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Pedidos

Pedido é a providência de tutela jurisdicional solicitada pelo autor ao tribunal ou seja é o objecto da
acção. É, pois, um dos elementos essenciais da petição, havendo, até, por força do princípio da economia
processual, várias modalidades de pedidos.

Porem, podemos dizer que o pedido é um elemento essencial da petição inicial, pois por ele se
estabelecem os limites da sentença, se a acção vier a ser julgada procedente. O pedido deduzido na
conclusão inicial há-de representar o corolário lógico ou concretização dos factos descritos na narração.
Não basta, dizer por que se pede, e necessário dizer o que se quer, devendo, porém haver uma
correspondência entre os fundamentos do pedido e o pedido.

Ex. Num processo de incumprimento de un contrato de compra e venda, o que o autor irá pedir, sendo ele
o vendedor que entregou a coisa mas não recebeu o preço, será a condenação do réu no pagamento da
quantia devida. Art. 879. ͦ c)

O autor pode requerer também a citação do réu para contestar dentro do prazo legal, que seja citado para
confessar ou negar a firma, bem como requerer a citação prévia do réu, ou seja, que a citação preceda a
distribuição, art. 473. ͦ e 478. ,ͦ n. ͦ2 embora a lei (art. 467. ͦ) o não exija.

O valor da acção, a competência do tribunal e a possibilidade de recurso e determinada em face do pedido


concreto formulado pelo autor, no qual , a acção terá um ou outro valor e o tribunal competente será um
ou outro. Toda a causadeve ser atribuído um valor certo, expresso em moeda legal, o qual representa a
utilidade económica imediata do pedido, art. 305. ͦ n. ͦ1

Este pedido deve ser intelígivel, idóneo e preciso. Para além disso, regra geral, o pedido deve ser único
fixo, de prestação líquida e de prestação já vencida, salo os casos de pedidos alternativos (art. 468. ͦ),
pedidos subsidiários (art. 469. ͦ), pedidos cumulativos (art. 470. )ͦ , pedidos genéricos(art. 471. ͦ) e pedido
de prestações vencendas(art. 472. ͦ)

Modalidades do pedido

Existem 5 (cinco) modalidades de pedido, que são:

 Pedidos alternativos
 Pedidos subsidiários
 Pedidos cumulativos
 Pedidos genéricos e
 Pedido de prestações vencendas
Importa salientar que iremos abordar acerca dos pedidos cumulativos. Porém, antes de abordar acerca dos
mesmos existe uma necessidade de explicar em que consiste cada um dos restantes.

Pedidos alternativos

Neste pedido, o autor pede disjuntivamente uma de duas prestações, por isso podemos diver que a sua
base está uma obrigação alternativa, onde o devedor se exonera mediante uma de duas obrigações.

O pedido alternativo contrapõe-se ao pedido fixo, o qual consite em o autor pedir uma determinada
prestação

Ex: O sr. Alberto prometer vender a sra. Joana, funcionária pública, ou o seu apartamento em Inhambane
ou a sua casa em Ressano, se a sra. Joana vier a ser transferida para uma das duas Cidades.

Tratar-se-á de pedido alternativo se, em caso de incumprimento de sr. Alberto, sra. Joana instaurar uma
acção pedido que sr. Alberto seja condenado a entregar um dos imóveis.

Pedidos subsidiários

Pedido subsidiário é o que se apresenta ao tribunal para ser tomado em consideração apenas no caso de
não proceder um pedido anterior, este sim principal. Acresce, porém, que o autor tem como objecttivo o
pedido principal, sendo que só em caso da sua inadmissibilidade é que o tribunal poderá tomar em conta o
segundo pedido.

Ex: Num contracto-promessa, o promitente vendedor para obtercumprimento da sua obrigação tem a
faculdade de exigir a restituição do sinal em dobro ou de requerer a execução específica. Se preferir a
execução específica vai formular esse pedido em primeiro lugar, mas como há situações em que essa
execução específica não é possível, ao formular aquele pedido, e perante a eventualidade do mesmo não
proceder, o autor pode, subsidiariamente, pedir a restituição do sinal em dobro.

Pedido genérico

Os pedidos devem ser feitos de uma forma determinada ou certa e fixa. Porem nem sempre a elementos
para formular um pedido fixo ou certo, por isso se admite, nos casos indicados no n.1 do (art. 471. ͦ), a
formulação de pedidos genéricos.

O caso mais frequente é o das acções de responsabilização por acidentes de viação, em que antes da
determinação concreta dos danos causados

-Uma vez que o lesado não esta ainda em condições de o fazer, porque, encontra-se ainda em tratamento
hospitalar, estão em causa lucros cessantes ou mesmo quando os danos não estão determinados.
O pedido genérico pode ser formulado ainda quando a accao tenha por objecto mediato uma
universalidade de facto ou de direito “art. 471. ,ͦ n. ͦ1, alínea a)”.

No primeiro caso, quer nas universalidades de facto, quer nas universalidades de direito, admite-se um
pedido genérico, devendo em qualquer caso, o autor indicar, da forma mais precisa possível, a referida
universalidade. No segundo caso, havendo necessidade de prestacao de contas, o autor ira formular o
pedido de prestacao de contas e, eventualmente, o pagamento do quantitativo que vier apurar-se nessa
accao.

Pedidos de prestacoes vincendas

A lei admite a condenação em prestações futuras, o que ocorre quando a prestação ainda não esta vencida
art. 472. ͦ. Assim, nos casos de prestações periódicas, se o devedor deixar de pagar algumas das
prestações, o autor pode peticionar a condenação do réu, não só nas prestações vencidas como também
nas que se venceram na pendência da causa e enquanto subsistir a obrigação.

Ex: Num contrato de arrendamento, não querendo o autor (locador despejar o locatário, pode peticionar,
em caso de falta de pagamento da renda, as rendas vencidas, cumulando-as com o pedido de rendas
vincendas.

Pedidos Cumulativos

A Cumulação consiste na apresentação de várias pretensões distintas num mesmo processo.

A cumulação de pedidos corresponde a possibilidade que é reconhecida ao autor, de no mesmo processo


deduzir cumulativamente contra o mesmo réu vários pedidos com o objectivo de que todos sejam
considerados pelo tribunal no seu conjunto. Neste caso o autor pretende que o tribunal os aprecie em
igualdade de circunstancias, sendo que se os considerar procedentes, o réu devera cumpri-los na
totalidade.

Existem três requisitos que devem ser preenchidos para que se possa admitir pedidos cumulativos:

 O primeiro de carácter substancial art. 470. ͦ, n. ͦ1; e


 Outros dois de carácter formal art. 31. ͦ.

Em primeiro lugar, so podem ser cumulados pedidos compatíveis.

Pedidos incompatíveis são aqueles em que os efeitos jurídicos derivados da procedência de cada um deles
também o sejam, ou quando reconhecimento de um excluir a possibilidade de verificação dos restantes.
Ex: Num contrato promessa, o promitente vendedor exige a restituição do sinal em dobro art. 442. ͦ, CC, e
a execução especifica art. 830. ,ͦ CC.

Em segundo lugar, do ponto de vista formal só se pode cumular pedidos a que correspondam formas de
processo idênticas ou mesmo que sendo diversas não sigam uma tramitação manifestamente
incompatível, havendo interesse relevante na cumulação ou quando esta seja indispensável para a justa
compreensão do litigio art. 470. ͦ e 30. ͦ. Não se pode cumular processo especial (despejo) e processo
comum (divorcio litigioso).

O reconhecimento da união de facto (processo comum) e a divisão ou partilha dos bens adquiridos na
constância da união (processo especial), apesar de seguir processos diferentes podem ser cumulados.

Em terceiro lugar, só se podem cumular pedidos quando haja identidade do juízo competente, quando o
tribunal tenha competência absoluta, ou seja, não haja incompetência internacional, em razão da matéria
ou em razão da hierarquia para conhecer todos os pedidos.

Coligação de autores

Na coligacao a igualmente pluralidades de partes, existe também pluralidade de pedidos mesmo que a
causa de pedir não seja a mesma única ou quando os pedidos estejam entre si numa relacao de
dependência. Por via de regra, a coligacao é voluntaria, como resulta da própria redacao do art. 30. .ͦ

Na coligacao ha mais do que uma relacao material controvertida, mais que, por virtude do principio da
economia processual, justifica-se que se instaure uma única accao.

Ex: Imaginemos que de um acidente de viacao sejam provocados danos em mais do que uma pessoa ou
em bens de mais de uma pessoa. Nada impedi que um dos lezados decida instaurar, isoladamente, uma
accao de responsabilidade civil por perdas e danos contra o motorista causador do acidente.

Note se que a causa de pedir (acidente) é a mesma, mais a lei não obriga os lesados a demandarem
conjuntamente o responsável pelo acidente.

Sucede, porem, que em alguns caso, apesar dessa faculdade, a lei ou mesmo o negocio jurídico impões a
coligacao de autores.

Ex. O art. 864. ͦ ( convocacao de credores e do cônjuge do executado) é uma situacao de coligacao
necessária legal.
Ex. Quando dois irmãos, filhos da mesma mãe e do mesmo pretenso pai, instauram a accao de
investigacao de paterniade. Há, ai, causas de pedir diferentes, mas porque a procedências dos pedidos
depende, essencialmente, da interpretacao e aplicacao das mesmas regras de direitos, admite˗se a
coligacao.

A coligacao pressupõe a existência de requisitos substantivos ou de fundo art. 30 ͦ e requisitos processuais


ou de forma art.31 ͦ.

São requesistos substantivos a identidade e unicidade de causa de pedir com pedidos diferentes, a relacao
de dependência dos pedidos, a procedência dos pedidos principais dependem da apreciação dos mesmos
factos, da interpretação e aplicação das mesmas regras de direito ou de clausulas de contratos
perfeitamente análogas.

Para que seja admissível a coligação a lei exige, ainda, que os pedidos não correspondam formas de
processo diferente ou a cumulação não possa ofender regras de competências, salvo se a diversidade da
forma de processo derive unicamente do valor. Aqui temos requisitos de forma.

Deste modo, pode concluir˗se que apenas se pode cumular processos comuns, porque a diversidades das
formas de processo entre o processo comum e o especial não deriva unicamente do valor.

Assim, só pode haver coligação quando haja identidade do juízo competente, quando o tribunal tem a
competência absuluta, ou seja, não haja incopetencia internacional, em razão da matéria ou em razão da
hieraquia para conhecer todos os pedidos.

Porem, a lei, admite coligacao, mesmo que os pedidos correspondam formas de processo idênticas ou
mesmo que sejam diversas não sigam uma tramitacao manifestamente incopativel, havendo interesse
relevante na comulacao ou quando esta seja indispensável para a justa composicao do letigio, (art. 31, n,ͦ
2).

A admissibilidade da coligacao nos termos indicados no numero 2 do art. 31 ͦ é inovacao do DL 1/2005, o


qual estabelece a intervencao do juiz para autorizar a comulacao, sempre que nela haja interesse relevante
ou quando a apreciacao conjunta das prestacoes sejam indispensável para a justa composicao do letigio,
desde que aos pedidos correspondam formas de processo que, embora diversas, não sigam uma
tramitacao manifestamente incompatível. Ocorrendo tais casos, caberá o juiz adaptar o processado a
cumulacao autorizada, o que torna a sua intervencao mais reforçada na regulacao do processo.

No regime anterior ao DL 1/2005, não obstante a verificacao dos requisitos exigidos para a coligacao,
desde que o juiz entendesse preferível que as causas fossem instruídas, discutidas e julgadas em processos
separados, assim o declarava no despacho saneador, ficando o processo sem efeito e obrigado o autor a
instaurar novas accoes dentro de 30 dias, a partir da data em que transitava em julgado a decisão que
ordenou a separacao.

Pelo contrario, actualmente, ojuiz, oficiosamente ou a requerimento ou de algum dos réus, podem,não
obstante a verifcacao dos requisitos para a coligacao quando houver incovenientes grave a que as causas
sejam instruídas, discutidas e julgadas conjuntamente, assim o determinar em despacho fundamentado,
cabendo o autor, no prazo que lhe for fixado indicar o pedidos ou os pedidos que continuarão a ser
apreciados no pr0cesso sob pena de, não o fazendo, ser o réu absolvido da instancia quanto a todos eles.

Do exposto, conclui˗se que no regime anterior o juiz so podia decidir pela separação no despacho
saneador; no novo regime podendo faze˗lo em qualquer estado do processo, mas antes da instrução. Para
alem disso, indica˗se, agora, que a decisão do juiz deve fundamentar˗se num inconveniente grave e
concede˗se ao autor a possibilidade de escolher o pedido ou pedidos que continuarão a ser apreciados,
impondo˗se, em caso do silencio, absolvição do réu da instancia quanto a todos os pedidos.

No entanto, quer no novo regime, quer no anterior regime, os efeitos civis da propositura da acção e da
citação do réu retrotraem a data em que estes factos se produziram no primeiro processo.

Apensação de Impugnação
Apensação

Se houver fundamento para a cumulação de pedidos ou para a coligação de reclamantes nos termos dos
artigos 130 e 131 e o procedimento estiver na mesma fase, os interessados podem requerer a sua
apensação à reclamação apresentada em primeiro lugar.

A Apensação só tem lugar quando não houver prejuízo para a celeridade do procedimento de reclamação.

Impugnabilidade dos actos

Impugnação exprime todo acto de repulsa, contradita, de contestação, praticado contra os actos de parte
contrária, pelos quais se procura anular ou desfazer suas alegações ou pretensões, ou impedir que se
promova acto processual, demonstrado ou julgado injusto.

Sem prejuízo de impugnação das medidas cautelares adoptadas ou de quaisquer outros actos lesivos dos
direitos e interesses legítimos dos sujeitos passivos e demais obrigados tributários, o procedimento de
fiscalização tributária tem um carácter meramente preparatório ou acessório dos actos tributários ou em
matéria tributária.
Para que se deva ordenar a apensação prevista Artigo 131 da Lei 2/2006, de 22 de Março, não basta que
entre os actos impugnados em recursos contenciosos separados exista uma relação de dependência ou
conexão, é ainda necessário que o recorrente pudesse legalmente cumular na mesma petição as
impugnações desses actos, havendo entre esses actos uma relação de prejudicialidade, a lei não impõe a
apensação dos respectivos recursos contenciosos; ocorre então motivo para a suspensão de intância do
recurso do acto dependente até que se decida o recurso respeitante ao acto prejudicial.

A possibilidade de apensação de processos, permite que as causas fiquem unificadas sob o ponto de vista
processual, passando o processo a ser comum a todas elas, com unidade de instrução, de discussão e de
decisão, com vista a assegurar a prossecução dos objectivos que a justificam: a economia de actividade
processual e a coerência ou uniformidade de julgamento.

No momento em que a impugnação da decisão administrativa que aplicou uma sanção relativa a uma
infracção dá entrada em tribunal, conjuntamente com outras respeitantes ao mesmo infractor, ou quando
relativamente a esse infractor já se encontrem pendentes nesse tribunal processos por infracções idênticas,
o juiz deve ordenar a apensação de processos.

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