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Diplomacia na Antiguidade Clássica

O atual sistema de representação externa dos estados nacionas-rede de embaixadores, corpo


diplomático, outras instituições oficiais no exterior poderá estar inadaptado ou em via de
sofrer alterações profundas, tanto mais quanto correspondente a uma estrutura
razoavelmente conservadora, cujas raízes mergulham numa tradição européia de mais de três
séculos.

Pouco depois, quando os tratados de West-falia põem termo a guerra, estabelecem-se


algumas das bases do moderno sistema europeu dos Estados-nações, dotados de soberania
sobre determinada população, ocupando determinado território.

Estavam assim criadas as condições para a formação de uma rede diplomática feita de
representantes permanentes dos Estados, acreditados junto dos outros prolongando os
acontecimentos originários das repúblicas Italianas da Renascença.

O sistema de embaixadas desenvolvendo-se desde o tempo do absolutismo real do século XVII


até ao " concerto europeu" que foi dominante no século XIX e se estendeu por grande parte
do século XX. Aliás o congresso de Viena de 1815, convocado pela principal austríaco
Mettemich para organizar a vida internacional européia após a aventura napoleônica,
consolidou as regras funcionais dessa diplomacia clássica, assente precisamente na igualdade
soberana dos estados.

Entendida como representação pessoal de soberano, a diplomacia era assim essencialmente


liberal, ocupando-se das relações Estado a Estado. Em circunstâncias internacionais, já de
natureza multilateral, mas de um " multilateralismo pontual" na medida em que se dissolvia
quando terminava a agenda que as motivava. Citamos acima a conferência de Viena de 1815,
poderíamos acrescentar a conferência de Berlim 1884-1885 ou de Versalhes de 1919-1920,
como exemplo relevantes de momentos altos e excepcionais da mesma, essa é restrita e
limitada em conformidade com o panorama internacional da altura. Basta ver o titulo de
exemplo que antes de 1914, em Roma residiam apenas duas dezenas de embaixadores e em
Washington apenas catorze comprivativamente, a maior concentração e verificasse em Viena,
Londres, Paris e Berlim.
Factos Históricos da Diplomacia na Antiguidade Oriental

As referências mais significativas acerca do uso de intermediários ou negociadores em


documentos da antiguidade oriental são talvez as que se encontram nos livros dos Juízes, nos
livros de Samuel, nos livros de Reis e nos livros de Macabeus, compreendendo a época que vai
de século XIII ao século III antes de Cristo.

Apesar destes livros serem muito mais ricos em referências ao uso da violência e estratégia
militar ao relatarem as relações do povo hebreu com os outros povos, nem por isso deixam de
mencionar algumas instâncias em que o povo hebreu recorreu a prática de negociação, através
de mensageiros ou enviados.

* No livros dos Juízes, por exemplo refere-se que Japta enviou mensageiros para negociar com
os Amnomitas e no segundo livro de Samuel diz-se que Abner, que controlava a de Saul,
enviou mensageiros a David para negociarem e trasmitirem com as diferenças existentes entre
as casas de Saul e David.

Uma das diversas referências interessantes e significativas é aquela que é feita no segundo
livro dos Reis a um mensageiro do rei assírio Senacherib ( 705-681 a.C) enviado ao rei da Judeia
Hesekiah ( 716-687 a.C) para lhe propôr a submissão ao rei da Assíria.

As palavras atribuídas pelos livros dos Reis ao enviado assírio são, porém, do maior interesse
pelo confronto que nelas se faz entre o método de negociação, por outro lado éo método
militar, por outro declarando naturalmente a supremacia deste ultimo. O discurso do
mensageiro assírio, dirigido aos representantes do rei da Judeia que foram ao seu encontro,
inicia-se assim: Dizei a Hesekiah: Assim fala o grande rei, o rei da Assíria- O que te da tanta
confiança? Achas que palavras ocas são tão boas como estratégias a força militar?

Nestas palavras se denota o reconhecimento da existência de uma dualidade de instrumentos


políticos: a negociação ou as palavras ocas, no dizer de assírio, e o emprego da força militar, ou
seja, aquela antinomia de paz e guerra de que falam as Leis de Manu.
Diplomacia na Antiguidade Oriental

Uma breve análise da evolução histórica da diplomacia ajudar-nos-a na elaboração do seu


conceito, visto tratar-se de uma atividade que mergulha as suas riquezas profundas na história
longínqua da humanidade e que, através dos seculos, sofreu diversos vicissitudes e
transformações, o que permitira destinguir com maior nitidez aquele que é essencial,
permanente, ou aquilo que é apenas acessório e passageiro na instituição.

Com efeito, o uso de representantes detentores do poder politico para estabelecerem


contactos de varias naturezas entre duas unidades políticas, remonta aos tempos primitivos,
logo que surgiram as primeiras organizações de carácter político. Não possuímos certamente
documentação sobre está matéria relativa aos tempos pre-históricos. Mas o finlandês Ragnar
Numelim, num estudo profundo e bem documentado, publicado em 1950, sobre o "
diplomacia " dos povos primitivos demostra o perfeito conhecimento destes povos do uso de
mensageiros e enviados entre as diversas tribos para tratarem de assuntos de interesse
comum.

No que se refere a esta antiguidade existem referências diversas ao uso de intermédios entre
os povos orientais nomeadamente entre os egípcios, assírios, babilônios, hebreus, chineses e
hindus.

* Quanto aos egípcios existem documentos que comprovam a utilização da troca de enviados
entre os faraós do Egipto e os monarcas vizinhos. Estão nisto as cartas de Tell-el Amama e o
tratado concluído em 1078 antes da nossa era entre o faraó Ramsés II e o rei dos Hititas,
Hatursi II, documentos descobertos em 1887-1888 no palácio de Amenofis ou Aminotep III (c.
1411-1375 a.C) e Amama, a cidade do antigo Egipto, a meios caminho entre Mênfis e Tebas,
que o sucessor de Amenotep III, o famoso Ikhanaton, transformou na capital de seu reino.
Nestes domcumentos fazem-se com efeitos referência e enviados traçados entre os Egípcios,
a Assíria, Babilônia e o reino dos Hilitas.

* Sobre os assírios existe uma notável biblioteca Cuneiforme da dinastacia Sargonidas, fundada
por Sargon II ( 772-705 a.C) que contém abundante documentação sobre a actividade externa
de Assurbanípal ( 668-626 a.C), o ultimo grande rei da Assíria.

Nesta documentação fazem-se referência numerosas a enviados do rei assírio junto dos
monarcas vizinhso, especialmente da Babilônia e do Elam.

* Os anais da velha China testemunham igualmente da existência de regras protocolares a


aplicar nas relações entre as diversas nações se bem que o império do Meio, sempre muito
fechado, não estimulassem muito os contactos com o exterior. Nas leis de Manu, que
remotam ao século III a.C e constituem um dos pilares da civilização Hindu, fazem-se
referências importantes ao uso intermediário entre os vários países, nelas se encontram até a
seguinte afirmação acerca da utilidade da diplomacia " A paz e o seu contrário ( ou seja, a
guerra) dependem dos embaixadores, pois são estes últimos que criam e separam os aliados.

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