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descobrir neles um conteúdo latente, que é muito mais significativo do que seu conteúdo

manifesto, surge de imediato a tarefa premente de reexaminar um por um os vários problemas


levantados pelos sonhos, para ver se não estaremos agora em condições que pareciam
inabordáveis enquanto só tínhamos conhecimento do conteúdo manifesto.
No primeiro capítulo, apresentei um relato pormenorizado dos pontos de vista das
autoridades sobre a relação dos sonhos com a vida de vigília [Seção A] sobre a origem do material
dos sonhos [Seção C]. Sem dúvida, meus leitores se recordarão também das três características
da memória nos sonhos [Seção B], tão freqüentemente comentadas, porém nunca explicadas:
(1) Os sonhos mostram uma clara preferência pelas impressões dos dias imediatamente
anteriores [em [1] e seg.]. Cf. Robert [1886, 46], Strümpell [1877, 39], Hildebrandt [1875, 11] e
Hallam e Weed [1896, 410 e seg.].
(2) Fazem sua escolha com base em diferentes princípios de nossa memória de vigília,
já que não relembram o que é essencial e importante, mas o que é acessório e despercebido. [Ver
em [1]]
(3) Têm à sua disposição as impressões mais primitivas da nossa infância e até fazem
surgir detalhes desse período de nossa vida que, mais uma vez, parecem-nos triviais e que, em
nosso estado de vigília, acreditamos terem caído no esquecimento há muito tempo. [Ver em [1]]

(A) MATERIAL RECENTE E IRRELEVANTE NOS SONHOS

Se examinar minha própria experiência com a questão da origem dos elementos


incluídos no conteúdo dos sonhos, deverei começar pela afirmação de que, em todo sonho, é
possível encontrar um ponto de contato com as experiências do dia anterior. Essa visão é
confirmada por cada um dos sonhos que investigo, sejam eles meus ou de qualquer outra pessoa.
Tendo em mente esse fato, posso, ocasionalmente, começar a interpretação de um sonho
procurando o acontecimento da véspera que o acionou; em muitos casos, de fato, isso constitui o
método mais fácil.
Nos dois sonhos que analisei pormenorizadamente em meus últimos capítulos (o sonho
da injeção de Irma e o de meu tio de barba amarela, a relação com o dia anterior é tão evidente
que não exige nenhum outro comentário. Mas, para mostrar a regularidade com que se pode
identificar essa ligação, percorrerei os registros de meus próprios sonhos e darei alguns exemplos.
Citarei apenas o suficiente do sonho para indicar a fonte que estamos procurando:
(1) Eu estava visitando uma casa à qual tinha dificuldade em ter acesso…; nesse ínterim,
deixava uma senhora ESPERANDO.
Fonte: Eu tivera uma conversa com uma parenta na noite anterior, na qual lhe dissera
que ela teria que esperar por uma compra que desejava fazer até… etc.
(2) Eu tinha escrito uma MONOGRAFIA sobre uma certa espécie (indistinta) de planta.
Fonte: Naquela manhã eu vira uma monografia sobre o gênero Ciclâmen na vitrina de

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