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A nova tecnologia para melhorar o desempenho de colhedoras agrícolas

Ribeirão Preto SP • Fevereiro 2017 • Ano 18 • nº 216

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EXPEDIENTE

A VOZ DO AGRONEGÓCIO
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EDITORIAL

Não precisa
esperar o Carnaval
S
abe aquela máxima de que a vida começa depois do Carnaval?
Passadas as comemorações do Ano Novo, os brasileiros tendem a
ficar entediados, aguardando o que se anuncia como a maior festa
do planeta. No entanto, o Carnaval, em 2017, não apareceu só em feve-
Plínio César
reiro. Deu o ar da graça já em janeiro, quando o samba-enredo da escola
Diretor do Grupo Agrobrasil
de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio, ganhou projeção. Na letra
do samba, bem como numa das alas, há críticas ao agronegócio, com
Fotos: Arquivo
destaque para os agrotóxicos.
Diversos setores do agro reagiram. Duas das mais renoma-
das autoridades no assunto, o secretário da Agricultura de São Paulo,
Arnaldo Jardim, e o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, des-
tacam os benefícios do campo para a economia e o patamar que nossa
produção de alimentos atingiu. Segundo Roberto, o Brasil tem a agricul-
tura tropical mais sustentável do planeta. A entrevista com ele e o artigo
escrito por Arnaldo estão nesta edição.
Quem vive o agronegócio sabe que todo setor tem pro-
blemas, mas há que se reconhecer o esforço para construir a imagem de
um país que detém tecnologia de ponta e pode se consolidar como ponto
de equilíbrio para garantir comida na mesa. Até 2022, para que não haja
fome no mundo, a produção brasileira de alimentos deverá crescer 40%,
o dobro do que o mundo está crescendo. E os maiores beneficiados não
são os agricultores, mas os consumidores.
Nesta edição da Terra&Cia/CanaMix, que marca o início de
um novo ciclo, de proximidade ainda maior com o produtor, há outras ini-
ciativas sustentáveis, como reciclagem de pneus antes jogados fora. Tem
ainda a pecuária, com um trabalho para transformar um programa de me-
lhoria genética em política pública, os principais eventos da agropecuária
para 2017 e o crescimento dos cafés em cápsula. No Caderno CanaMix,
a liderança do Brasil em pesquisas sobre controle biológico – mais uma
para a vitrine da sustentabilidade – e a preocupação do Museu da Cana
com acessibilidade.
É tanto assunto que daria para compor um enredo sobre a
pujança da nossa terra. Mas, no nosso caso, não é preciso esperar o Car-
naval para mostrar que o agronegócio prioriza o bem-estar das pessoas.

Boa leitura!
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SUMÁRIO

12.
CAPA
44. INOVAÇÃO ENTREVISTA:
Winner Diesel para colhedoras Roberto
Rodrigues

58. PECUÁRIA
Subsídio à genética

10. INSTITUCIONAL - Programa de


Conteúdos Especiais Grupo Agrobrasil
40. DINHEIRO - Governo libera
R$ 12 bilhões
42. EVENTOS - Aberta a temporada
50. OPINIÃO - Atravessaram o Samba
52. PESCARIA - Encantos da floresta
60. SENEPOL - Novo presidente
62. MEIO AMBIENTE - Pneus
sustentáveis
28. CULTURA
Museu acessível
66. CAFEICULTURA - Redução
em cápsulas 30. PRAGAS - Brasíl é referência
70. TRIGO - Além das fronteiras 32. PESQUISA - IAC e Biosev
74. GIRO DA TERRA - As principais firmam parceria
notícias do Portal CanaMix 34. MERCADOS - Alçando voo
80. RECURSOS - Alimento familiar 36. VISÃOAGRO BRASIL 2016
82. OPINIÃO - Inovação pode ser - Cana em destaque
aprendida? - ATIVECON 38. OPINIÃO - Qualificar
86. MARKETING - Transparencidade - os colaboradores é lucro certo
Marcelo Dias
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A Sulphurtec Fertilizantes, empresa líder no segmento agrícola, possui uma linha de produtos específica para o cultivo da Cana-de-açúcar.
Nosso programa nutricional abrange desde o tratamento das mudas até a colheita. Os produtos são potencializados quando aplicados em conjunto
e sua utilização garante o aumento da produtividade, estimula enraizamento, proporciona maior ATR e impulsiona o crescimento vegetativo.
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WINNER

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FOTOS

Programa de Conteúdos
Especiais Grupo Agrobrasil
A
s estratégias tradicionais de Ma- ços, você provê conteúdo realmente útil e
rketing têm se tornando a cada dia relevante para seus consumidores e clien-
menos efetivas e isso obriga seus tes, para fornecer “insights” e ajudá-los a
gestores a buscar constantemente novas resolver seus desafios.
soluções e caminhos para atingir com efi- O Marketing de Conteúdo é
cácia e eficiência os seus mercados alvo. um dos componentes chave da Estraté-
Uma dessas soluções, que ga- gia de Marketing das empresas líderes
nha cada vez mais espaço, consolidando de mercado.
sua posição e apresentando resultados reais, Atualmente, a absoluta maio-
nesse universo, é o Marketing de Conteúdo. ria das grandes corporações mundiais uti-
Seu conceito básico é o se- liza estratégias consistentes de Marketing
guinte: “Marketing de Conteúdo é a estra- de Conteúdo. São exemplos de destaque
tégia de Marketing que tem como pedra corporações lideradas pelas marcas P&G,
angular a criação e distribuição de con- Microsoft, Cisco Systems e John Deere.
teúdo consistente, relevante e de valor Apenas para citar algumas.
para atrair e reter audiências claramente Os resultados obtidos por es-
definidas e, por fim, desenvolver ações de sas referências mundiais vêm veem esti-
venda ao consumidor, ou cliente, lucrativa mulando todas as empresas, de maior ou
para ambos.” menor porte, a adotar Estratégias de Ma-
Em outras palavras, em vez rketing de Conteúdo.
de apenas pulverizar algumas mensagens Apenas para comprovar a va-
padronizadas sobre seus produtos e servi- lidade dessa estratégia no agronegócio,

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basta lembrar que a primeira grande ação 1) Estratégia de conteúdo
de Marketing de Conteúdo foi desenvolvi- 2) O funil de venda
da pela John Deere, ainda em 1895, com
a revista FURROW. Essa publicação, no A Figura “Aquisição de Consumidores – Processo Centrado no Con-
agronegócio norte-americano, tem uma re- sumidor” mostra esquematicamente o alinhamento de todos os pro-
putação do nível da reverenciada National cessos que compõem uma estratégia de Marketing de Conteúdo.
Geographics. Em nosso contexto nacional, O trabalho para consolidar funcionalmente um modelo
destaca-se a iniciativa recente da Bayer desse nível, para uma organização, demanda capacidades profis-
com a criação de uma rede de relaciona- sionais específicas na produção de conteúdo, na gestão do funil
mento profissional específica para o nosso de vendas, na distribuição do conteúdo utilizando Tecnologias da
Agronegócio: a Rede Agroservices. Informação e Comunicação e a realização de eventos de consoli-
dação do relacionamento. O Grupo Agrobrasil, com base no seu
Visão geral do Marketing histórico de relacionamento no agronegócio brasileiro, desenvol-
de Conteúdo veu um serviço específico para atender os seus parceiros de negó-
O desenvolvimento e execu- cio, com pacotes de diferentes níveis de serviço para possibilitar
ção de uma Estratégia de Marketing de que estes desenvolvam e executem Estratégias de Marketing de
Conteúdo funcional é um projeto comple- Conteúdo assertivas. Definidos em ciclos de 12 e 6 meses alinha-
xo, apesar de ter as etapas bem conheci- dos com o Calendário Comercial do Agronegócio Brasileiro, são a
das, e depende da sincronização de dois melhor estratégia para renovar seu esforço de vendas para os anos
níveis de processos distintos ao redor do de 2017 e 2018.
Ciclo de Vida do Consumidor. Esses dois Agende uma visita de nossos consultores para que
níveis de processo são: possamos detalhar o projeto com vocês.

Figura - “Aquisição de Consumidores – Processo Centrado no Consumidor” (Fonte: Ativecon)

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Igor Savenhago

‘É possível que a gente


tenha uma estratégia para o
agronegócio depois de 40 anos’
Roberto Rodrigues recebe equipe da Terra&Cia/
CanaMix na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em
São Paulo, e comemora escolha do agronegócio
como uma das prioridades do Governo Temer

Igor Savenhago neiro, como se estivesse em casa. a “formar gente”, se sente à vonta-
Marcelo Dias E está. Numa das salas da Fun- de para falar com gente do mundo
dação Getúlio Vargas (FGV), na inteiro e fazer amplas e profundas

R
oberto Rodrigues cum- capital paulista, onde coordena análises sobre o cenário agrícola,
primenta a equipe da o Centro de Agronegócio e para nacional e externo.
Terra&Cia, no dia 17 de ja- onde foi para, segundo ele, ajudar Membro de 29 conse-

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Acervo pessoal
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lhos empresariais, institucionais e acadê-
micos, no Brasil e no exterior, tendo sido
secretário estadual da Agricultura em São
Paulo, na década de 90, e Ministro da Agri-
cultura no Governo Lula, de 2003 a 2006,
Roberto procura estender a informalidade
aos entrevistadores. Tanto que o encontro
vira um agradável bate-papo, ele fala do
amor pela agricultura, de relações fami-
liares, e conta histórias. Muitas histórias.
Desde bastidores da política brasileira até
bem-humorados momentos de viagens que
fez para o exterior. Já foram 81 países visi-
tados, marcados com alfinetes num mapa
pendurado numa das paredes da sala.
Descontração e sorriso aberto
que se justificam, em parte, pelo otimismo.
No fim do ano passado, depois de partici-
par da reunião do Conselho de Desenvolvi-
mento Econômico e Social (CDES), o Con-
selhão, em Brasília, Roberto soube que,
atendendo a uma solicitação feita por ele, o
Presidente Michel Temer incluiria o agrone-
gócio entre os temas que serão prioridade
do Governo Federal a partir deste ano.
Entre balas, expostas num
minibaleiro sobre a mesa, e cafés, que ele
faz questão de lembrar que são produtos
do agronegócio, afirma, convicto, que o
Brasil pode atuar como promotor da paz
mundial se sua produção de alimentos
crescer 40% até 2022. Confira os princi-
pais trechos da entrevista.

Terra&Cia: Que balanço é


possível fazer do agronegócio em 2016?
Roberto Rodrigues: Foi um
ano complicado para o agronegócio brasi-
leiro porque foi caracterizado por dois fato-
res climáticos negativos: o El Niño, que pro-
duziu um desastre na região Centro-Oeste,
Nordeste do país, com produtividade muito
baixa de grãos de maneira geral, soja, mi-
lho. Isso levou a um déficit muito grande,

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de compromissos brasileiros e de reflexos na cadeia produtiva. Aca- to descontentes com a Presidente
produtores com o mercado, fazen- bou fazendo com os que bancos Dilma, especialmente o canaviei-
do com que os preços subissem refluíssem no financiamento da ro, por conta da política adotada
muito, sobretudo do milho, afetan- agricultura, ficassem muito mais com a Petrobras. O sr. foi ministro
do de forma dramática as carnes, seletivos e muito mais cuidadosos do Lula, ou seja, o governo con-
que usam o milho como elemento com o crédito. Os fundos de inves- versava bem com o setor. De lá
fundamental, para arraçoamento. timento, que vinham apostando no pra cá, o que mudou que deixou
Por outro lado, tivemos as geadas, agro muito fortemente, tiraram o pé o agro tão descontente? E agora,
mais no Sudeste, muito fortemente do acelerador. Somou-se a todo com o Temer no poder, o que real-
na região de Ribeirão Preto, e que esse fenômeno econômico o pro- mente muda?
pegaram o Sul de Minas, o Triângu- blema político que o Brasil viveu, Roberto: Bem, de po-
lo Mineiro e um pedaço de Goiás. como o doloroso processo de im- lítica eu não entendo muito, mas
Foram duas geadas, uma em ju- peachment, mudança de governo vou colocar meu sentimento. O que
nho e outra em julho, que afetaram e as questões ligadas à Lava-Jato há de diferente do Lula para a Dil-
a produção de cana duramente, com ministros do governo. Todo ma é claro: o Lula ouvia todo mun-
e também café, laranja, de forma do. Ele sabia que não tinha um co-
que os preços tivessem uma re- “O agronegócio, como nhecimento profundo dos assuntos
ação positiva. Então, foi um ano todos. Então, ele procurou se cer-
um setor brasileiro, não
duro para o agronegócio de uma car de gente que conhecia. Ouvia e
maneira geral, no que diz respeito sofreu muito em 2016. acabava administrando nesse pro-
a volume de produção. No que diz Mas produtores agrícolas, cesso, tendo inclusive tomado uma
respeito a preços, não foi um ano decisão que ninguém imaginava,
dependendo da região
ruim, exatamente por causa da que foi manter a política econômica
queda de produção em função da em que estivessem, e que do tempo do FHC. Além disso, o
seca no Centro-Oeste, no Norte e foram afetados pelos danos Lula não tinha uma posição ideoló-
no Nordeste, que reduziu a oferta gica, de esquerda ou de direita. Ele
climáticos, sofreram muito,
de milho e de soja, de cana em São era um sindicalista de resultados.
Paulo, de café, Conilon, sobretudo com muita quebradeira e Se agradasse ao país, ele empla-
no Espírito Santo. Então, isso signi- com muito endividamento”. cava. Teve um episódio com ele,
ficou o quê? Significou que o agro- inclusive, que foi quando consegui
negócio, como um setor brasileiro, esse fator, que não tem nada a ver fazer a lei da biossegurança, per-
não sofreu muito. Mas produtores com a agricultura, afeta a economia mitindo o transgênico no Brasil, que
agrícolas, dependendo da região como um todo e a agricultura tam- era proibido, o PT não admitia. Mas
em que estivessem, e que foram bém. E afeta a visão externa em re- ele sabia que era importante para o
afetados pelos danos climáticos, lação ao Brasil. Na área de insumos Brasil e fez. E entregou pra Dilma
sofreram muito, com muita quebra- agrícolas, vendemos menos adubo um país sem inflação, com cresci-
deira e com muito endividamento. e máquinas agrícolas. Caminhão, mento, claro que limitado em 2010
O agronegócio foi ainda o único então, foi uma tragédia. Vendemos porque a situação mundial tinha
setor da economia que empregou, metade em relação a 2015, que já piorado. Mas o que a Dilma fez?
continuamos sustentando a balan- foi 40% menor que 2014. Não ouviu ninguém. Ela achava
ça comercial brasileira e ainda fo- que sabia tudo sobre tudo. Então,
mos responsáveis pelo PIB não cair Terra&Cia: Em rela- não ouviu ninguém. Além disso, ela
tanto. Mas o endividamento dos ção à crise política, alguns seto- decidiu mudar a matriz econômica.
agricultores teve, evidentemente, res do agronegócio andavam mui- Mudou completamente o mecanis-

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Igor Savenhago

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mo de controle de inflação, usando brou a Petrobras, a Eletrobras e a ra dos Deputados 500 vezes, foi
inclusive a Petrobras, que era uma agroenergia. Aliás, com a mudan- secretário de Estado aqui em São
empresa grandiosa, um orgulho ça da matriz econômica, com uma Paulo, um cara que viveu todos os
nacional e uma das 15 maiores em- visão, isso sim, ideológica de es- momentos da política brasileira nos
presas do mundo. Obrigou a Petro- querda, contra a empresa privada últimos 40 anos. Ele tem uma expe-
bras a comprar petróleo por um brasileira, a Dilma destruiu um país riência de relacionamento dentro
preço e vender por menos. Que- inteiro. E o setor sucroenergético da classe política e com os setores
brou a Petrobras. Não é a corrup- foi o que mais sofreu durante esse representativos, seja de trabalha-
ção... A corrupção é outro proble- processo. Realmente, a irritação dores, de empregados, o que for...
ma. Ela quebrou a Petrobras por com ela era procedente. E ela não E, além de tudo, um conhecedor
causa de uma burrice sem prece- queria conversar sobre esse as- da questão constitucionalista como
dentes. E essa burrice, que matou sunto. Tinha uma irritação com o poucos. Ele é um grande tribuno
a Petrobras, matou também a agro- setor. Um presidente pode não constitucionalista. Assumiu o país
energia. Por isso, o setor sucroe- gostar de um setor, mas ele tem quebrado, com uma dívida interna
nergético foi violentamente prejudi- que governar para todos, e não só sem precedentes, o maior desem-
cado, de uma forma inaceitável, para as coisas de que gosta. No prego da história contemporânea,
inacreditável. Como é que pode entanto, é melhor nem falar sobre inflação explodindo, corrupção de
jogar fora um patrimônio nacional, essas questões. Esquece o passa- tudo quanto é jeito, e montou um
que era uma das coisas mais admi- do político. Agora, mudou pro Te- governo com duas características:
radas pelo mundo, a alternativa mer. O Temer é um sujeito macaco um núcleo central composto por
energética que nós desenvolve- velho, um político antigo, mas ele gente de competência, na Econo-
mos via Proálcool lá atrás? Ela que- conhece. Foi presidente da Câma- mia, no Banco Central, no Planeja-

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mento, Agricultura, Educação, e ciais para o nosso país, no nosso no mundo uma imagem diferente,
precisou compor com o Parlamento. setor ele botou um camarada que porque, até então, o Brasil no mun-
Vai fazer o quê? É a realidade brasi- está do nosso lado. E mais: no Mi- do é incompetência da Dilma e cor-
leira. Compôs com o parlamento e nistério das Relações Exteriores, bo- rupção. A rebelião nas cadeias é
tentou então montar um projeto com tou o Serra. E o Serra tem uma visão que foi muito ruim, porque o mundo
uma linha definida. “O que eu vou diferente. O Itamaraty não é mais olha para isso e se pergunta. Mas,
fazer?”, diz o Temer. “É preparar o um órgão que vai fazer política ideo- voltando ao desemprego, é um pro-
Brasil para o Presidente de 2018, lógica. O Itamaraty vai fazer comér- blema. Resta saber quanto será
que não serei eu”. Ele tem que fazer cio. Pra quê? Criar emprego e renda possível aguentar isso aí sem pres-
as reformas para que o Brasil saia no país, o que é o nosso sonho. É sões insuportáveis. Segundo: tem
desse endividamento brutal, dessa música para nós. Então, o governo, eleição ano que vem. A derrota fra-
inflação, desse desemprego, volte a o núcleo central do governo, que gorosa do PT no ano passado levou
investir, para po- trabalha os te- a uma radicalização dos partidos
der prepará-lo “O que há de diferente do mas capitais, que perderam a eleição. Contando
para frente. E to- está muito liga- com a questão social do desempre-
Lula para a Dilma é claro:
mou algumas do à nossa ma- go, isso pode levar a um problema
providências que o Lula ouvia todo mundo. neira de ver. dentro do Congresso que atrase as
há 20 anos deve- Ele sabia que não tinha um Portanto, de reformas fundamentais. E a Lava-
riam ter sido to- ponto de vista -Jato, que a gente não sabe, com
conhecimento profundo dos
madas, desde político, o Bra- essas denúncias que vão chegar aí
Collor, Itamar, assuntos todos. E entregou sil tem um mo- agora, o que afetará o Governo Fe-
FHC, mas que um país sem inflação, com mento precio- deral, os governos de Estado, o que
ninguém tomou. so. O que pode vai acontecer nesse processo todo.
crescimento. Mas o que
O negócio do perturbar isso? Então, são três fatores que, do ponto
teto de gastos foi a Dilma fez? Não ouviu O desempre- de vista político, são interrogação.
uma decisão co- ninguém”. go. Um desem- Agora, está no caminho certo? Está.
rajosa, que con- prego de doze Fazendo coisas que ninguém fez.
traria o interesse de milhões de pes- milhões de pessoas, que, acredita- Isso no cenário nacional. No cenário
soas. Propôs a reforma -se, seja de 15 milhões, porque mui- externo, há uma clara reação nega-
previdenciária, a reforma trabalhis- ta gente, por não estar no mercado tiva à globalização mundial. O pri-
ta, que são de uma importância ca- formal, não aparece nas estatísti- meiro movimento foi do Reino Uni-
pital para um país que almeja ser cas. Esse é um tema doloroso, por- do, com a saída da União Europeia.
sério. Se vai conseguir, não sei. Na que não pode ter nada pior para A eleição do Trump [Donald Trump,
agricultura, que é o setor que nos uma sociedade que o desemprego. nos EUA] foi um claro exemplo de
interessa, ele conhece, seja como E não é um problema que se resolve oposição à globalização, e isso leva
produtor que era, seja como gestor rapidamente. Ele vai ser resolvido a uma nova onda protecionista glo-
público, seja como político, muito com retomada de investimentos, bal. Numa onda protecionista, quem
bem relacionado. É uma liderança que demoram, as pessoas têm que protege é o rico, que é quem pode
rural. Então, botou no Ministério da acreditar. Agora, lá em Davos [Fó- subsidiar. Isso pode gerar um mal-
Agricultura um cara que sabe das rum Econômico Mundial, na Suiça], -estar nos países em desenvolvi-
coisas [Blairo Maggi]. E isso, pra por exemplo, o Brasil está indo mui- mento, entre os quais o Brasil. Pode
nós, foi muito positivo. Ao mesmo to bem. O Meirelles está lá, o Banco criar um problema pra gente. Mas é
tempo em que ele inicia um proces- Central, o Itamaraty. Está havendo uma incerteza. Daqui a uma semana
so de reformas profundas e essen- uma reação positiva, despertando vamos saber de alguma coisa,

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E N T R E V I S TA
quando o Trump assumir lá. Por ou- Se ele criar dificuldades pra China, vel. Por quê? Porque vamos colher
tro lado, tenho falado muito isso nas bom pra nós. A China vai comprar uma safra histórica, recorde. Esse
minhas conversas em reuniões de de quem? De nós. O maior mercado ano não tem El Niño, apenas uma La
conselhos de que participo, que é: que tem é a China. Então, pode ser Niña moderada. Está chovendo no
mostre pra mim uma grande abertu- que o Trump gere um clima global Brasil inteiro. O café continua com
ra do Obama. Ele fez uma abertura nacional protecionista, e o que isso preço bom, cana também, e a oferta
com Cuba, mas o que isso trouxe traz pro comércio internacional, mais mundial de açúcar despencou, por
para a economia global? Ele fez um especificamente pro TPP da China? causa de seca na Tailândia e na Ín-
aceno de um acordo nuclear com o São benefícios pra nós. Então, te- dia. Laranja, o estoque mundial de
Irã. O que isso trouxe para a econo- mos que olhar esse cenário político suco caiu. A gripe aviária está ma-
mia global? Nada. O Obama, do global com preocupação, conside- tando frangos no mundo e estamos
ponto de vista da prática, é um belís- rando todo o cenário. Agora, a Ho- livres por enquanto. As carnes estão
simo orador, simpático, jeitoso, mas landa já fala em sair da União Euro- crescendo. Teremos, então, safra
o que fez de abertura comercial no peia, a Itália, a França... Então, a boa com preço bom, a solução ide-
mundo? Nada. Ah, abriu o mercado Europa está fragilizada. A economia al. Ano passado, foi safra pequena
de carne. É porque não tinha carne. japonesa não está firme, a China re- com preço bom. Então, o agronegó-
“Precisamos de carne. Então, vamos duz seu crescimento. O cenário in- cio esse ano pode ser a grande ala-
comprar carne do Brasil”. Não é ne- ternacional não é maravilhoso. Mas, vanca. Lá em Davos só se fala nis-
nhum favor pra nós. O favor é pra comida, todo mundo tem que comer. so. O agro brasileiro, o agro
eles. Então, não dá pra dizer que Os países emergentes estão cres- brasileiro... É um cenário mais ani-
agora vai piorar a condição de prote- cendo mais em população e renda mador. O problema é atravessar es-
cionismo porque o Obama é um cara per capita que os países ricos. E é lá ses seis, sete meses, com essa cri-
liberal. Liberal porra nenhuma. É que está o mercado. Resumindo a se política nacional.
como todo protecionista. O que ele história: se o Temer conseguir en-
fez no comércio internacional? Re- frentar esses três fantasmas – de- Terra&Cia: Mas, para
duziu subsídio? Pelo contrário, au- semprego, parlamento e Lava-Jato aproveitar esse momento, o agro
mentou. Então, acho que, claro, se a – até agosto deste ano, a situação precisa superar também alguns
eleição do Trump levar a um recru- vai virar. Se o Trump não criar nenhu- gargalos internos, como logísti-
decimento global do protecionismo, ma animosidade e destruir merca- ca, seguro rural, legislações ar-
do nacionalismo, o mercado vai fe- dos, vamos ter uma condição notá- caicas, e externos, como cuidar
char. O presidente da China ontem melhor da imagem do Brasil lá
falou “Eu sou a favor da globaliza- fora. Como fazer isso?
“O que eu vou fazer?”,
ção”. Vai entender. O americano é Roberto: Tenho até
diz o Temer. “É preparar
contra e o chinês é a favor. Esse algo mais do que isso. Tenho uma
mundo está de ponta-cabeça [risos]. o Brasil para o Presidente novidade para contar. Na época da
Outra coisa é que ficamos fora do de 2018, que não serei Dilma, o CDES [Conselho de Desen-
TPP [Tratado Transpacífico]. De eu”. Ele tem que fazer as volvimento Econômico e Social], o
novo, por incompetência do Gover- Conselhão, se reunia muito pouco.
reformas para que o Brasil
no Dilma. E o TPP [da forma como E, quando se reunia, era para ava-
saia desse endividamento
ficou configurado] é péssimo pra lizar as políticas governamentais.
nós. Mas, se o Trump renunciar ao brutal, dessa inflação, O Temer demitiu 56 membros, re-
TPP, ótimo pra nós [no último dia 23, desse desemprego, volte cuou o conselho, com 92 pessoas,
o Presidente americano anunciou a investir, para poder e eu passei a fazer parte. Nós tive-
que rejeita o acordo]. Acaba esse mos uma reunião agora, dia 26 de
prepará-lo pra frente”.
problema, é um fantasma a menos. novembro, a primeira do Governo

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Temer. E, nessa reunião, aconteceu ra todo o esforço que fizemos foi pra prego, PIB, renda, e há muitos anos
uma coisa interessante. Foi uma reu- ganhar a eleição. Mas, se ganhar, não é tratada com a importância que
nião de dia inteiro. O Temer ficou a não tem plano de governo. Então, eu tem. Segundo: o seu discurso não
manhã com a gente, com dez minis- quero fazer o plano de governo junto é consistente em relação à agricul-
tros e o presidente do Banco Cen- com vocês. Quero conhecer os seto- tura. O senhor defende o pequeno
tral. Vários oradores se inscreveram. res de cada um, que cada um diga produtor e deixa o grande de lado
Não foi uma coisa dirigida. Reclama- quais são seus problemas e eu vou como se fosse um bandido. Isso não
ram, brigaram e, depois, almoçamos dizer o que penso”. Falou uma hora
no Palácio da Alvorada. Voltamos e meia, explicou tudo e disse que
pra reunião. O Temer não voltou. queria se preparar para o governo.
“Se o Temer conseguir
Quem ficou foi o chefe da Casa Ci- E que o Palocci seria o coordenador enfrentar esses três
vil, o Padilha [Eliseu], e a equipe do Plano de Governo. Mais tarde, fantasmas – desemprego,
técnica do conselho, que é muito fiquei sabendo que estava na reu-
bem preparada. Dividiram os con- nião por causa do Palocci. Por quê?
parlamento e Lava-Jato
selheiros em oito grupos. Apresen- Quando eu criei a Agrishow, em – até agosto deste ano, a
taram uma lista de 14 temas e cada 1993, o Palocci era o prefeito de Ri- situação vai virar. Se o
grupo tinha que escolher três temas beirão Preto. E eu tive que falar com
da sua prioridade, isso durante uma ele. Eu falei pra ele que queria fazer
Trump não criar nenhuma
hora. Depois, resolveram juntar todo uma feira dinâmica, diferente, falei animosidade e destruir
mundo de novo para escolher quatro uma hora com ele... Ele me falou: mercados, vamos ter uma
temas entre os selecionados. Vamos “olha Roberto, eu não entendi nada
supor que tivessem sobrado dez do que você falou, que sou médico
condição notável”.
temas escolhidos por todos os gru- sanitarista, mas eu mandei saber
pos. Desses dez, teria que cair para quem é você. E confio no que você é correto, porque, pequeno ou gran-
quatro. E esses quatro temas seriam está propondo, pode contar comi- de, é tudo agricultor. Existe pequeno
objeto do Conselhão daqui pra fren- go”. Como a Agrishow foi sucesso, o dentista e grande dentista? Pequeno
te, gerando propostas de políticas Palocci me conheceu por causa dis- e grande sindicalista? É tudo uma
públicas, internas e externas, e o so. E como eles precisavam de um coisa só”. O Presidente Fernando
compromisso do governo de que o cara do agronegócio, fui pra reunião Henrique Cardoso é quem fez dois
conselho será ouvido. A ideia é que por causa disso. Bom, aí o Lula fa- ministérios. Não tem cabimento. É
dali surja uma proposta de governar lou esse negócio e disse o seguinte: uma estupidez. “E outra coisa: por
o país. Um pequeno parênteses, só “quero criar algum tipo de estrutura que é que o senhor defende tanto o
pra gente ver como a história dá al- que permita uma comunicação fran- pequeno? Não é pra ele crescer? Aí
gumas voltas. Quando faltavam dois ca com vocês. Não quero ficar iso- ele cresce e não presta mais? Não
meses para a eleição do Lula, em lado no Palácio. E deixou a palavra tem consistência o discurso”. Sobre
2002, ele fez uma reunião aqui em livre. Ninguém esperava aquilo, ficou o mecanismo de comunicação, eu
São Paulo com 20 pessoas. Eu não um silêncio. Eu falei: “então começa havia ao proposto ao FHC criar um
conhecia o Lula, mas fui chamado pelo começo de tudo, que é a agri- conselho. Ele não quis dizendo que
para essa reunião. Só eu da agricul- cultura”. Eu até ouvi o Palocci dizer o Congresso faria esse papel. Então,
tura. E Palocci, Zé Dirceu, Genoíno, a ele: “esse que é o Roberto Rodri- propus ao Lula. E agora sou membro
Marta Suplicy, o alto escalão do PT. gues”. Eu falei: “olha, vou dizer três do conselho. Muito bem, voltando à
O Lula falou: “olha, gente, eu chamei coisas pro senhor. A primeira é a se- reunião. Entregaram os 14 temas,
vocês aqui porque há uma chance guinte: a agricultura brasileira é um cada grupo escolheu os seus e...
real de ganhar a eleição. E até ago- setor fundamental, por causa de em- não tinha agronegócio! Eu levantei

20
E N T R E V I S TA
a mão e disse: “ministro, me des- num projeto”. Mandei: estrutura, lo- Vou ter uma reunião com o Serra,
culpe, estou vendo os temas aqui, gística, preço, crédito, aquela lista Blairo e Alckmin dia 6 de fevereiro,
todos eles muito importantes, mas o de coisas que eu falo há trinta anos, pra discutir as áreas de comércio.
agronegócio é um quarto do PIB na- comunicação, informação... E o gru- Vão entrar no grupo também acor-
cional, gera um terço dos empregos po foi composto [a primeira reunião dos bilaterais, com agregação de
do país, me desculpa”. Ele falou: ocorreria no dia 31 de janeiro, após valor. Eu não quero exportar a soja
“não, o sr. tá certo. Vamos fazer uma o fechamento desta edição]. É pos- e o milho pra China, eu quero ex-
coisa: cada grupo está autorizado sível que a gente tenha, nas asas portar o frango. Discutir reformu-
a incluir um quarto tema na sua lis- desse governo, uma estratégia para lação de legislações obsoletas do
ta, um tema que não esteja no rol”. o agronegócio depois de 40 anos. O campo, todas elas, recursos para
Eu coloquei e fui de mesa em mesa Blairo vai participar do grupo, o pre- tecnologia, ressuscitar os órgãos
fazendo lobby. Fiz um discurso sim- sidente da Embrapa também. É um de pesquisa, olhar a questão da
pático, alegre, sem grosseria com grupo pequeno, que tem 11 ou 12 defesa sanitária com muito mais
ninguém. Pra encurtar a história, ter- pessoas, mas é de alto nível, que vai critério. Então, acho que, se o go-
minou a reunião, escolheram-se os pensar uma estratégia para o Bra- verno se aguentar até agosto, se-
quatro temas e, aí, dos oito grupos, sil. É uma novidade política na qual tembro, e com este conselho, com
havia cinco temas novos, sendo que eu, pessoalmente, estou colocando a safra grande que vamos ter esse
três tinham colocado agronegócio, a maior expectativa. E quais são os ano, que vai levantar a economia
porque eu tinha enchido o saco de temas sobre os quais esse grupo de brasileira, podemos ter uma estra-
todo mundo. Mas já era tarde, e o trabalho vai se debruçar? Logística tégia que há 30 anos eu peço.
ministro Padilha disse: “não vai dar
tempo de discutir esses temas adi- Terra& Cia: Diante
cionais. Então, se vocês concorda- “É um grupo pequeno, disso, conseguiremos fortalecer
rem, levarei ao Presidente Temer que tem 11 ou 12 pessoas, o consumo interno dos produtos
esses cinco temas adicionais, pra agrícolas, beneficiando a socieda-
mas é de alto nível, que
ele avaliar. Se ele quiser, acrescen- de brasileira, assim como os ame-
ta. Se não quiser, não acrescen- vai pensar uma estratégia ricanos, que, em vários setores da
ta”. Quando foi no fim do ano, me para o Brasil. É uma economia, conseguem beneficiar
ligaram do Palácio dizendo: “olha, seu próprio mercado? Ou vamos
novidade política na
gostaríamos de informar ao senhor fazer só o enriquecimento dos
que o presidente escolheu o agro- qual eu, pessoalmente, grandes produtores e a população
negócio como quinto tema”. É a pri- estou colocando a maior acabar não tendo um ganho real
meira vez desde o Geisel, que criou disso?
expectativa”.
a Embrapa [Empresa Brasileira de Roberto: Boa pergun-
Pesquisa Agropecuária], a Embra- ta. E a resposta é extraordinária. Vou
ter [Empresa Brasileira de Assistên- e estrutura, redução da taxa de juro, dar alguns números. De 1990 até
cia Técnica e Extensão Rural], que renda... Temos um grupo de trabalho hoje, 27 anos depois, a área plan-
um presidente da República quer sobre seguro rural, e esse grupo vai tada com grãos no Brasil cresceu
o agronegócio como prioridade. levar uma proposta de reformular o 53%. E a produção cresceu 261%.
“Então, estou comunicando que o seguro inteirinho. Acabar com esse Que foi isso? Tecnologia, que au-
presidente escolheu o agronegócio negócio de todo ano ter que fazer mentou a produtividade por área.
como quinto tema e eu gostaria que recadastramento. Desburocratizar. E qual foi o resultado disso? Caiu o
o senhor nos mandasse algumas Acabou, renova. Vamos discutir preço dos produtos. O que a popu-
coisas para que possamos pensar a área de comércio internacional. lação brasileira, há 25 anos, gasta-

21
E N T R E V I S TA
va entre 23% e 25% do seu salário o consumidor. Por isso, as coope- Terra&Cia: E se a de-
médio para comer, gasta hoje 13%, rativas são fundamentais, porque manda crescer muito, teremos ca-
metade. Então, a resposta para a elas fazem esse trabalho. E é por pacidade para atendê-la?
sua pergunta é muito agradável. isso que tem que ter política públi- Roberto: Olha, tem um
O padrão tecnológico que o Brasil ca. Mas o que acontece? Os países estudo feito em 2012, pela OCDE
executou nesse período permitiu emergentes crescem em população [Organização para a Cooperação e
uma dramática redução no custo da mais que os países desenvolvidos. E Desenvolvimento Econômico], para
cesta básica, de forma que o consu- a renda per capita cresce 2,5 vezes dez anos, até 2022, que diz que
midor brasileiro foi muito mais bene- mais. O sujeito que ganha 10 mil dó- até lá a oferta mundial de alimentos
ficiado que o produtor rural. O que lares por mês, se passar para 20 mil tem que crescer 20%. E isso não é
estabelece o preço de um produto? dólares, ele não vai comer nenhum moleza, porque a União Europeia
A relação entre a oferta e a procura. ovo a mais por mês, porque com 10 cresce no máximo 4%. Os Estados
Em qualquer lugar do mundo e para mil dólares ele come o que precisa. crescem de 12% a 15%. A União Eu-
qualquer produto agrícola. Portan- Agora, o cara que ganha 500 dóla- ropeia não cresce nem 1/5 do que o
to, se você aumentar a produtivida- res, passa ele pra 1000, ele triplica mundo tem que crescer. Os países
de, você aumenta a produção. Se a demanda por comida e roupa, que da Oceania, 15%. China, Rússia e
você aumentar a produção, o preço é da agricultura. O que está aconte- Índia, 23 a 25%. Somando tudo isso
cai. Isso se consideramos uma de- cendo é isso. Há uma mudança na aqui, para que o mundo cresça 20%,
manda inelástica. Como é que se elasticidade do consumo dos países o Brasil tem que crescer 40%. Em
verbaliza essa regra? Toda vez que emergentes, um cenário demandan- outras palavras, para que não haja
o universo de produtores incorpora te que sustenta todo esse processo fome no mundo, em dez anos, o Bra-
tecnologias novas, o beneficiário é e nos permite continuar avançando. sil tem que crescer o dobro do que o
Igor Savenhago

22
E N T R E V I S TA

23
E N T R E V I S TA
mundo tem que crescer. Então, nos-
so desafio é inédito. É historicamente
inédito. É a primeira vez, na história,
que o mundo vira para o Brasil e diz:
“Pelo amor de Deus, cresça 40%”.
Para que não tenha fome no mundo.
E a fome é a mãe da guerra. Não há
paz onde houver fome. E por que é
possível crescer esses 40%? Primei-
Roberto recebe produtos
ro, por causa da tecnologia. Hoje, Agrobrasil das mãos do diretor de
o Brasil cultiva mais ou menos 62 marketing do grupo, Marcelo Dias

milhões de hectares de grãos. Con-


Igor Savenhago
tando todos os produtos, incluindo
café e cana, 84 milhões de hecta- confiança. Segundo, um gesto de O moleque de hoje vai passar lá
res. Isso representa 10% do território desprendimento. Se hoje estou à daqui a 40 anos e dizer: “Eu plantei
nacional. Se tivéssemos hoje a mes- sombra de árvores, foi por causa de essa árvore”. No ano 2000, em co-
ma produtividade de 1990, seriam alguém que plantou 70 anos atrás. memoração aos 500 anos do Des-
mais 78 milhões de hectares. Em É um processo contínuo. Terceiro, cobrimento, plantei um pau-brasil no
outras palavras, nós preservamos é um gesto concreto de defesa do jardim da fazenda. Meus pais eram
78 milhões de hectares. Isso com- meio ambiente. Plantar uma árvore vivos e também foi todo mundo, fi-
prova que Brasil tem a agricultura é um gesto tríplice extraordinário, lhos, netos. Fiz um discurso e, depois
tropical mais sustentável do planeta. razão pela qual eu, quando era pre- do plantio, meu neto correu pra pis-
Segundo: temos terra disponível. E sidente da OCB [Organização das cina. Eu falei pra minha filha: “Acho
terceiro aspecto: Gente. Temos uma Cooperativas Brasileiras], plantava que fiz um discurso inútil aqui”. Isso
mocidade competente, preparada. árvores por onde ia. Tenho árvore foi num sábado. Na segunda-feira, à
Por que eu vim pra FGV? Pra formar plantada em 37 países no mundo in- noite, minha filha me ligou chorando:
gente. Estamos criando um exército teiro. Acho que plantar árvores é um “pai, tô emocionada”. “Por que, mi-
de gestores rurais. E temos também gesto solene, de homenagem à raça nha filha?”. “O Pedro – filho dela de
que ter estratégia. Se não tiver estra- humana. Lá na fazenda da família, seis anos – foi na escola hoje e a pro-
tégia, não cresce. temos uma avenida de paineiras, fessora pediu para cada um falar al-
que plantei com meus filhos, netos... guma coisa a respeito dos 500 anos
Terra&Cia: Tem uma do Descobrimento. E o Pedro falou:
passagem da China antiga que diz “Quem planta uma árvore ‘Eu tava na fazenda do meu avô, ele
que um agricultor estava plantando faz três gestos simultâneos. plantou um pau-brasil e cada um jo-
uma árvore e outro agricultor falou: gou um pouquinho de terra’”. A pro-
“`Por que você planta algo que só
Primeiro, um gesto de fé e de fessora ligou pra minha filha choran-
vai dar frutos daqui a 70 anos? Você confiança. Segundo, um gesto do de emoção. E a minha filha me
não vai ver. Estará morto”. Ele res- de desprendimento. Se hoje ligou chorando também. O homem é
pondeu que não plantava para ele, um animal racional. Se você mostrar
mas para as próximas gerações. O
estou à sombra de árvores, pra ele a verdade dos fatos, ele as-
que o sr. está plantando hoje que foi por causa de alguém simila aquilo e nunca mais esquece.
não é pra sua geração? que plantou 70 anos atrás. Pedro está hoje com 20 anos e ainda
Roberto: Quem planta se lembra daquele momento [Pausa.
uma árvore faz três gestos simultâ-
Terceiro, é um gesto concreto Enxuga os olhos]. Ah, e me desculpa
neos. Primeiro, um gesto de fé e de de defesa do meio ambiente”. pela emoção...

24
Igor Savenhago

Patrocinador:

(16) 3605-1979 www.controlrisc.com.br

R$ 1,4 MILHÃO
Museu da Cana, em Pontal - SP, recebe autorização para captar
verba em programa de incentivos culturais e quer investir em
melhoria da acessibilidade

Referência Parceria Expansão


Brasil lidera IAC e Biosev vão Ourofino Agrociência
pesquisas sobre trabalhar em conjunto anuncia aquisição
controle biológico em prol da cana 25de 4 novas marcas
26
27
Cultura

Fotos: Igor Savenhago

Museu acessível
Inaugurado em 2013, Museu da Cana tem projeto
aprovado pelo Governo Federal e quer continuar
implantação de acessibilidade às pessoas com deficiência

Marcela Falsarella Heck, gestora do museu, é garantir plena


acessibilidade aos portadores de neces-

O
Ministério da Cultura aprovou um sidades especiais, assegurando que eles
projeto que permite ao Museu usufruam tanto do espaço físico como de
da Cana, localizado em Pontal- bens e serviços oferecidos, como oportuni-
-SP, captar R$ 1,4 milhão em 2017 para a dades de aprendizagem e interação social
manutenção do local. O prazo para levan- promovida pelo Instituto Cultural Engenho
tamento do recurso, que faz parte de um Central, responsável pelo Museu da Cana.
programa de fomento e incentivo à cultura, “Em razão dos recursos captados abaixo
começou a vigorar no dia 4 de janeiro e se do esperado, a cada ano buscamos avan-
estende até 31 de dezembro. çar no projeto de acessibilidade conforme
Uma das principais melhorias as verbas permitem, para que, em cinco
a serem realizadas, de acordo com Leila anos, possamos acolher esse público nos
28
Visitantes do museu podem
programas culturais e educativos de forma educação, cultura, tratamento de acervo, conhecer maquinário
original do séc. XIX
igualitária. Para 2017, pretendemos de- estudos de impacto ambiental, oficinas de
senvolver a acessibilidade de pessoas de técnicas de conservação, palestras e de-
todas as idades com dificuldades visuais, bates. Com os recursos, pretende, ainda,
por meio de parceria com uma instituição manter o acesso gratuito dos visitantes às
especializada de Ribeirão Preto, que de- atividades.
verá desenvolver o projeto e treinar nossos Localizado em Pontal-SP, o an-
monitores”. tigo Engenho Central está na Fazenda Vas-
O processo para que o museu soural. Passou por completa restauração
usufrua dos benefícios é trabalhoso, pois o antes de sua inauguração como museu, em
dinheiro fica condicionado à captação por 14 de dezembro de 2013. Hoje, quem o visi-
meio de programas culturais, como expli- ta é contemplado com uma viagem ao tem-
ca a gestora. “De acordo com o projeto, po, observando, através dos maquinários
os recursos preveem aplicação em obras originais do século XIX, que compõem a li-
e melhorias dos espaços para acolhermos nha completa de produção de açúcar, parte
com qualidade e segurança os visitantes e da história de sucesso de Francisco Schmi-
trabalhadores do museu. Mas, dos valores dt, o Rei do Café, um dos personagens mais
previstos, apenas 45% têm sido captados, importantes da história do Brasil. “Desde a
em vista das dificuldades econômicas das abertura, recebemos 100 mil visitantes. Es-
empresas nos últimos anos”. peramos que esse número aumente quan-
O Museu da Cana sobrevive, do pudermos incluir o roteiro de transporte
principalmente, de programas como esse, urbano coletivo, de Pontal e Sertãozinho-SP
disponíveis em leis de incentivo à cultura. até o museu, beneficiando os moradores
Além de pagar despesas essenciais, man- das cidades vizinhas sem recurso próprio
tém 11 projetos, nas áreas de pesquisa, de locomoção”, conclui Leila.
29
Pragas

ASPLAN

Brasil é referência
Vespas usadas no controle
biológico se alimentam de
pragas e evitam aplicação
de agrotóxicos

País lidera pesquisas mundiais para o controle biológico nos canaviais; mais de
30% da produção brasileira já são tratados com produtos não-químicos

Com informações da UNICA ao desenvolvimento da biodiversidade morte de gema. Para combater a infes-
no campo. “Ao incorporar o controle tação, são utilizados duas espécies de

D
esde 1970, graças ao trabalho biológico no processo de cultivo nestes insetos: a Trichogramma galloi e a Co-
de excelência realizado por di- últimos 40 anos, agregamos ainda mais tesia flavipes.
versos centros de pesquisas do valor à produção, o que faz da cana Outra peste presente em
segmento sucroenergético nacional, brasileira uma referência global pela re- quase todas as regiões canavieiras do
produtores vêm reduzindo significati- dução de impactos à natureza, ao mes- País é a Cigarrinha-da-raiz, que depo-
vamente a aplicação de produtos po- mo tempo em que fornece alimento e sita seus ovos próximo ao colmo da
tencialmente nocivos ao meio ambien- energia renovável para o mundo”. cana, causando reduções no teor de
te em suas lavouras. Dentre as muitas A pesquisadora do Insti- açúcar e na capacidade de moagem.
culturas agrícolas existentes no País, tuto Agronômico de Campinas (IAC), Nos últimos anos, tornou-se relevante
a atividade canavieira é uma das que Leila Luci Dinardo-Miranda, acredita no Estado de São Paulo, onde mais de
menos fazem uso extensivo de agrotó- que o uso de defensivos na cana de- 90% da colheita sucroenergética são
xicos para combater pragas e aumen- verá se ser reduzido ainda mais nos mecanizados. Áreas com cana crua
tar a produtividade. Segundo dados próximos anos. “O controle biológico colhida acumulam palha no solo, cuja
do Instituto Biológico (IB), em 2015, é uma ferramenta para o manejo inte- umidade favorece o aumento o desen-
aproximadamente 30% dos canaviais grado de pragas. O que nós do IAC volvimento desta praga. A cigarrinha-
nacionais foram tratados com agentes buscamos é implementar um progra- -da-raiz pode ser controlada com o Me-
não-químicos no combate à broca e à ma amplo, que inclui controles biológi- tarhizium anisopliae, também chamado
cigarrinha, que mais causam danos à co e químico, além de tratos culturais. de fungo-verde.
cana no Brasil. Tudo isso para manter a sustentabili- Segundo o Instituto Bioló-
O diretor Técnico da dade da cultura, fazendo uso racional gico (IB), são 3 milhões de hectares tra-
União da Indústria de Cana-de-Açúcar de produtos agrícolas que provoquem tados com Cotesia flavipes e 1,5 milhão
(UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, danos ambientais”. de hectares com Metarhizium anisopliae
afirma que este avanço em direção a Atualmente, a maior pra- no Brasil. “Para a broca, o uso de vespas
uma produção sustentável torna cada ga nos canaviais é a Broca-da-cana, é bem eficiente. No caso da cigarrinha,
vez mais o setor sucroenergético do uma lagarta que devora a biomassa da ainda precisamos aprimorar a aplicação
País um case de sucesso em relação planta, resultando em perda de peso e de fungos”, avalia Leila, do IAC.

30
31
Pesquisa

Divulgação

IAC e Biosev
Representantes das
duas entidades assinam
documento que estabelece
a parceria

firmam parceria
Instituto e empresa anunciam que vão trabalhar
em conjunto visando ao desenvolvimento da cana-
de-açúcar em diferentes regiões do País

Com informações das assessorias produtivas do Brasil.


De acordo com Marcos Gui-

O
Instituto Agronômico (IAC), ór- marães Landell, diretor do Centro de Cana
gão de pesquisa da Agência do IAC, mais que uma parceria, é um com-
Paulista de Tecnologia dos Agro- promisso. Para ele, as informações geradas
negócios, e a Biosev, segunda maior pro- em cada região beneficiarão a agricultura,
cessadora de cana-de-açúcar do mundo, enriquecendo pesquisas e prospecções.
firmaram parceria para promover melho- “As informações, conhecidas como base
ramento de cultivares nas regiões mais de similaridade, apresentadas na região do

32
Divulgação

Parceria vai permitir


cerrado serão úteis para todas as unidades O Programa Cana IAC é res- gerar informações para
enriquecer pesquisas
produtoras daquela região, por exemplo”. ponsável por 23% das variedades lança-
sobre cana
A Biosev possui 11 unidades das no Brasil na última década. No total,
espalhadas pelo Brasil. “Já temos muitas são 22 variedades de cana-de-açúcar
variedades do IAC que plantamos e co- IAC para o setor sucroenergético e uma
lhemos com sucesso. A aproximação trará para fins forrageiros. Outra contribuição
avanços ainda mais eficazes”, afirma Rui do programa é o Sistema Mudas Pré-
Chammas, presidente da companhia. “A -Brotadas (MPB), que representa uma
produção de cana tem vários elementos mudança no conceito de plantio cana-
bases, sendo o conhecimento e a tecno- vieiro no Brasil. Com esta tecnologia, o
logia alguns deles. A parceria é importante consumo de mudas cai de 18 a 20 tonela-
para melhora da produtividade da compa- das por hectare (no plantio convencional)
nhia e a sustentabilidade do negócio”. para duas toneladas (no MPB).

33
Mercados
Alçando voo

Ourofino Agrociência, que completou seis anos em


2016, expande portfólio e anuncia a aquisição de quatro
novas marcas de herbicidas para a cana-de-açúcar
Ourofino Agrociência

Empresa pretende lançar, Com informações da ComTexto das ao seu negócio e, por isso, seguimos
em breve, um programa de
soluções integradas para a Comunicação Corporativa investindo fortemente”.
cana-de-açúcar O Velpar K® é um produ-

E
m mais um capítulo de sua recen- to destaque no setor sucroenergético há
te história de sucesso no mercado mais de 35 anos, ocupando a liderança
de defensivos agrícolas, a Ourofino no mercado de herbicidas para a cultu-
Agrociência anuncia a compra de qua- ra. “Referência pela excelência e eficácia
tro marcas de herbicidas para cana-de- no controle de gramíneas e folhas lar-
-açúcar. Entre as soluções envolvidas no gas, apresenta elevada seletividade para
negócio estão o Velpar K®, o Advance®, cana, qualidade da formulação WG e fle-
bem como seus clones comerciais, Con- xibilidade no manejo integrado de plantas
fidence® e Rancho®, em um acordo que daninhas”, afirma Luciano Galera, diretor
prevê também a produção e comercializa- de Marketing, Pesquisa e Desenvolvimen-
ção exclusiva dos produtos. to da Ourofino Agrociência.
A Ourofino busca protagonis- Os novos produtos, soma-
mo no segmento canavieiro e a aquisição dos a outras soluções da empresa no
possibilita a ampliação do acesso a esse segmento, resultam em um portfólio
mercado, além de reforçar o objetivo de com 18 itens para cana-de-açúcar. “As
levar soluções cada vez mais completas aquisições representam mais um marco
aos produtores. De acordo com o presi- para a Ourofino em oferecer soluções de
dente da empresa, Norival Bonamichi, qualidade superior para os produtores.
este é um momento importante para a É a continuidade de um trabalho bem
companhia, que completou seis anos em feito, que será aprimorado ainda mais
2016 e almeja voos mais altos. “A cana- com o lançamento de um programa de
-de-açúcar, segmento de destaque dentro soluções integradas para cana que em
do agronegócio, sempre recebeu nossa breve anunciaremos”, diz Roberto Tole-
total atenção. Temos feito grandes esfor- do, engenheiro agrônomo e Gerente de
ços para apresentar ao agricultor brasilei- Produtos Herbicidas e Cana-de-açúcar

34 ro soluções que, de fato, sejam adequa- da empresa.


35
VisãoAgro Brasil 2016

Cana em destaque
AR Empreendimentos

Alex Ramos, idealizador


do VisãoAgro, conduziu a Premiação homenageou profissionais, entidades
cerimônia de premiação
e empresas pela excelência das atividades e pelo
empenho em prol do setor sucroenergético

A
cerimônia da 14ª edição do Prêmio ra, tudo aquilo que o impede de crescer.
VisãoAgro reuniu cerca de 250 pro- O Brasil é o celeiro do mundo e tem ca-
fissionais do setor sucroenergético pacidade para ser uma grande potência”,
no Espaço Golf, em Ribeirão Preto, SP. O afirmou Alex Ramos, presidente da AR
prêmio, entregue na noite de 29 de novem- Empreendimentos, organizador do evento,
bro, é concedido a profissionais, empre- lembrando que só sobrevive na crise quem
sas e entidades que fizeram a diferença tem competência, perseverança e força de
e desenvolveram seus negócios com ex- vontade. “São essas as companhias a se-
celência e em prol do setor canavieiro em rem homenageadas pelo Prêmio VisãoAgro
diversas áreas do segmento. Dividido nas Brasil”, disse ele, pedindo um minuto de
categorias Melhores usinas; Empresas cer- silêncio em homenagem à delegação da
tificadas; Área administrativa; Área agríco- Chapecoense, vítima de acidente fatal na
la; Área industrial; e Personalidades, distri- madrugada anterior.
buiu 82 troféus desta vez. “Receber uma láurea como
“O país está passando por um o Prêmio VisãoAgro, que é um dos prin-
momento difícil, mas é um momento neces- cipais reconhecimentos corporativos do
sário para limpar toda a corrupção, a sujei- Brasil, é fechar, com chave de ouro, o ano

36
Ale Carolo / alecarolo.com

em que começamos a retomada do setor


sucroenergético. Esta é, sem dúvida, uma
grande honra, e fico profundamente agra-
decido às pessoas que fizeram com que,
direta ou indiretamente, eu pudesse re-
ceber uma premiação deste nível”, disse
Paulo Roberto Gallo, então presidente do
CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias
A 14ª edição do
do Setor Sucroenergético e Biocombus- nacional da cana-de-açúcar, reconhecen- Prêmio VisãoAgro
tíveis), que foi reconhecido na categoria do pessoas, empresas e instituições que entregou 82 troféus

Personalidades, como “Homem de Visão”. ajudam a estabelecer padrões de qualida-


Segundo o executivo, o setor de e competitividade deste que é um dos
termina 2016 melhor do que começou e principais segmentos econômicos do país.
com perspectivas cada vez mais positi- Ao longo de suas edições (às
vas. Ele destacou a importância de em- quais se somou, em 2007, a edição Sudes-
presas e profissionais para o desenvolvi- te, intitulada VisãoAgro-Sudeste), o even-
mento do segmento canavieiro, entre eles to já premiou mais de seis mil empresas e Paulo Roberto Gallo,
ex-presidente do
José Paulo Stupiello, presidente da STAB cerca de cinco mil personalidades. A lista CEISE Br, recebeu o
Nacional, que considera o Pelé do setor dos homenageados pode ser conferida em prêmio na categoria
Personalidades como
sucroenergético e que recebeu o prêmio premiovisao.com. “Homens de Visão”
“Destaque Institucional do Ano”. Stupiello
concorda sobre o momento promissor. “O
cenário mudou, deu para dar uma respi-
rada e a expectativa é positiva, de cres-
cer de forma saudável, com o pé no chão,
sem correrias, loucuras.”
Para Fábio Augusto Ennor
Fernandes, presidente Executivo do LIDE,
também homenageado como “Homem de
Visão”, o reconhecimento vem em boa hora
e motiva a seguir em frente. “O LIDE reúne
1700 empresas, sendo que os presiden-
tes dessas grandes empresas represen-
tam 52% do PIB privado brasileiro, o que
mostra a importância de participar deste
evento e trazer com otimismo a perspecti-
va futura”, declarou, lembrando que o LIDE
completaria, em dezembro de 2016, quatro
anos de operação no interior de São Paulo.
Prêmio - Criado em 2003
pelo jornalista Alex Ramos, o Prêmio Visão
Agro Brasil se tornou um dos principais
eventos sociais do setor agroindustrial
AR Empreendimentos

37
Opinião

Qualificar os
colaboradores
é lucro certo

Acervo pessoal

Mário César Souza e Silva* mais é do que um aglomerado de cursos


de curta duração, pelos quais os profissio-

O
momento político e as adversi- nais realizam uma reciclagem de seus co-
dades enfrentadas pelo setor nhecimentos ou aceitam um novo campo
sucroenergético implicam direta- ou atividade profissional, aumentando seu
mente no gerenciamento da nova safra, currículo e suas habilidades técnicas num
tanto no aspecto do processo industrial contexto de inovação e de melhoria dos
como da mão de obra qualificada, além colaboradores.
da implantação das inovações e desco- Estes cursos são repercuti-
bertas de cada área. dos na entressafra devido ao seu objetivo:
É de extrema importância reciclar e renovar os conhecimentos dos
para o profissional continuar estudando e colaboradores. Quem passa por este pro-
aprendendo, devido às situações e reais cesso está sempre fazendo descobertas,
necessidades, ocorrências e ambientes colaborando eficientemente e tornando
de aprendizado a que, os profissionais são sua permanência na empresa por muito
constantemente submetidos e que passam mais tempo, pois se apresenta atualizado e
por modificações, demandando atenção animado para quaisquer desafios.
especial. A educação continuada de
A empresa que possui inte- forma estruturada tende a reduzir os cus-
resse pela educação continuada deve pro- tos: o número de empregados que entram
curar ajuda profissional especializada no e saem da empresa diminuem significa-
assunto. Dessa forma, o investimento será tivamente, já que se sentem valorizados
muito bem vindo, trazendo inúmeros bene- pelo seu potencial, sendo motivados pelos
fícios para os empregados e, consequen- investimentos que lhes são dados. As me-
temente, para a empresa. lhorias são variadas. A mais importante e
A educação continuada nada mais observada é o desempenho dos fun-

38
cionários, com ganhos de produtividade, te através de contagem de bastonetes,
o que acaba por gerar aumento de lucros mesmo sabendo que estes resultados não
para a empresa. são compatíveis quando fazemos os devi-
Nosso setor sucroenergético dos plaqueamentos. Nós temos uma gran-
se prepara para a safra 2017/2018, po- de inovação: a metodologia do KIT MC de
liticamente cheia de incertezas. Mesmo diagnóstico rápido da contaminação bac-
assim, deve incorporar no seu planeja- teriana do processo de fermentação, que,
mento um dos maiores investimentos, em apenas 30 minutos, quantifica o nível
que é a capacitação e qualificação de de contaminantes bacterianos da fermen-
seus empregados. tação, que é VALIDADO por plaqueamen-
Recentemente, recebemos tos. Esta pesquisa começou com um plano
o resultado preocupante de uma pesqui- piloto na UNESP-RIO CLARO, no departa-
sa sobre isso. Além de as usinas estarem mento da microbiologista mais respeitada
demitindo colaboradores qualificados, não no setor, a Profa. Dra. Dejanira D’angelis.
estão enviando os novos para qualificação, A crise continua mostrando
reciclagem ou treinamento, por falta de ver- a sua cara de estagnação e será vencida
ba programada. Será que podemos esperar com as atitudes dos diretores industriais.
evoluções? Com esta conduta, conseguire- Não degolando cabeças como se fossem
mos uma safra com alta produtividade? E custos, mas aumentando a produtividade
as inovações tecnológicas para um CON- com inovações tecnológicas. Daí a impor-
TROLE MICROBIOLÓGICO RIGOROSO tância de a educação continuada, a quali-
DO PROCESSO FERMENTATIVO, como já ficação, a capacitação, o treinamento e a
utilizado há mais de três décadas na EURO- reciclagem dos profissionais ser incorpora-
PA e nos EUA, substituindo o uso indiscrimi- dos como grandes investimentos, mesmo
nado de antibióticos em plantas industriais? na situação econômica e financeira em que
No Brasil, ainda fazemos uso nos encontramos.
indiscriminado de antibióticos sem conhe-
cermos produtos geradores de Radicais *Mário César Souza e Silva é Professor,
Livres ecologicamente corretos. E o setor Biomédico e Microbiologista Especiali-
de microbiologia industrial insiste em quan- zado em Controle Microbiológico e De-
tificar o microbiota bacteriano contaminan- sinfecção Industrial.

Sobre qual assunto você


gostaria de ler em nossas
próximas edições?
Envie a sua sugestão:
redacao@canamix.com.br
(16) 3620 0555 | 3234 6210
39
Dinheiro

Secreteria Estadual da Agricultura de SP

Governo libera
Valor foi anunciado pelo
Presidente Temer, no último
dia 18 de janeiro

R$ 12 bilhões
Valor, anunciado pelo Presidente da República Michel
Temer no Instituto Agronômico (IAC) em Ribeirão Preto-SP,
será destinado ao pré-custeio da safra 2017/2018

Com informações da Secretaria Estadual da do ministro interino da Agricultura, Pecuária


Agricultura de SP e Abastecimento, Eumar Novacki, e do pre-
sidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli.

E
m solenidade realizada no Instituto As culturas favorecidas com
Agronômico (IAC), em Ribeirão Preto- a antecipação do financiamento são das
-SP, no último dia 18 de janeiro, foi safras de verão, como soja, milho, café e
realizado o lançamento do pré-custeio do arroz, permitindo ao produtor melhores con-
Banco do Brasil para safra 2017/2018, no dições para o planejamento de compras e
valor de 12 bilhões. O anúncio foi feito pelo vendas desde a semeação, como explicou
Presidente da República, Michel Temer, que Jardim. "No ano passado, os recursos fo-
esteve acompanhado do governador Geral- ram anunciados quase no fim de junho, o
do Alckmin, do secretário estadual de Agri- que penalizou nossa agricultura. Neste ano,
cultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, com a diminuição da inflação e da taxa Se-

40
lic, o juro agrícola sobe, o que será discutido vos polos de desenvolvimento para o País",
com o governo, que prepara o Plano Safra. afirmou o Presidente Michel Temer.
Também estaremos atentos ao fato de que Também estiveram presentes
a demora na liberação deste recurso faz o secretário de Política Agrícola do Minis-
com que algumas instituições financeiras tério da Agricultura, Neri Geller; o supe-
solicitem ao produtor alguns compromissos, rintendente do Ministério em São Paulo,
como a exigência de um depósito ou aquisi- Francisco Jardim; o presidente da Coope-
ção de seguro”. rativa dos Plantadores de Cana do Oeste
Em momentos difíceis para o do Estado de São Paulo (Copercana), An-
cenário econômico nacional, a atividade do tonio Eduardo Tonielo; o deputado federal
setor de agronegócios tem tido papel fun- e presidente da Frente Parlamentar Mista
damental, com seu continuo crescimento e do Café, Carlos Melles; o presidente da
desenvolvimento em exportações e receitas. Federação da Agricultura e Pecuária do
"O agronegócio vai muito bem e é tão susten- Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirel-
tador da economia nacional que não precisa les; o presidente do Conselho Nacional de
de muito, mas sim do financiamento, o que Pecuária de Corte (CNPC), Tirso Meirelles;
estamos fazendo aqui hoje. Precisamos do o coordenador da Agência Paulista de Tec-
apoio da classe produtiva, que mostra efici- nologia dos Agronegócios (Apta), Orlando
ência. O agronegócio inovará cada vez mais Melo de Castro; e o diretor do Centro de
com apoio do poder público, para gerar no- Cana do IAC, Marcos Landell.

41
Eventos

Aberta a temporada

Coopavel, em Cascavel-PR,
terá a participação de 520 Calendário de 2017, que começa com o Show Rural
empresas Coopavel, está repleto de novidades e promete oferecer
ao agricultor inovação, qualidade e praticidade

Marcela Falsarella lestras e encontros, que permitirão o con-


tato com o que há de mais moderno para

N
o século da tecnologia, o desafio o campo.
do agricultor é levar a moderniza- O calendário será aberto de 6
ção para dentro da porteira. Aplica- a 10 de fevereiro, com o Show Rural Coo-
tivos de celular que monitoram a lavoura, pavel, em Cascavel, no Paraná. Com uma
economia na irrigação aliada ao uso cor- estrutura de 720 mil metros quadrados, es-
reto de defensivos, máquinas que gastam tacionamento e entrada gratuitos, o evento
menos tempo e combustível e elevam a é o primeiro a atrair a atenção do agrone-
produtividade no plantio e na colheita são gócio nacional. Segundo seu diretor-presi-
alguns dos benefícios que fazem parte do dente, Dilvo Grolli, 520 empresas estarão
dia a dia no campo. presentes como expositoras.
Por isso, os avanços em equi- Já a Agrishow, considera-
pamentos e programas que facilitam a vida da uma das três principais feiras de tec-
dos produtores rurais serão, mais uma vez, nologia agrícola do mundo e a maior da
as vedetes dos principais eventos do setor América Latina, terá 800 marcas, que sur-
agropecuário em 2017. Serão cerca de 30 preendem a cada ano, com tecnologias
feiras e mais uma série de congressos, pa- multifunções. A feira, que será de 1º a 5 de

42
Arena do Conhecimento
será uma das novidades da
maio, chega ao seu 24º ano presenteando reúne palestras de gestão e inovação tec- Agrishow 2017
o homem do campo com a Arena do Co- nológicas, conhecimento, relacionamento
nhecimento, um espaço com 250 lugares e festa no mesmo ambiente, bem como os
onde serão divulgadas tendências para maiores pecuaristas do Brasil e da América
o setor agrícola, como a nanotecnologia Latina para discutir a pecuária do futuro.
e novidades em agricultura de precisão, Após a metade do ano, na últi-
e com a Rota do Agronegócio, um roteiro ma semana de agosto, a Fenasucro irá co-
de visitação de acordo com a cultura que memorar os 25 anos, sempre apresentando
o visitante produz. Além das já tradicionais soluções em negócios para o setor sucro-
e esperadas demonstrações de campo e energético. Uma das novidades da edição
rodadas internacionais de negócios. Para deste ano será a nova grade de conteúdo,
a edição 2017, são esperados mais de 150 que já está sendo preparada, com total re-
mil visitantes, de 70 países, a exemplo de formulação em relação aos anos anteriores.
2016, quando a presença de público atin- A expectativa é atrair 35 mil visitantes, ge-
giu 152 mil. rando negócios em torno de pelo menos R$
Ainda no primeiro semestre 2,8 bilhões – na edição 2016, o faturamento
do ano, a ExpoZebu, promovida pela As- bateu a marca dos R$ 2,9 bilhões.
sociação Brasileira dos Criadores de Zebu No decorrer de todo o ano, o
(ABCZ) sempre no início de maio, é um 5º Circuito InterCorte marcará presença
ponto de encontro da cadeia produtiva da em alguns dos principais polos de produ-
carne e do leite. No segmento de pecuá- ção agropecuária do Brasil, com a expec-
ria, é realizada, também, a BeefExpo, que tativa de superar expectativas. Em 2016,

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45
Eventos

Expozebu é tradicional
ponto de encontro das
cadeias produtivas da
carne e do leite

Grade de conteúdo
da Fenasucro, em
preparação, será
totalmente reformulada

reuniu 8.113 pessoas e contou com a par- da cadeia produtiva.


ticipação de 60 empresas de referência Para aguentar toda essa ma-
no setor da pecuária. A 4ª edição rece- ratona, é bom se preparar, pois a agenda
beu, ainda, a Beef Week, paralelamente dos principais eventos do agronegócio em
às etapas de Cuiabá, São Paulo e Campo 2017 a Terra&Cia/Canamix já divulga para
Grande, possibilitando efetiva integração você. Confira!

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Arquivo

Opinião

Atravessaram
o Samba

Arnaldo Jardim* É uma atividade de milhões


de brasileiros que incorpora o avanço

A
Imperatriz Leopoldinense anuncia científico para criar as inovações tec-
que no Carnaval dirá que o agro- nológicas que aumentam a produtivida-
negócio é devastador, imerso em de, ao mesmo tempo em que diminuem
agrotóxico e agride os indígenas. Mentira seu impacto ambiental. Tais como o
deslavada e total irresponsabilidade! Sistema Integração Lavoura-Pecuária-
O Carnaval brasileiro é um -Floresta (ILPF). Ou o Plano ABC, que
momento de alegria e de exuberância, está sendo implantado em todo o Bra-
mostra a criatividade e também a capa- sil para mitigar as emissões de gases
cidade de organização da nossa gente. causadores do efeito estufa e recuperar
Aparece na Marquês de Sapucaí no Rio áreas degradadas.
de Janeiro, mas se realiza também no co- O Brasil sabe que nossa
tidiano da vida das pessoas, nos milhares atividade agrícola tem o diferencial am-
de blocos que circulam em todas as cida- biental para se distinguir no mundo, agir
des, nas mais diferentes formas de feste- com protagonismo neste momento em
jos, em diversas manifestações culturais. que precisamos combater o efeito estu-
O nosso setor do agronegó- fa, as mudanças climáticas e quando a
cio é parecido com isso. Tem resultados humanidade abre o ciclo da Economia
exuberantes, é inovador, transforma a re- Verde. Isto significa biocombustíveis e
alidade econômica, social e ambiental da bioenergia vindos da terra, produzidos
vida das pessoas. Como o Carnaval, com pela agricultura.
suas fantasias e alegorias, o agronegócio Este setor representa nada
enche os olhos das pessoas quando se menos do que 22% do Produto Interno
sentam à mesa para comer e beber ou Bruto (PIB) nacional. É o responsável por
quando utilizam bioeletricidade, à noite, garantir o superávit da Balança Comercial
em suas casas. nestes últimos difíceis anos. Somente com
Nosso agronegócio sabe con- o milho, as fazendas brasileiras faturaram
templar e conviver com a natureza, como R$ 45 bilhões em 2015. A exportação do
demostram as iniciativas que harmonizam grão atingiu R$ 6 bilhões no mesmo ano,
a produção de alimentos e preservação, com investimentos na ordem de US$ 136
por exemplo o Cadastro Ambiental Rural milhões para melhoramento de sementes
(CAR) e o Programa de Regularização e novas variedades.
Ambiental (PRA). Portanto esta inconveniente

50
polêmica, criada pela escola de samba duas condições determinantes. A primei-
carioca Imperatriz Leopoldinense, reflete ra delas é que aqui se faz três safras por
uma visão particularista e preconceituosa ano – quando no Hemisfério Norte são
que denigre a imagem de muitos que tan- duas, no máximo, e ignoram nosso clima
to fazem pelo País. tropical. Isso quer dizer que não temos
É claro que, como em qual- o frio intenso e nevascas que ajudam a
quer atividade, existem problemas a se- garantir a sanidade ao solo, matando por
rem superados e a necessidade de apri- congelamento as pragas e doenças. Sem
morar sempre. Mas também é evidente falar na característica riqueza da biodi-
que generalizar eventuais excessos loca- versidade que temos no Brasil, estendi-
lizados não revela a beleza, a vitalidade e da também para as pragas que atingem
a importância do setor agropecuário. Não nossas lavouras.
olha a realidade da agricultura familiar, Pessoas e organizações de
que tem no fornecimento de alimentos bá- países que muito falam em preservação
sicos para a nossa população seu motivo têm um percentual mínimo da sua cober-
de existência. Não mostra o dinamismo tura vegetal nativa preservada. No Brasil,
de um setor que, por exemplo, incorporou esse índice é de 65% de vegetação natu-
tecnologia para aumentar em três vezes ral preservados nos 850 milhões de hecta-
sua produção ampliando em apenas 26% res de seu território.
a área cultivada. Nós temos hoje, por exemplo,
Nosso setor não merece ser 12% do nosso território nacional como
“inimigo da preservação”. Tem adotado área de preservação para os indígenas.
sempre novas tecnologias de produção É claro que o samba-enredo "Xingu - O
criadas pelos institutos de pesquisa e clamor que vem da floresta" também não
difundidas por órgãos de extensão, em mostra isso. Isso tudo acontece em uma
um dos maiores exemplos de aplicação escola de samba fundada, em 6 de março
tecnológica da humanidade. Nosso setor de 1959, pelo farmacêutico Amaury Jório
ocupa apenas aproximadamente 29% do – um homem que vivia da correta utiliza-
território nacional para alimentar todo o ção da ciência, assim como faz hoje nos-
Brasil e parte do mundo com carboidratos so produtor rural responsável.
vegetais e proteína animal. É o menor per- Portanto, este samba-enredo
centual de ocupação de solo entre os pa- fala a uma minoria da elite, bem abasta-
íses desenvolvidos, ainda assim, somos da e pretensamente intelectual, mas não
líderes mundiais em exportação de produ- comunica a realidade do povo brasileiro.
tos como suco de laranja (73,4% do total Não revela a alegria, a animação e o efei-
mundial), açúcar (46,9%), soja (42,1%), to transformador que tem o nosso setor
carne de frango (38,6%), café (27,3%) e agropecuário.
carne bovina (20,1%). É isso que o Brasil É isso que deveríamos apre-
pode apresentar sobre seu agronegócio. sentar ao mundo, a melhor agricultura tro-
A comparação preconcei- pical do planeta. Uma sugestão que fica
tuosa que fazem do índice brasileiro de para outros carnavais!
utilização de agroquímicos, usados para
combater pragas e doenças e preservar *Arnaldo Jardim é secretário da Agricul-
a produtividade da nossa lavoura, ignora tura do Estado de São Paulo.

51
Pescaria

Encantos
da floresta
Em tupi-guarani, a palavra Angatu significa bem-estar,
felicidade e alma boa. A Amazônia representa o coração
do mundo. Agora, imagine Angatu em plena Amazônia...

Redação Quatro anos depois, veio um novo recorde


mundial, dessa vez por tamanho: um belo

N
o mês de dezembro, a revista exemplar também de tucunaré açu medindo
Terra&Cia, em parceria com a empre- 89 cm, capturado por Carlos Dini.
sa Sulphurtec, organizou uma ines- Operando na região de Bar-
quecível aventura, na qual embarcou um gru- celos e Santa Isabel do Rio Negro como
po de empresários de vários lugares do Brasil. empresa de turismo desde 2004, o Bar-
No meio da floresta amazônica, co Hotel Angatu consolidou-se como um
ouviu histórias como a da pesca de um tucu- dos melhores destinos de pesca do país.
naré açu com mais de 13 kg? Mais precisa- A ideia começou um ano antes, quando
mente 13,190. O interessante é que, apesar Andrea se uniu com o guia, Marlon Otero,
de ser história de pescador, não é mentira, para uma pesca esportiva na Amazônia.
não. Este recorde mundial foi conquistado Lá, eles se depararam com o barco da Pre-
em 2010, pelo empresário paulista Andrea feitura de Barcelos à venda. E viram uma
Zaccherini. Ele estava a bordo do barco An- oportunidade: o hobby tinha tudo para vi-
gatu Mirim, nas águas do rio Negro, afluente rar negócio, promovendo a pesca local.
da margem esquerda do rio Amazonas. O Em 2012, a convite de Andrea, Bernardo
feito teve direito a homologação pela IGFA, Ometto acrescentou sua visão comercial à
Museu Internacional da Pesca nos EUA. empresa. Empreendedorismo que garantiu

52
bons frutos.
“Os funcionários foram sem-
pre muito dedicados, atenciosos e com-
prometidos em proporcionar bons momen-
tos. Nosso piloteiro, Carumbé, foi muito
paciente ao nos ensinar, desde como arre-
messar a isca a pegar tucunarés”, conta o
turista Ricardo Amaral.
O cenário deslumbrante do
rio Negro tem uma identidade própria.
Além da fauna e da flora locais, o pôr do
sol é um dos mais bonitos do Brasil. No
rio, diversos tipos de peixes, como pira-
íba, tucunarés açu e borboleta, trairão,
filhote, aruanã e pirarara.
A culinária é outra maravilha à
parte. O café da manhã é repleto de delícias
para garantir toda a energia necessária para
um dia produtivo. Além dos pratos típicos
durante almoço e o jantar, a cozinha oferece
variedade de carnes e de peixes, estes ser-
vidos fritos, empanados, assados e ensopa-
dos. E não para por aí. Nos retornos de pes-
cadores aos barcos, a recepção é regada a
petiscos e outros agrados.
A estrutura do Angatu conta
com três barcos de diferentes capacidades:
Barco Mirim – Ideal para al-
cançar as cabeceiras mais distantes em me-
nos tempo, mesmo em períodos de grandes
secas. Com capacidade para seis pessoas.
Barco Angatu – Reformado
em 2015, o barco garante boas lembran-
ças e doces pescarias há 12 anos. Confor-
ta até 12 pessoas.
Barco Açu – A melhor opção
para turmas grandes, pois embarca até
16 pescadores.
Veja um pouco do que foi a
nossa viagem e inspire-se. E já vai juntan-
do a turma de amigos, separando as varas,
a câmera fotográfica, pois a Terra&Cia já
está organizando as próximas pescarias.

Conheça mais o Barco Hotel Angatu no


site www.barcosangatu.com.br, e entre
em contato conosco!

53
54
55
Informe Publicitário

Fronius amplia fonte de solda TPS/i


com processo de soldagem CMT

C om o novo sistema de soldagem TPS/i CMT, a líder em


tecnologia Fronius combina as funções inteligentes da
sua plataforma atual de aparelhos com as vantagens do
O coração da TPS/i CMT é a nova tocha de solda Pull-
Mig: mais leve, mais robusta e de maior durabilidade
do que sua predecessora, mas, acima de tudo, é mais fria.
processo de soldagem mais estável. O método de solda- Além de um desgaste muito mais lento, a tocha de sol-
gem Cold-Metal-Transfer convence com os melhores resul- da também convence com um arco voltaico mais estável.
tados em materiais diferentes, como a inovadora fonte de Além disso, a Fronius otimizou o avanço de arame com um
solda MIG/MAG TPS/i, por suas possibilidades abrangen- servomotor dinâmico e preciso. Assim, a tocha de solda
tes de ajuste e aplicação. Com o novo sistema, os usuá- Push-Pull combina perfeitamente com a regulagem rápida
rios se beneficiam de aumentos visíveis na eficiência e na de arco voltaico da TPS/i. O manuseio também foi simpli-
qualidade. ficado: para inserir um novo arame, não sendo necessário
abrir o punho da tocha de solda.

O processo de soldagem CMT reduz


visivelmente a aplicação de calor em
comparação a outros métodos de solda-
rísticas universais e misturadas do apa-
relho. Assim, curvas características de-
finidas pelo usuário não são necessárias
Standard e Puls, podem ser retroequi-
padas facilmente através de um upgra-
de para o processo CMT.
gem MIG/MAG. O resultado é uma passa- na maioria das vezes. Além disso, para
gem de matéria-prima livre de respingos o usuário é muito mais fácil selecionar o Fronius International GmbH
e, assim, resultados ideais de soldagem. programa de soldagem adequado. A Fronius International
O processo oferece ainda mais vantagens O aumento das possi- é uma empresa austríaca com sede
na união de materiais diferentes, por exem- bilidades beneficia principalmente os em Pettenbach e outras unidades em
plo, aço e alumínio, bem como em uniões usuários que realizarem soldagens fre- Wels, Thalheim, Steinhaus e Sattledt.
de chapas finas. quentes com materiais diferentes – por A empresa com 3.723 funcionários no
Em combinação com a exemplo, no âmbito de trabalhos de mundo todo trabalha nas áreas de tec-
fonte de solda inteligente TPS/i, surgem reparo. A TPS/i CMT é adequada para nologia de soldagem, sistemas fotovol-
ainda áreas de aplicação mais abran- todos os tipos de material, sendo capaz taicos e tecnologia de carregamento
gentes: diversas possibilidades de ajus- ainda de lidar com uniões de chapas de de baterias. A cota de exportação de
te, por exemplo, permitem regular a apli- espessuras de 0,5 até seis milímetros. O quase 90 por cento é realizada com
cação de calor na soldagem de maneira sistema de soldagem também é conce- 24 companhias internacionais da Fro-
mais precisa, bem como otimizar a capa- bido para o uso em diversos componen- nius e distribuidores/representantes
cidade de ponte e o perfil de queima. A tes em séries pequenas, para os quais em mais de 60 países. Com produtos
combinação dos diversos parâmetros de as soluções robotizadas são valem a e serviços inovadores e 838 patentes
ajuste oferece um espectro mais amplo pena. Fontes de solda TPS/i existentes, concedidas, a Fronius é líder de inova-
de aplicações para as curvas caracte- que já possuem os pacotes de funções ções no mercado mundial.
56
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Pecuária

Fotos: ABCZ

Pró-genética, que incentiva

Subsídio à genética
o uso da tecnologia, foi
criado em 2006

ABCZ e deputados defendem transformação do Pró-


Genética em política pública que garanta 50% do valor
dos touros melhoradores aos pequenos criadores

Com informações da ABCZ consigam ter acesso ao melhoramento ge-


nético”, opina Marcos Montes, deputado fe-

A
Associação Brasileira dos Criado- deral que é presidente da Frente Parlamen-
res de Zebu (ABCZ) apresentou ao tar da Agropecuária (FPA), garantindo que
Ministro da Agricultura e Pecuária, vai defender a aprovação do programa.
Blairo Maggi, um projeto para transforma- O deputado José Silva, que
ção do Pró-genética em uma política públi- estava à frente da Empresa de Assistência
ca nacional. O pedido tem sido reforçado e Técnica e Extensão Rural (EMATER) durante
defendido por deputados federais da ban- a criação da primeira edição do Pró-genéti-
cada ruralista em Brasília-DF. ca, também reforçou a importância do pro-
“É um projeto de grande inte- grama. “Vou me empenhar diretamente para
resse para o Brasil, com alto alcance social. a viabilização dessa proposta. E até mesmo
Com ele, a ABCZ incentiva o uso de tecno- mobilizar o congresso para reforçarmos esse
logia e contribui para que, através do touro pedido. Afinal, hoje 84% dos produtores são
PO [puro de origem], pequenos produtores agricultores familiares e não têm acesso à

58
genética superior. A partir do momento que No Brasil, são 5.175.489 estabelecimentos
disponibilizamos esse material de alta perfor- rurais, sendo 84,4% de agricultura familiar.
mance a eles, conseguimos melhorar a pro- Os pequenos produtores contribuem com a
dutividade, a renda e a qualidade de vida”. produção de 58% do leite no Brasil e 30%
Pela proposta da ABCZ, o go- da carne. “Historicamente, a ABCZ tem for-
verno federal subsidiará 50% dos touros mado parcerias sólidas e produtivas com to-
melhoradores para pequenos produtores das as instâncias de governo e instituições
e possibilitará o financiamento da outra públicas e privadas. Estamos confiantes
metade do valor. Lauro Fraga, gerente do de que vamos conseguir desenvolver mais
Pró-genética, conta que a intenção é que esse projeto, que, sem dúvida, vai estimular
a concessão deste benefício seja feita uma o crescimento da pecuária nacional”, afirma
única vez, por cadastro do CPF do agricul- Rivaldo Machado Borges, diretor da ABCZ.
tor familiar interessado. “Com isso, vamos O Pró-genética foi criado em
estimular a transferência de tecnologia para Minas Gerais em 2006, por meio de uma
esse grupo que representa grande parcela parceria entre a Secretaria de Estado da
da nossa produção nacional, mas que para Agricultura de Minas Gerais (SEAPA-MG),
isso utiliza animais sem padrão genético, li- a EMATER, a Empresa de Pesquisa Agro-
mitando a produtividade e a qualidade”. pecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e o
Com o projeto, a melhoria dos Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), no
índices zootécnicos e econômicos na ati- intuito de promover o acesso à genética de
vidade é certa. Segundo estudos recentes qualidade por pequenos e médios produ-
do Centro de Estudos Avançados em Eco- tores rurais. Com o tempo, o programa se
nomia Aplicada (CEPEA), para cada R$ espalhou por 17 estados. Ao todo, já foram Com apoio da ABCZ,
1,00 aplicado em genética, tem-se o retor- comercializados cerca de 15 mil reproduto- produtores têm
conseguido melhorar
no de até R$ 4,00 sobre o valor investido. res zebuínos puros e registrados. desempenho do rebanho

59
Divulgação

Senepol

Novo
presidente
Pedro Crosara assume, a partir deste mês,
a Associação Brasileira dos Criadores
de Bovinos (ABCB) Senepol, buscando
manter crescimento do rebanho

Presidente da ABCB
Senepol até 2020, Crosara Com informações da assessoria de imprensa de trabalho: desenvolver pesquisas para
quer desenvolver pesquisas demonstrar cientificamente as qualidades

A
para demonstrar, de forma
científica, as qualidades Associação Brasileira dos Criadores do Senepol; promover o desenvolvimento
da raça de Bovinos Senepol (ABCB Sene- sustentável e contínuo da raça; otimizar
pol) será conduzida a partir deste sistemas, processos e atendimento aos
mês de fevereiro pelo médico veterinário e associados; e proporcionar maior inter-
pecuarista Pedro Crosara. Ele foi eleito no câmbio entre associados e diretoria. “Pre-
dia 20 de janeiro, durante votação realiza- cisamos de uma maior participação junto
da em Uberlândia/MG, onde está a sede a outros players do agronegócio, deixando
da entidade. Terá, pela frente, o desafio de claros a toda a cadeia de valores da pecu-
manter o bom ritmo de crescimento da raça. ária, ou seja, criador, frigoríficos, varejo e o
O rebanho de animais puros consumidor, os benefícios do Senepol para
registrados pela ABCB Senepol aumentou a produção de carne nutritiva, saudável e
61,3% no ano passado em comparação saborosa. Também teremos um foco muito
com 2015, acumulando 123,6% de eleva- direcionado no estudo científico do Sene-
ção entre 2013 e 2016. Já o rebanho na- pol e suas cruzas”, afirma Crosara, cujo
cional, que inclui animais puros e mestiços mandato irá até 2020.
da raça, vem registrando incremento em A raça é selecionada há 17
torno de 20% ao ano. “Temos a expectativa anos no Brasil, considerado o maior polo
de manter esse ritmo de expansão, mesmo de genética do Senepol no mundo. Sua as-
considerando o desafiador cenário atual censão na pecuária de corte brasileira está
pelo qual passa nosso país e a pecuária. relacionada à sua grande capacidade de
Isto porque está claro que a ferramenta manter boa produtividade nos mais varia-
genética ‘Senepol’ é parte da solução para dos climas do país. “O Senepol não é mais
que a pecuária nacional ajude o Brasil a considerado um modismo. É realidade de
sair deste cenário recessivo.” uso. Diria até que é uma forte tendência
Segundo o novo presidente, para uma pecuária de ciclo curto, eficiente
serão realizados projetos em quatro frentes do pasto ao prato”.

60
61
Fotos: Arquivo

Meio Ambiente

Pneus
sustentáveis
Resolução de 2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente já dá resultados:
580 toneladas de pneus da agricultura são recicladas anualmente no Brasil

João Marcos Duarte, Franca/SP Carlos Lagarinhos apontou que, de os “pneus carecas”, como são
2002 a 2011, cerca de 2,1 milhões conhecidos popularmente, têm

A
lerta verde. Não é só em si- de toneladas de pneus dos mais va- de ser obrigatoriamente destina-
tuações corriqueiras, como riados tipos foram descartados de dos ao descarte adequado.
a utilização de sacolas reu- forma inadequada no Brasil. Entre De acordo com o Rela-
tilizáveis nos supermercados, que a eles, os agrícolas. tório Pneumático do Ibama (Instituto
sustentabilidade se faz presente no Encontrados em situ- Brasileiro do Meio Ambiento e dos
dia a dia. Fora do perímetro urbano, ações nada agradáveis à nature- Recursos Naturais Renováveis), de
os rastros do trator nas plantações za, os pneus beiram margens de 2015, das quase 544 mil toneladas
de café sinalizam o trabalho rápi- rios, lagos e estradas. Uma rea- de pneus destinados adequada-
do e produtivo da máquina. Lá, os lidade que convoca agricultores mente em 2014, aproximadamente
pneus lembram pincéis. Sob a dire- a pensar em soluções nas suas 588 toneladas foram de veículos
ção dos tratoristas, formas artísticas propriedades. Com a Resolução utilizados em áreas pertencentes à
são traçadas na lavoura. nº 416 do Conama, o Conselho agricultura.
Muitas vezes, porém, Nacional do Meio Ambiente, pu- Ainda que com a forte
as formas que chamam a atenção blicada em 2009, este cenário segmentação da compra de trato-
do olhar não favorecem o meio am- tende a mudar. Conforme está ex- res na zona rural, a importação de
biente. O mesmo pneu que molda presso na resolução, fabricantes pneus para estes veículos é oito ve-
a terra vira lixo e é jogado na na- e importadores de pneus novos, zes maior que a fabricação. No país,
tureza. Em sua tese de doutorado, com peso superior a dois quilos, enquanto a produção de pneus
defendida na USP (Universidade de devem coletar e destinar adequa- para tratores e máquinas agrícolas
São Paulo), o engenheiro mecânico damente os inservíveis. Ou seja, atingiu cerca de 63 toneladas em

62
2014, foram importadas, no mesmo ra, as coisas mudaram. Quando o café. Tentamos reaproveitar tudo o
ano, pouco mais de 524 toneladas o pneu do trator estraga, levamos que for possível”.
do produto. para uma empresa de coleta em
Guaíra. Lá, é feita a recapagem e o O retorno dos “care-
Passado e presente - pneu é reaproveitado. Para o novo cas” - Em alguns situações, pode-
Na comunidade agrícola, apesar do agricultor, a preocupação é cuidar -se evitar, ainda, que o pneu seja
uso diário dos pneus, a política de não só da propriedade, como tam- descartado de forma precipitada.
destinação está em vigor há pouco bém do meio ambiente”. “Tem momentos em que o pneu
tempo. Mas já começa a ganhar for- De acordo com Cury, ainda está com meia vida, corta ou
ça. O agricultor Fernando Cury é pro- levam-se anos até que os pneus rasga e o agricultor acha que ele
prietário da fazenda Brejo Limpo, na dos tratores de sua fazenda se já não serve”, afirma Lucas de Fa-
região de São José da Bela Vista, in- tornem inutilizáveis. Ele conta que ria Maurício, proprietário da Recap,
terior de São Paulo. Ele atua na plan- os produtos não ficam exatamente em Jardinópolis-SP. A empresa faz
tação de café, soja e cana-de-açúcar. carecas, mas, devido à sequidão e a recuperação de pneus que sofrem
Para todo o trabalho no ao tempo, aparecem rachaduras na danos como esses durante o traba-
campo, utiliza duas colheitadeiras borracha. Com os pneus menores, lho no campo. São mais de cem por
e onze tratores. Ele lembra que, há o processo é mais rápido e, quan- mês, totalizando quase 1.500 por
dez anos, a mídia e os próprios agri- do não servem mais, ganham uma ano, de todos os tipos utilizados na
cultores não se preocupavam com nova função na propriedade. agricultura: de colheitadeiras, trans-
a destinação dos pneus inservíveis “Depois que colho o bordos, tratores, entre outros.
que se amontoavam nas fazendas. café, todos os grãos são jogados No caso dos cami-
Atualmente, por meio de campa- no terreiro. Nós tampamos tudo nhões, a Recap, que presta servi-
nhas abraçadas por associações e com uma lona para que nada fique ços principalmente para usinas, faz,
cooperativas agrícolas, a situação exposto às condições diversas do além da recuperação, a recapagem
está sendo revertida. clima. Quando o vento fica forte, co- dos pneus carecas. Isso pode re-
“Tínhamos o hábito de locamos os pneus menores sobre a presentar uma economia de cerca
queimar os pneus carecas. Ago- lona para impedir que ela descubra de 70% para o cliente.

Atividade agrícola intensa gera desgaste


nos pneus, mas há opções para evitar
descarte precipitado ou inadequado

63
Meio Ambiente

Recap é especializada em
recapagem de pneus de caminhões:
economia de cerca de 70%

Quando realmente não mercado atual. “A sustentabilidade após coletar os pneus, a borracha é
há mais possibilidade de aprovei- deixou de ser considerada como destinada como combustível de for-
tar o pneu na fazenda, ele segue algo que seria tratado caso houves- nos de cimenteiras (55,17%), granu-
para os pontos de coleta. O grupo se tempo em reuniões de diretoria lação e venda como matéria-prima
DPaschoal é uma rede de serviços e passou a ser considerada uma (34,38%), laminação dos pneus
automotivos espalhada por todo o questão estratégica na visão de em- para utilização em cintas de sofá e
Brasil que também trabalha com a presas e grupos preocupados com outros procedimentos (10,0%).
coleta de pneus inservíveis. Desde o caminho que as pessoas estão es- Ante as mudan-
2007, realiza o projeto Economia colhendo para o planeta”. ças trazidas pelo Conama e pela
Verde, em que os clientes da rede Em resposta à as- conscientização dos agricultores, a
levam os veículos até os autocen- censão do desenvolvimento sus- Mazola declara acreditar e apoiar
ters para que a empresa examine tentável no meio agrícola, várias o desenvolvimento sustentável, es-
o carro e incentive métodos sus- empresas aderiram ao debate e se pecializando-se no tratamento de
tentáveis para melhorá-lo, como o especializaram no ramo, culminan- pneus descartados. Na visão da
momento certo de trocar os pneus do no aparecimento de vários pon- empresa, o conjunto com agricul-
e descartá-los corretamente. tos de coleta instalados no Brasil. A tores e comerciantes combate os
A rede possui 200 lei diz que os pontos são implanta- maus-tratos ambientais com base
pontos de venda, onde, após os dos pelos próprios fabricantes e im- em três pontos basilares que confi-
serviços, armazena os pneus velhos portadores em municípios acima de guram a sustentabilidade: meio am-
e outros resíduos, como baterias e cem mil habitantes. A Mazola Am- biente, sociedade e economia.
amortecedores. O engenheiro am- biental, com matriz instalada em Va- A Mazola acredi-
biental Bruno Zanatta, que também linhos, é um dos exemplos das 1558 ta que é o momento certo para in-
é funcionário, diz que a loja em que empresas responsáveis por recolher vestir em produtos que atendam às
trabalha coleta, mensalmente, cerca o produto no Brasil. normas de segurança e respondam
de 32 mil pneus, de carros, tratores, Ela trabalha tam- aos requisitos sociais dos brasilei-
caminhões e outros veículos. bém com a reutilização dos resídu- ros. “Sendo mais baratos, atendem
Ele afirma que a os da borracha de acordo com as ao requisito econômico. E se tratan-
discussão ambiental, anteriormente normas de reaproveitamento do Iba- do de reutilização, atendem à ques-
deixada de lado, ganhou espaço no ma. Em nota, a empresa afirma que, tão ambiental”.

64
24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação

rota oficial do Agronegócio

/agrishow

Companhia Promoção &


Realizadores: Área: Organização:
65
Cafeicultura
Giovane Pedigone

Grãos em cafeeiro prontos para


colheita: novas formas de processá-lo
tem despertado maior interesse nos
consumidores, do Brasil e do exterior

Redução em cápsulas
Mercado do café passa por mudanças com o crescimento
do consumo de doses individuais, que teve início há
dez anos com a chegada das butiques ao País

Giovane Leite Pedigone, Franca/SP Ali, a bebida ficava armazenada e servia


a família toda, até que a sobra esfriasse

D
urante muito tempo, o ritual foi o e fosse para o ralo. O método conven-
mesmo: água no pó, pó no coa- cional de consumir café em casa, no en-
dor, coador na garrafa de café. tanto, está passando por uma revolução.

66
E as mudanças podem alterar, também, partir da chegada ao país das butiques
o modelo de mercado da bebida que, de café. Na época, de acordo com Jan-
segundo institutos especializados, é a dir Castro, gerente comercial da Co-
mais tomada no mundo – exceto a água capec (Cooperativa de Cafeicultores e
pura. Agropecuaristas), sediada em Franca,
Essa transformação tem vá- eram poucas empresas que comercia-
rios nomes e marcas, mas uma aparên- lizavam o produto. “Havia em torno de
cia bem específica: as doses individu- quatro a cinco marcas nesse segmento.
ais. Apesar de existirem desde a década Hoje, estamos com aproximadamente 90
de 1980, as cápsulas ganharam popula- empresas, com torrefações de grande,
ridade nos últimos anos, com o aumento médio, pequeno e micro portes na área”.
no número de fabricantes. A expansão do setor cor-
No Brasil, o mercado de respondeu à demanda de mercado. Em
cápsulas teve início há uma década, a 2015, de acordo com a ABIC (Associa-
PIXABAY

Segundo a Cocapec,
ção Brasileira da Indústria de Café), as exatas de cafés oriundos de distintas mercado de café em
vendas de monodoses da bebida movi- regiões do globo, elas não puderam cápsulas, que, há dez
anos, tinha quatro ou cinco
mentaram R$ 1,4 bilhão em território na- trazer seus mixes para cá. As barreiras marcas, hoje tem 90
cional. E a estimativa da instituição para protecionistas impedem a importação
o segmento é otimista: até 2019, as ven- de grãos de fortes produtores da com-
das devem chegar a R$ 2,9 bilhões. modity, como é o caso da Colômbia, da
Etiópia e do Vietnã.
Mercado - As principais A medida fortalece as ne-
marcas do setor que operam no Brasil gociações com o mercado brasileiro.
tiveram de se adaptar. Apesar de acos- As marcas buscaram opções nacionais
tumadas a encontrar as combinações para não alterarem substancialmente os

67
Cafeicultura

sabores finais de seu catálogo. Assim, refações domésticas de monodoses ele-


safras inteiras que deixariam o país são va a colocação do produto no mercado.
consumidas pelos brasileiros. “Com as cápsulas, estamos conseguin-
A demanda interna não afe- do agregar valor para os lotes diferen-
ta a busca das torrefações estrangeiras ciados, que são conhecidos como ‘mi-
para seus próprios blends. A Cocapec, crolotes’”, afirma Castro.
por exemplo, tem nos Estados Unidos,
na Itália e no Japão grandes importado- Consumo - os blends espe-
res de sacas produzidas por coopera- ciais das unidades individuais também
dos em lavouras do interior de São Paulo permitem um maior poder de escolha
e de Minas Gerais. para os consumidores. A diversidade de
As vendas do café tipo es- sabores que estão disponíveis é valori-
pecial – aquele que convencionalmente zada e explorada pelo mecanismo deste
deixa a alfândega brasileira – para tor- tipo de máquina. Cada dose é adequada

Giovane Pedigone

Pátio de secagem da Cocapec, em Franca: cooperativa


tem nos Estados Unidos, na Itália e no Japão grandes
importadores de sacas produzidas no interior de São Paulo
e de Minas Gerais

68
ao paladar de seu consumidor. cas de 60 quilos no ano passado.
Enquanto uma garrafa de O número é pouco menor
café, preparada de acordo com receita que os 24 milhões de sacas registrados
tradicional, deixa todo o conteúdo com na safra anterior. Apesar disso, a publi-
um mesmo sabor, isso não acontece cação afirmava que, em 2016, os ameri-
com as máquinas capsulares. Em uma canos iriam gastar cerca de 13,6 bilhões
mesma família, a experiência do cafezi- de dólares na compra de café, montante
nho logo pela manhã é única para cada superior aos US$ 12,8 bilhões marcados
um – personalizada pela mistura de em 2015 e aos US$ 11,9 bilhões, em
grãos que mais agrada este ou aquele. 2014.
É o que acontece no lar da Esses valores acompanham
advogada Ana Emília Cordeiro, de Fran- o crescimento do mercado de cápsulas
ca. O pó de café foi aposentado há dois também na terra do Tio Sam. Indicadores
anos, quando o pai foi presenteado com da Associação Nacional de Café dos Es-
uma cafeteira de monodoses. “Desde tados Unidos apontam que um, em cada
então, nunca mais voltamos para a gar- quatro lares de lá, já possui uma cafe-
rafa. Além de práticas, as cápsulas per- teira de monodoses. Portanto, apesar de
mitem que cada um aqui em casa tome o equipamento evitar o desperdício da
seu café preferido. Compramos vários bebida, o que se reflete na redução de
sabores diferentes da mesma marca sacas de café consumidas, crescem os
para agradar a todos”. gastos com o produto, já que as emba-
Por conta da individualiza- lagens de cápsulas comercializadas têm
ção das doses, a quantidade de café quantidade bem inferior às oferecidas
preparada a cada refeição diminuiu, o em pacotes do café em pó.
que evita o desperdício da bebida. “So- Mas porque os adeptos das
bra bem menos, porque as opções são doses individuais estão dispostos a pa-
o café curto ou o longo. Não tem ex- gar mais caro por uma quantidade infe-
cessos”, diz Ana Emília. Esse compor- rior? Para a professora de Comunicação
tamento, porém, preocupa o mercado. Social do IMESB (Instituto Municipal
Uma frase é repetida â exaustão pelo de Ensino Superior de Bebedouro-SP),
segmento desde a “revolução” das cáp- Cláudia Pereira de Oliveira, existe uma
sulas: “Perdemos a nossa maior consu- construção da necessidade de um pro-
midora: a pia da cozinha”. duto mais prático para o cotidiano de
Exemplo maior deste fenô- quem tem o hábito de beber café.
meno foram as estatísticas projetadas “É vendida a ideia da tecno-
nos Estados Unidos – país que mais logia a favor do cliente, que traz a facili-
consome café no mundo – para a safra dade no preparo, além de outros pontos,
2015/2016. De acordo com a edição de como a elitização do consumo de uma
agosto de 2016 do Bureau de Inteligên- bebida tão popular em todo o mundo e a
cia Competitiva do Café, desenvolvido oferta personalizada de sabores.” Desta
pelo Centro de Inteligência em Mercado forma, um produto nem tão essencial ga-
(CIM) da Universidade Federal de La- nha uma boa aparência de utilitário. “Se-
vras (UFLA), era esperado que os ameri- ria muito difícil popularizar este produto
canos comprassem 23,7 milhões de sa- sem esse apoio do marketing”.

69
Arquivo

Trigo

O Brasil produz

Além das fronteiras


aproximadamente
metade dos 11 milhões
de toneladas de trigo que
consome

O principal ingrediente do pãozinho francês


pode ser produzido em abundância no Brasil,
que passaria de importador a exportador

Com informações da Embrapa ar e mapear alternativas à importação", afir-


ma o pesquisador Cláudio Spadotto, gerente

A
produção de trigo no Brasil poderia geral da Embrapa Gestão Territorial.
ser de 24,9 milhões de toneladas, vo- O país importa entre 5 e 6 mi-
lume que representa o dobro do atual lhões de toneladas de trigo a cada ano,
consumo interno. Isso faria o país passar de provenientes principalmente da Argentina,
comprador a vendedor externo do cereal. favorecida pelos acordos bilaterais do Mer-
Foi o que apontou um estudo realizado por cado Comum do Sul (Mercosul). O chefe ge-
pesquisadores da Embrapa Trigo (RS) e da ral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, acredita
Embrapa Gestão Territorial (SP), que projeta- que o Brasil é “plenamente” capaz de se
ram quatro diferentes cenários para a produ- tornar autossuficiente em trigo. “Contamos
ção nacional de trigo, considerando regiões com tecnologia e área, mas é fundamental o
onde a cultura poderia se expandir. apoio de políticas públicas que assegurem
O Brasil produz aproximada- o crescimento desta produção".
mente metade dos 11 milhões de toneladas Em 2015, o Brasil cultivou 2,5
de trigo que consome e 70% do total são milhões de hectares com trigo, uma produ-
destinados à panificação, o que torna os re- ção de 5,5 milhões de toneladas. Na distri-
sultados estratégicos para traçar alternativas buição territorial, a Região Sul responde por
ao abastecimento. "É importante que o país cerca de 89% do total produzido; o Sudeste,
conheça seu potencial produtivo para deline- por 9%; e o Centro-Oeste, por 2%. De acor-

70
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Trigo

do com o analista da Embrapa Gestão Territorial município do País entre os anos de 1990 e
Rafael Mingoti, a diferenciação na produção é 2012. Aqui, o potencial é de 11,3 milhões de
fortemente condicionada pelas características toneladas.
edafoclimáticas do território, pela existência de Por fim, o Cenário 4 traça uma
cultivares adaptadas a essas características e combinação entre os cenários 1 e 3, adotan-
pela existência de moinhos e estruturas de ar- do o maior valor obtido em cada um deles: a
mazenagem do grão. "Reconhecer e analisar tais produção oriunda entre 1/3 da área de soja e
diferenças vai servir de subsídio à formulação de milho ou o da produção histórica nos municí-
políticas públicas direcionadas ao fomento da pios. Considerado o mais otimista, o Cenário 4
cultura do trigo no Brasil". apresenta potencial de produção de 22 milhões
de toneladas de trigo.
Regionalização - Para desenvolvi- Em outra análise, para a Região
mento do estudo, as áreas de produção de trigo 4 foram consideradas as áreas com altitude
foram divididas em quatro regiões homogêne- maior que 800m e com declividade menor do
as, definidas a partir de variáveis de precipita- que 12%. Na avaliação geral, nessa região está
ção, quantidade de frio e calor em momentos o grande espaço de crescimento do trigo no
específicos da cultura, altitude e histórico de Brasil, com potencial de quase 25 milhões de
rendimento de grãos. A projeção de expansão hectares. Atualmente, existem cultivos de trigo
da área de cultivo do trigo, considerando todas em apenas 200 mil hectares nas regiões Cen-
as regiões homogêneas, partiu de cenários tro-Oeste e Sudeste, além da Bahia.
criados com base em associações de fatores O estudo mostrou, ainda, que as
como área de cultivo no verão (soja e milho), áreas potenciais para o aumento da produção
áreas aptas à cultura de inverno e otimização de trigo na Região 4 concentram-se em locais
de áreas que historicamente já foram ocupadas específicos das unidades federativas brasilei-
pelo trigo. ras, com destaque para o leste do estado de
A estimativa baseou-se na média Goiás, oeste da Bahia, leste e sul de Minas Ge-
de rendimentos, volume de produção e área rais e, em menor proporção, sul de Goiás, norte
colhida no período 2010-2012 em cada região. de Minas Gerais e centro da Bahia.
Como a região 4 apresenta tanto a produção De acordo com Mingoti, os resul-
em sistema de sequeiro quanto irrigado, foi tados gerados fornecem indicativos de que
considerado o rendimento médio do trigo em as políticas públicas podem atuar nas regiões
sistema de sequeiro, por estado, no período de tradicionais de produção de trigo na busca
2011 a 2013, resultando em 2.400 kg/ha. pela minimização das variações temporais,
Como resultado, foram desenvol- visando à obtenção de melhor qualidade, e
vidos quatro cenários possíveis. O Cenário 1 na retomada de áreas de produção de trigo
projeta que o trigo possa ocupar 1/3 da área hoje em declínio ou estagnadas, e que já
de soja e milho (verão 1ª safra) no inverno. apresentaram significativas contribuições no
Nesse caso, o potencial de produção é de 14 passado. "O planejamento e o investimento
milhões de toneladas de trigo. Já o Cenário na otimização da logística de escoamento do
2 considera que o cereal ocupe 10% da área trigo produzido, com qualidade adequada,
com cultivos de soja e milho no verão (1ª sa- em direção aos maiores centros de consu-
fra), com potencial de 5,9 milhões de tone- mo do País são fundamentais para garantir a
ladas. O Cenário 3 repete resultados da má- competitividade econômica do produto nacio-
xima produção histórica de trigo para cada nal frente ao importado", afirma o analista.

72
73
GIRO DA TERRA

Porto de Santos prevê volume Raízen vai investir R$ 200


recorde com expansão da soja milhões em terminal
e do açúcar no Porto do Itaqui
Divulgação Divulgação

O porto de Santos, o maior da América Latina, deverá mo-


vimentar um recorde de 120,6 milhões de toneladas de

O
cargas em 2017, com a ajuda de um aumento das expor- Maranhão poderá se transformar, em 2017, em um dos
tações de grãos e de açúcar. A estimativa é da autoridade maiores polos de armazenamento de líquidos do país,
portuária (Codesp), que projeta um aumento de 8,2% nas ex- após a assinatura do termo de compromisso entre o Governo
portações, que deverão atingir 89 milhões de toneladas, e de do Maranhão e a empresa Raízen. Com a assinatura, serão
1,3% nas importações (31,6 milhões de toneladas). investidos R$ 200 milhões na construção de um terminal de
Diante desse cenário, a previsão é que o porto armazenamento de líquidos na retroárea do Porto do Itaqui,
escoe 20,14 milhões de toneladas de produtos do complexo área do Distrito Industrial de São Luís.
soja, alta de 6,5% ante 2016. Desse total, cerca de 15,64 Com os investimentos, a empresa, a partir do
milhões de toneladas serão de soja em grãos, alta de 8,3%. Porto do Itaqui, vai atender o interior do Maranhão, Piauí e
Santos é o maior porto do mundo na movimen- Sudoeste do Pará. Desde 2011, a Raízen tenta realizar o in-
tação de açúcar e os embarques do produto a granel (ex- vestimento no Estado, mas as limitações regulatórias do por-
cluindo os embarques em contêineres) deverão crescer 7,6% to não permitiam.
em relação a 2016, atingindo 20,32 milhões de toneladas. A previsão para a entrega da primeira fase do
Quando incluída a movimentação de açúcar em contêineres, terminal é para o final de 2017. O empreendimento irá gerar
o volume total deverá alcançar 22,114 milhões de toneladas, 207 empregos, além de dar apoio e fomento ao setor sucroe-
7,1% acima do previsto para 2016. (Fonte: Reuters) nergético do Maranhão. (Fonte: SF Agro)

Safra de café em 2017 pode ficar entre 43 e 47 milhões de sacas


Divulgação

A safra brasileira de café em 2017 deve ficar entre 43,65 e 47,51 milhões
de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, somadas as espécies
arábica e conilon. Os números são do primeiro levantamento da safra, di-
vulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo
com o estudo, a previsão representa uma redução entre 15 e 7,5%, quando
comparada com a produção de 51,37 milhões de sacas do ciclo anterior.
A área total plantada no País tem expectativa de aumento de 0,2%
em relação a 2016, devendo chegar a 2,23 milhões de hectares. No entanto,
prevê-se uma redução de produtividade em termos gerais entre 12,6 e 4,9%, que
deverá se situar entre 23,02 e 25,05 sacas por hectare. (Fonte: Conab)

74
Confira as matérias na íntegra no Portal CanaMix: www.canamix.com.br

Produção de grãos no Brasil deve chegar a 215 milhões de toneladas


Divulgação
Para a soja, a projeção é de crescimento
de 8,7%, com a produção chegando a 103,8 milhões de
toneladas. A área cresceu 1,6.%. O milho primeira safra
deverá alcançar 28,4 milhões de toneladas, aumento de
9,9% ou 2,5 milhões de toneladas. A área, neste caso, foi
ampliada em 3,2 %.
O feijão primeira safra deve atingir 1,3 mi-
lhão de toneladas, 25,7% a mais, enquanto, para o ar-
roz, a previsão é de 11,6 milhões de toneladas, aumen-

A estimativa de produção de grãos para 2016/17


é de 215,3 milhões de toneladas, aumento de
15,3% ou 28,6 milhões de toneladas em relação à
to de 9,7%. O algodão pluma deve crescer 10,1% e
chegar a 1,42 milhão de toneladas, apesar da redução
de 5,2% na área cultivada. Algodão e arroz diminuíram
safra anterior (186,7 milhões t). Os dados são do 4º suas áreas plantadas devido à substituição pela soja,
levantamento da safra da Companhia Nacional de o que não ocorreu com as demais culturas de primeira
Abastecimento (Conab). safra. (Fonte: Conab)

Bagaço pode ganhar valor substituindo areia na construção civil


Divulgação adicionais ao fluxo de caixa das usinas. A avaliação é do
diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, diante das recen-
tes pesquisas científicas focadas na diversificação do
uso do bagaço.
A técnica para o uso das cinzas na produ-
ção de concreto, desenvolvida pelo pesquisador e pro-
fessor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Almir Sales, vem sendo estudada há quatro anos, sendo
mais uma alternativa para a disposição dos resíduos fi-

O reaproveitamento das cinzas geradas com a quei-


ma de bagaço de cana na produção de concreto
no setor da construção civil poderá transformar o resíduo
nais da cadeia. “As cinzas não serão depositadas nas
lavouras. Além disso, vai sobrar matéria-prima para outro
setor, o que é importante do ponto de vista econômico”,
em mais um subproduto da cana, agregando resultados explica. (Fonte: UNICA)

Aparecido Luiz é eleito novo presidente do CEISE Br Divulgação

E m nota oficial, o CEISE Br – Centro Nacional das In-


dústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis
- informa mudanças no comando da entidade: “O CEISE
Br comunica que, em razão do licenciamento solicitado
pelo atual presidente, Sr. Paulo Roberto Gallo, que assu-
mirá o cargo de Secretário de Desenvolvimento Econô-
mico na Prefeitura Municipal de Sertãozinho – SP, a partir
de 1º de janeiro de 2017, e em conformidade com o Es-
tatuto da entidade, a presidência passará a ser exercida
pelo Sr. Aparecido Luiz. Sertãozinho, 23 de dezembro de
2016”. (Fonte: BRASILAGRO)
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GIRO DA TERRA

1ª usina só de etanol de milho Petrobras vende fatia


no MT já contratou 20% na Guarani para a Tereos
da safrinha Divulgação por US$ 202 milhões Divulgação

C om a abertura da colheita da safrinha, daqui a cinco


meses, uma nova janela de oportunidade se abrirá
para os produtores de milho do Mato Grosso: será inau-
gurada a primeira usina exclusiva de etanol extraído do
grão. Esse novo canal de vendas já está funcionando
desde agosto de 2016, quando a FS Bioenergia come-
A Tereos e a Petrobras, por meio da subsidiária Petrobras Bio-
combustível, assinaram acordo de compra e venda da parti-
cipação de 45,97% detida pela Petrobras na Usina Guarani, pelo
çou a garantir matéria-prima. valor de US$ 202 milhões. Com a transação, a Tereos, que detinha
Hoje, das 560 mil toneladas que serão es- 54,03% do capital social da Guarani, passará a ter 100%, tornan-
do-se a única acionista.
magadas em 2017, a partir da inauguração em junho,
Em nota, a Petrobras informa que a operação faz
o CEO Rafael Abud aponta a contratação fechada de parte do programa de parcerias e desinvestimentos e será conta-
20%. Até dezembro, FS espera desovar nos postos em bilizada para a meta do biênio 2015-2016. "A venda está alinhada
torno de 220 milhões de litros de etanol hidratado. ao Plano Estratégico da Petrobras, que prevê a otimização do por-
Outra empresa americana, a IMC Inc., colo- tfólio de negócios, com a saída integral das atividades de produ-
cou, no radar, o Mato Grosso como possível porto futuro ção de biocombustíveis".
"Para a Tereos, esta aquisição é uma oportunida-
para mais uma usina de etanol de milho. (Fonte: Notí-
de para fortalecer sua presença no Brasil, líder global na produ-
cias Agrícolas)
ção de açúcar", disse o diretor-presidente da Tereos, Alexis Duval.
A Tereos é o terceiro maior produtor de açúcar do Brasil, por meio

Usina histórica da subsidiária Guarani. (Fonte: Estadão de Conteúdo)

impulsionará pesquisas Alessandra Xavier

no agronegócio paulista
B erço do setor sucroenergético em Piracicaba (SP), a antiga
Usina Monte Alegre será novamente um importante vetor de
desenvolvimento socioeconômico para a região e todo o interior
do Estado de São Paulo.
Após longa recuperação judicial, a unidade passa
por um processo de revitalização que a transformará, a partir des-
te mês de fevereiro, em um centro empresarial capaz de abrigar
até 60 novas companhias especializadas em tecnologias para a
agricultura, além de facilitar o acesso a investidores e mercados. momento, de estrutura para alimentação, realização de eventos
Ocupando um terreno total de 427 mil metros qua- e escritórios que já abrigam empresas dos segmentos de pai-
drados estrategicamente posicionado no coração do Vale do Rio sagismo, fotografia, comunicação, entre outros. A segunda fase
Piracicaba, o novo empreendimento, orçado em R$ 75 milhões, do projeto prevê a construção de um ambiente de trabalho inte-
já concluiu a sua primeira fase de remodelagem e dispõe, até o grado, centro de convenções, auditórios e hotel. (Fonte: UNICA)

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Confira as matérias na íntegra no Portal CanaMix: www.canamix.com.br

Usinas de açúcar da Índia Odebrecht procura comprador


antecipam fim da temporada para seus negócios em açúcar
por falta de cana Divulgação
e etanol Divulgação

D evido a duas secas consecutivas, que desacelera-


ram a produção de cana, dezenas de usinas de açú-
car do principal Estado produtor da Índia, Maharashtra,
A pós fazer uma renegociação das dívidas no ano passado,
o que incluiu o aporte de R$ 6 bilhões feito pela holding, a
Odebrecht Agroindustrial pode estar caminhando para o seu fim.
Está procurando comprador para todas as suas operações de
já encerraram a moagem da temporada. Das 147 usinas
açúcar e álcool no Brasil.
que começaram a operação nesta safra, 25 finalizaram Mesmo após a renegociação, em julho de 2016,
as atividades até 31 de dezembro, informou a Associa- rumores afirmavam que a divisão poderia entrar com pedido de
ção Indiana das Usinas de Açúcar em um relatório. reestruturação judicial, o que foi negado pela companhia. Na
O país produziu 8,09 milhões de toneladas ocasião, o grupo revelou a existência de um programa de venda
de açúcar entre 1º de outubro e 31 de dezembro, alta de ativos, mas não confirmou se as usinas fariam parte.
A Odebrecht estuda até mesmo mudar de nome.
de 0,4% em comparação com um ano antes, com a mo-
Há duas estratégias em discussão: usar uma marca única - um
agem tendo começado semanas antes do normal, afir-
dos possíveis novos nomes discutidos seria ODB - ou criar no-
mou a associação. mes independentes para cada subsidiária.
A Índia, maior consumidor global de açú- A Odebrecht possui nove usinas no país, com ca-
car, deverá produzir 23,4 milhões de toneladas da com- pacidade de moagem total de 3,6 milhões de toneladas de cana
modity em 2016/17, queda de 7% na comparação com por safra. Para 2016/17, a meta da companhia era alcançar uma
a temporada anterior, em função dos problemas climáti- moagem de 30,7 milhões, com produção de 643 mil toneladas de
açúcar e de 2,1 bilhões de litros de etanol. (Fonte: NovaCana.com)
cos. (Fonte: Reuters)
Divulgação

Biosev planeja levantamento de


R$ 2 bilhões no mercado financeiro

A Biosev, segunda maior produtora mundial de açúcar e


controlada pela Louis Dreyfus, avalia opções que incluem
uma oferta secundária de ações de até R$ 2 bilhões (US$ 620
milhões) para reduzir sua dívida, segundo duas pessoas com
conhecimento direto do assunto. A Biosev, que tem 11 unida-
des produtoras de açúcar e álcool no Brasil, não quis comen-
tar o assunto.
A oferta acionária seria a escolha mais óbvia, já
que a empresa teve dificuldade em atrair demanda quando se
reuniu com investidores de títulos no fim do ano passado, disse tados durante o IPO da empresa há mais de três anos. Desde o
uma das pessoas. A quantidade de ações que a Biosev pode IPO, as ações da Biosev mostram queda de 50% na compara-
planejar vender seria quase o triplo dos R$ 700 milhões levan- ção com o ganho de 16%o do Ibovespa. (Fonte: NovaCana.com)

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GIRO DA TERRA
Confira as matérias na íntegra no Portal CanaMix: www.canamix.com.br

Polo canavieiro concentra metade das startups


de agronegócio no Brasil
Divulgação
de Queiroz (ESALQ/USP) e AgTech Garage, 15 destas
companhias estão instaladas no AgTech Valley, ou Vale
do Piracicaba, um conglomerado de startups para a
agricultura inspirado no Vale do Silício, na Universidade
de Stanford (EUA), onde atuam companhias como Fa-
cebook, Apple e Google.
O consultor de Emissões e Tecnologia da

O Estado de São Paulo, responsável por mais de União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred
55% da produção nacional de cana-de-açúcar Szwarc, destaca o pioneirismo da iniciativa, lançada em
(48,22 % de etanol e 63,74% de açúcar) na safra maio de 2016 com o objetivo de integrar o trabalho de
2015/2016, abriga 37 das 74 empresas de tecnologia diversas empresas e intuições de pesquisas localizadas
recém-criadas no País com atividades voltadas exclu- no município paulista. “Isso poderá resultar em novas
sivamente para o agronegócio. oportunidades de investimentos em soluções que no fu-
Segundo um levantamento divulgado re- turo poderão garantir a posição de destaque do Brasil
centemente pela Escola Superior de Agricultura Luiz no atual mapa do agronegócio mundial”. (Fonte: UNICA)

Anfavea publica balanço do Câmara dos Deputados


ano e projeta crescimento aprova política para a redução
para 2017 de agrotóxicos
Divulgação

A Associação Nacional dos Fa-


bricantes de Veículos Automo-
tores (Anfavea) estima aumento de
4% no licenciamento de autoveí-
culos em 2017: a expectativa é de
comercializar 2,13 milhões de uni-
dades. No caso das exportações,
novo aumento é esperado: 7,2%,
totalizando 558 mil unidades envia-
das para outros países. A previsão de produção é de 2,41
milhões de unidades, 11,9% acima do registrado em 2016.
A previsão da entidade para o setor de pe- A Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos De-
putados aprovou, por unanimidade, a Política Nacional de
Redução de Agrotóxicos (PNARA), que agora se torna um Proje-
sados é de crescimento das vendas em 6,4%. Com isso,
o segmento deverá encerrar o ano com 65,6 mil unidades to de Lei (PL). O PNARA foi apresentado como sugestão de PL,
vendidas. A projeção de exportações do segmento é de por uma rede de entidades e movimentos sociais no início de
34,4 mil unidades, elevação de 10%. Assim, a produção novembro, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ),
deverá ser de 100 mil, um aumento de 26,1%. que se comprometeu em criar uma comissão específica para
Para o setor de máquinas agrícolas e ro- analisar a matéria.
doviárias, a projeção é de alta das vendas internas em Entre as entidades e movimentos, estão a Asso-
13% – serão 49,5 mil unidades em 2017. As exportações ciação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), a Campanha
também serão 6% superiores: 10,2 mil unidades. E a fabri- Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, a Articulação Na-
cação de novos produtos será de 59,6 mil unidades, alta cional de Agroecologia (ANA), o Instituto de Defesa do Consumi-
de 10,7%. (Fonte: Anfavea) dor (IDEC) e o Greenpeace. (Fonte: Greenpeace)

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79
Recursos

Alimento familiar
Divulgação

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)


investiu, no ano passado, quase R$ 200 milhões
no apoio à comercialização da produção

Com informações da Conab restaurantes e cozinhas comunitárias,


presídios e outras instituições um total de

N
o decorrer de 2016, a Companhia 75.386.418 kg de hortigranjeiros (38% do
Nacional de Abastecimento (Co- total das aquisições), frutas (27%), proces-
nab) aplicou R$ 197,5 milhões no sados (15%), grãos e oleaginosas (6%),
apoio à comercialização da produção da pescados (3%), laticínio (2%) e mel (1%).
agricultura familiar, por meio do Programa Na modalidade de Apoio à
de Aquisição de Alimentos (PAA). Os re- Formação de Estoque pela Agricultura
cursos, disponibilizados pelo Ministério do Familiar (CPR Estoque), foram disponibi-
Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) lizados R$ 9,57 milhões para 20 projetos,
e pela Secretaria Especial de Agricultura beneficiando 1.223 agricultores familiares
Familiar e do Desenvolvimento Agrário da que produzem arroz, castanha-do-brasil e
Casa Civil, beneficiam quase 30 mil agri- de caju, feijão, geleia, queijo, trigo e suco
cultores vinculados a associações e coo- nos estados do Acre, Bahia, Mato Grosso,
perativas de 477 municípios brasileiros. Rondônia e Rio Grande do Sul.
A maior parte dos recursos Por fim, R$ 4 milhões foram
(95,16%) foi destinada à chamada Compra aplicados na compra de 1.139.469 kg de
com Doação Simultânea (CDS), pela qual sementes de milho, feijão e arroz de 269
os pequenos produtores fornecem alimen- pequenos produtores, para distribuição
tos diretamente para as redes socioassis- a agricultores familiares nos estados de
tencial, de ensino, de saúde e também Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí,
para equipamentos públicos de segurança Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Ca-
alimentar e nutricional. Para as compras tarina. A aquisição de sementes ocorreu
nesta modalidade, foram investidos R$ mediante a apresentação de um plano de
184 milhões em 832 projetos, beneficiando distribuição por um órgão público deman-
27.826 agricultores fornecedores. dante, como o Instituto Nacional de Colo-
Ao longo de 2017 e 2018, nização e Reforma Agrária e secretarias
serão entregues em escolas, hospitais, estaduais de agricultura.

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81
Opinião

Inovação pode ser aprendida?


Nelson Marinelli Filho*
Gil Eduardo Guimarães**

N
omes como Thomas Edison, Nicola Tesla, Galileu, Leonardo
da Vinci e, mais recentemente, Bill Gates e Steve Jobs po-
voam a nossa mente como alguns dos maiores inovadores
de todos os tempos e inspiram, diariamente, milhões de pessoas e
organizações a pensar em novos produtos e serviços que tenham a
capacidade de mudar para melhor a vida de todos nós. No entanto,
uma mudança silenciosa vem ocorrendo lentamente e mudando a Nelson Marinelli Filho
forma com que a inovação ocorre.
Hoje, não temos mais um processo de inovação em to em construir uma proposta de valor e,
que se destacava um grande nome de liderança e tudo dependia a partir daí, desenvolver um plano de ne-
de sua capacidade criativa, visão de negócio e extrema constância gócio para ser trabalhado por sua equipe.
de propósito, mas, sim, um processo colaborativo, em que muitos
trabalham constantemente em busca da realização de modelos de As pessoas já nascem com
negócio bem estabelecidos anteriormente. o perfil de inovador?
A prova disso é simples. Reflita e tente lembrar o nome do Effrey H. Dyer, Hal Greger-
inventor do UBER. sen e Clayton M. Christensen, os autores
Nessa linha de raciocínio, a questão-chave para aces- de Innovator’s DNA - um artigo na Harvard
sar os benefícios da inovação passa a ser: como construir equipes Business Review -, descrevem um estu-
inovadoras ou, ainda, como transformar minha equipe atual em um do interessante feito por pesquisadores
time capaz de produzir inovação? que lança luz sobre o quanto a genética
A resposta para essa questão não é unidimensional e desempenha na criatividade (Dica: não
está espalhada sobre alguns eixos fundamentais, que vamos apre- é muito!). Os pesquisadores trabalharam
sentar e discutir a seguir. com gêmeos idênticos e fraternos, através
de testes que mediram suas habilidades
O que é inovação? de pensamento criativo. Os resultados fo-
Antes de tudo, para construir um time de inovação, é ram bastante surpreendentes: os pesqui-
preciso ter uma definição clara do que é inovação. Em nossos traba- sadores concluíram que apenas de 25% a
lhos, com nossos clientes, uma definição tem se mostrado, ao longo 40% do desempenho criativo poderiam ser
dos anos, a mais assertiva: atribuídos à genética. Em contraste, des-
“Inovação é resultado. Não se deve confundir tecnolo- cobriram que a genética desempenhou um
gia com inovação que, em última instância, nada mais é que conhe- papel muito maior na inteligência geral -
cimento transformado em dinheiro. Inovação acontece em empresas cerca de 80% das diferenças de inteligên-
e não em universidades e centros de pesquisa, cuja função é produ- cia foram atribuídas à genética.
zir conhecimento. Por fim, pesquisa é dinheiro sendo transformado Então, sim, a criatividade - e,
em conhecimento.” por extensão, a inovação - pode ser cul-
Essa definição é de Geoff Nicholson, inventor do Post-It. tivada. Isso é muito importante para as
Ter uma definição como essa em mãos lhe auxilia mui- organizações que querem realmente apro-

82
veitar o poder de seus funcionários. Signifi- zes pensamos que inteligência inata e criatividade andam de mãos
ca que as empresas não precisam apenas dadas - daí frases como "gênio criativo".
se contentar em "trabalhar com o que têm", A criatividade é menos sobre as pontuações de QI e
em termos de talento dos funcionários, mais sobre a disposição de questionar e explorar. Há uma abun-
pois elas podem instalar em seu local de dância de professores e pesquisadores nas universidades e centros
trabalho um processo de inovação eficien- de pesquisa totalmente avessos ao risco, mas com pontuações de
te e eficaz. QI que extrapolam os testes mais usuais. Sabe-se muito bem que
a probabilidade de surgirem inovações desses ambientes é muito
A chave da inovação: o pen- pequena, ao contrário de novas tecnologias. Mas lembre-se do co-
samento criativo! meço: inovação não é tecnologia!
Para continuar em seu pro- Isso é porque a criatividade, capaz de trazer inovação,
cesso de desenvolvimento de times inova- requer um certo tipo de atitude em sair de uma zona de conforto e
dores, as organizações precisam entender olhar para problemas de ângulos diferentes. É preciso saber desa-
as diferenças entre criatividade e inteligên- fiar e superar uma série de paradigmas de negócios estabelecidos,
cia: o que exatamente é a criatividade, e sem explicação, há muito tempo.
como ela difere da inteligência? Em última análise, no entanto, o pensamento criativo é
Em um primeiro momento, os iniciado ao se fazer conexões entre conceitos aparentemente não
resultados como os descritos acima po- relacionados. Os autores do artigo Innovator’s DNA chamam isso
dem parecer confusos, porque muitas ve- Pensamento Associativo.

Qual é o papel da cultura organizacional?


O Pensamento Associativo é es- Cultura e as Artes?
timulado por uma série de padrões de com- De forma geral, as estatísticas suportam muito bem essa afir-
portamento e pensamento, incluindo ques- mação sobre nossa dificuldade em inovar. Alguns exemplos são marcantes:
tionamento, observação e experimentação. - A poderosa National Science Foundation (NSF), dos
Associar conceitos e ideias ajuda os pensa- EUA, avalia de forma constante a capacidade das empresas norte-
dores inovadores a descobrir novas direções -americanas de inovar em produtos, através de um critério simples: in-
e estruturar grandes soluções, que é sempre troduzir pelo menos um produto, ou serviço, novo, ou significativamente
o primeiro passo no processo de inovação. melhorado, a cada ano. Este número não chega a 10%; e
Se todos nós podemos apren- - Há pelo menos uma década, os países que ocupam as
der a ser mais criativos e, consequentemen- dez primeiras posições do ranking de países mais inovadores do World
te, mais inovativos, por que não observamos Economic Forum praticamente não mudam.
um número crescente de revoluções aconte- E assim, consecutivamente, é muito fácil mostrar a dificul-
cendo em cada segmento de nossa socie- dade em tornar a inovação um processo de negócio administrado. No
dade, desde o Universo dos Negócios até a contexto, do nível de maturidade, um processo administrado é, basica-

83
Opinião
mente, aquele que acontece na organização sem que o gestor tenha
de fazê-lo acontecer, em que ele pode apenas administrá-lo: definir me-
tas, acompanhar e corrigir o curso.

A questão-chave passa a ser, então, por que a inova-


ção não acontece? Ou quais são as barreiras da inovação?
Essa é uma resposta complexa, mas uma certeza já se
tem sobre a primeira barreira a ser superada nas organizações: a Cul-
tura Organizacional. Gil Eduardo Guimarães

No entanto, não é fácil entender o impacto da Cultura Organi-


zacional sobre a capacidade de uma organização em inovar. Neste ponto, e o aprendizado com essa experiência, sem
vamos tentar alinhar os elementos que mostram esta influência, desde o a busca predatória por culpados, é o que re-
modelo inicial até o ambiente que, atualmente, consegue bons resultados. almente diferencia as empresas inovadoras.
Inicialmente, as organizações que valorizavam culturas Finalmente, podemos chegar
organizacionais individualistas, ou seja, que valorizavam realizações a uma resposta para nossa pergunta inicial:
pessoais e liberdades pessoais, conseguiram demonstrar mais rapida-
mente resultados vindos da inovação. Historicamente, essas organiza- A inovação pode ser aprendida?
ções sempre tiveram resultados melhores do que aquelas de caráter Sim, quando as condições ne-
mais coletivista, que valorizam as necessidades do grupo sobre o indi- cessárias são estruturadas dentro da Cultura
víduo e priorizam a harmonia do grupo. Organizacional (valorização e encorajamen-
Com muitas controvérsias, grupos importantes de pesqui- to do pensamento inovador, trabalho colabo-
sa ao redor do globo, como a Universidade da Califórnia, em Berke- rativo que suporta o aprendizado e o correto
ley, chegam a afirmar terem descoberto evidências empíricas de que reconhecimento dos avanços alcançados),
países com culturas individualistas desencadeiam mais inovações e ela pode ser ensinada e, consequentemen-
desfrutaram de maior crescimento de longo prazo do que países com te, aprendida.
culturas mais coletivistas. No início de 2017, iremos pro-
No entanto, ao longo de nossa jornada de aprendizado, as mover, com o Grupo Agrobrasil, um Workshop
organizações começaram a perceber que o apoio intenso à inovação, de Cultura Organizacional para a Inovação,
no viés individualista de recompensa, focalizado nos resultados de curto com o objetivo de ajudar a nossa comunida-
prazo, inviabilizava resultados amplos e de impacto. Porque essa estru- de a avaliar a capacidade de suas Culturas
tura cultural apenas deixa equipes motivadas a fazer apenas mudanças Organizacionais em nutrir a inovação.
incrementais, ao invés de mudanças reais no modelo de negócios. Se você precisar de mais infor-
Descobriu-se, então, que, em última análise, a Cultura Or- mações antes, basta entrar em contato pelo
ganizacional capaz de suportar resultados reais da inovação é aquela e-mail contato@ativecon.com.br ou consultar
que deixa espaço para o risco. nosso site a partir de janeiro de 2017 (www.
"A fim de conduzir para o pensamento inovador, o fracas- ativecon.com.br).
so tem de ser uma opção. Compreender que as lições que você apren-
de com o fracasso levam ao sucesso é a chave para qualquer organi- *Nelson Marinelli Filho
zação capaz de aprender (learning organization)". - Edward Goldman Gestor de Inovação
(Intel Information Technology), na Revista Wired. ATIVECON – Collaborative Economy
Assim, a partir desse alinhamento, podemos formular um
conceito de cultura organizacional que, em nossa experiência, parece **Gil Eduardo Guimarães
ser o mais assertivo: Coordenador do curso de Engenharia de
O trabalho colaborativo, em que se motiva a tomada de Produção
risco que pode levar ao fracasso, idealmente no início dos processos, Unicruz – Universidade de Cruz Alta

84
85
Opinião

Transparencidade
Que tal começarmos o ano exercitando nossa mente?
Victor Cabral

Marcelo Dias*

E
m 2017, precisaremos muito de nossa
criatividade coletiva. É o que chama-
mos de crowdsourcing. Mas este é um
assunto para outra coluna. Voltemos ao título
deste artigo: TRANSPARENCIDADE, um es-
tudo realizado pela agência de publicidade
Dim & Canzian (http://www.dimcanzian.com.
br), que percorreu mais de 16 mil km em 40
horas de voo, o que resultou em 50 horas a TRANSPARENCIDADE e conhecer me-
de entrevistas. Os temas levantados foram: lhor esta palavra, um neologismo que funde
relacionamento familiar e social, saúde, con- TRANSPARÊNCIA e CUMPLICIDADE.
sumo, marcas, mobilidade e redes sociais. E É assim que nós, do Grupo
a grande pergunta do estudo, para mim, foi: Agrobrasil, pretendemos conduzir nossas
Quais valores vêm ganhando força? relações comerciais e sociais, com muita
Um dos pontos que chamam transparência e cumplicidade com nossos
a atenção é o avanço das plataformas clientes. O link para o vídeo é: https://www.
tecnológicas, que mudam drasticamente youtube.com/watch?v=Nc4npx4F6U0.
e rapidamente as relações, sociais, finan- Em agradecimento pela leitu-
ceiras e pessoais. E no agronegócio não ra deste artigo, iremos dar a você um pre-
é diferente. Portais especializados, aplica- sente: um E-BOOK promocional do lança-
tivos de monitoramento de produtividade, mento de nossa mais nova ferramenta de
trocas de experiências entre agricultores e comunicação, o TERRAMASTER. Será um
coleta de dados sobre as diversas cultu- conjunto de ações e ferramentas, digitais,
ras em tempo real vêm colocando o Brasil impressas e pessoais, para potencializar
na chamada agricultura digital. Como já suas estratégias de vendas, dar força ao
somos campeões na produção em várias seu planejamento institucional e colaborar
áreas, como grãos, cana-de-açúcar, car- com seu posicionamento de marca.
nes, só pra citar algumas, cabe aqui sa- Para conseguir o brinde, bas-
ber o quanto estamos preparados para dar ta enviar um e-mail para marcelo@cana-
este salto da rã e, definitivamente, entrar mix.com.br, e, como título, no campo as-
para o mercado da agricultura tecnológi- sunto, colocar “Terramaster-E-book, como
ca, em que a mercadoria mais valiosa é o construir campanhas engajadoras”.
conhecimento.
Nesse sentido, vale a pena as- *Marcelo Dias é diretor de Marketing do
sistir, no Youtube, o vídeo do estudo sobre Grupo Agrobrasil

86
SAVE
7 THE
DATE
MAY
10
2017
New York Hilton
Midtown Hotel
USA

With the purpose of gathering the


main representatives of the North
American financial market, the
International Sugar Organization
(ISO), in partnership with DATAGRO
held the ISO DATAGRO NEW YORK
SUGAR & ETHANOL CONFERENCE.
Enshrined as the official technical
event of the New York Sugar Dinner,
it has become traditional in the
global sugar & ethanol calendar.

conferencia@datagro.com
/ DATAGRO
+55 11 4133 3944
87
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