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STF decide que Estados e municípios têm autonomia para impôr isolamento Page 1 of 2

STF decide que Estados e municípios têm autonomia para impôr


isolamento

© Rosinei Coutinho/SCO/STF O presidente do STF, Dias Toffoli.


Ministro comandou julgamento direto do Plenário

O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) acolheu nesta 4ª feira (15.abr.2020), por unanimidade, ação apresentada pelo PDT contra
vários dispositivos da Medida Provisória 926 de 2020, que atribuiu à Presidência da República a centralização das prerrogativas de iso-
lamento, quarentena, interdição de locomoção e de serviços públicos e atividades essenciais durante a pandemia.

Os autores da ação alegaram que a MP esvazia a competência e a responsabilidade constitucional de Estados e municípios para executar
medidas sanitárias, epidemiológicas e administrativas relacionadas ao combate ao novo coronavírus.

Em março, o ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, concedeu liminar (decisão provisória) para reforçar que tanto União como
Estados e municípios têm competência para legislar sobre medidas de saúde. No entendimento dele, governadores e prefeitos podem
estabelecer regras de isolamento, quarentena e restrição de transporte e trânsito em rodovias e portos.

Marco Aurélio, aceitou em parte a ação do partido. Segundo ele, a redistribuição de atribuições feita pela MP não afasta a competência
concorrente dos entes federativos, nem a tomada de providências normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e
pelos municípios. Eis a íntegra (190 KB) da decisão.

No julgamento, o ministro Alexandre de Moraes disse que não é possível que a União queira ter o monopólio da condução administrativa
da pandemia nos mais de 5 mil municípios, e que “isso é absolutamente irrazoável”. Mas ponderou: “[assim] como não é possível que os
municípios se tornem repúblicas autônomas dentro do Brasil, fechando seus limites geográficos, impedindo entrada de serviços essenciais.
A Constituição estabelece a divisão de competências a partir da cooperação de interesses”, afirmou o ministro mais novo do Supremo.

O ministro Edson Fachin vai além. Na sessão, defendeu que Estados e municípios podem, inclusive, estabelecer quais são as atividades
essenciais, aquelas atividades que não sofrem restrições de funcionamento durante a crise. Ele afirmou que a atuação do governo fede-
ral deve seguir parâmetros, inclusive, internacionais. “As regras constitucionais não servem apenas para proteger a liberdade individual,
mas também o exercício da racionalidade coletiva, isto é, da capacidade de coordenar as ações de forma eficiente”, afirmou.

O ministro Gilmar Mendes, que acompanhou o ministro relator Marco Aurélio, enalteceu o papel dos governadores nas ações relaciona-
das à pandemia. “Os governadores passam a ter voz nessa sistemática e isso é positivo e constitucional”.

Para a ministra Rosa Weber, a saúde é uma competência comum administrativa e que “cabe ao Brasil valer-se da estrita federalização
para evitar o caos”.

O ministro Luís Roberto Barroso se declarou impedido de participar do julgamento “por motivo de foro íntimo”.

https://www.msn.com/pt-br/noticias/justica/stf-decide-que-estados-e-munic%c3%adpios-t%c… 16/04/2020
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STF moderador
O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, comandou o julgamento desta 4ª feira (15.abr) diretamente do plenário. Foi a 1ª vez na histó-
ria que a Suprema Corte realiza 1 debate por videoconferência e vai trabalhar desta forma enquanto durar a pandemia.

O formato dos debates –que podem ser acompanhados também pelo canal do Youtube do Poder360– foi aprovado em sessão adminis-
trativa da Corte e teve suas regras estabelecidas pela Resolução 672 de 2020.

Toffoli destacou o papel da Corte de moderadora e garantidora da harmonia entre os Poderes. Em fala de 20 minutos, o ministro tam-
bém agradeceu aos profissionais da saúde, de serviços essenciais e pesquisadores científicos pelo trabalho que têm desempenhado no
combate à pandemia da Covid-19. Toffoli destacou que a pauta do STF foi alterada para priorizar os processos relacionados ao novo
coronavírus.

© SCO/STF O ministro Gilmar Mendes na sessão desta 4ª feira


(15.abr). Gilmar foi o único ministro, além do presidente, Dias Toffoli, a participar do julgamento na sede da Suprema Corte

Próximo julgamento
Na 5ª feira (16.abr), também a partir das 14h, a Suprema Corte decide sobre outra decisão de Moraes. O ministro negou pedido do
governo para que sejam suspensos os prazos de validade das medidas provisórias por causa do estado de calamidade pública no país.

Ainda na 5ª feira, a pauta inclui as ADIs (ações diretas de inconstitucionalidade) 6347, 6351 e 6353, que discutem dispositivo da MP
(Medida Provisória) 928 de 2020 que muda as regras dos pedidos de acesso à informação de órgãos públicos. A MP 928 determina que
ficarão livres de prazo para responder a pedidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) os órgãos da administração pública cujos servido-
res estejam em regime de quarentena ou de home office devido à pandemia.

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https://www.msn.com/pt-br/noticias/justica/stf-decide-que-estados-e-munic%c3%adpios-t%c… 16/04/2020

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