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HISTÓRIA DA CULTURA INDÍGENA E AFRO-BRASILEIRA

PROFESSOR PEDRO JORGE

FRANCISCO EVAIR SILVA DAS CHAGAS

“ESPELHO, ESPELHO MEU!” UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE A


IDENTIDADE CULTURAL

CAMOCIM – CE
2019
“ESPELHO, ESPELHO MEU!” UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE A
IDENTIDADE CULTURAL
Francisco Evair Silva das Chagas, 6º semestre de Letras.

O Brasil é constituído por uma vasta variedade étnica. No entanto, o que vemos
com frequência são comentários preconceituosos direcionados a determinados grupos,
por muitas vezes tais comentários ferem a identidade pessoal desse indivíduo e o seu
direito de ser o que lhe aprouver. Partindo dessa perspectiva, o documentário “Espelho,
espelho meu!” tem como finalidade mostrar a construção da identidade da negritude
através da aceitação do cabelo, seja ele chamado de “black”, “crespo”, “enrolado”, etc.
Em suma, chamem da maneira que chamarem, o cabelo é a aceitação, é a digital de um
povo que merece ser respeitado tão quão os demais, não importando a maneira que
usam seus cabelos.

O documentário inicia-se mostrando a perspectiva de algumas pessoas em


relação ao seu cabelo, em uma das cenas iniciais, uma garota é indagada sobre o motivo
de ter alisado o cabelo, ao ponto que responde da seguinte forma: “Meu cabelo é duro”.
Nota-se que tais conceitos, surgem no âmbito diário, é algo que se aprende desde cedo,
“meu cabelo é ruim”, “tenho que ter o cabelo igual ao da fulana”, a mídia e os costumes
nos levam a aderir padrões que por muitas das vezes nos são forçados “goela a baixo”, o
que leva a supressão de características que nos fazem seres únicos e admiráveis.
Decerto, esses aspectos que nos são forçados criam uma grande quantidade de
indivíduos que tem vergonham do que são, que não se reconhecem ao se olharem no
espelho, que certamente negam sua identidade por se acharem distantes dos padrões
ditos como “de beleza”.

Esse é o reflexo de uma sociedade historicamente racista, onde a mídia em geral


vende padrões que devem ser seguidos a todo custo, uma sociedade que cede ao modelo
de dualidade entre o que é bonito e o que é feio, entre o que é bom e o que mau, de
quem é mocinho e quem é o bandido, sendo assim, o que se inferi é que a população
negra tem ficado do lado inferior. É nessa construção duplica que se observa os meios
de comunicação reproduzindo ideias preconceituosas, princípios falhos que chegam a
beirar o inaceitável, o inexplicável. O historiador Antônio Cosme, afirma que isso é uma
ditadura, onde se prega que cabelo bom é cabelo liso. Essa suposta ditadura vai muito
além das questões relacionadas ao cabelo, ela interfere na forma como vemos pessoas
diferentes, nos levando a julgar baseados em padrões pré-estabelecidos por uma
sociedade desvirtuada e alienada por meios de comunicação que monopolizam opiniões
e o conceito de certo e errado.

Em consequência de tais fatos, as pessoas vão se inferiorizando e aceitando sem


resistência os papeis que lhes são designados. Ademais, esse tipo de situação leva a uma
busca inalcançável por um padrão adverso a sua identidade, logo, ao não lograr êxito
nessa busca, o indivíduo sai destruído, pois essa pessoa não pode ser quem almeja, e
muito menos quem ela realmente é, visto que esse não é o que a sociedade tem como
“belo”, gerando assim uma crise existencial.

É preciso aniquilar esse tipo de comportamento, racismo não é um mito, pois


apesar do Brasil ser um país mestiço, isso não impede o racismo de existir. Ele está aí,
escondido atrás de padrões, atentemo-nos para o grito de liberdade que o povo negro
nos faz ouvir diariamente, cabelo é identidade, cabelo é cultura, o cabelo deles é normal,
o padrão é não existir padrão. Portanto, usar o cabelo “trançado”, “crespo”, “black”, é
uma reafirmação de quem os negros são, é um grito de socorro mostrando que eles estão
aqui, mais vivos e fortes do que nunca.

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