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OS ANJOS

A Existência dos Anjos – Uma Verdade de Fé


A existências dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de
anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade
da Tradição.

A Participação dos Anjos na História da Salvação


1. Deus criou desde o princípio ambas as realidades: a espiritual e a corpórea, o mundo
material e o mundo angélico.
2. Os anjos não têm “corpo” (embora em determinadas circunstâncias se manifestem sob
formas visíveis, em virtude da sua missão à lei da corruptibilidade que é comum a todo
mundo material).
3. Os anjos são dotados de intelecto e de vontade livre, como o homem, mas em grau superior
ao dele, embora sempre finito. Os anjos são, pois, seres pessoais e, como tais, também eles,
são a “imagem e semelhança” de Deus. A Sagrada Escritura refere-se aos anjos usando
também apelativos não só pessoais (como os nomes próprios Rafael, Gabriel, Miguel), mas
também coletivos (como as classificações de : Serafins, Querubins, Tronos, Potestades,
Dominações, Principados), assim como faz uma distinção entre Anjos e Arcanjos. Estes
seres-pessoas, quase agrupados em sociedade, se subdividem em ordens e graus,
correspondentes à medida da sua perfeição e às terefas que lhes estão confiadas. Os autores
antigos e a própria liturgia falam também dos coros angélicos (nove, segundo Dionísio, o
Areopagita).
4. O tema dos anjos poderá parecer “distante” ou “menos vital” à mentalidade do homem
moderno. Todavia, a Igreja, propondo com franqueza a totalidade da verdade acerca de Deus
Criador também dos anjos, crê que presta um grande serviço ao homem.
5. A Sagrada Escritura e a Tradição chamam propriamente anjos, aqueles espíritos puros que
na prova fundamental de liberdade escolheram Deus, a sua glória e o seu reino. Eles estão
unidos a Deus mediante o amor consumado que nasce da visão beatífica, face a face, da
Santíssima Trindade.
6. Ainda segundo a Revelação, os anjos que participam da vida da Santíssima Trindade na luz
da glória, são também chamados a ter a sua parte na história da salvação dos homens, nos
momentos estabelecidos pelo desígnio da Divina Providência. Disse Jesus: (Lc 12, 8-9) -
“Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se
declarará por ele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que me tiver negado diante dos
homens será negado diante dos anjos de Deus”. Estas palavras são significativas, porque se
os anjos tomam parte no juízo de Deus, estão interessados pela vida do homem.
7. A Igreja confessa a sua fé nos anjos da guarda, venerando-os na liturgia com uma festa
própria, e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração frequente, como na
invocação do “Anjo de Deus”.
8. A Igreja honra com culto litúrgico três figuras de anjos, que na Sagrada Escritura são
chamados por nome. O primeiro é Miguel Arcanjo (cf. Dn 10, 13-20; Ap 12, 7; Jd 9); O seu
nome exprime sinteticamente a atitude essencial dos espíritos bons. “Mica-El”, significa, de
fato: “Quem como Deus?”. O segundo é Gabriel: figura ligada, sobretudo, ao mistério da
encarnação do Filho de Deus (cf. Lc 1, 19-26). O seu nome significa: “O meu poder é Deus”
ou “Poder de Deus”. Finalmente, o terceiro Arcanjo, chama-se Rafael. “Rafael” significa:
“Deus Cura” (João Paulo II).

Os anjos são seres inteligentes em grau muitíssimo superior aos homens. Tem vontade própria,
livre-arbítrio e um conhecimento profundo dos segredos e das leis da natureza criada. Com a força
intelectiva peculiar aos puros espíritos espíritos, podem eles se comunicar com outras inteligências
superiores ou inferiores a eles. Seria contra a sã razão negar aos espíritos – em nosso caso, aos anjos
– a faculdade de se comunicarem uns com os outros. Os anjos, puros espíritos, não necessitam de
um sistema sensorial de sentidos como os nossos. Sua percepção e comunicação é extra-sensorial,
para não dizer sobrenatural.

Na verdade, nada de positivo sabemos sobre a “linguagem” angelical. O certo é que os espíritos não
dependem de uma linguagem fonética. Seu modo de modo de comunicação entre eles é diferente da
nossa interação humana. São Tomás opina que o “falar dos anjos” consiste, basicamente, num
simples ato de vontade segundo o qual um anjo se manifesta a outro.

Quando querem falar aos homens, os anjos têm muitos modos e maneiras de fazê-lo. Podem
manifestar-se ou em sonhos, como no caso de São José (Mt 1, 20; 13 e 19), ou numa aparição
corpórea, como às piedosas mulheres na manhã da Ressurreição de Jesus; ou eles atuam sobre o
subconsciente do homem.

Os anjos podem imediatamente, sem recorrer à mediação das imagens, fazer sugestões que
“passando o limiar de nossa consciência, virão esclarecer dúvidas e orientações de nossa vida
cotidiana”.

A Bíblia se encontra repleta de relatos onde se manifestam e aparecem anjos. Eles se tornam
visíveis, apesar de espíritos que por natureza são invisíveis.

Nessas manifestações e aparições não haveria comunicabilidade possível ou fácil, se os anjos se


apresentassem dentro do âmbito de sua natureza espiritual. Os anjos se adaptam aos nossos
conceitos e categorias de pensar e agir, “descendo” à percepção de nossos sentidos orgânicos.
Sempre que aparecem, tanto no Antigo como no Novo Testamento, procedem desta maneira.

Quando, por ordem de Deus, os anjos estabelecem contato e falam dos homens, tornando-se
visíveis, assumem um “corpo aparente” (Scheinle) e falam como homens. Tais aparições de anjos
não contrariam a sua espiritualidade e consequente incorporeidade.

Eles falam e agem através ou com auxílio da matéria. O Arcanjo Rafael, por exemplo, associou-se
ao jovem Tobias, tomando forma de um “jovem de belo aspecto” (Tb 5, 5). Apresentou-se como
enviado de Deus: “Eu sou o Anjo Rafael, um dos sete que assistimos diante do Senhor... Parecia-
vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento não pode ser visto pelos homens” (Tb 12,
15, 19).

De uma outra forma, habitualmente transparece a excelência de sua natureza celeste. Aparecem
envoltos em luz, irradiando vigor e energia.

Em seu livro sobre os anjos, diz O. Hophan: “Tal forma corpórea não é da natureza do anjo. Não é
um corpo orgânico e vivo como o nosso e nem como o corpo glorificado depois da ressurreição dos
mortos. É uma espécie de materialização formada por uma condensação de ar e luz. Esse corpo se
dissolve logo que o anjo cumpriu sua missão. Mas como sabem os anjos de nós e de que forma
conhecem eles os nossos problemas, os nossos pedidos e orações?
Eles 'veem constantemente a face de Deus'. Em momento algum encontram-se longe de Deus, mas
vivem sempre unidos a Ele”.

Também para os anjos vale o que São Paulo diz: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,
28). Assim sendo, é em Deus que os anjos veem tudo até onde Deus lhes quer que saibam e
conheçam o que nos diz respeito: nossos pensamentos, desejos e orações.

Este conhecimento não parecia ser, necessariamente, completo ou universal; eles podem ter um
conhecimento progressivo e crescente de acordo com as suas terefas e nossas precisões.
Percebem a vontade de Deus em relação a nós e a cumpre imediatamente. Ao infinito amor que
Deus tem aos homens, nada é impossível. Pode Ele mandar aos seus anjos, e em particular ao Anjo
da Guarda, que se torne até visível a presença dos mesmos.

Os Anjos na Vida da Igreja


Do mesmo modo, a vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos Anjos.

Na sua Liturgia, a Igreja se associa aos anjos para adorar o Deus três vezes Santo; ela invoca a sua
assistência (assim no “Supplices te rogamus... - Nós vos suplicamos...”) do Cânone Romano ou no
“In Paradsum deducant te angeli... - Para o Paraíso te levem os anjos”, da Liturgia dos defuntos,
ou ainda no “Hino Querubínico”, da Liturgia Bizantina), festeja mais particulamente a memória de
certos anjos (S. Miguel, S. Gabriel, S. Rafael, os Anjos da Guarda).

Desde a infância até a morte, a vida humana é cercada pela sua proteção e pela sua intercessão.
“Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzí-lo à vida”. Ainda aqui na
terra, a vida cristã participa, na fé da sociedade bem aventurada dos anjos e dos homens, unidos em
Deus.

Resumindo
Os anjos são criaturas espirituais que glorificam a Deus sem cessar e servem aos seus desígnios em
relação às demais criaturas: “Ad omnia bona nostra cooperantur angeli. - Os anjos cooperam para
todos os nossos bens”.

Os anjos cercam a Cristo, seu Senhor. Servem-no particularmente no cumprimento da sua missão
salvívica para os homens.

A Igreja venera os anjos que a ajudam na sua peregrinação terrestre e protegem cada ser humano.

Deus quis a diversidade das suas criaturas e a bondade própria delas, a sua interdependência e
ordem. Destinou todas as criaturas materiais ao bem do gênero humano. O homem, e através dela, a
criação inteira, destina-se à glória de Deus.

Respeitar as leis inscritas na Criação e as relações que derivam da natureza das coisas é princípio de
sabedoria e fundamento da moral.

Bibliografia:
1. Novo Catecismo da Igreja Católica;
2. Revista Jesus Vive e é o Senhor, setembro de 1993, n º 83 – pág. 3 e 7;

“A cruz é um escândalo para os homens; a encarnação, um escândalo para os anjos”

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