hostilizada não se acanha ao engendrar, de


forma clara e impertinente, na matéria de mérito, dando como selada a responsabilidade penal
dos envolvidos, cuja competência é exclusiva do Juízo de cognição, violando o princípio de
imparcialidade judicial numa demonstração inequívoca que o desenlace da ação penal desaguará
no édito condenatório.

Como garantia da proteção de eventuais elementos de provas eventualmente existentes nos


ambientes de trabalhos dos imputados, é evidente que o Juízo impugnado deveria,
cumulativamente, determinar a expedição de mandado de busca e apreensão para recolher tais
elementos probatórios, porém, até o momento nenhuma medida neste se sentido foi requerida
pelo MP ou determinada de ofício pelo Juízo. O que deixa claro que o objetivo da imposição das
medidas cautelares, ora questionadas, é pura e simplesmente tripudiar de forma abusiva a vida
do Paciente.

Tendo em conta que o Poder Judiciário é o palco maior de asseguração das garantias
fundamentais, delimitando o poder de seus aplicadores da jurisdição, no presente caso, deve este
Egrégio Tribunal, reconduzir os fatos aos trilhos da legalidade, cassando a sentença abjurada,
com a concessão do presente remédio heróico de Habeas Corpus.
Pede deferimento.

Local e data

___________________

OAB
Habeas Corpus – Casa de Prostituição – Indeferido Arbitramento de
Fiança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ...............

“HABEAS CORPUS”

CÓDIGO TJ.... - ....

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

......................, brasileiro(a), (Est. Civil), advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ....., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LVII, LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de
Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente ..................., brasileiro(a), (Est. Civil), (Profissão), residente na


rua .............., Bairro ..........., .........., contra sentença exarada pela Juíza de Direito da Primeira
Vara Criminal da Comarca de ..........., (doc....), que indeferiu, injustificadamente, o pedido de
ARBITRAMENTO DE FIANÇA, sob a alegação de estarem presentes os requisitos e pressupostos
da decretação de sua prisão preventiva, caracterizando inequívoco constrangimento ilegal contra
o status libertatis do Paciente, sanável com o presente instituto do habeas corpus com fulcro no
artigo 648, I e V do Código de Processo Penal combinado com artigo 5ª LVII, LXVI e LXVIII da
nossa Carta Magna.

SÚMULA DOS FATOS

O Paciente, conforme cópia da denúncia em apenso (doc....) responde a uma ação penal,
em tramitação pela Segunda Vara Criminal de ............, como incurso nas penas do artigo 14 da
Lei 10.823/2003, (porte ilegal de arma de uso permitido), tendo requerido naquele Juízo
Arbitramento de Fiança, fazendo provas de preencher todos requisitos legais para obtenção do
benefício, porém, sob o argumento de ter outros processos criminais em andamento contra o
Paciente, o juiz da instância de piso indeferiu o pedido (doc. ...) in verbis:
“Associado ao registro dos antecedentes do requerente, constante nestes autos.
(fls. ...), verifica-se que no apenso ele realizou anteriores delitos, o que interfere na
sua conduta sócio-jurídica, de maneira a desabona-la (a. .......... - fls. .....) :

De mais a mais, tem-se que se configuram presentes as hipóteses autorizativas da


decretação da prisão preventiva em seu desproveito, uma vez que, vez por outra, está
se envolvendo na prática de desvios de comportamento, violando a ordem pública,
sem se preocupar com as conseqüências deles advindas.

É, absolutamente, temerária a sua permanência em liberdade, pois não se emendou,


apesar das várias oportunidades em que mereceu uma chance para se demonstrar
ajustado às normas de convívio social e, no entanto, renite em viola-las.

Incontroversa a presença dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva, tendo


em vista, inclusive, a situação de um de seus processos, praticamente preparado para
ser levado às barras do E. Tribunal do Júri.”

Diz ainda sentença hostilizada:

“Por fim, na presente data, deverá ser verificada uma representação para a decretação
de sua prisão preventiva, formulada pelo Dr. Delegado Titular do ..° Distrito de
Polícia de ......, em que aduz a co-autoria do requerente na prática de um homicídio
qualificado, cometido contra uma pessoa que se encontrava desprevenida para o
ataque, tendo ela sido surpreendida, ante o ataque de inopino e por motivo
considerado ignóbil, decorrente de uma vindita pessoal entre o executor material da
conduta e aquela, o que demonstra muito mais a necessidade de sua continuidade na
masmorra.”

Realmente contam antecedentes judiciais em desfavor do Paciente, porém, além do porte


ilegal de arma, onde lhe foi negado a prestação de fiança, todos já foram definitivamente
arquivados pela extinção da punibilidade, com exceção de um processo de homicídio e outro por
resistência, (doc.... ), nos quais o Paciente compareceu em todos atos processuais, (doc. .....), não
existindo qualquer fato justificador de sua custódia cautelar naqueles procedimentos.

Ressalte-se, que o processo da competência do Tribunal do Júri citado no decisório atacado,


sequer tramita pela vara do ilustre Magistrado, aqui tido como autoridade coatora, onde se
houvesse necessidade da decretação da prisão do Paciente, competiria ao juiz que preside aquela
ação penal, além do que a alegativa de que em liberdade poderia se furtar de comparecer ao
julgamento não passa de mera suposição do julgador.

Por outro lado, a sentença conspurcada, ainda justifica a negativa da prestação de fiança do
Paciente, em face de existência de representação para decretação de prisão preventiva do
Paciente por suspeita em envolvimento em outro crime, porém, a sentença naqueles autos,
exarada pelo mesmo magistrado, não lhe decretou a custódia provisória, (doc....), conforme
trecho abaixo:

“Anexaram-se as IACS dos representados (fls. .....).


Instado a se manifestar, o Dr. Promotor de Justiça se posicionou pelo deferimento
parcial da medida, para que se pudesse decretar a prisão preventiva de ............... e se
indeferisse o pedido em relação aos outros (fls. .....). (grifei)
A síntese. FUNDAMENTO:
Manuseando os presentes autos, em cotejo com o que acolhe PEDIDO DE
ARBITRAMENTO DE FIANÇA, tombados sob o n° ..............., este, formulado pelo
representado ................., percebo a possibilidade de deferimento parcial da
representação.
Com efeito.
Inicialmente, de ver-se que indeferi, nesta oportunidade, o pedido de arbitramento
de fiança do aludido representado, .............., pois fora ele preso em flagrante delito, -
pois portava arma de fogo, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar -, tendo em vista seus péssimos antecedentes,
justificadores da decretação de sua prisão preventiva e, de conseqüência, da
continuidade de sua segregação cautelar.
No que tem pertinência com a representação deduzida nos presentes autos, verifico,
assim como fez com a sua costumeira precisão o ilustre integrante do Parquet, que
somente em parte se lhe pode dar acolhida, tendo em vista que, a esta altura, há uma
situação de co-autoria, co-participação ou realização de ilícito típico diverso, que
demanda maiores elucidações, em razão de aspectos controversos nas declarações
dos representados e, em princípio, todavia, prescinde da clausura processual
de ...................... para que se possa obter o necessário êxito. (GRIFEI)
Assinalo, desde logo, estar convencido da existência do fato, diante dos elementos
colacionados, sejam os orais, mas também em face da requisição de exame anexada
(fls....).
No que se refere à autoria, o representado ........................, não somente a admitiu,
como descreveu a forma e o meio empregado na execução do fato.”

Percebe-se, no trecho retro que o seguindo o entendimento do nobre Representante do


Parquet, o magistrado a quo declara ser desnecessária a decretação de sua prisão preventiva do
Paciente, naqueles autos, decretando-a somente com relação ao verdadeiro autor do
delito ............................., restando como única justificativa do indeferimento do pedido de
arbitramento de fiança os supostos maus antecedentes.

O paciente, embora registre antecedentes judiciais no passado, atualmente, embora pobre,


é pessoa trabalhadora, casado e com dois filhos menores (doc.......) cujas subsistências
dependem exclusivamente de seu labor, exerce profissão lícita (doc. ..) e reside em lugar certo e
definitivo (doc. ...), não havendo qualquer interesse de se furtar ao comparecimento em juízo
para prestar contas de seus atos, como tem feito nos processo a que responde, sendo
injustificável a negativa da prestação de fiança, pela instância singela, consubstanciando um
notório e indisfarçável abuso judicial contra seu status libertatis, passível de reparo deste Egrégio
Sodalício através da concessão do presente pedido de habeas corpus.

DO DIREITO

O novo ordenamento jurídico imposto pela neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011, que
alterou as disposições do CPP que trata das medidas cautelares e da prisão preventiva, não
inviabiliza a concessão da liberdade provisória mediante prestação de fiança, pelo fato de haver
processos criminais em andamento contra a pessoa do Requerente, pelo que se depreende que a
sentença guerreada não possui feição de legalidade.

Dispõe a Constituição Federal que ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5o, LXVI), e, uma vez preenchidos os
requisitos legais e não estando presente quaisquer dos impeditivos inscritos no comando
normativo dos artigos 323 e 324 do CPP, a concessão do benefício constitui direito subjetivo do
acusado, conforme entendimento esposado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, que assim
decidiu:

“Satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança é direito do réu e não


faculdade do Juiz.” (RTJ 116/139).

Conforme, ficou demonstrado, o requerente, possui todos requisitos pessoais para que lhe
seja deferido o benefício pleiteado, e, não se encontram presentes, de maneira objetiva e
cristalina, quaisquer das hipóteses ensejadoras de sua custódia processual, nos termos do artigo
311 e seguintes do CPP, como entendeu o magistrado, aqui nomeado de autoridade coatora, pois
os possíveis maus antecedentes, por si só, não autorizam o indeferimento da prestação de fiança,
conforme o entendimento de nossa melhor doutrina e jurisprudência dominante.

No presente, caso, o indeferimento do benefício da fiança, arrimou-se na suposta existência


de requisitos e pressupostos da decretação da prisão preventiva, porém, a sentença atacada, não
especificou de modo claro e objetivos sobre a necessariedade da constrição como garantia da
ordem pública ou assegurar o bom andamento da instrução criminal, naquele ou nos outros
processos, onde o Paciente estava fielmente comparecendo em todos atos processuais. Logo, tem-
se que a decisão atacada restou carente de fundamentação.

O posicionamento adotado pelo juiz ad quo violou o princípio e a garantia constitucional


da presunção de inocência capitulado no art. 5.º, LVII da Constituição Federal, vez que com a
manutenção de sua custódia processual em razão da existência de ações penais em andamento
em seu desfavor, configura-se, assim, uma temerária antecipação de pena dos procedimentos que
poderão desaguar na absolvição do Paciente.

De acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão preventiva é medida


drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de extrema necessidade, quando
estiver provada de modo concreto e objetivo o periculum in mora, tanto que é considerada por
alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua” (Lucchini), “a mais cruel das necessidades
judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud), ou um “tirocínio de perversão
moral”(Carrara) é considerada no Brasil por Bento de Faria como “um estado de privação da
liberdade pessoal reclamado pelo interesse social” .

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência ( Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto ”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.
A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na
necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que amaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço, datíssima vênia, a manutenção da custódia processual, nasceu de uma


equivocada conclusão do magistrado, em supor que em liberdade o Paciente poderia se furtar ao
comparecimento perante o Egrégio Tribunal do Júri, em outro processo cuja competência não lhe
pertencia e onde o juiz presidente permitiu que respondesse em liberdade até a presente data. De
igual modo, na representação pela prisão preventiva do Paciente julgada na mesma data do
indeferimento da fiança, o ilustre Promotor de Justiça entendeu desnecessária sua custódia
processual, mesmo presentes o antecedentes judiciais apontados na sentença ora hostilizada.

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.

Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e


ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar.”(in
“Manuel de Processo Penal – Vol. II – pag. 619)

A respeito do assunto , oportuna a lição do insuperável mestre Fernando da Costa Tourinho


Filho, in “Processo Penal”, Vol. 3, 19ª Edição, 1997, Saraiva, página 471:

“Já sabemos que toda e qualquer prisão, que anteceda à decisão definitiva do Juiz, é
medida drástica, ou, como dizia Bento de Faria, é uma injustiça necessária do Estado
contra o indivíduo e, por isso, deve ser reservada para casos excepcionais.

Se é injustiça, porque compromete o jus libertatis do cidadão, ainda não


definitivamente considerado culpado, por outro lado, em determinadas hipóteses, a
Justiça Penal correria um risco muito grande, deixando o indigitado autor do crime
em liberdade. Por isso mesmo, entre nós, a prisão preventiva somente poderá ser
decretada dentro naquele mínimo indispensável, por ser de incontrastável
necessidade e, assim mesmo, sujeitando-a a pressupostos e condições, evitando-se ao
máximo o comprometimento do direito de liberdade que o próprio ordenamento
jurídico tutela e ampara. Incontrastável necessidade, eis seu fundamento.”

É no mesmo diapasão que os Superiores Pretórios pátrios têm decidido, acerca da


demonstração inequívoca da necessariedade da decretação da prisão cautelar como instrumento
tutelador dos interesses sociais e da liberdade individual, conforme o excerto do recente julgado
proferido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, cuja ementa assim adita:

“HABEAS CORPUS - Furto majorado e formação de quadrilha - Prisão


preventiva mantida na instância de piso - Inconformismo - Pleito de extensão
de benefício concedido aos corréus com fulcro no artigo 580 do Código de
Processo Penal - Preliminar ministerial de não conhecimento - Habeas corpus
nº 126.244/2011, impetrado em favor do paciente - Ordem denegada - Causa de
pedir diversa - Situação processual análoga - Garantia da ordem pública - Juízo
valorativo - Falta de fundamentação idônea - Pressupostos do artigo 312 do
Código de Processo Penal inexistentes - Afronta ao artigo 93, IX, da
Constituição Federal - Extensão dos efeitos do HC 13.391/2011 - Ordem
concedida.

É imprescindível que se demonstre, com explícita e concreta fundamentação, a


necessidade da imposição da custódia para garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da Lei Penal, sem o que não se mostra razoável a privação da
liberdade de modo antecipado. Se o magistrado singular, ao indeferir o pedido
de liberdade provisória, limitou-se a tecer considerações de ordem genérica,
sem, no entanto, demonstrar concretamente a necessidade da manutenção da
prisão cautelar, resta evidenciado o constrangimento ilegal apto a garantir a
concessão da ordem de habeas corpus para que o paciente responda ao
processo em liberdade, sem prejuízo da posterior análise da necessidade de
nova segregação, em decisão devidamente fundamentada, visto que a prisão
provisória possui a característica rebus sic stantibus, logo, se necessária, poderá
ser decretada mais de uma vez e a qualquer tempo, até o trânsito em julgado da
ação pena”

Da mesma forma são os pronunciamentos de nossos Tribunais de teto:

Superior Tribunal de Justiça

“RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PLEITO
PELA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO PRISIONAL COM
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO FÁTICA CONCRETA.
PRECEDENTES.
1. A gravidade do crime, com supedâneo em circunstâncias que integram o próprio
tipo penal, não constitui, de per si, fundamentação idônea a autorizar a prisão
cautelar.

2. Tratando-se de fundamento que fulmina por inteiro o decreto prisional, é de ser


estendido os efeitos desta decisão à corré, na forma do artigo 580 do CPP.

3. Recurso em Habeas corpus provido.”1

Tribunal Regional Federal – 1ª Região

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.

1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da


necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.

2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra


antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.

3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a


todos os atos do processo.”2

Tribunal Regional Federal - 5ª Região

“PRISÃO PREVENTIVA - Decreto.

Mera referência aos pressupostos do artigo 312 do CPP. Constrangimento ilegal.


Revogação. Prisão em flagrante. Negativa de fiança. Inexistência de vedação ao
arbitramento ante a insubsistência do decreto de custódia preventiva. O decreto de
prisão preventiva há de ser convincentemente motivado. Não basta a fundamentação
retórica de que é conveniente para a instrução criminal, devendo apontar os fatos
concretos em que se esteia. Prisão em flagrante. Fiança. Incompatibilidade enquanto
vigente o decreto de custódia preventiva. Desaparecendo este e inocorrendo qualquer
das hipóteses previstas nos artigos 323 e 324 do CPP, deve ser concedida a fiança. A
lei processual considera ilegal a coação sempre que o preso não é “admitido a prestar
fiança, nos casos em que a lei a autoriza’’ (CPP, 648, V). Concessão da ordem para
revogar o decreto de prisão preventiva e tendo como subsistente o auto de prisão em
flagrante, conceder a liberdade provisória mediante fiança. Competência da instância
ad quem para o arbitramento e da instância a quo para lavratura do termo.
Inteligência do artigo 660, parágrafo terceiro, do CPP.” 3

Na mesma trilha de entendimento caminham os Tribunais Estaduais de Segundo Grau::

“HABEAS CORPUS - Crimes contra a administração pública - Prisão preventiva -


Irresignação - Alegada ausência dos pressupostos indispensáveis à mantença da
prisão e fundamentação inidônea - Inocorrência - Demonstração em concreto da
presença dos requisitos autorizadores da constrição cautelar - Gravidade concreta
dos delitos - Necessidade da prisão para garantia da ordem pública - Atendimento
aos ditames do artigo 93, IX, CR - Condições pessoais favoráveis - Irrelevância -
Prisão especial - Possibilidade - Paciente graduada em curso superior - Ordem
parcialmente concedida.

A presença do fumus comissi delicti, externado pela comprovação da materialidade e


pelos indícios da autoria, bem como a necessidade de resguardo da ordem pública
(periculum libertatis), justificam a manutenção da custódia cautelar. Os predicados
pessoais favoráveis ostentados pelo paciente não tem o condão de elidir a segregação,
em face do que estabelece o artigo 312 do CPP, cuja essência é a proteção da
sociedade, objetivo prioritário do estado democrático. O direito à liberdade
individual do cidadão não pode sobrepor-se à paz social. A condição de graduado em
nível superior, nos termos do artigo 295, VII, CPP, impõe o recolhimento do agente,
antes de condenação definitiva, em prisão especial.” 4

“HABEAS CORPUS - Prisão provisória - Sentença condenatória - Paciente que


respondeu solto à ação penal - Ausência de fundamentação. É ilegal a imposição de
prisão antecipada, na sentença condenatória, ausente a indicação de elementos
concretos da necessidade da medida extrema, desatendendo ao artigo 312, do Código
de Processo Penal, malferindo a garantia constitucional da motivação das decisões
judiciais, principalmente se o paciente respondeu solto à ação penal pelo crime de
tráfico ilícito de substância entorpecente, primário e portador de bons antecedentes,
conforme o artigo 59, da Lei de Drogas. Ordem concedida.” 5

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

Consoante o insuperável magistério do ilustre jurisconsulto peninsular CARRARA,

“O processo penal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser claro
como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o processo na precisão
morfológica legal e nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade sempre
desativada de dúvidas”.
Segundo MALATESTA:

“sendo a prova o meio objetivo pelo qual o espírito humano apodera da verdade, sua
eficácia será tanto maior quanto mais clara, mais plena e mais seguramente ela
induzir no espírito a crença de estarmos de posse da verdade. Logo, o espírito
humano, relativamente ao conhecimento de um fato pode encontrar-se em estado de
ignorância, dúvida ou certeza, e somente o último autoriza a prolação de decreto
condenatório no processo penal.”

Finalizando, Excelências, reporte-se admoestação de Giovanni Leone que a prisão


preventiva: “...dev’essere exercitata com estrema cautela” (Diritto Processuale Penale- p. 389- 7ª
Ed.- 1968)

Outrossim, como preconiza Santo Agostinho, lembrado por De Marsico, com a prisão
preventiva “o homem tortura para saber se deve torturar, pelo que deve ser exercida com extrema
cautela”

‘É pois, indeclinável a concessão do presente pedido de habeas corpus para fazer cessar o
constrangimento ilegal de que está sendo vítima o paciente, ao ver seu pedido de arbitramento
de fiança negado, quando preenchidos todos requisitos legais para a obtenção do benefício.

EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão processual do Paciente,
pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se o Juiz, aqui nominado autoridade
coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio
Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data.

—————————

OAB
Habeas Corpus – Condenação no regime aberto Juiz Determina a
Manutenção da Prisão Preventiva

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ......

“HABEAS CORPUS”

(COM PEDIDO DE LIMINAR)

Colenda Câmara,

Eminente Relator,

......................, brasileiro(a), Estv.civil, advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ....., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LVII, LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de
Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente, .....................brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente na fazenda


Cabeceira do ........, .............., contra ato do Juiz de Direito da Segunda Vara Criminal da Comarca
de .... (doc...), que condenou Paciente ao cumprimento de pena a ser cumprida no regime aberto
e injustificadamente a mantém no regime fechado , configurando notório e indisfarçável
constrangimento ilegal sanável pelo presente instituto do habeas corpus com fulcro no artigo
648, I e V do Código de Processo Penal combinado com artigo 5ª LVII, LXVI e LXVIII da nossa
Carta Magna.

SÚMULA DOS FATOS

1A Paciente, foi denunciada e condenada como incursa nas penas do art. 148 do Código
penal, tendo o juiz presidente do feito, fixado sua pena definitiva em .... (...) anos de reclusão a
ser cumprida no regime aberto, porém, incorreu numa crassa contradição ao determinar a
manutenção de sua custódia no regime fechado, com os mesmos argumentos da prisão
preventiva, instituto este incompatível com o do regime adotado na sentença, com isso perpetrou
inequívoco constrangimento ilegal, ao manter em cárcere fechado condenado que foi autorizado
a cumpri-la, desde o início, em regime aberto, conforme cópia da decisão em apenso (doc...).

2Embora não concordasse com a condenação injusta, a paciente deixou de exercitar


recurso próprio, em primeiro lugar para não sacramentar a legalidade de sua prisão após a
sentença, vez que lhe fora negado o direito de apelar em liberdade; e, em segundo, devido a
morosidade da tramitação no Juízo ad quem, pois caso seja mantida a pena imposta pelo juízo, o
julgamento de seu apelo só viria após a ocorrência de seu direito ao livramento condicional.
Assim a Paciente preferiu sacrificar o direito de provar sua inocência em função da pronta
restituição de seu status libertatis.

3Por outro lado, verifica-se que o recurso interposto pela Acusação Oficial representa,
simplesmente, a satisfação de um capricho pessoal de seu editor, uma vez que em sendo dado
provimento ao apelo, não alterará a situação da Paciente, que tanto no regime imposto pela
sentença, quanto por aquele desejado no recurso ministerial a forma de cumprimento de pena
ficará inalterada, pois o regime aberto e semi aberto, na comarca de origem, são cumpridos no
sistema de pernoite na casa de albergado.

4Embora inoportuno suscitar no momento, datíssima vênia, conclui-se sem nenhum


esforço intelectual que o motivo do recurso da acusação foi apenas tripudiar e infernizar a vida
da Paciente, impedindo ou atrasando, assim, seu retorno ao convívio social, em face de ausência
do trânsito em julgado da decisão para a Acusação. É evidente a o órgão ministerial prevaricou
para com os elevados princípios norteadores da nobre Instituição que representa, passando de
custus legis para adversus legis ao deixar que motivos de caráter pessoal sobrepusessem a nobre
missão que lhe é outorgada. Tudo isso com beneplácito do órgão jurisdicional.

5No caso em apreço não se trata execução provisória em seu estrito sentido, que exigiria o
trânsito em julgado para a acusação, e sim de corrigenda da contraditoriedade da sentença que
fez habitar debaixo do mesmo teto o regime aberto e a prisão preventiva, que são institutos que
se repelem e se excluem, constituindo, a manutenção da prisão da Paciente no regime fechado,
constrangimento ilegal sanável com o presente remédio heróico.

DO DIREITO

De acordo com a melhor doutrina, a regra na aplicação da pena, deve guardar harmonia
com os princípios basilares que orientam o sistema centrado no cânon esculpido no artigo 59 do
CPB, expressivo do comando que manda aplicar, dentre as penas cominadas, aquela que for
necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

O juiz presidente do processo de conhecimento, aqui tido como autoridade coatora, trilhou
pelos meandros ditados no art. 59 do Código Penal, aplicando a pena dentro das balizas legais,
chegando a conclusão que o regime correto e suficiente para a reprovação e prevenção da
conduta delituosa atribuída a Paciente seria o aberto, em consonância com os modernos
desígnios que realçam a recuperação moral e social do réu, porém deixou de determinar que a
mesma passasse a cumprir a pena imposta na sentença independentemente de haver recurso das
partes.

É assente na jurisprudência e na doutrina mais abalizada que o regime aberto é regido e


inspirado na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (artigo 36, “caput”, do
CP), e permite, até mesmo, que o condenado exerça atividade fora do estabelecimento penal e
sem vigilância (artigo 36, parágrafo primeiro, do Código Penal), assim se torna injustificável
exigir que o mesmo permaneça recolhido como garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal (artigo 312, do CPP), como o fez o
magistrado de piso em sua quilométrica sentença.

Em suma, a concessão do regime aberto é incompatível com a permanência do réu sob


custódia no regime fechado, ou seja, é incoerente e absurdo que o Estado/Juiz após sopesar todos
os fatos e avaliar as questões judiciais chegar a conclusão que o condenado deve cumprir sua
pena no regime aberto, e este mesmo Estado/Juiz manter uma prisão que é provisória, processual,
no regime fechado, ainda mais que o julgamento de eventual recurso da Acusação não alterará a
situação do réu.

Argumentarão os formalistas de plantão que a sentença que ainda não transitou em julgado
não se reveste do caráter de título executório, mas, no caso em apreço, se eventualmente provido
o recurso ministerial não redundar em aumento de reprimenda e talvez mudança de regime, pelo
que a manutenção da Paciente no regime fechado até decisão do apelo constituirá um castigo
desumano, desnecessário, além de inequivocamente ilegal.

Este Egrégio Sodalício, por sua Segunda Câmara, instado a manifestar acerca do assunto
objeto do presente writ, no HC ........, da comarca de ........., onde figurou como relator o eminente
Desembargador Paulo Teles, assim se pronunciou:

“EMENTA: “HABEAS CORPUS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. REGIME ABERTO.


CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1) INADMISSÍVEL A RETENÇÃO CARCERÁRIA
DOS PACIENTES, SE A SENTENÇA CONDENATÓRIA ESTABELECEU PARA O
CUMPRIMENTO DA PENA O REGIME ABERTO. 2) O REGIME ABERTO IMPOSTO
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA SOBREPÕE-SE A FINALIDADE DA PRISÃO
CAUTELAR, MORMENTE SE AS RAZÕES INVOCADAS PARA A MANUTENÇÃO
DA CUSTÓDIA CARECEM DE MAIOR CONSISTÊNCIA FÁTICO-JURÍDICA. 3)
ORDEM CONCEDIDA.”
DECISÃO: “ACORDAM OS DESEMBARGADORES DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, POR SUA PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, NA
CONFORMIDADE DA ATA DO JULGAMENTO E DESACOLHENDO O PARECER
MINISTERIAL, A UNANIMIDADE, CONCEDEU A ORDEM IMPETRADA,
REPRISTINANDO A LIMINAR. SEM CUSTAS.”

Com a devida vênia,em que pese a insuperável sapiência do magistrado sentenciante, aqui
nominado de autoridade coatora, a determinação de manter a sentenciada em regime fechado
após ter determinado, na mesma sentença, o cumprimento da pena no regime aberto, representa
um contrassenso absurdo e ilógico constituindo verdadeira “contradictio in terminis” que não
pode prevalecer nem mesmo sob o manto da Súmula 9 e a jurisprudência do Pretório Excelso
que, reiteradamente, decide que o réu preso em flagrante ou preventivamente, quando
condenado, deverá permanecer preso, pois é certo que tal jurisprudência não cogitou a evidência
dos casos de regime aberto, em face da contradição lógica deste regime com a permanência em
custódia para aguardar julgamento de recurso e, é só verificar os mais recentes Acórdãos dos
mais elevados Pretórios do país, para chegar a tal conclusão.

“PENAL. PROCESSUAL. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. REGIME


INICIAL ABERTO. RÉU QUE PERMANECEU PRESO DURANTE A INSTRUÇÃO.
APELO EM LIBERDADE.

1. Com a determinação do cumprimento da pena em prisão albergue domiciliar,


afastou o magistrado qualquer motivo a indicar a necessidade da prisão do réu. Por
conseguinte, não obstante a interposição de recurso pela acusação, mostra-se
totalmente desprovida de sentido a manutenção do seu enclausuramento. 2. Ordem
de Habeas Corpus concedida.” (STJ – HC Nº 15.088-MG – Rel. Min. Edson Vidigal –
DJU 11/06/01)

“Condenação. Regime semi-aberto.Réu mantido em situação mais gravosa.

O Estado não pode submeter o condenado a regime mais rigoroso que o estabelecido
na sentença. Recurso não conhecido e habeas corpus concedido de ofício para que o
sentenciado cumpra, de imediato, a pena no regime certo ou, na possibilidade
concreta, provisoriamente, em regime domiciliar.” (REsp. nº 299.461/MG, 5ª Turma,
rel. min. Felix Fischer, j. 06.04.01, v.u., DJU 28.05.01, p. 208).

“PENA DE DETENÇÃO - Regime fechado - Coação ilegal.

Diante do conflito que existe entre o artigo 33, “caput”, que não prevê o início do
cumprimento da detenção em regime fechado, para ela admitindo os regimes semi-
aberto ou aberto, e o parágrafo segundo, “c”, que determina na hipótese o regime
fechado, de prevalecer a primeira norma, concedendo-se o cumprimento da pena em
regime aberto ou semi-aberto. Representa inequívoco constrangimento ilegal,
principalmente antes do trânsito em julgado da condenação, manter em cárcere
fechado condenado a pena de detenção que foi autorizado a cumpri-la, desde o
início, em regime semi-aberto.” (TACrimSP - HC nº 321.936/7 - Limeira - 2ª Câm. -
Rel. Juiz Érix Ferreira - J. 07.05.98 - v.u.). (Grifei)

“DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE – RÉU CONDENADO A CUMPRIR PENA EM


REGIME ABERTO – MANUTENÇÃO DA PRISÃO PARA AGUARDAR APELO –
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – OCORRÊNCIA – Deve ser concedido o direito de
apelar em liberdade ao condenado por tentativa de roubo qualificado na hipótese da
sentença fixar o regime prisional aberto para o cumprimento da pena, pois trata-se de
manifesto equívoco manter alguém na prisão para que possa apelar e depois, provido
ou não este apelo, colocá-lo em liberdade.” (TACRIMSP – HC 348902/4 – 1ª C. – Rel.
Juiz Eduardo Goulart – DOESP 28.10.1999)

A sentença conspurcada, neste passo, a toda evidência atropelou as garantias


constitucionais da Paciente demonstrando menosprezo ao seu sagrado e inviolável status
libertatis retirado injusta e ilegalmente.

O caso em tela constitui a vista desarmada e sem maior indagação notório e incontestável
constrangimento ilegal, passivo da concessão de ordem liminar, para que cesse de imediato a
coação de que é vítima a Paciente, uma vez demonstrado o fumus boni juris e o periculum in
mora, , para condicionar o cumprimento do mandado de prisão contido no final da sentença, ora
hostilizada, à observância do regime imposto — o aberto.

EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
concedida a LIMINAR suplicada, para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, a
Paciente, mandando que se expeça, o competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando a prisão
processual do Paciente determinando que passe ao cumprimento da pena no regime imposto na
sentença, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se o Juiz, aqui nominado
autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse
Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da
Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

_____________________

OAB
Habeas Corpus – Contra decisão que Indeferiu a Retomada do
Andamento do Processo do Réu Foragido

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ............... .

“HABEAS CORPUS”
CÓDIGO TJ.............

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

......................................................... , brasileiro, divorciado, advogado regularmente


inscrito na OAB- sob o nº .............. , permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte,
com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e
seguinte do Código de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, ................................................................, brasileiro, solteiro, ,
RG ...................(SSP-....), natural de ................., nascido em ............, filho de ................................,
residente na rua .................................., contra decisão exarada pelo Juiz de Direito da Comarca de
................... , que indeferiu seu pedido de prosseguimento da ação penal suspensa por força da
nova redação dada ao art. 366 do CPP., pela Lei 9.741/96 mantendo o despacho que suspendeu o
andamento do processo e do prazo prescricional, mesmo tendo o Paciente Advogado constituído
nos autos, além do que indeferiu o recebimento do recurso em sentido estrito interposto contra a
referida decisão, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável com a
concessão do presente writ.

SÚMULA DOS FATOS


O Paciente responde a uma ação penal na comarca de ..............., autos .............................. ,
sob suposta infração do art. 171 do CPB., sendo que não foi encontrado para citação pessoal, no
endereço fornecido na fase inquisitória, tendo sido determinado seu chamamento via editalícia,
porém, não compareceu na data designada para interrogatório, tendo o Juiz do feito determinado
a suspensão do processo e do prazo prescricional, bem como a decretação da prisão preventiva,
por força da nova redação que a Lei 9.741/96 deu ao art. 366 do CPP, conforme decisão em
apenso (doc.).

Posteriormente, o Paciente constituiu defensor para representá-lo durante o persecutio


criminis in judicio, abdicando, por ora, de seu direito constitucional de estar presente
fisicamente nos atos processuais, porém o Juiz, aqui denominado de autoridade coatora,
indeferiu o pedido sob a suposta justificativa de que o Acusado/paciente estaria tentando manter
barganha processual, nos seguintes termos (doc.):

Deste modo, o pedido de fls. 435/436, não representa, em nenhum momento, desejo ou
intenção de “estabelecer barganha” com o Juízo, e sim, a reivindicação de direito
constitucionalmente assegurado pelo inc. XVI, do art. 5º, da Constituição Federal, objetivando o
estabelecimento do contraditório e o pleno exercício da garantia da ampla defesa.

DO DIREITO

A norma do art. 366 do CPP, sendo de natureza mista e tendo como objetivo, de um lado,
em prol da sociedade, evitar a impunidade, com a suspensão do prazo prescricional, evitando a
extinção da punibilidade pela prescrição daqueles que se furtavam à ação da justiça, de outro,
assegurar para que o réu, citado por edital, não seja processado sem ter a certeza de sua ciência
da existência da ação penal, suspendendo o andamento do processo, até que constitua defensor
de sua confiança. Ou seja, no dizer de Paulo Rangel a lei dá um tratamento equilibrado e
igualitário, ao acusado e a sociedade1

Neste prisma, tem-se que com a constituição de advogado para representá-lo na ação penal,
o processo deve sair da inércia, resguardando o interesse da sociedade, e, da própria vítima, de
ver aqueles que in tese violaram a norma, responderem em juízo pelo atos atribuídos na
denúncia, o quer vale dizer que o Estado Administração, através do Juiz e Ministério Público,
estará exercendo seu múnus social, com a retomada da persecução judicial, por outro lado, surge
para o réu ausente a possibilidade de tentar provar sua inocência, através da defesa técnica
manejada pelo defensor constituído.

Salvo melhor Juízo, não há neste aspecto qualquer interesse em barganhar, negociar ou
tirar proveito com a retomada do andamento do processo, muito pelo contrário, em primeiro
lugar porque a presença física do acusado durante a ação penal é um direito seu e não uma
obrigação, tanto o é que no interrogatório, poderia ficar em silêncio, sem acarretar prejuízo para
sua defesa; em segundo, não condiciona o prosseguimento do feito, por exemplo, a revogação de
sua prisão preventiva, e, em terceiro, está contribuindo com a Justiça ao possibilitar ao ofendido
a sensação de que o Estado não está inoperante, ou seja, seu interesse processual não está
estagnado, parado e inerte.

A título de ilustração, com relação ao acusado revel, que devidamente intimado para o
interrogatório, e não comparece, demonstrando eventual desprezo para com a justiça ou
desinteresse em se defender, na dicção do art. 367 do CPP, ser-lhe-á decretada a revelia com o
prosseguimento do processo sem sua presença, porém, é indispensável a nomeação de defensor
dativo, pois, no ensinamento do ilustre Guilherme de Souza Nucci, “O réu pode acompanhar o
processo pessoalmente, mas não é obrigado a tal. Estando presente seu defensor, o que é
absolutamente indispensável, ainda que “ad hoc. (...) O que ocorre na esfera penal é a simples
ausência do processo, conseqüência natural do direito a audiência.2 “ (Grifei).

Na mesma esteira de entendimento, é o posicionamento da jurisprudência mais abalizada:

“Embora revel, tem o acusado, inegavelmente o direito de se valer do patrocínio de


advogado de sua escolha, eis que não existe no CPP dispositivo algum vedando ao
acusado ausente a faculdade de se fazer representar por defensor de sua confiança .
Impõe-se a solução máxime porque entendimento em contrário fere, frontalmente, o
princípio constitucional da ampla defesa. 3 (Grifei).

Nosso Tribunal de Justiça Goiano, em caso análogo assim decidiu:

“Hábeas corpus. Suspensão do processo e do prazo prescricional, artigo 366 do


código de processo penal. Prisão preventiva. Falta de fundamentação. 1) a decisão
sucinta que enseja a medida extrema deve ser mantida quando demonstrada sua
necessidade e instrumen-talidade, mormente quando o acusado muda-se de
domicilio, sem fornecer novo endereço. A sua ausência denota a intenção de se furtar
ao chamamento judicial. 2) tendo o paciente constituído advogado para promover
sua defesa, deve o processo de cognição seguir seu curso normal. 4) ordem deferida
em parte4.” (Grifei).

Em conclusão, Excelência, é de fácil constatação que a sentença recorrida, incorreu em


incontestável error in judicando e error in procedendo, ao indeferir o prosseguimento do feito
sem a presença física do Acusado, que constituiu defensor para representá-lo, e implicitamente o
condicionou ao cumprimento do mandado de prisão preventiva. Com efeito, é perfeitamente
factível a edição do juízo de reconsideração, como forma de reconduzir o feito aos trilhos da
legalidade.

EX POSITIS,
espera ao recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo,
pedindo-se nesta oportunidade que Vossa Excelência digne reformar a decisão guerreada (art.
589 do CPP), ou ordenar a remessa dos autos para a Superior Instância, para o devido
processamento, conhecimento e provimento do presente recurso, por ser medida de Justiça.

Nestes temos,

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

________________

OAB
Habeas Corpus – Contra Decreto de Prisão Preventiva para
Assegurar a Aplicação da Lei Penal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .....................

RÉU PRESO

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

.............................., brasileiro, divorciado, advogado regularmente inscrito na OAB..... sob o


nº ........, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, ............................., brasileiro, casado, comerciante,
RG ............................ (SSP-.....), residente na Av. ....................., Vila ................., .............., contra
decisão exarada pelo doutor Juiz de Direito da Segunda Vara Criminal da comarca de ................,
que decretou sua prisão preventiva (doc. ....), bem como a decisão que negou o pedido de
revogação da prisão questionada (doc....), sob a suposta justificativa para suprimir o status
libertatis do Paciente por “como garantia da ordem pública, conveniência instrução criminal e
para assegurar a aplicação da lei penal,” sem que tenha havido qualquer prova, mesmo que
indiciária, de que poderia fugir ou atentar contra o bom andamento da persecução, constituindo,
assim, notório e indisfarçável constrangimento ilegal, sanável com o presente remédio heróico de
habeas corpus.

Tanto a representação pela decretação da prisão preventiva, quanto a decisão que a


decretou, não estão ancoradas em qualquer prova ou fato concreto que levasse a ilação de que a
medida extrema fosse necessária, pois a decisão abjurada foi editada com singelos e
perfunctórios argumentos, assim aduzidos in verbis:

“A Ordem Pública, traduz-se na paz e tranqüilidade do meio social. A medida


cautelar, fundamentada na garantia da ordem pública visa impedir que o acusado
cometa novos crimes; acautelar o meio social em razão da repercussão do fato e dar
credibilidade à justiça face a gravidade do delito.
Por meio do depoimento da mãe de uma das supostas menores que estariam sendo
envolvidas no meio da prostituição, pelo acusado, e, ainda, os documentos jungidos
aos autos, vislumbra-se, claramente a gravidade dos fatos imputados, precipuamente,
tratando-se de adolescentes.” (Grifei)

Vê-se que a o decreto de prisão preventiva é no mínimo contraditório diante da postulação


exercitada pela autoridade policial, que explicitamente requereu a medida cautelar por
conveniência da instrução criminal, mesmo sem mencionar de modo claro e direto em que fatos
se ancorava, conforme texto da representação (doc. ....) adiante colado:
“Veja-se que a Prisão preventiva está sendo postulada por conveniência da instrução
criminal, posto que sc o investigado for meramente ouvido, certamente empreenderá
fuga do distrito da culpa e ocultará provas e testemunhas.” (Grifei)

Foi no mesmo ritmo o parecer do ministério público que deu guarida a postulação da prisão
preventiva. Vejamos:

“Assim, a prisão do representado é medida que se impõe por conveniência da


instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que existe
fundado temor de que este, se for cientificado da investigação,. que é sigilosa, poderá
ocultar provas, persuadir testemunhas ou empreender fuga.”

Desfigurada de qualquer sustentação fática foi também a decisão que indeferiu o pedido de
revogação, que assim proclamou:

“Razão assiste a ilustre Dra. Promotora de Justiça, ao se manifestar contrariamente ao


pedido formulado pelo acusado, ................................., haja vista que a prisão deste foi
decretada com alicerce nas circunstâncias contidas no artIgo 312, do Código de
Processo Penal, ou seja, “por conveniência d.a instrução criminal e para assegurar a
aplicação da lei penal”, que ali se faziam satisfatoriamente presentes.”

Sem embargo do elevado conhecimento jurídico do prolator da decisão conspurcada e com


a devida vênia, verifica-se que a custódia cautelar, antes da sentença condenatória, tida como
medida excepcional “mal necessário” é uma ficção jurídica, uma ilusão meramente acadêmica,
vez que no dia a dia forense já se tornou regra, quando deveria ser exceção. É o que está
ocorrendo no caso vertente, onde os obreiros do direito que manipularam a famigerada medida
coercitiva, o fizeram sem qualquer parcimônia e respaldo nos fatos concretos, violando os
direitos e garantias individuais e fundamentais do Paciente, mormente o da presunção de
inocência e do devido processo legal.

O Paciente, é pessoa radicada na cidade de ................... desde seu nascimento, (doc. .....)
possui família regularmente constituída (doc. .....), a qual é sustentada, exclusivamente, com os
frutos de seu labor, exerce atividade lícita com endereço certo e sabido, (......), gozando no meio
social em que vive de respeito e consideração (doc .....), além de ser possuidor de bons
antecedentes e primariedade, oferecendo, assim, amplas garantias ao Juízo, inclusive, possui
bem de raiz no distrito da culpa (....) o que demonstra que não há motivos para evadir-se com a
intenção de fugir a eventual aplicação da lei penal.

Verifica-se que o Magistrado motivou suas decisões de forma presumida, sem, contudo
fundamentar de modo preciso e objetivo quanto aos fatos determinantes da necessariedade da
medida extrema, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável pelo
presente instituto do habeas corpus.

DO DIREITO
Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011 e
consoante a doutrina mais abalizada, a prisão preventiva, como instituto de exceção, deve ser
aplicada parcimoniosamente. Com a devida vênia, não há como concordar com aqueles que
considerando a estupidez ou a gravidade do delito como fundamento e usam como justificativa
do decreto preventivo; a repercussão do crime, como se este fosse, por si mesmo, causa e razão
da custódia cautelar. Um crime grave sempre provoca uma perturbação, um abalo social. Se esse
abalo fosse motivo ou requisito da prisão preventiva, esta seria obrigatória para determinadas
infrações, especialmente para os crime desta ordem, como acontecia antigamente, nos delitos
punidos, no máximo, com pena superior a dez anos de reclusão.

Assim sendo prisão preventiva, não sendo obrigatória, só se decreta nas situações previstas
em lei, quando é indeclinável a sua necessidade.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço, pelo que se depreende dos documentos em apenso, a sentença que
instituiu a custódia preventiva do Paciente procurou agasalho nas hipóteses previstas no art. 312
do CPP da “garantia da ordem pública” e para “assegurar a aplicação da lei penal” sem, contudo
indicar de modo preciso quais fatos propiciaram esta conclusão, se limitando a repetir a fórmula
lega, método este, repudiado pelos nossos Superiores Sodalícios.

O STF assim vem decidindo: “Prisão preventiva - Inadmissibilidade se ausente a


demonstração, em concreto, do periculum libertatis do acusado. Irrelevância da gravidade
abstrata do crime imputado, ainda que qualificado de hediondo, da reprovabilidade do fato e do
conseqüente clamor público”.”Do voto do Ministro-relator, porque relevante para a presente
discussão, extrai-se: “Tal como fundamentada, a prisão preventiva, data vênia, é insustentável.
Tanto o decreto impugnado quanto as decisões que o avalizaram e, agora, o parecer da
Procuradoria-Geral da República traem maldisfarçada nostalgia da velha prisão preventiva
obrigatória e o vezo que lhe era inerente de abuso da detenção cautelar como forma de
antecipação de sanção penal. São vícios freqüentes nas prisões preventivas decretadas com base
unicamente na invocação de garantia da ordem pública, confundida com a autorização para
utilizar a medida com fins, não apenas de prevenção especial, já em si discutível, mas sobretudo
de prevenção geral, de todo incompatíveis com a presunção constitucional de não culpabilidade.
A jurisprudência do tribunal - com raras exceções - tem sido rigorosamente avessa a expedientes
do gênero: assim, por exemplo, tem proclamado que nem a gravidade abstrata do crime, ainda
quando qualificado de hediondo (v.g., HC 65.950, Rezek, RTJ 128/147; HC 67.850, Pertence, RTJ
131/667; HC 76.730, Galvão, 10.03.1998; HC 79.204, Pertence, 1.°.06.1999), nem a
reprovabilidade do fato, nem o conseqüente clamor público (HC 71.289, Galvão, 09.08. 1994)
justificam por si sós a prisão preventiva, se não se demonstra em concreto a ocorrência do
periculum libertatis, que é medida da necessidade cautelar que a legitima”. 1

Neste prisma de entendimento, é imperiosa a conclusão de que a prisão preventiva em


razão da periculosidade do agente é incompatível com o estado atual de nosso sistema penal,
fundado na culpabilidade, consoante a iluminada lição de TOURINHO FILHO: “Não se pode,
sob pena de resvalar-se para o arbítrio e prepotência, presumir que os fins do processo não serão
alcançados sem a prisão do réu. Por outro lado, sua maior ou menor periculosidade não pode
exercer qualquer influência no campo da prisão provisória. Justificá-la, pois, em face da
periculosidade do réu seria uma forma de burlar a lei, que, às expressas, impede a aplicação da
medida de segurança provisória, mesmo para as pessoas inimputáveis referidas no art. 26 do
CP”.2

Inexiste, até o presente momento qualquer fato concreto de leve a ilação de que em
liberdade o Paciente poderá atentar contra a ordem pública, a conveniência da instrução criminal
ou burlar a aplicação da lei penal ou que justifiquem a manutenção da prisão preventiva imposta
ao Paciente.

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Neste passo caminham nossos Tribunais de tetos em recentíssimas decisões:

“HABEAS CORPUS - Roubo circunstanciado tentado - Réu que permaneceu preso


durante toda a instrução criminal, porém foi absolvido sendo expedido alvará de
soltura - Acórdão que proveu o apelo ministerial condenando o paciente e
determinando o imediato recolhimento do paciente à prisão - Ausência de motivação
idônea - Inexistência dos requisitos autorizativos da custódia cautelar - Habeas
corpus concedido.

1. “Em matéria de prisão processual, a garantia constitucional da fundamentação do


provimento judicial importa o dever da real ou efetiva demonstração de que a
segregação atende a pelo menos um dos requisitos do artigo 312 do Código de
Processo Penal. Sem o que se dá a inversão da lógica elementar da Constituição,
segundo a qual a presunção de não-culpabilidade é de prevalecer até o momento do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória” (STF, HC 101.705/BA, 2ª Turma,
Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 03/09/2010).

2. É vedado ao acórdão condenatório determinar a expedição de mandado de prisão


sem demonstrar a presença dos requisitos do artigo 312, do Código de Processo
Penal, quando o réu, apesar de preso durante toda a instrução criminal, foi absolvido
em primeiro grau, com a consequente soltura.

3. Ordem concedida para assegurar ao Paciente o direito de aguardar em liberdade o


trânsito em julgado da sua condenação, se por outro motivo não estiver preso.” 3

Mais despropositada e inoportuna, é presença da hipótese de “assegurar a aplicação da lei


penal” nas decisões conspurcadas, haja vista que em nenhum momento o Paciente esboçou
qualquer intenção e evadir-se para burlar ou tornar impossível a aplicação de eventual
reprimenda penal, alienando ou vendendo bens de raiz ou se ausentando da cidade de Anápolis,
onde fora preso no seu local de trabalho sem esboçar qualquer resistência ao milicianos que
cumpriram o mandado de prisão.

Após a decretação de sua custódia processual o Paciente instruiu seu pedido de revogação
com vasta documentação, dando conta que não se tratava daquela caricatura humana,
monstruosa, desenhada de forma distorcida, pela autoridade policial em sua representação pela
decretação da prisão, e sim, uma pessoa de bem, trabalhadora, pai de família sem qualquer
mácula judicial pretérita, preenchendo todos requisitos para aguardar o persecutio criminis in
judici em liberdade. Mesmo assim, o Juiz, aqui tido como autoridade coatora, se portou de forma
indiferente, desconsiderando aquele material probatório, indeferindo o pedido de revogação
inobstante a robusta prova trazida a colação de que as informações prestadas pela autoridade
policial eram improcedentes e fundadas em meras suposições.

Deste modo, a manutenção da custódia processual do Paciente, constituiu franca e


luminosa coação ilegal, devendo ser sanada por Este Egrégio Sodalício.

EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão cautelar de natureza
processual contra ele exarada, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se o Juiz,
aqui nominado autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois
desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Habeas Corpus – Direito de Apelar em Liberdade – Crime Hediondo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ............

“HABEAS CORPUS”

CÓDIGO TJ...... - ......

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

......................., brasileiro(a), Est.civil, advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ......., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente ..........................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente


à .........................., contra decisão contida na sentença condenatória exarada pelo Juiz de Direito
da ...... Vara Criminal de ............, nos autos nº ................., negando-lhe o benefício de apelar em
liberdade estatuído no parágrafo único do ar. 387, do Código de Processo Penal, com a nova
redação dada pela Lei 11.719, sob o pretexto de não ostentar bons antecedentes, como um dos
requisitos exigidos para o exercitamento do apelo em liberdade, sem contudo motivar e
fundamentar, acerca da necessidade e conveniência da prisão para apelar, ainda mais que o
Paciente respondeu todo processo em liberdade, configurando notória e inequívoca coação e
constrangimento ilegal sanável com o presente pedido de habeas corpus preventivo.

SÚMULA DOS FATOS

1O Paciente, foi denunciado (proc. ............, como incurso nas penas dos artigo 213 edo
Código Penal Brasileiro, por suposto fato ocorrido em ...................., e embora já estivesse
respondendo por outra ação penal, nº ............., também na ...ª Vara Criminal de ..............., (art.
121 CPB), não teve sua custódia processual provisória decretada neste autos, tendo comparecido
em todos atos processuais, porém, com o advento de sentença condenatória o Magistrado
sentenciante, negou-lhe o benefício de apelar em liberdade. (doc.....)

2O fato referente ao processo de homicídio, ocorreu em ..................., o qual respondeu em


liberdade, e ao tempo da decisão intermediária da pronúncia (........) (doc.......), foi-lhe garantido o
benefício de aguardar julgamento pelo Júri solto, face ao reconhecimento de sua primariedade
técnica e bons antecedentes. Submetido a julgamento pelo Tribunal Popular, em .................,
naquele feito, o Conselho de Sentença entendeu que o Paciente. agiu em defesa própria, porém
excedendo-se culposamente na repulsa à agressão sofrida, operando-se a desclassificação para
homicídio culposo, sendo condenado ao cumprimento de reprimenda corporal de ....... (...) anos
de detenção, inicialmente a ser cumprida em regime aberto, (doc....) tendo sido colocado em
liberdade sob fiança, vez que se encontrava preso por ter-se mudado de endereço sem a devida
comunicação ao Juízo.

3Ressalte-se que entre a propositura, do processo relativo aos crimes contra a liberdade
sexual, até a sentença não ocorreu nenhuma alteração na conduta social do Paciente,
melhorando sim, sua situação processual, pois ao tempo da denúncia respondia por um crime de
homicídio doloso, e ao da sentença já houvera sido julgado, naquele processo, pelo Júri que
reconheceu a prática de um delito culposo, tanto sua prisão era desnecessária que lhe foi
arbitrado fiança para que pudesse exercitar recurso voluntário em liberdade, tornando-se
injustificável a exigência de se recolher na cadeia para apelar, imposta nos autos .......................,
ora hostilizada.

4O Paciente, possui endereço certo, ocupação lícita, comprovados nos autos e radicado na
cidade de .................. há longos anos.

DO DIREITO

Consoante, inteligência do artigo 647 e 648, I, do Código de Processo Penal, sempre haverá
coação ilegal na liberdade de ir e vir, quando não houver justa causa para a segregação do
indivíduo, pressupostos presentes no caso em apreço passivos de serem sanados através do
remédio heróico do habeas corpus.

O Juiz prolator da sentença, ao negar o direito de apelar em liberdade, taxativamente,


deixou de motivar e fundamentar acerca da necessidade da custódia cautelar, indicando
simplesmente o número de fls. onde se encontra a certidão de antecedentes criminais do
Paciente do modo seguinte:

“ No que se refere ao direito de recorrer em liberdade verifico que o


acusado .......... dele não dispõe, haja vista que não ostenta bons antecedentes
(fls.........), faltando-lhe desta maneira, um dos requisitos legais (art. 594, CPP).

Nossa Jurisprudência dominante já consagrou o entendimento de que a prisão cautelar de


natureza processual, como medida drástica e excepcional, somente poderá ser decretada em
casos extremos quando e demonstrado de maneira objetiva sua necessidade na busca da
preservação do interesse público, sem contudo afrontar o exercício do direito de liberdade.

É inegável o conflito existente entre os interesses da Sociedade, no que tange à manutenção


da paz social, e o anseio de liberdade individual de quem é investigado ou processado
criminalmente. Contudo, o nível no qual se desenvolve este conflito, que é ponto de atrito no dia
a dia forense, constitui indicador seguro do estágio de amadurecimento das sociedades que se
pretendem organizadas nos moldes do chamado Estado de Direito.

O delicado equilíbrio entre o poder do Estado e o direito individual à liberdade foi captado
com rara felicidade pela sentença de Stuart Mill:
“Toda sociedade, por mais autoritária que seja, tem que deixar, necessariamente, um
lugar para a liberdade; reciprocamente, toda a sociedade, por mais liberal que seja,
tem que reservar um lugar para a autoridade” (Apud “Liberdades Públicas”- Ada
Pellegrini Grinover e Outros – Pag. 11)

Ideal, portanto, é que a ação da autoridade, nas sociedades erigidas em moldes


democráticos, restrinja a liberdade individual somente em casos extremos, como último recurso,
nas hipóteses em que o exercício das ditas liberdades públicas fira a liberdade alheia ou a ordem
pública, o que não ocorre no presente caso.

Corolário do Estado de Direito, a presunção de inocência é uma das principais garantias da


liberdade individual. Daí porque, ao comentar o inc. LVII do art. 5.° da Constituição, Celso
Ribeiro Bastos assinala, em sua obra “Comentários a Constituição do Brasil” que o princípio da
presunção de inocência beira a obviedade:

“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença”

Assim, não sendo definitiva a decisão condenatória, somente se admite que não recorra em
liberdade quem se enquadre nos casos excepcionais previstos pela lei, após o reconhecimento
desta situação por decisão judicial fundamentada e motivada independentemente da gravidade
do fato imputado.

Ilustrativamente, reporte-se aos seguintes julgados que dão o contorno e definição do


entendimento esposado por nossas Superiores Cortes:

“HABEAS CORPUS - Sentença condenatória - Direito de apelar em liberdade negado


pelo juízo - Liminar concedida - Menção à periculosidade do paciente - Crime
cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa - Ausência de fundamentação -
Ordem concedida.

1 - A decisão que nega ao paciente o direito de recorrer em liberdade na ocasião da


sentença, quando este respondeu ao processo em liberdade, somente se justifica em
face do cometimento de novos delitos no curso do processo, para a garantia a ordem
pública.

2 - Ordem concedida.”1

“ Processual Penal - Prisão para recorrer - A prisão para recorrer como a penal,
reclama necessidade e interesse público. Se o paciente respondeu o processo em
liberdade, a restrição somente pode ser imposta havendo fato posterior. Adernais,
inquérito policial e ação penal em curso representam hipóteses de trabalho. Não
registram ainda definição da situação jurídica. Impossível, só por isso, configurarem
maus antecedentes.”2

“APELAÇÃO EM LIBERDADE - Paciente condenado por formação de quadrilha e


furto qualificado - Princípios constitucionais da presunção de inocência e da
liberdade provisória - Interpretação da Lei Ordinária (CPP, artigo 594) de acordo com
a CF, e não vice-versa - Necessidade de fundamentação do recolhimento à prisão
“ante tempus”.
Não se pode “interpretar a CF conforme a lei ordinária” (Gesetzeskonfomen
Verfassungsinterpretation). O contrário é que se faz. O artigo 594 do CPP tem de ser
repensado diante dos novos dispositivos constitucionais. Nossa CF, por inspiração
constitucional lusa (artigo 32-2), consagrou o “princípio da presunção da inocência”
e, por influência norte-americana (Emendas V e XIV), o “princípio do devido
processo legal”. Ambos os princípios se conexionam com o “princípio da liberdade
provisória” (artigo 5º, LXVI). Assim, todo indiciado, acusado ou condenado se
presume inocente até que seja irrecorrivelmente apenado. Desse modo, cabe ao juiz,
em qualquer circunstância, fundamentar (CF, artigo 93, IX) a razão de ter-se de
recolher preso para apelar. A regra geral é “recorrer em liberdade” (CF, artigo 5º,
LXVI); a excepcional, “recorrer preso”. Ordem concedida.” 3

“APELAÇÃO EM LIBERDADE - Paciente condenado a um ano de reclusão pela


prática do crime de estelionato - Princípios constitucionais da presunção de
inocência e da liberdade provisória - Interpretação da lei ordinária (CPP, artigo 594)
de acordo com a CF, e não vice-versa - Necessidade de fundamentação do
recolhimento à prisão “ante tempus”.
Ao paciente que estava prestando serviço à comunidade por condenação penal
anterior, foi negado o direito de apelar em liberdade, por decisão que não
fundamentou a necessidade de sua prisão antes do trânsito em julgado da sentença.
Cabe ao juiz, em qualquer circunstância, mesmo em se tratando de réu com maus
antecedentes e até reincidente, fundamentar (CF, artigo 93, IX) a razão de ter-se de
recolher preso para poder apelar. A regra geral é “recorrer em liberdade” (CF, artigo
5º, LXVI); a excepcional, “recorrer preso”. Por outro lado, trata-se de condenado à
pena de um ano de reclusão. O CP, com a reforma de 1984, a par de nossa realidade
carcerária, procura evitar que condenado com pena pequena se misture com outros
presos. Ordem concedida.”4

“RECURSO - Sentença condenatória - Direito de recorrer em liberdade - Ausência de


fundamentação - Constrangimento ilegal - Exegese do artigo 315 do CPP e do artigo
93, IX, da CF/88.
A jurisprudência desta Corte, fundada no princípio constitucional da inocência
presumida (CF/88, artigo 5º), tem proclamado o entendimento de que a regra do
artigo 594, do CPP, deve ser concebida de forma atenuada, sendo descabida a
submissão do réu à prisão para poder apelar sem a indicação objetiva da necessidade
para apelar. Ordem de “habeas corpus” concedida”. 5

Senhor Relator, Colenda Câmara, no caso vertente, conforme já dito, o Paciente respondeu
todo processo em liberdade, mesmo tendo contra si instaurada outra ação penal, na qual fora
decretada sua custódia, e posteriormente concedida arbitramento de fiança em função de
desclassificação, operada pelos Senhores Jurados, de homicídio simples para culposo, tendo,
inclusive naquela oportunidade, assim reportado com brilhantismo, a Ilustre Juíza Presidente em
sua sentença, ao apreciar as questões judiciais:

“Analisando as informações sobre a vida pregressa do acusado, verifica-se que é


primário, e, apesar de estar sendo processado pelo delito de estupro, ainda não foi
julgado, não podendo ser juridicamente considerado de maus antecedentes.”
(GRIFEI)

Em conclusão, chega-se a ilação de que o simples fato estar respondendo a outro


procedimento criminal, por si só não tem o condão de impingir-lhe a designação de maus
antecedentes vedando-lhe o benefício de exercitar recurso voluntário em liberdade, nos termos
do parágrafo único do ar. 387, do Código de Processo Penal, com a nova redação dada pela Lei
11.719/2008.

O Tribunal de Justiça de ____, através de sua Segunda Câmara Criminal, tendo como
relator o eminente Des. Roldão de Oliveira Carvalho, no HC _________, julgado em ______, assim
se pronunciou, acerca de caso análogo:

“EMENTA. Habeas Corpus. Recurso especial - liberdade. Não obstante o art. 637, do
CPP e art. 27, § 2.°, Lei 8.038/90 permitirem a execução provisória da sentença, não
conferindo efeito suspensivo ao recurso especial, tenho que para não contrariar o
disposto no art. 5.°, inc. LVIII da CF, hei por bem conceder a ordem de Habeas corpus
a fim de que o acusado aguarde em liberdade o julgamento do recurso manifestado
perante o STJ, operando-se, assim, o trânsito em julgado da sentença, já que
primário, de bons antecedentes, respondendo processo solto e comparecendo aos
atos processuais, com direito de apelar em liberdade. Ordem concedida.”

Na mesma alheta foi a decisão proferida no HC nº ________, pela mesma Câmara Julgadora:

“Habeas Corpus. Direito de apelar em liberdade. – Havendo o paciente permanecido


solto durante a instrução criminal, injustificável sua custódia como condição para
apelar, na forma do artigo 594 do CPP, mormente quando imposto na sentença regime
aberto – A regra geral é recorrer em liberdade e, excepcionalmente, recolher-se para
apelar (inteligência do artigo 5º, inciso LVIII e LXVI da CF). Cabe ao julgador, em
decisão fundamentada e motivada pela necessidade, demonstrar a razão de o
condenado ter de ficar preso como condição para apelar. Ordem concedida.” (TJGO –
2ª Câm. Crim.- HC nº 1276—/217, Rel. Des. João Canedo Machado).

Oportuno, rememorar o primeiro mandamento do Decálogo do Promotor de Justiça:

“Ame a Deus acima de tudo e vê no homem, mesmo desfigurado pelo crime, a


imagem e semelhança do Criador”

“EX POSITIS”

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, concedendo-lhe o direito
de apelar em liberdade, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, mandando que se recolha
o respectivos mandados de prisão contra sua pessoa expedindo-se o competente salvo conduto,
pois desta forma Este Egrégio Sodalício, estará com de costume restabelecendo o império da Lei,
do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

________________

OAB
Habeas Corpus – Excesso de Prazo Para Encerramento da
Instrução Criminal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

..........................., brasileiro(a), (Est.civil), advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob


o nº ........, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo
5º, LVII, LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código
de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente ......................, brasileiro(a), (Est.civil), nascido aos ............, na cidade


de ..........., filho de ........................, residente na ................................, contra decisão exarada pela
Juíza de Direito da Primeira Vara Criminal da Comarca de ..........., (autos ..........), que indeferiu o
pedido revogação de prisão preventiva por EXCESSO DE PRAZO para a conclusão da instrução
criminal, (doc....), uma vez que o Paciente já se encontra encarcerado há mais de 100 dias sem
que ao menos tenha iniciado a inquirição das testemunhas de defesa, além do que, a defesa, não
provocou ou deu qualquer contribuição para a incidência do atraso na prestação jurisdicional,
constituindo notório e indisfarçável constrangimento legal sanável com o presente WRIT.

SÚMULA DOS FATOS

1O Paciente foi preso, no dia ............., conforme ofício nº ......... (doc....), expedido pela
direção do Centro de Inserção Social (Cadeia Pública) de ........., informando ao Juízo o
cumprimento do mandado de prisão de fls., já tendo decorrido mais de .... (...) meses, ou seja
mais de .... dias, sem tenha encerrado a instrução criminal, inclusive, o processo esteve
paralisado por mais de ... dias, aguardando devolução de deprecata inquiritória da
testemunha ......................., arrolada na exordial acusatória (doc...), conforme a o próprio órgão
ministerial concordou em seu parecer em apenso (doc....),

2O Paciente postulou o relaxamento da prisão preventiva por excesso de prazo na


formação da culpa, porém, a Juíza de piso, indeferiu o pedido sob a suposta justificativa de que o
referido atraso no andamento do feito se deu por conta de expedições da cartas precatórias para a
comarca de ........ e........., porém, todas esta diligências foram provocadas e requeridas pelo
Ministério Público, não podendo, assim, o ônus da morosidade ser debitado em prejuízo do
status libertatis do Paciente.

3De outro lado a sentença postergada, à guisa de justificar e manter a prisão arbitrária do
Paciente sustenta de forma execrável que não há “ nos autos, qualquer documento que tenha o
condão de, demonstrar ocupação lícita, a primariedade,os bons antecedentes e vinculo no
distrito da culpa do denunciado, podendo existir intenção e condições materiais e pessoais do
imputado de evadir-se desta Comarca...”, fatores estes que, além de serem especulativos e
inverídicos, não possuem o caráter de justificar a manutenção de uma prisão flagrantemente
ilegal.

3É indiscutível que já extrapolou, injustificadamente, o lapso temporal para o


encerramento da instrução criminal, estabelecido pelo CPP, que segundo entendimento deste
Egrégio Tribunal, é de ........ (....) dias, não tendo a defesa do Acusado contribuído, de qualquer
forma para a ocorrência do excesso de prazo, transformando a manutenção de sua prisão em
indisfarçável constrangimento ilegal, nos termos do artigo 648, II, do Código de Processo Penal.

O DIREITO

Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011
e consoante nossa melhor doutrina e a jurisprudência dominante, se o legislador impôs prazos
para a realização dos atos processuais, é porque se torna imperioso seu cumprimento para o
resguardo das garantias individuais do cidadão e a conseqüente prestação da tutela jurisdicional
devida a toda coletividade, logo seu cumprimento deve ser obedecido rigorosamente,
principalmente, quando a liberdade individual se encontra sob risco de sofrer constrangimento
ilegal por parte do Estado.

Em caso análogo, Egrégio Tribunal Federal de Recurso da 4a Região, no HC n. 91.04.17092-


0, tendo como relator o Ministro Teori Albino Zavascki, assim decidiu:

“Os prazos processuais a serem observados quando o preso o réu aplicam-se


independentemente da natureza da prisão. A não observância daqueles prazos
constitui coação ilegal, nos termos do art. 648, II, do CPP, mesmo se tratando de
prisão preventiva. Ordem concedida.”

A jurisprudência hodierna, embora bastante leniente, tolerante e condescendente, com a


inépcia e morosidade estatal na prestação da tutela jurisdicional, não tem admitido como legal a
manutenção da prisão processual, diante de hiperbólico excesso temporal na conclusão da
instrução criminal, principalmente quando este elastério se dá por falta de diligência do poder
público, como se vê nos seguintes arestos:

“HABEAS CORPUS - Estupro de vulnerável - Prisão preventiva - Fundamentação nos


requisitos do artigo 312 do CPP - Excesso de prazo - Configuração - Constrangimento
ilegal - Ocorrência - Ordem deferida.
1. Não há falar em arbitrariedade na segregação, se mantida por se encontrarem
presentes requisitos da prisão preventiva, quais sejam, a garantia da ordem pública e
a conveniência da instrução criminal.
2. É causa de constrangimento ilegal a demora excessiva na conclusão da instrução
criminal, extrapolando o lapso temporal global para a instrução, e achando-se preso o
paciente há 141 dias, sem que tenha contribuído para o retardo na prestação
jurisdicional. Ordem concedida.”1

“PRISÃO (TEMPORÁRIA E PREVENTIVA) - Instrução criminal (fases) -


Interrogatório do réu (audiência) - Prazo (excesso).

1. A instrução é uma seqüência de atos destinada a colher elementos de convicção.


Certamente que há prazos para a realização desses atos.
2. A lei processual penal admite se excedam prazos, desde que por motivo justo.
Inexiste, nos autos, justificativa para um excesso significativo.
3. Caso em que há evidente excesso de prazo, porquanto marcada audiência para o
interrogatório do réu, o primeiro dos atos da instrução processual, mais de 6 (seis)
meses após a designação.
4. Ordem de habeas corpus concedida.”2

“INSTRUÇÃO CRIMINAL - Excesso de prazo - Réu mantido preso desde o flagrante,


por mais de 7 (sete) meses, sem que tenha sido encerrado o processo -
Constrangimento ilegal - Ocorrência:
Ocorre constrangimento ilegal por excesso de prazo na hipótese de manutenção do
réu preso desde o flagrante, por mais de 7 (sete) meses, sem que tenha sido encerrado
o processo, uma vez que embora o prazo de 81 (oitenta e um) dias não possa ser
considerado fatal nem improrrogável, é inadmissível que um indivíduo permaneça
encarcerado por tanto tempo sem que seja alcançado o desfecho da ação penal,
mormente se não existe qualquer notícia no sentido de que a defesa tenha
contribuído para o retardamento do feito.” 3 (Grifei).

“INSTRUÇÃO CRIMINAL - Excesso de prazo - Réu preso há cerca de 6 (seis) meses


sem que haja previsão razoável para o término da fase instrutória - Demora
decorrente da morosidade no cumprimento de atos deprecados - Constrangimento
ilegal:
Ainda que seja invocado o critério da razoabilidade e reconhecido o efetivo empenho
do Juiz do processo, sofre constrangimento ilegal o réu que se encontra preso há
cerca de 6 (seis) meses sem que haja previsão razoável para o término da fase
instrutória, cujo atraso decorre da morosidade da “máquina judiciária” no
cumprimento de atos deprecados.”4 (Grifei).

A prisão do Acusado, no presente processo, como já mencionado, aconteceu em ...............,


isto é, há mais de ......... (...), dias. A despeito disso, sequer iniciou a oitiva das testemunhas
arrolada pela defesa indicando de que o processo ainda se arrastará indefinidamente até
conclusão do judicium accusationnis.

‘É pois, indeclinável a concessão do presente pedido de habeas corpus para fazer cessar o
constrangimento ilegal de que está sendo vítima o Paciente, ao ver negado seu pedido de
revogação de prisão preventiva, quando é incontroverso que está preso mais tempo que a lei
determina.

EX POSITIS

Espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão processual do Paciente, pelos
fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui nominado autoridade coatora,
para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício,
estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, ata

_______________

OAB
Habeas Corpus – Falta de Fundamentação na Decretação da Prisão
Preventiva

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .........

“HABEAS CORPUS
Protocolo ................

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

............................., brasileiro(a), Est.civil, advogado regularmente inscrito na OAB-... sob o


nº ...., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, .............................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente na
Av. ................................., contra sentença exarada pela doutora Juíza de Direito da ...... Vara
Criminal da comarca de ..........., que decretou sua prisão preventiva (doc..), bem como a decisão
que negou o pedido de revogação da prisão questionada (doc..), sob a suposta justificativa de
garantia da ordem pública bem para assegurar a aplicação da lei penal com os argumentos a
seguir expostos in verbis:

“A Ordem Pública, traduz-se na paz e tranqüilidade do meio social. A medida


cautelar, fundamentada na garantia da ordem pública visa impedir que o acusado
cometa novos crimes acautelar o meio social em razão da repercussão do fato e dar
credibilidade a justiça face a gravidade do delito. (...)

Ante o exposto, com esteio nos artigos 311 e seguintes, do Código de Processo Penal,
ACOLHO o requerimento do d. representante ministerial, e, por garantia da ordem
pública, bem como para assegurar a aplicação da lei penal, em hipótese de contigente
condenação e, por conveniência da instrução criminal, presentes os requisitos da
existência da materialidade e indícios suficientes de autoria, DECRETO A PRISÃO
PREVENTIVA ...”

No mesmo passo foi editada decisão proferida no pedido de revogação da custódia cautelar,
(doc..) de forma singela sumária e sem qualquer fundamentação indeferiu a súplica,
restringindo-se a repetir a fórmula legal, prática repudiada por nossos Tribunais Superiores, nos
seguintes termos:
“O Requerente teve sua prisão preventiva decretada em razão de ter praticado o crime
tipificado no artigo 155, § 4º, inciso IV do Código Penal Brasileiro , para assegurar a
lei penal e garantia da ordem pública. (grifei)
(...)
A alegação apresentada pela defesa, de que o indiciado não participou do crime e que
não faz parte de uma quadrilha especializada em roubo de gado, é matéria de mérito,
não podendo ser acolhida nesta fase do processo.
Assim sendo, considerando a inexistência de fato novo e que a prisão em tela visa
garantir a instrução do processo e a aplicação da lei penal, acolho o parecer
ministerial e indefiro o pedido...”
Verifica-se que a ilustre Magistrada motivou suas decisões de forma genérica e presumida,
sem, contudo fundamentar de modo preciso e objetivo quanto aos fatos determinantes da
necessariedade da medida extrema, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal
sanável pelo presente instituto do habeas corpus.

SÚMULA DOS FATOS


1Conforme cópia da denúncia, em apenso (doc..), o Paciente responde a uma ação penal na
comarca de ........, sob a suposta imputação de ter infringido a norma proibitiva insculpida no art.
155, § 4º, inc. IV, do Código Penal Brasileiro.

2O Paciente, durante a persecução policial, em nenhum momento tentou tripudiar ou


interferir no andamento daquele feito, tendo comparecido espontaneamente perante a autoridade
diretora da investigação e prestado suas declarações, (doc...) dando uma demonstração
inequívoca que não deseja se furtar a prestação de contas para com a justiça, assim como
comprovou ser pessoa radicada na cidade de ................ onde possui família e exerce atividade
laborativa lícita (doc...).

3O relatório exarado pela Delegada que presidiu o inquérito policial (doc...), é tendencioso
e contaminado de parcialidade quando afirma que o Paciente responde a outro inquérito policial
em andamento no DEIC de ...., sem, contudo fazer juntar aos autos qualquer documento que
pudesse provar o alegado, como também, de forma falaciosa sustenta que o mesmo é conhecido
pela população anapolina como pessoa dada a prática de “crimes desta monta”, sem indicar
qualquer indício de comprovação desta assertiva.

4Realmente o paciente responde a outra ação penal em tramitação pela segunda vara
criminal daquela comarca, porém, nunca se furtou ao comparecimento de qualquer ato
processual. Invocar a existência do referido processo, em andamento, como motivo para
decretar-lhe a prisão preventiva, é sem dúvida, atropelar a garantia constitucional da presunção
de não culpabilidade antes da sentença penal condenatória transitada em julgado.

DO DIREITO
Sob os holofotes da Lei nº 12.403/2011, que institui as novas medidas cautelares no
processo penal, pouco ou nada adiantará o esforço de se construir uma nova concepção de
processo penal acusatória e garantista, voltada ao reverenciamento e zelo pelas garantia
constitucionais de todo cidadão se não houver uma reformulação nas idéias daqueles a quem é
dado o dever de aplicar a lei no caso concreto, de forma a evitar a continuidade da aplicação da
política law ad order personificação do nefasto direito penal do inimigo.

No caso em apreço, pelo que se depreende do documentos em apenso, a sentença que


instituiu a custódia preventiva do Paciente procurou agasalho nas hipóteses previstas no art. 312
do CPP da “garantia da ordem pública” e para “assegurar a aplicação da lei penal” sem, contudo
indicar de modo preciso quais fatos propiciaram esta conclusão, se limitando a repetir a fórmula
lega, método este, repudiado pelos nossos Superiores Sodalícios.

Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011
que alterou as disposições do CPP que trata das medidas cautelares e da prisão preventiva, a
custódia processual, somente poderá ser aplicada em último caso, quando nenhuma das nove
medidas cautelares enumeradas no art. 319 do Código de Processo Penal forem cabíveis,
exigindo do magistrado que a decretar analisar fundamentadamente a impossibilidade de suas
aplicações.

A definição de “ordem pública” tem sido motivo de grande preocupação tanto da doutrina
quanto da jurisprudência hodierna. Consoante o magistério de Gabriel Bertin de Almeida, 1 é
muito comum ver decisões a respeito de pedidos de prisão preventiva que simplesmente repetem
a fórmula legal, afirmando, tout court, que a prisão é cabível para a garantia da ordem pública.
Nesses casos, nem mesmo se tenta definir o que é ordem pública e muito menos por que sua
garantia estaria em jogo. Evidentemente, são decisões nulas ipso iure. Fauzi Hassan Choukr diz
que a simples “repetição da fórmula legal é presente em várias decisões, sendo uma das linhas
mais perceptíveis, mesmo porque não se dá ao trabalho de tentar definir o que seja ordem
pública, limitando a decretar a prisão cautelar (ou mantê-la apenas proferindo a letra da lei)”. 2

Aponta alguns julgados que a segurança do acusado pode ensejar a decretação de sua
prisão preventiva para a preservação da ordem pública. 3 O que evidentemente constitui uma
aberração ao pretender tutelar a vida ou a integridade física do cidadão com a supressão de sua
liberdade. Há ainda, julgados que costumam identificar a ordem pública com a credibilidade da
justiça4, necessidade de acautelar-se o meio social, a gravidade do delito 5 e, também, o clamor
público.

No entanto, os tribunais, principalmente os superiores, se inclinam cada vez mais na


firmação do entendimento de que essas situações de intranquilidade social, decorrentes de
crimes graves e falta de confiança no sistema judiciário como um todo, não podem embasar
decreto de prisão preventiva. Vejamos:

O STF assim vem decidindo: “Prisão preventiva - Inadmissibilidade se ausente a


demonstração, em concreto, do periculum libertatis do acusado. Irrelevância da gravidade
abstrata do crime imputado, ainda que qualificado de hediondo, da reprovabilidade do fato e do
conseqüente clamor público”.” Do voto do Ministro-relator, porque relevante para a presente
discussão, extrai-se: “Tal como fundamentada, a prisão preventiva, data vênia, é insustentável.
Tanto o decreto impugnado quanto as decisões que o avalizaram e, agora, o parecer da
Procuradoria-Geral da República traem maldisfarçada nostalgia da velha prisão preventiva
obrigatória e o vezo que lhe era inerente de abuso da detenção cautelar como forma de
antecipação de sanção penal. São vícios frequentes nas prisões preventivas decretadas com base
unicamente na invocação de garantia da ordem pública, confundida com a autorização para
utilizar a medida com fins, não apenas de prevenção especial, já em si discutível, mas sobretudo
de prevenção geral, de todo incompatíveis com a presunção constitucional de não culpabilidade.
A jurisprudência do tribunal - com raras exceções - tem sido rigorosamente avessa a expedientes
do gênero: assim, por exemplo, tem proclamado que nem a gravidade abstrata do crime, ainda
quando qualificado de hediondo (v.g., HC 65.950, Rezek, RTJ 128/147; HC 67.850, Pertence, RTJ
131/667; HC 76.730, Galvão, 10.03.1998; HC 79.204, Pertence, 1.°.06.1999), nem a
reprovabilidade do fato, nem o conseqüente clamor público (HC 71.289, Galvão, 09.08. 1994)
justificam por si sós a prisão preventiva, se não se demonstra em concreto a ocorrência do
periculum libertatis, que é medida da necessidade cautelar que a legitima”. 6

No caso vertente, Senhor Relator, o Paciente, ao tomar ciência das imputações a si


atribuídas, procurou a polícia, espontaneamente, para prestar suas declarações e colaborar na
elucidação dos fatos, e, embora responda a outra ação penal, não se homiziou da cidade de
Anápolis, comparecendo a todos atos processuais, com o firme propósito de provar sua inocência
naquele procedimento criminal.

Inexiste, até o presente momento qualquer fato concreto de leve a ilação de que em
liberdade o Paciente poderá atentar contra a ordem pública, a conveniência da instrução criminal
ou burlar a aplicação da lei penal ou que justifiquem a manutenção da prisão preventiva imposta
ao Paciente.

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.

Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e


ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar.”(in
“Manual de Processo Penal – Vol. II – pag. 619)

É neste mesmo diapasão que os Superiores Pretórios pátrios têm decidido, acerca da
demonstração inequívoca da necessariedade da decretação da prisão cautelar como instrumento
tutelador dos interesses sociais e da liberdade individual, conforme o excerto do seguinte julgado
proferido Supremo Tribunal Federal, no HC 97.528-3-SP, da relatoria do Ministro Carlos Britto ,
cuja ementa assim adita:

“HABEAS CORPUS - Execução antecipada da pena privativa de liberdade -


Pendência de recurso de natureza extraordinária - Ré que aguardou em liberdade o
julgamento da apelação - Decreto de prisão carente de fundamentação válida -
Garantia da fundamentação das decisões judiciais e direito à presunção de não
culpabilidade - Liminar deferida - Orientação do plenário do Supremo Tribunal
Federal - Ordem concedida.

1. No julgamento do HC nº 84.078, da relatoria do ministro Eros Grau, o plenário


desta colenda corte assentou, por maioria de votos, a inconstitucionalidade da
execução provisória da pena. É que o exaurimento das instâncias ordinárias não
afasta, automaticamente, o direito à presunção de não culpabilidade. Direito
individual, aclare-se, que tem sua força quebrantada em uma única passagem da
constituição, a saber: “ ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em Lei” (inciso LXI do
artigo 5º).

2. Em matéria de prisão provisória, a garantia da fundamentação das decisões


judiciais consiste na demonstração da necessidade da custódia cautelar, a teor do
inciso LXI do artigo 5º da Carta Magna e do artigo 312 do Código de Processo Penal.
A falta de fundamentação do Decreto de prisão inverte a lógica elementar da
constituição, que presume a não culpabilidade do indivíduo até o momento do
trânsito em julgado de sentença penal condenatória (inciso LVII do artigo 5º da CF).
Não é de se confundir prisão provisória com execução provisória da pena, portanto.

3. Ordem concedida e estendida às corrés.”7

Mais despropositada e inoportuna, é presença da hipótese de “assegurar a aplicação da lei


penal” nas decisões conspurcadas, haja vista que em nenhum momento o Paciente esboçou
qualquer intenção e evadir-se para burlar ou tornar impossível a aplicação de eventual
reprimenda penal, muito pelo contrário, apresentou-se espontaneamente perante a autoridade
policial para ser interrogado a cerca dos fatos.

Conforme documentação em apenso o Paciente trata-se de pessoa com residência fixa no


distrito da culpa, exerce atividade laborativa lícita da qual retira o sustento de sua família
constituída de esposa e um filho de tenra idade (doc.).

De mais a mais, verifica-se que no caso de eventual condenação pelo delito constante na
denúncia, a pena in abstrato consignada no artigo supostamente infringido, mesmo no limite
máximo, não extrapolaria a órbita do regime semi-aberto, assim constituiria até um contra-senso
o fato de ter o Acusado de aguardar preso o desenrolar de seu processo, e, uma vez condenado,
já com sua culpa e responsabilidade definida, ser transferido para um regime de liberdade ou
semi-liberdade.

Finalizando, Excelências, reporte-se admoestação de Giovanni Leone que a prisão


preventiva: “...dev’essere exercitata com estrema cautela ” (Diritto Processuale Penale- p. 389- 7ª
Ed.- 1968)

Outrossim, como preconiza Santo Agostinho, lembrado por De Marsico, com a prisão
preventiva “o homem tortura para saber se deve torturar, pelo que deve ser exercida com
extrema cautela”

EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão cautelar de natureza
processual do Paciente, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui
nominada autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta
forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

________________

OAB
Habeas Corpus – Gravidade do Crime – Conveniência da
Instrução Criminal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ..............

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

..........................., brasileiro, divorciado, advogado regularmente inscrito na OAB-...... sob o


nº ........, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor dos Paciente, .........................brasileiro, casado, advogado, residente à


rua ...........,.........., Bairro ..............., ..........., contra sentença exarada pela doutora Juíza de Direito
da Primeira Vara Criminal da comarca de ..................., (doc.......), que decretou sua prisão
preventiva, sob a suposta justificativa: “Assim, ainda que primários, levando em conta a
gravidade dos delitos imputados e o evidente risco para a apuração dos fatos, para conveniência
da instrução criminal, assegurar a aplicação da lei penal e garantia da ordem pública”, (grifei),
sem contudo fundamentar de forma objetiva quanto aos fatos determinantes da necessariedade
da medida, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável pelo presente
instituto do habeas corpus.

SÚMULA DOS FATOS

Conforme cópia do Auto de Prisão em Flagrante em apenso (doc. ....), o Paciente foi,
injustamente, mencionado por um dos meliantes que praticaram o crime previsto no artigo 157,
do Código Penal, como eventual partícipe dos fatos narrados naquele procedimento
administrativo, ensejando o oferecimento de denúncia pelo órgão ministerial que paralelamente
representou pela decretação de sua prisão preventiva, o que foi deferido pela juíza presidente do
processo.

Extrai-se da sentença hostilizada (doc. .....):

“Há tempos TORNAGHI já advertia de “que nem sempre os acusados podem se livrar
com os pés livres, havendo casos em que a necessidade de assegurar a apuração da
verdade, a execução da sentença e a tranqüilidade geral obrigam a prender, durante o
processo, os que destroem vestígios do crime, ameaçam ou subornam testemunhas,
preparam fuga ou põem em perigo a ordem e a paz social”.

Ora, esta é a situação que se apresenta nestes autos, pois a despeito da gravidade do
crime noticiado, os supostos autores, se não encontram-se foragidos, pelo menos
dispõem de meios para uma evasão imediata, o que além de prejudicar o andamento
das investigações, pode gerar descrédito nas autoridades constituídas, sendo
necessário preservar a confiança da sociedade na função repressora do Estado e
impedir graves lesões ao interesse comum da vida social da comunidade.

Assim, ainda que primários, levando em conta a gravidade dos delitos imputados e o
evidente risco para a apuração dos fatos, para conveniência da instrução criminal,
assegurar a aplicação da lei penal e garantia da ordem pública, considerando o que
dos autos consta, acolho as representações de fls. 92 a 98 e decreto a prisão
preventiva de .........”

Percebe-se que tanto o teor do Requerimento ministerial quanto o da malsinada sentença


conspurcada se assentam no terreno movediço de conjecturas e suposições de uma possível ação
danosa por parte do Paciente no sentido de tumultuar o bom andamento da instrução criminal
ou esquivar-se de uma possível aplicação de pena, sem qualquer indício da ocorrências de tais
fatos.

O ministério Público, (doc. ....) data vênia, provocou um decreto de custódia cautelar
temerário, sem qualquer respaldo em prova de caráter objetivo a indicar a necessariedade da
imposição da medida drástica como instrumento hábil para conveniência da instrução criminal
ou assegurar a aplicação da lei penal, transmudando sentença que decretou a prisão preventiva
carente de fundamentação fática, vez que indemonstrado restou qualquer conduta que fosse
atentatória a garantia da instrução criminal praticada pelo Paciente.

É notório que a magistrada da instância de piso editou sua sentença inspirando única e
exclusivamente na representação ofertada pelo Parquet, sem a demonstração da existência de
nenhum elemento concreto que pudesse denotar a presença das hipóteses autorizativas da prisão
preventiva, previstas no artigo 312 do Código de Processo Penal, devendo pois, ser cassada e
revogada a prisão preventiva do Paciente por este Egrégio Sodalício.

O Paciente, é pessoa bem relacionada na sociedade ............, advogado militante naquela


urbe, sem qualquer mácula judicial pretérita, (doc. .......), possui bens de raiz na sede do
processo, (doc. .......), família bem constituída que depende de seu labor para prover a
subsistência.

DO DIREITO
Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011 que
alterou as disposições do CPP que trata das medidas cautelares e da prisão preventiva, a custódia
processual, somente poderá ser aplicada em último caso, quando nenhuma das nove medidas
cautelares enumeradas no art. 319 do Código de Processo Penal forem cabíveis, exigindo do
magistrado a realização de uma análise fundamentada acerca da impossibilidade de suas
aplicações.

De acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão preventiva é medida


drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de extrema necessidade, quando
estiverem provadas de modo concreto e objetivo o periculum in mora, tanto que ‘é considerada
por alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua” (Lucchini), a “a mais cruel das
necessidades judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud), ou um “tirocínio de perversão
moral”(Carrara) é considerada no Brasil por Bento de Faria como “um estado de privação da
liberdade pessoal reclamado pelo interesse social” .

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência ( Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto ”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em o fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço a custódia preventiva nasceu da fertilidade de imaginação do Promotor


de Justiça que injustificadamente a requereu, (doc. e do subjetivismo do magistrado, que data
vênia displicentemente acatou aquele parecer sem a devida cautela e uma análise mais sóbria
acerca dos fatos, supondo que em liberdade o Paciente “os supostos autores, se não encontram-se
foragidos, pelo menos dispõem de meios para uma evasão imediata, o que além de prejudicar o
andamento das investigações...”, sem nenhum amparo em dados concretos trazidos para os autos
até o presente momento.
Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.

Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e


ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar.”(in
“Manuel de Processo Penal – Vol. II – pag. 619)

Pede-se a devida vênia, para colacionar a ementa proferida pelo STJ, no HC 231817/SP,
tendo com relator o Ministro Jorge Mussi,julgado em 14/03/2013:

Superior Tribunal de Justiça

“HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. CRIMES CONTRA A ORDEM


TRIBUTÁRIA. FORMAÇÃO DE QUADRILHA. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM
SISTEMA DE INFORMAÇÕES. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA PELO
TRIBUNAL A QUO A CORRÉU PRESO EM FLAGRANTE. APLICAÇÃO DE
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. EXTENSÃO DOS EFEITOS AO
PACIENTE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO INDIVIDUALIZADA A JUSTIFICAR A
APLICAÇÃO DAS MESMAS MEDIDAS AO ACUSADO. FALTA DE
DEMONSTRAÇÃO DA COMPATIBILIDADE DE CADA UMA DELAS COM AS SUAS
CONDIÇÕES FÁTICO-PROCESSUAIS E PESSOAIS. FUNDAMENTAÇÃO
GENÉRICA. MANIFESTA VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO ART. 93, INCISO IX, DA
CF. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA.

1. As medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, ainda


que sejam mais favoráveis ao acusado em relação à decretação da prisão,
representam um constrangimento à liberdade individual, razão pela qual necessária a
devida fundamentação para a imposição de qualquer uma das alternativas à
segregação, de acordo com o disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal.

2. Constatada a falta de fundamentação da decisão objurgada em relação ao paciente,


em manifesta violação ao disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, já
que não foi apresentada motivação a justificar a extensão ao paciente das mesmas
medidas cautelares impostas a um dos corréus e tampouco demonstrada a
compatibilidade de cada uma delas com as suas condições fático-processuais e
pessoais, a gravidade do crime e as circunstâncias específicas do fato delituoso, na
forma como lhe é assestado, evidenciado o constrangimento ilegal suportado, a
ensejar a atuação desta Corte de Justiça.

3. Ordem parcialmente concedida, para determinar que o Tribunal impetrado


apresente a devida fundamentação, de forma individualizada, sobre a necessidade e
adequação da imposição ao paciente de cada uma das medidas cautelares a ele
estendidas.”1

Tribunal Regional Federal – 1ª Região

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.
1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da
necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.

2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra


antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.

3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a


todos os atos do processo.”2

Na mesma trilha de entendimento são os julgados dos Tribunais dos Estados:

“HABEAS CORPUS - Tráfico - Prisão preventiva - Apreensão de 5,03 (cinco gramas e


três centigramas) de maconha - Ausência dos requisitos do artigo 312 do CPP -
Fundamentação inidônea - Ausência de elementos concretos - Cabimento de outras
medidas cautelares (CPP, artigo 319) - Aplicação da Lei nº 12.403/2011 - Ordem
concedida.

Implica constrangimento ilegal, passível de reparação por habeas corpus, a


decretação da prisão preventiva, quando não fundamentada de forma idônea. In
casu, o Decreto de não revogação da prisão preventiva baseou-se em imputações
genéricas tais como a necessidade de garantia da ordem pública, a efetiva aplicação
da Lei penal e o risco à segurança da comunidade, sem que o juízo as adequasse ao
caso concreto. De acordo com as alterações introduzidas pela Lei nº 12.403/2011, a
adoção da medida cautelar somente se justificará quando presentes o fumus
commissi delicti e o periculum libertatis; e a segregação apenas deverá ser mantida
em caso de extrema necessidade, consoante dicção dos parágrafo 5º e 6º, do artigo
282 do CPP.”3

“HABEAS CORPUS - Tráfico de entorpecentes - Flagrante - Conversão em prisão


preventiva - Prisão cautelar fundada em hipóteses do artigo 312 do Código de
Processo Penal - Decisão genérica - Necessidade de fundamentação concreta pelo
magistrado - Constrangimento ilegal caracterizado.

A prisão cautelar, no sistema jurídico brasileiro, é medida extrema de caráter


excepcionalíssimo reservada às hipóteses em que se fizer necessária para “garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou
para assegurar a aplicação da Lei Penal, quando houver prova da existência do crime
e indício suficiente de autoria” (CPP, artigo 312). Para restringir o direito à liberdade,
antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, sob pena de se admitir,
por via oblíqua, o cumprimento antecipado da pena, o magistrado, necessariamente,
deverá apontar, dentre os elementos constantes nos autos, aqueles que fundamentam
a segregação. Não pode o tribunal de justiça preencher a lacuna deixada pelo
magistrado de primeiro grau, buscando elementos do caso concreto para
fundamentar a prisão do paciente. Ordem concedida. Determinação ao juízo a quo
para que se manifeste sobre o cabimento das medidas cautelares previstas no artigo
319 do Código de Processo Penal.”4

No caso em apreço, na sentença fustigada, a juíza tida com autoridade coatora restringiu-se
apenas em repetir os termo legais, ao decretar a prisão preventiva, como razão de decidir, não
expressando e indicando os motivos e as circunstâncias ou fato concretos que levaram a
imposição da medida como instrumento cautelar, muito menos de sua imprescindibilidade ou
necessariedade para a garantia ordem pública ou assegurar a aplicação da lei penal.

A prisão preventiva compulsória, ditada pela gravidade do delito, ficou perdida no tempo,
hoje, porém, com os novos rumos da Constituição Federal de 1988, sua decretação deve
obedecer critérios calcados no interesse de ordem pública, mas não perdendo de vista, também,
o respeito do status libertadtis individual de cada cidadão, garantido pelo princípio da presunção
da inocência e o devido processo legal.

Finalizando, Excelências, reporte-se admoestação de Giovanni Leone que a prisão


preventiva: “...dev’essere exercitata com estrema cautela” (Diritto Processuale Penale- p. 389- 7ª
Ed.- 1968)

Outrossim, como preconiza Santo Agostinho, lembrado por De Marsico, com a prisão
preventiva “o homem tortura para saber se deve torturar, pelo que deve ser exercida com
extrema cautela”

Por outro lado, o Paciente, é advogado militante na comarca de Anápolis onde possui bens
de raiz, família constituída, desejando provar sua inocência durante o persecutio criminis in
judício, não existindo qualquer motivo mesmo que remoto de evadir-se daquela cidade, dando
pois amplas garantias ao Juízo.

EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente SALVO CONDUTO, cassando e revogando a prisão cautelar de natureza processual
do Paciente, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui nominada
autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse
Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da
Excelsa JUSTIÇA.

Local e data

________________

OAB
Habeas Corpus – Para Desentranhar Confissão Obtida Por
Meio de Tortura – Prova Ilícita e Adiamento do Júri

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ............

DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO HC nº ........


............... Câmara Criminal
Rel. Desor. ..................

“HABEAS CORPUS”
(Com Pedido de LIMINAR)

Colenda Câmara,
Eminente Relator,
........................, brasileiro(a), (Est.civil), advogado regularmente inscrito na OAB..... sob o nº
....., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS PREVENTIVO


COM PEDIDO DE LIMINAR

em favor do Paciente, ........................., brasileiro(a), Est.civil), (Profissão), natural


de ....................., filho de .........................., residente a rua ..........................., contra ato do Juiz
da ....... Vara Criminal de ......., face atraso na prestação jurisdicional, visando a exclusão de seu
interrogatório prestado perante a autoridade policial, no dia ....................., (doc...), dos
autos .........., vez que fora obtido através de tortura, (doc...), com franca violação do art. 5º, inciso
LVI, da Constituição Federal, combinado com art. 157, do Código de Processo Penal, com a nova
redação dada pela neonata Lei 11.690/2008, constituindo notório constrangimento ilegal, com
pedido de ORDEM LIMINAR, para adiar a sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri da
Comarca de ........, designada para dia ......... do corrente ano, e no mérito determinar o
desentranhamento do referido depoimento face ao fatos e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1O Paciente responde a ação penal acima epigrafada, com julgamento pelo tribunal do Júri,
na comarca de ....., designado para a próxima ......................, tendo protocolizado o pedido de
desentranhamento de prova obtida por meio ilícito no dia ...., (doc...), sem que até a presente
data tenha a ilustre Juiz da .......... Vara Criminal, apreciado o pedido, o que em caso de
indeferimento na abertura dos trabalhos em plenário, acarretará um irreparável prejuízo para a
defesa do Paciente, vez que inquestionavelmente o Ministério Público utilizará a versão
apresentada na fase policial, obtida através de tortura (doc......), portanto inadmissível no
processo, conforme comando normativo dos dispositivos ut retro alinhados.

2Conforme Termo de Declaração, em apenso doc..., prestado perante a ..ª Promotoria de


Justiça da Comarca de ....., O Paciente, apresentou-se espontaneamente, incólume, no quartel
do ..º .... de ........, no dia ............., para delatar o famigerado assassino e co-réu ......................,
pela prática do homicídio perpetrado contra a jovem ........................., cuja autoria até então
estava ignorada pelas autoridades policiais.

3 Porém, dois policiais militares, conduziram o Acusado até o “lixão” da cidade


de ......, onde o torturaram barbaramente, com o objetivo de extorquir-lhe a versão apresentada
no interrogatório questionado, causando-lhe as lesões descritas no Exame Médico em apenso,
doc.., cujo original está acostado nos autos da representação pela prisão preventiva, fato também
confirmado por familiares e amigos ouvidos durante o persecutio criminnis in judicio (doc....).

4É inquestionável, que embora a versão fora introduzida por meio legal nos autos, através
de interrogatório policial, seu conteúdo é fruto de ação ilegítima por parte dos policiais militares
que o espancaram provocando lesões graves, com fratura do braço, nariz, além de torturarem
“rodando caneta nos dedos”, e submetendo a espancamentos generalizados, o que contamina a
referida prova de ilicitude, sendo que sua utilização pela acusação e permanência nos autos
constitui constrangimento ilegal atentatório ao seu status libertatis, sanável com o presente
remédio heróico de hábeas corpus.

DO DIREITO
Edita o neonato art. 157, do Código de Processo Penal, acrescentado pela Lei nº 11.690/08:

Art. 157 - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas


ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Parágrafo primeiro - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

Parágrafo segundo - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

Parágrafo terceiro - Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada


inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes
acompanhar o incidente.

Parágrafo quarto - (VETADO)


A doutrina e a jurisprudência, já há muito clamava pela regulamentação da matéria
referente a inadmissibilidade da utilização da prova ilícita no sistema jurídico brasileiro, e
somente, agora a partir da reforma introduzida pela nova a Lei 11.690/2008, é que Lei ordinária
tratou, de modo claro, da disposição já vigorante na Lei Maior, (art. 5º, LVI, CF), que de forma
taxativa e garantista declarava inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

Com a novel sistemática legal poderia até surgir eventual discussão, se o conceito de
ilicitude previsto na nova lei seria atinente ao significado de restrito, ou seja proibido por lei, ou
sob o prisma amplo: no sentido de contrário aos bons costumes, à moral e os princípios gerais de
direito, porém, à toda evidência, a doutrina de forma unânime, já inclinou para a aceitação no
sentido de dar guarida à interpretação mais condizente com o texto constitucional: toda prova
ilegal ou ilegítima é ilícita, portanto inadmissível no processo. A obtidas por meio de tortura é
uma delas, portanto: está vedada por lei.

No ensinamento de Nucci extrai-se que “ Constitucionalmente, preferimos o entendimento


amplo do termo ilícito, vedando-se a prova ilegal e a ilegítima. Nesse contexto, abrem-se duas
óticas, envolvendo o que é materialmente ilícito (a forma de obtenção da prova é proibida por
lei) e o formalmente ilícito (a forma de introdução da prova no processo é vedada por lei). (...)
Em síntese, portanto, pode-se concluir que o processo penal deve formar-se em torno da
produção de provas legais e legítimas, inadmitindo-se qualquer prova obtida por meio ilícito.” 1

Assim sendo, não se poderia questionar que no momento do interrogatório questionado, o


Paciente não estava sendo torturado, embora momentos antes fora barbaramente espancado pelos
policiais militares, presentes naquele ato, exercendo manifesto poder intimidatório abusivo e
ilegal.

Do escólio de Ada Pellegrini Grinover, em sua obra “Nulidades do Processo Penal”:

“É por isso que a investigação e a luta contra criminalidade devem ser conduzidas de
uma certa maneira, de acordo com um rito determinado, na observância de regras
pré-estabelecidas. Se a finalidade do processo não é a de aplicar a pena ao réu de
qualquer modo, a verdade deve ser obtida de acordo com uma forma moral
inatacável”2

A novel legislação, regulamentando o tema já inscrito na Constituição Federal, quer dizer


que a prova é ilegal toda vez que sua obtenção caracterize violação de normas legais ou de
princípios gerais do ordenamento, seja de natureza processual ou de ordem material. Ou seja se a
prova teve seu nascedouro na tortura praticada pelos truculentos policiais militares pouco
importa se ela ingressou nos autos através de interrogatório válido. É ilícita e deve ser extirpada
dos autos, para não exercer seu efeito pernicioso no espírito dos jurados que irão de forma
soberana decidir o destino do Réu.
O Julgamento do Paciente pelo Tribunal do Júri de ..............., está designado para a próxima
....................., (doc...), o que importa em evidente periculum in mora, caso de apreciação serôdia
da ordem de liminar e o fumus boni juris, evidencia-se na violação da norma constitucional
inscrita no art. 5º, LVI CF e artigo 157 do Código de Processo Penal.

Assim sendo é imperioso a concessão da ORDEM LIMINAR determinando a suspensão da


sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri de Anápolis, acima aludida, até apreciação do mérito
do presente writ, inaudita altera pars, como forma de prevenir prejuízo irreparável ao satus
libertatis do Paciente.
EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar o constrangimento ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, pelos fatos e
fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a autoridade aqui nominada coatora, para prestar
suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de
costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

_______________

OAB
Habeas Corpus – Pedofilia – Contra Prisão Preventiva
Decretada Pela Gravidade do Crime – Clamor Público

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .............

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

............................, brasileiro(a), Est. civil., advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ........, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, ..............., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente à
rua .................,........ Bairro ..............., .............., contra sentença exarada pela doutora Juíza de
Direito da ....... vara criminal da comarca de ..........., (doc....), que decretou sua prisão preventiva,
sob a suposta justificativa de conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública e
aplicação da lei penal sem a devida fundamentação com se vê adiante in vebis::

“O fundamento para o decreto da custódia cautelar está na conveniência da instrução


criminal e garantia da aplicação da lei Penal, vez que pelas declarações colhidas na
zetética policial, a vítima e as testemunhas afirmam que o genitor desta, por
reiteradas vezes, mediante ameaça, vinha abusando sexualmente da mesma e, apesar
da tenra idade e da precoce compleição física, esta veio a engravidar-se, conforme faz
prova o resultado de exame de urina e de sangue (Beta HCG).”

Verifica-se que a ilustre Magistrada motivou sua decisão de forma genérica e presumida,
sem, contudo fundamentar de modo objetivo quanto aos fatos determinantes da necessariedade
da medida extrema, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável pelo
presente instituto do habeas corpus.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme cópia da denúncia (doc..), o Paciente responde a uma ação penal na comarca de
............, sob a suposta imputação de ter infringido a norma proibitiva esculpida nos arts. 217-A,
do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei 12.015 de 07 de agosto de 2009, onde figura
como vítima sua filha ........... de dez anos de idade.

2O principal motivo ensejador da decretação da prisão preventiva foi a suposta ameaça que
o Requerente estaria exercendo contra a pessoa da vítima, o que conforme declaração de sua
própria irmã, ............., (doc...), foi pura invencionice daquela em função de não desejar morar na
companhia do pai que lhe impunha uma educação mais rigorosa restringindo sua liberdade.

3O Requerente, é pessoa radicada na cidade de ......... desde a infância, gozando no meio


em que vive de respeito e consideração, homem probo e de conduta ilibada, excelente pai de
família, (doc....), sem qualquer desvio de conduta, por mais ínfimo que seja, que pudesse dar
indício da capacidade de praticar um ato tão hediondo como este que injustamente lhe é
atribuído.

4Embora, inoportuno, neste momento, ressaltar que o Requerente ao tomar conhecimento


de que sua filha ..... estaria grávida, foi o primeiro a tomar todas medidas para a apuração e
elucidação do fato, procurando imediatamente as autoridades competentes, o que denota
conduta incompatível para quem porventura fosse o autor de tão ultrajante delito, além do que
em seu interrogatório judicial (doc....) se colocou a disposição para submeter ao exame de DNA.

5 Conforme declaração da irmã da vítima retro mencionada, a hedionda acusação


que pesa contra a pessoa do Paciente, foi fruto de uma falácia engendrada pela vítima, que
embora a pouca idade é precocemente desenvolvida nos assuntos lúbricos e dada a
invencionices e mentiras.

DO DIREITO
Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011 que
alterou as disposições do Código de Processo Penal sobre a Prisão preventiva e medidas
cautelares e de acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão preventiva é medida
drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de extrema necessidade, quando
estiverem provado de modo concreto e objetivo o periculum in mora, tanto que ‘é considerada
por alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua” (Lucchini), a “a mais cruel das
necessidades judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud), ou um “tirocínio de perversão
moral”(Carrara) é considerada no Brasil por Bento de Faria como “um estado de privação da
liberdade pessoal reclamado pelo interesse social”.

Na neonata estética cristalizada pelas marcantes mudanças inseridas pela Lei 12.403/2011,
no título IX, do Livro I, do Código de Processo Penal, que trata “da Prisão, das Medidas
Cautelares e da Liberdade Provisória”, exige dos órgãos judicantes redobrado cuidado na exegese
do art. 312, do Diploma de Ritos, principalmente com relação a decretação ou manutenção da
prisão preventiva, que agora alcançou o status de verdadeira e autêntica ultima ratio.

No entanto, são os interesses e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação,


que se constituem em fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí
a exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, da manutenção da segregação antes de sentença final.

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência (Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.
No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em o fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela ideia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço, a custódia preventiva nasceu de uma denúncia contumeliosa e falsa


acerca de um fato repugnante cuja autoria foi atribuída injustamente ao Paciente de forma
caluniosa, uma vez que o mesmo sempre foi um pai zeloso e preocupado com a boa criação de
sua filha, a qual engendrou esta estória com objetivo de voltar a residir com sua mãe que a criava
as solta e na libertinagem, sem freios e sem disciplina.

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.
Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e
ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar.”(in
“Manuel de Processo Penal – Vol. II – pag. 619)

No mesmo passo recentemente decidiu o Supremo Tribunal no HC nº 112.888 - MS, com a


relatoria do Ministro Teori Zavascki - J. 19.03.2013 - com a seguinte ementa:

“STF.CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL - Tráfico de drogas - Lei nº


11.343/06, artigo 44, caput - Vedação à liberdade provisória - Inconstitucionalidade
(HC 104.339/SP, Plenário, Min. Gilmar Mendes, DJE de 06.12.2012) - Prisão
preventiva - Gravidade abstrata do delito - Fundamento insubsistente - Precedentes.
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. Gilmar Mendes,
DJE de 06.12.2012), em evolução jurisprudencial, declarou a inconstitucionalidade
da vedação à liberdade provisória prevista no artigo 44, caput, da Lei nº 11.343/06.
Entendeu-se que a vedação apriorística à concessão de liberdade provisória é
incompatível com os princípios constitucionais da presunção de inocência e do
devido processo legal, bem assim com o mandamento constitucional que exige a
fundamentação para todo e qualquer tipo de prisão.
2. Ademais, a gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes não constitui
fundamentação idônea para a decretação da custódia cautelar. Precedentes.
3. Ordem concedida.”1

Outros precedentes da Suprema Corte:

“PROCESSUAL PENAL – HABEAS-CORPUS – PRISÃO PREVENTIVA –


PRESSUPOSTOS – FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE – A prisão preventiva,
medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual, concebida com cautela
à luz do princípio constitucional da inocência presumida, deve fundar-se em razões
objetivas, demonstrativas da existência de motivos concretos susceptíveis de
autorizar sua imposição. – Meras considerações sobre a gravidade do delito, bem
como a possibilidade de fuga não autorizam nem justificam a decretação de custódia
cautelar. – Habeas-corpus concedido.” (STJ – HC – 16553 – SP – 6ª T. – Rel. Min.
Vicente Leal – DJU 17.09.2001 – p. 00198)

“PROCESSUAL PENAL – RECURSO ORDINÁRIO HABEAS CORPUS – PRISÃO


PREVENTIVA – FUNDAMENTAÇÃO – I - A segregação antecipada exige
fundamentação sólida e concreta que permita adequação às exigências legais, não
sendo suficiente motivação genérica. II – A gravidade do delito, embora relevante,
não basta, por si, para viabilizar a adoção da medida extrema. Recurso provido.” (STJ
– RHC 11048 – SP – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 04.06.2001 – p. 00191)

Sob os holofotes da Lei 12.403/2011, que institui as novas medidas cautelares no processo
penal, pouco ou nada adiantará o esforço de se construir uma nova concepção de processo penal
acusatória e garantista, voltado ao reverenciamento e zelo pelas garantia constitucionais de todo
cidadão se não houver uma reformulação nas ideias daqueles a quem é dado o dever de aplicar a
lei no caso concreto, de forma a evitar a continuidade da aplicação da política law ad order
personificação do nefasto direito penal do inimigo.

A prisão preventiva compulsória ditada pela gravidade do delito, como ficou assente na
sentença conspurcada, ficou perdida no tempo, hoje, porém, com os novos rumos da
Constituição Federal de 1988, sua decretação deve obedecer a critérios calcados no interesse de
ordem pública, mas não perdendo de vista, também, o respeito do status libertatis individual de
cada cidadão, garantido pelo princípio da presunção da inocência e o devido processo legal.

O Paciente possui mais três filhos, sendo um homem e duas mulheres, as quais já se
encontram casadas e com filhos menores, e nunca em momento algum de sua existência houve
qualquer deslize na criação e educação das mesmas, assim como sempre teve conduta ilibada
sendo respeitado no meio social em que vive.
EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão cautelar de natureza
processual do Paciente, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui
nominada autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta
forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

___________________

OAB
Habeas Corpus - Porte Ilegal de Arma - Falta de Laudo de
Constatação de Funcionamento e Eficácia - Trancamento
da Ação Penal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ............

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

..............................................., brasileiro(a), est.civil, advogado regularmente inscrito na


OAB-... sob o nº ...., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento
no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de
Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, ........................, brasileiro(a), Est.civil, Profissão, natural de ..........,
filho de ....................., Bairro...................., contra despacho da lavra do Doutor Juiz de Direito
da ..... Vara Criminal de ......, (doc...), que recebeu a denúncia nos autos ..........., sob a suposta
infração do fato típico insculpido no art. 16, da Lei 10.826/03, sem que tenha havido a
elaboração de Laudo de Exame Pericial Para Constatação de Funcionamento e Eficácia das armas
apreendidas, não havendo, assim prova da materialidade delituosa atribuída ao Paciente, com
isso, ocorreu a instauração arbitrária de ação penal, nula de pleno direito, por falta de justa
causa, constituindo notório e indisfarçável constrangimento ilegal, sanável pelo presente
remédio heróico do hábeas corpus, que deverá ser deferido para trancar a ação penal vergastada.

SÚMULA DOS FATOS

1O Paciente foi preso e autuado em flagrante delito como incurso nas penas do art. 16 da
Lei 10.826/03, tendo o inquérito policial sido concluído sem a elaboração do Laudo de Exame
Pericial Para Constatação de Funcionamento e Eficácia das armas apreendidas, e remetido ao
Poder Judiciário, sendo que inobstante não haver prova material do ilícito penal, (doc. 01/
representado pela perícia técnica nos artefatos apreendidos, a representante do Parquet ofertou
denúncia, sendo a mesma recebida pelo magistrado, aqui nominado de autoridade coatora.
DO DIREITO
Inicialmente, deve-se assinalar que do ponto de vista analítico crime é fato típico, ilícito e
de punibilidade abstrata.

Assim, o primeiro requisito é subdivido em um aspecto objetivo, que se compõe em


conduta, nexo causal, resultado naturalístico (nos crimes materiais) e tipicidade (adequação
formal do comportamento realizado na descrição típica realizada pelo legislador) e, em um
normativo, desmembramento em imputação objetiva da conduta, imputação objetiva do
resultado, bem assim resultado jurídico relevante e transcendente, por fim, de modo contingente,
de um terceiro, a imputação subjetiva (nos crimes dolosos).

Todos esses aspectos devem sempre ser observados sob o aspecto formal, objetivo, material
e normativo.

Nesse ângulo, imprescindível verificar-se a ocorrência de efetivo perigo concreto ou lesão


real ao bem jurídico protegido para configurar-se a presença do requisito normativo resultado
jurídico relevante e configurar-se infração penal, para só então surgir, por parte do Estado o
direito ao exercício do jus puniendi, e via de conseqüência legitimar a constrição da liberdade
individual cidadão.

No caso em estudo, o bem jurídico é a incolumidade pública, verificando-se que o


conduzido foi preso em flagrante, porque mantinha em sua casa objetos suspeitos e munições,
cuja ofensividade somente poderia ser comprovada através do competente Laudo de Exame
Pericial Para Constatação de Funcionamento e Eficácia de arma de fogo.

Assim sendo, se a conduta atribuída ao Paciente, exigia para sua prisão em flagrante a
prova pericial quanto a ofensividade dos objetos apreendido, muito mais era de se exigir o
referido exame para a propositura da ação penal, o que torna a denúncia abusiva e arbitrária,
configuradora de inequívoco constrangimento ilegal.

No caso em apreço, a ação penal emergiu, de denúncia ofertada pelo Ministério Público
imputando a suposta violação do art. 16 da Lei 10.826/03 (portar e possuir arma de fogo), porém,
verifica-se que a Acusação Oficial agiu de forma arbitrária e precipitada, visto que é
imprescindível para o oferecimento da exordial acusatória, a prévia elaboração de laudo para
comprovar a potencialidade lesiva da arma apreendida. É suficiente que o laudo seja firmado por
peritos com habilitação técnica, o que não foi feito não podendo assim comprovar o grau de
ofensidade das armas encontradas na posse do Paciente, não podendo imputar-lhe a prática
delitiva do caso em apreço sem prova material do fato ilícito que lhe é imputado.

Assim sendo, impunha ao Magistrado presidente do feito, rejeitar a denúncia


determinando o arquivamento do processo por falta de justa causa, sem prejuízo de recebe-la tão
logo fosse sanada a eiva.

É neste sentido o entendimento esposado pela Jurisprudência hodierna conforme os


seguintes julgados:

“PORTE DE ARMA – PERÍCIA DA ARMA – NECESSIDADE – 2. PERITOS NÃO-


OFICIAIS – DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR – NECESSIDADE – Nos delitos de
porte ilegal de arma, é indispensável” Se a arma não foi periciada, não há como se
afirmar provada a materialidade da contravenção, já que a arma imprestável não será
propriamente arma1 “
“Para a configuração do porte de arma é necessário provar-se através de competente
exame, que esta apresenta condições de uso. A ausência do mesmo retira da ação
penal a justa causa para o seu prosseguimento ·”
1. Ementa oficial: Contravenção Penal - Porte de arma - Perícia - No processo
contravencional de porte de arma impõe-se a perícia técnica no instrumento, para
dizer da sua prestatibilidade, vez que, se não se encontra ele em condições de ser
utilizado, não traz riscos à vida E integridade física do indivíduo, deixando de ser
considerado objeto material de infração penal2 “(detalhei).

2. 27197636 JCPP.159 JCPP.159.é indispensável a realização de perícia para


comprovar a potencialidade ofensiva da arma apreendida. Apesar de não fazer a Lei
nº 9.437/97 menção expressa às condições de funcionamento da arma de fogo,
inquestionável que sua aptidão, afirmada pelo necessário exame pericial, é requisito
essencial para a configuração dos crimes previstos em seu artigo 10. Na ausência de
peritos oficiais, os laudos periciais devem vir firmados por profissionais portadores
de diploma de curso superior, nos termos do art. 159, § 1º, CPP, sob pena de incorrer
em nulidade. Recurso provido”

“PORTE ILEGAL DE ARMA-AUSÊNCIA DE PERICIA ABSOLVIÇÃO- Para que se


caracterize a infração de porte ilegal de arma, pela qual foi o agente condenado,
indispensável que seja feita perícia para a verificação da eficácia da arma, o que não
foi feito, impondo-se a absolvição do réu, com fulcro no art. 386, VI, do Código de
Processo Penal.( TA-PR-Ac.unân.da 4ª Câm; de 9-11-95-Ap.77.0129-Rel. Juiz Farhat
Neto- Valcir Gonçalves Rosa X Justiça Pública). Detalhei

De pronto, verifica-se que o Paciente está sendo vítima de incontestável constrangimento


ilegal, por parte do magistrado prolator do despacho que recebeu a denúncia, sem contudo
observar a inexistência do Laudo de Exame Pericial Para Constatação de Funcionamento e
Eficácia das armas apreendida, sendo imperioso o deferimento do presente hábeas corpus para
determinar o trancamento da respectiva ação penal.

EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima o Paciente, determinando o
trancamento da ação penal, por falta de justa causa, pelos fatos e fundamentos ut retro
perfilados, oficiando-se a autoridade aqui nominada coatora, para prestar suas informações em
caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

_________________

OAB
Habeas Corpus – Preconceito Racial – Trancamento da Ação
Penal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .................... .

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

........................................., brasileiro, divorciado, advogado regularmente inscrito na


OAB-.... sob o nº ....., premissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento
no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguintes do Código
de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor da Paciente ............................., brasileira, separada judicialmente, comerciante,


residente à Rua ............... n.º ......, centro, nesta cidade, contra despacho da lavra da Juíza de
Direito da Terceira Vara Criminal da Comarca de ............, que recebeu denúncia contra a pessoa
da Paciente, inobstante manifesta ilegitimidade ad causam do Ministério Público, face o fato
narrado na denuncia constituir in tese, injúria qualificada por preconceito (art. 140, § 3º CPB)
cuja a ação só se procede mediante queixa do ofendido. E, face aos fatos, razões e fundamentos a
seguir perfilados.

SÚMULA DOS FATOS

1A Paciente foi indiciada em inquérito policial na Segunda Delegacia de Polícia


de ................, mediante representação criminal, como incursa nas sanções dos artigos 139, 140 §
3º, todos do Código Penal, conforme documentos em apenso.

2Inobstante, os autos da persecução policial indicarem de modo inequívoco de que a


conduta atribuída a paciente, in tese, se amoldasse no tipo penal do artigo 140 § 3º de nosso
Pergaminho Repressivo, o Ministério Público equivocadamente ofertou denúncia no artigo 20 da
Lei 7.716/89, pelo seguinte fato:

“Os fundamentos da pretensão ministerial repousam na ocorrência dos seguintes


fatos e incidência penal que seguem descritos na exordial acusatória:

Narra os autos de Inquérito Policial em epígrafe que, no dia ............................, a


vítima
......................., brasileiro, casado, vendedor, natural de ..............., nascido a .............,
filho de ........................... e de .........................., residente na Avenida ....................,
Bairro ........., nesta cidade,

vendeu um consórcio de um veículo ............., ................, marca ............, no valor de


R$ ................... (............................................ reais),

A denunciada deu em pagamento ....... cheques um R$ .......... (.......................) e outro


R$ .......... (.......................), o primeiro referente a taxa de administração e o segundo
referente a primeira parcela do consórcio.

Dias depois a denunciada sustou o pagamento dos cheques. Passados ..... (......) dias a
vítima foi até a loja da denunciada, para saber os motivos de ter sustado o pagamento
dos cheques, oportunidade em que esta começou caluniar a vítima a xingá-la de “
negro safado”, revelando a sua manifesta discriminação e preconceito racial.

Assim procedendo, a acusada subsumiu no disposto estatuído no artigo 20, da Lei


‘7.716/89.” (GRIFEI).

3Se o denunciado se defende dos fatos narrados na denúncia, e não da tipificação dada
pelo Ministério Público, tem-se que a ação penal para a conduta atribuída à paciente é de
iniciativa privada o que torna o Parquet parte ilegítima para intentá-la tornando o processo nulo
ab initio, e o seu prosseguimento flagrante constrangimento e coação ilegal.

4Com a inobservância da norma imperativa preceituada no artigo 43, inc. III, do CPP, o
despacho que recebeu a denúncia, acarretou notória e indisfarçável nulidade absoluta do
processo (art. 564, inc. II), passível do trancamento da ação, via do presente writ, por falta de
condição de procedibilidade e ilegitimidade ativa.

DO DIREITO

Edita o Código Penal, com referência a conduta atribuída a Paciente narrada na denúncia:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo a dignidade ou o decoro:


(omissis)
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião ou origem:

Com relação a ação penal do delito em apreço, dispõe nosso substantivo penal:

Art. 145 - Nos crimes previstos neste capítulo somente se procede mediante queixa,
salvo, quando no caso do artigo 140, parágrafo segundo, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do
n.º I do artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do
mesmo artigo.

Por seu turno, o Código de Processo Penal, estabelece que a legitimidade para a propositura
da ação penal privada é exclusiva do ofendido ou seu representante legal. Diz a lei:
Código de Processo Penal
Art. 30 - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.

Dispõe, ainda, o Código de Processo Penal:

Art. 564 A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


(omissis)
II - por ilegitimidade da parte
(...)
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência já firmaram entendimento de que o fato de
alguém ofender a dignidade ou o decoro de outrem utilizando elementos referentes a raça, cor,
religião ou origem, constitui o crime de injúria qualificada por preconceito previsto no § 3º,
acrescentado ao artigo 140 do Código Penal, pela lei n.º 9.459, de 13 de Maio de 1997, vez que o
objeto jurídico atacado é a honra subjetiva da vítima e não a pratica, o induzimento ou a
incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional,
prevista no artigo 20 da 7.716/89 que exigem para a sua configuração uma conotação mais ampla.

Ensina o festejado Damásio E. de Jesus em sua obra “ Novíssimas Questões Criminais”,


Ed.Saraiva, 2a Edição:

“De acordo com Lei n.º 9.459/97, chamar alguém de “nego sujo”, “preto vagabundo”,
“negão malandro”, “africano imbecil”, “judeu avarento”, “nordestino bobo”, “baiano
vadio”, “japa atrasado” etc., desde que com vontade de ofender-lhe a honra subjetiva
relacionada com a cor, procedência, religião, raça ou etnia, sujeita o autor a uma
pena mínima de um ano de reclusão, além de multa” (Pág.110).

É no mesmo sentido a lição do iminente doutrinador Guilherme de Souza Nucci:

“Assim, aquele que, atualmente, dirige-se a uma pessoa de determinada raça,


insultando-a com argumentos ou palavras de conteúdo pejorativo, responderá por
injúria racial, não podendo alegar que houve uma injúria simples, nem tampouco
uma mera exposição do pensamento (como dizer que todo “judeu é corrupto” ou que
“negros são desonestos”), uma vez que há limite para tal liberdade. Não se pode
acolher a liberdade que fira direito alheio, que é no caso, o direito à honra subjetiva.
Do mesmo modo, quem simplesmente dirigir a terceiro palavras referentes a “raça”,
“cor”, “etnia”, “religião” ou “origem”, com o ,intuito de ofender, responderá por
injúria racial ou qualificada”.(in “Código Penal Comentado”- Edição 2000 – pag.377)

Nossos Tribunais Superiores Pátrios chamados a decidir questões análogas, assim se


pronunciaram:

“CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA - Injúria qualificada (artigo 140, parágrafo


terceiro, do CP) - Caracterização.
Agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça e cor com o intuito de
ofender a honra subjetiva da vítima. Inaplicabilidade do artigo 20 da Lei nº
7.716/89.” (TJSP - HC nº 249.792-3/0 - 3ª C - Rel. Des. Luiz Pantaleão - J. 17.02.98). 02
752/594

“CRIME CONTRA A HONRA - Injúria qualificada (artigo 140, parágrafo terceiro, do


CP) - Caracterização - Agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça e
cor com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima - Inaplicabilidade do artigo
20 da Lei nº 7.716/89. A utilização de palavras depreciativas referentes a raça, cor,
religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da pessoa, caracteriza
o crime previsto no parágrafo terceiro do artigo 140 do CP, ou seja, injúria
qualificada, não o crime previsto no artigo 20 da Lei nº 7.716/89, que trata dos crimes
de preconceito de raça ou de cor.

AÇÃO PENAL - Crime contra a honra - Injúria - Ação proposta pelo Ministério
Público - Inadmissibilidade - Apuração que depende da iniciativa do ofendido -
Nulidade decretada - Inteligência do artigo 564, II, do CPP. A persecução penal para
apuração do crime de injúria depende da iniciativa do ofendido, devendo o processo
ser anulado “ab initio” quando proposto pelo Ministério Público, que é parte
ilegítima, conforme disposto no artigo 564, II, do CPP.” (TJSP - HC nº 249.792-3/0 -
Monte Aprazível - 3ª Câm. - Rel. Des. Luiz Pantaleão - J. 17.02.98). RT 752/594

Conforme o entendimento unânime da doutrina processual, tanto a ação civil como a


penal, o direito de se exigir, legitimamente, o provimento jurisdicional, está condicionado ao
cumprimento de determinadas condições de ação, que genericamente são: a legitimidade da
parte (ad causam), o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido. Especificamente, no
processo penal, acrescenta-se outras condições de procedibilidade, dentre as quais figura a ação
penal privada, em determinados crimes, não estando legitimado o Ministério Público para
assumir o polo ativo do processo.

Assim ensina o festejada doutrinadora Ada Pellegrini Grinover, em sua obra “As Nulidades
no Processo Penal”, 2ª Edição, pag. 57:

“Quando faltar uma só que seja das condições da ação ou de procedibilidade, diz-se
que o autor é carecedor desta. A conseqüência é que o juiz, embora exercendo a
função jurisdicional, não chegará a apreciar o mérito.

É dever do juiz a verificação da presença das condições da ação e de procedibilidade


o mais cedo possível e de ofício. Nesse caso, trancarã a ação, por ser o autor dela
carecedor. Se, no entanto, não o fizer, nem na sentença final (lembrando que não há
preclusão, nem mesmo pro judicato, para a reapreciação da matéria), o processo será
nulo ab initio (art. 564, II, do CPP)”.

A dependência da queixa do ofendido ou seu representante legal, para legitimar a


atuação do Ministério Público, é abordada com muita propriedade pelo insigne doutrinador
Eugênio Raúl Zaffaroni, nos seguintes termos:
“A ação penal pública condicionada é regida pela regra - para muitos, princípio - da
oportunidade. É que razões sobram para que assim procedesse o legislador, pois,
muitas vezes, pode ter o ofendido um legítimo interesse em que o fato não ganhe o
publicidade, e, nesse caso, o interesse do ofendido se sobrepõe ao estatal, na
repressão do ato criminoso. Por tal razão, a lei faz a atuação do Ministério Público
ficar na dependência da manifestação do ofendido, mas, uma vez oferecida a
denúncia, a representação torna-se irretratável, prosseguindo a ação penal
condenatória até o seu final”.(grifei) (in “Manual de Direito Penal Brasileiro, Parte
Geral, Ed. 1997 -Pág. 775).

O exercício da ação penal é de natureza pública, consoante dispõe a regra do artigo 100, do
Código Penal. tratando-se, porém, de crime contra a honra (art. 138/140 CPB), a ação penal só se
procede mediante queixa. Na hipótese do artigo 145, do Código Penal a ação penal é privativa do
ofendido, obedecendo o princípio da conveniência, que é absoluto, e da disponibilidade, que é
relativo, posto que ao titular do direito à queixa, como condição da ação.

Não é difícil perceber que o Órgão Ministerial agiu fora da órbita de suas atribuições
institucionais, atropelando a Lei, e desrespeitando o direito tutelado ao ofendido ou seu
representante legal.

É perfeitamente própria a via estreita do presente writ para o conhecimento e deferimento


do pleito, vez que desnecessário o ingresso aprofundado no mérito da prova.

Caberia ao Magistrado, diante da manifesta ilegitimidade do Ministério Público para ofertar


a denúncia, negar seu recebimento, por falta de condição procedibilidade, conforme dispõe o
artigo 43, III, do Código de Processo Penal, não o fazendo impingiu ao Paciente constrangimento
ilegal, ao submete-lo ao persecutio criminis in judicio via de um processo nulo ab initio”,
conforme o comando normativo do artigo 564, II, do Código de Processo Penal. Podendo, assim,
valer-se do presente habeas corpus, para o trancamento da ação penal, nos termos do artigo 648,
VI, do CPP.

EX POSITIS,

Espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e concedida,


para o fim do trancamento da ação penal por nulidade manifesta do processo, cassando, assim, o
despacho da lavra do ilustre Magistrado da Terceira Vara Criminal da Comarca de Anápolis, vez
que ilegítimo o Ministério Público para propor a ação penal, no crime de injúria por preconceito,
(art. 140, § 3º CPB) cuja legitimidade é exclusiva do ofendido ou seu representante legal, através
de queixa, pois desta forma esta Colenda Câmara, estará como de costume, restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

___________________

OAB
Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Falta de Intimação do Réu
Para Constituir Novo Defensor - Alegação de Chicana da
Defesa.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ...........

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

................................, brasileiro(a), (Est, Civil), advogado regularmente inscrito na OAB-...


sob o nº ......, permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no
artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de
Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente ........................., brasileiro(a), (Est.Civil), (Profissção), residente


na .................., município de ............., contra decisões exaradas pelo Juiz de Direito da Segunda
Vara Criminal de ...................., que decretou sua prisão por pronúncia (doc...) e indeferiu o
pedido de revogação de prisão (doc...), sob a suposta alegação de ter a defesa do Paciente
exercido chicana processual provocando a crise de instância pela impossibilidade de intimação
pessoal da advogada de defesa, sem qualquer dado objetivo ou prova da existência da
irregularidade, além do que a decretação se deu ex officio sem dar oportunidade ao Réu/Paciente
de justificar perante aquele Juízo, constituindo notória e incontestável coação, passiva de ser
sanada pelo presente pedido de habeas corpus.

O Paciente encontra-se encarcerado no Xadrez da Cadeia Pública de ........, desde ...............

DOS FATOS
O Paciente, responde a uma ação penal, sob a acusação de ter infringido a norma
incriminadora do art. 121 do Código Penal, cujo judicium accusationes tramitou pela Segunda
Vara Criminal de ................, tendo a decisão intermediária de pronúncia concedido do direito de
aguardar o julgamento pelo Júri em liberdade, nos seguintes termos: “O acusado, ao que consta
nos autos, é primário e ostenta bons antecedentes, não foi preso em flagrante, acompanhou o
caminhar procedimental e, até aqui, não deu ensejo a razões que levassem a imposição de
medida cautelar de natureza processual e pessoal sem seu desproveito, apesar de esta sendo
pronunciado por delito cognominado hediondo.”

Em razão da renúncia de seu primeiro defensor o Paciente constituiu o ..........................,


para patrocinar sua defesa, com escritório profissional na rua ..............................., para onde foi
expedido deprecatas nas quais foram expedidos três mandados de intimação concomitantes
(doc....), onde os senhores meirinhos, realmente, encontraram o endereço, porém, o referido
causídico havia se mudado, razão pela qual o réu se viu obrigado a constituir novo defensor.

Em substituição ao ........, o Paciente, outorgou procuração para o ..................................,

(doc. ....) com endereço no ................., em ........, o qual atuou, no processo, apresentando as
alegações finais (doc....). Como o oficial de justiça certificou que, embora tenha localizado o
escritório do ......., não havia logrado êxito em intimá-lo vez que se encontrava ausente (doc. ...),
para que o processo não ficasse paralisado o Paciente, contratou os serviços
da .......................................

Note-se que a falta de intimação do ..............., para apresentar alegações finais, apontada
pelo Oficial de Justiça na certidão (doc...) datada de ......, já estava sem efeito uma vez que as
referidas alegações (doc...) já haviam sido juntadas aos autos em ................., logo não houve
qualquer prejuízo no andamento do processo. Houve, sim, atraso no cumprimento da carta
precatória, tanto é que as alegações finais estão acostadas às fls.... e a certidão às fls. ... dos autos,
quando o objetivo da intimação já havia sido suprido.

Após a decisão de pronúncia foi expedida carta precatória (doc...) para intimação do .....,
daquela decisão, porém, percebe-se que o endereço ali consignado (................) não é aquele
indicado na procuração (doc.), como é óbvio o Advogado não foi encontrado, conforme se vê na
certidão exarada pelo ......... (doc...). Houve erro expedição da carta precatória pois a defesa em
nenhum momento informou o endereço ali contido como se fosse do ..................... ..

Em ................., o Paciente, contratou a ......................., vez que o ....................,


freqüentemente , estava ausente de seu escritório, sendo que ao ser juntada a procuração aos
autos (doc........) a causídica indicou seu endereço como sendo: ............................, porém,
equivocadamente, na carta precatória (doc...) para intimação da pronúncia constou o
endereço: ..............................o qual não foi informado pelo réu ou sua defensora, razão pela qual
a mesma não foi localizada.

Em seguida, Senhor Relator, surgiu um documento apócrifo (doc...), de autoria


do ..................., (doc...) mandatário da família da vítima, informando outro endereço da
defensora do Acusado/paciente, inclusive com o número de telefone com a última dezena
invertida, “............. o correto é .........” (doc...), o qual ao ser conferido ex officio, via telefone, pelo
Juiz, aqui denominado, autoridade coatora, ficou constatado ser da Presidência da República
(....), provocando o decreto de prisão por pronúncia, vez que entendeu o Magistrado tratar-se de
manobra chicanista da Defesa.

Saliente-se, que no pedido de Revogação de Prisão postulado no Juízo de piso, o Paciente


informou que o citado causídico (.........), responsável pelo documento sem assinatura,
atualmente é diretor presidente da Faculdade ..............., (doc. ..), e, onde a irmã da vítima é
funcionária, porém, o Magistrado não teve sequer o cuidado de ligar para a referida instituição
de ensino para verificar a veracidade deste fato, como o fez para confirmar o endereço da
advogada de defesa, simplesmente consignando em sua sentença: “A menção a um possível
comentário envolvendo o nome do ilustre causídico .........................., em realidade, em nada
contribui para modificar a situação detectada, principalmente porque não passa de uma hipótese
sem qualquer confirmação”. Assim, pergunta-se porque com respeito a aferição da veracidade do
número de telefone indicado por pessoa anônima e estranha ao processo o Juiz teve o zelo de
confirmar?, E agora?, quando o Paciente, sem máscara ou anonimato, informa elemento relevante
para a elucidação dos fatos o Juiz se esquiva?.

O que se observa é que o Paciente está sendo vítima de equívocos que não provocou:
primeiro, é que o endereço constante nas cartas precatórias intimatórias do ....... (doc...)
da ........................, (doc....), não são os que constam das procurações juntadas aos autos, nem
tampouco foram indicados ou informados pela defesa; segundo, o número de telefone da
Presidência da República como sendo da referida advogada, foi fornecido por pessoa estranha ao
processo, mas ligada aos familiares da vítima. Assim, não se pode tributar em prejuízo do status
libertatisa do Paciente, a crise de instância instalada no processo, por possível equívoco da
escrivania ou pela ingerência indevida do mandatário, extra processual, da parte vítima.

Como pode ser visto, s.m.j., a autoridade coatora agiu de modo parcial, injusta e ilegal ao
decretar a prisão por pronúncia do Réu/Paciente, sem ao menos lhe dar oportunidade de
esclarecer a irregularidade detectada, intimando-o para tal, pois o mesmo sempre manteve seu
endereço atualizado dentro do processo, conforme a própria decisão de pronúncia admite ter
acompanhado todo caminhar processual, outorgando-lhe o direito de aguardar o julgamento
pelo Júri em liberdade.

Realmente o paciente, durante o processo, teve o patrocínio de sua defesa a cargo de vários
advogados, porém, isto se deu em decorrência dos efeitos nefastos que o fato acarretou em sua
vida, tendo que desfazer de seus bens e desagregar sua família, o que não lhe deu outra
alternativa que aceitar o patrocínio daqueles que se dispusessem a ajuda-lo gratuitamente, em
consideração e homenagem as amizades do Impetrante, que é seu primo.

DO DIREITO

Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei 12.403 de 04 de maio de 2011 que
alterou as disposições do Código de Processo Penal sobre a Prisão preventiva e medidas
cautelares e de acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão preventiva é medida
drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de extrema necessidade, quando
estiver provada de modo concreto e objetivo o periculum in mora, tanto que é considerada por
alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua” (Lucchini), a “a mais cruel das necessidades
judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud), ou um “tirocínio de perversão moral”(Carrara)
é considerada no Brasil por Bento de Faria como “um estado de privação da liberdade pessoal
reclamado pelo interesse social”.

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência ( Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto ”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço a custódia processual nasceu de equívocos na apreciação dos fatos, do


subjetivismo do magistrado, que data vênia deixou de dar oportunidade ao réu/Paciente de
informar com correção número do telefone de sua advogada, além do que não se ateve que o
endereço constante na carta precatória intimatória não corresponde ao informado na procuração
juntada aos autos.

Nossos Superiores Pretórios pátrios têm decidido, sobre a indispensabilidade da


demonstração inequívoca da necessariedade da decretação da prisão cautelar como instrumento
tutelador dos interesses sociais e da liberdade individual, conforme o excerto do seguinte julgado
proferido por nosso Egrégio Tribunal Goiano, através de sua 1ª Câmara Criminal, no HC 10.689,
como relator o ilustre Desembargador João Batista de Faria Filho, cuja ementa assim adita:

“Habeas Corpus. Prisão Preventiva. Falta de Fundamentação.


Se os fundamentos da prisão preventiva não encontram apoio algum na prova dos
autos, mas, ao revés, resultam de simples suposição, tem-se uma decisão
imprestável. Ordem concedida.”

Na mesma trilha de entendimento são os julgados dos Tribunais dos Estados:

“HABEAS CORPUS - Prisão provisória - Sentença condenatória - Paciente que


respondeu solto à ação penal - Ausência de fundamentação. É ilegal a imposição de
prisão antecipada, na sentença condenatória, ausente a indicação de elementos
concretos da necessidade da medida extrema, desatendendo ao artigo 312, do Código
de Processo Penal, malferindo a garantia constitucional da motivação das decisões
judiciais, principalmente se o paciente respondeu solto à ação penal pelo crime de
tráfico ilícito de substância entorpecente, primário e portador de bons antecedentes,
conforme o artigo 59, da Lei de Drogas. Ordem concedida.” 1

“HABEAS CORPUS - Tráfico de entorpecentes - Flagrante - Conversão em prisão


preventiva - Prisão cautelar fundada em hipóteses do artigo 312 do Código de
Processo Penal - Decisão genérica - Necessidade de fundamentação concreta pelo
magistrado - Constrangimento ilegal caracterizado.

A prisão cautelar, no sistema jurídico brasileiro, é medida extrema de caráter


excepcionalíssimo reservada às hipóteses em que se fizer necessária para “garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou
para assegurar a aplicação da Lei Penal, quando houver prova da existência do crime
e indício suficiente de autoria” (CPP, artigo 312). Para restringir o direito à liberdade,
antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, sob pena de se admitir,
por via oblíqua, o cumprimento antecipado da pena, o magistrado, necessariamente,
deverá apontar, dentre os elementos constantes nos autos, aqueles que fundamentam
a segregação. Não pode o tribunal de justiça preencher a lacuna deixada pelo
magistrado de primeiro grau, buscando elementos do caso concreto para
fundamentar a prisão do paciente. Ordem concedida. Determinação ao juízo a quo
para que se manifeste sobre o cabimento das medidas cautelares previstas no artigo
319 do Código de Processo Penal.”2

Finalizando, Excelências, é de se ressaltar que o atraso no andamento do processo não


pode, de forma alguma, ser atribuído a supostas manobras chicanistas da defesa, cerceando-lhe o
status libertatis, quando está claro que o referido impasse se deu, principalmente, em virtudes
das irregularidades apontadas na emissão das cartas precatórias, além do notório e lamentável
emperramento da máquina judiciária, que não consegue distribuir a prestação jurisdicional da
forma almejada pela sociedade.

EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça o
competente SALVO CONDUTO, cassando e revogando a prisão por pronúncia do Paciente, para
que possa aguardar o julgamento pelo Tribunal do Júri em liberdade, pelos fatos e fundamentos
ut retro perfilados, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL, DATA

_________________

OAB
Habeas Corpus - Prisão Preventiva com Fundamentação
Genérica - Ameaças do Paciente Contra Familiares da
Vítima

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DE ..........

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

...................., brasileiro(a), Est.civil, advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ......., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo
Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”
em favor do Paciente, ...................., brasileiro(a), Est.civil, profissão, residente à
rua ............................., contra sentença exarada pela doutora Juíza de Direito da .... Vara Criminal
da comarca de ........., (doc..), que decretou sua prisão preventiva, sob a suposta justificativa de
conveniência da instrução criminal e garantia da ordem pública e aplicação da lei penal com os
argumentos a seguir expostos in vebis:

“Além da gravidade das imputações, é preciso lembrar que a função do


Denunciado/Representado é de muita relevância na comunidade, o que causou
grande alvoroço, sendo rumoroso o fato tanto para a imprensa quanto para a
sociedade, o que gera alto risco para esta, uma vez, que a ordem pública se altera
todas as vezes em que um acontecimento gera clamor público.
Assim, seja pela natureza do delito, a idade das vítimas ou pelas pessoas envolvidas,
o fato é que o clamor social foi intenso, conforme salientado pelos r. do Ministério
Público, o que pode provocar risco de desordem social, eis que a liberdade do
denunciado/representado gera descrédito nas autoridades constituídas.
Soma-se ao comprometimento da ordem pública o fato de que a natureza do delito a
ser apurado exige muita cautela no curso da instrução e as vítimas - por serem
adolescentes - bem como as . testemunhas, poderão vir a ser influenciadas ou mesmo
coagidas, pois até o fragor causado pela imprensa pode alterar o conteúdo e o rumo
das informações, uma vez que nem os todos os pais se sentem dispostos a expor a
própria intimidade e a de seus filhos, especialmente quando essa intimidade restou
ferida.”

Verifica-se que a ilustre Magistrada motivou sua decisão de forma genérica e presumida,
sem, contudo fundamentar de modo objetivo quanto aos fatos determinantes da necessariedade
da medida extrema, configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável pelo
presente instituto do habeas corpus.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme cópia da denúncia (doc...), o Paciente responde a uma ação penal na comarca
de .............., sob a suposta imputação de ter infringido a norma proibitiva esculpida nos arts.
217-A, do Código Penal com a nova redação que lhe deu a Lei 12.014/2009, e 241 e 244-A do
ECA.

2O Paciente, durante a persecução policial, em nenhum momento tentou tripudiar ou


interferir no andamento daquele feito, tendo atendido ao chamamento da autoridade diretora e
prestado suas declarações espontaneamente, além do que em momento algum procurou pelas
supostas vítimas ou seus familiares com o fim de ameaça-los, suborna-los ou de qualquer forma
impedir que exercessem seus direitos de ação com liberdade, abusando de sua qualidade de ex-
delegado de polícia, e, não demonstrou interesse de evadir-se do distrito da culpa ou dispor de
seus bens para fugir da eventual aplicação da lei penal.

3Os Representantes do Ministério Público, ao representarem pela decretação da prisão


preventiva do Paciente (doc. ...) fizeram um jogo de palavras para tentar demonstrar a existência
de supostas ameaças realizadas por parte do Paciente, da seguinte forma: a mãe de ....... afirma
que a mãe de ...... disse e esta por seu turno diz que foi a mãe de ....... que disse e esta retorna à
mãe de ....., a cerca de eventuais ameaças, porém, nenhuma delas ao serem ouvidas no inquérito
policial afirma que o .............. a estaria ameaçando, conforme se vê nos depoimentos em apenso
(doc.....). Logo, chega-se a ilação de que a premissa abraçada pela sentença que decretou a prisão
preventiva é falsa.

4A hipótese levantada pelo Parquet, de supostas ameaças ou tentativa de suborno, partidas


do paciente, constitui um flagrante absurdo, principalmente levando-se em consideração de
como ex-delegado de polícia, tinha plena ciência das conseqüências processuais que poderiam
lhe advir se obrasse de tal modo.

5Outro fato relevante destacado pelo Parquet é que o Paciente mesmo após a mídia ter
divulgado o fato, estaria assediando a suposta vítimas ............. para saírem juntos, quando na
realidade a própria jovem diz “que após o caso ter estourado na mídia , a declarante voltou a
ligar para ................”. Vê-se nitidamente que a iniciativa do diálogo partiu de ............ e não do
Paciente, o que demonstra que não é verdadeira a assertiva do assédio esposada pelo MP, para
obter a custódia processual.

6Por outro lado, o estardalhaço provocado pela mídia, não pode ser confundido com o
clamor público argüido na sentença, ora vergastada, uma vez que não houve no seio da
sociedade ............. qualquer manifestação pública de repúdio, indignação ou revolta a cerca dos
fatos imputados ao Paciente. O que não pode ser negado é que o crime da moda é rotulado de
pedofilia e em nome deste disfarce procede-se uma verdadeira inquisição ou caça as bruxas,
execra-se o homem, atropela-se todos os direitos fundamentais de cidadão constitucionalmente
protegidos.

7A título de ilustração, tem-se que a mídia perversa proclamou nos seus diversos
tentáculos venenosos, que haveria centenas de vítimas do ex-delegado/monstro, e, no entanto o
MP maquiou a existência de apenas duas menores de quatorze anos em sua denúncia, que, em
tese, seriam vítimas de estupro ou atentado violento ao pudor.

8Com relação a Ocorrência nº ........., registrada pela coordenadora do Programa Sentinela


(doc.), verifica-se que não há qualquer vínculo com a pessoa do Paciente, primeiro, porque a
imprensa perturbou a vida dos pais das menores, tentou de toda forma tripudiar a vida do
Paciente com notícias difamantes, poderia perfeitamente estar efetuando ligações telefônicas
para o Programa Sentinela em busca de uma entrevista com as suspostas vítimas, além disso o
veículo de propriedade do Paciente é de cor clara (......), sem qualquer semelhança com aquele
descrito na ocorrência retro citada, razão pela qual não se pode atribuir-lhe a prática daqueles
atos.

9O Paciente, é filho de ..........., tendo desempenhado relevantes serviços à comunidade nos


cargos e funções que ocupou, como ..................e..................foi eleito................ , além de figurar
na direção de inúmeras entidades culturais, filantrópicas, assistenciais, sociais, esportivas e
maçônicas; (doc.); possui família regularmente constituída e é radicado na cidade desde o
nascimento, onde permanecerá após provar sua inocência no transcorrer do processo de
conhecimento.

DO DIREITO
Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011
que alterou as disposições do Código de Processo Penal sobre a Prisão preventiva e medidas
cautelares e de acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão antes de sentença
condenatória é medida drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de
extrema necessidade, quando estiverem provado de modo concreto e objetivo o periculum in
mora, tanto que ‘é considerada por alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua”
(Lucchini), a “a mais cruel das necessidades judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud),
ou um “tirocínio de perversão moral”(Carrara) é considerada no Brasil por Bento de Faria como
“um estado de privação da liberdade pessoal reclamado pelo interesse social”.

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência (Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em o fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:
“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

No caso em apreço a custódia preventiva nasceu da submissão da Juíza sentenciante aos


ensejos da mídia e da ação sugestionada do Órgão de Acusação Oficial que de forma clara e
incontestável alterou o sentido de alguns trechos de depoimentos prestados na esfera
administrativa para conseguir seu intento: a prisão do Paciente.

Inexiste, até o presente momento qualquer fato concreto de leve a ilação de que em
liberdade o Paciente poderá atentar contra a ordem pública, a conveniência da instrução criminal
ou burlar a aplicação da lei penal ou que justifiquem a manutenção da prisão preventiva imposta
ao Paciente.

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos seja
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.” (in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.

Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e


ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar.”(in
“Manuel de Processo Penal – Vol. II – pag. 619)

É neste mesmo diapasão que os Superiores Pretórios pátrios têm decidido, acerca da
demonstração inequívoca da necessariedade da decretação da prisão cautelar como instrumento
tutelador dos interesses sociais e da liberdade individual, conforme o excerto do seguinte julgado
proferido por nosso Egrégio Tribunal Goiano, através de sua 1ª Câmara Criminal, no HC 10.689,
como relator o ilustre Desembargador João Batista de Faria Filho, cuja ementa assim adita:

“Habeas Corpus. Prisão Preventiva. Falta de Fundamentaçào.

Se os fundamentos da prisão preventiva não encontram apoio algum na prova dos


autos, mas, ao revés, resultam de simples suposição, tem-se uma decisão
imprestável. Ordem concedida.”

Da mesma forma são os pronunciamentos de nossos Tribunais de teto:

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.
1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da
necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.
2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra
antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.
3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a
todos os atos do processo.”1

“RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PLEITO
PELA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO PRISIONAL COM
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO FÁTICA CONCRETA.
PRECEDENTES.

1. A gravidade do crime, com supedâneo em circunstâncias que integram o próprio


tipo penal, não constitui, de per si, fundamentação idônea a autorizar a prisão
cautelar.

2. Tratando-se de fundamento que fulmina por inteiro o decreto prisional, é de ser


estendido os efeitos desta decisão à corré, na forma do artigo 580 do CPP.

3. Recurso em Habeas corpus provido.”2

A prisão preventiva compulsória, ditada pela gravidade do delito, como ficou assente na
sentença conspurcada, ficou perdida no tempo, hoje, porém, com adesão incontinenti ao Estado
Democrático de Direito traçado pela Constituição Federal de 1988, e o advento da Lei 12.403, de
04.05.2011, que instituiu as medidas cautelares alternativas, no nosso ordenamento jurídico, sua
decretação deve obedecer a critérios calcados no interesse de ordem pública, mas não perdendo
de vista, também, o respeito do status libertatis individual de cada cidadão, garantido pelo
princípio da presunção da inocência e o devido processo legal.
Ninguém desconhece a necessidade de adoção de rigor no campo da definição de
responsabilidade, mormente quando em jogo interesses públicos da maior envergadura. No
levantamento de dados, no acompanhamento dos fatos, no esclarecimento da população,
importante é o papel exercido pela imprensa. Todavia, há de se fazer presente a advertência de
Joaquim Falcão, veiculada sob o título “A Imprensa e a Justiça”, no Jornal O Globo, de 06 de
junho de 1993:

“Ser o que não se é, é errado. Imprensa não é justiça. Esta relação é um


remendo. Um desvio institucional. Jornal não é fórum. Repórter não é juiz. Nem
editor é desembargador. E quando, por acaso, acreditam ser, transformam a
dignidade da informação na arrogância da autoridade que não têm. Não
raramente, hoje, alguns jornais, ao divulgarem a denúncia alheia, acusam sem
apurar. Processam sem ouvir. Colocam o réu, sem defesa, na prisão da opinião
pública. Enfim, condenam sem julgar.” (GRIFEI)

Embora, questão de menor relevo no deslinde do presente writ, é inelutável que se levante
a voz contra a truculência e a barbárie de que fora vítima o Acusado, por ocasião de sua prisão,
onde foi submetido ao vexame público, provocado pela ampla cobertura jornalística da mídia
eletrônica, sacrificou-se perante as câmeras de televisão, a garantia constitucional da
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do Acusado, afrontando o
princípio da presunção de inocência previstos no artigo 5º, X e LVII da Constituição Federal,
Finalizando, Excelências, reporte-se admoestação de Giovanni Leone que a prisão
preventiva: “...dev’essere exercitata com estrema cautela ” (Diritto Processuale Penale- p. 389- 7ª
Ed.- 1968)

Outrossim, como preconiza Santo Agostinho, lembrado por De Marsico, com a prisão
preventiva “o homem tortura para saber se deve torturar, pelo que deve ser exercida com
extrema cautela”

EX POSITIS
espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,
para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão cautelar de natureza
processual do Paciente, pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui
nominada autoridade coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta
forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do
Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data

___________________

OAB
Habeas Corpus – Prisão Temporária

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE .......

“HABEAS CORPUS”

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

.................., brasileiro(a), (Est.civil), advogado regularmente inscrito na OAB-... sob o nº ....,


permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º, LVII,
LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguinte do Código de
Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente, .......................... brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), residente na


rua ............................, contra sentença exarada pela Juíza de Direito da Primeira Vara Criminal da
Comarca de ............. (doc...), que injustificadamente decretou a prisão temporária do paciente
sobre a suposta justificativa de ser imprescindível para o êxito das investigações ainda não
concluídas, tendo em vista as diligências requeridas pelo Ministério Público, sem com tudo
fundamentar de forma objetiva quanto aos fatos determinantes da necessariedade da medida,
configurando notório e indisfarçável constrangimento ilegal sanável pelo presente instituto do
habeas corpus com fulcro no artigo 648, I e V do Código de Processo Penal combinado com artigo
5ª LVII, LXVI e LXVIII da nossa Carta Magna.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme cópia do auto de prisão em flagrante em apenso (doc..) o paciente foi preso no
dia ......... do corrente ano sob a imputação de ter infringido a norma incriminadora do artigo 129
§ 1º, I, do Código Penal

Remetido o Inquérito Policial no ...º dia da prisão, o ilustre Representante do Parquet,


requereu a baixa dos autos à delegacia de polícia para realização de novas diligências,
representando pela decretação da Prisão Temporária do paciente, por entender ser
imprescindível a manutenção da custódia cautelar sem contudo indicar os motivos ou fatos que
levassem a ilação de que em liberdade pudesse obstacular a ação da autoridade policial.

Em atendimento ao pedido do MP, o juíz plantonista, aqui tida como autoridade coatora,
decretou a prisão temporária do paciente, sem um mínimo de fundamentação quanto a
necessariedade da manutenção medida restritiva de liberdade, para a realização das diligências
requeridas pelo dominus litis.
DO DIREITO

Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011 e
entendimento de nossa melhor doutrina, a prisão provisória de natureza processual, por ser
atentatória a liberdade individual da pessoa humana, e constituir-se em prisão sem inflição
anterior de pena, somente há de ser decretada em casos excepcionais e cercado das necessárias
cautelas, a fim de que não se transforme em cerne ou caldo de cultura de injustiça. Sendo esta,
fato que compromete o jus libertatis do cidadão ainda não definitivamente considerado culpado.
Somente poderá ser convalidada se presentes além dos pressupostos básicos e necessários, que
se atenda ainda, as circunstâncias que a autorizam: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal e asseguração de eventual pena a ser imposta., conforme se detrai do artigo
312 do Código de Processo Penal.

A prisão temporária, por seu turno, nos termos da Lei 7.960/90, como medida vesperal do
procedimento persecutório penal, exige de maneira indeclinável a presença do periculum in
mora e da comprovação da presença de elementos indiciários da atuação maléfica do indiciado
durante o inquérito policial, ocultando provas, aliciando ou ameaçando testemunhas; enfim,
prejudicando o bom andamento do feito. A medida neste caso, há de ser imprescindível para
assegurar e acautelar o êxito da investigação policial. Fora disso há inegável arbítrio na sua
decretação, conforme o seguintes arestos de nossos Superiores Tribunais:

“CABIMENTO - Habeas Corpus - Ilegalidade - Falta - Fundamentação - Inexistência -


Necessidade - Decreto - Prisão temporária.

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL - “Habeas Corpus” - Prisão temporária -


Hipóteses cabíveis - Decreto inadequadamente fundamentado - Constrangimento
ilegal caracterizado - Ordem deferida.

1. Como medida de exceção que é, a prisão temporária só é cabível quando


imprescindível para as investigações do inquérito policial, quando o indiciado não
tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade ou quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, que sinalizem sua participação nos crimes elencados
na lei respectiva e naqueles considerados como hediondos (Inteligência do 1º,
incisos I, II, e III, da Lei nº 7.960.89).

2. O fundamento da medida segregatória decorre de verdadeira operação de lógica,


de reconstrução fática, aliada à íntima convicção de seu prolator, mas sempre com
base nas provas, que ainda deverá evidenciar a conveniência da custódia provisória
do indiciado, tendo em vistas os interesses da sociedade.

3. Não se revestindo o decreto hostilizado daquelas condições, concede-se a ordem


porque a prisão em casos que tais afigura-se arbitrária e não necessária. Unânime.”
(TJDF - HC nº 7.786/97 - 1ª T. - Rel. Costa Carvalho - J. 02.09.97 - DJ. 01.04.98).

“PRISÃO TEMPORÁRIA - (Leis nºs 7.960/89 e 8.072/90) - Segredo de justiça -


Necessidade de fundamentação do ato - Excesso de prazo.

A falta de fundamentação é causa de nulidade do decreto de prisão temporária (CF,


artigo 5º, LXI e Lei nº 7.960/89). Concessão da ordem sem prejuízo do
prosseguimento das investigações policiais e de futura prisão do paciente se houver
motivo e nos termos da lei.”(TRF 2ª R - HC nº 95.02.15993-4 - RJ - 3ª T - Rel. Des.
Paulo Freitas Barata - DJU 03.10.95).

“PRISÃO TEMPORÁRIA - Ausência de fundamentação - Anulação do decreto da


custódia extraordinária. a citação dos requisitos formais da prisão, mas exige, isto
sim, que se aponte concretamente os fatos que, à luz do preceito legal, dão o
necessário suporte para a custódia extraordinária. O decreto de prisão temporária há
de conter a necessária fundamentação, sob pena de nulidade, nos termos do inc. IX,
do artigo 93, da CF. E tal fundamentação não se satisfaz apenas com . a citação dos
requisitos formais da prisão.” (TJDF - HC nº 2.342-7 - Reg. Ac. 109.553 1ª T - Rel.
Des. Otávio Augusto - DJU 11.11.98).

No caso em apreço, a juíza tida com autoridade coatora restringiu-se apenas em repetir os
termo legais, ao decretar a prisão temporária, do inciso I, do artigo 1º, da Lei 7.960/89, como
razão de decidir, não expressando e indicando os motivos que a levaram a imposição da medida
como instrumento cautelar, muito menos de sua imprescindibilidade para garantir o
desempenho da polícia na realização das diligências requeridas pelo Parquet.

Embora o paciente registre um antecedente judicial (doc...), nunca se furtou ao


comparecimento de qualquer ato do processo que pudesse ensejar a decretação de sua prisão
preventiva, o que por si só não justificaria a privação de sua liberdade pela prisão temporária
decretada, por força do princípio da presunção da não culpabilidade antes do trânsito em julgado
de sentença penal condenatória ( Art. 5º LVII, CF).

Por outro lado, o Paciente, é funcionário ..............., exercendo a função de ............,


atualmente lotado na ........ ......., considerado excelente servidor, por seus superiores. Possui
endereço certo e sabido, com família regularmente constituída e mantida exclusivamente com os
rendimentos de seu labor, dando pois amplas garantias ao Juízo.

EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão processual do Paciente,
pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui nominada autoridade
coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio
Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data

___________________

OAB
Habeas Corpus – Relaxamento de Prisão em Flagrante
Irregular

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DE .......

“HABEAS CORPUS”

CÓDIGO TJ.. - .....

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

.........................., brasileiro(a), Est.civil, advogado


regularmente inscrito na OAB-.... sob o nº ....., permissa máxima vênia vem perante a esta
Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º, LVII, LXVI e LXVIII, da Constituição Federal,
combinado com artigo 647 e seguinte do Código de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor do Paciente ................., brasileiro(a), Est.civil, Profissão, residente na rua a


rua ....................., ........, contra sentença exarada pela Juiza de Direito da .... Vara Criminal da
Comarca de ....., (doc...), que indeferiu, injustificadamente, o pedido de RELAXAMENTO DE
PRISÃO EM FLAGRANTE, sob a alegação de que o auto de prisão estava totalmente regular, e
que o crime imputado, é de natureza hedionda, caracterizando inequívoco constrangimento
ilegal contra o status libertatis do Paciente, sanável com o presente instituto do habeas corpus
com fulcro no artigo 648, I e V do Código de Processo Penal combinado com artigo 5ª LVII, LXVI
e LXVIII da nossa Carta Magna.

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme documentos em Apenso, (...) o Requerente, foi ilegalmente preso e autuado em


flagrante delito sob a pretensa acusação de ter infringido o disposto no artigo 213, do Código
Penal.

2O fato ilícito atribuído ao Requerente ocorreu às .... horas do dia .... do corrente ano,
sendo que foi preso em seu local de trabalho por volta das .... horas, sem que houvesse qualquer
tipo de perseguição ou encontrado de posse de instrumentos, armas, objetos ou papéis que
fizessem presumir ser ele autor da infração. Conforme depoimento do Condutor no auto de
prisão em flagrante, a prisão ocorreu assim:
“QUE, nesta data por volta das ... horas, nesta Delegacia, tomou conhecimento de
que ocorrera um crime de estupro, na Rua ................” (...) “QUE, ali chegando
encontraram a referida residência fechada, mas foram informados por uma vizinha
de que esta pessoa a quem estavam procurando, trabalhava na Panificadora ....;
situada a rua .... antiga padaria do ........; QUE, em conversa com o proprietário da
Panificadora, foram informados de que ali realmente trabalhava um rapaz com estas
característica, chamado .........; QUE, naquele momento este rapaz havia saído para
executar um serviço, mas que retornaria brevemente; QUE, Após uns vinte minutos
de espera o autuado ali apareceu e foi lhe dado Voz de Prisão;” (GRIFEI)

3É curioso que o Representante da vítima, ....................., diz ter sido informado do fato
às ........... horas quando ainda estava em Brasília, e prestou suas declarações, no auto de prisão
em flagrante .. minutos após, aqui em ......, vez que no preâmbulo daquele termo consta que foi
iniciado às ....... horas, o que denota que o horário correto tanto da prisão quanto da lavratura do
auto é aquele contido na Nota de Ciência das Garantia Constitucionais assinado pelo autuado
(doc. ), pois este constitui ato preparatório daquele.

O Requerente possui endereço certo nesta cidade, (doc....), exerce profissão lícita (doc....),
sendo tecnicamente primário e possuidor de bons antecedentes (doc.).

DO DIREITO

Incrustada no pórtico das garantias e direitos fundamentais (art. 5º LXI CF), está a
imperatividade de que o status libertatis de qualquer cidadão não pode ser suprimido sem que
esteja em flagrante delito (art. 302 CPP) ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente.

Edita o artigo 302 do Código de Processo Penal;

Art. 302 - Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que


façam presumir ser ele autor da infração.

Consoante o entendimento esposado por nossa melhor doutrina processual penal, constitui
a liberdade física do indivíduo um dos dogmas do Estado de Direito, sendo natural que a
Constituição fixe certas regras fundamentais a respeito da prisão de qualquer natureza, pois a
restrição ao direito de liberdade, em qualquer caso, é medida extraordinária, cuja adoção deve
estar sempre subordinada a parâmetros de legalidade estrita.

No caso da prisão cautelar, essas exigências se tornam ainda mais rigorosas, diante do
preceito constitucional segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória” (art. 5.°, inc. LVII, CF); em face do estado de inocência
do acusado, a antecipação do resultado do processo representa providência excepcional, que não
pode ser confundida com a punição, somente justificada em situações de extrema necessidade.

Além desse postulado fundamental à disciplina da prisão de natureza cautelar, sobressaem


no texto da Lei Maior as garantias da jurisdicionalidade e do devido processo legal.

Neste parâmetro de imperativos constitucionais, tem-se que o auto de prisão em flagrante,


é sacramental e ritualístico, cujas formalidades exigidas por lei não podem ser alteradas,
invertidas ou omitidas, sob pena de torna-lo imprestável como instrumento legal de coerção da
liberdade individual do cidadão. Sendo assim, em um primeiro momento sua realização, com
relação ao mérito, deve obedecer as hipóteses definidas nos incisos do artigo 302 do CPP, e,
quanto a forma, a autoridade responsável por sua lavratura, somente poderá fazê-la depois de
obedecidas as condições de procedibilidade, impostas pela lei, dentre elas a exigência de prévia
autorização do ofendido ou seu representante legal, quando o delito imputado ao conduzido
estiver no elenco daqueles cujo início do inquérito esteja subordinado a representação, nos
termos do parágrafo 4º do artigo 5º do Código de Processo Penal.

Pois bem, o que emerge disso é a conclusão, sob a ótica inquestionável, de que quando foi
encontrado e detido, o Paciente, não estava mais em estado de flagrância ou quase-flagrância
capaz de justificar sua prisão, pois foi preso, várias horas após o fato, em seu trabalho sem
esboçar qualquer atitude denotativa de fuga pressuposto indeclinável para se chegar ilação que
estivesse sendo perseguido.

Ora, como se sabe de sobejo, o artigo 302, do CPP, preconiza que alguém só pode ser preso
em flagrante delito quando: 1 - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é
perseguido, logo após, pela autoridade, etc .; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos,
arma, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Embora o lapso temporal entre o fato e a prisão não tenha sido elástico, o Paciente, em
momento algum esteve sob perseguição. Consoante os ensinamentos de nossa melhor doutrina a
perseguição há de ser realizada em seguida ao crime, insistente e contínua, de tal sorte que “não
tenha o autor, entre o instante em que efetuou a infração, e o em que é seguro, tido um momento
de tranqüilidade, liberto da perseguição, sem haver passado a outra atividade” . Noutras palavras,
que seja seguido, sem solução de continuidade. Ou, como ensinou Ubaldo Pergola, a prisão em
flagrante deve, sem interrupção na perseguição, ser sucessiva ao crime, ao procedimento ilícito
do réu, não influindo, em absoluto, a sua relação com a verificação do evento consequencial.

Oportuno o exemplo dado pelo mestre Tales Castelo Branco, em sua obra “Da Prisão em
Flagrante”, 3ª Edição, pag. 52, quando leciona:

“Se A fere B, e permanece no local, sem ser preso, porque ninguém deu importância
ao caso; mas, sucede que, horas depois, B falece, por motivo da lesão, não será
possível, então, prender A, em flagrante, como autor do crime, embora se não tenha
afastado do local. C dá uma letra a D, que lhe entrega a quantia do desconto; D
dirige-se ao tabelião e verifica que C falsificou a firma do avalista; não haverá prisão
em flagrante de C embora tenha acompanhado sempre a D.’

A esse propósito, a boa lição de JÚLIO FABBRINI MIRABETE (“Processo Penal”, Atlas, SP,
1991, pág. 356).
“Não encontra fundamento algum a crença popular de que é 24h o prazo entre a
hora do crime e a prisão em flagrante, para permitir a captura do autor do crime.
Não tendo havido perseguição logo após o ilícito não é legal a prisão em flagrante
efetuada depois de vários dias, no dia seguinte, ou mesmo algumas horas após o
crime”.

A jurisprudência mais abalizada, vale gizar, é nesse exato sentido:

“Habeas corpus – Estupro – Prisão em Flagrante – invalidade do auto – Concessão da


Ordem.
- Não configura quase-flagrante, tampouco o flagrante presumido, a prisão do
presumido autor da prática do estupro que é preso, em sua residência, várias horas
depois da ocorrência delituosa, por informação e a pedido da mãe da suposta
ofendida” (TJPB – HC 96.000845-1 – Rel. Manoel Taigy Filho)

“Não tendo sido o indiciado surpreendido cometendo a infração penal, ou quando


acabava de cometê-la, e tampouco perseguido em situação que fizesse presumir
fosse o autor de diligências policiais, não há falar em flagrante delito” (TJSP, RT
568/253).
“Prisão em flagrante - Abigeato - Suínos encontrados abatidos na casa do acusado -
Furto que teria ocorrido 12h antes - Inexistência de percepção - Relaxamento - HC
concedido - Inteligência do artigo 302 do CPP. Prisão em flagrante. E ilegal quando
não se enquadra nas hipóteses do artigo 302 do CPP. Concessão da ordem” (TAPR,
Rel. Juiz COSTA LIMA, RT 589/389).

O quadro fático reclama, no caso, a anulação do auto de prisão em flagrante, pois se


ninguém está acima da lei, ninguém, da mesma forma, pode ficar ao seu desamparo, por pior
criminoso que seja.

Flagrante, a rigor, tecnicamente não existiu e, pois, daí, é inevitável reconhecer-se a


arbitrariedade da prisão que pesa contra o Requente, Por isso que, inocorreu o estado de
flagrância, pois a prisão do paciente foi efetivada horas após o conhecimento, pela autoridade
policial, dos fatos atribuídos àquele, sem que houvesse perseguição ao mesmo, e sem que com
ele fosse encontrado qualquer objeto que o vinculasse ao delito.

Vale ainda dizer que não estão presentes a hipóteses que autorizariam a custódia cautelar
processual, insertas no artigo 312 do Código Processo Penal, mesmo se tratando de crime de
natureza grave, haja vista que se perdeu na medieva história do direito a figura da prisão
preventiva compulsória, abolida em nosso ordenamento jurídico com o advento da Lei 6.416/77,
ainda mais com o advento da Lei 12.403, de 04.05.2011 - DOU 05.05.2011 que instituiu as
medidas cautelares alternativas à prisão, em nosso ordenamento jurídico, bem como a moderna
escola da ciência criminal adotada pelos nossos Superiores Tribunais,

“STF.CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL - Tráfico de drogas - Lei nº


11.343/06, artigo 44, caput - Vedação à liberdade provisória - Inconstitucionalidade
(HC 104.339/SP, Plenário, Min. Gilmar Mendes, DJE de 06.12.2012) - Prisão
preventiva - Gravidade abstrata do delito - Fundamento insubsistente - Precedentes.
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. Gilmar Mendes,
DJE de 06.12.2012), em evolução jurisprudencial, declarou a inconstitucionalidade
da vedação à liberdade provisória prevista no artigo 44, caput, da Lei nº 11.343/06.
Entendeu-se que a vedação apriorística à concessão de liberdade provisória é
incompatível com os princípios constitucionais da presunção de inocência e do
devido processo legal, bem assim com o mandamento constitucional que exige a
fundamentação para todo e qualquer tipo de prisão.
2. Ademais, a gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes não constitui
fundamentação idônea para a decretação da custódia cautelar. Precedentes.
3. Ordem concedida.”1

“PROCESSUAL PENAL - Habeas Corpus - Prisão Preventiva - Liberdade Provisória -


Garantia da Ordem Pública - Princípio da Necessidade - Antecipação indevida da
prisão-pena.
1. A prisão preventiva, medida de natureza cautelar, rege-se pelo princípio da
necessidade, pois viola o estado de liberdade de uma pessoa que ainda não foi
julgada e que tem a seu favor a presunção constitucional de inocência, somente
devendo ser decretada em último caso, quando não por possível a sua substituição
por outra medida cautelar (artigo 282, parágrafo 6º. CPP), quando, em face do
material informativo dos autos, revele-se imprescindível como garantir da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal.
2. O paciente, preso em flagrante, apontou endereço certo, é primário e não registra
antecedentes negativos. O indeferimento do seu pedido de liberdade provisória, em
nome da garantia da ordem pública, não contém a adequada fundamentação. Não
basta, como fundamento da decretação da prisão preventiva, a referência às palavras
da Lei, quando enumera os seus requisitos (artigo 312. CPP); ou a visão e os temores
subjetivos do magistrado de que o acusado voltará a cometer novos crimes. A prisão,
antes da condenação, sem espeque na necessidade fático-jurídica do cárcere,
constitui uma antecipação inconstitucional da prisão pena.
3. Concessão da ordem de habeas corpus. Comparecimento periódico em juízo e a
todos os atos do processo.”2

Vale ainda dizer, que o indeferimento do pedido de relaxamento de prisão, ficou carente de
fundamentação, uma vez que não explicita de modo objetivo quanto a necessariedade da
manutenção da prisão cautelar, que é tida como medida drástica e excepcional, cabível apenas
em situações de extrema relevância.

Na realidade, o que paira contra a pessoa do Requerente, até o presente momento, é uma
mera suspeita da prática de um delito tido como grave, porém sem nenhuma evidência concreta
da realidade da autoria, mormente quando pela documentação em apenso (doc....), percebe-se
que se trata de jovem trabalhador, sem qualquer mácula judicial pretérita, e inexistente
qualquer das hipóteses autorizadoras de sua prisão preventiva inscritas no artigo 311 e 312 do
CPP, dando com isto ampla e irrestrita garantia ao juízo.
EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o
competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e revogando a prisão processual do Paciente,
pelos fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se a Juíza, aqui nominada de autoridade
coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio
Sodalício, estará como de costume restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa
JUSTIÇA.

Local, data

_____________________

OAB
Habeas Corpus – Paciente que Viaja para Exterior Sem
Autorização Judicial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE ..........

“HABEAS CORPUS”

CÓDIGO TJ... - ...

Colenda Câmara,
Eminente Relator,

......................, brasileiro(a), (Est.Civil), advogado regularmente inscrito na OAB-.... sob o


nº ...., permissa máxima vênia vem perante a esta Egrégia Corte, com fundamento no artigo 5º,
LVII, LXVI e LXVIII, da Constituição Federal, combinado com artigo 647 e seguintes do Código
de Processo Penal, impetrar uma ordem de

“HABEAS CORPUS”

em favor da Paciente .................................., brasileiro(a), (Estcivil), natural de ................,


nascida em ..........., filha de ............ e................., do lar, portadora do RG .................,
Passaporte ............, residente e domiciliado na Rua,........................, ......, (doc...)., contra decisão
(doc....), exarada pela Juíza de Direito da .... Vara Criminal de ...................., que indeferiu,
injustificadamente, o pedido de revogação de prisão preventiva, sob a alegação de que não no
momento atual ainda não desapareceram os motivos que determinaram a custódia processual,
em flagrante afronta a prova coligida nos autos, caracterizando inequívoco constrangimento
ilegal contra o status libertatis da Paciente, sanável com o presente instituto do hábeas corpus.

SÚMULA DOS FATOS

1A Paciente responde a uma ação penal na comarca de ............., autos ..................., sob
suposta prática da infração penal insculpida no art. 121 do CPB.

2Inicialmente, sua prisão preventiva, foi decretada sob as seguintes justificativas:

a) - Como garantia da instrução criminal, uma vez que, embora sequer houvesse
sido citada, a mesma teria empreendido viagem ao exterior sem autorização judicial,
e,
b) - Não informou seu novo endereço, para garantir a aplicação da lei penal, “caso
seja proferido sentença condenatória em seu desfavor.
Portanto estas eram as supostas justificativas para decretar a segregação processual da
paciente, á época da imposição da medida excepcional.

2 Sem que houvesse qualquer mudança no panorama processual, a Paciente


impetrou o HC protocolizado sob o nº ..............., o qual culminou, como era notório, com a
denegação da ordem, por Esta Egrégia Corte.

3No presente momento, a Paciente já foi devidamente citada e interrogada, (doc...),ocasião


em que informou seu novo endereço esclarecendo que teria viajado a passeio vez que não havia
nenhuma restrição judicial para se ausentar do país, inclusive antes de imprimir viagem
compareceu em cartório e informou o endereço onde poderia ser localizada (doc....).

4Com esta nova textura a paciente suplicou à Juíza, aqui tida como autoridade coatora, a
revogação de sua prisão preventiva (autos ....), inclusive fazendo a entrega de seu passaporte,
cujo pedido foi indeferido, sob a alegação que nenhum fato novo teria ocorrido, e que os motivos
da decretação ainda se faziam presentes, ignorando por completo as justificativas e novo
panorama que o processo se apresentava. Ora, com as providências tomadas pela paciente, e
atual momento processual, é de uma clareza solar é inquestionável que os motivos da prisão
preventiva deixaram de existir, não justificando, assim, a manutenção da custódia.

5Ressalte-se, que o pressente pedido de Hábeas Corpus, não se confunde com aquele
interposto anteriormente, vez que se assenta em uma nova situação processual, na qual a
Paciente oferece todas as garantias ao Juízo, fazendo jus a concessão do pleito.

6A “extrema necessidade da medida acauteladora (...) em virtude da gravidade da


conduta... (...) evitando-se com a medida que pratique outros crimes (...) é fruto de uma
interpretação distorcida e de um sistema retrógrado onde prisão cautelar era aplicada
indiscriminadamente, ao arrepio dos princípios constitucionais, ranço da era ditatorial e
inquisitória.

6A decisão denegatória do pedido de revogação de prisão preventiva foi arbitrária e


dissonante com a realidade dos fatos, além do que trafega na contramão do entendimento
esposado pela doutrina e jurisprudência mais abalizada, onde a manutenção da prisão antes da
sentença penal exeqüível, somente tem espaço quando a necessariedade se mostra objetivamente
em todos seus contornos, constituindo, assim, um arremedo de justiça, fecundado no arbítrio e
na prepotência, constituindo irrefragável constrangimento ilegal, provocando inegável gravame
ao status libertatis da Paciente, sanável com a concessão do presente pedido de hábeas corpus.

7Em arremate verifica-se que a Paciente é pessoa radicada na comarca de Anápolis, onde
possui bens de raiz, com endereço certo, mãe de filhos menores que dependem de sua
assistência materna, além do que jamais respondeu a qualquer procedimento penal por mais leve
que seja, gozando no seio da comunidade onde vive de respeito e consideração, sendo
injustificável sua manutenção no cárcere antes de sentença definitiva.

DO DIREITO

Conforme, as novas diretrizes traçadas pela neonata Lei nº 12.403 de 04 de maio de 2011
que alterou as disposições do Código de Processo Penal sobre a Prisão preventiva e medidas
cautelares e de acordo com a melhor doutrina nacional e alienígena a prisão preventiva é medida
drástica e excepcional devendo ser aplicada somente em casos de extrema necessidade, quando
estiverem provado de modo concreto e objetivo o periculum in mora, tanto que ‘é considerada
por alguns doutrinadores como “uma aspereza iníqua” (Lucchini), a “a mais cruel das
necessidades judiciais” (Puglia), um “mal necessário”(Garraud), ou um “tirocínio de perversão
moral”(Carrara) é considerada no Brasil por Bento de Faria como “um estado de privação da
liberdade pessoal reclamado pelo interesse social”.

A segregação preventiva tem sido taxada como a sagração de uma violência (Ortolan). “Se
o indivíduo é tornado apenas suspeito de atentar contra a sociedade por meio do delito, a
sociedade atenta contra o indivíduo por meio desse instituto”, mormente ante a irreparabilidade
moral do mal eventualmente causado.

No entanto, são o interesse e proteção sociais, e não a antecipação de uma condenação, que
se constituem em o fundamento exponencial da espécie em exame de custódia provisória. Daí a
exigência irretorquível da prova de sua necessidade, em casos especiais e como medida de
exceção, de sua decretação.

A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se, fundamentalmente, na


necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de Viveiros de Castro, trazido à colação
por Aderson Perdigão Nogueira:

“o juiz, ao decretar a prisão preventiva, “há de estar por completo dominado não
tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento posterior pode
com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela indeclinabilidade da
providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos que ameaçam ou perturbam
a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da pena”

Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:

“Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos sejam
objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos da prisão
preventiva.”1

Hélio Tornaghi, por seu turno enfoca questão com mais veemência:

“O Juiz deve mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a considerar
a prisão como garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação da lei penal
substantiva.
Não basta de maneira alguma, não é fundamentação, frauda a finalidade da lei e
ilude as garantias de liberdade quando o juiz dizer apenas: “considerando que a
prisão é necessária para garantir a ordem pública...”ou então “a provas dos autos
revela que a prisão é conveniente para a instrução criminal...”. Fórmulas como essas
são as mais rematadas expressões de prepotência, do arbítrio da opressão. Revelam
displicência, tirania ou ignorância, pois além de tudo envolvem petição de princípio:
com elas o juiz toma como base exatamente aquilo que deveria demonstrar. 2"

Conforme entendimento sedimentado tanto na doutrina como na jurisprudência dominante


as hipótese autorizativas da prisão preventiva podem, singelamente, assim serem conceituadas:

Ordem pública, como de curial sabença é a paz e a tranqüilidade do meio social, que no
caso vertente, em momento algum foram atingidas ou conturbadas por atos do requerente, já que
não praticou qualquer dos crimes previstos no título IX, artigos 286/288 do Código Penal, nem
tampouco aqueles delitos que causam comoção na sociedade.

A ordem pública, em momento algum foi atingida ou ameaçada, sendo que esta hipótese
comumente deve utilizada quando se tratar de indivíduos de alta periculosidade, criminosos
contumazes, que fazem da criminalidade seu meio de vida, e que em liberdade poderiam atentar
contra a harmonia social com a reiteração de suas condutas perniciosas, o que nem de longe se
amolda ao caso em apreço.

No que concerne à conveniência da instrução criminal , cuidado especial há que ser dado a
esta hipótese, que somente poderá ser atendida quando ficar evidenciado que o agente, esteja
afugentando testemunhas que possam depor contra ele, aliciando testemunhas falsas, ou
assumindo qualquer conduta que venha a deturpar o bom andamento da instrução criminal,
situações que em nenhum momento foram demonstradas no cursos do presente feito pelo órgão
acusador, razão pela tal justificativa não há como prevalecer.

A asseguração da aplicação da lei penal , medida salutar e indispensável que justifica a


segregação do jus libertatis do agente, de forma evidente há que ser demonstrada para a sua
admissão. Nos presente caso, à sobeja se demonstrou que a Paciente é radicada no distrito da
culpa, onde tem raiz- patrimonial, social, laborativa e familiar. Inexistindo qualquer indício de
que, injustificadamente, esteja se desfazendo de seus bens de raiz, com a intenção de se furtar à
aplicação de eventual reprimenda penal. Inclusive depositou seu passaporte em Juízo para não
restar a minha dúvida de que não deseja ou nutre interesse de se ausentar do país.

No caso em apreço, a paciente nunca praticou qualquer ilícito penal, que pudesse autorizar
a magistrada de piso, a guisa de justificar sua malfadada decisão, presumir que em liberdade
cometeria novos delitos, como também foge da esfera da realidade que evadiria do distrito da
culpa no caso de aplicação de eventual sanção penal, vez que possui bens imóveis, família
constituída e amplo conhecimento na sociedade anapolina, que lhe avalizam a concessão do
benefício pleiteado.

EX POSITIS

espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS CORPUS, conhecida e deferida,


para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo vítima, a Paciente, ...............................,
mandando que se expeça em seu favor, o competente ALVARÁ DE SOLTURA, cassando e
revogando a prisão cautelar de natureza processual, pelos fatos e fundamentos ut retro
perfilados, oficiando-se a autoridade aqui nominada coatora, para prestar suas informações em
caráter de urgência, pois desta forma esse Egrégio Sodalício, estará como de costume
restabelecendo o império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

______________
OAB
Execução Penal - Agravo Contra Decisão de Aplicação de
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)

RAZÕES DE RECURSO EM AGRAVO

Protocolo: ............. .............


Recorrente: ............. .............

.........................., já qualificado, nos autos do recurso de Agravo em Execução, em epígrafe,


via de seus defensores in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a presença de
Vossa Excelência, em atendimento a despacho de fls. 04, apresentar suas razões recursais e uma
vez ouvido o Ministério Público seja exarado Juízo de retratação, face aos seguintes fatos, razões
e fundamentos:

DOS FATOS

1Trata-se de Agravo em Execução manejado pelo inconformismo da decisão proferida pelo


Juízo da 4ª Vara Criminal de Anápolis-Go., que determinou a inclusão do Agravante no Regime
Disciplinar Diferenciado Cautelar, a requerimento da Presidência da Agência _______ do Sistema
de Execução Penal através do ofício __________, sob o seguinte argumento:

“A transferência ocorreu em situação de extrema emergência, para evitar riscos de


mortes e outras medidas de retaliação por parte de .............. Referido reeducando
lidera o crime organizado no Centro de Inserção Social da Comarca de .............,
mediante utilização de aparelhos de telefonia celular, ameaças aos demais
aprisionados e seus familiares, comércio de produtos e mercadorias e práticas
criminosas envolvendo tráfico de drogas e homicídios. Referido reeducando ameaça
a segurança no ambiente carcerário, exerce liderança sobre os demais aprisionados e
controla práticas criminosas no município de Anápolis”.

Em que pese a credibilidade imanente da administração do sistema prisional, nenhuma


documentação referente às infrações disciplinares, prática de fato previsto como crime doloso ou
suspeita de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa,
quadrilha ou bando, alegadas no ofício acima referido, foi apensada ao pedido de inclusão no
RDD cautelar com a consequente transferência do Agravante do CIS de Anápolis para o Núcleo
de Custódia do Complexo Prisional de ____________, consubstanciando temerária a medida
excepcional imposta contra o status libertatis do Agravante, constitucionalmente assegurada.

É de causar estranheza que o indivíduo sob custódia do Estado, submetido a uma


vigilância rigorosa, possa: liderar o crime organizado dentro de um presídio; ameaçar os demais
detentos e seus familiares; exercer comércio clandestino de mercadorias; dedicar a prática
criminosa de tráfico de entorpecentes e homicídios; sem que tenha contra si qualquer
procedimento administrativo disciplinar e ostente bom comportamento carcerário conforme
cópia de certidão carcerária em apenso emitida pela própria agência prisional (Doc. 01).

De mais a mais, a decisão ora agravada, em sua parte final, determinou que a Presidência
da Agência _______ do Sistema de Execução Penal enviasse àquele juízo, a cada 30 (trinta) dias,
relatório das investigações realizadas para apuração dos fatos relatados no ofício nº_________ e,
até a presente data, nada foi informado, o que demonstra que as irregularidades suscitadas pela
Agência Prisional não passam de argumentos tendenciosos, de caráter contumeliosos, erigidos
unicamente para tripudiar e infernizar a vida do Agravante durante sua permanência no claustro
da Agência Prisional.

A transferência do Agravante para o Centro de Custódia foi editada mediante apresentação,


por parte da Agência Prisional, de motivos e situações não demonstradas documentalmente,
consubstanciando de fundamentação meramente formal e sem conteúdo ou amparo em fatos
comprovados que justificassem a adoção da medida extrema, configurando afronta ao princípio
da legalidade, da imparcialidade e da impessoalidade que deveriam nortear a ação dos
administradores estatais da liberdade do cidadão.

DO DIREITO

Consoante nossa melhor doutrina, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), como medida
disciplinar excepcional, foi concebido para atender às necessidades de maior segurança dos
estabelecimentos penais e de defesa da ordem pública contra criminosos que, por serem líderes
ou integrantes de facções criminosas, são responsáveis por constantes rebeliões 1 ou atos
atentatórios que ocasionam a subversão da ordem ou disciplina no interior dos presídio,
podendo ser aplicado, a título de punição, ou como medida cautelar, tanto com relação ao preso
provisório quanto ao definitivamente condenado. É medida drástica e excepcional, devendo ser
aplicada com redobrada cautela pela autoridade judiciária competente.

Embora a Lei de Execução Penal, em seu art. 52, § 2º, admita a inclusão do detento no RDD
cautelar, quando houver fundada suspeita de envolvimento do preso em organização criminosa
de qualquer espécie, quadrilha ou bando, não dispensa que a autoridade judiciária ad cautelam
exija da autoridade administrativa a demonstração inequívoca e formal da existência dos motivos
que determinem a aplicação da medida extrema.

No caso em apreço, tanto o ofício ___________ (fls. 15/16) da Presidência da Agência


Prisional Goiana, como o ofício ________________, da Chefia da Segunda Seção do Estado Maior
da _______, não foram instruídos com qualquer comprovação documental das transgressões
eleitas como motivo para a inclusão do agravante no RDD cautelar.

Por mais que, in casu, tenha-se uma situação tida como grave, é indispensável que o
julgador não se deixe obnubilar, guiando-se sempre pelo corrimão da legalidade, vetor de
segurança jurídica. Ademais, no balanceamento dos interesses em jogo, por mais que a segurança
pública seja um valor muito caro, é imprescindível fazer preponderar o eixo estrutural do Estado
Democrático de Direito - a dignidade da pessoa humana.

A já dilacerante situação do cárcere, agravada pelas rigorosíssimas condições das unidades


penitenciárias do Brasil, deve ser manejada pelo julgador com o enfoque constitucional, sob o
risco de malferir, num só golpe, dois vetores fundamentais: a segurança e a humanidade da pena.
Desta forma, seria imprescindível que fosse alinhado fundamento formalmente
comprovado a título de justificativa para a imposição de excepcional providência enunciada no
parágrafo segundo do artigo 52 da Lei nº 7.210/84 - LEP.

Quando o ordenamento constitucional exige que toda decisão judicial seja devidamente
fundamentada no art. 93, X da Carta Magna, não se compadece ou se contenta com
fundamentação meramente formal, devendo esta ser precedida de comprovação da real
existência do objeto e da matéria que a sustenta, sob pena de configurar arremedo de prestação
jurisdicional, atentatória ao Estado Democrático de Direito. Assim, deve a sentença agravada ser
cassada determinando que o Agravante seja restituído a seu status quo ante.

EX POSITIS,

Espera o Agravante, depois de ouvido o Representante do Ministério Público, exarado o


juízo de retratação, previsto no artigo 589, do CPP, reconsiderando a sentença ora agravada. Caso
assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades legais, remetido ao Superior
Grau de Jurisdição de nosso Estado, para ser conhecido e provido em todos seus termos.

Nestes termos

Pede deferimento.

_______________

OAB
Execução Penal - Agravo contra Decisão que Indeferiu Pedido
de Saída Para Frequentar Curso Superior - Preso em
Regime Fechado

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA QUARTA VARA CRIMINAL DE _____.

Protocolo nº .............
CÓD. TJGO - .......... – Agravo em Execução Penal

......................................., já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça
desta comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, no quinquídio legal, com fulcro no inc. LV do
art. 5º da Constituição Federal c/c art. 197, da Lei de Execução Penal, e 589 do Código de
Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra decisão proferida no pedido de AUTORIZAÇÃO PARA FREQUENTAR CURSO
SUPERIOR e face as seguintes razões:

O reeducando impetrou perante este juízo pedido de autorização para freqüentar curso de
ensino superior na ............., encontrando-se, atualmente, regularmente matriculado no curso de
Engenharia Mecânica, para o qual foi aprovado no Exame Vestibular 2011/2.

O impetrante vem cumprindo sua reprimenda prisional exemplarmente, conforme resta


demonstrado em Declaração emitida pela Direção da Unidade Prisional acostada aos autos (Doc.
4), “demonstrando grande responsabilidade e compromisso no desempenho dos serviços que ora
são prestados à Unidade Prisional, especificamente na cozinha, manutenção de computadores da
administração prisional, além de auxiliar o trabalho da Assistência Social nas horas vagas”,
palavras do Coordenador da Unidade Prisional de Anápolis.
Instado a manifestar no primeiro momento, o Parquet questionou acerca da possibilidade
do referido benefício ser atendido caso houvesse disponibilidade de escolta, em razão disso a
Unidade Prisional se prontificou a providenciar a custódia do Sentenciado durante o período de
estudo, dando ampla garantia à execução penal e inviabilizando qualquer possibilidade de
evasão ou fuga.
Injustificadamente o MP ao lançar seu parecer de fls.20/23 colocou em dúvida a garantia
dada pela Direção do Presídio, como forma de justificar seu parecer pelo indeferimento do pleito.
De igual forma militou em notório equívoco o MP, às fls 21, ao pronunciar que “a
autorização para trabalho externo não se confunde com a saída para o estudo pois os benefícios
não se equivalem”. Uma vez que, o objeto de ambos os benefícios é exatamente abrir a
possibilidade de o sentenciado abreviar o cumprimento de sua pena pela remição.
A LEP não trata da saída para estudo do condenado em regime fechado posto que as
unidades prisionais oferecem o estudo por meio de convênio com a Secretaria de Estado da
Educação. Porém, aqui se vê o reeducando diante da oportunidade de freqüentar curso de ensino
superior, o que não lhe é oferecido pela unidade, buscando, assim, uma educação qualificada,
para que quando termine o cumprimento da pena a que ora é submetido, possa exercer a
profissão de engenheiro mecânico.
Ao preso que demonstra o interesse em ressocializar-se, devem ser abertos caminhos.
É certo que as mazelas do sistema prisional, por vezes, devolvem o indivíduo à sociedade
em situação pior que aquela em que se encontrava quando nele ingressou. A regra é que o
indivíduo apresente desvios de personalidade, reincidência, agressividade, dentre outros. Isto
porque o próprio sistema não cumpre aquilo a que se propõe: a Ressocialização.
Dessa maneira, não se pode conceber que o condenado que demonstra o interesse em não
mais cometer crimes e se submeter àquilo que é o intuito do próprio sistema, cumprindo o que
objetiva a lei, ressocializando-se por meio do estudo, seja impedido em razão de não haver na lei
previsão expressa nesse sentido. Trata-se de caso peculiar e como tal deve ser tratado pelo
Judiciário.

Estamos diante de caso que deve ser tratado analogicamente ao artigo 36 da Lei de
Execuções Penais que autoriza a saída do condenado em regime fechado para trabalho em
serviços ou obras públicas e privadas, desde que haja a efetiva fiscalização do órgão prisional. É
exatamente o que acontece no caso vertente onde o sentenciado preenche todos os requisitos
subjetivos para obtenção do benefício e o órgão responsável pela sua custódia dispõe de meios
para realizar sua escolta, dando ampla e irrestrita garantia à execução penal.

Oportunamente, convém ressaltar que ao magistrado cabe trazer a lume de maneira


acertada as normas prescritas no ordenamento, não olvidando dos princípios da dignidade da
pessoa humana, da solidariedade e do respeito à vida do semelhante além do aspecto social que
suas decisões se dirigem.

Considerando o artigo 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga


LICC) que vaticina:”Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”, percebemos que o Direito Positivo confere ao Estado-
juiz uma vinculação mitigada, pois autoriza ao mesmo adotar, diante do caso concreto que lhe
seja apresentado, posicionamento que mais se coadune com as noções de justiça que lhe tenham
sido incutidas, utilizando-se para tal de sua sensibilidade, coerência e experiência. É mister que
o juiz conte com total independência para interpretar e aplicar a lei ao caso concreto, mormente
quando se encontrar diante de lei injusta.

A vedação da concessão da saída temporária ao reeducando que cumpre pena no regime


fechado deve ser submetida a uma nova leitura após o advento da Lei 12.433 de 29.06.2011 que
inseriu no nosso ordenamento executório penal a possibilidade da remição da pena pelo estudo,
inclusive, ao sentenciado no regime fechado. Assim, pelo princípio da Lex Specialis Derrogat
Lex Generalis os arts. 36, 37 e 122 da Lei de Execução Penal devem ser submetidos a uma
interpretação exegética compatível com o novo ordenamento imposto pela neonata legislação.

Em recentíssima decisão a Justiça do Estado da Rondônia, através da ilustre magistrada da


Vara de Execuções Penais de Porto Velho, Dra. Sandra Aparecida Silvestre de Frias Torres,
concedeu o benefício de saída temporária para estudo em ensino superior a detento que cumpria
uma pena, no regime fechado, de 110 anos de reclusão.
Ao fundamentar seu decisório a iluminada Juíza, pontuou:

“Vejamos que, enquanto sociedade fundada em valores éticos e morais, não podemos
deixar de permitir que uma pessoa que esteja em processo de ressocialização tenha
os meios para obtenção de seus direitos tolhidos. Devemos nos preocupar com
aqueles que, de uma forma ou de outra, dependem do auxílio estatal para o retorno
ao convívio em sociedade, promovendo o que for possível, obviamente, para esse
processo de mudança, lembrando sempre que algum dia esta pessoa estará
novamente nas ruas, e poderá estar com nossos filhos, com nossos pares, portanto,
que busquemos e auxiliemos nessa ressocialização, cumprindo os preceitos
constitucionais e legais do ordenamento jurídico pátrio”.

Deste modo o pedido formulado pelo executado “reeducando” é factível de ser deferido
nesta singela instância, sem violação dos princípios norteadores da execução penal.
Em conclusão, no presente caso há de um lado um sentenciado que demonstra interesse no
conhecimento e para tanto, galgou os degraus necessários, sendo aprovado no concurso
vestibular e ainda contando com irrepreensível comportamento carcerário, buscando o que o
próprio sistema se propõe e deveria lhe proporcionar, a ressocialização, a modificação em sua
condição por meio do estudo, dignificando a vida e abrindo janelas para uma vida melhor. E de
outro, desponta um sistema Judiciário apegado à literalidade da lei, usando como refrão maior o
vetusto e obsoleto princípio do Dura Est, Sed Ita Lex Scripta Est para justificar o indeferimento
do benefício.

Sendo assim, a matéria referente a concessão do benefício de autorização para cursar


ensino superior é plenamente suscetível de ser apreciada de forma favorável ao reeducando, pelo
que deve ser reconhecido o presente agravo, impondo o juízo de reconsideração, com a
concessão do benefício pleiteado, vez que reconhecidamente o Sentenciado preenche todos os
requisitos legais.

EX POSITIS,

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, seja exarado o juízo de
retratação, previsto no artigo 589 do CPP, reconsiderando a sentença agravada, com o
deferimento do pedido. Caso assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades
legais, remetido ao Superior Grau de Jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus
termos.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e data.

________________
OAB
Execução Penal - Defesa em Procedimento para Apurar Falta
Grave - Perda do Tempo Remido

EXCELENTÍSSIMO(A) SR.(A) DIRETOR(A) DA CASA de PRISÃO PROVISÓRIA DE _____.

.........................., já qualificado nos autos do procedimento administrativo, em epígrafe, via


de seus advogados in fine assinados, permissa venia, vem perante a preclara e honrosa presença
de Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, LIV e LV, da Constituição Federal, combinado com o
art. 59 da Lei nº 7.210/84, apresentar DEFESA ESCRITA face aos fatos, razões e fundamentos a
seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1. Versa o presente procedimento administrativo sobre apuração de ato infracional
previsto no inciso VII, do art. 50, da LEP, face a pessoa do investigado, ora Defendente,
supostamente ter “ fornecido aparelho telefônico, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo”.
2. Consta do cartapácio procedimental a oitiva de oito testemunhas entre
reeducandos e agente prisionais, além de interrogatório do investigado e vários bilhetes apócrifos
(fls. 20/25) cuja autoria não restou devidamente apurada, além do que não houve realização de
perícia grafotécnica para determinar quem seja seu redator.

3. Compulsando os autos, verifica-se que o investigado, ora defendente, sempre se


portou com excelente comportamento, gozando de ótimo relacionamento com os demais
detentos, assim como os funcionários que guarnecem essa Casa de Suplícios demonstrando
responsabilidade e resignação, no ensejo de resgatar com dignidade seus débitos para com a
sociedade e sua família.

DO DIREITO

A priori, o procedimento obedece aos ditames previstos na legislação pertinente agasalhada


no art. 50 e seguintes da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), porém eventual aplicação de
sanção disciplinar (art. 57 da LEP) não pode alicerçar-se na documentação acostada às fls. 20/25,
uma vez que não foi realizada a devida e indispensável perícia para a determinar a sua autoria,
conforme inteligência do inciso III, “b” do art. 564, do Código de Processo Penal.

É de fácil constatação que a prova coligida no presente procedimento administrativo não


exclui a possibilidade do referido “objeto proibido” ter sido infiltrado na carceragem por pessoa
diversa, uma vez que no momento em que as marmitas adentraram, o alimento era manipulado
por vários reeducandos. Assim, não se pode aplicar a sanção disciplinar de natureza drástica
contra o Defendente quando pairam sérias e inarredáveis dúvidas com relação à autoria do fato.

Ensina o festejado e ilustre jurisconsulto Heleno Fragoso que: “a condenação exige certeza
e não basta a alta probabilidade, é apenas um juízo de nossa mente em torno da existência de
certa realidade”1. Deste modo, mesmo a íntima convicção do julgador, sem o concurso de dados
objetivos, não constitui certeza absoluta, mas simples crença de uma realidade fictícia,
insuficiente pois, para sustentar decisão contrária à pessoa do Defendente.

No caso em tela, há um fato provado - único - o encontro de objeto proibido no interior da


instituição de custódia, porém a prova de que este objeto tenha sido introduzido pelo
reeducando ............. não é suficiente para justificar a aplicação de qualquer medida disciplinar
daquelas previstas no art. 53 da LEP.

De outro prisma, em havendo entendimento divergente desta Diretoria, há que se levar em


conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, que não foram
danosas para a Instituição de Custódia nem subverteram a ordem dos demais detentos ali
aferrolhados; assim como as qualidades pessoais do reeducando são amplamente favoráveis, o
que impõe, em caso de aplicação de sanção disciplinar, aquelas previstas no inciso I ou II do art.
53 da LEP.

Com relação a aplicação de possível revogação de tempo remido, ressalte-se que essa
medida é matéria de competência exclusiva do Juízo de Execução na dicção do art. 127 da LEP,
com a nova redação que lhe deu a Lei 12.433/2011.

ISTO POSTO, espera a defesa do investigado, ora Defendente, ........................, seja a


presente defesa recebida, julgando improcedente a alegação do cometimento da infração
disciplinar prevista no inciso VII do art. 50 da Lei nº 7.210/84, isentando-o da aplicação de
qualquer sanção disciplinar, pois deste modo essa Colenda Diretoria estará decidindo conforme
os mais lídimos princípios do Direito e da Justiça.

Pede deferimento.

Local e data

_______________

OAB
Execução Penal - Pedido de Autorização de Saída Para Estudo
- Remição da Pena Pelo Estudo

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE _____.

Protocolo .............

Pelo Reeducando: .............

..........................,já qualificado, nos autos da execução penal, em epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seus advogados in fine assinados, permissa máxima vênia
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, tempestivamente, com fulcro
no inciso IV, do art.10 c/c 17,19 e 20 da Lei de Execução Penal, e ainda art.126 do mesmo codex,
com a nova redação dada pela Lei 12.433/2011, requerer AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA PARA
FREQUENTAR CURSO DO ENSINO MÉDIO, face os seguintes fatos e fundamentos.

1. Conforme declaração em apenso (Doc.1), o sentenciado, ora Requerente, tem


matrícula reservada no curso noturno de “Educação de Jovens e Adultos - EJA” no “Centro de
Ensino Médio .............”, nesta cidade, onde pretende cursar o primeiro ano do Ensino Médio, em
2013.

2. Conforme certidão carcerária (Doc.2), o Requerente tem cumprido sua pena com
bom comportamento, demonstrando responsabilidade e compromisso no desempenho dos
serviços prestados na unidade prisional, com resignação e o firme compromisso de resgatar sua
reprimenda penal com dignidade como forma de galgar mais um degrau rumo a sua
ressocialização e o retorno ao convívio social e familiar.

3Assim sendo, pelas novas diretrizes traçadas pela Lei nº 12.433/2011 que inseriu em
nosso ordenamento executório penal a possibilidade da obtenção da remição da pena pelo estudo
ao condenado que cumpre pena no regime fechado e tendo o Reeducando, ora Requerente,
preenchido todos os requisitos legais, requer a Vossa Excelência, após ouvido o ilustre
representante do Parquet, a concessão de autorização de saída para estudo na forma acima
perfilada, se comprometendo, desde já, a cumprir fielmente todas as condições que lhe forem
impostas por este Ilustrado Juízo.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local e data

_________________
OAB
Execução Penal - Razões em Agravo - Exame Criminológico

RAZÕES DE RECURSO EM AGRAVO

Protocolo:
Recorrente:

............................., já qualificado, nos autos do recurso de Agravo em Execução, em


epígrafe, via de seus defensores in fine assinados, permissa máxima vênia, vem perante a
presença de Vossa Excelência, em atendimento a despacho de fls. 03, apresentar suas razões
recursais e uma vez ouvido o Ministério Público seja exarado Juízo de retratação, face aos
seguintes fatos, razões e fundamentos:

DOS FATOS

1Trata-se de Agravo em Execução manejado pelo inconformismo da decisão proferida pelo


Juízo da 4ª Vara Criminal de Anápolis-Go., que indeferiu o benefício de progressão de regime
prisional do Agravante, contrariando parecer favorável dos experts na conclusão do Exame
Psicossocial, dando uma interpretação antagônica ao posicionamento dos Senhores peritos.

2Observa-se que o Laudo de Exame, em comento, não menciona em nenhum momento que
o periciando não está apto para obter o benefício da progressão do regime, fechado para o
semiaberto, muito pelo contrário, afirma que no novo regime seria necessário acompanhamento
psicossocial e apoio da família.

3Pontuam os senhores Peritos do seguinte modo:

“Para maiores chances de êxito no novo regime será necessário um próximo e


constante acompanhamento psicossocial e apoio familiar para ajudá-lo em sua
reinserção na sociedade na tentativa de construir uma vida socialmente ética” (Grifo
Nosso).

4É inquestionável e notório que no exame psicológico de um indivíduo submetido a um


encarceramento de longa duração, principalmente nos presídios brasileiros, não será observado o
mesmo padrão comportamental de um cidadão que goza da liberdade. Assim, o embotamento
emocional, enfraquecimento da parte afetiva, baixa autoestima e egocentrismo, diagnosticado
pelos peritos, são comuns e próprios do encarcerado, vez que são frutos do efeito deletério do
enclausuramento do ser humano em ambiente degradante e inóspito.

5O próprio Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista publicada na revista


Veja do dia 21/11/2012, assim se posicionou:
“Se fosse para cumprir muitos anos na prisão em algum de nossos presídios, eu
preferiria morrer.”1

6A sentença recorrida deu ao Laudo Técnico uma exegese equivocada e em descompasso


com a conclusão dos Peritos, devendo ser cassada por este Tribunal como forma de reconduzir o
feito aos trilhos da legalidade.

DO DIREITO

“Os miseráveis não têm outro remédio


a não ser a esperança.” (Shakspeare)

A Lei de Execução Penal (LEP) previa, originariamente, a realização de exame de


classificação (artigo 5º), exame criminológico (artigo 8º) e parecer da Comissão Técnica de
Classificação (antigo parágrafo único do artigo 112). Diferente a nomenclatura, porque diversos
seus objetivos.

Por necessário, esclareça-se que, sendo a LEP de 1984, sofre influência da “nova defesa
social”,2 ou seja, da crença de que é possível, através da pena privativa de liberdade, reeducar o
preso, para retornar “adaptado” ao convívio social, e sua proposta vem, também, fundada no
pressuposto da existência de uma prisão ideal, a qual permita, efetivamente, a individualização e
o acompanhamento do cumprimento da pena.3

Rememorando nossa história legislativa, verificamos que vários argumentos motivaram a


Lei n. 10.792/2003 a abolir a realização do exame criminológico, entre os quais, o mais
importante é a constatação de que os saberes “psi” são incapazes, à luz de critérios minimamente
rigorosos de confiabilidade e validade, de desvendar a subjetividade do sentenciado, de enunciar
qualquer verdade consistente sobre ela e, principalmente, de prever o comportamento humano
futuro. Sepultou-se, assim, tardiamente, o sonho positivista de detecção precisa da
periculosidade, tanto pelas limitações técnicas e epistemológicas da tarefa, quanto pelas sérias
reservas de natureza ético-jurídicas que marcam o exercício de tal pretensão, que vão desde sua
inconsistência científica até sua natureza claramente atentatória à intimidade e dignidade
humanas.4

O exame criminológico, quando destinado à instrução de pedidos de benefícios, como no


caso em apreço, consiste na realização de um diagnóstico e de um prognóstico criminológico,
seguidos de uma conclusão sobre a conveniência ou não de concessão do benefício, tudo dentro
de uma abordagem interdisciplinar. A interdisciplinaridade diz respeito à interlocução entre os
estudos e exames jurídico, psiquiátrico, psicológico e social. Se não se pode dizer que
interdisciplinaridade é quesito essencial da natureza do exame, mister é afirmar que a visão
unidimensional de uma questão por demais complexa, como é a dinâmica do ato criminoso, por
certo vai comprometer profundamente a qualidade da análise feita.

Não se admite, assim, que seja aceita a mensuração de “ grau de agressividade”


“personalidade violenta” “afetividade” “tendência para a criminalidade” ou um prognóstico de
que o indivíduo irá cometer novos crimes futuramente, sem que seja submetido a testes
psicológicos, com abordagens pluridisciplinares e pesquisas sobre seu comportamento em todos
seus matizes.
Na lição abalizada do Dr. Alvino Augusto de Sá, professor de Criminologia da USP, “fazer
um diagnóstico criminológico de um preso que se envolveu em crimes de estupro, por exemplo,
é buscar analisar, em todo seu contexto pessoal (familiar, social, psicológico, psíquico, orgânico),
as condições e fatores que ajudam a compreender esse seu envolvimento. E, ao se descrever todo
um complexo contexto que se entende estar associado ao seu envolvimento em crimes desta
natureza, pretende-se unicamente identificar um conjunto de fatores interligados que teriam
instrumentalizado o examinando (no caso, por exemplo, de características psicológicas,
inclusive positivas), ou teriam criado condições facilitadoras (no caso, por exemplo, dos fatores
familiares), ou, então, condições de co-responsabilização (no caso, por exemplo, de fatores
sociais) para que o examinando se envolvesse com condutas socialmente problemáticas, as quais
o Direito Penal define como crime.”5

No Laudo Pericial em foco, os Senhores peritos-médicos, elegem como vetor de suas


incursões a análise da vida ante acta do periciando e a aferição de seu comportamento durante o
processo de execução Penal, perscrutando, via subjetiva, nas reações psicológicas diante de uma
entrevista única e singular. Mesmo assim, diante da perfunctoriedade do exame, não há menção
de qualquer comportamento que torne incompatível a concessão do benefício da progressão de
regime.

Em conclusão é imperativa a constatação de que o Exame Psicossocial editado nos


presentes autos, não se posicionou contrária a concessão do benefício pleiteado, como entendeu
a sentença recorrida; embora sua conclusão, com o devido respeito a grau acadêmico de seus
prolatores, não seja suficientemente clara a ponto de determinar de modo direto sobre a aptidão
ou não para a progressão de regime, deixando a nítida de impressão de ser favorável quando
menciona: “para maiores chances no novo regime...” indicando que o Agravante está apto para
galgar mais um degrau rumo a liberdade.

EX POSITIS,

Espera o Recorrente, depois de ouvido o Representante do Ministério Público, exarado o


juízo de retratação, previsto no artigo 589, do CPP, reconsiderando a sentença ora agravada. Caso
assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades legais, remetido ao Superior
Grau de Jurisdição de nosso Estado, para ser conhecido e provido em todos seus termos.

Requer ainda a formação do traslado com as peças em apenso.

Nestes termos

Pede deferimento.

___________________
OAB
Extinção da Punibilidade Pela Prescrição da Pretensão
Punitiva do Estado

EXMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE _____.

(Tribunal do Júri - Urgente)

Protocolo:

.........................., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a
Justiça Pública desta comarca, via de se advogados e defensores, in fine assinados, permissa
máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência nos termos do
art. 61, do Código de Processo Penal, combinado com art. 109, III, e 107, IV, ambos do Código
Penal, requerer o reconhecimento da EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, pela ocorrência da
prescrição da pretensão punitiva do Estado com o conseqüente arquivamento do presente feito
sem julgamento do mérito, face aos seguintes fatos e fundamentos :
1Perscrutando detidamente a dinâmica cronológica procedimental, verifica-se que o fato
narrado na denúncia de fls. 2/3, ocorreu dia 16/07/1988; a denúncia foi recebida as fls. 60, no dia
10/05/2002, ou seja: 12 anos e 10 meses, sem que houvesse nenhuma causa suspensiva do prazo
prescricional prevista no art. 117, do Código Penal.
2Ora, o Requerente responde por homicídio simples em sua forma tentada, que possui
pena in abstrato de 6 a 20 anos de reclusão; Aplicando-se a causa de diminuição de pena do
parágrafo único do artigo 14, do CPB, de 2/3 1 esta pena seria 2 a 7 anos, que nos termos do
inciso III, do art. 109, prescreveria com 12 anos, lapso temporal já decorrido entre o fato e o
recebimento da denúncia. Logo pela pena in abstrato já o Estado já decaiu do exercício do Jus
Puniendi.

3Se o critério para a dosagem da diminuição da pena está interligado ao iter criminis
percorrido pelo agente e deve obedecer os ditames do art. 59 e 68 do Código Penal, é
incontroverso que mesmo em caso de condenação, se os jurados não acatarem nenhuma das
teses absolutória ou desclassificatória levantada pela defesa em plenário, qualquer pena que seja
aplicada já terá sido contaminada pela incidência da prescrição retroativa ou intercorrente,
prevista no art. 110, do CPB..

EX POSITIS,
Protesta o Pronunciado, ora Requerente, seja reconhecida a causa extintiva da
punibilidade da prescrição da pretensão punitiva do Estado, dignando Vossa Excelência
determinar o arquivamento do presente feito, com base nos dispositivos legais ut retro
apontados, com as devidas baixas nos registros criminais.
Pede deferimento,

Local e data

_____________________
OAB
Pedido de Extinção da Punibilidade Pelo Cumprimento da
Pena

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ....ª VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo ..................

....................................., já qualificado, nos autos da acão penal que lhe move a


Justiça Pública desta comarca, via de se advogado e defensor, in fine assinado (mj), permissa
máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência nos termos do
art. 61 do Código de Processo Penal combinado com art. 109, V, do Código Penal, requerer o
reconhecimento da prescrição da pretensão Executória com o conseqüente arquivamento da
presente feito, uma vez demonstrado o efetivo cumprimento da reprimenda penal imposta na
sentença condenatória.

Pede Deferimento.

Local e data

____________________

OAB
Pedido de Modificação das Condições Para Cumprimento da
Pena

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE .........

Protocolo .............

............................................., já qualificado, nos autos da carta precatória executória,


oriunda da comarca de .............., via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia
vem perante a preclara presença de Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

2O Reeducando/requerente cumpre pena de prestação de serviço comunitário na


instituição, ............., localizada na rua ..........................., conforme termo de audiência
admonitória de fls., na qual não lhe é permitido trabalhar mais que uma hora por dia, fato que
impede o cumprimento da pena num lapso temporal menor; enquanto, que na .........., situada na
rua ................., na qual é permitido a prestação de serviços em tempo integral, abreviando, assim
o tempo para o resgate de sua reprimenda penal.

ISTO POSTO, ouvido a ilustre Representante do Parquet, requer a transferência do


cumprimento de pena para a ................................, acima citada, dignando, Vossa Excelência, em
determinar seja oficiada a direção da referida instituição para receber o sentenciado para o
cumprimento de sua pena.

Pede deferimento.

___________________

OAB
Pedido de Progressão de Regime - Execução Provisória

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ...ª VARA CRIMINAL DE ........

RÉU PRESO - URGENTE

PROTOCOLO .........

................................, já qualificado, nos autos da execução provisória, em


epígrafe, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 112 e seguintes da Lei 8.210 CPP
c/c a Súmula 716 do Supremo Tribunal Federal e ainda art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal,
requerer

PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL

face aos fatos razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÍNTESE DOS FATOS

1O Requerente, foi condenado pelo Juízo da Comarca de Jaraguá, conforme a deprecata de


Execução de Pena Provisória, em epígrafe, a uma reprimenda penal de ... (...) anos e ... (...) meses
de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado,.

2 O Requerente está preso provisoriamente nos ergástulos da Centro de Inserção


Social , desde ......., conforme Certidão Carcerária, em apenso (doc...), com bom comportamento
1

durante o cumprimento da reprimenda, exercendo atividade laborativa desde ....., de segunda à


sábado, das ................ horas, estando apto à progressão para o regime semi-aberto.

3Até a presente data, o Sentenciado já cumpriu efetivamente ... (...) ano, ... (...) meses e ....
(..) dias de pena, e, faz jus a remição de ...... (...) dias que corresponde a ... (...) meses e .... (...)
dias, perfazendo um total de pena cumprida de ....................., lapso temporal superior a ..... (....)
da pena imposta na sentença, necessário para a obtenção do beneficio ora pleiteado.

4Concomitantemente ao presente processo o Requerente respondeu, perante este Juízo, a


ação penal ............, a qual culminou na sua absolvição (Doc...), e a ação penal ......, em que foi
condenado a pena de ... (...) anos de reclusão a ser cumprida inicialmente no regime semi-aberto
(doc...), estando em grau de recurso no TJ..., tendo obtido em ambas os respectivos alvarás de
solturas, assim sendo, está preso única e exclusivamente por força da custódia cautelar imposta
na comarca de ....................

Portanto, uma vez que o Condenado/Requerente preencheu todos os requisitos exigidos


pelo art. 11, da LEP: objetivo, (lapso temporal de ...), e subjetivo (bom comportamento), deve o
presente feito dar prosseguimento com a prolação de decisão favorável ao pleito.

DO DIREITO
No presente caso, trata-se de execução provisória da pena. Matéria que já recebeu
orientação sumular, materializada nas súmulas nº ...... do STF, as quais permitem a progressão de
regime ou a fixação de regime menos severo ao determinado antes do trânsito em julgado da
sentença.

A aplicação dos verbetes sumulares suscita uma nova série de questões, em especial no que
tange aos limites desta execução provisória, tais como: todos os benefícios do regime menos
severo poderão ser deferidos? E se permanecerem os motivos da segregação cautelar?

Muito embora, inicialmente, a prisão do Requerente, tenha sido decretada pelo Juízo da ...ª
Vara Criminal de ....., não existe vedação legal para que se realize a detração penal do tempo de
prisão já cumprido, na condenação imposta na Comarca de ...... Principalmente, quando, já não
existe qualquer ordem de constrição judicial de caráter segregatório, no foro de .......

Conforme preceitua o art. 42 do Código Penal Brasileiro, “Computam-se, na pena privativa


de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos
referidos no artigo anterior”. Assim, é admissível e deve-se efetuar a detração da prisão
processual decretada na ação penal em andamento em ....., na pena imposta ao sentenciado nos
presentes autos.

A doutrina e a jurisprudência, dominante na atualidade, têm proclamado a admissibilidade


da efetivação da detração por prisão ocorrida noutro processo, como leciona Júlio Fabbrini
Mirabete: “Tem-se, porém, admitido a ultimamente, tanto na doutrina como na jurisprudência, a
detração por prisão ocorrida em outro processo, desde que o crime pelo qual o sentenciado
cumpre pena tenha sido praticado anteriormente a seu encarceramento, numa espécie de
fungibilidade da prisão. Esta interpretação é coerente com o que dispõe a Constituição Federal,
que prevê a indenização ao condenado por erro judiciário , assim como aquele que ficar preso
além do tempo fixado na sentença (art. 5º, LXXV), pois não a indenização mais adequada para o
tempo de prisão provisória que se julgou indevida pela absolvição do que ser ele computado no
tempo de pena imposta por outro delito.”2 (Grifei).

No mesmo passo a jurisprudência tem assim decidido: “A detração, em se tratando-se de


crimes distintos, só é possível se o crime pelo qual o condenado cumpre pena tenha sido
praticado anteriormente àquele em que foi decretado sua prisão processual, porque seria uma
aberração conceder-lhe “crédito carcerário” , permitindo-lhe que, em relação ai segundo delito,
ficasse isento de do cumprimento da pena. Agravo ministerial provido.” 3 (grifei)

De igual teor;
“Cogita-se de detração tão só em relação à pena de crime cometido pelo réu
anteriormente a sua nova prisão (...)”4

Portanto, uma vez que o Condenado/Requerente preenche todos os requisitos exigidos pelo
art. 112 da LEP: objetivo, (lapso temporal superior .... da pena), e subjetivo (bom
comportamento), depois de ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público, seja o presente
pedido deferido para conceder a progressão ao regime semi-aberto.

EX POSITIS,

Espera, o Requerente, uma vez preenchidos os requisitos legais, objetivos e subjetivos, seja
determinado a liquidação da pena e depois de ouvido o Ilustre Representante do Ministério
Público, deferido o presente pedido de progressão ao regime semi-aberto, se comprometendo,
desde já a cumprir fielmente as condições que lhe forem imposta, pois desta forma Vossa
Excelência estará editando decisão compatível aos mais elevados ditames do direito e da Justiça.

Nestes termos

Pede deferimento

Local, data

__________________

OAB
Pedido de Progressão de Regime – Falta de Estabelecimento
Adequado

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ................

Autos n. ......

....................., já qualificado, nos autos do incidente de execução de progressão de regime


prisional, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, expor para final requerer o que segue:

1Conforme, exordial, o Requerente, às fls. ....., dos autos principais, em audiência


admonitória sucumbiu-se às condições de cumprimento de pena no regime semi-aberto, e por
inexistência de colônia agrícola ou industrial em nossa comarca, subsidiariamente, determinou-
se que deveria pernoitar no presídio de segunda à sexta feira e recolher-se nos fins de semana e
feriados.

2Cumprido o tempo prescrito em lei, requereu progressão ao regime mais brando, cujo
pedido foi deferido, porém, em nada alterou sua condição pretérita, ocorrendo uma perfeita
prestação jurisdicional inócua, sem razão de ser, vez que não realizou nenhum efeito prático na
execução da pena do Requerente, em função das falhas estruturais do Estado, que não adequou
o estabelecimento prisional à Lei nº 7.210/84.

3Realmente, as condições impostas ao Requerente, no decisório, é própria do regime


aberto, conforme o texto legal, porém, não faz jus ao processo de cumprimento de pena adotado
em nossa comarca, uma vez submetido aos pernoites, cumpriu fielmente as determinações
impostas, demonstrando resignação à condenação e merecimento para usufruir uma condição
mais branda no cumprimento de sua pena.

4A pena embora carregue um grande traço de caráter retributivo, no espírito da Lei de


Execução Penal (Lei 7.210/84), tem a finalidade de integração, reeducação e ressocialização do
condenado, e, s.m.j., é dentro deste espírito que deve se conduzir o processo executório, e no
caso em pauta de nada valeu o esforço do condenado em se adequar ao processo de auto-
disciplina, quando terá que se submeter ao cumprimento do mesmo regime prisional duas vezes,
o que vale dizer cumprimento bis in idem.

5 No estado de São Paulo, se tem decidido que, não havendo casa do albergado,
estabelecimento adequado ou vaga nos estabelecimentos indicados na Lei estadual n. 1.819, deve
ser concedida prisão albergue domiciliar, nos termos desse diploma legal (RT 610/367, 613/318,
635/360; RTJSP 100/433).

6Em recente decisão, o STJ decidiu conceder a prisão domiciliar enquanto durar o óbice
das alegadas carências carcerárias (RHC n. 73-SP, rel. Min. JOSÉ DANTAS, logo fica claro que a
falta de estabelecimento carcerário adequado, não impede o Magistrado de dar a prestação
jurisdicional efetiva e eficiente, ao invés de editar uma decisão pro forma e sem nenhuma
eficácia.

7A situação exige uma solução supra legal ou analógica, para que não seja debitado contra
o status libertatis do cidadão, as faltas estruturais da própria justiça, sob pena aí termos um
decisão perfeitamente adequada ao texto da Lei, porém diametralmente divorciada dos
princípios da própria justiça. Daí, o Requerente, requer a modificação das condições impostas na
decisão de fls. 186, para o recolhimento domiciliar ou apresentação mensal em juizo, como
requerido na inicial.

PELO EXPOSTO, espera o requerente sejam as presentes argumentações recebidas,


apreciadas, e após ouvido o Ilustre representante do Ministério Público, deferida a pretensão
nelas erigidas, pois desta forma Vossa Excelência estará editando decisório equânime e justo

Nestes termos

Pede deferimento

________________

OAB
Pedido de Progressão de Regime – Prisão Albergue
Domiciliar

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ................ .

Protocolo nº ....................

Código TJ..... - Progressão de Regime

......................... já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 33, § 2º do Código Penal,
combinado com artigo 112 da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal), requerer a instauração do
presente incidente de execução de

PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL:

face aos fatos razões e fundamentos a seguir perfilados:

1O Reeducando, ora Requerente, por força da sentença proferida às fls. ...... do presente
feito cumpre pena no presídio local no regime semi-aberto desde .............. (fls. ....), e conforme a
Guia de Recolhimento Retificada, acostada às fls. .... .

2Na ocasião, da concessão do regime semi-aberto, restava-lhe cumprir ....... (...) anos, .....
(...) meses e ........ (...) dias, correspondente a ...... mil, .............. e ............. e ......... (......) dias, cujo
lapso temporal para nova progressão de regime ocorreria com o cumprimento de mais ...........
e ......... e ...... (.....) dias, dos quais o Reeducando já cumpriu, efetivamente ............ e ..........
e ........ (......) dias, que somado ao tempo relativo a remição (............) dias obter-se-ia um total
de ................ e ....... e ...... (.......) dias. Ultrapassando, assim, o lapso temporal exigido para a
progressão ao regime aberto. Conforme demonstrativo abaixo:

A – Restante da pena em .......... (... anos .... meses e .... dias)........ dias
B - 1/6 da pena restante em .............................................. ........... dias
C - Total de cumprimento.................................................... ...... dias
D - Tempo de remição................................................................ ...... dias
(C + D).............................................................................. ....... dias
3Conforme Atestado de Vida Carcerária, em apenso, (doc. ....) o Requerente portou-se com
bom comportamento durante o cumprimento da reprimenda, estando apto ao retorno do
convívio social (doc. ....), além do que desde que saiu do regime fechado exerce ocupação lícita
(doc. ....).

4Face o profundo descaso do poder executivo em adequar nosso presídio local, às


exigências prescritas na lei de Execução Penal, em nossa comarca o modo de cumprimento da
pena no regime semi-aberto, é aquele prescrito no Código Penal para o regime aberto, em seu
artigo 36, cujas condições o Requerente já cumpriu pelo lapso temporal correspondente a um
sexto (1/6) do restante de sua pena, fazendo jus transferência de uma forma de cumprimento
mais branda e benévola, embora não prescrita, literalmente, em lei.

5Consoante nosso ordenamento jurídico-penal, o regime aberto pode ser cumprido em dois
modos distintos: a) a prisão albergue propriamente dita, em estabelecimento adequado, e b) a
prisão albergue-domiliciar, de caráter excepcional, na qual o reeducando se recolhe em seu
própria residência, durante o período noturno, domingos e feriados.

6Cumpre que o presente pedido de progressão, não exerça apenas um efeito formal,
ficando o Sentenciado, sujeito às mesmas condições em que já se encontra, ou seja, pernoitando
no presídio, sistema em que já demonstrou aptidão e merecimento para auferir um tratamento
mais benevolente e brando, tal como o recolhimento domiciliar.

7Embora, alguns tribunais atribuam o caráter taxativo na enumeração do artigo 117, da


LEP, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça e a maioria dos Tribunais Regionais tem adotado
entendimento diverso quando o Estado não suprir as deficiências do sistema carcerário, com a
criação de estabelecimentos na forma prescrita em lei aplicando, nestes casos, aquele dispositivo
legal por analogia, conforme os seguintes arestos:

“PENA - Condenação a regime aberto - Execução da pena - Ausência de casa de


albergado - Possibilidade de cumprimento em regime domiciliar - Aplicação
analógica - “Habeas corpus”.
Não havendo casa de albergado ou similar, pode o condenado a reclusão em regime
aberto cumprir a pena, excepcionalmente, em regime domiciliar. Interpretação
analógica do artigo 117, da Lei nº 7.210/84 (LEP). Precedentes do STJ.” (STJ - Rec. em
HC nº 5.384 - CE - Rel. Min. Edson Vidigal - J. 02.04.96 - DJU 29.09.97).

“PENA - Execução - Inexistência de casa de albergado - Cumprimento da pena em


prisão domiciliar - Possibilidade.
Inexistindo Casa de Albergado ou estabelecimento adequado para o cumprimento da
pena em regime aberto, o condenado tem o direito de cumpri-la em regime de prisão
domiciliar. Aplicação analógica da Lei nº 7.210/84 (LEP), artigo 117.(STJ - REsp. nº
130.878 - DF - Rel. Min. Edson Vidiga - J. 17.02.98 - DJU 23.03.98).

“EXECUÇÃO PENAL - Prisão albergue - Aplicação analógica do artigo 117, da LEP.


Cumprimento de pena em prisão domiciliar, à falta de casa de albergado ou de outro
local adequado. Decorridos cinco anos da edição da Lei de Execução Penal, tempo
mais que suficiente, ou o Estado se prepara para a execução penal, como prescrita em
lei, ou o Juiz terá que encontrar soluções para os impasses. E uma destas é a prisão
domiciliar, se o condenado faz jus à prisão albergue, por aplicação analógica do
artigo 117 da LEP, quando inexista casa de albergado ou outro local adequado.
Recurso especial do Ministério Público, conhecido pela divergência, mas improvido.
(STJ - Resp. nº 400 - SP - 5 ª T - Rel. Min. Assis Toledo - DJU 23.10.89).

“REGIME ABERTO - Cumprimento em prisão domiciliar.


Reunindo o condenado condições para o benefício da prisão-albergue, pode o juiz
designar, como local de cumprimento, a residência particular, ante as peculiaridades
de cada caso. In casu, a inexistência de casa de albergado e já tendo o condenado
cumprido mais de 2/3 da pena, o cumprimento do restante desta em regime de prisão
domiciliar não configura negativa de vigência ao artigo 117 da Lei de Execução Penal.
(STJ - Resp. nº 522 - SP - 5ª T - Rel. Min. Flaquer Scartezzini - DJU 19.02.90).
“PROCESSUAL PENAL - Execução - Inexistência de casa de albergado -
Cumprimento da pena em prisão domiciliar - Possibilidade.
I - Inexistindo Casa de Albergado ou estabelecimento adequado para o cumprimento
da pena em regime aberto, o condenado tem o direito de cumpri-la em regime de
prisão domiciliar.
II - Aplicação analógica da LEP, artigo 117.
III - Recurso improvido. (STJ - REsp. nº 120.600 - DF - 97.0012280-8 - 5ª T - Rel. Min.
Edson Vidigal - 10.06.97 - DJU 18.08.97 - v.u).

“EXECUÇÃO PENAL - Regime aberto - Cadeia pública.


Inexistência de casa de albergado. Recolhimento domiciliar. Cabimento. Recurso
provido. Destinando-se a outros fins, não se presta a cadeia pública como
estabelecimento adequado para o cumprimento do requisito de recolhimento
previsto no regime prisional aberto. Inexistindo, no local da execução,
estabelecimento correcional próprio, ajusta-se como legitimo o cumprimento deste
requisito na residência do apenado. Legislação: CP artigo 36, parágrafo primeiro. CP
artigo 171. CP artigo 14, II. Jurisprudência: TAPR. Ac 2935, rel. juiz Luiz Cezar de
Oliveira. TAPR. Ac 2171, rel. juiz Morais Leite. TAPR. 4 CCR, ac 1266. TAPR. Ap. cr
48238-8. RSTJ 2/613. (TAPR - Ap. Crim. nº 74.221.600 - Rolandia - 1ª Câm. - Rel. Juiz
Nerio Ferreira - J. 18.05.95 - DJ 09.06.95 - v.u).

“EXECUÇÃO PENAL - Regime de cumprimento da pena - Prisão albergue domiciliar


- Interpretação extensiva - Artigo 117 - Lei de Execução Penal.
Penal. Execução. Prisão aberta. Prisão albergue domiciliar. Interpretação extensiva
dada ao artigo 117 da LEP. Se no Estado do Rio de Janeiro inexistem casas de
albergado e patronatos para o fiel cumprimento da pena em prisão aberta, o
congênere que significa unidade prisional sem guaritas, guarda armada e grades para
evitar a fuga, pois o sistema aberto se baseia no estímulo a auto-reprovabilidade do
apenado, deve-se convolar em prisão albergue domiciliar, até que sejam criadas as
novas unidades. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJRJ - Ap. Crim. nº
577/96 - 2ª C. Crim. - Rel. Des. Alvaro Mayrink da Costa - J. 13.08.96).

7No estado de São Paulo, se tem decidido que, não havendo casa do albergado,
estabelecimento adequado ou vaga nos estabelecimentos indicados na Lei estadual n. 1.819, deve
ser concedida prisão albergue domiciliar, nos termos desse diploma legal (RT 610/367, 613/318,
635/360; RTJSP 100/433).

8No caso em apreço, Excelência, conforme documentação inclusa, o Requerente está apto a
ter sua reinserção ao convívio social, tendo se submetido ao cumprimento de sua pena com
resignação e excelente comportamento, e já, estar trabalhando desde que ingressou no regime
semi-aberto, pelo que deve ser deferido o presente pedido.

EX POSITIS,

espera, o Requerente, uma vez preenchidos os requisitos legais, objetivos e subjetivos, seja
determinado a liquidação da pena e após ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público,
seja deferido o presente pedido de progressão ao regime aberto, se comprometendo, desde já
cumprir fielmente as condições que lhe forem imposta, pois desta forma Vossa Excelência estará
editando decisão compatível aos mais elevados ditames do direito e da Justiça.

Nestes termos
Pede deferimento

LOCAL E DATA

_____________________
OAB
Pedido de Recolhimento de Mandado de Prisão

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ..........

PROTOCOLO Nº ...

................., já qualificado, nos autos da ação penal, epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem
perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, expor e requerer o que segue:

1Conforme r. decisão de fls. este Ilustrado Juízo, reconheceu causa extintiva de


punibilidade determinando o arquivamento do feito, com a conseqüente devolução dos
mandados de prisão.

2Porém, comumente, as autoridades policiais, deixam de recolher os mandados de prisão


distribuídos pelas diversas delegacias, bem como não dão baixa em seus bancos de dados,
provocando prisões indevidas, com a supressão do status libertatis do cidadão.

Pelo exposto, ad cautelam, requer a Vossa Excelência, a expedição de contra-ordem de


prisão, e, o respectivo salvo-conduto em favor do Requerente, para que o mesmo não seja detido
e preso por força do decreto de prisão já revogado com o arquivamento do processo.

Pede deferimento

Local, data

___________________

OAB
Agravo em Execução - Contra decisão que Determinou a
Regressão de Regime por Falta aos Pernoites no Regime
Semi-aberto

EXMO. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ........

Protocolo nº .............

Agravo em Execução Penal

................................................. já qualificado nos autos da Execução Penal em andamento


por este Juízo, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, no qüinqüídio legal, com fulcro no inciso
LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal, c/c com artigo 197, da Lei de Execução Penal,
combinado e artigo 589 e do Código de Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra decisão de fls......., que determinou a regressão do regime de cumprimento de pena,
do semiaberto para o fechado, face aos seguintes fatos, razões e fundamentos:

1O Recorrente, cumpre pena restritiva de liberdade no regime semi-aberto, desde ......,


conforme ata de audiência admonitória de fls........ e salvo-conduto de fls......, ocasião em que
havia uma pena remanescente de ... anos, ... meses e ... dias, conforme cálculo de fls. ....

2Ocorre, que ao contrário do consta na sentença recorrida o Reeducando não ficou


condicionado a pernoitar no presídio, e sim apresentar-se mensalmente no Cartório Criminal do
Juízo, o que fez religiosamente até ..........., quando já havia cumprido mais da metade da pena
remanescente, por ocasião da última progressão, o que vale dizer que da condenação de .... anos
de reclusão o detento já havia cumprido mais de ... anos, não podendo, assim prosperar o
argumento de o “acusado não aderiu as condições impostas no termo de audiência
admonitória...”.

3Daí, conclui-se, que no momento em que, por orientação de seu advogado, deixou de
apresentar-se em cartório, já estava cumprindo, no regime semiaberto, uma pena da qual já fazia
jus ao livramento condicional. Realmente, o Recorrente, não poderia sustar as apresentações em
cartório sem ordem judicial, porém, não é menos verdade que o Poder Judiciário (art. 66 LEP),
bem como o Ministério Público (art. 67 LEP), tinham a obrigação funcional de colocá-lo no
regime adequado ex officio no devido tempo, não sendo justo que somente o miserável do
condenado suporte sozinho pela informação equivocada de seu advogado, pela inércia do
Ministério público e um equívoco do Juízo da Execução, se sucumbindo a uma regressão de
regime iníqua.
4Por outro prisma, conforme bem pontuou a Ilustre Representante do Ministério Público, o
descumprimento das apresentações em cartório não constitui, em princípio, falta grave nos
moldes do art. 52 da LEP, a ensejar por si só, a regressão do regime prisional, além do que as
certidões de antecedentes criminais acostadas as fls......, demonstram que o Executado trata-se de
pessoa homônima, pois as fls.... consta o processo ........, por fato ocorrido em .........., época que o
mesmo estava preso conforme cálculo de pena de fls;. ....., e, os de número ............ (fls...) ..........
(fls.....), o réu chama-se .........................., pois o Agravante jamais praticou outro delito em sua
vida.

Em conclusão tem-se que as faltas foram justificadas de forma plausível, pois houve uma
interrupção nas apresentações que vinham sendo cumpridas de forma normal, o que vale dizer
que alguma orientação o apenado recebeu para passar a agir de modo diverso daquele prescrito
na sentença, assim sendo, sua versão não pode ser desprestigiada de plano, como bem salientou
a Ilustre Representante do MP..

Desta forma, a interrupção das apresentações não constitui nem personifica aquilo que o
art. 50 e 118, I da LEP, considera como falta grave, apta a determinar a regressão de regime, que
representa uma sanção gravíssima e drástica no processo executório, que poderia ser substituída
por outra de menor impacto no status libertatis do penitente, como, a título de sugestão, verbis
gratia, pelo acrescimento das falta ao tempo remanescente da pena, como forma de compensar as
referidas faltas.

EX POSITIS,

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, exarado juízo de retratação,
previsto no artigo 589, do CPP, reconsiderando a sentença agravada, com o deferimento do
pedido, determinando o recolhimento dos respectivos mandados de prisão. Caso assim, Vossa
Excelência, não entenda seja, após as formalidades legais, remetido ao superior grau de
jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus termos.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA.

_________________

OAB
Agravo em Execução – Contra Indeferimento de Progressão
de Regime

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ............................ .

Protocolo nº ........................

CÓD. TJ..... - 138 – Agravo em Execução Penal

...................................... ,já qualificado nos autos da execução penal, em epígrafe, via de


seus advogados in fine assinada, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, no qüinqüídio legal, com fulcro no artigo 197, da Lei de Execução
Penal, combinado com artigo 589, do Código de Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra decisão de fls. ..... , que indeferiu pedido de cumprimento de pena no regime semi-
aberto, face as seguintes razões:

DOS FATOS

1Consoante Cálculo de Liquidação de Penas de fls., a execução penal do agravante foi


objeto de unificação de pena em ............., quando sua reprimendas totalizavam ... anos ..... meses
e .... dias, auferindo o benefício da progressão ao regime semi-aberto em ................., ocasião que
o saldo remanescente era de ..... anos, ..... meses e .... dias.

2Em ............. , o Recorrente foi novamente preso por força de mandado de prisão oriundo
da ação penal ..............., da Segunda Vara Criminal desta Comarca, em decorrência de sentença
condenatória datada de .............. , a qual por deficiência estrutural do Poder Judiciário, não foi
executada no devido tempo.

3Ocorre, que ao contrário do que ostenta a sentença recorrida, não existe nenhum indício
de que o Condenado/recorrente, tenha feito alguma alicantina, manobra processual ou agido
ardilosamente, no sentido de se esquivar ao cumprimento daquela pena imposta pela 2ª Vara
Criminal, principalmente quando se percebe ser pessoa de parco enlevo cultural. A pena
somente não foi executada em função da crassa deficiência estatal no exercício da exclusividade
no mister do jus puniendi.

4Por outro prisma, verifica-se duas realidades inquestionáveis; em primeiro, o Agravante


vinha cumprindo fielmente as condições impostas no regime semi-aberto, com comportamento
“ótimo” (fls. ....), demonstrando aptidão para continuar no regime mais brando, muito embora a
pena unificada sobreponha o patamar de oito anos; em segundo, verifica-se que se a unificação
tivesse ocorrido em ........, a soma das penas seria de ..... anos, ....... meses e .......... dia referente a
primeira unificação, mais, ..... anos e ....... meses por conta da sentença da 2ª Vara Criminal, o ter-
se-ia um total de ......... anos e ...... meses de reclusão, progressíveis com 1/6 de cumprimento.

5Ora, se houvesse ocorrido a unificação no tempo correto, a soma das penas seria de .......
anos e .....meses, e, o condenado, hoje, já teria cumprido efetivamente, conforme último cálculo:
...... anos, ...... mês e ........ dias, é óbvio, lapso temporal superior a 1/6, que seria suficiente para já
estar no regime semi-aberto.

6Finalizando, não se pode olvidar que a pena unificada deve ser submetida a detração
penal, assim, o tempo já cumprido deve ser abatido na nova unificação, e, caso extrapole o lapso
temporal correspondente a 1/6 do total, o regime correto é o semi-aberto, pouco importando se
exceder o patamar de oito anos, e não o regime fechado com patenteou a sentença vergastada.

DO DIREITO

Consoante o entendimento adotado pela doutrina e jurisprudência dominante, o objetivo


da pena não é eternizar ou infernizar a situação do apenado. Para reintegrá-lo ou reinseri-lo no
convívio social torna-se fundamental dinamizar o tratamento prisional, utilizando-se de critérios
repressivos, mais salutares que a prisão, para a ajustar a pena ao seu fim de profilaxia social.

Do magistério jurisconsulto Salo de Carvalho1, se extrai que, o delineamento das penas na


Constituição Federal em momento algum flerta com “ fins, funções ou justificativas”, indicando
apenas “meios” para minimizar o sofrimento imposto pelo Estado ao condenado. Nos incisos
XLV, XLVI, XLVII, XLVIII e XLIX do art. 5º está traçada forma constitucionalizada de imposição
de penas, balizada pelas idéias de pessoalidade, individualização, humanidade e respeito à
integridade física e moral.

Edita o art. 1º da LEP:”A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado.”

Já o mandamento do art.105 do mesmo Códex, atribui responsabilidade funcional para dar


início a execução penal, ao juiz da execução, ordenando e determinando a expedição da guia de
recolhimento para tal2, sendo assim, eventual demora, na efetivação da pretensão executória,
deve recair exclusivamente ao órgão judicante ou seus auxiliares, pelo que nada justifica ser o
condenado penalizado ou responsabilizado por eventual procrastinação, principalmente, quando
recai sobre seu status libertatis, constitucionalmente assegura.

No caso em pauto, o erro foi Poder Judiciário, porém a punição recaiu sobre os ombros do
réu, que em nada contribuiu pela demora na execução de sua pena e viu sua liberdade ser
suprimida injustificadamente.

Assim Excelência, datíssima máxima vênia, é perfeitamente factível que seja exarado juízo
de retratação, para o restabelecimento da ordem jurídica.

EX POSITIS,

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, seja exarado o juízo de
retratação, previsto no artigo 589 do CPP, reconsiderando a sentença agravada, com o
deferimento do pedido. Caso assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades
legais, remetido ao superior grau de jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus
termos.
Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

____________________

OAB
Agravo em Execução – Contra Razões em Recurso do MP
Para Impedir a Progressão de Regime

CONTRA RAZÕES - AGRAVO EM EXECUÇÃO

Protocolo ..........................
Agravo em Execução Penal
Recorrente: .............................
Recorrido: ..................................

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Insigne Relator,

Versa o presente recurso voluntário, sobre a irresignação do Órgão Ministerial diante da


respeitável e iluminada decisão de fls. ......., proferida pelo Ilustre Juiz da Primeira Vara Criminal
de ................. , que rejeitou os cálculos de liquidação de penas de fls. ............, determinando que
fosse elaborado novo cálculo com as devidas retificações orientadas naquele decisório.

O recurso é próprio e foi manejado dentro do lapso temporal exigido por lei e pela parte
sucumbente, devendo, pois ser conhecido, porém, é carente de fundamentação fática e jurídica
pelo que este Egrégio Sodalício deve negar-lhe provimento, mantendo incólume o decisium
vergastado, em razão de ter sido editado dentro dos princípio basilares do Direito, da Lei e da
Justiça, e, face aos fatos, razões e fundamento a seguir perfilados:

1O Recorrido foi condenado em duas ações penais (....................... na 1ª Vara


e ........................ na 2ª Vara) ambas por infração do art. 213 do Código Penal. Conforme, já
apontado nas razões do Recorrente, na primeira ação a condenação foi de uma pena de ..... anos
e .... meses de Reclusão – regime inicial fechado – enquanto na segunda ação a pena imposta foi
de ..... anos e .... meses no regime integralmente fechado.

2O Recorrido foi preso em flagrante delito no dia .................. , em função do fato originador
da ação penal que tramitou pela 1ª Vara Criminal, como também teve sua prisão preventiva
decretada na outra ação penal em andamento pela 2ª Vara , muito embora não tenha sido
cumprido formalmente o respectivo mandado de prisão, porém, é óbvio, que em caso
relaxamento de prisão no processo da 1ª Vara, seja a título de progressão ou livramento
condicional, o mesmo permaneceria no xadrez, vez que é praxe na Agência Prisional, efetuar
uma verificação criteriosa se por outro motivo não havia pendência de prisão. Logo, soa até com
certa infantilidade o argumento da parte Recorrente, que até o trânsito em julgado da segunda
condenação, o Recorrido, estava preso somente pela Primeira Vara.

3Quando ocorreu o trânsito em julgado da 1ª condenação, em ................ , o Recorrido já


padecia no calabouço há .... anos e ..... dias, e o da 2ª condenação, em .................. ,
totalizavam: ..... anos ..... meses e ..... dia. Neste momento haveria de ter sido efetuada a detração
penal sobre o total da pena referente a 1ª condenação. Sendo que a partir desta data o
cumprimento da pena seria detraído da 2ª condenação, por ser a mais grave, sobrestando-se o
cumprimento da segunda. Logo, A orientação determinada pela sentença recorrida, está correta
e irrepreensível.

4A pretensão da parte Recorrente, no sentido de que o período após o trânsito em julgado


da primeira condenação (.................) deveria ser detraído na pena referente a segunda
condenação padece de respaldo lógico e jurídico, vez que esta, (mais gravosa), ainda não era
exeqüível naquela época, pois seu trânsito em julgado ocorreu somente em ..................
5O presente recurso representa única e exclusivamente uma manobra ardilosa e
tendenciosa, por parte do Parquet, para obstruir e impedir o exercício de um direito alcançado
pelo Recorrido, pois, conforme indicam os cálculos retificados, já cumpriu o lapso temporal da
pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário, suficiente para fazer jus ao benefício do
livramento condicional.
6 Assim sendo, Senhores Desembargadores, o Ilustre Juiz, prolator da sentença
recorrida, no sublime desiderato de aplicar a Lei, ao caso concreto, in casu, usou de forma
irrepreensível de seu poder discricionário no exercício do princípio do livre convencimento para
optar, de forma sóbria, imparcial e em perfeita observância de aos limites principológicos a ele
impostos, pela rejeição dos cálculos de liquidação de penas, deixando de homologá-los, cuja
decisão guarda estreita harmonias com os mais elevados ditames do direito, da Lei e da Justiça,
pelo que deve ser mantida em todos seus termos negando provimento ao presente recurso.

EX POSITIS
Espera o Recorrido, sejam as presentes Contra Razões, recebidas, vez que próprias e
tempestivas, final conhecendo do recurso e negando-lhe provimento, para manter a sentença
recorrida em todos seus termos, pois deste modo esse Egrégio Sodalício, estará assegurando o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA

____________________

OAB
Agravo em Execução – Direito ao Trabalho Externo

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ...................

Protocolo nº .............
Agravo em Execução Penal

......................... já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, no qüinqüídio legal, com fulcro no inciso LIV e LV do
artigo 5º da Constituição Federal, c/c com artigo 197, da Lei de Execução Penal, combinado e
artigo 589 e do Código de Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra decisão proferida no pedido de Autorização para trabalho externo, em epígrafe, face
as seguintes razões:

PRELIMINARMENTE
Com a devida vênia, a ilustre juíza substituta plantonista, por um equívoco deixou de ouvir
as partes a cerca dos Cálculos de Liquidação de Penas de fls. ..., provocando cerceamento de
defesa com a conseqüente nulidade do feito a partir daquele ato. Impõe-se, então, que seja o
processo chamado à ordem para o reconhecimento da nulidade acima suscitada.

QUANTO AO MÉRITO
O cálculo de fls. ... deve ser corrigido, pois, se para efeito de detração o Requerente
cumpriu ... ano, ... mês e após o trânsito julgado da condenação mais ... ano, ... meses e ... dias,
cuja soma resulta ... anos, ... meses e ... dias e não o total de efetivo cumprimento ali consignado.

A sentença recorrida indeferiu o pedido formulado pelo sentenciado Requente aduzindo


que, conforme manifestação do MP faltariam ainda cerca de ... meses para alcançar o lapso
temporal exigido pelo art. 37, da LEP, porém aquela decisão se extribou no cálculo e deixou de
somar o tempo de ... meses e ... dias referente à remissão.

Com o cálculo corrigido teremos o seguinte quadro:

1 – Pela detração........................................................... ... ano, ... mês ....


2 – Após trânsito em julgado da sentença ......... ano, .. meses e .. dias
Total de Pena cumprida................................ anos, .. meses e .. dias
3 – Tempo ref. Remissão................................................. meses e .. dias

Tempo cumprido para efeito de benefícios .....anos, ..5 meses e .. dias

Determina a Lei de Execução que o tempo remido, deve ser somado a pena efetivamente já
cumprida, para efeito de progressão de regime e demais benefícios do reeducando conforme a
lição do eminente doutrinador JÚLIO FABBRINI MIRABETE, e, sua obra “Execução Penal -
Comentários à Lei nº 7.210, de 11.07.84”, 3ª Edição, pág. 320:

“A remição é um instituto em que, pelo trabalho, se dá como cumprida parte da pena.


Pelo desempenho da atividade laborativa o preso resgata uma parte da sanção,
diminuindo o tempo de sua duração. Não há, tecnicamente, um abatimento do total
da pena; o tempo remido é contado como de execução da pena privativa de
liberdade. Nesse sentido a remição tem o mesmo efeito da detração penal, em que se
considera como pena cumprida o tempo em que o condenado esteve sob prisão
provisória ou administrativa ou internado em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou estabelecimento adequado. Diferenciam-se a detração e a remição,
porém, porque esta é condicional, ou seja, pode ser revogada na hipótese da prática
de falta grave.

A remição não reduz o total da pena imposta ao condenado, mas abrevia o tempo de
sua duração. Por isso, determina a lei que seja ela computada, como pena cumprida,
para outros efeitos: progressão (art. 111), livramento condicional e indulto (art. 128)
etc. “ (grifei)

É inequívoco, que a sentença agravada deve ser reconsiderada pelos fatos acima alinhados.

EX POSITIS,
Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, seja exarado o juízo de
retratação, previsto no artigo 589 do CPP, reconsiderando a sentença agravada, com o
deferimento do pedido. Caso assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades
legais, remetido ao superior grau de jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus
termos.
Nestes termos

Pede deferimento.

Local e data

______________

OAB
Agravo em Execução – Ofensa a Coisa Julgada

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA ...........VARA CRIMINAL DE ..............

Protocolo nº ..............
CÓD. TJ.... - ..... – Agravo em Execução Penal

....................., já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta comarca,
via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, no quinqüídio legal, com fulcro no inciso LIV e LV do
artigo 5º da Constituição Federal, c/c com artigo 197, da Lei de Execução Penal, combinado e
artigo 589 e do Código de Processo Penaltigo 197, da Lei de Execução Penal, combinado com
artigo 589 e do Código de Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra decisão proferida no pedido de PROGRESSÃO DE REGIME, em epígrafe, face as
seguintes razões:

PRELIMINARMENTE
DA OFENSA A COISA JULGADA
A sentença Proferida por Este Ilustrado Juízo, taxativamente determinou que o Acusado
cumprisse sua pena no regime inicialmente fechado com a seguinte ordem:”O acusado iniciará
cumprimento da pena em regime fechado, no presídio local.” (fls..). (Grifei).

Da forma de cumprimento da pena no sistema progressivo o MP. não recorreu. Tantum


devolutum quantum apellatum. Mantida a progressão pelo Tribunal de Justiça, também não
houve recurso voluntário da parte sucumbente, ficando preclusa a matéria.

Nesse Passo, com a devida vênia, a ilustre juíza substituta plantonista, ao indeferir o
pedido de progressão de regime do Condenado/Requerente, ofendeu o instituto constitucional da
coisa julgada, (art. 5º, XXXVI, CF), que consiste no fenômeno processual da imutabilidade e da
indiscutibilidade da sentença, colocada em abrigo dos recursos definitivamente preclusos pela
decisão judicial transitada em julgado.

Enquanto passível de recursos, a sentença não transmite certeza, segurança, pois ainda
pode ser modificada. Somente com o esgotamento dos prazos para recursos, é que a sentença se
torna firme e passa a produzir seus efeitos. Assim, com a preclusão do prazo recursal, a sentença
passa a ser um ato imperativo, produzindo seus efeitos em toda sua esfera jurisdicional, ou seja,
o ato pode ser considerado sentença e não mais uma situação jurídica. Compôs a lide, atingiu seu
resultado.
Pela preclusão dos prazos, ou pelo não-cabimento de recursos, a sentença trânsita em
julgado, alcançou o caráter de res judicata, tornando-se imutável, o que também torna imutável
os seus efeitos (declaratório, condenatório ou constitutivo).

Sendo assim, a matéria referente ao benefício da progressão de regime restou preclusa, não
podendo mais ser objeto de discussão, pelo que deve ser reconhecida a nulidade da sentença
agravada, impondo o juízo de reconsideração, com a concessão do benefício pleiteado, vez que
reconhecidamente o Sentenciado preenche todos requisitos legais.

EX POSITIS,

Espera o Recorrente seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e
depois de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, seja exarado o juízo de
retratação, previsto no artigo 589 do CPP, reconsiderando a sentença agravada, com o
deferimento do pedido. Caso assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades
legais, remetido ao superior grau de jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus
termos.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

__________________

OAB
Execução Penal - Modificação no Cumprimento de Pena

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ................

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo nº ..................

..................... já qualificado nos autos da execução penal, em epígrafe, via de seu advogado
in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 5º, XLIX, da Constituição Federal, combinado com art. 92 e
parágrafo único do art. 88 da Lei 7.210/84, expor e requerer o seguinte:

SÍNTESE DOS FATOS


1 O Reeducando(?)/Requerente, cumpre pena no regime semi-aberto, na Cadeia
Pública de ..............., onde pernoita todos os dias, e se recolhe as ...... horas de sábado ficando
nas dependências da unidade prisional até ......... horas de segunda-feira, além de ficar recolhido
nos feriados, por força de determinação da lavra deste Ilustrado Juízo.

2Inicialmente, o Requerente e os demais condenados, que cumprem pena no regime semi-


aberto, foram colocados nos corredores dos pavilhões do presídio, onde eram submetidos a toda
espécie de humilhação e ameaças por parte dos detentos que estão no regime fechado. Esta
situação irregular foi objeto de noticias veiculada na mídia de nossa cidade, conforme jornal em
apenso, onde o Sr. Diretor do estabelecimento de custódia reconheceu, abertamente, a existência
de perigo concreto no caso de contato direto entre os detentos do fechado com os do semi-aberto,
quando disse à reportagem:

“Ele disse ainda que está preocupado com os riscos de se juntar os detentos que
estão no semi-aberto, como os do regime fechado. Além disso destacou o
desrespeito aos direitos humanos, já que eles tem que dormir em locais
inapropriados, e até mesmo insalubres, como os banheiros” 1

3Atualmente, os detentos do regime semi-aberto são recolhidos em um galpão, localizado


no interior do presídio, onde usualmente funcionam aulas de alfabetização, reuniões de caráter
religioso e outras atividades, porém, o local não é dotado de instalações sanitárias e de higiene
pessoal, sendo que em vez de portas existem grades, permitindo a livre circulação do vento, que
no período da madrugada provoca um frio insuportável, principalmente, porque não existem
camas e os colchões ficam espalhados no piso de cimento liso. Se não bastasse o sacrifício de
passar a noite neste estado, o local, por ser aberto, é freqüentado por ratazanas, baratas, e outras
notívagas espécies pestilentas, além dos morcegos que passam a noite executando acrobacias,
com seus vôos rasantes na escuridão, sobre os corpos dos reeducandos(?).
4O pior é que nos domingos, os presos do semi-aberto ficam no mesmo pátio que os do
regime fechado, durante o período das visitas, quando são vítimas de ameaças, extorsões com
agressões físicas e verbais, principalmente no momento em que os visitantes são retirados, tendo,
inclusive, o Requerente registrado ocorrência na Supervisão de Segurança do presídio, (doc. .),
ocasião, em que foi ameaçado, por outro detento, na presença do ..............................., supervisor
de segurança daquele estabelecimento.

5Destaque-se que o Requerente, não está se opondo ao fiel cumprimento de sua


reprimenda penal, conforme foi determinado por este Ilustrado Juízo, porém, nas circunstâncias
em se encontra o “albergue” da Cadeia Pública, está se tornando humanamente impossível dar
continuidade e levar adiante os pernoites e recolhimentos de fins de semana, por mais
determinação e boa vontade que tenha para não incorrer em faltas.

DO DIREITO

“Bem aventurados os que tem fome e


sede justiça, porque eles serão saciados”
(Mateus, cap. 5, Vrs. 6)

Do magistério jurisconsulto Salo de Carvalho2, se extrai que, o delineamento das penas na


Constituição Federal em momento algum flerta com “ fins, funções ou justificativas”, indicando
apenas “meios” para minimizar o sofrimento imposto pelo Estado ao condenado. Nos incisos
XLV, XLVI, XLVII, XLVIII e XLIX do art. 5º está traçada forma constitucionalizada de imposição
de penas, balizada pelas ideias de pessoalidade, individualização, humanidade e respeito à
integridade física e moral. Mas o dispositivo mais exemplar da configuração constitucional da
política penalógica de redução dos danos é encontrado na alínea “ e” do inciso XLVII. Ao
determinar vedações a algumas espécies de pena (morte, prisão perpétua, trabalhos forçados e
banimento – alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, respectivamente), a Constituição estabelece, na referida
alínea (“e”), o princípio da proibição do excesso punitivo, ao negar, em qualquer hipótese, a
aplicação e execução de penas cruéis e degradantes.

É fácil se deparar com a conclusão inafastável de que a permanência do Requerente, no


cumprimento de sua pena da forma que está sendo imposta, é flagrantemente atentatória aos
seus direito e garantias constitucionais, diante do crasso ataque a sua dignidade humana, cujo
bem inalienável, o Estado tem o dever e obrigação de zelar enquanto mentor de sua custódia.

Tanto a Constituição quanto o direito internacional dos direitos humanos consagram um


mínimo de exigências éticas sob as quais o castigo estatal resulta inaceitavelmente humilhante e
degradante para o infrator supliciado, em summa como ensina o eminente professor portenho
Alejandro W. Slokar: se as condições de uma prisão negam ao recluso seu caráter de sujeito de
direitos e aniquilam sua dignidade, o Estado se converte em delinqüente o delinqüente em
vítima.3

Diz taxativamente o art. 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “ Ninguém será
submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.” Com muita
propriedade, Henri I. Sobel, Presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista e
Coordenador da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-judáico da CNBB, ao comentar
o referido artigo “O tratamento nas prisões é cruel, desumanos e degradante. As condições nas
penitenciárias e nas cadeias públicas do país são abomináveis. Há 150 mil presos confinados
num espaço total com capacidade para 60 mil. As condições sanitárias são horríveis e muitos
presos estão doentes, sem tratamento. O Estado não garante a integridade física dos detentos,
sendo comum os estupros e assassinatos; Não são devidamente separados os criminosos
perigosos de autores de pequenos delitos. (...) Essa situação não é apenas perversa; é também
contraproducente, do ponto de vista social. Ao manter os presos em condições desumanas, o
Estado está contribuindo para que eles não só não se recuperem, como também se tornem mais
violentos.”4

Esta colocação retrata com fidelidade glacial, crua e sem retoque, a realidade carcerária de
todo sistema punitivo brasileiro.

É oportuno realçar as iluminadas palavras de Vossa Excelência, carregadas de sabedoria e


coragem, quando da sentença proferida nos autos ...................., que determinou a interdição da
Casa de Albergado de Anápolis, assim pontuou:

“Aliás, digo, e que me relevem o contingente de irreverência, como se isso fosse problema
que tivessem (Promotores de Justiça e Juízes) que procurar resolver. (Grifo original)

O fazem por questão de humanidade, de preocupação com os desdobramentos que o


descumprimento das penas em sobreditos regimes pode ocasionar, principalmente diante da
sensação de impunidade que gera, ainda mais daqueles que, infelizmente, o Estado e a Sociedade
não se tem conseguido ressocializar.

Tem falhado a sociedade no seu papel de agente do controle social informal, primário da
criminalidade.

De igual maneira, o controle formal, principalmente por parte do Poder Executivo, não
reponde satisfatoriamente aos anseios de redução de seus índices e, mais do que isso, ainda que
involuntariamente , acaba contribuindo para o seu recrudescimento, na medida em que não se
compromete com a solução dos problemas que lhe são afetos”

A questão enfrentada na decisão cujo fragmento foi retro alinhado é a mesma que ora se
delineia, com uma simples diferença, naquela ocasião o problema era meramente estrutural, e,
hoje, além daquele, está embutido e agregado o gravíssimo risco de violação da incolumidade
física dos reeducandos(?), além dos efeitos deletérios advindos da perniciosa e promíscua
convivência com os delinqüentes de alta periculosidade.

Sugere-se com a devida vênia, uma pequena ressalva no posicionamento de Vossa


Excelência, naquele decisório, quando diz: “ como se isso fosse problema que tivessem
(Promotores de Justiça e Juízes) que procurar resolver”. Com o devido respeito e s.m.j., o
problema, é sim, da competência dos juizes da execução penal e promotores de justiça, pois a
eles competem os deveres institucionais previstos nos art. 66, e 68, da LEP, dentre outros: a
direção e fiscalização da execução penal.

Realmente, o controle efetivo da massa carcerária escapou do Juízo das Execuções, porém,
não é demais lembrar que, depois de definitivamente condenado, o réu ganha status de natureza
diversa e fica a mercê do Estado, que, autorizado pelo ordenamento jurídico, cerceia-lhe a
liberdade com todas suas infaustas decorrências e impõe-lhe outros ônus, mas não lhe extrai os
demais direitos. È o detento, diante dos termos inequívocos da Lei de Execução Penal, sujeito de
direitos. Logo, quem, tem a guarda do cidadão, assim inteiramente submetido, assume a
responsabilidade com relação a ele, desde as mais básicas, a garantia de sua vida, de sua
sobrevivência, de sua incolumidade física.

Neste ponto de vista, o Juiz da execução, tem afora cumprir a sentença, administrando o
castigo e possibilitando a prevenção dos delitos, também de zelar pelo cumprimento das normas
que o favoreçam e lhe garantam o cumprimento da pena nos exatos limites legais, sem excesso e
desvio, e mais, o que avulta em importância, proporcionar-lhe as condições necessárias para
reincorporarão na comunidade livre, meta maior do art. 1º da LEP.

Por imposição legal (art. 91 da LEP) o regime semi-aberto deveria ser cumprido, em colônia
agrícola, industrial ou similar, porém, diante da falta de vontade política e de interesse das
autoridades competentes, os referidos estabelecimentos correcionais, nunca saíram do papel,
obrigando os operadores da execução penal, a procurarem formas paliativas, na maioria das
vezes, com uso da criatividade, improvisando outra modalidade de acomodação, como forma
substitutiva daquela exigida por lei.
Dispõe o art. 92 do mesmo dispositivo legal, que:

Art. 92 o condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, abservados os


requisitos da letra “a” do parágrafo único do art. 88, desta lei.

Por seu turno diz o art. 88:

“O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho


sanitário e lavatório.”
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e


condicionamento térmico adequado à existência humana;

O local onde se amontoam os detentos do regime semi-aberto, no presídio local, está anos
luz de preencher os requisitos exigidos pela Lei de Execução Penal. Neste caso não existe meio
termo, nem tampouco, tolerar-se-ia um pedido de auxilio ao famigerado princípio da
razoabilidade, criado, única e exclusivamente, para socorrer a ineficiência da máquina estatal,
quando esta se mostra incompetente para prestar seus serviços aos cidadãos na forma
estabelecida pela lei.
Oportuna a advertência do sábio Sêneca: Reo res sacra est.

As ameaças sofridas pelo Requerente, e os demais detentos do regime semi-aberto devem


ser encaradas com a devida seriedade, uma vez que a comunidade carcerária , de um modo geral,
é de má índole, é audaciosa, intimorata e sem escrúpulos, e não se intimida com o poder estatal
emanado da direção dos estabelecimentos correcionais, como bem ilustra as rebeliões e chacinas
ocorridas no estado de São Paulo, recentemente. Portanto, urge que uma medida seja tomada
preventivamente, sob pena de, tardiamente ter que se lamentar após a ocorrência de um mal
maior.

Finalizando, ressalta, o Requerente, que não está suplicando qualquer regalia, somente deseja
que Estado lhe garanta o direito de resgatar sua liberdade, com o cumprimento de sua pena com
dignidade e respeito.
EX POSITIS

espera o Requerente seja o presente pedido recebido, e depois de ouvido o ilustre


Representante do Ministério Público, deferido para dar uma solução as irregularidades ut retro,
alinhavadas, tomando a devidas providências, oficiando-se à Diretoria da Cadeia Pública
Municipal de Anápolis, ou, a quem couber de direito, para que providencie, incontinenti, local
adequado (art. 88, parágrafo único da LEP), para o efetivo cumprimento de sua pena,
resguardando seus direitos constitucionais insculpidos no art. 5º, XLIX, XLVIII, “ e” da
Constituição Federal, pois deste modo Vossa Excelência estará, como de costume, editando
decisão compatível com os mais lídimos e elevados princípios da Excelsa JUSTIÇA.

Pede Deferimento.

LOCAL, DATA

____________________

OAB
Pedido de Autorização de Saída

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .................

Protocolo nº ...............

Código TJ...... - ....... - Pedido de Benefício Para o Réu

..............................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência expor e requerer ao seguinte:

1O Sentenciado, ora Requerente, foi condenado a pena restritiva de liberdade, tendo


iniciado o cumprimento no regime fechado, e atualmente encontra-se no semi aberto
desde ........., em razão da concessão de progressão.

ISTO POSTO,

Nos termos do artigo 122 da LEP, vem perante a presença de Vossa Excelência, requerer
Autorização de Saída , para visita à família durante o período das festas de fim de ano,
compreendido entre o dia (DATA) até o dia (DATA), se comprometendo a retornar ao
cumprimento de sua pena, na data determinada.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL, DATA.

_______________________

OAB
Pedido de Autorização de Saída Para Visita à Família

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ....................

Protocolo nº.............

Código TJ..... - ... - Pedido de Benefício Para o Réu

..........................., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia,
vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência expor e requerer ao seguinte:

1O Sentenciado, ora Requerente, foi condenado a pena restritiva de liberdade, tendo


iniciado o cumprimento no regime fechado, e atualmente encontra-se no semi aberto desde
(data), em razão da concessão de progressão concedida por este ilustrado Juízo.

ISTO POSTO,

Nos termos do artigo 122 da LEP, vem perante a presença de Vossa Excelência, requerer
Autorização de Saída , para visita à família durante o período das festas de fim de ano,
compreendido entre o dia (data) até o dia (data), se comprometendo a retornar ao cumprimento
de sua pena, na data determinada.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data.

______________________

OAB
Pedido de Autorização Para Saída Temporária LEP

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...... .

RÉU PRESO

Protocolo nº .......
Código TJ... - ... - Pedido de Benefício Para o Réu

.........................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
desta comarca via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência expor e requerer ao seguinte:

O Sentenciado, ora Requerente, cumpre pena no regime semi-aberto no presídio local por
força de sentença proferida por este ilustrado juízo, pretende visitar sua mãe e demais familiares
na cidade de ......., no período compreendido de dd/mm/aa à dd/mm do corrente ano.

ISTO POSTO,

nos termos do artigo 122 da LEP, vem perante a presença de Vossa Excelência, requerer
Autorização de Saída Temporária, no período supra mencionado, se comprometendo a retornar
ao cumprimento de sua pena, na data determinada.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local. dd/mm/aa.

____________________

OAB
Pedido de Execução Provisória da Pena

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA COMARCA DE ........... .

Protocolo nº ......................

........................................ , já qualificado, nos autos da Ação penal em epígrafe, via de seu


defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença
de Vossa Excelência, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, embora o
Ministério Público tenha recorrido no sentido de exasperar a pena do Sentenciado, com fulcro no
art. 5º, inc. LVII, da Constituição Federal, REQUERER a formação dos autos de EXECUÇÃO
PROVISÓRIA, determinando a extração das peças necessárias para a referida autuação.

Pede Deferimento.

LOCAL E DATA

_________________

OAB
Pedido de Expedição de Certidão Carcerária

EXMO. SR. DR. DIRETOR DA CADEIA PÚBLICA MUNICIPAL DE ..................

..........................................., recuperando, atualmente cumprindo pena em um dos


ergástulos deste estabelecimento correcional, via de seu advogado e defensor in fine assinado,
permissa máxima vênia, vem perante conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos
termos do art. 5º, Inc. XXXIII e XXXIV, “b” da Constituição Federal, requerer a expedição de
CERTIDÃO CACERÁRIA para os fins do art. 112 da LEP.

Pede Deferimento.

LOCAL, DATA

___________________

OAB
Pedido de Expedição de Certidão Carcerária Ao Diretor do
Presídio

EXMO. SR. DR. DIRETOR DO CENTRO DE INSERÇÃO SOCIAL DE ................

CÓPIA

...................., recuperando, atualmente cumprindo pena em um dos ergástulos deste


estabelecimento correcional, via de seu advogado e defensor, instrumento procuratório apud
acta, (autos nº .....................), in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 5º, Inc. XXXIII e XXXIV, “ b” da
Constituição Federal, requerer a expedição de CERTIDÃO CACERÁRIA para os fins do art. 112
da LEP.

Pede Deferimento.

Local, data.

____________
OAB
Pedido de Extinção da Punibilidade - Prazo Prescricional
Contado Pela Metade Face a Menoridade do Réu

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ....................

Ação Penal nº ..................

........................., já qualificado, nos autos da ação penal que lhe move a Justiça Pública
desta comarca, via de seu advogado in fine assinado (m.j.), permissa máxima vênia vem perante
a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requer o reconhecimento da EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE, pela incidência da PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO,
com fulcro no art. 61 do Código de Processo Penal, combinado com arts.109, I, 115 e 117 de
nosso Estatuto Substantivo Penal, face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1- O Acusado, ora requerente, responde a presente ação penal desde 1.983, sob a
suposta cusação de ter infrigido a norma incriminadora inserta no art. 121 caput do Código
Penal, foi pronunciado em 1.988 e a decisão confirmatória da pronúncia ocorreu em ...........,
(fls........), que representa a última causa interruptiva do prazo da prescrição da pretensão
punitiva do Estado (art.117, III).

2Ao tempo do fato objeto do presente processo, ................, o Acusado era menor de .... (...)
anos de idade, conforme consta dos autos e da documentação acostada ao presente pedido,
(doc...), pelo que o prazo prescricional deve ser contado pela metade, Art. 115 CPB.

3Assim sendo, a presente ação penal foi alcançada pela prescrição da pretensão punitiva
em ....., devendo ser reconhecida com o conseqüente arquivamento do processo.

DO DIREITO
Edita o Código Penal:

“Art. 109 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o


disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 110 deste Código, regula-se
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);”
(...)
“Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era,
ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de
70 (setenta) anos.”
“Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
(omissis)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;”

Por seu turno o Código de Processo Penal determina de forma imperativa:

“Art. 61 - Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,


deverá declará-la de ofício.”

Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do


réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se julgar
conveniente, concederá o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, proferindo a decisão
dentro de 5 (cinco) dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.

Conforme nossa melhor doutrina leciona, com o advento da conduta típica, nasce para o
Estado a pretensão de punir o autor do fato criminoso, porém deve exercer este múnus dentro de
um lapso temporal previamente delimitado pela Lei segundo o critério da pena máxima
cominada in abstrato (art. 109 CPB). Escoado este prazo, que é submetido a interrupções ou
suspensões, também previstas em lei,(art. 117 CPB), ocorre a prescrição da pretensão punitiva,
decaindo, assim do direito de punir o suposto infrator.

Proclama a Jurisprudência hodierna, que o reconhecimento da prescrição, uma vez


ocorrida, é imperativo legal não ficando ao talante do julgador, vez que constitui direito público
subjetivo do acusado, conforme o seguinte aresto:

“a prescrição constitui matéria de ordem pública, cumprindo ao julgador declará-la,


até mesmo de ofício, em qualquer fase do processo” (TACRIMSP – RJDTDACRIM
26/364).

No caso em apreço, a prescrição ocorreu dentro do lapso temporal de ... (...) anos em razão
do Acusado ao tempo do fato ser menor de .... (...) anos de idade, (art. 115 CPB), cujo início se
deu no dia ......, quando foi proferido, pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ..............., o
acórdão que confirmou a decisão de pronúncia, (Fls. .......), de lá para cá, nenhuma outra causa
de suspensão surgiu, pelo se conclui que o Estado decaiu do direito de dar continuidade ao
persecutio criminis in judicio em ......... Desta forma indeclinável se torna o reconhecimento da
incidência da prescrição da pretensão punitiva, arquivando-se o feito.
EX POSITIS,

Espera, o Requerente, seja o presente o presente pedido recebido e deferido para


reconhecer a extinção da punibilidade em razão da ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva do Estado, nos termos dos dispositivos legais invocados, determinando o arquivamento
do processo com relação ao Acusado ........................., e o recolhimento dos respectivos mandados
de prisão expedidos em seu desfavor, pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da excelsa Justiça.

Nestes termos

Pede deferimento.

Local, data

_____________

OAB
Pedido de Extinção da Punibilidade Pela Incidência da
Decadência do Direito de Ação (Queixa Crime)

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE .........

Protocolo ...............

.........................., já qualificado, nos autos do TCO, em epígrafe, via de seu advogado e


defensor in fine assinado, vem perante a conspícua presença de Vossa Excelência, nos termos do
art. 30, 38 e 61 do Código de Processo Penal, combinados com art. 107, inc. IV, do Código Penal,
requerer seja reconhecido a extinção da punibilidade pela incidência da decadência do direito de
ação, pelos seguintes fatos e fundamentos;

SÚMULA DOS FATOS

1Conforme consta dos autos, petições de fls..... (representação criminal??), as supostas


vítimas relatam que foram injuriadas e difamadas, no dia ........., ocasião em que o Requerente
cometera os delitos previstos nos arts. 139 e 140, do Código Penal Brasileiro, cuja ação somente
se procede mediante queixa-crime.

2Em que pese, terem, as supostas vítimas,, demonstrado interesse em processar o


Requerente criminalmente, porém, em .... expirou o prazo decadencial de seis meses para o
exercício do direito de ação, por meio de queixa-crime, destarte há que ser declarada a extinção
da punibilidade, com o consequente arquivamento do presente feito, para todos os fins de
direito.

DO DIREITO

Conforme édito do art. 145 do Código Penal Brasileiro os crimes previstos no art. 139 e 140
somente se procedem mediante queixa-crime, que constitui a peça vestibular da ação penal
privada, a qual deve intentada, em juízo, no prazo de seis meses a partir do dia em que, o
ofendido ou seu representante legal, vier a saber quem seja o autor do fato (art. 38 CPB), sob
pena de decretação, inclusive, ex officio, da extinção da punibilidade (art. 107, IV CPB e 61 do
CPP).

No entendimento sedimentado pela doutrina e sumulado por nossa Suprema Corte, o prazo
decadencial é peremptório e improrrogável, não se interrompendo com eventual pedido de
instauração de inquérito policial. 1 Isso porque a “queixa-crime” a que alude a lei deve ser
entendida como ato processual em que o particular ofendido exterioriza ou formula a acusação,
consoante expressão do art. 100, § 2º, do CP, não se confundindo com o uso vulgar do termo e
que traduz comunicação feita a autoridade policial da existência do crime.

Desta forma, da data em que os supostos ofendidos tomaram conhecimento da autoria do


fato, já transcorreu lapso temporal superior a seis meses, sem que tenha ajuizado queixa-crime,
que é o nomem juris da peça vestibular da ação penal pública 2 de iniciativa privada, portanto,
deve o presente feito ser arquivado mediante o reconhecimento da ocorrência da decadência do
direito de ação, consoante dispositivos legais retro apontados.

EX POSITIS,

espera o Requerente seja o presente pedido recebido e deferido, dignando Vossa Excelência,
reconhecer a extinção da punibilidade, pela ocorrência da decadência do direito de ação,
inaudita altera pars, determinando o arquivamento do feito.

Termos em pede

e espera deferimento.

LOCAL, DATA

_______________

OAB
Pedido de Extinção de Punibilidade – Prescrição Retroativa

EXMA. SRA. DRA JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE .................

Protocolo nº................
Código – ... – Pedido de benefício para o Réu

..............................., já qualificada, nos autos da ação penal que lhe move a justiça pública
dessa comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 61, do Código de
Processo Penal c/c art. 107, IV, 109, V e 110 do Código Penal, requerer o reconhecimento da
extinção da punibilidade da prescrição da pretensão executória, face aos seguintes fatos e
fundamentos.

1A Acusada/requerente, foi denunciada como incursa nas penas do artigo 155 c/c 171 do
CPB, no dia .........., tendo a denúncia sido recebida em .......... Conforme sentença de fls. .......,
de ......., transitada em julgado, para acusação, em ........, foi condenada a pena restritiva de
liberdade de ... (...) ano de detenção, que pela prescrição retroativa, o prazo de ... (...) anos
ocorreu em .......

EX POSITIS

requer seja decretada a extinção da punibilidade pela incidência da prescrição retroativa da


pretensão executória da pena, de conformidade com os dispositivos retro nominados, pois desta
forma Vossa Excelência estará editando decisório amparado nos princípios da Lei, do Direito e da
JUSTIÇA.

Local, data.

________________

OAB
Pedido de Isenção do Pagamento das Custas Processuais -
Miserabilidade

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ............................... .

RÉU PRESO

PROTOCOLO Nº ..............................
Código TJ..... - Pedido de Benefício Para o Réu

............................................. , já qualificado, nos autos da execução penal, em epígrafe, via


de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, nos termos do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal e
art. 4º e seus parágrafos da Lei 1.060/50, expor e requerer o seguinte:

1O Sentenciado/requerente, conforme sentença de fls ...... , dos autos principais,


(...................) foi condenado a pagar a custas processuais, cujo cálculo de fls. ..., dos presentes
autos de execução penal, aponta uma cifra de R$ ............ (.................................), cifra acima das
possibilidades financeira e econômica do sentenciado/requerente, que se encontra em estado de
indigência, pois não exerce função remunerada desde sua prisão, ocorrida em ................

2Como é cediço o conhecimento da realidade de que, a cadeia, além de exercer um


profundo efeito estigmatizante na vida do condenado, atua como um eficiente agente deletério
do caráter, da personalidade e da moral, também abala e destrói sua estrutura econômica e
financeira, uma vez que a forma ociosa, improdutiva e parasitária em que se desenvolve
execução da pena, leva-o a um estado de miséria absoluta e insolvência total, impossibilitando-o
de sublevar ou arcar com qualquer responsabilidade financeira, por mínima que seja.

3Também, na nossa realidade carcerária, não há como negar, que o indivíduo penitenciado
judicialmente deixa de existir como entidade humana, transformando-se num mero espectro de
parecença racional, quando lançado nas masmorras fétidas, insalubres e superlotadas, objeto de
um tratamento atentatório a mais rasteira e insignificante miragem da dignidade humana.

4A condenação ao pagamento das custas judiciais ao réu que se declara, na execução


penal, como insolvente, deve ser cassado pelo juízo que a preside, conforme entendimento
adotado pela jurisprudência dominante, como pode ser visto nos seguintes arestos:

“FURTO - Pena pecuniária - Redução para o mínimo legal - Pleito de isenção de


custas. Reduz-se a pena pecuniária ao seu patamar mínimo, desde que inexistem
motivos para majorá-la. Cabe à Vara de Execuções Criminais a apreciação do pleito
de isenção de custas, onde se analisará a condição financeira do condenado. Recurso
provido parcialmente. Unânime.´(TJDF - Ap. Crim. nº 18.359/97 - 1ª T. Crim. - Rel.
Des. Otávio Augusto Barbosa - J. 05.03.98 - DJ. 27.05.98).

“CUSTAS PROCESSUAIS – ISENÇÃO – RÉU POBRE – INAPLICABILIDADE DO ART.


804 DO CPP – A Constituição Federal de 1988 não recepcionou em sua plenitude o
art. 804 do CPP. Assim, o réu que se declarou pobre e foi assistido por Defensor
Público é isento das custas processuais, em obediência ao art. 5º, LXXIV da Carta
Magna.” (TAMG – AP . 0332643-8 – Novo Cruzeiro – 2ª C.Crim. – Rel. Juiz Erony da
Silva – J. 19.06.2001).

5Neste diapasão, provado nos autos que o réu detentor de estado de miserabilidade, s.m.j.,
deve o Juiz da execução penal declarar a isenção do pagamento das custas processuais ou
eventual sanção pecuniária, se não o fez no processo de cognição.

EX POSITIS,

espera o Requerente/condenado, uma vez ouvido a Ilustre Representante do Ministério


Público, que Vossa Excelência digne decretar a isenção do pagamento das custas processuais
calculadas as fls. ..., dos presentes autos de Execução Penal, por ser de direito e plena justiça.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

__________________

OAB
Pedido de Juntada de Guia de Depósito – Comprovante de
Pagamento da Pena de Multa

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE ............. .

PROTOCOLO ...................

............................, já qualificado, nos autos da execução


penal, em epígrafe, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requerer a JUNTADA, da inclusa GUIA DE
DEPÓSITO JUDICIAL comprovante do pagamento do restante da pena pecuniária imposta na
sentença condenatória exarada nos autos 200102104985.

Pede deferimento.

LOCAL E DATA.

___________________

OAB
Pedido de Progressão ao Regime Semi-aberto

EXM. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE.............. .

Protocolo nº ..............

Código TJ...-... - Progressão de Regime

................... já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta comarca,
via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e
preclara presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 33, § 2º do Código Penal, combinado
com artigo 112 da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal), requerer a instauração do presente
incidente de execução de

PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL:

face aos fatos razões e fundamentos a seguir perfilados:

1O Reeducando, ora Requerente, por força da sentença proferida às fls. .../..., e Termo de
Audiência Admonitória (fls. ...), do presente feito cumpre pena no presídio local no regime semi-
aberto desde dd/mm/aa, e, conforme Cálculo de Liquidação de Pena de fls..../..., em dd/mm/aa,
restavam ... (...) anos, , ou ... (...) dias, para o término do cumprimento da pena, cujo lapso
temporal para nova progressão era de ... (...) meses e 10 (...) dias ou ... (...) dias, completados em
dd/mm/aa.
2Conforme Atestado de Vida Carcerária, em apenso, (doc. ...) o Requerente portou-se com
bom comportamento durante o cumprimento da reprimenda, estando apto ao retorno do
convívio social (doc. ...), além do que possui proposta de emprego que possibilitará a prover sua
própria subsistência (doc. ...).
3Face o profundo descaso do poder executivo em adequar nosso presídio local, às
exigências prescritas na lei de Execução Penal, em nossa comarca o modo de cumprimento da
pena no regime semi-aberto, é aquele prescrito no Código Penal para o regime aberto, em seu
artigo 36, cujas condições o Requerente já cumpriu pelo lapso temporal correspondente a um
sexto (.../...) do restante de sua pena, fazendo jus transferência de uma forma de cumprimento
mais branda e benévola, embora não prescrita, literalmente, em lei.
4Consoante nosso ordenamento jurídico-penal, o regime aberto pode ser cumprido em
dois modos distintos: a) a prisão albergue propriamente dita, em estabelecimento adequado, e
b) a prisão albergue-domiliciar, de caráter excepcional, na qual o reeducando se recolhe em seu
própria residência, durante o período noturno, domingos e feriados.
5Cumpre que o presente pedido de progressão, não exerça apenas um efeito formal,
ficando o Sentenciado, sujeito às mesmas condições em que já se encontra, ou seja, pernoitando
no presídio, sistema em que já demonstrou aptidão e merecimento para auferir um tratamento
mais benevolente e brando, tal como o recolhimento domiciliar.
6Embora, alguns tribunais atribuam o caráter taxativo na enumeração do artigo 117 da LEP,
o Egrégio Superior Tribunal de Justiça e a maioria dos Tribunais Regionais tem adotado
entendimento diverso quando o Estado não suprir as deficiências do sistema carcerário, com a
criação de estabelecimentos na forma prescrita em lei aplicando, neste casos, aquele dispositivo
legal por analogia, conforme os seguintes arestos:
“PENA - Condenação a regime aberto - Execução da pena - Ausência de casa de
albergado - Possibilidade de cumprimento em regime domiciliar - Aplicação
analógica - “Habeas corpus”.
Não havendo casa de albergado ou similar, pode o condenado a reclusão em regime
aberto cumprir a pena, excepcionalmente, em regime domiciliar. Interpretação
analógica do artigo 117, da Lei nº 7.210/84 (LEP). Precedentes do STJ.” (STJ - Rec. em
HC nº 5.384 - CE - Rel. Min. Edson Vidigal - J. 02.04.96 - DJU 29.09.97).

“PENA - Execução - Inexistência de casa de albergado - Cumprimento da pena em


prisão domiciliar - Possibilidade.
Inexistindo Casa de Albergado ou estabelecimento adequado para o cumprimento da
pena em regime aberto, o condenado tem o direito de cumpri-la em regime de prisão
domiciliar. Aplicação analógica da Lei nº 7.210/84 (LEP), artigo 117.(STJ - REsp. nº
130.878 - DF - Rel. Min. Edson Vidiga - J. 17.02.98 - DJU 23.03.98).

“EXECUÇÃO PENAL - Prisão albergue - Aplicação analógica do artigo 117, da LEP.


Cumprimento de pena em prisão domiciliar, à falta de casa de albergado ou de outro
local adequado. Decorridos cinco anos da edição da Lei de Execução Penal, tempo
mais que suficiente, ou o Estado se prepara para a execução penal, como prescrita em
lei, ou o Juiz terá que encontrar soluções para os impasses. E uma destas é a prisão
domiciliar, se o condenado faz jus à prisão albergue, por aplicação analógica do
artigo 117 da LEP, quando inexista casa de albergado ou outro local adequado.
Recurso especial do Ministério Público, conhecido pela divergência, mas improvido.
(STJ - Resp. nº 400 - SP - 5 ª T - Rel. Min. Assis Toledo - DJU 23.10.89).

“REGIME ABERTO - Cumprimento em prisão domiciliar.


Reunindo o condenado condições para o benefício da prisão-albergue, pode o juiz
designar, como local de cumprimento, a residência particular, ante as peculiaridades
de cada caso. In casu, a inexistência de casa de albergado e já tendo o condenado
cumprido mais de 2/3 da pena, o cumprimento do restante desta em regime de prisão
domiciliar não configura negativa de vigência ao artigo 117 da Lei de Execução Penal.
(STJ - Resp. nº 522 - SP - 5ª T - Rel. Min. Flaquer Scartezzini - DJU 19.02.90).

“PROCESSUAL PENAL - Execução - Inexistência de casa de albergado -


Cumprimento da pena em prisão domiciliar - Possibilidade.
I - Inexistindo Casa de Albergado ou estabelecimento adequado para o cumprimento
da pena em regime aberto, o condenado tem o direito de cumpri-la em regime de
prisão domiciliar.
II - Aplicação analógica da LEP, artigo 117.
III - Recurso improvido. (STJ - REsp. nº 120.600 - DF - 97.0012280-8 - 5ª T - Rel. Min.
Edson Vidigal - 10.06.97 - DJU 18.08.97 - v.u).
“EXECUÇÃO PENAL - Regime aberto - Cadeia pública.
Inexistência de casa de albergado. Recolhimento domiciliar. Cabimento. Recurso
provido. Destinando-se a outros fins, não se presta a cadeia pública como
estabelecimento adequado para o cumprimento do requisito de recolhimento
previsto no regime prisional aberto. Inexistindo, no local da execução,
estabelecimento correcional próprio, ajusta-se como legitimo o cumprimento deste
requisito na residência do apenado. Legislação: CP artigo 36, parágrafo primeiro. CP
artigo 171. CP artigo 14, II. Jurisprudência: TAPR. Ac 2935, rel. juiz Luiz Cezar de
Oliveira. TAPR. Ac 2171, rel. juiz Morais Leite. TAPR. 4 CCR, ac 1266. TAPR. Ap. cr
48238-8. RSTJ 2/613. (TAPR - Ap. Crim. nº 74.221.600 - Rolandia - 1ª Câm. - Rel. Juiz
Nerio Ferreira - J. 18.05.95 - DJ 09.06.95 - v.u).
“EXECUÇÃO PENAL - Regime de cumprimento da pena - Prisão albergue domiciliar
- Interpretação extensiva - Artigo 117 - Lei de Execução Penal.
Penal. Execução. Prisão aberta. Prisão albergue domiciliar. Interpretação extensiva
dada ao artigo 117 da LEP. Se no Estado do Rio de Janeiro inexistem casas de
albergado e patronatos para o fiel cumprimento da pena em prisão aberta, o
congênere que significa unidade prisional sem guaritas, guarda armada e grades para
evitar a fuga, pois o sistema aberto se baseia no estímulo a auto-reprovabilidade do
apenado, deve-se convolar em prisão albergue domiciliar, até que sejam criadas as
novas unidades. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJRJ - Ap. Crim. nº
577/96 - 2ª C. Crim. - Rel. Des. Alvaro Mayrink da Costa - J. 13.08.96).

7No estado de São Paulo, se tem decidido que, não havendo casa do albergado,
estabelecimento adequado ou vaga nos estabelecimentos indicados na Lei estadual n. 1.819, deve
ser concedida prisão albergue domiciliar, nos termos desse diploma legal (RT 610/367, 613/318,
635/360; RTJSP 100/433).

8No caso em apreço, Excelência, conforme documentação inclusa, o Requerente está apto a
ter sua reinserção ao convívio social, tendo se submetido ao cumprimento de sua pena com
resignação e excelente comportamento, e já, ter proposta der emprego que possibilitará prover
sua própria subsistência, pelo que deve ser deferido o presente pedido.

EX POSITIS,

espera, o Requerente, uma vez preenchidos os requisitos legais, objetivos e subjetivos, seja
determinado a liquidação da pena e após ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público,
seja deferido o presente pedido de progressão ao regime aberto no sistema albergue-domiciliar, se
comprometendo, desde já cumprir fielmente as condições que lhe forem imposta, pois desta
forma Vossa Excelência estará editando decisão compatível aos mais elevados ditames do direito
e da Justiça.

Nestes termos

Pede deferimento
Local e data

_________________

OAB
Vistas dos Autos - Execução Penal Manifestação Sobre Direito
de Remição

AUTOS COM VISTAS

Protocolo ............

Sentenciado: ...............

MM JUIZ,

Em atendimento ao r. despacho de fls.114v., manifesta-se o Sentenciado da seguinte forma:

1Em primeiro plano diga-se que mesmo com incidência da regressão de regime, com
decisão extremamente serôdia, o sentenciado já cumpriu mais de um sexto (../..) da soma de suas
penas, (sem computar a remição) fazendo jus, ainda, a concessão do benefício de progressão ao
regime semi-aberto consoante pedido vestibular do presente feito.

2De outro lado, a liquidação omitiu o cálculo do tempo referente a remição, que constitui
direito subjetivo do sentenciado, uma vez que se porventura não desempenhou atividade
laborativa durante todo período do cumprimento da pena, foi em decorrência de deficiências
estruturais do Estado, não podendo, assim, ser debitado em prejuízo de seu status libertatis a
recusa do benefício.

3Obtempere-se, ainda, que a remição constitui direito adquirido do Sentenciado, não


podendo ser cancelada em função da sentença que decretou sua regressão, conforme o
entendimento da jurisprudência esposada pelos nossos Superiores Sodalícios:

“PENA - Remição - Reconhecimento por decisão transitada em julgado -


Cometimento de falta grave - Cancelamento dos dias remidos - Inadmissibilidade -
Constrangimento ilegal caracterizado.”(TACRimSP - HC nº 293.968/0 - 6ª Câm. - Rel.
Juiz Almeida Braga - J. 21.08.96 - RT 735/641.)

“PENA - Remição - Perda dos dias remidos pela prática de infração administrativa -
Inadmissibilidade - Direito adquirido do sentenciado - Aplicação do artigo 5º,
XXXVI, da CF.
A remição constitui direito público do sentenciado. Assim, transitada em julgado a
sentença que a concede, tornando-se, portanto, direito adquirido do condenado,
insuscetível a sua desconstituição pela prática de posterior infração administrativa,
conforme interpretação do artigo 5º, XXXVI, da CF.”(TACrimSP - HC nº 323.846/5 -
Presidente Prudente - 6ª Câm. - Rel. Juiz A C. Mathias Coltro - J. 03.06.98 - RT
756/586"

4Assiste inteira razão ao Ilustre Representante do Ministério Público, em seu


pronunciamento de fls. ... quando afirma:

“Assim, verifica-se que o sentenciado cumpriu mais de seis meses da nova


condenação e, no caso de regressão de regime quanto à primeira condenação, deveria
cumprir mais um sexto dos quatro anos e dois meses que restam, o que efetivamente
ainda não ocorreu.

Entretanto, como não pode ser creditado ao sentenciado a falha do Estado-Juiz, uma
vez que não há decisão determinando a regressão, impõe-se reconhecer cumpridos os
requisitos objetivo e subjetivos exigidos pela lei.

Atendido o requisito temporal e não haver o fatos novos que desabonem a conduta
prisional do condenado, é o Ministério Público pela concessão da progressão em
favor de .....................................”

Diante do exposto, protesta o Sentenciado, ora Requerente, seja computado o tempo


referente a remição, prosseguindo-se o feito com o deferimento de seu pedido de progressão
regime semi-aberto.

Local, data.

———————

OAB
Agravo em Execução – Erro no Cálculo dos Dias Trabalhados
(Remição)

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ........................

Protocolo nº .......
Agravo em Execução Penal

............................., já qualificado nos autos de execução penal em tramitação por este


Ilustrado juízo, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, no quinqüídio legal, com fulcro no no inciso
LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal, c/c com artigo 197, da Lei de Execução Penal,
combinado e artigo 589 e do Código de Processo Penal, interpor o presente

AGRAVO EM EXECUÇÃO
contra parte da decisão fls. ........ que homologou apenas 129 dias trabalhados durante o
cumprimento de sua pena, face as seguintes razões:

Pelo que consta na certidão de fls. ......, o sentenciado, ora recorrente, trabalha desde o
dia .........., exceto nos sábados, domingos e feriados , assim, pela soma dos dias úteis, conforme
cópia do calendário em apenso, s. m.j, até .......... passado a soma dos dias trabalhados que
deveria ser homologado é de 276 dias.

EX POSITIS,

Espera o Agravante seja o presente recurso recebido, vez que próprio e tempestivo, e depois
de ouvido o ilustre Representante do Ministério Público, seja exarado o juízo de retratação,
previsto no artigo 589 do CPP, corrigindo a sentença agravada no que pertine a soma dos dias
trabalhados. Caso assim, Vossa Excelência, não entenda seja, após as formalidades legais,
remetido ao superior grau de jurisdição para ser conhecido e provido em todos seus termos.

Nestes termos

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

________________

OAB
Pedido de Livramento Condicional

EXMº. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE .................

......................, brasileiro(a), (Est.civil), (Profissão), residente à


rua ........................., nesta cidade, via de seu advogado e defensor in fine assinado, permissa
máxima vênia vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do
artigo 131 da Lei 7.210/84, combinado com artigo 83 do Código Penal, requerer

LIVRAMENTO CONDICIONAL
face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS


1O Requerente, foi condenado pelo tribunal do júri desta comarca ao cumprimento da
pena reclusiva de ... (...) anos, a ser cumprida inicialmente sob o regime semi-aberto, tendo
iniciado sua penitência no dia ........, ou seja, há mais de dois anos, que representa dois terços
(....) da reprimenda
2Conforme cópia da sentença exarada por este Ilustrado Juizo, em apenso, (doc....), por
preencher os requisitos legais, foi-lhe deferido o pedido de progressão ao regime aberto, tendo
realizado a audiência admonitória em .........., e, vem cumprindo religiosamente todas condições
que lhe foram impostas.
3A certidão inclusa, (doc...), comprova que o requerente, durante a execução da pena, teve
comportamento satisfatório, e, a declaração da empresa ................................, (doc...), demonstra
que possui capacidade e disposição para suprir sua subsistência em atividade lícita, exercendo
sua profissão de motorista.

4Ainda, junta-se ao presente pedido declaração da ..................... (doc...), a qual dá conta de


que o Requerente é portador das condições pessoais justificadoras de presunção de negativa de
reincidência, estando pois, ajustado aos valore jurídicos-criminais de reeducação e
ressocialização.

DO DIREITO
Edita nosso Código Substantivo Penal:

Capítulo V

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;

II - (...)

III -comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom


desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto;
IV - (...)

V - (...)

Parágrafo único. - para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinqüir.

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 131 assim prescreve:

“O livramento condicional poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os


requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único do Código Penal, ouvidos o
Ministério Público e o Conselho Penitenciário.

Consoante nossa melhor doutrina, consiste o livramento condicional a última etapa do


sistema penitenciário progressivo, através da qual possibilita-se a reinserção do sentenciado ao
convívio social, desde que apresente sinais de estar em condições de se reintegrar à sociedade,
ficando sujeito ao cumprimento de determinadas condições, que desatendidas poderão acarretar
a revogação do benefício.

Conforme, documentação acostada ao presente substutivo penal, o Requerente preenche


todos requisitos legais, objetivos e subjetivos, a exceção do inciso IV do artigo 83 do Código
Penal, em face de sua precária situação econômica, não ter reparado o dano, por impossibilidade
absoluta de fazê-lo, vez que sobrevive única e exclusivamente de sua lida como motorista de
caminhão, ora transportando barro para cerâmica (Doc..), ou areia para depósitos, em seu velho
caminhão caçamba, auferindo apenas o suficiente para a mantença de sua família e gastos com
peças e oficinas mecânicas. Além do que, inexiste contra sua pessoa qualquer ação civil
indenizatória pelo fato objeto de sua condenação.

Em casos análogos, nossos tribunais têm proclamado que não se exige, para a concessão do
livramento condicional, a prova de insolvência do condenado, mas simplesmente a
demonstração da impossibilidade de reparação, conforme excerto adiante exposto:

“O não cumprimento das obrigações civis resultantes do “crime” não impedem a


concessão do livramento condicional, tratando-se de detento pobre, em estado de
insolvência, ninguém estando a pleitear dele a reparação civil”. ( TJSP - Rec. - Rel.
ADRIANO MARREY - RT 440/382).

A impossibilidade de reparar o dano, alegada pelo requerente, não se funda em mera


alegação, bastando, para sua comprovação, uma análise do momento que a economia de nosso
país atravessa, onde todos se sucumbem ao arrocho de uma crise financeira, e, que embora com
uma moeda estável, são bem poucos que tem à disposição, ou de sobra.

Finalmente, Excelência, que durante toda a execução da pena, o Requerente, sempre


procurou obedecer as determinações contidas na sentença condenatória à risca, nunca tendo se
furtado aos pernoites e recolhimentos, como também exerceu sua atividade laboral superando as
dificuldades que os reflexos colaterais da condenação lhe impuseram, lutando, neste interregno,
contra a desagregação de sua família e, acima de tudo, jamais se deixou contaminar pelo
convívio pernicioso dos demais delinqüentes se mantendo firme e resoluto dentro dos ditames
da lei e do direito.

EX POSITIS,

espera o Requerente, seja a presente medida penal recebida, vez que própria e tempestiva,
e após ouvido o Ilustre representante do Ministério Público, uma vez preenchidos todos
requisitos legais, seja deferido o LIVRAMENTO CONDICIONAL, na forma estabelecida pelos
fundamentos legais e jurídicos invocados, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de
costume editando decisório inspirado nos mais elevados princípios do direito e ditames da
excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

_______________

OAB
Pedido de Livramento Condicional

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE .................. .

Protocolo nº ....................

.................................. já qualificada nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, com , nos termos do artigo 131, e § 2º do art. 112 da Lei
7.210/84, com nova redação dada pela Lei 10.792/2003, combinado com artigo 83 do Código
Penal, requerer o benefício do

LIVRAMENTO CONDICIONAL
face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1O Requerente, foi condenado no processo, em epígrafe, ao cumprimento da pena


reclusiva de ........ (...) anos a ser cumprida integralmente sob o regime fechado.

2Conforme Relatório Carcerário nº ............, a requerente está detida desde ..............., e


trabalha no estabelecimento prisional desde .............. , atualmente já cumpriu
efetivamente .......... (...) anos, ..... (....) meses e ........ (...) dias, e, tem direito a um tempo de
remição de ....... (...) ano e ....... (...) e ......... (...) dias, perfazendo um total .......... (...) anos .........
(...) mês e ............. (...) dias, lapso temporal superior a dois terços do total da reprimenda contida
na sentença condenatória.

3A certidão inclusa, comprova que o requerente, durante a execução da pena, teve


comportamento ótimo e satisfatório, o que demonstra que está apta ao retorno ao convívio social
e possui capacidade laborativa e disposição para suprir sua subsistência em atividade lícita,.

DO DIREITO
Edita nosso Código Substantivo Penal:

Capítulo V

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena


privativa de liberdade igual ou superior a dois anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
doloso e tiver bons antecedentes;
II - (...)

III -comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom


desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto;
IV - (...)

V - (...)

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 131 assim prescreve:


“O livramento condicional poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os
requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único do Código Penal, ouvidos o
Ministério Público e o Conselho Penitenciário.

Com o advento da Lei nº 10.792 de 02 de dezembro de 2003, tornou-se dispiciendo a oitiva


do Conselho Penitenciário, ficando a concessão do livramento condicional sujeito apenas a
comprovação do lapso temporal exigido em lei e bom comportamento. Requisitos preenchidos
pela Requerente.

Consoante nossa melhor doutrina, consiste o livramento condicional a última etapa do


sistema penitenciário progressivo, através da qual possibilita-se a reinserção do sentenciado ao
convívio social, desde que apresente sinais de estar em condições de se reintegrar à sociedade,
ficando sujeito ao cumprimento de determinadas condições, que desatendidas poderão acarretar
a revogação do benefício.

Finalmente, Excelência, que durante toda a execução da pena, a Requerente, procurou


obedecer as determinações contidas na sentença condenatória, exercendo atividade laboral
superando as dificuldades que os reflexos colaterais da condenação lhe impuseram, lutando,
neste interregno, contra a desagregação de sua família e, acima de tudo, não se deixou
contaminar pelo convívio pernicioso dos demais delinqüentes se mantendo firme e resoluta
dentro dos ditames da lei e do direito.

EX POSITIS,

espera a Requerente, seja a presente medida penal recebida, vez que própria e tempestiva, e
depois de ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público, preenchidos todos requisitos
legais, seja deferido o LIVRAMENTO CONDICIONAL, na forma estabelecida pelos fundamentos
legais e jurídicos invocados, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de costume editando
decisório inspirado nos mais elevados princípios do direito e ditames da excelsa JUSTIÇA.

LOCAL E DATA.

__________________

OAB
Pedido de Livramento Condicional

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE .................

Protocolo nº ...............

.............................. já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a justiça desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
e preclara presença de Vossa Excelência, com , nos termos do artigo 131 da Lei 7.210/84,
combinado com artigo 83 do Código Penal, requerer

LIVRAMENTO CONDICIONAL

face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilados:

SÚMULA DOS FATOS

1O Requerente, foi condenado no processo ......................., ao cumprimento da pena


unificada reclusiva de cinco (...) anos e .... (...) meses, (fls. ...) a ser cumprida inicialmente sob o
regime fechado.

2Conforme Cálculo de Liquidação de Pena de fls. ..., a pena remanescente era de ... (...) ano
e ... (...) meses em (data), atualmente, ... (...) ano e ... (...) meses, o que vale dizer que já cumpriu
efetivamente ......... (...) meses, tempo superior a ............. do total da reprimenda unificada que é
de ... (...) meses ou ... (...) anos e ... (...) meses (fls. ...).

3A certidão inclusa, (doc. ...), comprova que o requerente, durante a execução da pena,
teve comportamento satisfatório, e, a documentação em apenso, dá conta que está trabalhando
(doc. ...), o que demonstra que possui capacidade e disposição para suprir sua subsistência em
atividade lícita,.

DO DIREITO
Edita nosso Código Substantivo Penal:

Capítulo V

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;

II - (...)

III -comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom


desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto;

IV - (...)

V - (...)

Parágrafo único. - para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinqüir.

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 131 assim prescreve:


“O livramento condicional poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os
requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único do Código Penal, ouvidos o
Ministério Público e o Conselho Penitenciário.

Consoante nossa melhor doutrina, consiste o livramento condicional a última etapa do


sistema penitenciário progressivo, através da qual possibilita-se a reinserção do sentenciado ao
convívio social, desde que apresente sinais de estar em condições de se reintegrar à sociedade,
ficando sujeito ao cumprimento de determinadas condições, que desatendidas poderão acarretar
a revogação do benefício.

Conforme, documentação acostada ao presente substutivo penal, o Requerente preenche


todos requisitos legais, objetivos e subjetivos, ficando sem efeito a exigência prevista no inciso IV
do art. 83 do Código Penal prejudicada no caso em apreço.

Finalmente, Excelência, que durante toda a execução da pena, o Requerente, procurou


obedecer as determinações contidas na sentença condenatória, nunca tendo se furtado aos
pernoites e recolhimentos sem justo motivo, como também exerceu sua atividade laboral
superando as dificuldades que os reflexos colaterais da condenação lhe impuseram, lutando,
neste interregno, contra a desagregação de sua família e, acima de tudo, não se deixou
contaminar pelo convívio pernicioso dos demais delinqüentes se mantendo firme e resoluto
dentro dos ditames da lei e do direito.

EX POSITIS,

espera o Requerente, seja a presente medida penal recebida, vez que própria e tempestiva, e
depois de ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público, uma vez preenchidos todos
requisitos legais, seja deferido o LIVRAMENTO CONDICIONAL, na forma estabelecida pelos
fundamentos legais e jurídicos invocados, pois desta forma Vossa Excelência, estará como de
costume editando decisório inspirado nos mais elevados princípios do direito e ditames da
excelsa JUSTIÇA.

Local, data.

_____________________

OAB
Medida Cautela Pedido para Ausentar da Comarca

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________.

Protocolo nº

Código __- Pedido de Benefício para o Réu

............................, já qualificado nos autos da Ação Penal em epígrafe, via de seus


advogados in fine assinados (MJ) vem, perante a ínclita presença de Vossa Excelência expor e
requerer o que segue:

1O Requerente encontra-se no gozo de liberdade provisória condicionada ao cumprimento


de medidas cautelares alternativas, dentre elas a proibição de se ausentar da comarca sem prévia
autorização judicial.

2Ocorre, que em razão do efeito nefasto provocado pelo strepitus delicti o


Acusado/requerente pretende prestar serviços na instituição filantrópica “Comunidade
Terapêutica - .............. “, (Doc. 01), situada na contígua cidade ..............., enquanto aguarda o
deslinde do presente processo.

Isto posto, requer autorização para se deslocar a até a instituição ut retro citada em
..............., onde estará a disposição deste ilustrado Juízo durante o persecutio criminis in judicio.

Pede deferimento.

Local e data

____________________

OAB
Comunicação de Novo Endereço

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA OITAVA VARA CRIMINAL DE........................... .

Protocolo nº .............................

............................. , já qualificado, nos autos da ação que lhe move a justiça pública desta
comarca, via de seu advogado in fine assinado permissa máxima vênia, vem perante a conspícua
a preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 367 do CPP, expor e requerer o
seguinte:

1 O requerente responde a uma ação penal, em tramitação por este Ilustrado Juízo,
estando sob o benefício de liberdade provisória, porém, face a repercussão negativa que o fato
gerou para sua pessoa, perante a sociedade .................. , requer autorização para mudar sua
residência e domicilio para o seguinte endereço, se comprometendo a se fazer presente aos
ulteriores ato processuais.

Endereço: ...........................

Cidade.................. UF........

Pede deferimento.

Local e data

_________________

OAB
Pedido de Desentranhamento e Restituição de Passaporte

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DE ............................

Protocolo nº ..............

Código TJ........... – Desentranhamento de Peças ou Documentos

............................, já qualificado, nos autos da ação penal, que lhe move a justiça pública
desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima vênia, vem perante a
conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 120, do Código de
Processo Penal, requerer o desentranhamento e a restituição de seu passaporte juntado aos autos
as fls..

Pede deferimento.

LOCAL E DATA

_____________________

OAB
Pedido de Desistência da oitiva de Testemunhas

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ......................

Protocolo nº ...........................

........................, .........................., ................................. e ..........................., já qualificados,


nos autos da ação penal que lhes move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in
fine assinado, permissa máxima vênia, em atendimento ao r. despacho de fls., vem ,
tempestivamente, perante a conspícua presença de Vossa Excelência, manifestar da seguinte
forma:

1Conforme a nova sistemática adotada nas legislações modernas, o interesse social e das
partes, é no sentido de se exigir um melhor aparelhamento e eficiência do Poder Judiciário,
impondo-lhe maior racionalidade, celeridade e eficácia nas decisões de sua competência, com a
pronta prestação jurisdicional da pretensão deduzida em juízo.

2 Diante, destas diretrizes e por uma questão de economia processual, dispensam a


oitiva das testemunhas faltosas, não encontradas, e as que seriam ouvidas via precatória,
protestando pelo prosseguimento do feito até seus ulteriores termos.

Local, data

________________

OAB
Pedido de Devolução de Carta precatória

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE .............

Protocolo ..............

........................................................ , já qualificado, nos autos da carta precatória, em


epígrafe, em andamento por este Ilustrado Juízo, via de seu defensor in fine assinado, permissa
máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requerer a
juntada do Termo de Proposta de Suspensão do Processo, em apenso, onde consta que a
audiência de interrogatório designada para o dia .................... as ......... horas, neste foro, foi
antecipada com a aceitação da proposta oferecida pelo Ilustre Representante do Parquet.

Isto Posto, conforme consta no supradito Termo, requer a devolução da presente deprecata
sem cumprimento, à comarca de origem.

Pede deferimento.

LOCAL E DATA.

__________________

OAB
Pedido de Dispensa da presença do Réu em Audiencia

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...................

RÉU PRESO – URGENTE

Protocolo ............................................., já qualificado, nos autos da ação penal, em epígrafe, que


lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, requerer a dispensa de
sua presença na audiência designada para dia ............. do corrente ano, devendo também ser
dispensado de estar presente nas demais audiências da instrução criminal.

Pede deferimento.

Local, data

__________________
OAB
Pedido de Instauração de Inquérito Policial – Estelionato – Notitia
Criminis 1

EXMO. SR. DR. DELEGADO DA DELGACIA DO ..................... DISTRITO DE .................

......................, pessoa jurídica de iniciativa privada, com sede


à Rua ...................,....., nesta capital, via de seu procurador in fine assinado,(mj), permissa vênia,
vem perante a preclara presença de Vossa Excelência, apresentar

NOTITIA CRIMINIS

Em desfavor de ........................, ............................ e ...................., residentes à


rua ........................., nesta capital, pelos seguintes fatos e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS


1A Primeira Requerida, é proprietária da empresa ............ ......., situada no endereço
retrocitado , e desde ................, mantinha relações comerciais, com a requerente em transações
de direitos sobre títulos de crédito (cheques) decorrentes de vendas mercantis, se apresentando
como pessoa honesta, angariando a confiança da empresa, honrou seus compromissos, até
meados de setembro daquele ano, quando, passou a negociar com a vítima mais de cem cheques
de terceiros, em sua maioria com contas encerradas, sustados, ou furtados, cujas cópias instruem
o presente pedido, provocando-lhe um vultoso prejuízo e consequente lesão patrimonial.

2A Primeira Requerida, adredemente, procurou manter e induzir a vítima em erro, através


de meio fraudulento, determinando que seus empregados ......................... e ...................., sempre
ficassem encarregados pelos resgates dos numerários da Requerente/vítima, nas transações,
conforme cópias dos cheques em apenso, com o intuito de, futuramente, negar a
responsabilidade pelo débito, e, esquivar-se do cumprimento das obrigações dele decorrentes,
porém, conforme se vê no verso de todos cheques existe sua assinatura acompanhada do carimbo
de sua empresa.

3Os Requeridos, tinham pleno conhecimento de os cheques não seriam compensados, haja
visto que muitos foram conseguidos, já com suas contas encerradas, pelo Requerido ....,
(alínea ....), e, outros obtidos através de furtos ou roubos ( alínea ....)..

4A Primeira Requerida, sempre que procurada pela Vítima, se negou a saldar o débito sob a
alegação de não contraiu, em nenhum momento, tal responsabilidade, alegando, inclusive, que
as assinaturas apostas nos versos dos títulos não lhes pertence, revelando, assim, que a
locupletação ilícita, foi previamente engendrada por todos meliantes, configurando-se a conduta
típica do estelionato em sua forma fundamental.
DO DIREITO

Edita o artigo 171 do Código Penal Brasileiro:

“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou


mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pelos fato narrados, é inquestionável, que os três Requeridos, em conluio, induziram a
vítima em erro mediante artifício, com o objetivo de obterem vantagem ilícita, descontando
cheques de terceiros em nome de ........................, (vide endossos), (docs.....), e depositando-os
nas contas particulares dos empregados .......................... (Docs..........), consumando-se o crime de
estelionato previsto no artigo 171, caput do CPB.

É uníssona a jurisprudência firmada por nosso Tribunais Superiores, no sentido de que as


condutas atribuídas aos Requeridos, são configuradoras do delito de estelionato, conforme os
seguintes julgado:

“Equivale o endosso à emissão de novo cheque. Assim, pratica estelionato quem,


sabendo-o sem fundos, endossa o título como ordem de pagamento por mercadorias
recebidas” (TACIM-SP – AC – Rel. Lauro Malheiros – JUTACRIM 19/60).

“Comete o crime de estelionato o agente que falsifica cheque pertencente a terceiro e


o dá em pagamento de mercadorias, pouco importando de que meios valeu-se para
apoderar-se da cártula, pois sua conduta causa prejuízo a outrem” (TACRIM-SP - AC
- Rel. Wálter Guilherme - RJD 23/I56).

“Incorre nas sanções do delito de estelionato o agente que, munido de um talão de


cheque, de terceira pessoa, adquire veículo, pagando o preço estabelecido com um
daqueles títulos, o qual retorna, sem fundos” (TACRIM-SP - AC - Rel. Márcio Bártoli -
RJD 23/160).

De igual a doutrina tem procurado conceituar o crime de estelionato como ensina, Bento de
Faria, em sua obra “Código Penal Comentado”, 4 ° volume:

“É o emprego de manobras fraudulentas, usadas pelo agente, no intuito de conseguir,


para si ou para outrem, uma vantagem ou proveito ilícito em prejuízo alheio”.

Desta forma, evidente que a Requerida ........................,e seus empregados: .......................


e .........................., em concurso de pessoas, praticaram o crime de estelionato de forma
continuada, contra a pessoa da Requerente, ao descontarem inúmeros cheques de terceiros, que
tinham pleno conhecimento de serem incobráveis, vez, que oriundos de contas encerradas,
sustados ou furtados, obtendo para si vantagem ilícita em prejuízo alheio, mediante ardil e
artifício o ou outro meio fraudulento.
EX POSITIS,

com as condutas retromencionadas e os fundamentos e razões perfiladas, os Requeridos,


infringiram a norma incriminadora contida no artigo 171, caput combinado com artigo 29 e 71
todos do Código Penal, sendo imperiosa , a instauração competente inquérito policial nos termos
do artigo 5º, II, do Código de Processo Penal, para que se inicie o persecutio criminis, o que
desde já requer a Vossa Excelência.

Local, data.

_________________

OAB
Pedido de Instauração de Inquérito Policial – Notitia Criminis -
Estelionato

EXMO. SR. DR. DELEGADO TITULAR DO 2º CIOPS DE ..................

............................, brasileiro, casado, comerciante, residente à rua Pio .........., ......, ........, RG
nº ........, vem perante a honrosa presença de Vossa Excelência, nos termos do inciso II, do art. 5º
do Código de Processo Penal apresentar

NOTITIA CRIMINIS

em desfavor de ........................., residente na Av. ........., ........., centro, nesta cidade, pela
prática do crime de estelionato em sua forma fundamental, pelos fatos, razões e fundamentos a
seguir delineados:
1O Requerente/vítima é produtor e comerciante de café, tendo no dia .............., vendido aos
indiciados ....... (...............) sacos de café em grão, no valor de R$ ............. (...............), que foi
pago com os cheques (em anexo) abaixo descritos:

DATA CHEQUE Nº BANCO VALOR

............. ............ .......... R$ ..............

............. ............ .......... R$ .............

............. ............ .......... R$ .............

............ ............ .......... R$ .............

2Ao serem apresentados aos bancos os referidos cheques foram devolvidos por
insuficiência de fundos e sustados pelo primeiro indiciado em conluio com o segundo,
frustrando assim o pagamento dos mesmos, obtendo, para si, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo e mantendo o Requerente em erro, mediante artifício, ardil fraudulentamente.

3É inequívoco que os Requeridos, infringiram a norma proibitiva contida no caput do art.


171 do Código Penal Brasileiro, ao frustrar o pagamento dos cheques emitidos em favor do
Requerente/vítima, sustando-os sem justo motivo, visando a obtenção de indevida vantagem
econômica em prejuízo da vítima, conforme entendimento abraçado pela jurisprudência
hodierna:
“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – RECEBIMENTO DE DENÚNCIA –
ESTELIONATO – CHEQUE PRÉ-DATADO GARANTIA DE DÍVIDA – FRAUDE –
CONFIGURAÇÃO – ARTIGO 171 DO CP – EMENDATIO LIBELLI – INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 383 DO CPP – Se o agente agiu com dolo ab initio de lesar o sujeito
passivo, a emissão de cheque pré-datado configura o delito descrito no caput do
artigo 171 do CP; O estelionato se configura quando o estratagema foi preparado de
forma a obter o lucro em prejuízo alheio, reconhecendo-se o animus lucri faciendi; A
emendatio libelli deve ser realizada sempre que a peça acusatória emprestar
qualificação legal diversa ao delito; Recurso a que se dá parcial provimento.” (TAMG
– RSE 0326342-9 – 2ª C.Crim. – Rel. Juiz Tibagy Salles – DJMG 01.08.2001)

Pelo exposto, uma vez demonstrado pelos fatos acima descritos, que os Requeridos estão
incursos nas penas do art. 171, caput do Código Penal, impõe-se a instauração do competente
inquérito policial para a apuração do referido ilícito penal e que se dê início ao persecutio
criminis in judicio, culminando com a condenação de ambos nos limites da Lei.

Nestes termos[

Pede deferimento.

LOCAL E DATA.

______________________
Pedido de Adiamento da Sessão do Júri por Doença do Réu

EXMO. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE ........................ .

Ação Penal nº ....................

Código TJ........ - Petições Para Constar

.................................................... , já qualificado, nos autos da


ação penal que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu advogado in fine, assinado,
permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
requerer o adiamento da sessão do Tribunal do Júri designada para hoje, dia .............., em razão
do Acusado, estar internado devido problema de saúde no Hospital Santa Helena de ............ ,
ficando assim, por justo motivo, impossibilitado de comparecer perante este Egrégio Tribunal
Popular, conforme atestado médico em apenso.

Pede Deferimento.

LOCAL E DATA

_____________

OAB
Pedido de Adiamento de Audiência

EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE ....................... .

PROTOCOLO Nº .............................

Código TJ............. Designação de Nova Data Para Audiência

......................................, já qualificada, nos autos da ação penal, epígrafe, que lhe move a
justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado, (m.j.) permissa máxima
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência, expor e requerer o que
seguinte:

1A requerente responde a presente ação penal como incursa nas penas do artigo 20 da Lei,
7.716/89 quando na realidade, pelos fatos narrados na denúncia in tese teria que ser processada
pela prática do crime de injúria qualificada por preconceito (art.139 § 3º do CPB), o que a levou a
impetrar o habeas corpus nº 200100717076, em tramitação no Egrégio Tribunal de Justiça de
nosso Estado, visando trancamento da ação penal.

Isto posto, por uma questão de economia processual requer a Vossa Excelência, o
adiamento da audiência de interrogatório designada para amanhã dia ................., para data
próxima caso seja indeferido o HC acima citado.

LOCAL E DATA

_____________________

OAB
Modelo de Procuração

PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: ................, brasileiro(a), casado(a), (Profissão), RG: ........., residente na


Rua ......., nº ...., Bairro ....,.

OUTORGADO: ................, brasileiro(a), (Est.Civil), advogado militante nesta comarca, com


endereço profissional abaixo impresso, inscrito na OAB- sob o nº .

PODERES: Amplos gerais e ilimitados, das cláusulas ad juditia e extra, especialmente


apresentar defesa nos autos da ação penal ..........., em tramitação pela Terceira Vara Criminal
de ...........

Local e data

____________________________
Queixa Crime – Injuria e Calunia

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE ..........

............................., brasileiro(a), Est.civil, RG: ............., natural de ............., nascida


em .........., filha de .................. e ................, residente na rua .........................., via de seu
advogado e procurador com poderes especiais, (m.j.), vem perante a conspícua e preclara
presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 41 e seguintes do Código Processo Penal.,
combinado com o art. 138, 140, 141, inc II e 145, todos do Código Penal Brasileiro, apresentar .
apresentar, de forma cabal, plena e irrestrita

QUEIXA CRIME

Em desfavor de ......................, brasileiro(a), Est.civil, Profissão, filho de ......................


e ......................, portador do RG: ......................, CPF ..............., com endereço profissional na
Rua ..................., distrito judiciário desta comarca, e ................., brasileiro(a), Est.civil,
Profissão, .................., filho de ....................., CPF ..............., RG ................., residente
na ......................, face aos seguintes fatos, razões e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS


1 A Querelante, por força do Decreto Municipal nº 485, de 03 de Janeiro de 2005,
ocupava o cargo de Chefe de Gabinete, nível C-2, do quadro de servidores da Prefeitura
Municipal de ..............................................., lotada na Secretaria Municipal de Saúde (doc. ...).

2No dia .................., durante a ...ª Sessão Ordinária, da Câmara Municipal da supracitada
urbe, a Querelante foi alvo de ofensas morais, irrogadas em depoimentos prestados pelos
Querelados, que a caluniaram ao afirmar que a mesma, na condição de funcionária da Secretaria
de Saúde, tentou efetuar permuta indevida de medicamentos, de alto custo, constantes em uma
receita médica, por produtos de perfumaria ou cosméticos para seu uso pessoal , junto ao Posto
de Medicamentos ....., de propriedade do Primeiro Querelado ...............

3Diante das acusações de caráter contumelioso, a Câmara Municipal, sem ao menos ouvir
a Querelante, acerca dos fatos, ou dar-lhe o sagrado e constitucional direito de defesa, enviou o
requerimento nº ......, (doc.....) ao Prefeito Municipal, solicitando sua imediata exoneração, o que
foi atendido de forma sumária, através do decreto nº 806 de 21 de agosto de 2006 (doc...).

4A Querelante, tomou conhecimento das ultrajantes ofensas, no dia seguinte a realização


da supradita Sessão, através de comentários de populares, que a apontavam como concussora e
desonesta, atribuindo-lhe fato ofensivo a sua dignidade e decoro, causando-lhe um sentimento
de extrema vergonha, humilhação e constrangimento perante sua família, amigos e toda
sociedade ...............

5O fato imputado caluniosamente contra a pessoa da Querelante, constitui crime


subsumível nos tipos penais insculpidos no art. 316 (concussão) ou 317(corrupção ativa)
combinados com art. 327, do Código Penal Brasileiro, além que ser altamente ofensivo a sua
dignidade e decoro, portanto, com a conduta acima descrita os Querelados praticaram os crimes
de calúnia (art. 138) e injúria (art. 140), em concurso formal (art. 70), todos do Código Penal.

Presentes os pressupostos de admissibilidade para a instauração da instância, vez que


preenchidos os requisitos exigidos no art. 41 do Código de Processo Penal. A Querelante é titular
do direito de ação e postula a prestação jurisdicional, tempestivamente.

Assim sendo:

o Querelado ...................., encontra-se incurso nas penas art. 138 (calúnia) e 140 (injúria) ,
141, inc, II (praticado contra funcionário público, em razão de sua função) do Código Penal
Brasileiro, combinados com art. 70 (concurso formal) do mesmo Códex.

o Querelado .................................... encontra-se incurso nas penas art. 138 (calúnia) e 140
(injúria) , 141, inc. II (praticado contra funcionário público, em razão de sua função) do Código
Penal Brasileiro, combinados com art. 70 (concurso formal) do mesmo Códex.

EX POSITIS

A Querelada/vítima requer seja a presente proemial acusatória recebida, citando-se os


Querelados para responderem aos termos da presente AÇÃO PENAL PRIVADA, notificadas as
testemunhas arroladas em anexo, dando-se seguimento ao persecutio criminis in judicio na
forma preconizada pela legislação pertinente à matéria, final condenados, com os efeitos
previstos no art. 91 e 92 do Código Penal,

Requer ainda seja oficiada a presidência da Câmara Municipal de ............., para enviar a
este Juízo, em caráter de urgência, a gravação, em áudio, da ...ª sessão ordinária daquela Casa de
Leis, realizada em .................

A Querelante declara não ter condições financeiras para arcar com a despesas processuais,
sem colocar em risco sua subsistência, portanto requer que lhe seja deferido o beneficio da
assistência judiciária.

Termos em que pede e espera deferimento.

Local, data

____________________

OAB
Retratação de Representação Criminal

EXM. SR. DR. JUÍZ DE DIREITO DA COMARCA DE ......... .

Inquérito Policial ....... .

..........., brasileiro(a), (Est.civil), RG: ........., CPF: .........., representante legal da filha menor
de idade ..........., nos autos do Inquérito Policial nº ........, em tramitação por Este Juízo, via de seu
advogado e defensor, com poderes especiais, adiante assinado, (m.j.), vem perante a honrosa
presença de Vossa Excelência, nos termos do § 1º, do art. 101 e 102 c/c art. 225, todos do Código
Penal Brasileiro, na qualidade de titular exclusiva da ação penal, apresentar RETRATAÇÃO DA
REPRESENTAÇÃO proposta em desfavor da pessoa de ............, em razão de não haver, por parte
da Requerente, qualquer interesse em processar criminalmente o Indiciado acima nominado.

A qualidade genitora, autoriza na atual circunstância zelar pela preservação da imagem, da


honorabilidade e do respeito à privacidade da vida íntima de sua filha, valores estes que
poderiam ser gravemente abalados com a publicidade dos atos processuais e do streptus judicii
provocados em torno do fato.

Ressalte-se, ainda, Excelência, que na Delegacia de Polícia, em nenhum momento a


Requerente afirmou ser pessoa “pobre que não dispõe de meios para custear as despesas do
processo sem privar-se de recursos indispensáveis á manutenção de sua família ,” como consta no
“Atestado de Pobreza” de fls., vez que aquele documento foi elaborada pela Senhora delegada,
motu próprio, sem a anuência e concordância da Requerente, pelo que deve ser considerado sem
efeito. O Fato de trabalhar como empregada doméstica não quer dizer que vive a margem da
miséria.

Pede deferimento, com o conseqüente arquivamento do feito.

Local. dd/mm/aa.

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OAB

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Responsável
Retratação em Ação Penal Privada - Calúnia

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE ................

Protocolo ..................

............................, brasileiro(a), solteiro(a), Profissão, RG ................, natural de ......, nascida


em ............, filha de ......................, residente ........................., via de seu advogado e procurador
com poderes especiais, (m.j.), vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
nos autos da Ação Penal Privada, em epígrafe, como incursa no art. 138 do CPB, que lhe move
................, brasileiro(a), solteiro(a), (profissão), RG ......., CPF ........, residente na
Rua ........................, nesta urbe, nos termos do art. 143 e art. 107, inc. VI, do Código Penal,
combinados com art. 61 do Código de Processo Penal, apresentar, de forma cabal, plena e
irrestrita

RETRATAÇÃO

face aos seguintes fatos, razões e fundamentos:

SÚMULA DOS FATOS


1 A Retratante/Querelada, responde a presente ação penal privada, por ter conforme
descreve a exordial acusatória, imputado caluniosamente, fatos ofensivos à honra objetiva do
Querelante, mais especificamente, nos termos do aditamento à queixa-crime de fls. ....,
“comentou que o querelante tinha tentado mata-la”.

2A Querelada, admite ter proferido falsamente as expressões de caráter contumelioso,


citados na inicial, em detrimento da pessoa do Querelante, ofendendo sua honra, porém, de
forma irrestrita, cabal, plena e inequívoca, neste ato RETRATA, e retira tudo que tenha dito, de
forma a declarar publicamente e perante este Ilustrado Juízo, que nunca foi vítima de tentativa
de homicídio eventualmente praticado pelo Querelante .................., nem tampouco de qualquer
outro fato definido como crime, configurador de violação do art. 138 do CPB.
DO DIREITO
Edita o art. 143 d o Código Penal Brasileiro, “O querelado que, antes da sentença se
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena”. E, em complemento está
delineado no inciso VI, do art. 107 do mesmo Códex, que a retratação do agente, nos casos em
que a lei admite é causa extintiva da punibilidade.

No entendimento da doutrina dominante, retratar-se, no caso, é retirar o que disse,


confessar que errou, dando-se reparação ao ofendido e demonstração de arrependimento 1. O que
a Querelada, efetivamente está fazendo neste ato.

Na mesma trilha tem se posicionado a jurisprudência hodierna, no sentido de que uma vez
retratada de forma cabal, a calúnia irrogada ao ofendido, a decretação da extinção da
punibilidade depende de aceitação por parte da vítima, assim como, a retratação não está sujeita
a forma ritualística ou formal, podendo ser apresentada via de petição. Conforme os seguintes
julgados:

“O Código Penal não exige formalidade especial para a retratação. Não há


necessidade de termo específico a respeito e não se exigem palavras ou fórmulas
especiais, bastando seja expressa, inequívoca, não condicionada conste por escrito
nos autos, dispensada até mesmo a concordância do ofendido” 2

“A retratação constante por escrito no processo é pública e a lei não exige outra
publicidade qualquer. Se o ofendido enteder de divulga-la o fará por sua conta e
iniciativa, não por exigência legal.”3

“Para isentar de pena o ofensor, a retratação prescinde de aceitação do ofendido.


Assim, o agente que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou
difamação, está extinta a sua punibilidade” 4

EX POSITIS

espera a Querelada, seja a presente RETRATAÇÃO, recebida vez que própria e tempestiva,
e nos termos dos dispositivos legais ut retro elencados, reconhecida e declarada a EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE determinando-se o arquivamento do presente feito inaudita altera pars, pois
desta forma Vossa Excelência estará, como de costume, editando decisório compatível e
inspirado nos mais elevados princípios do Direito, da Lei e da Justiça.

Termos em que pede e espera deferimento.

Local, data

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OAB
Pedido de Dispensa da presença do Réu em Audiencia

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DE ...................

RÉU PRESO - URGENTE

Protocolo ...................

.........................., já qualificado, nos autos da ação penal, em


epígrafe, que lhe move a justiça pública desta comarca, via de seu defensor in fine assinado,
permissa máxima vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa Excelência,
requerer a dispensa de sua presença na audiência designada para dia ............. do corrente ano,
devendo também ser dispensado de estar presente nas demais audiências da instrução criminal.

Pede deferimento.

Local, data

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OAB
http://www.anhangueraeditora.com.br/

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