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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E ARQUITETURA
GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I
TERESINA – PI
2018
Matheus Carvalho de Andrade
TERESINA – PI
2018
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE TABELAS
2-INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
3-JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 11
4. OBJETIVOS .......................................................................................................... 13
5. METODOLOGIA.................................................................................................... 14
12.8- ATIVIDADES................................................................................................. 69
12.9-FLUXOGRAMA .............................................................................................. 70
13.1.1FECHAMENTOS ...................................................................................... 71
13.1.7 - ESQUADRIAS:...................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77
1-TEMA
O tema a ser desenvolvido será referente à arquitetura institucional, com a
proposta de um centro de saúde mental, baseando-se em estudos psicológicos,
psiquiátricos contemporâneos fazendo comparação com a evolução dos espaços
destinados aos pacientes mentais, visando projetar um espaço com funções
terapêuticas e socais, que proporcione uma estadia de qualidade, apoio também às
famílias e a comunidade e sirva de auxílio na reinserção do indivíduo na sociedade,
utilizando conceitos de psicologia ambiental, relação com a natureza , luz e cores.
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2-INTRODUÇÃO
As preocupações referentes a saúde mental são intrínsecas a história humana,
a loucura sempre representou uma área de pouco conhecimento e muita aversão
durante toda a história. As intervenções no campo da saúde mental possuíram
diversas metodologias e direcionamentos, a figura do louco era sinônimo de exclusão
e repudio, hoje as formas de tratamento e cuidados relacionados a psiquiatria buscam
quebrar com este passado negativo, e estabelecer um lugar na sociedade para as
pessoas com distúrbios mentais.
Nas últimas décadas o Brasil vem sendo palco da mudança do modelo de
tratamento utilizado por tanto tempo, baseado em hospitais psiquiátricos para um
modelo baseado na atenção psicossocial e terapias de tratamento. Essas mudanças
foram graças à luta antimanicomial que teve início nos anos 70-80 que resultou na Lei
Paulo Delgado ,10.216 de 2001, garantindo os direitos dos pacientes com transtornos
mentais, dando início a reforma psiquiátrica no Brasil, que almejava a melhoria nas
condições de tratamento e da metodologia vigente até então. (SANTOS,2004)
Busca-se com esse trabalho, propor um espaço arquitetônico, um centro de
saúde mental para a cidade de Teresina-Piauí, que proporcione qualidade de vida e
uma reinserção dos pacientes na sociedade. A ideia do centro veio para solucionar
um dos maiores problemas da atenção psiquiátrica atualmente no país, que é o
problema da moradia. Moradia esta que atende tanto a pacientes que passaram muito
tempo em instituições psiquiátricas e perderam vínculos familiares e sociais. Outro
grupo atendido são pessoas com distúrbios psiquiátricos em que a família busca
atenção especial e entender melhor como lidar com as pessoas com estes
transtornos. Por este motivo, a instituição, além dos espaços de moradia, apresentara
funções de amparo social para os pacientes e familiares e pessoas relacionadas a
estes.
Este trabalho é dividido em três partes principais. A primeira busca fazer um
apanhado histórico da loucura e dos espaços físicos relacionados à saúde mental
desde o início da história, buscando embasamento dos tratamentos e dos espaços
utilizados antigamente, buscando pontos positivos e evitando erros passados. A
segunda parte foca na reforma psiquiátrica ocorrida e ainda em andamento no Brasil,
visando entender e aplicar os novos parâmetros de atenção psicossocial. Um dos
objetivos desta análise é entender como o centro a ser proposto se encaixará e
funcionará dentro da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), e quais as funções que
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3-JUSTIFICATIVA
Este trabalho está direcionado para a área da saúde mental, com enfoque no
papel ativo da arquitetura no processo de cura e melhoria de vida dos pacientes com
transtornos psicológicos. Segundo os últimos relatórios da Organização Mundial de
Saúde (OMS) (BRASIL,2015), o número de pessoas com transtornos mentais e
comportamentais passa de 450 milhões em todo o mundo. A questão da saúde mental
é assunto em pauta desde o começo da história da humanidade, e mesmo sendo algo
que é intrínseco da condição humana, os transtornos mentais são tratados, ainda,
com preconceito e descaso, seja por parte da própria sociedade, ou por parte dos
gestores. Fato visível analisando-se os dados do Sistema Único de Saúde (SUS), em
que apenas 2,3% do orçamento anual é referente a saúde mental. A relação entre
arquitetura e saúde vem desde que houve a necessidade de assistência ao ser
humano, sendo o espaço construído utilizado de forma filantrópica e de caridade
(FONTES, 2003), e essa assistencialidade partiu inicialmente de instituições
religiosas, utilizando o espaço para abrigar não só os doentes, mas todos aqueles
necessitados.
O centro de saúde mental surge como um componente na Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) ,que acumulasse funções de outros componentes da rede, como
os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), das unidades de acolhimento, urgência e
emergência, e as residências parte do Serviço Residencial Terapêutico (SRT)
(BRASIL, 2013), visando concentrar em um espaço toda infraestrutura e assistência
necessária para o atendimento de forma integral, com a combinação de ambiente de
moradia com os cuidados técnicos de um ambiente de saúde, como parte do processo
de desinstitucionalização.
Ao longo da história os cuidados oferecidos a pacientes com transtornos
mentais foram sinônimos de internação em hospitais psiquiátricos, diretamente ligado
a ideia de prisão, reclusão, retirada do convívio em sociedade. Panorama que foi
alterado devido a lei 10.216/2001, que ampara as diretrizes referente a reforma
psiquiátrica no Brasil. A lei de 2001 no Brasil foi fruto de uma longa luta por parte dos
profissionais e pacientes da área da saúde mental, em um movimento antimanicomial,
que viesse a quebrar o antigo regime de tratamento psiquiátrico vigente no brasil,
focado nos hospitais e na exclusão dos pacientes da sociedade (FONTES ,2003).
Busca-se aqui, atestar o papel ativo e positivo da arquitetura no tratamento
psiquiátrico, o espaço arquitetônico possui a função não só de abrigar, mas de
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4. OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO GERAL:
Projetar um centro de saúde mental para a cidade de Teresina, com foco em
moradias de longa estadia e acompanhamento terapêutico e médico.
5. METODOLOGIA
A metodologia a ser empregada para o desenvolvimento da pesquisa proposta
para o centro de saúde mental para a cidade de Teresina-PI
– PESQUISA BIBLIOGRÁFICA:
Leituras e fichamentos de materiais referentes ao tema, livros, monografias, teses,
documentos, legislações e artigos para embasamento do referencial teórico em
relação aos espaços arquitetônicos relacionados ao tema, além da relação entre
psicologia e arquitetura e como os espaços podem influir positivamente no processo
de cura.
Análise da estrutura do sistema público de saúde mental, e como o projeto pode ter
um impacto social além dos pacientes.
Entrevistas e conversas com funcionários, pacientes de instituições psiquiátricas,
profissionais da área, visando criar uma ideia geral sobre o tema, utilizando de dados
informais comparando com os dados obtidos.
-ANÁLISE PROJETUAL
Buscar em projetos similares às diferentes funções que o centro abrigará, visando
melhor projetar o espaço analisando as diferentes decisões e possibilidades
projetuais.
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psiquiatra francês Jean Pirre Falret, que era discípulo intelectual de Pinel, chamava
de filiais dos manicômios. Essas colônias se localizavam por todo o pais, com a
intenção de usar o trabalho agrícola como parte do processo de reinserção dos
pacientes na sociedade, mas que na realidade utilizava essa terra como meio de
trabalho (SILVA, 2008). Uma das instituições mais conhecidas dessa época foi o
Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais, inaugurada em 1903, e que ao todo
na sua história morreram por volta de 60 mil pacientes, que recebeu o nome de O
holocausto brasileiro. Nomenclatura esta, que batizou o livro de Daniela Arbex ,
onde conta com detalhes todas as histórias por trás desta instituição. Arbex (2013)
narra que o Hospital tinha capacidade para 200 pacientes e em dado momento chegou
a possuir 5000 residentes, deste número, pelo menos 33 eram crianças. Os pacientes
eram enviados de diversas partes do país no que ficou conhecido como “ trem de
doido” (expressão criada pelo escritor Guimarães Rosa, que no vocabulário mineiro
representava algo positivo, porem nesse contexto, nas palavras de Arbex (2013)
“marcava o início de uma viagem sem volta ao inferno. ”
Segundo Arbex (2013) cerca de 70% dos pacientes não tinham diagnostico de
transtorno mental, apenas eram colocados lá pois eram indesejados pela família,
homossexuais, alcoólatras, prostitutas. As vezes apenas pessoa que perderam seus
documentos. Por muitas vezes tinham que se alimentar de ratos e insetos, até mesmo
dos seus próprios dejetos; os que não morriam devido ao mal tratos, morriam de fome,
frio ou das inúmeras doenças presentes ali no local, já que saneamento básico ali era
inexistente. Os vivos davam lucro aos administradores por meio do seu trabalho não
remunerado, e os mortos também, estes abasteciam as faculdades de medicina do
país, com seus corpos e órgãos.
A primeira repercussão nacional se deu em 1961, com a denúncia dos
repórteres Luiz Alfredo e José Franco, que expôs a realidade no Hospital Colônia de
Barbacena, na conhecida revista semanal O Cruzeiro. Mesmo com a repercussão
nacional da matéria, somente em 1979, com a visita do supracitado psiquiatra Franco
Basaglia, que após visitar o hospital mineiro, fez uma denúncia de tudo que viu para
a imprensa, o caso repercutiu em todo o pais e no mundo, o fato foi marcante para a
luta antimanicomial e para o início da busca conjunta de profissionais familiares e
pacientes pela Reforma Psiquiátrica no país. (ARBEX, 2013)
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o fruto da luta manicomial, que no ano 2017 completou 30 anos foi a lei federal
10.2016 de 2001, que foi a reformulação da lei original de 89 do deputado Paulo
Delgado.
[...] a Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em saúde mental,
privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária,
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais,
mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos
manicômios. Ainda assim, a promulgação da lei 10.216 impõe novo impulso
e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil.
(BRASIL,2005, p.8) I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde,
consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e
respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar
sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III -
ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV – ter garantia
de sigilo nas informações prestadas; V – ter direito à presença médica, em
qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária; VI – ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII
– receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento; VIII – ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos
invasivos possíveis; IX – ser tratada, preferencialmente, em serviços
comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001)
FONTE: BRASIL,2015
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FONTE: BRASIL,2015
Assim como os CAPS, as SRTs são divididas em categorias, neste caso duas:
a primeira modalidade SRT tipo I, que é o modelo que oferece assistência básica de
acolhimento que deve acolher até no máximo oito moradores. As SRT tipo II, são para
casos onde existe a necessidade de cuidados mais específicos e deve conter uma
equipe especificada pela portaria, que é composta por 5 cuidadores de referência e
um profissional técnico de enfermagem para cada unidade residencial. Segundo
levantamento do Ministério da Saúde em 2017, o Piauí contava com 5 SRTs ativas, 4
destas do tipo I e 1 do tipo II, e todas localizadas na capital, Teresina.
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Fontes: Em 2002 e 2003: SIH/SUS, Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras
Drogas/DAPES/SAS/MS e Coordenações
que tem como foco aqueles pacientes que tiveram longas estadias em instituições
psiquiátricas, objetivando a reintegração destes pacientes da melhor forma à família
e à sociedade, para exercer todos os seus direitos como cidadão brasileiro. Esse
programa é de suma importância para todo o contexto desde o início da luta
antimanicomial, dados de dezembro de 2014 enumeram que o programa já possuía
mais de 4300 pacientes cadastrados, com previsão otimista de aumento significativo,
no Piauí são um total de 19 beneficiários do programa (MINISTERIO DA SAÚDE
,2015)
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8-ARQUITETURA DA SAÚDE
O objetivo deste capitulo é ressaltar a importância da relação do ambiente
construído para a saúde com a qualidade de vida e do tratamento dos pacientes, com
enfoque nos espaços destinados à saúde mental.
Como explicitado anteriormente neste trabalho, os espaços destinados a saúde
mental estavam ligados diretamente ao regime prisional e asilar, destinado a remover
do convívio social aqueles que não se enquadravam nos padrões impostos.
(FOUCAUlT, 1983)
Para reforçar o caráter de vigilância e punição (FOUCAULT, 2005) das
instituições, os espaços deveriam também transmitir e facilitar esta metodologia de
trabalho. A arquitetura utilizada nesses espaços foi baseada no modelo pan-óptico,
modelo arquitetônico criado por Jeremy Bentham, que permitia o melhor controle e
uma vigilância permanente, arquitetura que foi utilizada não só em hospitais, mas
fabricas, instalações militares e prisões e até mesmo escolas. O modelo (como pode
ser visto na imagem a baixo) representava uma construção em forma de anel, com o
interior em forma de pátio e a parte central uma torre de vigilância. A parte externa se
dividia em inúmeros compartimentos, em que todos poderiam ser observados com
visão total pelos funcionários localizados na torre central, já que estes compartimentos
tinham grandes janelas voltadas tanto para a face interna e para a externa (SANTOS;
BURSZTYN, 2004).
Figura 5 - Planta e corte do Panóptico, de Jeremy Bentham.
Este esquema acima, simplifica os estudos Okamoto (2002), onde a etapa dos
estímulos transmitidos pelo ambiente, através de todos os elementos físicos que o
compõem, onde o usuário, através da percepção assimila estes estímulos, estes são
condessados no íntimo do sujeito junto com todas as suas características próprias e
únicas, criando uma consciência sobre esses estímulos recebidos, resultando em
ações que serão visíveis em seu comportamento.
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Baseado nos estudos dos efeitos psicológicos das cores nos indivíduos, é
possível utilizar estas da melhor maneira, seja nos espaços físicos ou em elementos
que mereçam destaque. Por exemplo, Bertoletti (2011) indica as tonalidades azul e
verde para os dormitórios pois são cores que remetem a tranquilidade e harmonia, e
são cores que a percepção de alargamento dos espaços, assim reduzindo o efeito de
clausura. Cores como laranja e amarelo, são cores vibrantes e estimulantes, e podem
ser utilizadas em áreas de convívio internas e nas áreas de refeição, pois
principalmente o amarelo, estimula o apetite. A cor vermelha deve ser aplicada com
cautela, pois possui fortes estímulos e deve ser evitada ou pouco utilizada, para não
causar efeitos negativos nos pacientes. Para espaços reduzidos como banheiros e
áreas de serviço, Silva (2008) recomenda o uso de cores claras, para reduzir
sensação de espaços menores, e por estes mesmos motivos os pisos e forros tendem
a seguir esta tonalidade, para não causar nenhum impacto negativo, e causar
confusão nos pacientes.
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com invólucro de vidro abriga a parte do café e loja. As partes mais sensíveis, que
merecem maior cuidado, são localizadas na parte superior e possuem seus próprios
tetos jardim e espaços ao ar livre. As áreas íntimas de dormitórios dos pacientes se
encontram nos pavimentos superiores, o pavimento térreo possui caráter
administrativo e de serviços de apoio, consultórios, laboratórios, farmácias, depósitos,
salas para atividades, e sempre intercalados com áreas sociais.
Figura 11 – Zoneamento
a praça pública, que adentra o prédio onde a parte revestida com vidro abriga um café
e loja, centro um ponto gerador de fluxo.
Figura 12– Fluxos de acesso e circulação
Este edifício está localizado em um denso espaço urbano, uma área de grande
fluxo de veículos e pessoas. Devido a isto, houve uma grande ênfase na criação de
uma nova praça pública na área norte, que oferece um local confortável para a
interação e ocupação da população em uma área predominantemente dominada por
carros. Este espaço se alonga até os planos inferiores do hospital, exibindo a parte
interior através dos grandes painéis de vidro, proporcionando transparência e uma
maior abertura em termos de tratamentos médicos. A elaboração do projeto incentiva
não somente os funcionários e os pacientes, mas toda a população a conhecer e
admirar o local.
O hospital possui um significado real em relação à cidade, pois representa uma
obra de grande porte, localizada em uma área urbana densa, de tráfico intenso e
grandes áreas residenciais, contendo características da tipologia hospitalar e
importância de um equipamento público provedor de serviços de saúde,
acrescentando ainda características de espaço público de lazer e integração social.
Atende não somente à função hospitalar, como também de integração social.
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Nota-se, porém, que o projeto está inserido muito próximo à sua via de acesso
e, dessa forma, a apreensão do volume como um todo ocorre apenas quando se toma
distância do objeto. No entanto, sabe-se que essa implantação ocorre devido à
necessidade de curtas distâncias a serem percorridas pelo paciente no momento de
sua entrada. Outro aspecto projetual observado, é o dimensionamento de alguns
corredores que, por terem a abertura de suas portas voltadas para fora, dificultam o
fluxo; o que ocorre também em alguns pontos onde há a convergência de corredores.
FICHA TÉCNICA
Arquitetos: Aleph Zero, Rosenbaum
Localização: Formoso do Araguaia, TO, 77470-000, Brasil
Arquitetos responsáveis: Adriana Benguela, Gustavo Utrabo
Equipe: Adriana Benguela, Gustavo Utrabo, Pedro Duschenes, Marcelo
Rosenbaum
Área: 23344.0 m2
Ano do projeto: 2017
A estrutura consiste em uma grelha estrutural de 5,9 x 5,9 metros, com 288
pilares quadrados com seção de 15 centímetros. O pé direitos variam em altura
(Figura 10), chegando em alguns pontos em até 8 metros, nesses casos os pilares
são reforçados nas extremidades. Como o clima é bem inconstante, é imprescindível,
as manutenções regulares, apesar de que a MLC possui bons resultados nestas
condições.
Figura 17 – Imagens externas mostrando materialidade e relação com o contexto.
O centro abriga duas funções principais, residência para pessoas com transtornos
mentais que não tem a necessidade de internação Centro de Reabilitação com Dentro
Diurno para casos de transtornos mentais graves. O projeto está implantado na malha
urbana de Alicante, em uma zona mista entre prédios de serviço, indústrias, porém é
predominantemente residencial (Figura 11). Analisando a implantação o edifício
acompanha a morfologia do lote e é disposto dando uma linearidade e continuidade
ao terreno.
Figura 18 - Localização e marcação do projeto
O edifício é marcado pelo seu bloco único e sua linearidade, é marcado por
fechamentos verticais em vidro e metal, em harmonia com a estrutura e revestimento
externo em concreto branco. As aberturas e materialidade das fachadas, é utilizado
em grande parte do interior da obra, e juntamente com as aberturas zenitais, e tetos
elevados, quebram a formalidade do edifício.
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FICHA TÉCNICA
Equipe responsável: CEHAP,SEDH
Localização: João Pessoa, Paraíba, Brasil.
Área: 50.700 m2
Ano do projeto: 2015
O terreno toma maior parte de uma grande quadra que é margem da Avenida
Poty, avenida principal do bairro. A face principal do terreno é voltada para a Avenida
Min. Sérgio Mota, avenida de fluxo intenso em comparação com as outras (Figura 31).
A localização próxima a essas avenidas facilita bastante o acesso ao terreno.
O terreno é um losango irregular, e possui testadas que variam de 114 metros
(testada principal) à 117 metros (testada posterior), a testada direita possui 165 metros
e a testada esquerda 175 metros. Totalizando 19.770 m²
Figura 29 – Localização do terreno
12.3– IMPLANTAÇÃO
O terreno no qual o projeto está inserido é localizado em uma esquina
proporcionando acessos por dois lados, onde a fachada principal está localizada
voltada para a avenida de maior fluxo, onde ficou disposto o acesso para funcionários
e estacionamento privativo, com entrada controlada para caminhões e veículos de
maior porte. Na porção da esquina foi implantado um estacionamento que serve tanto
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para os usuários e visitantes do centro quanto para a população que queria usufruir
dos espaços abertos, como praça de atividades físicas, quadra de esportes e pomar.
Na porção posterior foi colocado uma trilha sensorial como mais uma opção de
atividade terapêutica, esta, também aberta ao público porem com controle e
organização de responsabilidade do centro.
adaptados para Pessoas Com Deficiência (P.C.D), e um local para horta terapêutica
e espaços de convivência no pátio interno.
A entrada é marcada por uma pequena praça com vegetação que abriga
também ponto de ônibus facilitando o acesso ao local. O hall de entrada apresenta pé
direito duplo para fomentar a ideia de conforto visual e acolhimento. O primeiro pátio
interno faz a ligação da parte de avaliação médica e ambulatorial com o setor onde as
atividades terapêuticas ocorrem, proporcionando conforto visual e climático pela
presença da vegetação.
A área de festas que é utilizada também para atividades de relaxamento como
ioga e pilotes, serve como um eixo de ligação entre o bloco principal e o setor
residencial do centro. Esta área também é dotada de pátio interno com circulação
semicoberta, e apresenta espaços de convivência, interação social e uma horta, que
atua como atividade terapêutica, ajudando os moradores a criarem conexões
sentimentais e aumentar o sentimento de utilidade e pertencimento.
linhas inclinadas dos telhados na região residencial do centro, definindo também pela
forma a organização das funções dos espaços. As cores das fachadas são
predominantes neutras com exceção da parede da entrada principal, que contrasta
pela cor, juntamente com as diferentes texturas das fachadas.
12.8- ATIVIDADES
As terapias ocupacionais são o foco do projeto em relação a tratamento para
os pacientes/moradores. As atividades foram divididas entre externas e internas. As
atividades externas são as que estimulam o contato com a natureza, e o ar livre. São
estas a praça de atividades físicas, que estimulam a interação com o exterior, o pomar
e a horta apresentam funções parecidas, que é o contato direto com o solo, com as
plantas, e com a produção de alimentos, onde estimula a sensação de utilidade e
pertencimento dos usuários. A outra atividade ao ar livre, que também pode ser
acessada pelo público, é a trilha sensorial, que consiste em um percurso onde os cinco
sentidos são explorados, por meio de aromas, sons, texturas, paladar, e elementos
visuais, o percurso pode ser feito com a privação da visão para acentuar os outros
sentidos.
O projeto conta também com atividades internas, como aula de música e dança,
que estimula criatividade, exercícios de laços, assim como pode ser visto nas aulas
de artes e artesanato, focados em trabalhos manuais, que estimulam se a noção de
vínculos com as peças criadas por eles. O centro ainda conta com uma academia
interna e espaço de festas que é utilizado também para prática de ioga, já que é um
espaço onde as aberturas podem ser controladas de acordo com a atividade a ser
desenvolvida.
Em todos os espaços existe o contato com o exterior, por meio de grandes e
aberturas, criando laços fortes entre o espaço construído e o natural. Os pátios
internos e externos são pontos importantes do projeto, por isso a vegetação a ser
escolhida tem que ser de crescimento rápido e compatível com o tempo de obra,
sendo primordial que o plantio da vegetação seja o primeiro passo a ser realizado, já
que a vegetação é de grande importância para a totalidade do projeto.
Outro ponto importante é com relação às vegetações externas as janelas das
unidades habitacionais voltadas para a rua lateral, visto que existe um espaçamento
para que a visão das janelas não seja completamente obstruída e ainda assim
controlada, para não existir contato visual direto com a rua.
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Abaixo estão listadas opções de árvores que foram selecionadas para o projeto:
13 – ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAIS
Este memorial apresenta as normas e especificações a serem seguidas de
forma integral e rigorosa na execução da obra do presente projeto Ao presente
Memorial, referente ao Projeto Arquitetônico, deverão ser acrescidos os Projetos,
Memoriais e Especificações elaborados por Escritórios Especializados e relativos à
Estrutura, Fundações, Instalações Hidráulicas, Elétricas e outros.
13.1.1FECHAMENTOS
Os fechamentos serão compostos por alvenaria de tijolos de seis furos
fabricados segundo a NBR 7170 e ensaiados segundo a NBR 6460 e ou sucessora,
implantados na menor dimensão, visando melhor desempenho seguindo as normas
estabelecidas na NBR 15575.Na cobertura na maior parte da construção foi utilizado
laje em concreto armado, com telha metálica termo acústica com 10% de inclinação e
calha metálica de 50 cm de largura e rufo em concreto e platibanda com pingadeira
metálica. As exceções são o salão multiuso, que tem como cobertura telha cerâmica
colonial com 15% de inclinação, seguindo as especificações indicadas. No espaço
noite, as unidades habitacionais apresentam cobertura em telha metálica com
inclinação de aproximadamente 20% e calha metálica de 40 cm.
Visando proporcionar melhor visibilidade, alguns fechamentos são marcados por
cobogós cerâmicos de 25cm x 25 cm, em azul, na tonalidade pantone 292 c.
Na região externa ao edifício, como pode ser visualizado no projeto arquitetônico,
existe uma cerca metálica, que serve como controle, com alguns pontos onde existem
portões, tanto a cerca quanto o portão são em aço galvanizado com fios de 4mm de
diâmetro com pintura na cor verde para facilitar a camuflagem na vegetação, com
especificações seguindo os desenhos técnicos.
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Devido a implantação no terreno, uma face do espaço noite ficou voltada para o Oeste,
sendo assim uma problemática em termos de insolação. Visando a solução desse
problema, e mantendo o conceito e partido de não proporcionar a sensação de
reclusão e aprisionamento, foi implantado uma parede de cobogó de 4 metros de
altura, após as arvores do canteiro, estas na cor verde seguindo a tonalidade das
cercas metálicas usadas como fechamento. A parede de cobogó servirá para barrar a
incidência direta do sol na fachada dos as unidades habitacionais voltadas para o
pente.
13 .1.3 - PISO
Todo o ambiente interno deverá ser executado piso que apresentem as
características de alto desempenho e resistência a intempéries, atender as normas
técnicas NBR 13.919, caráter antiderrapante com coeficiente de atrito < 0,40. Os
rodapés deverão ser de cerâmica do próprio piso e assentados com argamassa mista.
Para as áreas molhadas (banheiros e cozinha e lavanderia) e para o piso nas unidades
habitacionais (juntamente com o banheiro) será utilizado piso vinílico em placas de
0,30 cm x 0,30 cm, espessura de 2 mm, referência ‘’ Piso Vinílico em Placa Tarkett
Paviflex Chroma Concept 920’’
Nas áreas externas de circulação será implantado pisos cimentados (CI) serão
feitos com argamassa de cimento e areia 1:3, com espessura de 3 cm, bem
desempenada.Deverá ser previsto um desnível entre as áreas interna e externa de no
mínimo 2 cm. Em todos os locais onde tem porta externa, deverá ser prevista uma
rampa suave de acesso na largura da porta. O piso de todos os ambientes deverá ter
caimento adequado de forma a permitir escoamento das águas de limpeza. Deverão
ser observados e executados desníveis de piso na área interna, conforme indicado no
Projeto de Arquitetura
13.1.4 - SOLEIRAS
Serão colocadas soleiras em granito “Siena”, de 3 cm de espessura, polido e
lustrado nos vãos para portas em que ocorre a troca do tipo de piso. Todas as medidas
deverão ser tiradas “in loco
13.1.5 - RODAPÉS
Nas áreas onde é utilizado piso vinílico o rodapé será de Poliestireno, em peças
de 1,6cm x 240cm x 7cm na cor branca. A fim de prevenir trincas e rasgos
principalmente em cantos, não se permitirá vazios sob as placas vinílicas
13.1.6 FORROS
Nas áreas do projeto onde existem lajes, as mesmas deverão ser lixadas com
posterior aplicação de 01 demão de selador. Após a preparação, o forro deverá
receber 02 demãos de pintura em látex PVA na cor “branco neve”.1.3
Nos locais indicados no Projeto de Execução, serão executados
forros de placas de gesso de .60x.60m, do tipo estruturado, de 12,5mm de
espessura, fixado à laje através de tirantes de aço galvanizado
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13.1.7 - ESQUADRIAS:
As janelas são predominantemente de aço galvanizado com vidro laminado
(na cor natural) com batentes do mesmo material., para compor melhor as fachadas
as esquadrias eram envoltas em caixilho de concreto de 10 cm de espessura,
seguindo a tonalidade Pantone 292 c. Ainda visando melhor composição estética das
fachadas, entre as janelas está revestido com filetes de pedra São Tomé
As portas são predominantemente em madeira de 35 mm de espessura, de 1ª
qualidade, na cor branco neve revestidas em ambas as faces com folhas de
compensado de cedro de 3 mm, com requadro em todo o perímetro, miolo de material
aglomerado, fixadas com baguetes de madeira, conforme as dimensões do projeto
básico de arquitetura, excetuando a porta de entrada e dos ambientes de atividades,
que são feitas de alumínio (anodizado corrugado na cor natural) e vidro. com batentes
do mesmo material. Será fixada ao batente por meio de três dobradiças de 3 ½”x 3”
seguindo as dimensões do quadro de esquadrias.
Porta Corta-Fogo para saída de emergência do tipo de abrir com eixo vertical,
é fabricada segundo a NBR 11742/97, fabricada em chapa de aço galvanizado ABNT
número 24 (0,65 mm de espessura) com frisos horizontais, obtendo assim maior
resistência mecânica. As Portas para saídas de emergência devem permanecer
sempre fechadas, com o dispositivo de fechamento automático, e nunca trancadas a
chave no sentido de evasão (fuga). Seguindo dimensões presentes no projeto
arquitetônico
13.1.8 – MOBILIÁRIO
O Mobiliário é um ponto essencial em instalações destinadas a saúde em geral, e em
relação a saúde mental, são necessários alguns cuidados. Em relação ao material das
prateleiras, armários e cama, é recomendado materiais sem cantos pontiagudos que
possam oferecer perigo e possibiidade de acidentes, deve ser composto por material
resistente que não gere ruptura ,resultando em partes cortantes, deve ser
impermeável e resistente aos imprevistos que possam a acontecer quando se trata de
pacientes sem total controle de suas ações.
Um dos principais pontos em relação ao mobiliário a se considerar, é em relação a
roupa de cama, pois é o principal ponto de acidentes e suicidios, é necessário roupa
de cama , que não permita nós e dobras.
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13.1.9 - HORTA
A horta terapêutica a ser instalada, será localizada no pátio central do espaço
noite, entre as unidades habitacionais. Para maior praticidade na instalação, no
preparo e no plantio, as hortaliças a serem cultivadas serão implantadas em nichos
de madeira nas dimensões de 1,00 m x 4,00 m, dispostas na parte central do pátio.
14 – PERSPECTIVAS EXTERNAS
Figura 37 – Perspectiva fachada principal
REFERÊNCIAS
PESSOTI, Isaias. O século dos manicômios. São Paulo: Editora 34, 1996. 300p.
ROSA, Lucia; GUIMARÃES, Lucas; EVELIN, Marta (orgs.). (Con) textos em saúde
mental: saberes, práticas e histórias de vida. Teresina: EDUFPI, 2008.
ROSA, Lucia C. S. et al. Políticas e ações de saúde mental no Piauí: 2000 a 2010.
Piauí: Edufpi, 2011
REFERÊNCIAS DE IMAGENS
Figura 02 – Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/01-173463/hospital-
psiquiatrico-kronstad-slash-origo-arkitektgruppe > Acesso em 01 de maio de 2018