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3.

8 - Diretrizes para Concepção da Rede Coletora


de Esgoto

a) Prever as vazões
– Estudo da população a ser atendida;
– Separar pontos de grandes contribuições singulares (indústrias, hospitais, etc.);
b) Fazer um traçado preliminar, observando:
– topografia (mapa escala mínima 1:2.000, com curvas de nível de metro em
metro) e
– obstáculos superficiais e subterrâneos;
c) Profundidades de coletores de esgoto na via pública:
– Profundidades mínimas dos coletores de esgoto:
• Passeio: recobrimento superior a 0,65 m
• Via de Tráfego: recobrimento superior a 0,90 m
– Profundidades máximas dos coletores:
• Passeio: de 2,0 a 2,5 m, dependendo do tipo de solo;
• Via de Tráfego e nos terços: de 3,0 a 4,0 m.
3.9 – Dimensionamento
a) Requisitos hidráulicos e sanitários
Q máximas
1 Capacidade das tubulações de conduzir:
Q mínimas

2 Regime de escoamento:
Livre: coletores e interceptores
Forçado: sifões invertidos e linhas de recalque

3 Garantir auto-limpeza nas tubulações (Declividade mínima)


Critério da Tensão Trativa é a tensão tangencial exercida pelo líquido
escoando sobre a parede do tubo, onde o valor crítico da mesma,
denominado Tensão Trativa Crítica, é aquele valor mínimo capaz de iniciar
o movimento das partículas depositadas nas tubulações.

4 Velocidade máxima deve ser obedecida: não causar abrasão nos tubos.
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

b) Vazões de Projeto para Rede Coletora

Vazão máxima horária de um dia qualquer de início de plano:


Qi,max  Definir capacidade de auto-limpeza das tubulações

Qi ,máx  K 2Qd ,i  Qinf,i   Qc ,i

(não inclui K1, por que não se refere especificamente ao dia de maior
contribuição. Autolimpeza deve ocorrer pelo menos uma vez ao dia)

Vazão máxima de final de plano:


Qf, max  Definir os diâmetros dos trechos da rede coletora
Capacidade que deve atender o coletor

Q f ,máx  K1 K 2Qd , f  Qinf, f   Qc , f


Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

c) Taxa de contribuição linear


REDE SIMPLES Ocupação
homogênea

Início de ,
,
projeto:

Fim de ,
projeto: ,

L: comprimento da rede
Subíndices i e f correspondem ao início e fim do
projeto, respectivamente

Obs.: Taxa de contribuição também pode ser por área


Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

REDE DUPLA Ocupação


homogênea

Início de ,
projeto ,
,

Fim de ,
projeto ,
,

Ld: comprimento da rede dupla


Subíndices i e f correspondem ao início e fim do
projeto, respectivamente
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

REDE SIMPLES E DUPLA Ocupação


homogênea
Comprimento virtual da rede (Lv):
Ls: comprimento da rede simples
Ld: comprimento da rede dupla
Subíndices i e f correspondem ao início e fim do
projeto, respectivamente

Taxa de contribuicao linear (Tx):

Rede simples Rede Dupla

Início de , ,
,
projeto ,
, ,

Fim de , ,
,
projeto ,
,
,
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

d) Vazões de Projeto para Trechos de Tubulação


QT

QM QJ
Lt

Vazão de Vazão de Contribuição Vazão de


Montante no Trecho Jusante

QMi = ∑ vazões iniciais


Inicial de montante + ∑ QS QTi = Tx,i . Lt QJi = QMi + QTi

QMf = ∑ vazões finais de QJf = QMf + QTf


montante + ∑ QS
QTf = Tx,f . Lt
Final

QS – Vazão de contribuição singular Q mínima de 1,5 L/s (NBR 9649/86)


(hotel, escola, hospital, etc) no trecho i Vazão de uma descarga de vaso sanitário
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

e) Determinação da Declividade (I)

Declividade do projeto: MAIOR entre:

Declividade econômica: Que deve evitar o aprofundamento desnecessário dos


coletores, fixando a profundidade mínima admitida no
projeto.

Declividade mínima:
Imin = 0,0055.Qi,max -0,47
Satisfaz a condição de tensão
trativa mínima de 1Pa e n de
Manning de 0,013 m/m L/s
Declividade máxima
Quanto maior a declividade  Maior velocidade  Maior vazão
Declividades elevadas contribuem para:  máxima declividade admissível
• grandes profundidades seria aquela para a qual se tenha a
velocidade final de escoamento de
• entrada de bolhas no escoamento 5m/s

Declividade máxima admissível:


Para manter a velocidade final máxima em 5m/s,
pode ser utilizada a expressão aproximada da
declividade máxima (para n=0,013):
Profundidade mínima do coletor (p)

h – desnível entre a via pública e o piso do compartimento a esgotar


hc – altura da caixa de inspeção
i – declividade do ramal predial (m/m)
L – distância entre o coletor público e a caixa de inspeção
a – distância entre a geratriz inferior interna do coletor público até a geratriz
inferior interna do ramal predial
Controle de remanso

Recobrimento corresponde ao Recobrimento superior ao mínimo e


mínimo e existe aumento do existe aumento do diâmetro no
diâmetro no trecho a jusante  trecho a jusante 
Alinhamento das tubulações pela Alinhamento das tubulações pelo
geratriz superior nível de água no final de plano
Cálculo: Declividade
• Coletor a montante está com a profundidade ou recobrimento mínimo; e
• Declividade do terreno é maior que declividade mínima

• Declividade no trecho igual à declividade do terreno


• Profundidade a montante e a jusante igual ao recobrimento mínimo
mais diâmetro da tubulação.

Fonte: EPUSP
• Declividade do terreno é menor que a declividade mínima (ou negativa)

• Declividade no trecho igual à declividade mínima


• Profundidade (ou o recobrimento) a jusante pode ser calculada

Fonte: EPUSP
• Coletor a montante está acima da profundidade ou recobrimento mínimo

• Tentar retornar para a profundidade ou recobrimento mínimo 


profundidade a jusante = rmin

Fonte: EPUSP
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

f) Determinação do Diâmetro

Para manter a lâmina máxima igual a 0,75D,


o diâmetro mínimo necessário pode ser calculado (para n=0,013): m3/s

Qf, max Equação de Manning ,


Por norma: [Y/D] max = 0,75
n = 0,013
m

Diâmetro mínimo:
Dmin = 100 mm
(NBR 9649/86)

Y – lâmina de água
Na prática tem-
se usado
Dmín=150
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

h) Determinação das Velocidades Final de plano (Vf)


Aplicação da equação de Manning.

Para evitar o efeito de abrasão sobre os tubos  vmax = 5,0 m/s Final do
plano
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

i) Determinação da Tensão Trativa

i = . RH,i. I
Raio hidráulico inicial,
Declividade da tubulação (m/m)
pois são nas condições
Raio hidráulico início de plano (m) de início de plano que
Peso específico do líquido ( = 1000 kgf / m3) interessa avaliar a
condição de auto-limpeza
Tensão trativa média (kgf / m2)

Tensão trativa crítica


Tensão mínima necessária para o início do movimento das partículas depositadas
nas tubulações de esgoto • Inorgânicas
• Orgânicas

Valor determinado empiricamente e depende de vários fatores, dentre eles:


• Peso específico da partícula e do líquido
• Dimensões das partículas
• Viscosidade do líquido

A recomendação é garantir:  c, min = 0,10 kgf / m2 para coletores (NBR 9649)


 c, min = 0,15 kgf / m2 para interceptores (NB 568/89)
Sulfeto de hidrogênio (H2S) - Gás sulfídrico
Gás mais importante observado em sistemas de coleta e transporte de esgoto

• Responsável pela produção de odores desagradáveis


(odor característico de ovo podre)
• Extremamente tóxico
• Corrosivo a metais como ferro, zinco, cobre, chumbo e
cádmio (Precursor de ácido sulfúrico H2SO4)

Decomposição anaeróbia da MO (ação de


bactérias que reduzem o sulfato para obter
energia para seu crescimento e manutenção)

Despejos Água de
industriais infiltração

H2S
Corrosão causada por H2S
Distribuição desigual da corrosão
devido ácido sulfúrico

Representação esquemática em tubos de concreto armado


Tubulações curtas e Presença Não
esgoto fresco de OD formação
de H2S

Redes extensas e Redução Aparecimento


velocidades baixas de OD de H2S
•Coletores-troncos
•Interceptores
•Emissários
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

j) Velocidade crítica

O número de Boussinesq é que


melhor representa o fenômeno de
entrada de ar no meio líquido
[Sobrinho & Tsutiya]:
B = V / (g . RH )0,5

B = 6  inicia-se o processo
de mistura ar líquido. Logo:
V = Vc
Para B > 6,0  V > Vc

Vc = 6 (g . RH, f)0,5
• A entrada de ar no meio líquido tende a aumentar a altura da lâmina de água na
tubulação. Passa a ocorrer uma oscilação entre o regime livre e a força que pode
danificar.
• Se Vf > Vc  Maior lâmina admissível deverá ser de 50% do diâmetro do coletor:
Yf / D  0,5.
Equações Básicas e Critérios de Dimensionamento

g) Determinação dos Raios Hidráulicos Inicial (RHi) e Final (RHf)

Aplicação da equação de Manning.


RHi  importante para definir a Tensão Trativa Crítica
RHf  importante para definir a Velocidade Crítica

Parâmetros e valores da Eq. de Manning  Tabela


Para determinação do raio hidráulico em função de Y/D  Tabela auxiliar

Ou ábaco
n=0,013
Y/D
Q (m³/s)
I (m/m)
V (m/s)

Relação entre Raio Hidráulico e


Lâmina do Escoamento
Y/D  = RH/D Y/D  = RH/D
0,025 0,016 0,550 0,265
0,050 0,033 0,600 0,278
0,075 0,048 0,650 0,288
0,100 0,064 0,700 0,297
0,125 0,079 0,750 0,302
0,150 0,093 0,775 0,304
0,175 0,107 0,800 0,304
0,200 0,121 0,825 0,304
0,225 0,134 0,850 0,304
0,250 0,147 0,875 0,301
0,300 0,171 0,900 0,299
0,350 0,194 0,925 0,294
0,400 0,215 0,950 0,287
0,450 0,234 0,975 0,277
0,500 0,250 1,000 0,250
Relação entre Raio Hidráulico e Lâmina do Escoamento

Y/D  = RH/D Y/D  = RH/D


0,025 0,016 0,550 0,265
0,050 0,033 0,600 0,278
0,075 0,048 0,650 0,288
0,100 0,064 0,700 0,297
0,125 0,079 0,750 0,302
0,150 0,093 0,775 0,304
0,175 0,107 0,800 0,304
0,200 0,121 0,825 0,304
0,225 0,134 0,850 0,304
0,250 0,147 0,875 0,301
0,300 0,171 0,900 0,299
0,350 0,194 0,925 0,294
0,400 0,215 0,950 0,287
0,450 0,234 0,975 0,277
0,500 0,250 1,000 0,250
Projeto – Traçado da rede
497 499 500 501
502 503

496

495

494

493
492

491

490

Escala: 1:2.000 Curvas de nível: 1 em 1m


Inverte e
aprofunda
Exemplo

Sobrinho & Tsutiya, 1999.


Planilha de cálculo

Campos verde: preenchidos pelo usuário


Restante: preenchidos automaticamente
Projeto executivo

Fonte: EPUSP
Programas
Software:
ESGOTO

Fonte: EPUSP
Fonte: EPUSP
Software:
CEsg
CESG
Referências

• Tsutiya & Sobrinho. 1999. Coleta e transporte de esgoto.


• NBR9648 - Estudo de concepção de sistemas de esgoto
sanitário
• NBR9649 – Projeto de redes coletoras de esgoto
sanitário
• Santos, Daniel. 2009. Caderno de Saneamento
Ambiental. Cap.4 – Sistemas de Esgotamento Sanitário
• EPUSP: Fonte: EPUSP

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