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Existe muita controvérsia sobre o assunto “custo de acidentes” pois existem diversos
interesses envolvidos: pagamento de seguros, influência de sindicatos, coleta de taxas e
impostos, prejuízo ou preservação da imagem das empresas e interesses pessoais dos
funcionários envolvidos. Todos estes interesses são válidos, legítimos e não serão
abordados neste artigo.
Os custos sociais de acidentes, particularmente controversos, são bem abordados através
do SAT – Seguro Acidente de Trabalho, FAP – Fator Acidentário Previdenciário e
NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico, bastante bem explicados neste vídeo:
http://cbic.org.br/construindosegurancaesaude/apresentacao, da CBIC – Câmara
Brasileira da Indústria da Construção. Não entraremos no mérito da justiça ou correção
teórica da aplicação do NTEP ou do cálculo do FAP. Ambos estão respectivamente bem
definidos na Lei 11.430 de 26/12/2006 e na Resolução MPS/CNPS No. 1316 de
31/05/2010 e são juridicamente válidos e ferozmente promovidos pelos órgãos
governamentais responsáveis. Uma boa explicação sobre o embasamento do FAP, feita
por Luiz Eduardo Alcântara de Melo, Coordenador-Geral de Política de Seguro Contra
Acidentes do Trabalho e Relacionamento Interinstitucional da Previdência Social, pode
ser encontrada aqui.
Neste artigo serão abordadas maneiras de calcular custos reais e efetivos de acidentes,
ou seja, tudo aquilo que foi efetivamente gasto em função de um acidente.
De forma genérica, estes custos podem ser agrupados conforme a tabela não-exaustiva
abaixo:
Após coletar todos os dados deve ser feita a somatória de todos os tipos de custos.
O cálculo será tão mais preciso quanto mais riqueza de dados tiver. Especial atenção
deve ser dedicada aos custos que envolvem custos horários de funcionários, pois estes
podem variar conforme o nível hierárquico dos mesmos, por exemplo.
Uma maneira de garantir a precisão dos cálculos é envolver pessoas da área financeira,
explicando este modelo de “precificação” e usando planilhas padronizadas para
compilar os dados.
Exemplo
Este foi considerado um incidente sério e por isto foi reunida uma equipe composta por
técnicos de campo, engenheiros e pessoal administrativo conhecedor do processo para a
investigação.
Planilha de Cálculo
Custos
Qtde Tempo Custo
Custo
Funcionários (horas) HH
Maquinário
em Atividade Precificação Explicação Evento
(por hora)
Estudos de Tempo X 2 engenheiros por 8 horas
engenharia para Quantidade X R$
1 2 8 R$ 2.720,00
embasar Custo-Hora 170,00
investigação
Reunião de Tempo X 4 engenheiros por 2 horas
Investigação Quantidade X R$
2 4 2 R$ 1.360,00
(engenharia/adm) + Custo-Hora 170,00
estudos
Reunião de Tempo X 3 funcionários por 2 horas
R$
3 Investigação (time Quantidade X 3 2 R$ 615,00
102,50
de campo) Custo-Hora
Hotel para time de Evento 3 diárias de hotel
4 campo R$ 600,00 R$ 600,00
R$ 116.255,00
Certamente este montante poderia ter sido melhor investido em medidas preventivas.
Conclusão
Em alguns casos, estes cálculos podem servir para embasar ações judiciais de
recuperação de custos quando os danos são causados por terceiros, por exemplo.
Finalizando, todo bom profissional de SMS deve ter a capacidade de falar em valores de
igual para igual com as outras funções dentro de uma empresa. Não saber fazer e
apresentar estes cálculos depõe contra o profissional e o relega a um perpétuo segundo
plano em relação às outras funções (qualidade, produção, engenharia, etc.) pois este
“não fala o idioma dos negócios – $$$” e jamais será compreendido de forma definitiva.
Será, no máximo, tratado com alguma condescendência.