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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE UMA

DAS VARAS ...

XXXXXXXXXX, brasileiro, casado, marceneiro,


portador do RG nº XXXXXX, CPF XXXXXX, residente e domiciliado na
XXXXXXX, nº 32, JD XXXXX, XXXXX, SP, CEP XXXX, vem à
presença de Vossa Excelência, por meio de sua advogada com mandato
procuratório em anexo, propor AÇÃO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO
ACIDENTE em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL – INSS, XXXXXXXXXXXXXX, pelos fatos e fundamentos
abaixo expostos:
DOS FATOS

O requerente é segurado da previdência inscrito


sob o número NIT XXXXX.

No dia 28/10/2016 o requerente sofreu acidente de


trajeto, vindo a colidir sua motocicleta com outro veículo.

A autarquia requerida reconheceu a incapacidade


do requerente em razão do acidente ocorrido no percurso para o trabalho,
concedendo o benefício B91 nº XXXXXXX desde o dia do acidente até o
dia 30/11/2017.

Ocorre que ao contrário do que manda a lei, a


requerida mesmo diante da incapacidade parcial advinda do acidente
ocorrido, não concedeu o auxílio acidente, obrigando o requerente a
socorrer-se no Poder Judiciário.

DO PEDIDO ADMINISTRATIVO

É pacífico entendimento jurisprudencial de que é


necessário indeferimento na via administrativa para que o segurado tenha
interesse de agir para ingressar com Ação Judicial, no entanto, também é
pacífico entendimento de que não há necessidade de esgotamento das vias
administrativas.

Vejamos o que diz o site da previdência sobre o


auxílio acidente:

“Publicado: 14/11/2012 10:24

Última modificação: 14/06/2017 16:37

O auxílio-acidente é um benefício a que o


segurado do INSS pode ter direito quando desenvolver sequela permanente
que reduza sua capacidade laborativa. Este direito é analisado pela perícia
médica do INSS, no momento da avaliação pericial. O benefício é pago
como uma forma de indenização em função do acidente e, portanto, não
impede o cidadão de continuar trabalhando.

Para ter verificado o seu direito a este benefício,


você deve agendar um auxílio-doença. Se você atender todas as condições
necessárias, o auxílio-acidente será concedido pela perícia médica. Leia o
texto a seguir para entender melhor os requisitos e acesse a página do
auxílio-doença para agendar o seu pedido. ( consulta em 12/03/2018 às
12:33 http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/todos-os-
servicos/auxilio-acidente/”

Veja Excelência que no site da autarquia sequer


existe um pedido específico para o auxílio acidente, vez que via de regra o
benefício é concedido quando da alta médica do auxílio doença, quando já
existe a consolidação das lesões, senão vejamos o que diz a lei 8213:
“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como
indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes
de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.” (grifou-
se)

Assim, a autarquia previdenciária ao realizar a


perícia quando do pedido de prorrogação (documento juntado) deixou de
conceder ao requerente o benefício ao qual fazia jus, nascendo, portanto, o
interesse de agir do requerente de buscar no judiciário a correção da lesão.

Assim compreende a jurisprudência:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO.
PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-
ACIDENTE. PRÉVIO
REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO.
DESNECESSIDADE. Não é exigível o
prévio requerimento administrativo
para a concessão de auxílio-acidente,
na medida em que o INSS, ao cessar o
auxílio-doença, tem obrigação de
avaliar se as sequelas consolidadas, e
que não são incapacitantes, geraram ou
não redução da capacidade laborativa.
(TRF4, AC 0024001-85.2014.404.9999,
Sexta Turma, Relator Paulo Paim da
Silva, D.E. 06/02/2015)(grifou-se)

Assim, diante do fato de que ao realizar a perícia


médica o INSS deixou de conceder administrativamente o auxílio doença a
qual o requerente faz jus, não houve alternativa senão o ajuizamento da
presente ação.

DA INCAPACIDADE

O requerente sofreu acidente de motocicleta,


como já narrado anteriormente, no dia 28/10/2016, tendo sido internado
para realização de cirurgia no dia 07/1)1/2016, obtendo alta médica no dia
09/11/2016.

Assim relatou o médico, Dr XXXXXX CRM


XXXX, ao realizar a cirurgia;

“...Fratura de patela esquerda, com perda de


mecanismo extensor e diminuição óssea.” (grifou-se)

Desde o mencionado acidente o requerente faz


tratamento ambulatorial, e o médico assistencialista assim relatou no dia
21/02/2018:
“Submetido a tratamento cirúrgico de fratura de
patela esquerda no dia 07/11/2016 HEMIPATELECTOMIA, evoluiu com
infecção local e deiscência de sutura, fazendo uso de antibióticos e
curativos, apresentou fechamento da ferida em junho de 2017. Atualmente
em seguimento ambulatorial. Apresenta como sequelas diminuição da força
muscular e amplitude de movimento do joelho esquerdo em flexão e
extensão.” (grifou-se)

Hoje o requerente apresenta grande dificuldade


para andar, carregar peso, agachar, sendo que habitualmente sua função é
montar móveis, colocando portas, prateleiras, dobradiças, tarefas para as
quais, em virtude das lesões do acidente, hoje está parcialmente incapaz,
tendo que dispor de muito maior esforço para realização das mais simples
tarefas do dia a dia, quanto mais para as tarefas laborais.

DO DIREITO

Como acima demonstrado, o requerente sofreu


acidente, que implicou na redução da capacidade laborativa para a mesma
atividade que desenvolvia, assim, perdendo suas habilidades, o mesmo faz
jus ao recebimento do adicional de auxílio-acidente.

O artigo 86, da Lei nº. 8213/91 assim dispõem:

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como


indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes
de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

(…)

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.”

Da mesma forma, o artigo 104 do Decreto 3.048


de 06.05.1999 também dispõe:

“Art. 104. O auxílio-acidente será concedido,


como indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao
trabalhador avulso, ao segurado especial e ao médico-residente quando,
após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, resultar seqüela definitiva que implique:

I – redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exerciam e se enquadre nas situações discriminadas no
Anexo III;

II – redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exerciam e exija maior esforço para o desempenho da
mesma atividade que exerciam à época do acidente; ou

III – impossibilidade de desempenho da atividade


que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra,
após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia
médica do Instituto Nacional do Seguro Social. “
Além disso, a IN77 que regula a concessão
administrativa dos benefícios previdenciários, assim trata o tema:

“Art. 334. O auxílio-acidente será concedido,


como indenização e condicionado à confirmação pela perícia médica do
INSS, quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultar seqüela definitiva, discriminadas de forma
exemplificativa no Anexo III do RPS, que implique:

I - redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exercia;

II - redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exercia, exigindo maior esforço para o desempenho da
mesma atividade da época do acidente; ou

III - impossibilidade do desempenho da atividade


que exercia a época do acidente, ainda que permita o desempenho de outra,
independentemente de processo de Reabilitação Profissional.”

O caso em tela comprova, através dos documentos


juntados que o autor necessita e faz jus ao benefício pleiteado.

Assim, faz jus o requerente à concessão do


benefício auxílio acidente, que deve ser pago desde a data da cessação do
auxílio doença 30/11/2018.
DA JUNTADA DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO

O requerente ao requerer administrativamente o


pedido de auxílio doença juntou documentação comprobatória de sua
condição, cópias de exames, relatórios médicos, receituários e atestados,
requer a aplicação do dispositivo da lei dos juizados especiais federais, por
analogia, com a obrigação legal da autarquia realizar a juntada de cópia do
processo administrativo nos termos do art. 11, da Lei nº 10.259,
de12/07/2001.

Além do que dispõe o CPC em seu artigo 438:

Art 438 O juiz requisitará às repartições públicas,


em qualquer tempo ou grau de jurisdição.

II Os procedimentos administrativos nas causas


em que forem interessadas a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios ou entidades da administração indireta.

Requer então seja o INSS compelido por Vossa


Excelência a juntar aos autos cópia do processo administrativo (benefício
6165516410) visando fazer prova de que a perícia foi indevidamente
improcedente.
DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO MAIS
ADEQUADO

Entende o requerente que se encontra incapacitada


parcial e permanentemente para o trabalho, mas o próprio requerente e
tampouco esta subscritora têm conhecimentos médicos.

Assim sendo, o laudo pericial realizado por


profissional de confiança deste Juízo, pode declinar situação fática diversa,
em se tratando de benefício previdenciário, o que deverá ser observado por
Vossa Excelência quando da prolação da sentença.

Saliente-se que tal fato ocorre em lides


previdenciárias que visam à concessão/restabelecimento de benefício, pois
dependem do laudo pericial.

Frise-se que, nestes casos não há que se falar em


julgamento extra ou ultra petita afinal aqui, com maior razão, vigora o
brocado da mihi factum, dabo tibi ius (da - me os fatos e eu te direi o
direito), já que cabe ao julgador adequar o benefício à incapacidade
laborativa verificada, face o principio Jura Novit Curia (o Juiz conhece o
direito), adequando os fatos ao benefício mais justo, sem ferir nenhum
princípio inerente à sua investidura. O pedido é o benefício e ao juiz cabe a
caracterização da situação e a subsunção à Lei.
O benefício a ser concedido deve ser dito pelo juiz
e não pelas partes, sendo certo que a indenização é paga em conformidade
com o que é devido ao segurado, em face da lei.

Outro não é o entendimento dos nossos Tribunais:

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL -


Acidente do Trabalho - Sentença extra
petita – Não configuração - Concessão
do benefício adequado ao grau de
incapacidade verificado em perícia
médica - Possibilidade - Precedentes
do Superior Tribunal de Justiça -
Preliminar rejeitadaAcidente do
trabalho - Doença - LER/DORT –
Nexo causal e incapacidade parcial e
permanente - Comprovação - Auxílio-
acidente devido Procedência.Acidente
do Trabalho - Auxílio-acidente – Termo
inicial - Dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença.Acidente do Trabalho -
Benefício - Atualização das prestações
em atraso - Lei n° 8.213/91 e alterações.
Processo Civil - Honorários
advocatícios - Base de Cálculo - 15%
das prestações vencidas até a prolação
da sentença - Aplicação da Súmula n°
111, do STJ.Juros moratórios -
Cômputo - A partir da citação, de forma
englobada sobre as prestações até então
vencidas e após decrescentemente, mês
a mês - Adoção dos índices previstos
para os impostos devidos à Fazenda
Nacional - Aplicação do art. 406,do
Código Civil.”( Apelação nº 994.
09.258605-7, da Comarca de
Guarulhos, em que são; apelantes
INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL INSS. e JUÍZO
'EX-OFFICIO sendo apelado KARINA
LIGIA RUIZ- Relator Adel Ferraz –
Data do Julgamento:06/04/2010).
(grifei)

Desta forma caberá a Vossa Excelência em


observância aos fatos adequar o direito cabível, concedendo ao autor o
benefício previdenciário mais correto.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O requerente não tem condições de arcar com as


despesas processuais sem prejuízos ainda maiores ao seu sustento, até
porque apresenta gastos com medicamentos e seu tratamento.
Ademais seria injusto cobrar do mesmo as custas
e despesas processuais, vez que somente vem a porta da judiciário pleitear
direito que lhe está sendo tolhido pela ré.

Diante disso, bem como pelo fato de se tratar de


questão previdenciária, requer sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA
GRATUITA, assim como assegura o CPC em seu artigo 98.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer de Vossa


Excelência:

1- SEJA JULGADA TOTALMENTE


PROCEDENTE a presente ação, sendo reconhecida a incapacidade
laborativa parcial e permanente do autor a partir de 30/11/2017 e, seja
implantando o AUXILIO ACIDENTE na conformidade da Lei nº. 8213/91;
ou ainda, seja concedido o benefício adequado ao caso concreto, conforme
aferição em perícia médica judicial.

2- Seja compelida a autarquia requerida a juntar


aos autos o processo administrativo referente ao benefício B91 nº XXXXX

3- A condenação do Órgão Requerido, no


pagamento dos honorários advocatícios no percentual equivalente a 20%
sobre a condenação, conforme preleciona o art. 20 do Código de Processo
Civil.

4- A concessão dos benefícios da justiça gratuita,


nos termos da fundamentação.

5- Informa que não possui interesse na realização


de audiência de conciliação, haja vista que o reconhecimento do direito
pleiteado depende da realização da perícia médica a ser oportunamente
designada por Vossa Excelência.

Requer a produção de todas as provas em direito


admitidas, em especial seja designada perícia técnica médica.

Da a causa o valor de R$ 22.897,50 (vinte e dois


mil, oitocentos e noventa e sete reais).

Nestes termos

Pede deferimento.

Indaiatuba, 12 de março de 2018.

XXXXXXXXXX

OAB/XX XXXXXXX

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