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RESUMO: Por meio da tese de que os "Sermões" tem uma finalidade educativa, busca-
se neste trabalho estabelecer uma relação entre o discurso do Padre Antônio Vieira e
os princípios da "Escola Ibérica da Paz", dos catedráticos das universidades ibéricas,
de missionários jesuítas dentre outros que compactuavam com a doutrina da Segunda
Escolástica Ibérica. Unidade doutrinária que é evidenciada pelo acervo literário das
universidades em questão, sendo que é notória a presença de livros oriundos de outras
instituições da península, o que demonstra uma dinâmica de troca de saberes e ideias
entre os mestres ibéricos. Nas ideias de Vieira é possível perceber elementos
fortemente similares ao que, o também jesuíta, Francisco Suarez, catedrático em
Coimbra, teorizou. Em um primeiro momento, busca-se destacar a doutrina da teologia
ibérica naquele instante e inserir, historicamente, Vieira dentro deste contexto.
Apresentando alguns de seus mais notáveis sermões, evidencia-se o seu interesse e
sua capacidade em transmitir valores e moldar uma nova mentalidade para os seus
ouvintes fieis. Considerando a disputa que existe em torno da definição do que significa
Padre Antônio Vieira para a História luso-brasileira busca-se utilizar de uma perspectiva
historiográfica que o considere enquanto um homem inserido em uma sociedade em
determinado tempo e espaço, o que consequentemente influencia na sua forma de ver
e lidar com o mundo. A partir desta constatação pode-se buscar compreender a
dimensão do trabalho de Vieira e sua posição enquanto educador.
1. Considerações iniciais
Padre Antônio Vieira foi um pensador, teórico e clérigo cuja no decorrer
do tempo tem gerado frequentes debates acerca de sua perspectiva sobre os
mais variados temas, sobretudo no que diz respeito ao seu papel na História,
enquanto herói ou vilão.16 Ilustra bem esta complicada questão as reações frente
à inauguração de uma estátua do notável Padre, em Lisboa17, o que gerou
14Bacharelando em História pela Universidade Federal de São João del Rei e pesquisador bolsista do CNPq no projeto
"Resistência Ameríndia: entre a Escola Ibérica da Paz e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.”
E-mail: adelmojsfilho@gmail.com
15 Doutor em Filosofia, Professor titular no Departamento de Filosofia e Método da Universidade Federal de São João
del Rei.
E-mail: adelmojs@ufsj.edu.br
16 BARRIO, J. M. D. Portugal é forçado a encarar seu passado escravagista. El Pais, 2017. Disponivel em:
18 https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/10/internacional/1507633783_573708.html
19 MENDES, V. Consciência Negra: 'Escravidão é o assunto mais importante da história brasileira', diz
Laurentino Gomes após percorrer África para trilogia. BBC Brasil, 2018. Disponivel em:
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46229943>. Acesso em: 2 fevereiro 2019.
20JOSÉ, E. Antônio Vieira e o doce inferno dos negros. Carta Capital, 2017. Disponivel em:
isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado
de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que,
enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e paixões,
a virtude encontra e escolhe o meio-termo.” (ARISTOTELES, 1991, p. 32)
25 25 Corpus Hispanorum de Pace, direção de Luciano Pereña, edição do Consejo Superior de
Investigaciones Científicas, 28 volumes, Madrid 1963/201 Corpus Hispanorum de Pace, direção de Luciano
Pereña, edição do Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 28 volumes, Madrid 1963/2012.
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26 Escuela Ibérica de La Paz/Escola ibérica da Paz, Pedro Calafate, Editora da Universidad de Cantabria,
1 edição, Cantabria 2014.
27 NATÁRIO, C. Breve perspectiva sobre António Vieira à luz da sua mundividência. Revista Saberes
para afirmar o direito como “a razão, que, reta, é o único critério de verdade reservado ao homem dentro
de suas possibilidades” - OTHON SIDOU, José Maria. Dicionário Jurídico: Academia Brasileira de Letras
Jurídicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. p. 723.
29 AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. v. I, parte I. 2 ed. São Paulo: Edições
Historical Recovery of the Human Person as Subject of the Law of Nations, in Human Rights, Democracy
and the Rule of Law, Liber Amicorum L. Wildhaber (eds. S. Breitenmoser et alii), Zürich/Baden-Baden,
Dike/Nomos, 2007, p. 151.
31 Pesquisador pioneiro na organização e publicação dos trabalhos da “Escola Ibérica da Paz” (“Escuela
33 CALAFATE, Pedro, LOUREIRO, Silvia Maria. A Escola Peninsular da Paz: A contribuição da vertente
portuguesa em prol da construção de um novo direito das gentes para o século XXI. Revista do Instituto
Brasileiro de Direitos Humanos, Fortaleza, v. 13, p. 262-283, 2013, p. 266
34 SANTOS, B. M. D. Os Jesuítas no Maranhão e Grão-Pará Seiscentista: Uma Análise Sobre os Escritos
dos Protagonistas da Missão. Universidade Federal de Juiz de Fora Doutorado em Ciência da Religião, Juiz
de Fora, 2013, p. 85.
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35VIEIRA, A. Sermão das Armas de Portugal contra as de Holanda. In: Obras Completas do Padre António
Vieira. Porto: Lello Irmao, v. 5, 1959.
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fique do lado português e que a Holanda seja derrotada. Por meio do mesmo
discurso incitava o povo a resistir e a lutar.
Ainda em 1940, na Igreja do Colégio da Bahia, prega o “Sermão de
acção de Graças” pelas vitorias obtidas no fim daquele ano.
No ano seguinte, ocorre a restauração portuguesa, e Padre Antônio
Vieira parte para Portugal para felicitar Dom João IV pela sua ascensão ao trono,
onde defende a necessidade do reino de admitir os judeus mercadores que
vagavam pela Europa.
A partir deste momento Vieira ascende na hierarquia do poder em
Portugal, chegando, em 1646, ao cargo de embaixador. E neste mesmo ano, o
sermão de 1642 (“Sermão de Santo Antônio”) é traduzido para o flamenco, sendo
a mais antiga tradução de um texto seu.
Vieira tinha uma concepção de que os portugueses eram naturalmente
conquistadores e pregadores do evangelho. Porém, vale salientar que estava
este ligado a uma vertente filosófica, a da Segunda Escolástica Ibérica, em que
a coexistência pacifica entre os povos era um princípio em desenvolvimento.
Ainda que afirmando tal predisposição dos portugueses, jamais sustentaria a
tese de uma guerra de conquista.36
Neste período, constantemente em seus sermões, defende a causa dos
judeus, bem como o faz por outros meios, por cartas como “Proposta a El-Rei D.
João IV” de 1641 e 1643. Devido a seus intensos contatos com a comunidade
judaica, é denunciado a inquisição por um outro jesuíta, Marim Leitão em 1649.37
Apesar de tal denuncia, Vieira mantem-se em seu trabalho diplomático,
e em 1652, negocia em Amsterdã um exilio para judeus portugueses ali
refugiados, o que faz com que a inquisição tenha maior hostilidade para com ele.
É importante ressaltar que, apesar de em comparação com a inquisição
espanhola, os tribunais do santo oficio em Portugal tiveram uma grande atuação,
sobretudo na perseguição aos judeus e cristãos novos.38
Em termos educativos, Padre Antônio Vieira assume de forma vigorosa
a defesa dos princípios da Segunda Escolástica Ibérica, e a faz, especialmente,
por meio de seus sermões. Vieira assume uma posição pública e enfática pelo
fim da perseguição aos judeus e cristãos novos e contra os desejos
escravagistas.
Talvez seja uma de suas mais belas obras o “Sermão de Santo António
aos Peixes”, pregado em São Luís do Maranhão, em 13 de junho de 1654, após
atritos ocorridos entre colonos e jesuítas acerca da escravidão. Trata-se de um
verdadeiro manifesto à justiça, utilizando-se de sátira e metáfora, figuras de
linguagem muito bem dominadas por Vieira.
Inicialmente, o brilhante Padre utiliza-se do “conceito predicável”39, um
instrumento vastamente utilizado por vieira e com inédita habilidade,
36 VIEIRA, A. Sermão da Primeira Dominga de Quaresma. Porto: Lello & Irmão, v. III, 1945. p. 24.
37 COELHO, A. M. Razão de Estado e o Pensamento Político de Antônio Vieira: O Empenho de Antônio
Vieira. Lua Nova, São Paulo, n. 59, 2003. p. 116.
38 KAYSERLING, M. História dos Judeus em Portugal. São Paulo: Pioneira, 1971. p. 72.
39 conceito predicável in Artigos de apoio Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2019. Disponível na Internet:
40 LEDESMA, Martín de, 1550, Secunda Quartae, Coimbra. Nova edição em Pedro Calafate, 2015, A Escola Ibérica
da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora, séculos XVI e XVII, tradução e seleção de textos de Leonel Ribeiro dos
Santos Coimbra, Almedina, vol. II, p. 193 a 201, p. 223. (Questão 62 e os artigos 1, 2, 7 e 8 da questão 66, na segunda
seção da Segunda Parte da Suma Teológica.)
41 “Porque sendo regida diretamente por Deus mediante o direito natural, é livre e dona de si. Esta liberdade não exclui
o poder de governar-se a si mesma e de mandar em seus membros, senão que a inclui, mas exclui a sujeição [do Estado]
a outro homem enquanto dependa apenas do direito natural. Pois a nenhum homem Deus outorgou imediatamente
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semelhante poder, enquanto não seja trasladado a um indivíduo por meio de uma instituição e eleição humana.”
(SUAREZ, 1965)
42 SCHWARTZ, S. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras,
2005. p. 215.
43 MENEZES, S. L. Escravidão e Educação nos escritos de Antônio Vieira e Jorge Benci. Diálogos, Maringá, v. 10, n.
3, p. 215-228, 2006.
44 De Iustitia et Iure, tomo I, Liv. I, disp. XXXII, Cuenca, 1593, Luis de Molina.
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que “não se justifica o mal para obter o bem”45 pois “todos os homens foram
criados livres por Deus”46.
Assim sendo, por mais que Vieira tenha sido influenciado pela estrutura
socioeconômica naquele momento, e pela quase total inexistência de noção
abolicionista em todo o mundo, inclusive na África e entre os nativos do Brasil,
este também foi, naturalmente, influenciado pelas ideias dos teóricos ibéricos.
Por uma perspectiva logica, sendo Vieira parte desta escola de
pensamento tende-se a desacreditar a concepção de que ele praticava uma
“pedagogia da escravidão”47 em seus Sermões. Tal afirmação se fundamenta em
grande parte pelas “contradições” observáveis no discurso de Vieira, embora isto
por si só não possa sustentar o descrédito a sua postura antagônica à
escravidão. Tendo em vista que, como qualquer sujeito na história, se comporta
de acordo com a circunstância em que vive, podendo adotar posturas adequadas
a cada uma delas, é algo natural, que não o torna equivocado ou hipócrita.
Vieira, evidentemente em seus Sermões, do ponto de vista educativo,
pregava mudanças profundas nas mentalidades, considerando a liberdade
enquanto o maior valor. Neste sentido defendeu os indígenas, os judeus,
cristãos-novos, insistindo na necessidade de mudança e atacando as injustiças
(NATÁRIO, 2011).
Destacado orador, algo que aparenta ser um consenso entre os
estudiosos, Vieira pode exercer um processo educativo eficiente, graças a seu
conhecimento de várias línguas, e pelo contato com os valores que ecoavam
naquele tempo dentre os catedráticos e clérigos ibéricos. Transmitiu esta
educação aos seus fiéis ouvintes, agradando os que estavam aptos a ouvir
(Como demonstrado no “Sermão de santo Antônio aos peixes”), e gerando
desconforto nos que exerciam o poder pela injustiça, o que ocasionou a
perseguição que sofreu e pela inquisição. Afirma Vieira:
Se quando os ouvintes percebem os nossos conceitos, têm
diante dos olhos as nossas manchas, como hão de conceber
virtudes? Se a minha vida é apologia contra a minha doutrina, se
as minhas palavras vão já refutadas nas minhas obras, se uma
coisa é o semeador e outra o que semeia, como há de fazer
fruto? (VIEIRA, 1945. p. 15)
Para vieira, os princípios educam, sendo assim, torna-se possível formar
valores e transformar o conjunto da sociedade a partir da exteriorização da
doutrina. E para tal deve a pregação ser destinada não somente a Deus, mas de
modo que agrade e transforme o homem.
45 A Escola Ibérica da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora (Século XVI) Volume I, direção Pedro Calafate,
Almedina, Lisboa, 2015. Pág. 21.
46 Ibidem.
47 JR., A. F. A pedagogia da escravidão nos Sermões. Estudos, Brasilia, v. 84. 2003. p. 43-53
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48 VIEIRA, Antônio, “Voto sobre as dúvidas dos moradores de São Paulo acerca da administração dos
índios” (1694), in Escritos sobre os Índios, coord. Ricardo Ventura, Obra Completa, dir. José Eduardo
Franco e Pedro Calafate, Lisboa, Círculo de leitores, t. IV, vol. III, 2014, p 276-286.
49 VIEIRA, A. Sermão de Santo Antônio. Lisboa: Presença, 1998, p.64.
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Abstract: By means of the thesis that the "Sermons" have an educational purpose, it is
sought in this work to establish the relation between the discourse of Father Antonio
Vieira and the principles of the "Iberian School of Peace", the professors of the Iberian
universities, Jesuit missionaries and others that were compatible with the doctrine of the
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second Iberian scholasticism. A doctrinal unit that is evidenced by the literary collection
of the universities in question, and the presence of books of other institutions of the
peninsula, which demonstrates to dynamic of exchange of knowledge and ideas among
the Iberian masters. In Vieira's ideas it is possible to perceive strongly similar elements
to what the Jesuit Francisco Suarez, to professor in Coimbra, theorized. At first, it seeks
to highlight the doctrine of Iberian theology at that time and historically insert Vieira within
this context. Presenting some of his most remarkable sermons is evidence of his interest
and ability to convey values and shape a new mentality for his faithful listeners.
Considering the dispute that exists around the definition of what Father Antônio Vieira
means for Luso-Brazilian history, it is sought to use a historiographic perspective that
considers him as a man inserted in a society in a certain time and space, which
consequently influences in the their way of seeing and dealing with the world its relacted
with this condition. From this observation one can seek to understand the dimension of
Vieira's work and his position as an educator.