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foto: M. M.

Fontenelle

L
6 REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 6-17, março/maio 2002
drummond
Na página
anterior,
o arquiteto
Lúcio Costa. lúcio costa

L
Fonte: Acervo juscelino

sérgio buarque
DPHA-DF

Lúcio Costa e
o patrimônio histórico e
artístico nacional

C
SILVANA RUBINO
“Ninguém pensa a cidade
em isolamento hermético.
Forma-se uma imagem dela
por meio de um filtro de
percepção derivado da cultura
herdada e transformado pela
experiência pessoal”
(Carl Schorske, Pensando
com a História).

SILVANA RUBINO
é antropóloga e
professora da Faculdade
de Arquitetura e
Urbanismo da PUC-
Campinas.

REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 6-17, março/maio 2002 7


N a correspondência entre o escri-
tor Mário de Andrade e Rodrigo
Mello Franco de Andrade, dire-
tor do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Sphan) (1), há diversas
menções da intenção de que o trabalho do
primeiro fosse submetido ao crivo do se-
em seu patrimônio privado, e sim patrimô-
nio comum de todos os povos” (Andrade,
1987, p. 48).

Com esta “missão” e munido do decre-


to-lei que lhe deu forma, o Sphan foi inau-
gurado com uma capacidade de trabalho
gundo, como diretor da instituição, e tam- que tentava de um lado recuperar o tempo
bém a outro nome, Lúcio. Trata-se de Lú- perdido e de outro manifestar sua força e se
cio Costa, arquiteto e urbanista moderno, consolidar. Criado por uma lei provisória,
mais conhecido por seu plano para Brasília convertida em decreto-lei, um dos primei-
do que por atributos que lhe permitissem ros após a decretação do Estado Novo, o
avaliar as pesquisas de Mário de Andrade Sphan iniciou uma prática que traduzia es-
sobre pintura colonial. Neste artigo vamos ses textos legais assim como todo o debate
abordar esse aspecto de sua trajetória: o acerca do patrimônio nacional que o prece-
homem do patrimônio, o arquiteto que ao deu e acompanhou em práticas que podem
lado de Rodrigo foi peça fundamental nas ser analisadas em três aspectos: em primei-
definições da política de salvaguarda da me- ro lugar o tombamento, o momento em que
mória nacional. um bem sai do contínuo indiferenciado em
A criação do Sphan representou para que se encontrava para fazer parte de uma
Rodrigo e seus colaboradores a ruptura com coleção, um conjunto discreto que é tam-
uma indesejável tradição anterior, que con- bém uma narrativa da nação. Essa coleção
sideravam amadora no trato de temas rela- recebe obras de recuperação, restauro, con-
tivos ao passado tradicional brasileiro. Já servação que também traduzem os debates
em 1936, quando o Serviço ainda operava da área, especialmente aqueles relativos às
em bases provisórias, seu diretor demarca- teorias do restauro e da preservação, mas
va essa distinção afirmando que o Sphan, também são ferramentas essenciais para o
diante do muito a realizar, não se inspirava entendimento das intervenções contem-
em motivos sentimentais ou românticos. porâneas a estas. E em terceiro lugar, o
Mas tampouco, assinalava, tratava-se de que explica o tombamento, essa seleção?
“qualquer plano suntuário, do qual só ve- As chaves possíveis encontram-se nos pa-
nham a aproveitar os sábios à cata de sine- receres prévios à inscrição de bens em li-
1 O atual Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional curas excelentes”. Como instituição mo- vros de tombo, assim como no patrimônio
(Iphan). Já foi Serviço, Diretoria
e Secretaria, além de, entre derna, o Sphan deveria ser organizado ten- intelectual da instituição, ou seja, no que
1990 e 1994, Instituto Brasi- do em mira o caráter público daquilo que os intelectuais do Sphan escreveram a res-
leiro de Patrimônio Cultural
(IBPC). Mantemos neste texto a merecia preservação – o patrimônio histó- peito do tesouro nacional que ao preservar
primeira sigla uma vez que as
mudanças hierárquicas da ins- rico e artístico nacional –, visando impedir construíram.
tituição no interior do Ministé- uma perda que representaria a evasão deste Diversos foram os artistas e intelectu-
rio da Educação e Cultura não
são nosso tema central. acervo, perda esta que não poderia ser as- ais que, com presença mais ou menos cons-
2 Mariza Velloso Motta Santos sunto de interesse apenas local: tante, fizeram parte da “academia Sphan”
interpreta o Sphan da fase he- (2) : Rodrigo Mello Franco de Andrade,
róica, a de Rodrigo, como uma
academia, ou seja, um lugar “Não serão apenas as gerações futuras de Mário de Andrade, Carlos Drummond,
da fala de onde emerge uma
formação discursiva específica. brasileiros que nos chamarão a contas pe- Joaquim Cardoso, Manuel Bandeira, Gil-
Ver Velloso, 1996, p. 77. los danos que lhes teremos causado, mas é berto Freyre, entre outros “modernistas da
3 Modernistas na Repartição é o desde logo a opinião do mundo civilizado repartição” (3). E um grupo de arquitetos:
título de uma coletânea de tex-
tos organizada por Lauro que condenará essa nossa dissídia crimino- Oscar Niemeyer, Carlos Leão, José de Sou-
Cavalcanti, que reúne impor- sa, pois as obras de arte típicas e as relí- za Reis, Paulo Thedim Barreto, Renato
tantes colaborações dos inte-
lectuais do Sphan. quias da história de cada país não constitu- Soeiro, Alcides da Rocha Miranda e Lúcio

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Costa. Dentre esses nomes, há personagens portante na vertente carioca do neocolonial,
modelados em uma exemplaridade basea- movimento arquitetônico tradicionalista e
da na renúncia, em uma trajetória totalmente nacionalista, cujo mentor, o médico
devotada a uma causa. Se certamente é o pernambucano José Mariano Carneiro da
caso de Mário, funcionário e autor de ini- Cunha Filho (5), preconizava:
ciativas nunca plenamente realizadas a seu
contento, e de Rodrigo, para quem o patri- “[…] A casa antiga era feita para ser habi-
mônio justificou o abandono de uma pro- tada. Era atraente, acolhedora na sua lar-
missora carreira de escritor, é também o de gueza, discreta no seu aspecto de bonomia
Lúcio, cuja causa se desdobrava em duas burguesa.
vertentes: a “guerra santa”, a cruzada pela A casa moderna […] não é feita para ser
arquitetura moderna e a defesa do habitada, apesar do habite-se legal da
patrimônio arquitetônico tradicional do edilidade.
país. Os inimigos comuns às duas causas Procurai acomodar o interesse da vida so-
eram os mesmos: de um lado o ecletismo cial de hoje à noção clássica do conforto
vigente na arquitetura do final do século brasileiro. Combatei no espírito de vossos
XIX e na Primeira República; de outro o clientes o preconceito ridículo dos bairros
movimento neocolonial. aristocráticos, em cujas ruas barulhentas
De todos os nomes que mencionamos, os milionários menos exigentes já se con-
talvez Lúcio Costa tenha sido o único a tentam com uma espécie de arquitetura de
participar das três instâncias de entesou- corredores intermináveis, à moda do siste-
ramento do passado nacional (que trazem ma Pullmann, de wagons ferroviários.
embutidas instâncias de esquecimento): […]
arquiteto intelectual mas também funcio- A casa é, logicamente, um expoente da raça,
nário estável, ele elegeu o que tombar, como mero fenômeno social na geografia huma-
cuidar da obra tombada e como explicar e na. Assim, um povo, por maior que seja sua
situar a obra tombada, assim como aquela cultura universal, só pode possuir a arqui-
que não merecia tal inscrição. Nesse senti- tetura que lhe coube por fatalismo históri-
do, talvez até mais do que Mário ou Rodrigo, co, que se não improvisa. Um povo não
Lúcio tenha encarnado o papel de intelec- muda de casa nem de língua; e se ainda não
tual total e polivalente do Sphan e certa- possuímos a nossa casa, é simplesmente
mente muitas das chaves de entendimento porque ainda não somos um povo, mas
das premissas que orientaram a tradução havemos de sê-lo inevitavelmente.
do vago decreto num conjunto de bens tom- O retorno às formas lógicas do estilo colo-
bados estejam em sua abrangente atuação. nial dos nossos antepassados é o prelúdio de
Justifica-se, assim, o tratamento dessa nossa emancipação social e artística” (6).
faceta da trajetória do autor do traço de
Brasília: o homem do patrimônio, cuja atua- A extensão da citação se justifica por
ção aqui acompanharemos nessas três di- trechos que Lúcio Costa, atento leitor de
mensões: o tombamento, a obra, o patri- Gilberto Freyre, talvez pudesse subscrever,
4 Ver Cecília Rodrigues dos San-
mônio por escrito. uma vez que revelam a visão da casa como tos et al., 1987, especialmen-
atestado máximo da existência de um povo te a documentação posterior a
1950.
e assinalam as qualidades da edificação
5 Mariano nasceu em Pernam-
colonial. A ruptura entre a arquitetura
A CONVERSÃO neocolonial e a moderna, que ocorreu pou-
buco em 1881 e faleceu no
Rio de Janeiro em 1946. O
movimento neocolonial, contu-
co depois, não dizia respeito a essas assun- do, teve início em São Paulo
em 1914 com a conferência
Antes de tomar contato com a arquite- ções. O problema era o estatuto do passa- do português Ricardo Severo,
tura de Le Corbusier, do início da relação “A Arte Tradicional no Brasil: a
do: em como aprender com este para bus- Casa e o Templo”.
que iria até a morte do arquiteto franco- car a tal emancipação social e artística. Foi
6 Documento reproduzido em: A.
suíço (4), Lúcio Costa era um jovem im- a pedido de Mariano que Lúcio Costa Amaral, 1994, p. 18.

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inventariou e retratou a colonial Diamantina dirigiu o Serviço do Patrimônio Histórico
em 1924. Um ano antes ele já havia parti- e Artístico Nacional (Sphan). Tinha início
cipado de um concurso para um “Solar Bra- então essa relação que perduraria até a morte
sileiro”, também promovido por Mariano. do primeiro, parceria decisiva para a polí-
Nesse período, teve oportunidade de veri- tica de preservação do patrimônio no Bra-
ficar de perto as realizações do movimento sil. O Sphan foi fundado em 1937, após
moderno europeu, mas pouco reagiu a elas: duas décadas de intenso debate legal e in-
telectual, e teve como diretor da chamada
“Eu tinha estado na Europa em 1926. Fui fase heróica o jornalista e advogado
ver o que estava acontecendo. Ele [Le Rodrigo. A estabilidade de Rodrigo ao lado
Corbusier] já tinha feito uma porção de de Costa – o primeiro permaneceu até 1967,
coisas, já tinha feito aquela exposição do o segundo até 1972 – dão os contornos desse
Esprit Nouveau mas eu, que passei quase período que atravessou reveses políticos
um ano lá, estava inteiramente por fora, diversos.
inteiramente alienado. Foi só depois que Em 1938 foram escritos nos quatro Li-
deixei a direção da Escola de Belas Artes, vros de Tombo da instituição – História,
com aquele período de chômage de quatro Belas-Artes, Artes Aplicadas, Arqueoló-
anos, antes do Ministério, que fui estudar gico, Etnográfico e Paisagístico (10) – 10
mais a fundo todos esses movimentos mo- conjuntos, 24 edificações urbanas, 117 igre-
dernos. Aí fiquei apaixonado” (7). jas e 17 monumentos ligados à defesa mi-
litar. O Rio de Janeiro foi o estado onde a
Em 1928, ao vencer o concurso para a prática do Sphan principiou com maior im-
sede da embaixada argentina no Rio de pacto: 78 bens tombados no primeiro ano.
Janeiro com um projeto tradicional, Costa Seguem-se a Bahia com 50 inscrições e
afirmou que os movimentos modernos em Minas Gerais com 22. Os 215 bens inscri-
arquitetura que ocorriam na Europa eram tos nesse primeiro ano distribuíram-se por
recentes demais para que se pudesse avaliá- Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,
7 “Presença de Le Corbusier”,
entrevista em L. Costa, 1995. los. Em 1929 Le Corbusier proferiu uma Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande
8 Segundo Yves Bruand, Lúcio série de conferências em São Paulo e no do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Em
Costa não foi ouvir Le Corbusier. Rio (8). O ano seguinte é o de sua conver- 1940 o Serviço acrescentou ao acervo Es-
Estava, contudo, pelos corredo-
res da Escola Nacional de Be- são, quando enfrentou José Mariano na pírito Santo e Maranhão, e em 1941 Ala-
las Artes e aproximou-se de uma
sala repleta para saber do que disputa pela direção da Escola Nacional de goas, Sergipe e Goiás. Até 1945 foram
se tratava; como não havia mais Belas Artes (Enba). Nomeado diretor da preservados 386 bens, com o predomínio
lugares, ouviu a conferência do
lado de fora. Ver Bruand, escola aos 29 anos, demitiu e contratou total do bem imóvel; até 1967, quando
1979, p. 72.
professores e alterou o currículo. Mas o Rodrigo se aposentou, 689 tombamentos.
9 Trata-se da casa E. G. Fontes. apoio de Rodrigo Mello Franco de Andrade, Em grande medida, está no volume de
Segundo Costa, sua última ma-
nifestação de sentido eclético- que o indicara para o posto, não foi sufici- pareceres emitidos por Costa a explicação
acadêmico e sua primeira pro-
posição de sentido contempo- ente: uma articulação de José Mariano e de por que a interpretação do decreto-lei no
râneo (L. Costa, 1995, pp. 55- seu grupo obteve a demissão de Costa me- 25 se afastou tanto do anteprojeto de Mário
66).
nos de um ano depois de sua posse. Foi de Andrade para o Sphan. Se o decreto-lei
10 Categorias assim definidas pelo
decreto-lei no 25: “1o) no livro também em 1930 que Costa projetou duas no 25, por ser um texto legal, manifestou
do Tombo Arqueológico, Etno- diferenças perceptíveis entre a concepção
versões para a mesma casa: a primeira,
gráfico e Paisagístico, as coi-
sas pertencentes às categorias presa ao academicismo, a segunda, mo- que o precedeu – o anteprojeto que Mário
de arte arqueológica, etnográ-
fica, ameríndia ou popular […]; derna, rendida aos princípios corbusianos de Andrade redigiu em 1936 a pedido do
2o) no livro do Tombo Históri- recém-absorvidos (9). Passaria desse ministro Gustavo Capanema –, a prática do
co, as coisas de interesse histó-
rico e as obras de arte históri- momento em diante a se referir ao tombamento definiu ainda mais essa dis-
ca; 3o) no livro do Tombo das
Belas-Artes, as coisas de arte neocolonial como pseudocolonial – segun- tância, com a quase total predominância do
erudita nacional ou estrangei- do ele, um equívoco. que veio a se chamar, muitas vezes critica-
ra; 4o) no livro do tombo das
Artes Aplicadas, as obras que O convite para a direção da Enba partiu mente, patrimônio de pedra e cal. Perdeu-
se incluem na categoria das se a riqueza etnográfica da noção de
artes aplicadas, nacionais ou
de Rodrigo Mello Franco de Andrade, ad-
estrangeiras”. vogado, escritor e jornalista que fundou e patrimônio defendida por Mário de Andra-

10 REVISTA USP, São Paulo, n.53, p. 6-17, março/maio 2002


de; a emergente arquitetura moderna, es-
Nesta página,
pecialmente a chamada escola carioca –
como é conhecido o grupo de Costa e al- ilustrações de
guns de seus companheiros de Sphan –, ga- Lúcio Costa
nhou em força no momento em que esse
campo se formava em meio a conflitos com
para o livro
outras tendências, entre as quais o comba- Documentação
tido ecletismo e o neocolonial
Necessária
Costa iniciou suas atividades no Sphan
em 1937, logo após sua criação, e ali per-
maneceu até sua aposentadoria em 1972.
Rodrigo deixou o cargo de diretor em 1967,
pouco antes de falecer. Conheciam-se des-
de 1930, mas Costa conta como o início de
sua vinculação ao Sphan o inventário e o
projeto de recuperação das Missões Jesuí-
ticas no Rio Grande do Sul. O patrimônio
é parte da conversão de Costa, de um início
de carreira intelectual marcado pela paixão
pela arquitetura colonial que se desdobra-
va na defesa do neocolonial, um estilo bra-
sileiro. Se este foi o ponto de partida, a
ruptura seria um desdobramento em duas
modalidades de atuação que poderiam a um
primeiro olhar parecer incompatíveis, não
fossem as características intelectuais e
institucionais de um campo em formação, mo, sagrou o colonial e inventou o movi-
o da arquitetura moderna brasileira. O que mento moderno nos trópicos.
importa é que essa conversão, sendo ele Já em 1930, Costa concedeu uma entre-
quem era, o agente que encarnou o papel de vista a respeito de sua passagem breve,
líder e profeta, fixou as bases classificatórias definidora e, por que não dizer, desastrosa
entre – frente ao moderno que ele preconi- pela Escola Nacional de Belas Artes (Enba):
zava – o que se converteu em clássico e em
desclassificado. Um mesmo movimento e “Acho indispensável que os nossos arqui-
grupo desqualificou neocolonial e ecletis- tetos deixem a escola conhecendo perfeita-

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11 “Enba 1930-31. Situação do mente a nossa arquitetura da época colo- tado foi a principal preocupação do Sphan
Ensino na Escola de Belas Ar-
tes”, em Lúcio Costa, 1995. nial – não com o intuito da transposição em sua direção – não era sob a ótica das
ridícula dos seus motivos, não de mandar beux-arts, tampouco do gênio individual
fazer falsos móveis de jacarandá – os ver- que a observava. Suas pesquisas buscavam
dadeiros são lindos –, mas de aprender as reconstituir uma comunidade de homens
boas lições que ela nos dá de simplicidade, procurando dar conta dos desafios cotidia-
perfeita adaptação ao meio e à função, e nos das obras e edificações das cidades. O
conseqüente beleza” (11). critério histórico de Rodrigo valia antes e
depois do tombamento, quando privilegia-
va a reconstrução histórica sobre a análise
formal da obra, buscando, com uma saudá-
LÚCIO COSTA NO SPHAN vel dose de obsessão, base documental para
suas hipóteses e afirmações.
É preciso demarcamos os postos de Seu contraponto e complemento inter-
aproximação e distanciamento entre no à academia Sphan estava em Mário as-
Rodrigo e Lúcio, indicativos que são de sim como em Lúcio.
Aquarela de uma certa divisão do trabalho intelectual Na primeira revista do Sphan, vinte anos
interna ao Sphan. Rodrigo, na prática de após a publicação de Casa-Grande e Sen-
Lúcio Costa
pesquisas que conduziu assim como nos zala por Gilberto Freyre, Costa lançou seu
feita por ocasião artigos que escreveu durante toda sua tra- “Documentação Necessária”, um apelo ao
de sua viagem jetória de diretor da instituição, privilegiou melhor estudo da arquitetura civil que além
o critério histórico ao artístico. Mesmo disso preconizava contra os excessos do
a Diamantina quando se deparava com a boa resolução presente arquitetônico eclético. Não deve-
em 1922 da arte colonial de Minas Gerais – seu es- mos nos esquecer que esse texto é posterior

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à conversão, à vinda de Le Corbusier ao qualquer coisa do nosso concreto armado
Brasil. Foi escrito pelo homem do Sphan e, com as devidas cautelas, afastando-se o
que ao mesmo tempo lançava as bases da- piso do terreno e caiando-se conveniente-
quele que veio a ser conhecido como o pri- mente as paredes, para evitar a umidade e
meiro edifício moderno do Brasil e do o ‘barbeiro’, deveria ser adotada para casas
mundo. 1937, ano do Estado Novo e do de verão e construções econômicas de um
Sphan, é quando Lúcio abandona a “guerra modo geral” (12).
santa” pela construção do edifício do Mi-
nistério da Educação e passa a se dedicar É mais do que uma homologia: é a casa
ao Sphan. Segundo José Pessoa, o interes- tradicional e popular informando uma pos-
se artístico era o argumento usado pelo sível arquitetura moderna. No mesmo tex-
arquiteto para proteger o que estava sob to, ele esboça uma evolução da casa cujas
ameaça iminente, e foi com este critério paredes vão se abrindo com o aumento do
que ele ajudou a salvaguardar de conjuntos tamanho e quantidade de janelas até atingir
a bens isolados. a janela longitudinal modernista; a varan-
da de trás da casa sem recuo, de uma liber-
dade e um modernismo avant-la-lettre –
“puro Le Corbusier”. Lúcio Costa vocaliza
A CONCEITUAÇÃO DO PATRIMÔNIO todo o Sphan quando opõe nesse texto essa
casa do “portuga”, recuperado por ele como
Os artigos de Lúcio Costa na Revista do guardião da “boa tradição”, ao equívoco
Patrimônio realizam uma refração, uma neocolonial, que foi uma reação ao que se
tradução para o universo da cultura escrita, construía nas ruas da cidade: casas que
das ações cada vez mais vinculadas ao de- imitavam as dos filmes, castelinhos,
bate arquitetônico do período. bangalôs:
“Documentação Necessária”, de 1938,
publicado no primeiro número da revista, é “Foi quando surgiu, com a melhor das in-
uma defesa da casa popular, brasileira, que tenções, o chamado ‘movimento tradicio-
no período não era vista como expressão de nalista’ de que também fizemos parte. Não
arquitetura e da necessidade de seu estudo percebíamos que a verdadeira tradição es-
sistemático. Essas casas deveriam consti- tava ali mesmo, a dois passos, com os mes-
tuir, afirmava, uma lição para os arquitetos tres-de-obra nossos contemporâneos; fo-
modernos, que deveriam aproveitar esses mos procurar, num artificioso processo de
trezentos anos de experiência. Costa pro- adaptação – completamente fora daquela
punha o estudo da casa “amável” do século realidade maior que cada vez mais se fazia
XIX mas também da do XVII e XII, quan- presente e a que os mestres vinham se adap-
do a vida do colono era mais áspera; da tando com simplicidade e bom senso –, os
casa-grande da fazenda e do sobradão da elementos já sem vida da época colonial:
cidade, mas também das pequenas casas fingir por fingir, se ao menos se fingisse
térreas de muita frente e pouco fundo, as- coisa nossa. E a farsa teria continuado –
sim como da casa “mínima”, da casa que não fora o que sucedeu”.
parece brotar da terra como “formigueiro,
figueira-brava e pé-de-milho”, que, O que sucedeu não está dito no texto.
Sabemos contudo que ele rompeu com José
“por ser coisa legítima da terra, tem para Mariano, marcou com sua passagem o en-
nós, arquitetos, uma significação respeitá- sino da Enba, projetou com seu grupo um
vel e digna; enquanto que o ‘pseudomissões, arranha-céu modernista – o edifício do
normando ou colonial’ ao lado, não passa Ministério da Educação – e ajudou Rodrigo
de um arremedo sem compostura. a estabelecer as bases da preservação do
Aliás, o engenhoso processo de que são patrimônio nacional.
12 “Documentação Necessária”,
feitas – barro armado com madeira – tem Os próprios pareceres assinados por em Lúcio Costa, 1995, p. 439.

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Lúcio Costa são reveladores das hierarquias O século XX quando era bem-vindo era
por meio das quais o Sphan traduziu o vago aquele de sua escola: Costa manifestou
decreto-lei no 25 em tombamentos: alguns parecer favorável ao tombamento da Igreja
detalham pormenores da edificação e das de São Francisco de Assis da Pampulha,
obras a serem realizadas, outros meramen- parte do conjunto projetado por Oscar
te reforçam ou negam o tombamento, mui- Niemeyer, em virtude do estado de ruína
tas vezes alegando a falta da documenta- precoce em que se encontrava o imóvel,
ção necessária. medida preventiva diante de uma obra cujo
Diversos autores já assinalaram que o valor excepcional a destinava a ser inscri-
período histórico de eleição para os tomba- ta, mais cedo ou mais tarde, como monu-
mentos do Sphan situa-se entre os séculos mento nacional. Talvez a outra face dessa
XVI e XVIII, sendo o período entre o XIX chancela precoce conferida à Igreja da
e o término da Primeira República o oposto Pampulha se encontre no parecer contrário
disso: o período imediatamente anterior à que ele emite, no mesmo ano de 1947, à
geração do Sphan, a ser no máximo tolera- construção de um novo edifício de Cor-
do quando se tratasse de inscrever um bem reios e Telégrafos em Rio Grande, Rio
de qualidade excepcional. É comum, tanto Grande do Sul, na praça da matriz. Seu ar-
nos escritos de Mário como nos de Lúcio, gumento é menos em relação à igreja da
a menção a um bem ou um elemento notá- matriz, tombada, e mais fincado na con-
vel, apesar de ser do século XIX. cepção urbanística moderna, que deveria
O colonial, expresso em casas, cidades ampliar a área arborizada da cidade, e não
ou igrejas, fossem do fausto dos estados restringi-la. Além disso, prossegue, a cons-
onde houve na colônia um ciclo econômi- trução proposta, por sua má qualidade
co determinante, fossem as toscas capelas arquitetônica, prejudicaria a monumen-
seiscentistas e as casas bandeiristas que talidade da matriz:
levaram Mário a preconizar que para São
Paulo, seu estado, deveria prevalecer o cri- “Acresce, ainda, que a construção projeta-
tério histórico sobre o artístico, tinha co- da, pelas suas proporções e má qualidade
mumente um parecer de tombamento aca- arquitetônica, compromete a escala e a
tado, tanto mais quando seu estado era mais harmonia do logradouro em detrimento da
próximo ao que se julgava autêntico e ori- monumentalidade da matriz. E muito em-
ginal. Vejamos, em contraste, o parecer bora a demolição de algumas casas antigas,
emitido por Lúcio quanto ao tombamento substituídas por sobrados inexpressivos,
do teatro Santa Isabel, em Recife, inaugu- tenha desfigurado o aspecto antigo da pra-
rado em 1850, cenário da campanha ça, o recurso à arborização […] poderá,
abolicionista de Joaquim Nabuco: dentro de algum tempo, esconder as defici-
ências arquitetônicas da edificação nova,
“O interesse artístico do Teatro Santa Isa- restituindo-se assim ao velho terreiro, já
bel, obra de construtor competente, mas de enriquecido com maior área de sombra, a
arquiteto medíocre, é limitado, embora atmosfera perdida, simples e digna”.
contribuísse de modo decisivo, conquanto
tardio, para a introdução no Recife da so- Esse parecer é concluído com uma nota
briedade convencional e despojada do es- lamentando que, no momento em que a
tilo ‘neoclássico’, já oficialmente adotado arquitetura brasileira contemporânea vinha
na corte por Montigny e sua escola. Entre- sendo louvada no mundo todo, repartições
tanto, não lhe falta interesse do ponto de federais como os Correios ainda contribu-
vista histórico e social, relacionado como íam para a depravação do gosto das popu-
está com a significativa experiência ameri- lações provincianas, em vez de incentiva-
cana do engenheiro Vauthier e com a pró- rem a construção de prédios modernos, nos
pria vida e o desenvolvimento urbano da quais “a eficiência funcional e a beleza
cidade” (Pessoa, 1999, pp. 81-2). plástica se confundem” (idem, ibidem).

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Essa preocupação com os desenvolvi- “Pareceria mesmo um desrespeito à me-
mentos da arquitetura moderna brasileira mória de Rodrigo M. F. de Andrade na luta
nunca esteve distante do horizonte de Lú- que enfrentou, com todos nós, seus colabo-
cio. O “Catetinho” de Brasília foi tombado radores, para repor nas suas legítimas ba-
em 1959 por um parecer que dizia apenas ses apoiado em documentação e exempla-
“de acordo”, lembrando que sua preserva- res autênticos o conhecimento das várias
ção caberia depois à Novacap. E em 1990, fases e modalidades da nossa arquitetura
reagindo ao reconhecimento de Brasília do tempo da Colônia e Império”.
como Patrimônio da Humanidade pela
Unesco, recordou as qualidades dessa pro- Esclarecendo isso, propunha um tom-
posta urbana, autônoma e carente de vas- bamento levando em conta a cidade e seu
salagem, e afirmou que apenas o tomba- patrimônio ambiental, com a inscrição da
mento garantiria às futuras gerações o di- casa que representava “o fruto de um apai-
reito (a ênfase é dele) de conhecer Brasília. xonado esforço pessoal que, conquanto
Mas não podemos concluir daí que os equivocado, merece a devida proteção”.
pareceres de Costa sempre privilegiaram o
binômio colonial-moderno. Se assim foi nos
primeiros anos do Sphan, que coincidiram
com a batalha política, institucional, inte- O “PÓS-TOMBAMENTO”
lectual e classificatória para que tanto o
moderno como o colonial prevalecessem Em pesquisa realizada no arquivo do
sobre o ecletismo e o neocolonial, concei- Sphan, a arquiteta Lia Motta mostrou como
tos e práticas de preservação sofreram alte- a concepção de Lúcio Costa e seu grupo de
rações ao longo do século XX, assim como arquitetos foi definidora na lenta transfor-
a própria arquitetura moderna. Seja por isso, mação de Ouro Preto, o primeiro conjunto Croqui das
ou porque com o passar dos anos o profeta urbano tombado no Brasil. Uma vez inscri-
do nosso modernismo arquitetônico viu sua ta em um livro de tombo, uma edificação rampas de
causa prevalecer, em 1973, já aposentado precisa ser submetida ao crivo do patrimô- acesso à Igreja
mas ainda coladorador da instituição que nio para qualquer alteração que venha a
do Outeiro da
ajudou a consolidar, Lúcio Costa advogou sofrer. Nas primeiras obras em casas da an-
o tombamento de um “falso testemunho, tiga capital mineira, o Sphan solicitava fotos Glória,
do exemplo de como uma casa brasileira de casas vizinhas de modo a integrar a in- tombada pelo
nunca foi”, do conhecido e neocolonial tervenção pontual nos diversos trechos da
Solar Monjope – que ao fim e ao cabo ter- cidade eternizada. À medida que os pedi-
Sphan, projeto
minou sendo demolido. dos de reforma foram crescendo, percebeu- de Lúcio Costa

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se a necessidade de uma norma e o patri- Lúcio Costa em Ouro Preto foi em relação
mônio passou a indicar que os elementos a uma edificação nova em pleno centro
estruturais da fachada fossem feitos em histórico: o Grande Hotel de Ouro Preto.
madeira, como “beirais de cachorro, vãos Na intenção de coibir possíveis “fingimen-
em caixões externos, calhas ou guilhoti- tos coloniais”, Costa buscou uma solução
nas” (Motta, 1987, p. 122). entre dois projetos elaborados por arquite-
A política de restauro defendida por tos ligados ao Sphan. Carlos Leão projetou
Costa, embora contrária ao neocolonial e um hotel com características neocoloniais
às imitações, permitia pequenas ações cor- visando integrá-lo à paisagem e Oscar
retivas como a retirada de elementos que Niemeyer apresentou um projeto racio-
alguns imóveis ganharam depois do século nalista. Repudiando a tentativa de
XVIII. A transformação do prédio do anti- mimetizar o arcabouço construído no ciclo
go Liceu de Artes e Ofícios para que se do ouro e buscando responder às ressalvas
tornasse um cinema exigiu a eliminação de de Rodrigo em relação a um projeto tão
tais acréscimos (idem, ibidem, pp. 110-1). evidentemente moderno, Lúcio procurou
Segundo um trecho de um parecer emitido ajustar a nova arquitetura ao contexto da
por Costa para diversas irregularidades em cidade antiga e tornar menos visível o cho-
Ouro Preto, em que afirmava a necessidade que entre o velho e o novo, indicando a
de realizar obras de natureza diferente (de- Niemeyer algumas alterações, uma conces-
molição, recomposição, restauro e remo- são formal que buscou criar um elo de con-
ção ou transferência): tinuidade, reforçando a homologia que o
grupo do Sphan apregoava entre duas boas
“No primeiro caso avulta a necessidade de arquiteturas.
ser desapropriado e demolido o prédio do Na trajetória de Lúcio Costa, seu traba-
banco contíguo ao Chafariz dos Contos, lho no Sphan não foi até recentemente seu
plantando-se no local arborização adequa- aspecto mais valorizado, prevalecendo sua
da. Como exemplo do segundo item, urge atuação como arquiteto e urbanista, além
recompor de algum modo o cinema recen- do teórico da arquitetura e líder da revolu-
temente construído a fim de amortecer o ção simbólica que foi a ruptura com o
impacto insólito do extenso oitão e da co- academicismo arquitônico no Brasil. Pode-
bertura metálica na paisagem. Assim, além se argumentar que a hegemonia da arquite-
da supressão prevista da platibanda e cria- tura moderna não foi completa, que, mes-
ção de um beiral sobre a cronija do prédio mo após a construção de obras emblemá-
aproveitado, convirá revestir o oitão da parte ticas como o Ministério da Educação no
nova com telhas à moda tradicional […]. A Rio de Janeiro ou o Conjunto da Pampulha
cobertura precisa ser ‘camuflada’ com pin- em Minas Gerais, houve quem continuasse
tura verde-sujo – verde-musgo – no intuito requisitando e projetando edifícios neoclás-
de se confundir a distância com a paisagem sicos e ecléticos. Contudo, se considerar-
e convirá plantar hera e arborizar a área mos que essa revolução simbólica se efeti-
contígua […]”. vou não apenas nos projetos como também
na atuação desses arquitetos, no que escre-
Os outros itens indicavam o restauro da veram, no que foi escrito sobre eles, na
Escola de Minas e a remoção e transferên- repercussão de suas obras no campo da
cia de local de um monumento comemora- arquitetura, trata-se de um projeto intelec-
tivo da morte de Tiradentes, por sua “falta tual bem-sucedido. Para tanto, o Sphan teve
de proporção” e “feição bastarda”. O argu- um papel ao definir qual passado era alvo
mento era que “o tombamento obriga a de esquecimento e qual passado deveria
providências de caráter radical quando se permanecer. Não afirmamos com isso que
trata de preservar ou repor a coisa no seu o patrimônio esteve a reboque de projetos
13 O parecer está transcrito na estado original (13). de atualização cultural no Brasil – era, sim,
íntegra em: Pessoa, 1999, pp.
148-9. Contudo, a atuação mais definidora de parte do mesmo projeto, dado o grupo que

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o implantou e as condições que obteve do do Sphan, dentre eles Lúcio Costa, pensa-
Estado para isso. Mas a vinculação desses ram com história. O que nos traz uma ex-
personagens ao governo de Getúlio Vargas tensa agenda de indagações a respeito de
não será explorada aqui. suas concepções de história, os locais e
É sabido que Lúcio Costa rejeitava as tempos dessa, as diferentes concepções de
expressões modernista e modernismo. Pre- passado, presente e, claro, futuro. José
feria se apresentar como um arquiteto mo- Mariano também pensou com história, mas
derno. Se o modernismo, segundo o historia- talvez tenha falhado em com ela pensar o
dor Carl Schorske, caracteriza-se pela in- presente e projetar o futuro. O passado de
tenção de romper com a história, de enfren- Lúcio, Rodrigo, Mário tinha função orien-
tar a modernidade em seus próprios termos, tadora, como fica claro no exame do “tra-
liberto dos grilhões que a história e o balho miúdo” desses intelectuais funcio-
historicismo, acreditava-se, impunham. Para nários. No caso de Lúcio, essas tarefas me-
o autor, dar conta da modernidade pensando nores – pareceres, instruções para restauro
com história, pensando sem história: estas – são plenamente compatíveis com o ato de
são fases sucessivas do mesmo empenho em projetar Brasília, assim como com o desejo
dar forma e sentido à civilização européia – da preservação de seu plano piloto. Afinal,
contexto de seus ensaios – na época de capi- mesmo sendo uma cidade do urbanismo
talismo industrial e democracia política. moderno, ou modernista, se quiserem,
Modernos ou modernistas, os homens Brasília foi pensada com história.

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