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1 RESUMO
2 ABSTRACT
Agriculture is an activity in which there is the possibility of using lower quality water and
reuse appears as an alternative for irrigation. However, the negative environmental effects of
reuse must be understood. The objective of the present work was to verify the potential of
groundwater contamination by nitrogen duo to drip irrigation with effluent from domestic
wastewater treatment. Three crop cycles of lettuce cv. Raider were conducted, the first
between October and November 2009, the second in April and May 2010 and the third one in
June and July 2010. The use of effluents was compared with potable water at accumulated
water depths of 98.8 mm for the first, 98.4 mm for the second and 119 mm for the third cycle.
Soil percolate concentrations of nitrate, nitrite and ammonia were studied at 0.25 m and 0.50
3 INTRODUÇÃO
4 MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1. Qualidade das águas de irrigação aplicadas por gotejamento na cultura da alface
americana cv. Raider
Água de
irrigaçã
o Ntotal P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn pH CE
-
....................................................................mg L
1
.................................................... mS
18, 0,1 0,0 8,0 0,0
AP 11,0 10,0 6,0 0 1,0 8,0 9 0 0,05 0,05 0,00 8 9
24, 0,4 0,0 6,6 0,6
EF 45,0 27,0 21,0 0 6,0 17,0 4 0 0,17 0,18 0,05 6 8
AP – água potável; EF - efluente
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 NITRATO
Tabela 2. Valores de nitrato na solução do solo para as profundidades de 0,25 e 0,50m nas
águas de irrigação para o 1º, 2º e 3º ciclo da cultura da alface
1º ciclo
Profundidade 0,25 m 0,50 m F DMS CV%
-1
(mg L )
Efluente 37,09Aa 17,73Ab 31,717** 7,054 35,48
Água potável 45,33Aa 15,81Ab 8,992** 20,198 91,07
F 0,788NS 1,227NS
DMS 19,052 3,542
CV % 63,73 29,12
2º ciclo
Efluente 47,97Bb 67,12Aa 8,480** 13,493 32,32
NS
Água potável 57,25Aa 63,31Aa 0,829 13,649 31,21
F 5,697* 0,480NS
DMS 7,979 11,286
CV % 20,91 23,86
3º ciclo
Efluente 47,97Bb 67,12Aa 8,480** 13,493 32,32
NS
Água potável 57,25Aa 63,31Aa 0,829 13,649 31,21
F 5,697* 0,480NS
DMS 7,979 11,286
CV % 20,91 23,86
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre
si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. * - significativo a 5% de probabilidade.** -
significativo a 1% de probabilidade. NS - não significativo a 5% de probabilidade.
20,80 mg L-1, superior ao permitido para consumo humano. Porém, ao coletar amostra de
água de poço, encontraram concentração de 1,00 mg L-1 de nitrato, muito inferior ao obtido a
0,30m de profundidade e bem abaixo do máximo permitido para consumo humano.
Concluíram que após um ano de irrigação a franja de percolação pode não ter atingido o
lençol, ou o efeito destas concentrações não foram suficientes para alterar a qualidade da
água.
Gloaguen (2006), em parcela irrigada com efluente, encontrou em percolado a 0,125m
concentrações média de nitrato de 100,4 mg L-1 e a 0,626 m 92,9 mg. L-1. Observou que até
1,0m de profundidade as concentrações de nitrato foram superiores para a água residuária,
porém, com valores muito próximos aos da água limpa. Já à profundidade maior que 1,0m a
concentração de nitrato foi maior para água limpa, com valor de 23,7 mg L-1 e para efluente
foi de 11,1 mg L-1. Ao perfurar poços para análise da água do lençol freático, as médias de
nitrato em cinco poços variaram de 4,7 a 17,4 mg.L-1.
No 1º e 2º ciclos os valores de nitrato no percolado de área irrigada com efluente
foram acima do limite para consumo humano e abaixo do máximo para dessedentação animal,
já no 3º ciclo apenas a 0,25m foi inferior para dessedentação, pois a 0,50m foi
aproximadamente 40 mg L-1 maior.
Porém, para abastecimento humano, a concentração de nitrato apresenta uma
preocupação, não apenas para a irrigação com efluente, já que em todos os ciclos da alface e
profundidades de coleta, o percolado da área irrigada com água potável e com efluente
apresentaram concentrações próximas de nitrato, indicando que não houve diferença no risco
de contaminação por irrigação com água potável ou efluente. A única exceção ocorreu no 3º
ciclo a 0,50 m de profundidade, onde os valores para solução da área irrigada com efluente
foram superiores a área irrigada com água potável.
Além disso, os maiores valores de nitrato no percolado de área irrigada com efluente
no 3º ciclo podem ser explicados pela maior lâmina de água aplicada, fornecendo uma
quantidade de nutrientes acima da capacidade de absorção pela cultura, o que fez com que o
excesso fosse lixiviado. Devido a isto, para a utilização de efluente na irrigação, deve-se
realizar o manejo não somente do volume de água a ser aplicado, mas também da quantidade
de nutrientes a ser fornecido juntamente com a água de irrigação.
Ressalta-se que um fator que contribui para a ocorrência de altas concentrações de
nitrato no percolado do solo está no fato de que a cultura da alface absorve quantidades
relativamente pequenas de nutrientes quando comparadas com outras culturas (Katayama,
1993), o que favorece a lixiviação de nitrogênio. Assim, a escolha de uma cultura que absorva
mais nitrogênio pode reduzir o risco de contaminação das águas subterrâneas por nitrato,
quando é realizada a irrigação com efluente do tratamento de esgoto.
Na Figura 1 são apresentadas as variações nas concentrações de nitrato nas quatro
coletas do percolado do solo irrigado com efluente e água potável nos três ciclos.
70 180
Concentração de nitrato (mg.L-1)
Figura 1. Variação na concentração de nitrato no percolado a 0,25 m (a) e a 0,50 m (b) nos
três ciclos para irrigação com água potável e efluente
O nitrato apresentou valor mais elevado no 3º ciclo, sendo que da 1ª para a 2ª coleta o
valor de nitrato aumentou, porém, a partir da 3ª coleta o valor começou a diminuir novamente,
sendo menor na última coleta do que na 2ª e 3ª (Figura 1b). Isto ocorre, pois a alface é
exigente em nutrientes principalmente na fase final do ciclo, sendo que cerca de 80% do total
de nitrogênio extraído é absorvido nas últimas 1, 2 ou 3 semanas do ciclo (Katayama, 1993),
assim, a concentração de nitrato no lixiviado diminuiu nas últimas coletas.
5.2 NITRITO
Tabela 3. Valores de nitrito na solução do solo para as profundidades de 0,25 e 0,50 m nas
águas de irrigação para o 1º , 2º e 3º ciclo da cultura da alface
1º ciclo
Profundidade 0,25 m 0,50 m F DMS CV%
-1
(mg L )
Efluente 0,0301Aa 0,0059Bb 6,962* 0,019 143,79
NS
Água potável 0,0099Ba 0,0167Aa 3,391 0,008 77,88
F 5,062* 7,534*
DMS 0,018 0,008
CV % 126,70 97,92
2º ciclo
Efluente 0,0083Aa 0,0096Aa 0,307NS 0,005 71,38
NS
Água potável 0,0228Aa 0,0569Aa 0,425 0,107 370,97
F 2,524NS 0,866NS
DMS 0,019 0,104
CV % 165,88 432,84
3º ciclo
Efluente 0,0167Aa 0,0119Aa 2,534NS 0,006 58,96
NS
Água potável 0,0156Aa 0,0117Aa 1,480 0,007 67,04
F 0,085NS 0,011NS
DMS 0,007 0,005
CV % 63,73 58,20
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre
si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. * - significativo a 5% de probabilidade.** -
significativo a 1% de probabilidade. NS - não significativo a 5% de probabilidade.
terão suas concentrações reduzidas ao entrarem em contato com um corpo hídrico, devido à
diluição, evidenciando que o nitrito não apresentou preocupação na irrigação com efluente.
5.3 AMÔNIA
Tabela 4. Valores de amônia na solução do solo para as profundidades de 0,25 e 0,50 m nas
águas de irrigação para o 1º , 2º e 3º ciclo da cultura da alface
1º ciclo
Profundidade 0,25 m 0,50 m F DMS CV%
(mg L-1)
Efluente 0,527Aa 0,279Ab 7,328* 0,188 64,36
Água potável 0,310Ba 0,413Aa 0,719NS 0,249 95,15
NS
F 5,029* 1,304
DMS 0,198 0,241
CV % 65,37 96,23
2º ciclo
Efluente 0,323Ba 0,291Aa 0,334NS 0,111 49,83
Água potável 1,832Aa 0,351Ab 5,392* 1,309 165,34
F 5,967* 0,420NS
DMS 1,268 0,188
CV % 162,25 80,71
3º ciclo
Efluente 0,215Ab 0,814Aa 11,160** 0,368 98,55
Água potável 0,299Aa 0,191Ba 3,149NS 0,125 70,26
NS **
F 1,780 10,485
DMS 0,129 0,394
CV % 69,56 108,21
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre
si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. * - significativo a 5% de probabilidade.** -
significativo a 1% de probabilidade. NS - não significativo a 5% de probabilidade.
concentração de amônia de 0,08 mg L-1 e no 2º ciclo, variou entre 0,00 e 0,01 mg L-1. Já para
o efluente, no 1º ciclo, a concentração de amônia ficou entre de 0,01 e 0,24 mg L-1, e no 2º
ficou entre 0,00 e 0,01 mg L-1.
Já Azevedo & Oliveira (2005) observaram valores de amônia mais elevados, em área
irrigada com água de abastecimento a concentração de amônia a 0,40 m variou de 0,00 a 5,27
mg L-1, e para irrigação com efluente de tratamento de esgoto ficou entre 0,13 e 4,83 mg L-1,
superiores aos encontrados no presente trabalho.
Segundo Brasil (2011), para que um efluente possa atingir um corpo hídrico
superficial ou subterrâneo é necessário que possua uma concentração de nitrogênio amoniacal
inferior a 20 mg L-1. Assim, no presente trabalho, a irrigação com efluente não apresentou
risco de contaminação das águas subterrâneas por amônia, pois em todos os ciclos, os valores
de amônia no percolado coletado a 0,25 e a 0,50m de profundidade foram inferiores ao valor
máximo permitido.
6 CONCLUSÕES
Não houve risco de contaminação das águas subterrâneas por nitrito e amônia devido à
irrigação com efluente.
O nitrato apresentou preocupação, porém com concentrações próximas tanto para o
efluente como para a água potável.
Para a utilização de efluente na irrigação, deve-se realizar o manejo não somente do
volume de água a ser aplicado, mas também da quantidade de nutrientes a ser fornecido
juntamente com a água de irrigação.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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