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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO

GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ESTUDOS CULTURAIS

JADSON LUAN OLIVEIRA CEDRAZ

O CASO DA USINA DE BELO MONTE

Salvador
2016
JADSON LUAN OLIVEIRA CEDRAZ

O CASO DA USINA DE BELO MONTE E OS ESTUDOS CULTURAIS

O Caso apresentado ao curso de Bacharelado


em Administração, do Centro Universitário
Jorge Amado, como requisito parcial para
aprovação na disciplina Estudos Culturais, do 4º
semestre.

Orientador (a): Profa. Eneyle Maria Freitas

Salvador
2016
INTRODUÇÃO

Os Estudos Culturais propõe uma visão plural, e lava em conta a diversidade que cada cultura
apresenta na produção cotidiana de sua história e m tempo e espaço determinados, levando em
consideração as relações interculturais e os desdobramentos políticos na contemporaneidade.
Nesse contexto a diversidade se refere às diferentes características socioculturais que os
indivíduos apresentam: raça etnia, gênero.

A construção da identidade dos individuo está diretamente atrelada à aspectos culturais, uma
vez que a identidade torna cada individuo singular, mas é construída dentro de um contexo
social especifico sendo construída através de um mecanismo de ensino-aprendizagem. Em
interação com o meio, cada indivíduo constrói uma linguagem simbólica e valorativa, isto é a
construção do seu mundo subjetivo, composto por crenças, valores, normas, costumes,
conhecimentos, tendo diferentes posições políticas, religiosas e éticas.

Este trabalho visa aplicar os conceitos da disciplina Estudos Culturais em um caso real,
analisando a carta “Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte” sobre a ótica dos
Estudos Culturais, que quando analisada em uma visão sociocultural se torna dicotômica.
O CASO DA USINA DE BELO MONTE E OS ESTUDOS CULTURAIS

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte já durou pouco mais de duas décadas, o Rio
Xingu possui maior parte do potencial hidroelétrico do país, sendo um dos maiores do mundo,
seguido pela Rússia e Canadá. Toda polêmica em torno do caso é gerada devido ao rio
também abrigar o Parque Indígena Xingu, além de abrigar uma diversidade biológica de
proporções continentais. A construção da usina inevitavelmente afetará todo o bioma de uma
área de milhares de km². (CARNEIRO, 2013)

Existe uma relação de domínio, que utiliza o poder coercitivo, onde o governo alega que a
construção da usina é necessária, porque o Brasil precisa de energia para promover o
crescimento econômico, porém existem controvérsias sobre a viabilidade econômica do
empreendimento, e as consequências a longo e médio prazo, pois a implantação da usina
muda drasticamente as características do Rio Xingu, podendo trazer grandes danos para os
animais e plantas da região.

Diante dos impactos atrelados à construção da usina de Belo Monte gira uma série de
conflitos e discussões de cunho econômico, político, sociológico e ambiental. Essas
discussões não dizem respeito apenas a um ganho econômico ou aproveitamento de um
recurso, é uma discussão muito mais complexa, pois os benefícios gerados para alguns estão
atrelados ao prejuízo de outros. Os principais afetados são os Índios Xingu, que vivem na
região, o local faz parte de sua história, isto é, de sua cultura.

Desde o “descobrimento” do Brasil, os povos indígenas perderam parte de sua cultura, de suas
pertenças, alguns povos deixaram de existir, os portugueses imputaram seus valores, suas
crenças, seus costumes. O Brasil existia a muito tempo antes das excursões portuguesas
chegarem aqui, a história do Brasil remete à uma dominação etnocêntrica, a colonização do
Brasil foi o início da destruição de uma cultura. Eles vestiram, catequizaram, escravizaram,
estupraram e roubaram os índios.

Num país com uma grade diversidade de raças como o Brasil, o convívio multicultural não
deveria ser tão difícil, já que por muito tempo tem passado por um processo de
endoculturação, e adaptação. Não houve e não há uma verdadeira visão relativista cultural, os
índios precisam ser adaptar ao sistema capitalista e não o capitalismo aos índios, uma vez que
a cultura indígena tornou-se obsoleta para mundo moderno.

Pode-se notar que existe grande hegemonia sobre os grupos indígenas desde a época da
colonização, sempre com preponderância de interesses capitalistas, políticos e
desconsiderando os interesses dos verdadeiros donos das terras, os índios. É importante
salientar que nessa relação não existe soberania cultural, uma vez que cultura é a
representação simbólica e histórica de um povo, que cria sua própria linguagem para interagir
com o mundo. “Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que
mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão
crescer com nossa cultura”. (KAYAPÓ; KAYAPÓ; JURUNA, 2010)

Os entraves sobre a construção de Belo Monte, é uma luta pela preservação das florestas, rios,
de uma cultura, e pelo futuro do mundo, segundo afirma as lideranças indígenas que habitam
a região do Xingu:
“Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas
florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados.
Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem
benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro.
Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois
já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o
sangue que une uma família.” (KAYAPÓ; KAYAPÓ; JURUNA, 2010)

O reconhecimento da diferença é essencial para que exista harmonia, uma vez que a igualdade
só existe de um ponto de vista legal, ou deveria existir. É preciso conscientizar os jovens
cidadãos sobre a diversidade cultural, racial, social, de gênero, para que exista um dialogo
com as crenças e valores do outro. Deve-se passar a olhar com respeito a identidade e a
cultura alheia, para que a multiculturidade realmente exista, é necessário dialogar, e chegar a
acordos em que exista um ganho mútuo.
REFERÊNCIAS

KAYAPÓ, Cacique Bet Kamati; KAYAPO , Cacique Raoni; JURUNA, Yakareti. Nós,
indígenas Xingu, não queremos Belo Monte, 2010. Disponível em:
<http://www.ecolnews.com.br/Belo_Monte_manifesto_liderancas_indigenas.html>. Acesso
em: 10 de nov. de 2016.

CARNEIRO, Mauricio A Usina Hidrelétrica de Belo Monte e suas implicações quanto aos
Direitos Fundamentais da população que vive em torno do projeto, 2013. Disponível em:
<https://mauriciocarneiro.jusbrasil.com.br/artigos/113959939/a-usina-hidreletrica-de-belo-
monte-e-suas-implicacoes-quanto-aos-direitos-fundamentais-da-populacao-que-vive-em-
torno-do-projeto>. Acesso em: 10 de nov. de 2016.

LIMA, Álvaro; LEMOS, Daniela de. Nós, indígenas Xingu, não queremos Belo Monte.
Disponível em: <http://www.ufrgs.br/e-psico/subjetivacao/espaco/individuo-
identidade.html>. Acesso em: 10 de nov. de 2016

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