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COMPETÊNCIA AO JUÍZO DO 1º GRAU
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PARECER
1. – Um dos traços salientes da teoria jurídica moderna, particularmente
no campo do direito constitucional, é a importância atribuída aos princípios fundamentais.
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proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência (art 7º - XXXI); proibição de distinção entre trabalho
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (art 7º - XXXII);
igualdade de direitos entre trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso (art. 7º - XXXIV); proibição de se estabelecerem distinções legais entre
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos especificamente na Constituição
(art 12, 2º); vedação de se instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou
função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos (art. 150 - II); igualdade de condições para o acesso e a permanência na
escola (art 206- I).
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alguma utilidade, contra o teor racional do princípio. O termo privilegium, aliás, é uma
contração de lex in privos lata; vale dizer, uma norma para casos particulares.
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(Constituição, art, 1º, parágrafo único). O Poder Executivo não representa o povo, pela boa
razão de que ele é investido de poderes coativos sobre o povo, como o poder de polícia, o
poder tributário ou o pode de expropriação. Não faz o menor sentido lógico afirmar que
alguém conferiu poderes de representação a outrem contra o próprio representado. E é
justamente ao órgão legislativo, como representante do povo, que a Constituição atribui o
poder de defendê-lo perante o Executivo.
Quanto ao Poder Judiciário, cujos membros não são eleitos pelo povo, ele
exorbita claramente de suas funções, se, sob pretexto de interpretar a Constituição e as leis,
decidisse criar sponte própria direito novo. Não é mister grande esforço de raciocínio para
perceber que, se o Poder Judiciário se arrogasse competência para dizer como e por
intermédio de que órgão iria decidir um litígio sobre a aplicação da Constituição e das leis,
os jurisdicionados já não estariam submetidos a elas, mas sim aos próprios tribunais. Por
conseguinte, nesse aleijão de democracia, todo poder emanaria não do povo, mas dos juízes
que o povo não escolheu.
Resposta à Consulta
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Isto posto, passo a responder aos quesitos formulados pela consulente.
Certamente não.
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Os privilégios de foro, como se procurou mostrar no corpo deste parecer,
representam uma exceção ao princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei.
Em conseqüência, tais prerrogativas devem ser entendidas à justa, sem a mais mínima
ampliação do sentido literal da norma. Se o constituinte não se achar autorizado a conceder
a alguém mais do que a consideração da utilidade pública lhe pareceu justificar, na
hipótese, seria intolerável usurpação do intérprete pretender ampliar esse benefício
excepcional.
É o que me parece.