Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
USO DE FERRAMENTAS DA
QUALIDADE NA ANÁLISE DE NÃO
CONFORMIDADES EM UMA
INDÚSTRIA GRÁFICA.
Rodrigo Flavio do Santos Pinheiro (UFPE )
rodrigosantospinheiro@gmail.com
1. Introdução
Atualmente com o cenário de incerteza econômica e política no Brasil, os consumidores estão
cada vez mais exigentes em relação aos preços praticados e a qualidade envolvida, deixando
um pouco de lado questões como marca e benefícios. Com isso, empresas são obrigadas a se
adaptarem e a terem a qualidade de seus produtos e serviços não só como diferencial ou
vantagem competitiva, porém como pré-requisito básico para se manterem ativas, rentáveis e
aceitas no mercado.
Diante desta situação a Gestão da Qualidade torna-se o caminho mais adequado a ser seguido
para que essas metas e requisitos apontadas pelos consumidores possam ser atingidas e
superadas (WERKEMA, 1995). Para isso, a adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ) se torna essencial para guiar o processo de tomada de decisão empresarial e garantir a
sobrevivência das organizações.
No contexto do setor gráfico, uma das maiores dificuldades na implantação da qualidade nas
gráficas diz respeito ao comprometimento de toda a empresa, que deve contar com o apoio
decisivo de todos os integrantes da alta direção. Um único elemento que não tenha se
convencido da necessidade do programa pode colocar tudo a perder, independentemente de
sua importância na gráfica. Segundo Oliveira (1998), o andamento de uma estrutura
organizacional adequada resulta da união dos colaboradores que ali realizam seus serviços, e
só uma equipe unida e delineada consegue alcançar resultados almejados. O modelo de
estrutura precisa atender as necessidades da organização, orientando os colaboradores e
identificando o que cada um deve fazer. Deste modo, o trabalho é executado com êxito e
apresenta bons resultados (SEIFFERT; COSTA, 2007).
Com isso, pretende-se neste artigo apresentar uma análise estruturada, feita junto aos gestores
e a equipe de produção de uma indústria gráfica de médio porte, onde foi avaliado o uso de
ferramentas da qualidade para auxiliar a identificação de fatores que contribuíssem no
comprometimento da qualidade dos produtos e serviços produzidos, afim de elaborar um
plano de ação para combater as potenciais causas e promover a melhoria contínua dentro da
organização. Como foco principal, foi avaliado os retrabalhos e os serviços não conformes
produzidos entre janeiro de 2014 e novembro de 2015.
2. Ferramentas da Qualidade
Ferramentas da Qualidade são técnicas gráficas e específicas na resolução de problemas, que
visam o aumento de produtividade através da remoção das causas dos problemas, produzindo
melhores resultados que processos não estruturados. Tais técnicas, que permitem saber onde
estão os problemas, qual a sua importância relativa e que alterações irão provocar os efeitos
desejados, podem ser divididas em quatro grupos distintos (FEIGENBAUM, et al, 1994):
1. Ferramentas básicas: Fluxograma; Diagrama de Pareto; Diagrama de Ishikawa; Folha
de verificação; Histograma; Diagrama de dispersão; Carta de controle.
2. Ferramentas intermédias: Técnicas de amostragem; Inferência estatística; Métodos não
paramétricos.
3. Ferramentas avançadas: Métodos de Taguchi; Análises multi-variáveis; Análise de
séries temporais; Técnicas de investigação operacional.
4. Ferramentas de planeamento: Desdobramento da Função Qualidade (QFD); Análise
do Tipo e Efeito de Falha (FMEA).
Há também a possibilidade do planejamento e da gestão da qualidade utilizando as Sete
Ferramentas Gerenciais da Qualidade, conforme observado na Tabela 1 abaixo. Estas
ferramentas foram desenvolvidas para solucionar problemas e situações não contempladas
pelos grupos anteriores. Objetivam fornecer aos gerentes e administradores ferramentas que
viabilizem o mapeamento dos problemas da qualidade e o planejamento dos esforços para o
2
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
PDPC / Árvore de
Identificar, avaliar e planejar alternativas atuação
Decisão
Diagrama da Rede de
Atividades / Diagrama de Gerenciar prazos, prioridades e administrar recursos
Flechas
Fonte: Elaborado pelo autor
Desse modo, as Ferramentas da Qualidade foram fundamentais para identificar oportunidades
de melhoria e auxiliar na mensuração dos resultados desse artigo.
3. Dados do Setor Gráfico Brasileiro
A análise setorial a seguir está fundamentada em um estudo econômico realizado pelo
Departamento de Estudos Econômicos (Decon) da Associação Brasileira de Indústria Gráfica
(Abigraf).
De acordo com dados do último estudo econômico realizado pela Abigraf, a indústria gráfica
brasileira conta com mais de 21.000 empresas, empregando mais de 200.000 pessoas nas
cinco regiões do brasil. Uma análise mais detalhada pode ser observada na tabela abaixo.
Tabela 2 – Distribuição do Setor Gráfico no Brasil
NÚMERO DE NÚMERO DE
REGIÃO
ESTABELECIMENTOS COLABORADORES
Norte 787 5.277
Nordeste 3.418 24.370
Sudeste 9.835 130.722
Centro Oeste 1.749 11.420
Sul 4.689 44.312
TOTAL 20.478 216.101
Fonte: Adaptado Abrigraf (2015).
Empresas de micro (0-9 empregados) e pequeno porte (10- 49 empregados) representam 97%
do setor gráfico no Brasil, representando cerca de 20 mil gráficas. Apenas 2,6% das gráficas
são de médio porte (50 a 249 empregados) e somente 0,5% são empresas de grande porte (250
a 1000 empregados).
De acordo com os dados econômicos apresentados pela Abigraf, o setor gráfico no Brasil vem
apresentando uma balança comercial negativa desde o ano de 2007 e o primeiro semestre do
ano de 2015 (Tabela 3), a variação da produção física também apresentou uma tendência de
queda nos anos de 2014 e 2015 (Tabela 4) assim como a produção da indústria gráfica.
3
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
4
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
5
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
6
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
7
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
SETOR Nº DE
% ACUMULADO CUSTOS % ACUMULADO
RESPONSÁVEL RETRABALHO
8
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
9
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
problemas mais importantes e que podem ocasionar maiores danos a empresa, sendo uma
ferramenta de apoio ao planejamento estratégico e de simples implementação.
Tabela 5 – Matriz GUT
G U T
PROBLEMA PRIORIDADE
GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA
Máquina mal programada (problemas de 3 3 3 27
acerto)
Falta de manutenção preventiva 5 4 4 80
Falta de limpeza diária de Máq./Equip. 2 1 2 4
Falta de indicadores de desempenho 3 4 c2 24
Falta de registro e controle de atividades 3 3 3 27
Falta de padrões da qualidade 4 3 3 36
Falta de atenção dos operadores 4 4 4 64
Falta de disciplina 4 3 4 48
Falta de Higiene 2 3 4 24
Nenhum padrão na resolução de 4 3 3 36
problemas
Falta de inspeção (inspeção insuficiente) 2 2 3 12
Falta de espaço 2 3 2 12
Excesso de poeira e sujeira 2 2 2 8
Excesso de Calor 1 2 1 2
Baixa qualidade dos materiais usados 2 2 3 12
Falta de materiais 2 3 3 18
Falta de rastreabilidade dos produtos 2 3 3 18
Estoque não confiável entre o físico e o 2 3 2 12
contábil
Falta de padronização na arrumação dos 2 2 2 8
paletes
Não há registro das ações corretivas 3 3 3 27
Falta de sinalização e informação visuais 2 2 2 8
nos paletes
Fonte: Elaborado pelo autor
4.3.4. Plano de ação
Ordenando em ordem decrescente os elementos da Matriz GUT elaborada, foi identificado 5
prioridades para organização:
1. Falta de manutenção preventiva
2. Falta de padrões da qualidade
3. Falta de atenção dos operadores
4. Falta de disciplina
5. Nenhum padrão na resolução de problemas.
Sabendo-se o que é essencial combater para a mitigação dos retrabalhos das OS, é
fundamental elaborar um plano de ação com prazos e responsáveis. Sendo assim, adaptou-se a
metodologia 5W2H para a obtenção do seguinte plano de ação para empresa MXM:
Tabela 6 – Plano de ação MXM Gráfica
O QUE QUEM ONDE PORQUE COMO
(WHAT) (WHO) (WHERE) (WHY) (HOW)
10
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle e Gestão da Qualidade (No estilo japonês).
FCO/UFMG – Belo Horizonte. 1992.
FEIGENBAUM, A.V. Controle da Qualidade Total, Volume I, Makron Books, São Paulo.
1994.
11
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.
SLACK, N. et al. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo, Editora Atlas, 2002.
12