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VITÓRIA
2010
LEONARDO FERREIRA GUIMARÃES
VITÓRIA
2010
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SUMÁRIO
1. .JUSTIFICATIVA...............................................................................................................3
2. .OBJETIVOS...................................................................................................................10
2.1. OBJETIVO GERAL........................................................................................................10
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................................10
1. .METODOLOGIA............................................................................................................11
3. .ESTRUTURA................................................................................................................12
4. .CRONOGRAMA............................................................................................................12
5. .REFERÊNCIAS..............................................................................................................13
1. JUSTIFICATIVA
Dessa forma, parece não haver espaço para compreensões tidas como
“ultrapassadas”, que se envolvem com a reprodução em escala ampliada do valor
como a forma da reprodução social. Torna-se necessário, em caráter de urgência,
resgatar as compreensões teóricas mais profundas, realizadas por Marx, do lato
papel do trabalho como estrutura central da existência social-histórica da
humanidade. E, decorrente das formas imanentes que revestem o trabalho de
historicidade, resgatar a centralidade da relação-valor como forma privilegiada de
explicar os andamentos do capitalismo contemporâneo. repetindoDessa forma
busco busca-se justificar a necessidade de trabalhar essa questão, nos termos que
serão explicitados adiante.
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“nesse momento em que o trabalho abstrato parece não ser mais base da determinação do valor na
produção capitalista [e que o próprio valor aparenta não ser mais base da produção, posto que sua
magnitude é constituída de tempo de trabalho abstrato /LG] – as inflexões sobre a
contemporaneidade pendem: ora para a afirmação plena da complexidade do trabalho humano, em
especial, através de suas dimensões de criatividade e conhecimento como base atual para a
produção do valor, ora a substituição do “trabalho” pelo “lazer ou ócio” [o dito ócio criativo /LG],
enquanto categoria central na compreensão da sociabilidade atual.” (Dissertação Eliane, p.38)
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Um complexo categorial é aqui um dado conjunto de categorias utilizado como reflexo
de um existente. O que deve ser bem marcado como traço inerente à dialética
materialista no que tange a compreensão de um complexo categorial é a necessidade de
que: 1) não haja somente uma única categoria para lidar com uma unidade de
fenômenos, posto que, por mais que exista uma totalidade capaz de “unificar” os
múltiplos momentos individuais, existem ainda as formas particulares nas quais esta
totalidade se expressa no individual concreto. Para as distintas formas particulares de um
dado universal abstrato existem os distintos componentes que integram o complexo; 2)
Cada categoria singular do complexo se relaciona intrinsecamente com todas as outras
em relações de auto-determinação. Daí é possível entender a afirmação marxista: O todo
social é um complexo de complexos.
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Essa “atividade humana” é o ponto tratado por Lukács como a ontologia do ser
social em Marx. Ou seja, aquilo que distingue o gênero humano das outras formas
de ser3, que constui, assim, sua ontologia4,
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Nomeadamente, distingue o ser social do ser orgânico (a vida de uma forma geral, animais e
plantas) e do ser inorgânico.
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Aqui a palavra ontologia poderia ser decomposta como o logos de um ser (ontos), ou seja o
discurso ou lógica que reflete, no âmbito do pensamento, algo que se reproduz na realidade efetiva
dos fatos cotidianos. Dessa forma, dizer que o trabalho é a ontologia do ser social é o mesmo que
dizer que ele é a forma de refletir no plano das categorias aquilo que define o homem enquanto tal na
sua existência de fato.
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A nomenclatura “Jovem Marx” é aqui utilizada compreendendo as obras que vão de
1841 até 1850 – da “Crítica à filosofia do Direito de Hegel” até “As Lutas de Classe na
França”.
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Aqui, através do exemplo mais simples possível, uma troca simples, ou escambo,
pode-se perceber que deve existir algo que torne possibilite pensar em relações
quantitativas entre mercadorias, algo que as unifique, que faça com possam ser
trocadas como coisas iguais, mesmo que tenham diferentes utilidades, formas ou
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Cabe lembrar que dizer que a criação de coisas objetivas ou sensíveis não exclui qualquer forma de
“imaterialidade” de coisas como softwares ou literatura, ambos podem ser percebidos pelos sentidos
e existem objetivamente.
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O ser em si é todo aquele ser que existe; ser social, ser orgânico e ser inorgânico são formas de ser
em si. O ser para si é a forma de ser que adquire uma consciência de si própria, da sua existência no
mundo e essa consciência só pode existir a partir do momento em que esse ser se exterioriza em
uma ação e se vê nessa ação exteriorizada. Daí o sentido de podermos dizer que o trabalho e a
atividade objetiva transformam o homem em ser para si, posto que ele ganha existência num objeto
exterior no qual ele pode se perceber.
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Deixando de lado então o valor de uso dos corpos das mercadorias, resta a
elas apenas uma propriedade, que é a de serem produtos do trabalho.
Entretanto, o produto do trabalho também já se transformou em nossas
mãos. Se abstraímos o seu valor de uso, abstraímos também os
componentes e formas corpóreas que fazem dele valor de uso. Deixa já de
ser mesa ou casa ou fio ou qualquer outra coisa útil. Todas as suas
qualidades sensoriais se apagaram. Também já não é o produto do trabalho
do marceneiro ou do pedreiro ou do fiandeiro ou de qualquer outro trabalho
produtivo determinado. Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do
trabalho, desaparece o caráter útil dos trabalhos neles representados, e
desaparecem também, portanto, as diferentes formas concretas desses
trabalhos, que deixam de diferenciar-se um do outro para reduzir-se em sua
totalidade a igual trabalho humano, a trabalho humano abstrato. (Op. Cit.,
pp.167-168)
Como o método de Marx não pode ser percebido como algo pronto e acabado, mas,
pelo contrário, é algo que somente se mostra em contato com seu objeto de
análise9, pode-se extrair do procedimento anterior uma boa carga de método
dialético-materialista, relevante para análise a ser feita aqui. Partindo da aparência,
dos fenômenos de uma relação de troca simples, surge uma compreensão das
relações causais, e, a partir delas, de um elemento unificador, uma categoria da
totalidade: o valor. Resumindo essa constatação: em uma relação de troca se
percebe a obliteração dos valores de uso concretos e a predominância de uma
relação quantitativa, o valor de troca, mas, esse valor de troca que iguala as
mercadorias deve ser algo que existe em uma substância comum, algo não
intrínseco a cada mercadoria como característica física sua, esse elemento é o
valor.
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Mais à frente, ainda no primeiro capítulo, Marx demonstrará que para haver troca é necessária a
diferença existente nos valores de uso das mercadorias. Simplificadamente, para haver troca deve
haver igualdade quantitativa no valor de troca e diferença qualitativa no valor de uso. (Op. Cit., p.171)
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Para compreender a imanência do método de Marx, ou seja, como ele é um método
que existe a partir de seu objeto social e histórico, recomendo consultar o minicurso
apresentado por José Paulo Neto “O Método de Marx”. Ele mostra – de forma bastante
clara e em contraposição à autores que buscam um método marxista que seja aplicável
em todos os objetos – que o método marxiano é o próprio método de análise científica do
capital. Este trabalho pode ser encontrado em: http://www.cristinapaniago.com/jos
%C3%A9_p_netto_-_curso_o_m%C3%A9todo_em_marx_-
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Cabe notar a distinção que Marx faz entre o processo de trabalho concreto, produtor
de valores de uso e inerente a todas as formas de existência social, e o processo de
valorização, existente no capitalismo, no qual o trabalho abstrato é o simples
consumo produtivo da força de trabalho com fins à gerar mercadorias banhadas de
mais valia:
Neste caso fica claro que Marx nunca deixou de considerar o papel central dos
valores de uso e, por causa disso, nunca se esqueceu do papel necessário para a
existência social o trabalho concreto, eles estão diretamente relacionados e são
inseparáveis. O interessante é que essa discussão sobre como o trabalho concreto e
abstrato, valor de uso e valor, existem em uma unidade dialética surgiu em resposta
aos economistas vulgares, em parte advogados da teoria do valor utilidade. Com
essa discussão Marx demonstra que valor de uso é essencial à vida, mas o valor é,
sempre será, essencial ao capital, enquanto ele existir. Dessa forma, o pós-
marxismo que advoga, a partir de Marx, que hoje o capitalismo sobrevive sem a
exploração do trabalho abstrato, deve ter se esquecido de ler algumas seções d’O
Capital, como essa exposta anteriormente.
Ainda pode haver dúvida, como houve na época de Marx, se o valor é realmente
necessário para a reprodução do capital ou se é, tão somente, um recurso lógico, ou
uma excentricidade metafísica. Principalmente se é observado que os capitalistas
individuais estão em busca de lucro, não de mais valia. Ou que a taxa média de
lucro se relaciona mais com os preços de produção do que com alguma entidade
metafísica como o valor. Quanto a isso Engels responde, após a morte de Marx e o
lançamento do livro III de O Capital:
Tanto Sombart como Schmidt [...] não consideram suficientemente a
circunstância de se tratar aí [nessa polêmica sobre o espaço na economia
real da lei do valor /LG] não só de um processo puramente lógico, mas
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2. OBJETIVOS
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3. METODOLOGIA
4. ESTRUTURA
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5. CRONOGRAMA
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6. REFERÊNCIAS
_______. Per una Ontologia dell´Essere Sociale. Roma: Ed. Riuniti, 1981, v. 1 e 2.
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