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Captação e
desenvolvimento
de pessoas
Sumário
CAPÍTULO 4 – Treinando e Desenvolvendo o Capital Humano.............................................05
Introdução.....................................................................................................................05
Síntese...........................................................................................................................19
Referências Bibliográficas.................................................................................................20
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Capítulo 4
Treinando e Desenvolvendo
o Capital Humano
Introdução
Você já parou para pensar em todas as mudanças profissionais ocorridas nos últimos anos? Se
sim, deve ter notado que vários trabalhos que ofereciam muitas vagas praticamente deixaram
de existir. Outros ainda exigem do profissional maior qualificação e habilidade. Isso se deve,
principalmente, à tecnologia.
Saiba que, além de recrutar, selecionar e avaliar pessoas, o setor de Gestão de Pessoas (GP) tem
a responsabilidade de treinar e desenvolver as pessoas que integram a organização. Contudo,
cada organização possui sua própria cultura e necessidades diferentes, as quais devem ser cui-
dadosamente diagnosticadas para o planejamento do melhor método de aprendizagem.
Dessa forma, como os profissionais de GP podem realizar a análise e o diagnóstico das ne-
cessidades de treinamento de sua organização? Quais os métodos disponíveis para treinar e
desenvolver o capital humano? E também como podem ser desenvolvidos os programas de ca-
pacitação e desenvolvimento?
Neste capítulo, você terá a resposta para todas essas questões. Você conhecerá os passos e os
métodos envolvidos no desenvolvimento dos programas de treinamento do capital humano para
aumento da produtividade e da capacidade intelectual. Assim, saberá estruturar um modelo que
atenda às necessidades apontadas pelo planejamento estratégico da sua organização.
Saiba que, de igual modo, os setores de GP têm à disposição inúmeras possibilidades de “abas-
tecer” o capital humano de suas organizações a partir de necessidades externas (mercado, tecno-
logias, clientes etc.) e internas (novos produtos, mudanças, alterações, metas, entre outras). Para
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Captação e desenvolvimento de pessoas
Você sabe a diferença entre os modelos existentes? Acredita que treinamento e desenvolvimento
são a mesma coisa? Caso tenha respondido que são diferentes, acertou! É essa distinção que
vamos explicar agora.
Veja que o treinamento tem como foco o aprendizado em tempo menor para a aquisição de
conhecimentos ou habilidades para um cargo específico. Assim, pense: por qual tipo de treina-
mento a nova recepcionista de uma clínica médica deve passar? Ela precisará conhecer o sistema
utilizado pela clínica, os convênios atendidos, a especialidade e o corpo clínico, certo? Observe
que, nesse exemplo, a nova colaboradora precisará de orientação e competências para desem-
penhar o cargo o mais rápido possível (tempo e cargo específico).
Por sua vez, o desenvolvimento de pessoas trata de uma perspectiva sobre um ou mais cargos
que o colaborador poderá ocupar dentro de algum tempo. Imagine que a mesma clínica deseje
preparar seus funcionários para exercerem cargos de responsabilidades no futuro. Para isso,
oferece um programa com cursos internos e externos sobre os seguintes temas: atendimento,
liderança, finanças e gestão de pessoas. O objetivo é aprimorar os conhecimentos adquiridos e
adicionar novas competências.
Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2006) apontam que a escolha por programas de desenvolvimento
como parte do planejamento estratégico tem por objetivo melhorar o clima organizacional e
proporcionar retorno financeiro. De modo semelhante, o treinamento visa ao aumento da produ-
tividade e à melhora nas relações interpessoais.
Dessa maneira, você pode dizer que os programas de treinamento visam a mudanças a partir de
diferentes perspectivas. Analise algumas delas a seguir.
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Captação e desenvolvimento de pessoas
Observe que o treinamento, como estratégia de aprendizagem, é utilizado para mudar compor-
tamentos e, consequentemente, melhorar o desempenho dos funcionários, aumentar a produtivi-
dade e maximizar o lucro. A escolha do programa de treinamento ou desenvolvimento deve ser
baseada num método que assegure a real necessidade de mudança no setor. No item seguinte,
você conhecerá as possibilidades existentes.
Como um médico que diagnostica uma doença após a análise de exames e indica um remédio
que atenda às necessidades do paciente, o analista de GP ou T&D deve se preparar adequada-
mente para que a demanda organizacional seja atendida. Há etapas, que estudaremos com de-
talhes, para que o analista possa apontar o “medicamento” certo para a organização. Observe
com atenção a Figura 2.
1
Levantamento
de Necessidades
de Treinamento a
Serem Satisfeitas
4 2
Avaliação dos Desenho do
Resultados do Programa de
Treinamento Treinamento
3
Aplicação do
Programa de
Treinamento
Perceba que há um processo inicial para que o treinamento ocorra. Por conta disso, Boog e Boog
(2006, p. 8) afirmam que a “necessidade de treinamento está entre o nível de eficiência atual
e o nível de eficiência desejada. O objetivo principal é eliminar essa diferença. Sendo assim, a
primeira etapa é diagnosticar quais são as reais necessidades de treinamento”.
Há três níveis de apuração para aprofundar a análise das necessidades de treinamento. Confira-
-os no Quadro 2.
A partir dos níveis apresentados, saiba que o analista de GP terá a sua disposição informações
importantes para diagnosticar as reais necessidades da organização e o enfoque que deverá
ser dado no desenho do programa de treinamento. Depois de avaliada a demanda, inicia-se o
processo de desenvolvimento da atividade.
A conversa aqui é sobre treinamento. Após o diagnóstico realizado, o próximo passo será o dese-
nho do programa. Nessa etapa, serão apontados os objetivos do treinamento e as ações desen-
volvidas para alcançá-los. É importante destacar que, exatamente como no caso do exemplo da
construção da casa, os objetivos devem ser muito claros, bem definidos. Alguns pontos precisam
ser destacados, veja no quadro a seguir.
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Captação e desenvolvimento de pessoas
ITENS DEFINIÇÃO
Perceba que o desenho do programa de treinamento requer cuidados para que os objetivos de-
finidos sejam atingidos. Lembre-se de que a intenção é preencher lacunas observadas quanto à
eficiência dos processos e serviços.
A organização terá à disposição alguns métodos instrucionais. No próximo item, você se apro-
fundará nesses modelos.
Muitas são as possibilidades de treinar pessoas e suas indicações, conforme você pode observar
no Quadro 4.
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Captação e desenvolvimento de pessoas
Você deve ter notado que são muitas as técnicas que podem ser utilizadas nas organizações a fim
de que os objetivos do treinamento sejam alcançados, com a correção das deficiências. Não se
esqueça de que a escolha da técnica deve estar articulada com o público-alvo – principal foco
do treinamento.
O profissional que planejará e desenhará o treinamento deve estar atento também aos recursos
necessários para o andamento da atividade. Cabe ressaltar que a escolha deve estar vinculada
à técnica escolhida, pois há uma lista considerável de itens para facilitar a aprendizagem e au-
xiliar o instrutor do treinamento. Alguns exemplos são quadros, data-show, ilustrações diversas,
aparelhos de som, televisores, mapas, objetos, filmes, internet, notebooks ou tablets, cartazes,
folhas, canetas, lápis, borrachas, cadernos e apostilas do material, caso sejam solicitadas pelo
facilitador para a transmissão de conhecimentos.
É importante você atentar para o fato de que, nessa etapa do programa de treinamento, estamos
tratando de um PLANEJAMENTO. Portanto, todos os detalhes devem ser observados! Daí a im-
portância de considerar não somente os objetivos, o instrutor e as técnicas, mas também o local,
a data e os recursos instrucionais que serão utilizados.
Você conseguiu imaginar como as informações sobre o programa de treinamento podem ser
planejadas? Veja o exemplo a seguir.
A Fale Aqui, empresa de telemarketing ativo, fechou contrato para a venda de um novo produto:
o cartão de crédito GL. Após o diagnóstico inicial, a GP desenhou o programa de treinamento
dos colaboradores, apresentando o Plano de Ação:
VOCÊ O CONHECE?
Alfredo Castro é especialista em gestão, consultor e diretor da MOT Training and Deve-
lopment (Treinamento e Desenvolvimento, em inglês) nos Estados Unidos. Atua também
como diretor técnico da ABTD, sendo um importante palestrante nas áreas de lideran-
ça, storytelling, novas gerações e gestão empresarial. Escreveu diversos livros como:
Motivação de Equipes Virtuais, Liderança Motivacional, Storytelling para Resultados,
entre outros. Participa de seminários importantes com foco no treinamento e no desen-
volvimento de líderes, apresentando ideias para grandes organizações no Brasil.
Quando a organização pretende atuar com a educação de modo mais abrangente, a saída pode
ser a educação corporativa. No próximo item discutiremos mais sobre esse assunto.
Não deixamos de aprender quando adentramos o mercado de trabalho. Nesses tempos de mu-
danças constantes, na Era do Conhecimento, as organizações têm buscado investir na educação
corporativa, cujo objetivo é “desenvolver processos de aprendizagem que permitam o envol-
vimento de toda a cadeia de produção com o destino da organização e compromisso com as
estratégias de negócios da empresa”, como colocado por Ricardo (2007, p. 6-7).
Starec (2012) indica que as organizações têm se adequado ao novo cenário de grandes trans-
formações, requerendo dos colaboradores novas competências e habilidades. Compreenda que
essa qualificação torna-se um diferencial competitivo para se reinventar frente aos concorrentes
e se mostrar prontas para atender às demandas sociais e do seu público-alvo.
Como forma de romper com o modelo de educação baseado exclusivamente numa escola ou
universidade formal, as organizações aprimoram e desenvolvem seu capital humano com pro-
gramas educacionais, que atendem especificamente a suas necessidades internas e a rapidez nas
mudanças do mercado, por meio das Universidades Corporativas (UC).
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Captação e desenvolvimento de pessoas
Antes deste capítulo, você já havia ouvido falar nas UCs? Devemos explicar que não se trata
de uma universidade “normal” ou nos moldes que conhecemos, como as instituições públicas
ou particulares espalhadas pelo Brasil. O conceito de UC surgiu no Brasil na década de 1990,
atendendo às exigências da globalização. Trata-se de um investimento das organizações para a
aprendizagem e a qualificação constante de seus colaboradores (EBOLI, 2004).
Uma das principais representantes desse conceito, Meister (1999, p.8), afirma que a UC é “um
guarda-chuva estratégico para o desenvolvimento e a educação de funcionários, clientes e for-
necedores, buscando otimizar as estratégias organizacionais, além de um laboratório de apren-
dizagem para a organização de um polo permanente”.
Observe que, na definição de UCs, a educação também se estende para clientes e fornecedores
e não apenas aos colaboradores. Isso é investimento na imagem externa! Assim, muitas empresas
brasileiras têm adotado as UCs como guarda-chuva estratégico e competitivo – algo além do tra-
dicional T&D. Uma dessas UCs é a Universidade Corporativa dos Correios (Unico), criada em de-
zembro de 2001, com o intuito de atender a todas as necessidades educacionais da instituição.
Acesse sua página para maiores informações, como a Visão e a Missão dessa UC, por meio do
link: <http://www.correios.com.br/sobre-correios/educacao-e-cultura/universidade-correios>.
A GP precisa estar atenta a alguns fatores que influenciam a execução do treinamento. Observe-
-os no Quadro 5 e analise as informações.
Observou quantas questões são importantes para ser analisadas durante a etapa da implan-
tação? Todos esses itens influenciarão na qualidade do programa e no sucesso que se deseja
alcançar, permeando o planejamento previamente realizado. Saiba que esse momento também é
indicado para delegar responsabilidades, divulgar o treinamento, produzir ou organizar materiais
para distribuição aos aprendizes, reservar salas ou o local para o treinamento, contratar pales-
trantes ou instrutores externos, cuidar das listas de presença, dos certificados e da avaliação do
programa etc. (BOOG; BOOG, 2006).
É uma produção que merece cuidado, organização e atenção! O gestor de GP pode distribuir
a responsabilidade entre sua equipe ou entre setores diretamente envolvidos como logística, fi-
nanceiro etc. Não deixe de montar um checklist (lista de verificação) contendo todos os itens que
precisam ser organizados e observados, quem ficará responsável pela checagem de cada um
deles, data para a execução e o status da verificação – ok ou não.
Essa lista será de grande valia para que a atividade se desenvolva conforme o planejado. O
próximo passo será a execução do programa de treinamento no dia, no local e no horário mar-
cados, com todos os materiais já nos seus devidos lugares e à disposição do facilitador e dos
aprendizes.
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Percorremos um bom caminho até a execução do treinamento. Fizemos muitas análises, tivemos
cuidado e planejamos devidamente, mas ainda não terminamos! Será que o programa que você de-
senvolveu atingiu aos objetivos? Como ter certeza disso? É o que veremos agora, no item a seguir.
Existem alguns critérios para avaliar a efetividade do treinamento: reações dos participantes,
aprendizado, comportamento e resultados ou retorno do investimento (SNELL; BOHLANDER,
2013). Vamos compreender como aplicar cada um deles.
O critério das REAÇÕES tem por finalidade obter dos participantes, logo após o término do trei-
namento, a percepção sobre o impacto das técnicas e das informações transmitidas, a qualidade
do instrutor, o local e sua adequação para o programa, o quanto aprenderam e como acreditam
que aplicarão os ensinamentos em seu cargo e na execução das atividades laborais, além de
sugestões de melhoria etc.
Tenha em mente que esse modelo pode ser realizado por meio de formulário com perguntas e
respostas objetivas (múltiplas escolhas) ou subjetivas (dissertativas), sem identificação, a fim de
deixar os participantes à vontade para expressar sua opinião sem reservas. Como exemplos de
perguntas, podemos citar “O que você achou do treinamento?”, “O que poderia ser melhora-
do?”, “Dê sua opinião sobre o instrutor.” e “O treinamento atendeu a suas expectativas?”.
O fator APRENDIZADO pode avaliar os conhecimentos prévios (antes de o programa ser exe-
cutado), durante e após o treinamento. Geralmente são aplicados testes, simuladores ou provas
que testem a aplicação do conteúdo ministrado e a capacidade de entendimento dos aprendizes.
Questões de múltiplas escolhas, redações, resumos, testes avaliativos, entre outros métodos, são
ótimas formas de avaliar o aprendizado.
Por fim, saiba que o critério dos RESULTADOS OU RETORNO DO INVESTIMENTO (RDI) per-
mite a GP indicar aos gestores o impacto que o programa de treinamento ou desenvolvimento
planejado trará para a organização. No tocante a esse fator, Snell e Bohlander (2013, p. 280)
esclarecem:
O RDI de uma companhia se refere aos benefícios derivados do treinamento relativos aos
custos gerados [...] calcular e apresentar esses benefícios para os executivos das companhias,
os quais podem incluir maiores rendimentos obtidos, aumento da produtividade, melhoria
da qualidade, redução de custos, clientes mais satisfeitos, maior satisfação com o trabalho e
menor rotatividade de funcionários.
O RDI reúne uma grande quantidade e ótima qualidade de indicadores que podem reforçar a
importância de investir no programa de treinamento por meio de números reais (redução de
custos, produtividade, menor rotatividade, rendimentos obtidos etc.) e qualidade (satisfação dos
clientes, maior entusiasmo com o trabalho por parte dos colaboradores etc.). E você sabe o que
isso quer dizer? Significa que a área de T&D merece respaldo e incentivo maiores por parte dos
gestores e executivos para melhoria do desempenho dos colaboradores e, consequentemente, a
maximização dos lucros.
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Sobre os cálculos para chegar ao RDI, é importante destacar que se a proporção for maior que
1 (>1), os benefícios ultrapassaram os custos despendidos para a execução do programa. Caso
seja menor (< 1), os custos foram maiores que os benefícios – não trazendo retorno de investi-
mentos (SNELL; BOHLANDER, 2013).
Viu só quantos indicadores a GP tem à disposição para se posicionar como estratégico e ali-
nhado aos objetivos organizacionais? A avaliação é essencial para verificar se o objetivo foi
alcançado, o que merece ser considerado ou melhorado e os benefícios que o programa trouxe
não somente para os colaboradores (mudanças comportamentais), mas para a organização em
termos quantitativos.
Compreenda que a GP é uma peça importante nas empresas. O setor contribui para que os
objetivos organizacionais sejam atingidos, por meio do capital humano bem treinado e com de-
sempenho adequado para ocupar seus cargos e executar suas atividades.
• Entre as técnicas disponíveis para serem usadas no treinamento estão a aula expositiva, a
dramatização, os estudos de casos, os seminários, os jogos e o coaching.
• Para avaliação do programa de treinamento, existem alguns critérios para análise, como
reações dos participantes, aprendizado, comportamento e resultados ou retorno do
investimento (RDI).
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Referências Bibliográficas
BOOG, G.; BOOG, M.. Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e opera-
ções. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações.
4. ed. Barueri: Manole, 2014.
EBOLI, Marisa. Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora Gente,
2004.
MEISTER, Jeanne. Educação corporativa: a gestão do capital intelectual através das universi-
dades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999.
STAREC, Cláudio. Educação corporativa em xeque: até que ponto treinamento é um bom
negócio para as organizações? 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Senac-Rio, 2012.
TACHIZAWA, Takeshy; FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, Antônio Alfredo Mello.
Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. 5. ed. Rio de Ja-
neiro: Editora FGV, 2006.
VOCÊ S/A. GUIA 2013: As melhores empresas para você trabalhar. Editora Abril, 17ª ed.
setembro 2013.