Fichamento do livro “As paixões da Alma” de Descartes.
Artigo 30º a 50º (Primeira parte).
1. Artigo 30º ao 33º: Sobre a Glândula.
Descartes diz que a alma está ligada a todo o corpo, considerando-o como algo Uno, indivisível e que a relação com a alma se apresenta nos órgãos do corpo. Contudo, o filósofo conclui que o lugar onde a alma se apresenta de forma mais forte seria em uma glândula localizada entre as duas partes do cérebro que distribui os espíritos que servem como mensageiros para o corpo, atravessando por suas cavidades. A glândula também seria o local onde as informações percebidas pelos sentidos seriam unidas em uma só mensagem. Ex. Vejo uma flor com dois olhos. Sinto o cheiro dela. Na glândula a imagem se tornaria uma, e sua relação com o cheiro me faria identificar que aquilo era uma flor.
2. Artigo 34º ao 39º: Ações e reações alma-corpo.
Nessa parte do texto Descartes descreve como a alma age no corpo e como o corpo age na alma. Tudo ocorreria por meio dos nervos onde o sangue passa carregando os espíritos. Quando referida uma ação da alma no corpo, quer dizer que a alma manda para o corpo um tipo de reação. Quando encontramos uma cobra, por exemplo, nossa alma apresenta o sentimento de medo, mandando a mensagem para o coração que bombeia sangue para a região dos pés para que consiga correr. Ao contrário, o corpo também age na alma deixando impressões. Quando se fura um dedo numa agulha, é mandado uma mensagem para a glândula que se manifesta com o sentimento de dor. Assim, se algum tempo depois o indivíduo tornar a ver uma agulha, rapidamente a alma agirá no corpo impedindo-o de aproximar, já que suas cavidades já foram perpassadas por tais espíritos. E ainda pode-se justificar as diferenças de reações entre indivíduos com base em experiências antigas passadas. Os espíritos não precisam necessariamente fazer um só caminho.
3. Artigos 40º ao 46º: O poder das paixões.
Assim, o principal efeito das paixões é fazer com que a alma queira e se prepare para agir. As paixões estão sobre o controle das ações que as produzem, enquanto a alma só pode modificar indiretamente, a não ser que ela seja a própria causa. Ocorre o contrário com as vontades, que são controladas por meio da alma e o corpo só pode às mudar indiretamente. A alma, desta maneira, controla o movimento, como no caso das memórias, onde a alma impulsionam os espíritos a procurar pelos poros do cérebro os mesmos movimentos já feito antes, assim, podendo recordar. Desta maneira, a vontade move os espíritos dentro de sua natureza. Ademais, as vontades não podem por si só modificar as paixões. Se tenho medo de aranha, a vontade em si não pode fazer com que eu evite correr em vez de enfrentá-lo. Porém, analisando de forma racional posso encontrar motivos que me persuadem a agir de outra maneira-correr irá me fazer passar vergonha, o sentimento heróico é positivo, me sentirei mais independente, etc. O motivo pelo qual a alma tem dificuldade de controlar totalmente as paixões, é porque essas são acompanhadas por emoções que se produzem no coração, de onde também são enviado sangue com os espíritos. As emoções mais fracas até podem ser controladas rapidamente, mas as mais violentas necessitam de calma para que a vontade consiga agir. (A vontade parece ser racional-talvez porque Deus fez minha natureza perfeita)
4. Artigo 47º ao 50º: A força da alma.
Definindo a alma como Una e indivisível, Descartes afirma que não existe determinadas áreas da alma que representam coisas diferentes, mas a mesma é sensitiva e racional. A luta entre os sentimentos e a razão só podem ocorrer na glândula que recebe impulsos da vontade, parte das paixões, e dos espíritos, que fazem parte do corpo. Assim, o movimento de um pode anular o outro. Deste modo, pode-se dividir os espíritos em dois tipos: os que apresentam os objetos que movem os sentidos (passivos) e os que provocam algum sentimento e acabam modificando a vontade. Por esse último pode-se medir a luta. Se a vontade for superior às paixões, a alma é forte. Caso contrário a alma é fraca. Contudo, ter uma alma forte não é suficiente se não tiver um conhecimento sobre as ações. Ademais, com a força do hábito até mesmo as almas fracas podem se esforçar para aprender e conseguir ter uma vontade racional mais forte.