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Conhecimentos Aplicados ao Oficial de Justiça Avaliador

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

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SUMÁRIO

1. CRIME DE PREVARICAÇÃO .......................................................................................... 3


2. RESISTÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA ................................................................................. 4
3. DESACATO ................................................................................................................... 5

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1. CRIME DE PREVARICAÇÃO
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

O crime de prevaricação está previsto no seu edital.


É importante destacar a forma pela qual a banca cobra dos candidatos sobre este
tema, em que o Professor esclarece que geralmente não é cobrado conforme a literalidade
da lei em si, sendo cobrado pelo examinador de modo a tentar confundir o candidato com
um outro crime, denominado de corrupção passiva privilegiada.
Geralmente, quando o examinador cobra a prevaricação nas provas, é lançado um
caso para o candidato, de modo que o faça confundir com o crime de corrupção passiva
privilegiada.
➢ Então, qual é a diferença entre esses dois crimes?

Crimes: PREVARICAÇÃO CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA


Art. 319 - Retardar ou deixar de Art. 317 [...] § 2º - Se o funcionário
CÓDIGO PENAL
praticar, indevidamente, ato de pratica, deixa de praticar ou retarda ato
ofício, ou praticá-lo contra de ofício, com infração de dever
disposição expressa de lei, para funcional, cedendo a pedido ou
satisfazer interesse ou influência de outrem:
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um
PENA Pena - detenção, de três meses
ano, ou multa.
a um ano, e multa.

CARACTERIZAÇÃO a) Apenas a omissão não é a) Apenas a omissão não é forma


forma exclusiva de exclusiva de caracterização da
caracterização da prevaricação, prevaricação, alguém pode fazer algo e
alguém pode fazer algo e responder por prevaricação;
responder por prevaricação;
b) Praticar, omitir, retardar um b) Praticar, omitir, retardar um ato de
ato de ofício (ato de suas ofício (ato de suas atribuições);
atribuições);
Cedendo a PEDIDO ou INFLUÊNCIA de
MOTIVO Para SATISFAZER INTERESSE ou
OUTREM.
SENTIMENTO PESSOAL.

SUJEITO PASSIVO Administração Pública Administração Pública

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SUJEITO ATIVO Funcionário Público Funcionário Público

Na prova, o candidato deverá estar atento, pois o examinador irá abordar o tema em
um caso concreto, com o exemplo de um funcionário que está retardando, omitindo-se,
praticando, ato de ofício, e, mostrando o porque, motivo pelo qual o funcionário está
praticando aquele ato. Neste caso, o candidato deverá prestar atenção pois, se agente
estiver cometendo o ilícito para satisfação de interesse pessoal, é prevaricação, no entanto,
caso o examinador não coloque nada a respeito de interesse pessoal, e, configure que o
funcionário está cedendo a pedido ou influência de outrem, estará configurado o crime de
corrupção passiva privilegiada.

2. RESISTÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA
Enquanto os crimes de prevaricação e corrupção passiva privilegiada são crimes
praticados pelo funcionário público contra a própria administração pública, crimes
funcionais, aqui na Resistência e Desobediência são crimes contra a administração pública,
contudo, o sujeito ativo é particular que resiste ou desobedece a ordem de funcionário
público.

CRIME RESISTÊNCIA DESOBEDIÊNCIA


Art. 329 - Opor-se à execução Art. 330 - Desobedecer a
CÓDIGO PENAL
de ato legal, mediante ordem legal de
violência ou ameaça a funcionário público:
funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois Pena - detenção, de
PENA
meses a dois anos. quinze dias a seis meses,
e multa.
§ 1º - Se o ato, em razão da
FORMA QUALIFICADA Não tem
resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três


anos.

§ 2º - As penas deste artigo


são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à
violência.
SUJEITO PASSIVO Administração Pública Administração Pública

SUJEITO ATIVO Particular Particular

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CARACTERIZAÇÃO Basta o emprego de: É uma forma de


resistência passiva, o
i) violência ou
agente simplesmente fala
ii) grave ameaça. que não vai fazer, sem a
utilização de i) violência
ou ii) grave ameaça.

Exemplo: Quando o sujeito em uma abordagem policial simplesmente desobedece a


ordem do policial, e, não a cumpre, caracteriza a desobediência, agora, caso o sujeito não
cumpra a ordem e chame o policial para briga, isso configura resistência.
Em outro concurso para tribunais, caiu a seguinte questão: Um dia, o oficial de justiça
chegou a casa de um indivíduo para cumprir o mandado de busca e apreensão, e, ao tocar a
campainha, o sujeito avisa que está indo ao encontro do oficial na portaria do prédio, e, ao
chegar em seu apartamento, o sujeito fala: “pode entrar, sinta-se em casa, só não lhe
garanto que saíra vivo...”. Esse é um exemplo claro de ameaça ao funcionário público, o
simples fato de colocar ameaça, caracteriza a resistência.
A ameaça ou a violência não precisa ser destinada exclusivamente ao funcionário
público, podendo ser destinada a alguém que tenha ido ao seu auxílio.
Exemplo: Sujeito foge da cadeia e o policial começa a prossegui-lo a pé, no entanto,
ao chegar perto de um bar, um outro sujeito ajuda o polícia e tenta segurar o fugitivo,
porém, o fugitivo desfere alguns golpes contra o sujeito que auxiliava o policial, o que
caracteriza a resistência.
No parágrafo 1º do artigo 329, há a resistência qualificada, ou seja, ocorre quando o
funcionário não consegue executar o ato, muito comum quando o sujeito foge ou escapa.
Por outro lado, caso o sujeito empregue violência contra o funcionário, este deverá
responder por resistência bem como pela sua violência.

3. DESACATO
CP, Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Em 2016, o STJ manifestou em uma decisão polêmica, dizendo que o desacato não
seria mais crime, entendendo que não poderia ter o funcionário público em uma situação

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superior ao particular (o que estava de acordo com o entendimento da Corte Interamericana


de Direitos Humanos e com o Pacto São José da Costa Rica).1
Contudo, esse referido entendimento do STJ começou a causar alguns problemas no
meio jurídico, e, recentemente (2017), o STJ na 3º Seção, voltou atrás da sua decisão,
entendo que o desacato continua a ser crime.2
O crime de desacato é crime de forma livre, ou seja, quer dizer que ele pode ser
cometido de qualquer maneira (palavra, escrito, gesto ou conduta), que demonstre
menosprezo pelo funcionário público.
O funcionário público nesse caso, é o mesmo previsto no artigo 327 do Código Penal.
CP, Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799,
de 1980)

No 327 caput, temos o conceito de funcionário público, sendo aquele sujeito que
exerce um cargo público, uma função pública, ainda que transitoriamente e, ainda que sem
remuneração.

1
Nota do Monitor: O crime de desacato não mais subsiste em nosso ordenamento jurídico
por ser incompatível com o artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica. A criminalização do
desacato está na contramão do humanismo, porque ressalta a preponderância do Estado -
personificado em seus agentes - sobre o indivíduo. A existência deste crime em nosso ordenamento
jurídico é anacrônica, pois traduz desigualdade entre funcionários e particulares, o que é inaceitável
no Estado Democrático de Direito preconizado pela CF/88 e pela Convenção Americana de Direitos
Humanos (STJ. 5ª Turma. REsp 1640084/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 15/12/2016).
2 Nota do Monitor: Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela
continua a ser crime, conforme previsto no art. 331 do Código Penal (STJ. 3ª Seção. HC 379.269/MS,
Rel. para acórdão Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017).

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O direito penal não se preocupa com a diferença de emprego, cargo, ou função


pública. O cargo é lugar na administração pública, sendo necessário ter nome próprio,
remuneração própria, e, funções definidas em lei. O emprego já possui a relação celetista e a
função, é mera atividade, como o caso de um mesário eleitoral, que não exerce emprego
nem cargo, mas sim uma função pública, como o caso do jurado no tribunal do júri.
Por outro lado, o § 1º dispõe sobre o funcionário por equiparação, sendo aquele
sujeito que exerce um cargo, emprego ou função pública, em uma entidade para estatal, ou
aquele sujeito que trabalha em uma empresa contratada pela administração pública, a
exercer uma atividade típica da administração pública.
Portanto, todos que podem ser chamados de funcionários públicos, estão sujeitos a
desacato.
O § 2º possui uma causa de aumento de pena, em que esta será aumentada da terça
parte quando os autores deste crime for ocupante de cargo em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
O termo “no exercício da função” é o nexo funcional ocasional.
O termo “em razão dela” é o nexo funcional causal.
Exemplo: Policial que está no exercício de sua função, em uma ronda e, cidadão,
morador da região cospe na frente do coturno do policial, com um claro gesto de
desrespeito, caracteriza o crime de desacato. No entanto, isso poderia se repetir, quando o
mesmo policial está na praia, em seu momento de folga, e, o mesmo cidadão repete o ato, o
que também caracteriza o desacato “em razão da função de policial”.
Caso ocorra uma pluralidade de ofendidos, há apenas um crime de desacato, em
função de haver a proteção de um bem jurídico tutelado, a “administração pública”.
De acordo com doutrina (ROGÉRIO GRECO) o crime de desacato tem que ser praticado
presencialmente, ou seja, não se admite o crime de desacato praticado por telefone, o que
não significa que o agente tem que estar face a face com o funcionário, podendo haver uma
distância, desde que o funcionário consiga perceber a conduta.

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