Você está na página 1de 39

SERVIÇO

ESTUDO DA UTILIZAÇAO DAS SOLUÇÕES DESINFE�


'TANTES EM CENTRO CIRÚRGICO - COMPARAÇAO
DA SUA UTILIZAÇAO EM ALGUNS HOSPITAIS
DO DISTRITO DE SAO PAULO

Brigitta P. Castelanos <.

Vanda M. GaIvão Jouclas *

1. INTRODUÇÃO

Nes tes útimos anos a problemática de infecções hospitalares tem


sido alvo de atenção dos pesquisadores de saúde . O desenvolvimento
de m étodos novos par a a esterilização d e m ateriais, a conscientização
da técnica assética por a queles qu e p articipam direta ou indireta­
mente da assistência a o paciente, são alg umas das preocupações da­
queles que tem como obj etivo a diminuição dos altos índic es de in­
fec ções cr uzadas em nossos hospitai s .
De um mod o ger al as causas citada s pelas pesquisas podem ser
agrupadas em : causas ligadas ao ambiente, ao pess oal, dependentes
elo própri o pacient e e as relacionadas com o material . ( 8 )
Em se tratando de m aterial, vários s ã o os métodos que se pode
ter em m ão s par a seu pr eparo, tanto na ester iliza ção, como na de ­
.sil1fecção. Entr e estes, os métodos químicos, que, dentr o de sua �
limitações, são utilizados estritamente par a uma série de materiais
sensíveis à ação de um método físico.
A utilização de um agente químico tem sido uma c onstante den­
tre as preocupações de nossos hospitais, devid o a falta de conscien­
tização na pr ob lemátic a que o envolve. Muitas vezes, ele tem sido
citado(33 ) com o o próprio veículo de contaminaçã o quand o usado
e ontaminado.
Sob o ponto de vista preventiv o de infecções, ou sej a, com o agen­
tes químicos usados n a desinfecção e esterilização de alguns m a­
teriais cirúr gicos e na limpez a de piso e p aredes, estudou-se vários

.. Auxiliar de Ensino da Escola de Enfermagem da USP.


REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 417

produtos rotineiramente empregados nos Centros Cirúrgicos de hos­


pitais do Distrito de São Paulo. Fez-se também uma análise dos
produtos ut ilizados nas técnicas de degermaçã o e de ant issepsia de
mãos e antebraços para verificar se substâncias ant agônicas est avam
sendo empregadas .

Este estud o foi desenvolvid o em 4 etapas :


uso corre to do s agente s químicos correlacionando a ação de de�
terminado produto químico com a utilizaçã o proposta;
levantamento do s produtos químicos utilizados em alguns Cen­
tros Cirúrgicos e Departament os Centralizados de Materiais de
alguns h ospitais do Distrito de São Pa ulo, de acordo com o tipo
do agente e modo de emprego ;
análise comparativa entre o encontrado no decorrer do levanta­
mento e o preconizado na teoria;
conclusões .

II . FUNDAMENTAÇAO

a) Desinfecção Química:
A desinfecção por agentes químicos é indicada quando o material
ou instrumental não pode ser esterilizado pelo calor e não se conta
com o recurso de um gás est erilizante . (16)
Um desinfetante é um agente químico que destroe microorganis ­
mos patogênicos, mas n ã o seus esporos(16) . Bem poucos agent es quí­
micos, ou combinação deles, podem ter açã o esporicida em t empo
hábil. Por isto, no termo "desinfetante ", não se inclui a destruição
de form as esporuladas . Aos poucos agent e s químicos que possuem est a
aç ão, deve-se acrescent ar o termo "esporicida", podendo então este
produto ser utilizado com o "agent e est erilizante" . Deve-se ainda le­
var em consideração que alguns agentes químiCOS podem ser " espo­
ricidas" ou "deixar de ser", conforme a sua concentração.
A diferença entre " desinfecção" e esterilização agora t orna-se
clara : o processo de desinfecção pode o u não destruir a s formas de
vida microbiana cont idas no obj eto tratado , mas o processo d e es­
t eririlização deve "garantir" est a destruiçã o .

a. 1 . Condições necessárias para a ação efetiva d e u m agente


químicO:

A destruiçã o microbiana depende do agente químiC O e de se us


e feitos sobre o microorganismo especifico . O proc esso inclui dois
mecanismos princ ipais: (9.2,16)
418 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

dissolução dos lipídeos da memb rana sitoplasmática - por


detergentes e solventes de lipídeos ;
alteração irreversível das proteinas - por desnaturantes,
oxidantes, agentes alquilantes e reagentes de grupos sulfidrila.

o agente químico "ideal" deve ter capacidade( 14 ) de destruir to­


d a s as formas do s microorganismos patogênicos, sem ser tóxico aos
t ecido s humanos, agindo em presença de m aterial tal como fluidos
orgânicos ; deve ser solúvel, estável, não corrosivo e de b aixo custo.

Certos fatores operam na eficiência do agente químico , a s aber :

a .1.1. Limpeza - sob condições práticas o número d e micro­


organismos contaminantes a se destruído pel o agente químico de­
pende, numa grande extensão, da efetividad e da "limpeza prévia"
antes da submersão do material no germicida . Qualquer instrumento
que e steve em contacto com fluídos corpóreos está envolvido por uma
camada de material protéico, que pode coagular ou tornar -se uma
pelíCUla seca . Freqüentemente existem também resíduos de tecidos.
Quando ocorre a secagem OU a coagulação, o microorganismo fica
protegido da ação do desinfectante pois é envolvido por esta bar ­
reira mecânica. Assim, a limpeza prévia do instrumental é ponto bá ­
sico para a efetividade da açã o desinfetante ( 14 ) .

. a .1. 2 . - Submersão - é essencial uma "completa submersão"


do obj eto. No caso �e tubUlações deve-se tomar a precaução de pre ­
encher a sua luz COm desinfetante, sendo as vezes necessário o
auxílio de uma seringa, devid o ao pequeno diâmetr o da tubuladura.
O instrumental deve estar ab erto para que a solução entre em con­
tato com toda a superfície. Os obj etos de superfície plana e firme,
como por exempl o uma lâmina de bisturi, são muito mais facil­
m ente dQsinfetados do que materiais grosseiramente soldados, com
alças, tubuladuras longas, luz estreita, devido a este pr oblema de
contato da solução com o material.

a . 1 . 3 . Concentração_a concentração necessária deve ser man­


tida. Deve-se secar os obj etos depois de lavados, pois do contrário,
a água modificará a concentração da solução química . Um desin­
fetante deve ser usado em sua concentração ideal e letal para o
microorganismo . Uma concentração maior, além de dispendiosa , po­
derá causar c orrosã o e perda do "fio" de instrumentos cortantes, e
uma concentração menor terá uma ação desinfetante ineficaz ( 3l .

a . 1 . 4 . .Umidade-o poder umectante dos líquidos depende da


tensão superficial. Quanto menor for a tensão, tanto maior será o
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMA GEM 419

poder umectante . O álcool, por exemplo, possui uma tensão super­


ficial inferi or à da água, daí sua capacidade de espalhar-se e de
penetrar em interstícios mínimos, o que caracte riza sua grande pro­
priedade de "molhar". Os agentes ume ctante s são de importância
considerável quando a dicionados a soluçõe s germicidas, destinadas
a uso clínico, aumentando-lhes extraordinariamente o p oder de pe ­
netração, provocand o contacto maior do desinfetante com os mi­
cr oorganismos ( 7 ) .

a . ! . 5 . Tempo de exposição - o tempo de de sinfecção d epen ­


derá de vários fatores :
- concentração da s oluç ão : algumas veze s o tempo de exposi­
ção pode ser diminuido pelo aumento da conce ntração d o germicida .
Alguns desi nfectantes, conforme s u a concentraç ão s ã o bacteri­
cidas (das formas vegetativas ) ou também tuberculocidas (em con­
centração maior ) como por exemplo os iodóforos e certo s fenólicos(14l .
- natureza do microorganismo : enquanto que a diferenç a na
r esistência entre espor os e bactérias vegetativas é grande, e ntre os
vários tipos de bactérias v egetativas a diferença de resistência é
menor. O bacilo da tuberculose ( Mycobacterlum tuberculosis ) é u m a
exceção, pois s e u e nvoltório imp ermeável é comparativamente muito
mais resistente à germicidas aquosos e quase completamente resis­
tentes a compostos quaternários de amonia e ao hexaclorofeno. En­
tre as outras bactérias o grupo Gram* , como um todo, é mais re­
sistente a certas cl asse s de germicidas , enquanto que o Gram o-

é a outra classe. Nos Gram positiv os, os estafilococos e os enteroco­


cos são os mais resistentes e no Grupo Gram negativo, as salmonellas
e os pseudomonas são os mais resistentes. Para evitar problemas de
diferença s de aç ão germicida o importante é evitar usar conce ntra ­
çõe s marginais (14 ) .
- fase d o cicl o vital : vegetativa o u e sporulada.
- tamanho da população : quanto maior a p atogenicidade,
maior o períod o de exposição necessária para a aç ão desinfetante ( :io l .
A razão disto é que todas a s populações bacteriológicas são hetero­
gênicas, mesmo que o contaminante for de um só tipo de microor­
ganismo, isto é, mecanismos genéticos produzem mutações entre as
bactéria s que as torna diferente das outras de vários modos, inclu­
indo a resistência a germicidas. Uma multiplicaç ão extensiva da po:­
p ulação bacteriana produz correspondentemente aumento dEl núme­
ro de mutantes resistentes (l4 l . De acordo com os princíp ios gfmé ­
ticos, quando a população é grande, a proporção de bactérias alta ­
m ente resistentes é correspondentemente maior ( 2 ) . Aplicando esta
420 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

n oção à desinfecção do instrumental cirúrgico, reforça - se o v alor da


limpeza prévia adequada, com conseqüente diminuição do tempo de
exposição para uma desinfecção eficaz.

a . 1 . 6. Temperatura - o aumento da temperatura pode acel e ­


rar a velocidade d a desinfecção(2 . 9) devido, e m parte, a o princípio
que o calor acelera as reações quím icas (9) .

a . 1 . 7 . Idade das células microbianas - a s células mais j ovens


são destruídas mais facilmente as velhas são mais impermeáveis e
e mais resistentes. Nos hospitais as cepas de microorganismos são

m ais velhas e mais resistentes, levando esta situação à necessidade


de se testar o efeito dos desinfet antes com estes tipos partiCUlares
de microorganismos. Recomenda-se que se guarde o instrumental ci­
rúrgico "limpo" e esterilizado para evitar que sej a guardado con­
" "

t aminado e conseqüentemente contaminado por célul as microbia­


nas mais v elhas .

a . 1 . 8. pH das soluções - a concentração hidrogeniônica das


soluções pode afetar intensamente a ação do desinfetante. O seu
e feito, porém , é variável dependendo da natureza química do ger­
micida<3.14) . Os agentes antibacterianos que ionizam como ácidos
(fenois, alguns corantes e ácidos orgânicos de cadeia curta) são
mais ativas em soluções mais ácidas, o oposto se observa com rea­
gentes catiônicos (compostos quaternários ) ( 3 ). Este efeito do pR
tem pelo menos duas origens(9) :

-;- maior penetração de compostos dissociáv eis em sua forma


ionIzada ;
aument o da io nizaçã o de componentes c e lulares , na direção
oposta, levando a uma afinidade maior.

a. 1. 9 . Pressão osmótica - a maioria das bactérias são pouco


sensíveis às variações de pressão osmótica e podem se aj ustar a
grandes v ariaçõe s de concentração de solutos n o ambiente. Um am­
biente hipotônico constitui a condição normal para a maioria das
b a ctérias e r esulta na manutenção do turgor. Quando os microor­
g anismos são colocados em soluções hipertônicas, a sua água tende
a p a ss a r para o meio ambiente, produzindo-se uma retra ç ão do
p rotoplasma em relação à parede celular ( plasmólise) . Q uandO co­
locados em soluções hipotônicas a parede celular faculta aos micro­
organismos evitar uma lise osm ótica ( 29) O ambiente iônico pode
.

af etar o crescimento d o microorganism o através de um efeito di­


.r eta tal como. num e feito iônico específico ou efeit o osmótica, ou
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 421

sais podem indiretamente afetar o microorg anismo pe la alteraçã o


d a atividade termodinâmica d o agen te antl-microbicida n o sistema( l4 ) .

a . 1.10 . Presença de matéria orgânica detritos orgânicos abri­


-

g am os microorganismos e os protegem da açã o do s agentes quí­


m icos . Estes por sua vez, possuem a capacidade de coagular pro­
t eínas como as do sangue e outros resíduos orgânicos. Alguns desin­
fetante s são inativados em presença de matéri a orgânica pela com ­
b inação química entre seus componentes. A importância d a limp eza
prévia antes da desin fecção química é um ponto facilmente es ta­
belecido por teste s laboratoriais(l4 ) .

a . 1 . 1 1 . Tensão superficial
- a tensão superficial promove o
cont acto entre o a gente químic o e o micr oorganismo. O contacto é
essencial para a destruição da célula m ic robiana . Um desinfetante
r edutor d e tensão superficial tem seu poder de desinfecção aumeu:­
tado, diminuindo por isso seu tempo de expos ição necessário. Sã o
r edutores da tensão superficial : fenóis, cresóis e sabões(2.3 ) . Em
muitas aplicações p ráticas, tal como a desinfecção de superfícies
porosas, a adição de um redutor de tensão superficial à solução de
um germicida, porl.e ser um fator importante pois aumenta o con­
t acto da solução com o microorganismo(14 ) .

b) Critérios de escolha d o agente químico:

Segundo levantamento feito por um Autor (35 ) a maioria d os


h ospi tais escolhem desinfetantes e antisséticos em função do preç o
'
ou de preferências individuais subj etivas, j á q ue os labora tórios n ão
declaram em sua maiori a, a composição quantitativa de seus pro­
dut o s nos respectivos rótulos. Esta situação envolve sérios ris cos,
d evid o a pos sibilidade da escolha de produt os inadequados às suas
fi nalidades ou pela poss ibilidade de contaminação, servindo então
com o fonte de i nfecção.(34 ) Para a seleção de ag entes químicos h os­
pit alares, h á necessidade de se estabelecer critérios que deverão ter
como fundamentos(33 ):
- registro no Serviço Nacional de Fiscalizaç ã o de Medicina-e
Farmá cia ( S . N . F . M . F ) ;
estudo da composiçã o química ;
a dequa ção às finalida des do produto ;
comprovação bacteriológica da a tividade ge rmicida.

b . 1 . Registro na S. N. F. M. F. - quando o produto está r eg ib­


trado é porque j á houve uma análise prévia satisfat ória, realizada
em lab ora tório oficial, recebendo entã o um númer o de re gistro q uê
422 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

deve co nstar do rótulo . Os produto s que não exibirem o número do


registro do S . N . F . M . F . , confo rme determina o art.igo 42, item A das
Normas Técnicas Especiais para o Controle da Fabricação e Venda de
Pro dutos Sane antes e Co ngêneres, aprovados pe lo Decreto n .o 67.1 1 2,
de 26 de agosto de 1 970, devem ser rej eitados por não inspirarem con­
fianç a . O rótulo deve ainda conter a composição qualitativa e quan­
t itativa do produto, instrução para uso , de a. cordo com o item D do
mesmo A rtigo 42.

b . 2 . Estudo da composzçao química - na escolha do agente


químico deve-se levar em consideração alguns fato res, tais como :
não confiar somente em dados de folhetos e outras publi-
caç ões ;
especificidade : o tipo de microorganismo a ser destruído oU
tornado inócuo . Na desinfecção química os microorganismos são
agrupados em 3 catego rias com crescente aumento da resistência
aos agente s ( 32. 33) :
não esporulados ( forma vegetativa) ;
- bacilo da tuberculose (My cobacterium tuberculosis ) e virus ;
-- esporulados .
Até o mom ento não se conhece desinfetante que destrua com
certeza o virus da hepatite.
Estabilidade da solução : as soluções química s devem ser es­
t áv eis, caso contrário não são dignas de confianç a .
- Concentraç ão da solução : no rótulo deve constar a maior e
a meno r concentração de uso recomendado .
,- Custo e facilidade ser encontrada no comércio : de preferên­
cia o produto não deve ser caro para po der ser acessível a todas
as instituições e não deve h aver dificuldades em conseguí-Io em
qualquer praç a de comércio.
- Praticidade da soluç ão : não deve haver problemas com seu
manuseio , tais como : ser tóxico, m anchar, ter odor desagradável.
- Temperatura necessária para s er efetivo de preferência deve
agir à temperatura ambiente.
- P oder de corrosão : alguns desinfetantes provo cam a corro­
são alteram o " fio " do instrumental cortante, necessitando a ade­
e

são de substância anticorrosiva.


b . 3 . Adequação da fórmula à finalidade do produto - é in­
sensato esperar que a mesma solução desinfetant e seja satisfatória
inteir amente para os di ferentes o bj etivos a que se propõe. Pensar
assím é muito mais do que esperar que um único antibiótico cure
tod as as moléstias infecciosas .
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 423

Para se tornar mais e fetiva a adequ aç ã o d a fórmula à finalidade, e


necessário que se considere três áreas isoladamente ( 35 ) :

b . 3 . 1 . ambiente-o emprego de soluções desinfetantes é "reco­


mendado" para pisos e paredes ou m obiliário de qualqu er da s de­
pendências do hospital, e "exigido" em áreas como centro cirúrgico,
unidade de terapia intensiva, berçário, lactário e cozinha.

Alguns requisitos devem ser considerados para a desinfecção am­


biental como :

.- ter e manter aç ão germicida mesm o em presenç a de pu s,


sangue, urina, fezes e certos sais inorgânicos presentes na águ a ;
ter ação simultânea d e desinfecç ão e limpeza ;
manter ação germicida residu al ;
não ser corrosivo nem p ossuir odor irritante .

b . 3 . 2 . instrumental cirúrgico a esterilização química de u m


-

instrumental cirúrgic o deve s e deter apenas àqueles qu e são ter­


mo sensíveis. Mesmo assím, est e método não é de todo recomendado
pois além da demora devido ao " tempo de exposição" necessário,
exige que sej a feito um enxagu e com águ a o U soro fisiológico estéreis.

o agente químico destinado a esterilizaç ão de instrumental ci-


rúrgico deve satisfazer alguns requ isito s com o :
deve ser bactericida, fungicida e viru cida de amplo espectro ;
deve ser esporicida a frio ;
deve não ser "irritante" para pele e mu cosas ;
não deve ser corrosivo para metais e não deve alterar bor­
racha , plástico ou danificar equipamento ótico.

c ) Classificação de agentes químicos utilizados em equipamen­


tos e materiais médico-cirúrgicos.
I- Alcool etílico ( etanol) 70 por cento álcool etílico 9 5 .0 GL a
5 .° C (815 mI + água destilada fria 100 m Ol ) ( 21)
Vantagens Desvantagens utilização

bactericida para formas ve ­ remove o resíduo ativo do hexaclorofeno conservação de pinças ser­
getativas incluindo Mi­ anulando a ação antissética do mesmo. ventes pré autoclavadas.
cobacterium tuberculosis, ( 2 , 19, 2 1 , 32 ) .
Echerichiacoli e Pseudomo­
nas aeruginosa ; ação viru­ não tem ação esporicida (2 , 7, 14, 1 6 ) . po­ para degermação de mãos
cida contra o Herpes sim­ dendo sofrer contaminação com esporos e antebraços quando usa ­
ples, vacinia e influenza tU, 1 8) . do com fricção com gase
2, 6, 14, leo, 27, 29, 3 1 ) . por 2 mino (2, 14, 19) .
em concentrações inferiores a 7 0 % por
apresenta sinergismo quan­ peso não tem atividade germicida ( 14, 16,
do acrescentado ao iodo ou 18) . antissepsia da área opera­
ao formald.eido, que se tra­ tória com fricção por 2
duz pelo redução do tempo irritante de mucosas ( 14, 1 9 ) , mino ( 19 ) .
de exposição ou pelo au­
mento do e spectro de ativi­ sua ati vida de tuberculocida não é manti­
dade ( 12, 27, 29, 3 1 ) . da satisfatoriamente em sup erfície conta­ limpeza do mobiliário da
minada com exsudatos purulentos ( 2 6 ) . S.O.
tem ação detergente e
grande poder umectante ( 2 , corroe metal, a não ser que uma solução
12) . a 0,2 % de nitrito de sódio sej a adicionada. desinfecção de termômetro
clínico ( 14 ) .
custo razoável ( 2 , 1 2 ) . não pode ser usado em instrumento ótico
por agir sobre o material adesivo usado
facilmente encontrado no para fixar as lentes, causando opacidade
comércio ( 2 ) n a s lentes de instrumentos endoscópicos .

não é tóxico . causa endurecimento e entumescência de


polietileno se usado como solução de con­
servação .

inativado em presença de matéria orgâ­


nica ( 2 ) .

evapora facilmente ( 7, 1 4 ) .
II - Fenóis

II . a . Fenóis e Cresóis a 5 %

Vantagens Desvantagens utiUzação

e fetivo para formas b acte­ não tem ação esporiclda estes co mpos tos estão supe ­
rianas vegetativas, Myco­ rados devido as suas des­
bacterlum tub erculosls e odor característico vantagens (35) e porque
alguns virus quando apli­ seus derivados são mais
cado com escavação ade­ cáustico eficazes.
quada.

não é inativado por maté ­ tóxico podem ser usados para c1e ­
ria orgânica ou sab ão. s i nf ec cã o d e fezes e urina
-
( 14 ) .
bactericida em 1 0 min o ( 9 ) . os enterovirus são resistentes aos com­
postos.

derivados do cloroxilenol são passíveis de


contaminação por Pseudomonas aerugi­
nosa ( 2 5 ) ( 1 ) .
II . b . Formaldeidos - solução de 20 % ou 3 7 % ( 8 ) de for­
malina + álcool !sopropílico ou etílic o a 70% por
peso(27, 27, 33) .

Vantagens Desvantagens utilização

ação bactericida tuberculo­ facilmente absorvido por substâncias po­ conservação de pinças ser­
cida, (2, 1 6, 27, 2 9 ) . rosas, tais como tubulações de borracha ventes pré autoclavadas.
(7) .

virucida ( 2 ) . não pode ser usado em instrumentos óti­ desinfecção dQ tubos catgut
cos, borrachas ou materiais porosos ( 7 ) . ( 7 ) , 18 hs.

esporicida em 3 hs. ( 2 , 27, corroe metal ( necessário a adesão de ni­ desinfecçã.o de âmpolas
29) . trito de sódio a 0,2 % para prevenir a cor­ ( solução corada com eritro- .
rosão ) . sina) ( 7 ) .

custo razoável. não pode ser usado sobre a pele e mucosa


devido a sua toxidade. Por esta razão to­
dos os obj etos devem ser lavados antes
de serem usados no paciente, com água
destilada ou soro fisiOlógico ( 2, 4, 16, 20) .

facilmente encontrado no pouco eficiente em presença de matéria


comércio. orgânica ( 7 , 14, 26) .

volátil, irritante ( 14, 26) .

inativado em presença de substâncias al­


calinas.
II . c . Parafórmico - parafórmico 5% ( em estufa a 50.0 C) (23)

Vantagens Desvantagens utilização

esporicida em 2 hs. ( 7, 23) . irritantes da pele e mucosas ( 7 ) . lâminas de bisturi (23 ) .


age em presença de maté­ os materiais devem ser lavados com água materiais elétricos tais co­
ria orgânica ( 1 9 ) . destilada ou soro fisiológico antes de se­ mo pontas de bisturi elé­
não é corrosivo ( 7 ) . rem usacl.os devido ao poder irritante, do tricos, materiais oftalmoló­
agente químico na pele e mucosas ( 7 ) . gicos, recipientes plásticos
( 19) .

II . d . Soluções aquosas de formaldeido a 4 - 8 % (6, 27, 29 ) .

Vantagens Desvantagens utilização

bactericida de largo espec­ não tem ação esporicida ( 27, 29 ) . inadequado devido ao seu
tro, tuberculocida e virucl­ forte odor ( 17) .
da (6, 27, 29) .
III . Compostos !enó licos

III . a . Fenóis sintéticos - os derivados mais empregados atu­


almente são : ortofenilfenol e paraterclário-amilfe ­
n010 1 . 31 ) .

Vantagens Desvantagens utilização

a çã o bactericida da largo deven1 ser empregados em concentrações limpeza e desinfecção si­


e spe c t r o ( 33 ) . d e uso superior a 0,2 5 % ( 34, 36) . multânea de superfície ( 3 3 ) .
atividade vi r ucid a extrema pouco a t i vo contra virus hidrofílicos ( 3 3 ) .
contra os virus lipofíllcos não tem ação e sporicida ( 3 3 ) .
( adeno-virus, herpe sim­ a ação germicida diminui quando a pro­
ples , vacinia, influenza ) porção de sabão ultrapassa seu valor, o u
( 1 4, 3 3 ) , em presença de detergentes iônicos ou
aumenta o seu p o d e r quan­ c atiônicos ( 3 3 ) .
c·o associado a sabão e de­
tergentes a niôn i co s ( 33 ) .
quando associados a d e te r­
gentes an iôn i co s antioxi­
dantes e seqüestrantes são
altame n te satisfatóriJs pa­
ra limpeza e desinfecção si­
multânea por não sofrerem
inativaçã o em presença de
matéria orgânica e devido
a ação residual que a pr e ­
sentam ( 22 ) .
III . b . Bi- fellóis

Vantagens Desvantagens Utilização

forma película antimicro­ não deve ser utilizado em concentracões


- higienização das mãos e
biana sobre uma região se­ maiores de 0 , 1 % . antebraços do pessoal do
guidamente tratada ( 33 ) . Centro Cirúrgico, Berçário,
para obter-se a atividade antissética é lactário, laboratórios, cozi­
atlvo contra bactérias Gram necessário utilizá-lo cotidianamente, sen­ nha, etc. ( 6, 14, 3 1 ) .
positivas d e 1 : 1 . 000 . 000 e do 1 aplicação somente inútil (2, 33) .
1 : 8 . 000 . 000 (33) .
solúvel em álcool que remove o resíduo preparo da pele da área
ativo contra bactérias Gram attvo d.o hexaclorofeno, anulando a sua operatória como minimo 4
negativas em concentrações ação antissética (2, 1 9 , 2 1 , 32 ) . dias de utilização constan­
de 1 : 25000 e 1 : 50 . 000. te (2, 14, 3 1 ) .
Pseudomenas, Serratia são extremamente
o Staphllococus aureus é resistentes ( 6, 24) .
extremamente susceptível.
perde consideravelmente sua ação bacte ­
mantem sua potência bac� ricida quando em presença de matéria
tericida em sabões ( 1 4 ) , orgânica ( 4 ) , não devendo por isso, ser
utilizado em feridas abertas ( 1 4) .
não voláteis ( 14 ) .

favorece redução bacteria­


na da pele ( 1 4 .
III . c . Carbanilidas - são bis - fenóis sintéticos com ligação uma anelar de uriéa. Possuem propriedades semelha­
do hexaclorofeno (III . b . ) e por isso são c omumente formulad os com os mesmos (33) .

Vantagens Desvantagens Utilização

bactericidas pode acarretar metemoglobinemia, ciano­ prevenção de infecções cru­


bacteriostático (33) se e anemia ( 3 3 ) . zadas através da limpeza
reduz a flora bacteriana necessita ser usado seguindo rigorosa­ das mãos ( 3 3 ) .
cutânea ( 3 8 ) . · mente suas instruções. degermação de mãos e an­
passível de ser contaminado com Ente­ tebraços da equipe cirúrgi­
robactérias e Pseudomonas ( 34 ) . ca ( 3 3 ) .
inativado se seguido de aplicação de álcool
isopropílico ou etílico ( 2 1 , 34) .

IV - Compostos iodados

IV . a . Iodo

Vantagens Desvantagens utilização

o iodo livre é um bom ger­ a afinidad.e do iodo livre pela matéria não deve ser usado devido
micida para todas as for­ orgânica interfere em sua atividade anti­ as suas desvantagens .
mas vegetativas bacteria­ microbiana, pois s e u poder oxid.ante po ­
nas ( 14, 1 6, 3 3 ) . de ser consumido pelo excesso de subs­
na concentração a 2 % é tância orgânica antes que ocorra a des­
esporicid.a ( 1 6 ) . truição microbiana ( 3 3 ) .
altamente irritante para pele e mucosas .
mancha pele e roupas.
IV . b . Iodóforos - 0,5 - 2 % em álcool 70 % peso - consistem em preparações nas quais o iodo elementar forma

compostos com deteregntes não iônic os e outros surfactantes.

Vantagens Desvantagens utilização

germicida para todas as inativo contra esporos ( 14, 3 1 , 33) . sanitizante ( 14 ) .


formas bacterianas vegeta­
tivas (2, 14, 3 1 ) e virus ( 14 ) . são levemente irritantes e corantes ( 2 ) . desinfecção de termômetros
( 1 6, 14) .
tuberculocida ( 2 , 14) . é alergizante para alguns indivíduos (2,
19) . antissepsia de mãos e ante ­
alta ação fungicida ( 14L braços da equipe cirúrgica
tem pode corrosivo ; devem ser preparados numa solução a 2 % ( 14, 19,
limpa e desinfeta numa s ó com 0,2 % de nitrito de sódio para evitar 21) .
operação pois tem ação de ­ corrosão (2, 27) .
tergente e germicida (33) .
soluções instáveis, requerendo constantes preparo da pele do paci­
não forma filme isolante . mudanças para permanecer efetiva. ciente ( 14) .

a concentração é crítica, pois a porcenta­


gem de iodo é a chave de seu efeito bac­
teriológico, qualquer diluição maior torna
a solução inativa.

quando usado como desinfetante o iodo


pode se r inativado pela matéria orgâni­
ca ( 14) .
v - C o mposto de A ntonio Q u aternário ( Q UA TS )

Vantagens Desvantagens utilização

são mais ativos para bac­ inativo para esporos (2, 14, 16) . devido suas senas contra
térias Gram + ( l O, 1 6 , 33 ) . inativo para : Mycobacterium tuberculosis, indicações , seu uso é incon­
preço razoável. Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella, En­ ve niente em ambiente hos ­
grande poder umectante terobacter, Serratia e Proteus sp. (2, 6, pitalar ( 3 5 ) .
pois são redutores de ten­ 14, 16, 3 1 ) . preparo da pele na meto ­

são superfici al ( 2 ) . atividade virucida duvidosa ( 6 , 1 1 . 14, 31 ) . -


dologia pré cirúrgica da an­
não são irritantes ou tóxi­ incompatível com sabões e detergentes tissepsia ( 13 ) , apesar de al­
cos ( 7 ) . a niô nicos ( 2 , 7 , 10, 13. 14, 33 > ' guns autores contraindica­
são absorvidos por fibras de algodão, su­ rem pelo balanço de suas
perfícies de vidros ( 6 , 10, 1 1 , 31 ) , e isto vantagens e desvantagens
diminui a concentração do agente quími­ (2) .
co na solução.
neutralizado por matérias orgânicas ( 6, 7,
1 1 , 13, 1 4, 31 , 33 ) .
em soluções aquosa s pode sofrer contami­
nação com pseudomonas e outros Gram
- ( 15) ,
atividade antimicrobiana afetada pelo ti­
po de água ( álcalina , ácida, pesada ou
leve ) ( 2, 10 ) .
VI - GZutaraZd eido ativad o - aldeido g i utárico ou di-aldeid o - é uma solução aquosa a 2 % previamente al­
calinizada .

Vantagens Desvantagens Utilização

a ção bactericida para for­ não deve ser usado para ' material poroso na esterilização ou desin­
mas vegetativas e virucida pois há absorção do agente químico, cau­ fecção de instrumentos óti­
em 15' ( 14) . sando irritação da pele e mucosas. cos ( 2 ) .

tuberculicida em 15' ( 14) . o material em preparo deve ser muito pinças s erventes e frascos
bem lavado com soro fisiológico ou água reCipientes pré autoclava­
ação esporicida em 3 hs ( 2 , estéril antes de s er utilizado para evitar dos.
14) . irritação de pele e mucosas.
instrumentos de superfície
não é inativado por sabão, pode ser corrosivo se usado por tempo lisa que não podem ser au­
detergentes ou substâncias prolongado ( 24 hs.) como solução de con­ toclavados.
orgânicas . ( 14 ) . servação.
equipamento de anestesia
não mancha. uma vez ativada, a solução é efetiva no quando bem lavados antes
máximo por 14 dias. de serem utilizados.

a solução a 2% equivale a esterilização de instrumen­


solução de 8 % de solução tal.
alcalina de formaldeido .
esterilização ou desinfecção
de material de borracha,
plástico, vidro, etc.
VII - Composto clorados - hipoclorito de sódio 1 : 1DDO ( 16 ) .

Vantagens Desvantagens utilização

ação virucida odor característico ( 7 ) . desinfecção da água (2, 14) .


germicida para um largo corrosivo para metal, não devendo ser limpeza de fomites e piso.
espectro ( 14 ) , usado para sua limpeza ( 8, 1 6 ) . sanitizante ( 7, 14) .
desodorizan te parcialmente , inativado em presença de
não tóxico matéria orgânica ( 14 ) .
de fácil manuseio ação descolorante ( 7 ) .
econômico ( 14 ) .

VIII - Mercuriais - metais pesados .

Vantagens Desvantagens utilização

alguns sais inorgânicos de os mercunalS o rgânicos ( mercuriocromo, o emprego de sais inorgâni­


mercúrio ( biocloreto, ciane­ metafen, mertiolate ) são apenas bacteri­ cos na preparação pré ope ­
to) apresentam atividade ostáticos, mesmo em altas concentrações ratória da pele é desacon­
bactericida em altas con­ (31 ) . selhável devido às suas de s­
centrações e ação bacte ­ não apresentam ação tuberculocida ( 17 ) . vantagens (34) ,
riostática quando diluídos não são esporicidas ( 1 7 ) . o emprego de sais inorgâ­
( 34) . os sais inorgânicos são inativados por ra ­ nicos como desinfetante de
tem ação virucida. dicais sulfidrilas de constituintes normais instrumental cirúrgico e stá
dos tecidos ( cisteina e glutation) ( 13 ) . obsoleto (2, 1 5 , 34) .
os sais orgânicos são passíveis de contami­
ção por Pseudomonas aeruginosa ( 5 ) .
os sais inorgânicos são inativados por íons
.
. sulfato, carbonato, barato
são tóxicos e corrosivos ( 8, 34) .
são completamente inativados em presen­
ça de matéria orgânica ( 8, 17, 3 1 ) .
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 435

III - METODOLOGIA

o método empregado baseou-se na veriifcação dos tipos de p.gep­


tes químicos usados nos hospitais, do m aterial no qual eram em­
pregados e da s condições de suas utilizações. Baseou-se ainda na
comparação dos critérios de utilização destes produtos químicos pre­
conizados pela literatura ( ítem C ) com dados obtidos na pesquisa.

III . 1 . População

Foram visitados 16 Centros Cirúrgicos , (salas de operações e


Departamentos centralizados de Materiais ) do Distrito de São Paulo,
selecionados através de uma amostra casual simples estratificada,
tomando-se 4 hospitais filantrópicos, 9 hospitais lucrativos e hos �
pitais governamentais.

III . 2 . Técnicas u tilizadas

Os dados foram coletados através de :

III . 2 . 1 . - Entrevista : com a pessoa resp o nsável pelo Serviço d e


Enfermagem e/ou o responsável pelo Centro Cirúrgico e o Depar­
tamento Centralizado de Materiais. Para esta entrevista foi ela­
borado um roteiro ( Anexo 1 ) .

III . 2 . 2 . - Observaçã o - visita às instalações j unto com o res­


p onsável do Serviço e observação d as atividades desenvolvidas na�
quele dia.

III . 3 . Coleta de dados

A coleta de dados foi feita com auxílio de um roteiro (Anexo


I) e anotações da s observações em uma ficha ( Anexo II) .
As visitas foram feitas pessoalmente pelas autoras, procurando
desta forma obter homogeneidade das observações e anotações.

III , 4 . Limitações d o estudo

A s condições não foram inteiramente favoráveis à realização


da pesquisa, tendo em vista que :
- o responsável entrevistado nem sempre foi um enfermei­
ro ( 50 % ) .
- não houve oportunidade de utilizarmos a técnica de "obser­
vação participante", que seria a ideal.
436 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

durante as entrevistas evrificou-se que os produtos variavam


muito de acordo com o que havia no momento, não havendo pa­
dronização dentro do próprio hospital . Foi levado em consideração
o produto que estava sendo utilizado no dia da entrevista.
- dos dados colhidos analisou-se apenas alguns itens para
que o trabalho se tornasse menos extenso. A seleção dos itens ana­
lisados foi feita levando-se em conta a problemática que j ulgamos
ser importante e mais fácil de ser selecionada. A análise dos itens
não apresentados serão posteriormente divulgados.
- na foram consideradas as situações de "sala contaminada".
- o óxido de etilen o apesar de ser agente químico, não entrou
nas considerações deste estudo por ser um recurso inaccessível para a
maioria dos nossos hospitais.

111 . 5 Cl'itérios de adequação de um agente químico

Os critérios de adequação considerados nest e trabalho serão dis­


criminados logo após a apresentação de cada tabela.

111 . 6 . Siglas utilizadas

Produtos químicos e ncontrados durante o levantamento, suas res­


pectivas fórmulas e sigla s usada s no decorrer do trabalho :

TERCYL 0- benzi1- p-clorofenol + P -terciário


( Valmont Inc) butifenol
fenol s intético ( item IIIa)
sigla utilizada : FS,

PISOCID 0- fenil- fenol + 0- benzil-p-clorofenol


(Darrow Lab. S.A.) + dodecil benzeno-sulfato de sódio
fenol sintético ( item IIIa)
sigla utilizada : FS.

- ESPADOL metacloroxilenol
fenol ( item lIa )
sigla utilizada : Fa

LYSOFORM solução aquosa de formaldeido


( Lysoform Lab) fenol ( item IIb)
sigla utili7.ac.a Fb
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 437

FORMALINA parafórmico
fenol ( item Uc )
sigla utilizada : Fc

DUOCID 2 % metanol-etanol + clorctobenzetonia


(Darrow Lab. S.A. ) + iso octilfenoxi -polietoxi -etanol
quaternário de amônio + fenol
( itens V e IIa )
sigla utilizada : CQA + Fa

GERMIKIL metanol-etanol cloreto de Benzil di­


(Darrow Lab. S.A . ) metil octil amonio-iso. aril-aquil­
poelietoxi-etanol - EDTA
quaternário de amonio + fenol +
desencrostante ( itens V e IIa )
- ( sigla utilizada : CQA + Fa *

GERM-HAND cloreto de benzll-dimetU-etil-amo­


(Darrow Lab. S.A.) nto-propileno glicol-eter
quaternário de amonio ( item V )
sigla utilizada : CQA

SOAPEX liquido : hexaclorofeno 0,3 %


(Darrow Lab . S.A.) bifenol ( item IIIb )
sigla utilizada : BF,
cremoso : triclorocarbanilid.a 2 % +
hexaclorofeno 0,1 %
bifenol ( item IIIb ) + carbanilida
( item IIIe )
sigla utilizada : BF + C

FISOHEX eutsufon + hexaclorofeno 3 %


(Sydney Ross. Co . ) bifenol ( item IIlb )
sigla utilizada : BF.

MARCO 88 agente seqüestrante, d esencrostante,


(Darrow Lab. S .A. ) detergente não iônico
sigla utilizada : D

IV - RESULTADOS E COMENTARIOS

A tabela 1 apresenta o número de hospitais segund o o agente


químico util izado na degermação e na anti.ssepsia de mãos e ante ­
braços dos membros da equipe cirúrgica .
438 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

TABELA 1

Número de hospitais segundo o agente químic o usado nas técnicas


de degermação e antissepsia de mãos e antebraços da equipe cirúr­
gica. Distrito de São P aulo, 1 974.

T énicas DEGERMAÇãO ANTISSEPSIA

Produtos derivados sabão sabão sabão CQA álcool álcool CQA


químicos hexaclo - glice- Iíqui- de 70 % iodado
Hospital rofeno rina do coco

1 x x
2 x x
3 x x
4 x x
5 x x

6 x x
7 x x ·
8 x x
9 x x
10 x x
11 x x
12 x x
13 x x
14 x x
15 x x
16 x x

TOTAL 6 5 1 3 1 4 11 1

Critério Utilizado levou-se em consideração unicamente a utili­


-

zação ou nã o de produtos antagônicos usado s para a degermação e


para antissepsia pré-cirúrgica de mãos e a ntebraço s da equipe ci­
rúrgica.
Como se verifica pela tabela 1, nos 6 h ospitais que utilizavam
produtos à base de hexaclorofeno era rotina a imersão das mãos
em solução alcoólica após a escovação.
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 43 9

o hexaclorofeno constitui um antisséptico satisfatório para a


antissepsia da pele, porém, sendo solúvel em álcool (2, 19, '2 1, 3 2 ) a
imersão das mãos em álcool ou soluções alcoólicas após a lavagem
das mesma s com hexaclorofeno é contra indicada pois remove o re­
síduo ativo desta substáncia anulando a ação antisséptica da mesma.
Verifica-se ainda que o produto CQA foi utilizad o 2 vezes com
técnica inapropriada e além disso associado a outro prOduto o que
lhe é dispensável.
Como é indiscutível a necessidade da esterilização da escova uti­
lizada na metodologia pré-cirúrgica de antissepsia apresentamos n a
tabela 2 o númer o de hospitais qu e usavam métodos esterilizantes
p ara este material.

TABELA 2

Número e porcentagem de hospitais, s egundo técnica de esterili­


zação das escovas cirúrgicas. Distrito de São Paulo, 1974 .

Hospitais

Agente Utilizado D .o %

Vapor de água sob pressão 6 37,50

Fa 4 25,00

CQA + Fa * 3 18,75

CQA 1 6,25

CQA + Fa 1 6,25

Solução Espec.ial * * 1 6,25

TOTAL 16 100,00

** Solução em concentração não controlada de Ziferol e formalina


** Solução em concentração não controlada de Zefirol e formalina
Critério utilizado - foi considerado ade quado o uso d e um agente
esterilizante físico ou químico, com técnica assética .

Na tabela 2 observa-se a falta de padronização e de adequação


no preparo das escovas para a degermação de mãos e antebraços da.
440 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

equipe cirúrgica : apenas 6 hospitais ( 37,50 % ) autoclavavam as esco­


vas, técnica considerada m ais a dequada ; os demais hospitais ( lO,
representando 62,50 % l , não estavam usando escovas estéreis pois :
3 hospitais 0 8 ,75 % ) apesar de utilizarem agente químico esterili­
z::mte e tempo de exposição adequados permitiam a contaminação
da� escovas na hora da retirada das mesmas de dentro da solução ;
5 hospitais ( 3 1 ,25 % ) permitiam a m esma técnica falha, com o agra­
vante d e empregarem soluções desinfetantes ( solução Fa e especial ) .
Observa-se ainda que em 2 hospitais 0 2 ,5 % ) além de serem
u tilizados produtos não esterilizantes, não havia conscientização so­
bre a especificidade d o agent e químico pois um er a produto para
limpeza de superfície ( solução CQA + Fa ) e o outro para a an­
tissepsia de pele ( s olução CQA ) .

TABELA 3

Número e porcentagem de hospitais, segundo técnica de desinfec­


ção das sondas Guedel, Distrito de São Paulo, 1974 .

I
Hospitais

Agente Utilizado n .o %

Fc 2 12,50
Água e sabão 5 3 1 ,25
CQA + Fa 1 6, 2 5
CQA + Fa + conservação em Fc 1 6 ,25
D 1 6 ,2 5

D + conservação em Fc 1 (;·,25

Vapor d'água ( autoclave ) + conservação em Fc 1 (;',25


Água e sabão e depois colocadas em Fb 1 6,2 5

Estufa 1000 C em 90 minutos 1 6,25

CQA + Fa * 2 12,50

TOTAL 16 100,00

Critério · utilizado considerando adequado quando submetidas a


uma limpeza prévia com água e sabão, secadas e posteriormente
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 44 1

colocadas Pom solução química esporicida com tempo de exposição e


concentração conforme as instruções e finalmente enxaguadas em
água corrente para a retirada de qualquer resíduo do agente químico.
Em relação às sondas de Guedel ( Tabela 3) os dados obtidos
indicam que de forma geral, os hospitais nã o demonstram preocu­
pação com Posse material utilizado de um paciente para outro. poj.s
somente doi s hospitais esterilizavam as sondas ( solução : CQA +
Fa · ) de acord o com os critérios estabelecidos como adequados ; 6
hospitais ( 37,50 % ) colocavam as sonda s em produtos altamente ir­
ritantes das mucosas da s vias aérea s superiores ( solução : Fa, Fc )
SE'm lavá-las ante s de introduzi-las no paciente. A falta de cons­
cientização sobre a especificidad e dos agentes químicos revela-se
n a utilização de produtos indicados para limpeza de chão e paredes
( solução : CQA + Fa ) em 2 hosptais 0 2 ,50 % ) . Os métodos físicos
que foram empregados são desaconselháveis pois diminuem muito a
d urabilidade do material .

TABELA 4

Número e porcentagem de hospitais, segundo o m eio usad o para


desinfecção d e sondas endotraqueais, Distrito de São Paulo , 1974.

Hospitais

Método de Desinfecção n.o %

Fc 3 1 8 ,75
Agua e sabão 6 37,50
CQA + Fa 1 6,25
CQA + Fa + conservação em Fc 1 6,25
D 1 6,25
D + conservação em Fc 1 6,25
Vapor d 'água sob presão + conservação em Fc 1 6,25
CQA + Fa * 2 1 2,50

TOTAL 16 1 00,00

Critério utilizado - o mesmo critéri o considerado para a Tabel a 3 .

Situação semelhante à anterior, encontrou-se com relação à s


sondas endotraqueais ( Tabela 4 ) . Os 2 hospitais 0 2 , 50 % ) com téc-
442 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

nicas dentro dos critérios adequados foram Os mesmos citados na


Tabela 3 . Deve-se salientar o emprego do "armário de formalina",
aparelho este totalmente inseguro e desaconselhável pois não pos..:
sibilita o controle da concentração do agente químico e da tempe ­
ratura p ara a esterilização.

TABELA 5

Número e porcentagem de hospitais, segundo o método de esteri­


lização do material cortante, Distrito de São P aulo, 1974 .

I
Hospitais

Material Cortante D.o %

Lâminas de bisturis autoclavadas depois


desprezadas ; tesouras autoclavac..a s 1 6 25
,

Lâminas de bisturi em F c (2 hs. 50°C e 5 %


d e concentração ) ; tesouras em CQA + Fa 1 6,25

Lâminas de bisturi e tesouras em método físico 8 50,00

Lâminas de bisturi e tesouras em CQA + Fa 4 25 ,00

Lâminas de bisturi e tesouras em solução


especial * * 1 (':.,25

Lâminas de bisturi e tesouras em Fc 1 6,25

TOTAL 16 100,CO

* * Solução em concentração não controlada de Zefirol e formalina.

Critérioutilizado considerado adequado quando utilizado


- um
agente químico esporicida ou um agente físico esterilizante .

Em relação a esterilização do material cortante ( Tabela 5 ) so­


mente 2 hospitai s ( 12,50 % ) não o fazem corretamente , pois utili­
zam agentes químiCOS bactericid� e não e sp oricidas. O método de
maior preferência foi o físico, o que realmente é o mais indicado:
REVISTA BRASILEIRA ' DE ENFERMAGEM 443

TABELA ' 6

Número e porcentagem de hospitais, segundo método de esterili­


zação da "ponta do bisturi elétrico", Distrit o de São Paulo, 1974.

Adequação H os p itais

Méto do de Adequado Inadequado .ro t ai


'

esterilização 0 .° % 0 .° % n.o %

Fc 1 6,25 9 55,25 10 62 ,50

Vapor d'água sob pressão 3 1 8 ,75 3 18,75

CQA + Fa * 1 (-,25 1 6,25

óxido ce etileno 2 12 , 50 2 1 2 ,50

Critério utilizado - considerado adequado quando usado um agente


esterilizante, neste, o único considerado Com o adequado foi o para­
fórmic o 5% em estufa a 50.oC em 2 horas .

Os dados levantados ( Tabela 6 ) indicam que o m étodo de es­


terilização da ponta do bisturi e!étrico na grande maioria dos hos­
pitais ( 13 , representando 81,25 % ) é falho. Conform e a literatura ( 23 )
deve-se utilizar a estufa a 50.0 C e a 5 % por 2 hs. de exposição
(verificado um hospital - 6 . 25 % ) . Deve-se mencionar ainda que os
1 1 hospitais ( 67,75 % ) que utilizavam agentes químicos não limpa­
vam a ponta do bisturi (lâmina ) antes, de utilizá-lo no paciente,
o que deve ser feito pel o instrumentador p ois são substâncias irri-,
tantes de mUCosas e tecido s internos.
444 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

TABELA 7

Número e percentagem de hospitais segundo a solução utilizada para


a limpeza do chão entre uma cirurgia e outra. Distrito de Sã o Paulo,
1 974 .

Hospitais
Agente Químico
n.o %

FS2 5 3 1 ,25

Agua e sabão 3 18,75

CQA - Fa 3 18,75

Fa 2 12,50

Agua e sabão - Fa 2 12,50

Fb 1 6,25

TOTAL 16 100.00

Critério utilizado - considerado adequado quando utilizado um


desinfetante dentro das recom endações de utilização dos produtos .
Foi aceita também como adequada a utilização de somente água e
sabão pois desde que, usada associada a uma açã o mecânica com
pano limpo e individual para cada sala, a técnica é eficiente . ( I? )

A limpeza do chão entr e uma cirurgia e outra ( Tabela7 ) foi


adequada, com exceção de um hospital ( 6 .25 % ) que realizava esta
limpeza com uma s olução à base de formol ( solução Fb ) , desacon­
selhável por ser altament e irritante às mucosas das vias aéreas su ­
periores quando em concentração com ação bactericida .
A escolha do produto químico variou d o mais simples e econô ­
mico ( água e sabão ) a substâncias mais sofisticadas, mas como j á
frisamos n o ítem d e "critérios d e adequação", o importante real­
mente é a maneira pela qual esta limpeza é realizada ; consideramos
apropriada a água e sabão pois além de eficiente , vai de encontro
a realidade da situação econômica de diversos hospitais .
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 445

TABELA 8

Número e porcentagem de hospitais segundo o agente químico uti­


lizado para a limpeza semanal ( f axina geral ) do Centr o Cirúrgico .
Distrito de Sã o Paulo, 1974 .

Hospitais

Agente Químico
n.O %

CQA - Fa 4 25 ,00

Água e sabão - agente químico 3 18,75

FS. 3 18,75

Água e sabão 3 1 8,75

FS , 2 12,50

Fa 1 6,25

TOTAL 16 1 00,00

Critério utilizado - considerada adequada quando feita , manual­


mente ou com auxílio de máquina n o mínimo uma vez por semana
com solução desinfetante ou água e sabão no chão, paredes, acces­
sórios e submetidas a aeração.

Todo s os hospitais utilizavam soluções adequadamente ( Tabe­


la 8) e mencionaram lavarem com mangueira as paredes e esfregar
o chão manualmente ou com o auxílio d e máquina . A boa aeração
do ambiente não foi mencionada como fator d e importancia, o que
demonstra não ser levado em consideração este coadj uvante essen­
cial da limpeza adequada.
T A B E L A 9

Número e porcentagem da utilização de agentes químicos em relação ao tipo de material em Ho sp i ta is do

Distrito de São Paulo, 1974

A G E N T ES Q U t M I C O S

Relação CQA -+- Fa * FS2 CQA + Fa Fa Fc solução água e total

com tipo de especial sabão


material n .O % n .O % n .O % n .O % n .O % n .o % n .O % n .O %

Adequado 12 92,3 5 1 00 9 69 ,2 3 42 ,8 2 92,0 6 35,6 37 46,3

- 4 57,2 21 92,0 2 100,0 11 64,4 43 53,7


Inadequado 1 7,7 4 30,8

TOTAL 13 1 00,0 5 100 13 100,0 7 100,0 21 100,0 2 100,0 17 100,0 80 100,0

Critério utilizado - os c ri t ér io s utilizados na t a b e l a 9 e st ão dentro do "item e ".


REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 447

. Com o intuito de se ter uma visã o geral da adequação da utili­


zação de agentes químicos em relação ao tipo de material no qual
sã o empregados, reunimos O s dados na tabela 9 . Observa-s e que 37
vezes ( representando 46,3 % ) o agente químico foi usado de ma­
neira adequada. A este valor deve -se somar a utilização do pro­
duto FSi que não foi inclui do na tabela por ter sido utilizado so­
mente uma vez.

Verifica-se que 43 vezes ( representando 53 ,7 % ) os agente s quí­


micos foram usados de maneira inadequada quanto ao material no
qual foram empregados . Deve-se somar a este valor os produtos Fb,
CQA que não foram incluídos na tabela 9 , por terem sido utili ­
zados, também inadequadamente, soment e por uma vez.
A inadequação do produto CQA + Fa * foi devido a sua utiliza­
ção para a "ponta do bisturi elétrico" ( tabela 6 ) .
As inadequações da utilização do produto CQA + Fa foram no
seu emprego para as sondas endotraqueais (tabela 4 ) ( 2 vezes re­
presentando 15,4 % ) , para as sondas de Guedel ( tabela 3) ( uma vez
representando 7,7 % ) e para a s escovas ( uma vez representando 7,7 % )
( tabela 2 ) .
O produto Fa foi utilizado de forma inadequada (4 vezes repre­
sentando 5 7 ,2 % ) pois foi empregado para a esterilização das escovas
cirúrgicas. ( Tabela 2 ) .
O número de vezes da utiização inadequada do parafórmico a
5% ( produto Fc ) foi grande, 2 1 vezes ( representando 92, 0 % ) : dos
hospitais visitados 6 utilizavam a pastilha de formalina sem o uso
do calor seco coadj uvante, como agente esterilizante da s sondas en­
d otraqueais ( tabela 4 ) , 9 para as pontas do bisturi elétrico ( tabela
6 ) , 5 para as sondas de Guedel ( tabela 3 ) , 1 para as lâminas de
bisturi e tesouras ( tabela 5 ) . Ressaltamo s que em 3 hospitais foi
observado o uso de antigas " estufas d e formalina" sem temperatura
e concentração controladas. Nas vezes em que se verificou sua uti­
lização, em nenhuma delas foi citado teste s bacteriOlógicos periódi­
co s qu e comprovassem sua efetividade . Por ser uma aparelhagem
que não possui mei o de control e de funcionalidade, não substitui
de nenhuma maneira as estufas convencionais. Em duas situações
foi utilizada uma solução especial de formalina e Zefirol em con­
centração nã o controlada, para a "esterilização" do material cor­
tante ( tabela 5 ) e escovas usadas na degermação ( tabela 2 ) ,
Considerou-s e a l avagem com água e sabão inadequada ( 1 1 ve­
zes representando 64,4 % ) , quando utilizada como método umco no
preparo das sondas endotraqueais (6 vezes - tabela 4 ) e sondas
Guedel (5 vezes - tabela 3 ) .
448 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

o uso do produto eQA, antisséptico usad o como método válido( 14 )


para o preparo da pele das equipes cirúrgicas foi considerado obvia­
mente inadequado quando utilizad o como agente e sterilizante das
escovas cirúrgicas. ( Tabela 2 > .
A inadequação do produto Fb foi na sua utilização para a lim­
peza do chão . ( Tabela 7 ) .

TABELA 1 0

Número e porcentagem da utilização de agentes químicos e m relação


com o tempo de exposição e concentração em Hospitais do Distrito
de São Paulo, 1 974 .

Tempo de A g e n t e s Q u í m i c o s
exposição e
CQA + Fa* Fc Total
concentração
n.O % n.O % n.O %

Insuficiente 3 23,2 21 9 1 ,3 24 66 7 ,

Suficiente 5 38,4 2 8,7 7 29,4


Exagerado 5 38,4 5 13,9

TOTAL 13 100,0 23 100,0 36 1 00,0

Critério utilizado - os critérios utilizados n a tabela 10 estão dentro


do "item e " .

Quanto ao tempo de exposição e concentração ( tabela 1 0 ) veri­


ficou-se que apenas em 7 vezes o agente químico foi utilizado correta­
m ente e de forma controlad a : 3 vezes e QA + Fa * utilizado para o
m aterial cortant e ( tabela 5 ) , 1 vez para as sondas Guedel ( tabela 3 )
e 1 vez para a s sondas endotraqueais ( tabela 4 ) , 2 vezes Fc 5 %
em estufa a 5 0 0e para lâminas de bisturi ( tabela 5 ) e ponta de
bisturi elétrico ( tabela 6 ) .
Em 24 vezes ( representando 66 ,7 % ) o uso da solução química
foi "insuficiente", sem padronização quanto ao tempo de exposi­
ção e sem uma c oncentraçã o que atingisse o obj etivo proposto, sej a
como desinfetante, ou como esporicida conforme o caso.
O uso inadequado do eQA + F a " quanto a o tempo de expo­
sição e concentração (3 veze s representando 23,2 % ) foi na utiliza­
ção deste agente para a e sterilização das escovas cirúrgicas . Verificou­
se que após serem utilizadas pela s equipes cirúrgicas a s escovas eram
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 449

lavadas e colocadas num recipiente com esta solução onde j á se en­


contrava outras escovas com período de exposição em andamento ;
doi s problemas que advem desta técnica invalidam a ação da solução
como agente esporicida : a ) a solução constantemente contaminada
pela colocação alternada de novas escovas e pelas mãos d o membro da
equtpe cirúrgica ao pegar uma escova dentro da solução ; b) as escovas
lavadas colocadas m olhadas alternando a concentração da solução.
Das 23 vezes que foi utilizado o produto Fc, foi empregado com
tempo de exposição e concentraçã o insuficientes por 21 vezes ( re ­
presentando 9 1 ,3 % ) ( vide comentário d a tabela 9 ) .
No emprego do CQA + Fa * em 5 ocasiõe s ( representando 38,4 % )
o tempo de exposição e concentração foram exagerados, isto é, o
material submetido a preparo era colocado na solução química em
concentração muito alta onde permaneciam durante tempo muito
maior que o estabelecido : 3 vezes para o material cortante ( tabela
5 ) , 1 vez para sonda endotraqueal (tabela 4 ) , 1 vez para sondas
Guedel ( tabela 3 ) .

TABELA 11

Número e porcentagem da utilização d e agentes químic os em relação


ao enxague do material antes de ser usado no paciente em Hospitais
do Distrito de São Paulo, 1974.

Enxague do A G E N T E QUíMICO
material antes
CQA + Fa * CQA + Fa Fc solução Total
de ser usado
especial
no paciente
n.o % n.o % n .o % n.O % n.o %

Sim 4 40,0 4 1 1 ,4

Não 6 60,0 1 100,0 23 100,0 1 1 00,0 31 8 9,6

TOTAL 10 100,0 1 100,0 23 1 00,0 1 1 00,0 35 1 00,0

Critério utilizado - os critérios utilizados na tabela 11 estão dentro


do "item C" .

Dentro da problemática d e que alguns materiais qu e são utili­


zados diretamente no paciente não podem ser submetidos a um pro­
cesso físico de esterilizaçã o e desinfecção necessitando o emprello ou
450 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

auxílio de um produto químico, um outr o inconveniente se apresenta,


p ois geralmente os agentes químico s empregados causam irritação
nos tecidos ; neste aspect o verifica-se (tabela 1 1 ) que apenas 4 ve­
zes ( representando 1 1,40 % ) foi referido que posteriormente ao tra­
tamento químico o material era submetido a enxague com água cor­
rente ou água ou s oro fisiológidos estéreis : 2 vezes sonda de Guedel
e 2 vezes sonda endotraqueal, com água corrente, 31 vezes ( repre­
sentando 89,60 % ) não foi observado este cuidado : 6 vezes com ma­
terial cortant e osando a soluçã o CQA + Fa * ( tabela 5 ) ; 1 vez nas
s ondas endotraqueais ( tabela 4) com a solução CQA + Fa, produto
e ste inapropriado para este tipo de material (tabela 9 ) ; a s 23 vezes
que foi empregado o produto Fc não se observou este cuidado, o
mesmo ocorrendo na utilização, por 1 vez, da solução especial para
material cortante ( tabela 5 ) .
Quanto à realização de testes bacteriológicos para testar a efi­
ciência do a gente químico, verificou-se que em 100 % dos hospitais
visi tados ( 16 ) eles não eram realizados.

v - RES UMO E CONCL USõES

Com o obj etivo de verificar se os agentes químicos são utiliza­


dos adequadamente para os vários fins e m ateriais a que se desti­
nam, foram visitados 16 hospitais do Distritos de São Paulo, entre­
vistando-se o responsável pel o serviço de enfermagem e o respon­
sável pelo Centro Cirúrigco e Departamento Centralizado de Mate­
riais. Além das entrevistas foi feita uma visita aos locai s para uma
observação direta.
A análise da situação baseou-se nos dados obtidos com relação
a utilização de agentes químiCO S para a degermação e na metodolo­
gia pré-cirúrgica de antissepsia, para o preparo das escovas Cirúrgi­
cas, das sondas endotraquais e de Guedel, do material cortante, da
ponta de bisturi elétrico, na limpeza da sala de operações entre uma
cirurgia e outra e limpeza terminal e na comparação do emprego do
produto químico, quanto a sua adequação ao material, tempo de
exposiçã o e concentrações utilizadas, tendo como base as referências
utilizadas.

Os dados obtidos revelaram :

V . I . falta d e conscientizaçã o em relação às possibilidad es de


uso do s agentes' químiCOS e suas límitações ; ( Tabelas 9 e lO)

V.2. falta de adequação do a gente químico ao material (Ta­


bela 9 ) ;
REVISTA BRASILEIRA D1i ENFERMAGEM 451

V. S . falta de padronizaçã o na utilização dos agentes quimicos


( Tabela 10) ;
V . 4 . não realização d e teste s bacteriológicos para testar o
efeito do agente quimico .
Parece-nos lícito inferir que a seleção do agente quimic o é re­
lacionada mais com problemas econõmicos do que com a eficiência.
Ante os resultados da análise dos dados c oncluimos que a pos­
sibilidade de c ontaminação do paCiente é alta, dando a ele p ortanto,
pequena margem de segurança no ambiente da s salas de operações.
Se por ventura for verdadeira as afirmações de "não há infecçã o em
nosso hospital" o que ouviu-se diversa s vezes, só S e pode aceitá-la
supondo que o esquema de antibióticoterapia sej a irrestrito, o que
s em dúvida causa prej uizos incalculáveis ao pacient e e a todos os
demais indivíduo s que vivem num ambiente com microorganismos
de cepas resistentes.

VI - REFERP:NCIAS BIBLIOGR.ÁIFCAS

1. AYLIFFE , G . A . et a!. - Hospital infections with Pseudomonas ln


Neurosurgery. Lancet, 8 : 221-365, Aug. 2 1 .
2. BALLINGER, W . F . et aI. - Alexander's care of the patient ln surgery.
5 th ed. Mosby , st. Louis, 1972.
3. BORICK, P . M . - Chemical sterilizers. Advances Appl. Microbiol., 1 0 :
291-312, 1968.
4. BOUCHER, R . M . G . - Advances in sterilization techniques - state
of the art and recent breack throughs. Am. J. of Pharmacy, 29: 661-
672, Aug. 72.
5. BURDON, D . W . ; WITBY, J . L . - Contamination of hospital desin­
fecta ntes with Pseudomonas sp. Brit. Med. J., 2 : 153 - 7 , 1967.
6. COLLE, J . G. et aI. - Sterilization and desinfection procedures in a
companion to medical studies. London Blackwell Scientüic Publication,
Vol. II, págs . 1840- 1844, 1970.
7. CRISTOVAO, D . A . ; COTILLO , Z . L . G . - Esterilização e desinfecção
- Postila do Departamento de Microbiologia da Faculdade de Saúde
Pública, USP, 1968.
8. DARROW LABORATORIOS, S . A . - Modernas técnicas de assepsia
hospitalar (postila) , 1974.
9. DAVIS - DURECCO - EISEN - GINSBERG - WOOD - Micro­
bioloigai - Fisiologia bacteriana. Edart, São Paulo - MEC , 1973,
!pág. 344-35 1 .
10 . DAVIS, J . G. - Chemical Sterilization. Progr. Industr. Microb., 8:
141 -208, 1968.
11. DEWAR, N . E . - Classes of Antimicrobial Agent s , Sanitary bacte­
riology in Graduvene's clinical Laboratory Methods and Diagnosis. C .
U . Mosby CO. st. Louis, USA , 1970.
12 . ENGLEY, F . B . Jr. - AMN. N . Y . Acad. S e i . , 53 : 181- 197, 1950.
13 . GmERTONI, J. - Avaliação de um método de antissepsi a de pele
de mãos e antebraços de equipes cirúrgicas, sem uso prévio de escova
e sabão. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. Univ. S. P aul o, 28 : 42- 5 1 , 1973.
452 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

14 . LAWRENCE, C . A . ; BLOCK, S . A . - Disinfection, Sterilization and


preservation. Lea G. Febiger, Philadelphia, 1968.
15 . LEE , J. C . ; FlALKON, J . P. - Benzalconium chloridre source of hos_
pital infection with Gram negative bacteria. JAMA, 1 7 7 : 708-710, 196 1
16 . LE MAlTRE, G. ; FlNNEGAN, J. - The patient in surgery. 2nd ed.
Saunders , Philadelphia , 1 9 7 0 .
17 . LlTSKY, B . Y . - Environment control : the operating room. AORNJ�
1 4 : 39 - 5 1 , July , 1971.
18 . MORTON, H . E . - Alcohol, in Disinfection, Sterilization and Preser­
vation. ln PRlNDLE, R . F . ; WRGHT, E . S . - Phenolic compounds in
disinfection, sterilization and preservation. Ed. C . A . Lawrence and S .
S . Block. Lea & Febiger, Philadelphia, USA , 197 1 , pág. 237-25 l .
19 . PERKlNS, J . J . - PrincipIes a n d Methods of Sterilization in Health
Sciences. 2nd ed. Springfield , Charus C. Thomas Publisher, 1969.
20 . POHL, W. - Problemas de esterilização . (postila) . 1972.
21 . PRlCE, P . B. - Present day metrods of d isinfecting the skin . Survey
of disinfectants and technics currentIy employed in the hospitais of
the United States and Canada. Surgery, 61 : 583-88, 1950.
22 . PRlNDLE, R . R . ; WRlGHT, E . S . - Phenolic compounds in desin­
fection, sterilization and preservation. Ed. C . A . Lawrence and S . S .
Block, Lea & Febiger, Philadelphia, USA, 1 9 7 1 .
23 . SALZANO , S . D . T . - Estudo da ação do parafórmico n a s bactérias
em forma esporulada . Rev. Esc. Enl. USP., 2 (2) : 46-57, set. 1 968.
24 . SANFORD, J . P . - Desinfectants that don't Ann. Inter. Med., 72 :
282-3, Febr. 1970.
25 . SIMONS , N . A . et aI. - Bacterial contamination of a phenolic di­
sifectant. Brits. Med. Journ., 2: 668 - 9 , 1969.
26 . SMITH, C . R . - Mycobacterial agents in disinfection , sterilization and
preservation. lN PRlNDLE, R . F . and WRlGHT, E . S . - Phenolic
compounds in disinfection, sterilization and preservation, Ed. C . A .
Lawrence and S . A . Block, Lea & Fibiger, Philadelphia , USA, 1971.
pá g . 237-25 l .
27 . SPAULDlNG, E . H . - Role of chemical disinfection in the preservation
of nosocomial infections in proceedings of the lnternational Confe­
rence on Nosocomial lnfections ( C . D . C . ) pág. 247.
28 . SPAUDlNG, E . H . - Chemical disinfection in the hospital . J. Hos.
Res., 3, 1965.
29 . SPAULDlNG, E . H . - Chemical disinfection of medical and surgical
materiais in desinfections, sterilizations and preservation. Arch. Surg.,
96 : 5 1 7 - 3 1 , 1968
30 . STAlNER, R . Y . ; DOUDOROFF, M. ; ADELBERG, E . A . - O Mundo
dos Micróbios. Edgard - USP, 1 96 9 . pág . 342-353.
31 . U . S . Dept. of Health Education and Welfare - cleaning, disinfection
and sterilization in environmental a spects of the hospital - Vol. I,
Infection Control, P . H. S . Pub. n.o 930 C - 1 5 , Washington, 1967.
32 . WlLLIANS , R. et aI. - Hospital infections causes and prevension,
sterilization or disinfection by chemicals. 2nd ed. Lloyd-Luke, Londres,
1966, pág. 3:xJ.
33 . ZANON, U. - Avaliação da atividade p.seudomonicida dos desinfetantes
mestre Terrapeutico, 28 : 48-64, Dez. 1973.
34 . ZANON , U. - Avaliação da atividade pseudomonicida dos desinfetantes
hosp it al ares . RPH., 21 (5) : 2 1 1 - 17, 1973.
REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM 453

35 . ZANON, U. - Contribuição à Padronização de desinfetantes e an­


tissético s . Pato Gemi, 9/1 0 137-145 , 1972.
36 . ZANON, U. et aI. - Atividade tuberculicida dos desinfetantes hospi­
talares. Pato Geral, 9/1 0 : 133-8, 1973.

ANEXO I

NOME DO HOSPITAL : ....................................... .......................................... . ........ . . . . . ............ . . . . ..... " " " " " " "

Agente químico Concentração Utilização Tempo de


usada exposição

ANEXO II

Agentes químicos utilizados em :

1. Instrumental,
2. Ponta de bisturi elétrico,
3. Conservação de pinça servente, qual o tempo de troca da solução,
4. Conservação de fios,
5. Limpeza da S . O . de uma operação a outra,
6. Limpeza do piso do C . C . ,
7. Limpeza terminal das paredes,
8. Limpeza dos aparelhos na S . O . ( aspirador, AGA) ,
9. Solução colocada no aparelho de aspiração na sala,
10 . Degermação e antlssepsia de mãos e antebraços,
11. Solução usada na sala contaminada,
454 REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

12 . Tubulações de popietileno,
13 . Instrumentos óticos,
14 . Equipamento de anestesia,
15 . Equipamento de e ndoscopia,
16 . Catéteres de hemodinâmica,
17 . Outros materiais elétricos,
18 . Material de borracha,
19 . Bird .
20. Ampolas,
2 1. Escovas.

Há realização de teste s para se verificar a ação dos agentes quí ­


micos utilizados? Como s ã o feitos estes testes ?

Você também pode gostar