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A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA DE GADAMER E OS CAMINHOS PARA A

COMPREENSÃO POR MEIO DO PRECONCEITO

RESUMO: Este projeto está circunscrito na hermenêutica de Gadamer. A pesquisa será


norteada, principalmente, pelos seus livros Verdade e Método I e II. O objetivo desta pesquisa
é investigar o papel do preconceito (​Vorurteil) ​na constituição da compreensão (​Verstehen​).
Por meio da análise do conceito de preconceito, pretende-se mostrar como se dá o processo da
compreensão hermenêutica do ponto de vista desse autor. É indispensável, para esse objetivo,
ressaltar a importância que Gadamer dá as ciências do espírito (​Geisteswissenschaften) em
detrimento das ciências da natureza. Nessa perspectiva, se tornará evidente o papel relevante
que o autor confere ao preconceito, que sob influência do iluminismo (​Aufklärung)​, foi
indevidamente vilipendiado e desprezado.

INTRODUÇÃO

Emerich Coreth (1973, p.45) afirma que “o problema da hermenêutica é o problema


da compreensão". A hermenêutica se tornou uma das áreas da filosofia desde o seu
surgimento. Mantzavinos (2016) indica, em seu verbete1, que Johann Conrad Dannhauer foi
o primeiro a apresentar um livro sistemático sobre hermenêutica geral intitulado ​A ​Idea boni
interpretis et malitiosi calumniatoris​, de 1630, onde introduziu o termo ​hermenêutica,
nomeando assim, um método de análise geral. A intenção deste trabalho era suplementar o
Organon Aristotélico para distinguir entre o verdadeiro e falso2 significado de qualquer
texto. A hermenêutica é explicitamente geral no seu âmbito de aplicação, relevante para
todos os domínios científicos e aplicável à comunicação oral discursiva e textos de todos os
autores. Uma série de autores seguiu o exemplo de Dannhauer, que estabeleceu o locus
sistemático da hermenêutica dentro da lógica (Schönert e Vollhardt 2005). O mais notável é
o trabalho de Johann Clauberg (1654), que introduziu sofisticadas distinções entre as regras
de interpretação com respeito à sua generalidade e clarificou a captação da intenção do autor
como um objetivo valioso da práxis interpretativa. Assim, uma hermenêutica geral existiu,
pelo menos, dois séculos antes de Schleiermacher oferecer sua própria concepção no início
do século XIX.

Hans-Georg Gadamer, em seu Verdade e Método, fundamenta os princípios de uma


hermenêutica filosófica influenciada pela tradição filosófica desde Platão. Côrtes (2006)

1
​Tradução Livre. Texto original disponível online em: https://plato.stanford.edu/entries/hermeneutics/
2
​Em latim: verum sensum a falso discernere

1
considera Verdade e Método como uma obra de maturidade, pois foi escrita após Gadamer ter
lecionado, por mais de dez anos na Universidade de Heidelberg, várias disciplinas filosóficas
sobre os clássicos e a história das chamadas ciências do espírito, reconstituindo uma senda
que, remotamente, foi inaugurada no dualismo racionalista de Immanuel Kant (1724-1804);
atravessou a hermenêutica de Friedrich Schleiermacher (1768-1834); e, a partir daí, percorreu
os caminhos da filosofia do espírito de G.W.F. Hegel (1770-1831); do historicismo de
Wilhelm Dilthey (1833-1911); fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938); da
fenomenologia do saber de Max Scheler (1874-1928); assumiu a tônica weberiana do
existencialismo de Karl Jaspers (1883-1969); e, por fim, chegou até a investida ontológica de
Martin Heidegger (1889-1976). Sampaio (2000) indica que a Hermenêutica de Gadamer pode
ser interpretada como uma continuidade do pensamento de Heidegger em Ser e Tempo, em
contrapartida para Rohden (2011) ambas comungam de muitos conceitos, mas é verdade
também que são propostas filosóficas distintas. Com relação ao método filosófico, parece que
Heidegger é, por assim dizer, mais ‘analítico’, aristotélico, ao passo que Gadamer pauta-se
pelo dialógico, dialético, socrático-platônico. Embora o projeto filosófico gadameriano não
seja compreensível nem factível sem a contribuição de Heidegger, ele possui especificidades e
uma originalidade que precisa ser levada em conta quando nos adentramos no terreno da
hermenêutica. Uma dessas especificidades, segundo Vila-Chã (2000) é a insistência, de modo
muito especial, na relação entre pensamento e linguagem, o que se poderia daí resultar em
uma v​irada Hermenêutica3.

A Hermenêutica para Gadamer se impõe onde não há entendimento com os demais e


consigo próprio. Para Minayo (2008, p. 83), o processo de entendimento está presente em
todo conjunto da experiência de vida em que a linguagem escrita, falada ou simbólica,
demonstra aspectos da realidade humana. Quando há uma dificuldade dessa compreensão da
linguagem é necessário, segundo o autor, afastar-se para que consigamos apreender um
sentido mais originário e assim ter uma nova perspectiva, uma abertura para o compreender.
De acordo com Cordeiro (2011), um sentido mais originário designa uma estrutura primária
da relação do homem com o mundo, anterior às relações lingüísticas de afirmar e negar,
compor e decompor​. A teoria hermenêutica de Gadamer pretende explicar como escapar do
círculo fechado das opiniões prévias, o que, segundo o autor, impossibilita a compreensão. A
falha nesse processo do compreender se manifesta, sobretudo, quando se é orientado por

3
​Ver Vila-Chã, 2000, p. 305.

2
preconceitos. Esses estão enraizados e, segundo Gadamer não há àquele que não o tenha, pois
ele configura as opiniões prévias de todo homem. Gadamer afirma que há formas básicas de
preconceitos que devem ser, não eliminadas, mas tornadas conscientes (Gadamer, 1997, p.
358). Devemos ter a consciência dos nossos preconceitos para que assim haja o afastamento
das opiniões arbitrárias, favorecendo assim, a compreensão. “Não é necessário que se
esqueçam todas as opiniões prévias sobre o seu conteúdo e todas as opiniões próprias. O que
se exige é simplesmente a abertura para a opinião do outro ou a opinião do texto.” (Gadamer,
1997, p. 358).

A importância da experiência hermenêutica para Hans-Georg Gadamer se funda na


busca pela autonomia do indivíduo e, certamente, o processo de compreensão e a tomada de
consciência dos preconceitos é caminho para isso. Vale notar que Gadamer não está se
referindo especificamente aos preconceitos étnicos, religiosos, sociais etc., ou seja,
preconceitos da estima humana, mas de uma forma ampla, daquilo que configura todas as
opiniões prévias, segundo ele: “É só o reconhecimento do caráter essencialmente
preconceituoso de toda a compreensão é que pode levar o problema hermenêutico a sua real
agudeza.” (Gadamer, 1997, p. 360).

A consciência de preconceitos se dá por meio de uma abertura do homem, de um


encontro consigo mesmo, de um passo atrás. Foi Edmund Husserl quem explicitou a
necessidade de voltarmos às coisas elas mesmas. Diz ele, textualmente: "Queremos retornar
às 'próprias coisas'" (Husserl, 2012, p. 05). A abertura do homem provoca um estranhamento
frente às coisas. Quando isso ocorre, os preconceitos têm menos influência na compreensão
do discurso e assim a compreensão permanece de forma originária o que promove uma
consciência mais apurada, uma aproximação da ‘verdade’ do discurso.

A total ausência de preconceitos é impossível, no entanto a consciência e o


afastamento desses preconceitos é primordial para a compreensão. Isso pode ser ilustrado
quando imaginamos um pintor: ele se afasta da sua tela para ter uma visão periférica do que
está criando. Ele se aproxima do cavalete para dar as pinceladas mais técnicas e se afasta para
ter uma visão mais holística da sua criação. Quando observamos uma obra de arte, devemos
nos afastar para termos novas experiências. A hermenêutica segue esse mesmo processo:
quanto mais nos afastamos das coisas, mais condições teremos de apreender o sentido mais
originário do discurso. A reflexão hermenêutica é o processo pelo qual se pode afastar dos

3
preconceitos e se aproximar da verdade. Entende-se por ‘verdade’ algo como uma
verossimilhança de sentidos compartilhados por todos que participam de alguma forma do
discurso. Verdade, portanto, não tem o sentido de ‘certeza’, e sim de ‘jogo’. Nessa
perspectiva, a linguagem é um jogo que é jogado de diferentes maneiras, em diferentes
ambientes, há uma infinidade de jogos com diferentes ‘verdades’.

Para Gadamer, o uso da crítica hermenêutica não é suficiente para alcançar o ideal de
verdade. - É preciso que haja ​autorreflexão.​

Mas a crítica hermenêutica só adquire a sua verdadeira eficácia quando produz


autorreflexão, ou seja quando consegue refletir sobre o seu próprio esforço crítico,
sobre as suas próprias condições e dependências. Uma reflexão hermenêutica capaz
de realizar essa autorreflexão parece-me estar muito próxima de um verdadeiro ideal
de conhecimento, porque torna consciente a ilusão da própria reflexão. (Gadamer,
2007, p. 215)

Mas uma consciência crítica pode se motivar pelo o que critica e assim permanecer
presa aos preconceitos. Assim, o ponto de partida coincide com o ponto de chegada, estão na
mesma esfera, não se produz nenhuma novidade. Entretanto, quando há autorreflexão estamos
partindo rumo às outras esferas, numa perspectiva meta-reflexiva, favorecendo assim, a
construção de uma consciência hermenêutica. “A reflexão hermenêutica exerce assim uma
autocrítica da consciência pensante que retraduz todas as suas abstrações, inclusive os
conhecimentos das ciências, para o conjunto da experiência humana de mundo” (Gadamer,
2007, p. 215).

O que se pretende investigar neste projeto é o papel do preconceito na construção da


compreensão a partir da hermenêutica de Gadamer; como a consciência de preconceitos pode
fazer com que o homem chegue à reflexão e assim se torne mais autônomo. Todavia, a tarefa
Hermenêutica não consiste em desenvolver procedimentos de compreensão, mas, antes de
tudo, esclarecer as condições sob as quais ela surge (Gadamer, 1997, p. 391).

A partir da breve exposição acima, onde apresento em linhas gerais o tema do projeto,
seguem os objetivos gerais e específicos que darão corpo ao trabalho.

4
OBJETIVO GERAL

O Objetivo geral é analisar como se dá o processo de compreensão hermenêutica


partindo da análise do preconceito. Essa pesquisa tem como escopo principal os textos
Verdade e Método I e II, de Gadamer. O problema de pesquisa fundamental deste projeto,
portanto, é: sob quais condições o preconceito pode ser um caminho para conhecimento?

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Elucidar o conceito da hermenêutica filosófica de Gadamer no tocante à compreensão,


utilizando para tanto, o livro de Grondin (2003), que comenta os parâmetros da hermenêutica
filosófica de Gadamer.

- Analisar e discutir a diferença do conceito de compreensão do ponto de vista das ciências


humanas e das ciências da natureza, situada no capítulo II, da segunda parte de Verdade e
Método.

- Pesquisar a trajetória do termo ‘preconceito’ desde o iluminismo, como assim descreve


Gadamer em Verdade e Método I, (pp. 361 ss), buscando esclarecimentos também em
Trevisan (2002) que apresenta os fundamentos culturais e históricos da hermenêutica de
Gadamer.

- Descrever as nuances do elogio do preconceito de Gadamer, com base nos artigos de


Bresolin (2008) e Portocarrero (2010) que mostram a tratativa de Gadamer na reabilitação dos
preconceitos, além do livro de Grondin (2003).

JUSTIFICATIVA

Cabe fazer uma ressalva quanto a dificuldade de encontrar artigos e trabalhos em


Hermenêutica com abordagem filosófica sobre o tema desta pesquisa: a hermenêutica tem
prestado serviço nas mais diversas áreas, destacando-se, principalmente, na área jurídica. Em
suas diversas aplicações, sobretudo abordando o grande tema ‘interpretação’, encontramos
trabalhos na área da saúde4, psicanálise5, educação6, entre outros. Rohden (2011) corrobora ao
dizer que as pesquisas sobre hermenêutica são ainda relativamente incipientes se comparadas

4
​Ver Moreira, Lineuza Leite, 2017.
5
​Ver Amaral, Franco 2017.
6
​Ver Gusmão, 2018.

5
com o andamento de outras abordagens filosóficas. Outro sintoma dessa incipiência é a
vigência de imprecisões relativas às distinções entre a hermenêutica cunhada por Heidegger e
a desenvolvida por Gadamer7.

Gadamer, em seu Verdade e Método, resume brevemente a verdadeira pretensão e


intenção de sua obra. Nas palavras do próprio autor:

“... O fato de eu ter-me servido da expressão ‘hermenêutica’, que vem carregada de


uma longa tradição, conduziu certamente a mal-entendidos. Não foi minha intenção
desenvolver uma “doutrina da arte” do compreender, como pretendia ser a
hermenêutica mais antiga. Não pretendia desenvolver um sistema de regras
artificiais, capaz de descrever o procedimento metodológico das ciências do espírito,
ou que pudesse até guiá-lo. Minha intenção tampouco foi investigar as bases teóricas
do trabalho das ciências do espírito, a fim de transformar em práticas os
conhecimentos adquiridos. Se das investigações apresentadas aqui surgir alguma
consequência prática, isso certamente não ocorre para um ‘engajamento’ não
científico, mas em vista da probidade ‘científica’ de reconhecer o engajamento que
atua em todo compreender. Minha intenção verdadeira, porém, foi e continua sendo
uma intenção filosófica: o que está em questão não é o que fazemos, o que
deveríamos fazer, mas o que, acontece além do nosso querer e fazer.” (GADAMER,
1997, p.14)

Fixado o âmbito da hermenêutica em Gadamer, é preciso notar a dicotomia entre as


ciências naturais e ciências do espírito, o autor faz uma ampla análise contrastando a verdade
da proposição com a verdade das ciências do espírito. Para a Hermenêutica, o termo ​verdade
não se refere à verdade no sentido proposicional e sim no sentido de uma verdade mais
originária. A verdade para Gadamer é mediada pelo diálogo. Na Hermenêutica, há relação em
nível cognitivo e não entre objeto e significado; o que há, verdadeiramente, é outro modo de
proposição que pressupõe uma ação. Gadamer pretende superar o modelo dominante das
ciências do espírito, baseada nas ciências naturais, ​para propor uma nova compreensão, uma
compreensão hermenêutica das ciências do espírito, que decorre da própria existência
humana. O positivismo representa muito bem este modelo, puro e exato, que a hermenêutica
de Gadamer pretende superar para aproximar as ciências do espírito da arte.

Por outro lado, Gadamer não se propõe a eliminar completamente o método das
ciências naturais, pois reconhece que as estruturas da linguagem, embora não sejam reflexos
perfeitos da faticidade, são necessárias para o desenvolvimento humano. A crítica principal de
Gadamer diz respeito à tentativa de universalizar a linguagem, atribuindo valores fixos de

7
​Ver Rohden, 2011, p. 14-36

6
verdade a todas as proposições, de todas as ciências. Ora, de fato, o próprio conceito de
‘verdade da proposição’ frente à Hermenêutica não deixa de ser um contrassenso.

Os contrastes entre ciências naturais e ciências do espírito são cruciais para o


entendimento do projeto gadameriano no que se refere à compreensão hermenêutica. Côrtes
(2006) afirma que, para Gadamer, não se deve adotar nas ciências humanas o modelo
metodológico das ciências naturais, porque estas não explicam o que é especificamente
humano; na arte, na filosofia e na história estaria em jogo uma forma de conhecimento
irredutível à metodologia das ciências naturais. As ciências do espírito ou as ciências
humanas dizem respeito ao homem, são inseparáveis do seu próprio objecto de estudo,
desenvolvem-se através do aperfeiçoamento do próprio estudioso, promovem uma
formação que habilita o homem a conhecer-se a si próprio, e este autoconhecimento só
pode dar-se no interior da comunidade humana.

Em contrapartida, o Iluminismo se empenha em entender a razão como crítica e guia


de toda a experiência humana. Nesta perspectiva, a física de Newton, por exemplo, é acatada
pelos iluministas como a ‘ciência mãe’ ou como a ‘verdadeira filosofia’. Gadamer rejeita
ferozmente essa pretensão de um racionalismo histórico radical, caracterizado pelo discurso
objetificante das ciências da natureza. O iluminismo mantém viva as crenças e preconceitos
aos quais é sua obrigação destruir8. Para Grondin (2003) “Gadamer conduz sua própria crítica
do preconceito contra preconceitos sob o espírito dos iluministas. Ele coloca em questão um
preconceito que distorce a realidade do entendimento histórico. Há, portanto, preconceitos
que abrem o acesso para a coisa, que faz o entendimento possível.”9 Nessa perspectiva,
Gadamer foi impiedoso com os ​analistas lógicos:​ “A pretensão de uma ausência total de
preconceitos é uma ingenuidade, seja na forma delirante de um iluminismo absoluto, seja
como o delírio de um empirismo livre de todos os preconceitos da tradição metafísica, ou
ainda como o delírio de uma superação da ciência pela crítica ideológica. ”(Gadamer, 1997 p.
215).

A importância, portanto, da hermenêutica de gadamer para a filosofia é elevar o status


das ciências humanas, desconectando-as das pretensões objetivantes das natureza científica. A

8
Ver ​Abbagnano, 2012.
9
​“Gadamer conducts his own critique of prejudice against prejudices in the spirit of the Luminaries. He puts into
question a prejudice that distorts the reality of historical understanding. There are therefore prejudices which
open up access to the thing, which makes understanding possible.” (Grondin, 2003, p. 84) Tradução livre.

7
filosofia é esse exercício hermenêutico que quando unida à autorreflexão, permite o
surgimento de uma nova consciência. A medida em que há o reconhecimento dos
preconceitos, por meio da autorreflexão, há um favorecimento do desenvolvimento da
consciência hermenêutica. Eis que esse tal procedimento está aquém de qualquer escopo
meramente científico.

METODOLOGIA

Para alcançar o objetivo geral, qual seja, descobrir quais são as condições que tornam
o preconceito um caminho para o conhecimento, será articulada a reflexão em torno de quatro
abordagens: 1) inicialmente, a ideia é revelar aspectos marcantes da hermenêutica de
Gadamer, distanciando-a dos usos que mesma teve nos seus predecessores; 2) a seguir, será
evidenciado os aspectos divergentes entre as ciências naturais e as ciências do espírito, a fim
de preparar o terreno para inserir o termo ‘preconceito’; 3) em seguida, pretende-se voltar ao
século XVIII, a fim de recuperar no iluminismo todo o descrédito que foi conferido ao termo
preconceito, o que justificará a sua retomada por Gadamer sob uma outra ótica e 4) ao final,
de toda estrutura esclarecida em 1, 2 e 3, poderá se explicar porque o preconceito é
determinante na filosofia gadameriana e como este é fundamental no caminho para a
compreensão; para o conhecimento. O objetivo principal é de cunho especulativo de modo
que os conceitos serão apresentados em função das hipóteses de investigação apontadas nos
objetivos.

Propõe-se uma abordagem filosófica da hermenêutica de Gadamer à luz da análise do


preconceito, que será desempenhada tendo em vista a estratégia já exposta acima e as
referências citadas nos objetivos específicos. Obviamente, um aprofundamento e uma busca
mais abrangente em outras línguas sobre a temática, preferencialmente em alemão e inglês,
está entre os propósitos desta pesquisa. Utilizaremos artigos e livros indicados na bibliografia,
além de outras referências indicadas ao longo da dissertação. Espera-se um trabalho realizado
com rigor, principalmente no que diz respeito à qualidade das referências. O método que se
pretende utilizar, portanto, é a pesquisa bibliográfica.

8
CRONOGRAMA

9
REFERÊNCIAS

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