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PROJECTO ASSISTIDO POR

COMPUTADOR
FUNDAMENTOS
DE MODELAÇÃO LICENCIATURA EM
DE SÓLIDOS ENGENHARIA DE SISTEMAS

FILIPE PACHECO / ISEP


(ORIGINAL DE ANTÓNIO COSTA)

PRASC - FUNDAMENTOS DE MODELAÇÃO DE SÓLIDOS 1


Introdução
•Modelação Geométrica
–Consiste em técnicas de criação de entidades geométricas
–É independente de qualquer dimensão (1, 2, 3, etc)

•Modelação de Sólidos
–É uma área da modelação geométrica que lida com sólidos
–Permite interrogação sobre diversos aspectos do sólido:
–Propriedades volumétricas
–Propriedades geométricas
–Propriedades topológicas

•Mas o que é um Sólido?

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Topologia
de Caminhos Fechados
•Teorema do Caminho Fechado
–Enunciado: “O ângulo total percorrido ao longo de um caminho fechado é um múltiplo
inteiro de 360º”
–O número inteiro referido é o número de voltas (NR) do caminho
–É uma propriedade intrínseca do caminho e que não depende do ponto inicial nem da
orientação
–Exemplos (calculem o NR):

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Topologia
de Caminhos Fechados
•Teorema do Ciclo Simples
–Enunciado:
“O ângulo total varrido num caminho fechado que não se auto
intersecta é ±360º”
–O seu valor de NR é 1
–Existe uma relação entre o valor de NR e o número de auto
intersecções (qual?)
–Curvas que formem caminhos fechados e se possam deformar umas
nas outras dizem-se topologicamente equivalentes
–Curvas fechadas topologicamente equivalentes têm o mesmo valor de
NR
–Curvas fechadas com o mesmo valor de NR podem ser deformadas
umas nas outras (provado apenas em 1936)

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Deformações do Plano
Deformação do Plano
–Imagine-se um superfície plana de borracha
–Esticar ou encolher a superfície plana de borracha pode transformar retas em curvas ou
curvas em retas
–Não surgem nem desaparecem pontos de intersecção de caminhos
–Qualquer caminho fechado simples pode ser deformado num quadrado ou vice-versa

Teorema da Deformação de Curvas Fechadas Simples


◦Enunciado:
“Para qualquer curva fechada simples no plano, existe uma deformação elástica do plano
que transforma a curva num quadrado”
◦Exige algum esforço de abstração para ser compreendido

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Deformações do Plano

Equivalência
Topológica

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O Teorema de Jordan
•O Teorema de Jordan
–Enunciado:
“Qualquer curva fechada simples no plano divide esse plano exatamente
em duas regiões (interior e exterior)”
–Decorre do teorema de deformação de curvas fechadas simples
–Para além de existir um interior e um exterior, o interior pode ser
sempre deformado de forma elástica no interior de um quadrado
–Uma região que pode ser deformada no interior de um quadrado
designa-se um disco topológico
–Um disco topológico não possui buracos nem pontos isolados

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Curvatura de uma Superfície
Num plano sabemos (Euclides descobriu isto algures em 300
AC) que:
• Duas retas distintas intersectam-se no máximo uma vez;
• Existem retas que não se intersectam (paralelas);
• Os ângulos internos de um triângulo somam 180º
No entanto há muitas outras superfícies, como, por exemplo,
uma esfera. E no caso específico da esfera as regras atrás
passam a ser:
• Duas geodésicas (uma linha na superfície sempre na mesma
direção) distintas intersectam-se exatamente duas vezes;
• Não existem paralelas;
• Os ângulos internos de um triângulo somam sempre mais que
180º.
https://www.math.tecnico.ulisboa.pt/~jnatar/lectures/Curvatura.pdf

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Curvatura Local e
Curvatura Global
•Curvatura Local e Curvatura Global
–A curvatura local é uma propriedade local de um ponto de uma
superfície e define-se por k=1/r2, sendo r o raio da esfera que aproxima a
superfície na vizinhança do ponto
–A curvatura global K é uma versão global da curvatura local,
considerando todos os pontos da superfície
–K é um invariante topológico de superfícies fechadas
◦Curvatura global da esfera: 4π
◦Curvatura global do toro: 0

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Colagem de Pegas
–É um processo prático de criar novas superfícies a
partir de outras pré-existentes e permite conhecer a
curvatura global do resultado
Toro = esfera – 2 discos + cilindro
O toro pode ser considerado como sendo uma esfera
com uma pega colada (através de um processo de
“colagem de pegas”)
Dado que as curvaturas globais da esfera (4π), do disco
(0) e do toro são conhecidos (0)
→ então a curvatura da pega (cilindro deformado) é -4π
O processo de adicionar uma pega implica que a
curvatura global diminua 4π
Resulta a fórmula: Kesfera com n pegas = 4π(1-n)

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Esferas e Pegas
•Exemplo
–Fórmula: Kesfera com n pegas = 4π(1-n)

–Qual é o equivalente topológico da figura


ao lado, em termos de esfera e pegas?

–Qual é a sua curvatura global K?


?
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Superfícies Planas
Elementares
• Conceito de Poliedro
–É um arranjo de polígonos em que:
–Apenas dois e só dois polígonos partilham cada aresta

–É possível viajar pela superfície do poliedro e passar por todos os polígonos através de um caminho
contínuo

–Um poliedro simples é aquele que pode ser deformado de modo contínuo numa
esfera
–Os poliedros regulares são um subconjunto dos poliedros simples em que todas as faces são polígonos
regulares (i.e. todos os lados e ângulos iguais), todos os vértices formam ângulos iguais

–Poliedros convexo → todos os pontos da superfície podem ser ligados a qualquer


outro ponto da superfície por um segmento de recta no interior do sólido

Regular, Simples, Não Simples


Convexo Não Convexo

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Superfícies Planas
Elementares
•Relações entre Vértices, Arestas e Faces
–No caso de um poliedro simples, é conhecida uma relação entre o seu
número de vértices(V), arestas (E) e faces (F)
–Fórmula de Euler:

V–E+F=2
–Um poliedro regular tem as suas faces definidas pelo mesmo número
de arestas (h), cada vértice possui o mesmo número de arestas (k) e as
arestas possuem o mesmo comprimento
–Quantos poliedros regulares existem?
◦Premissa 1: cada aresta pertence a duas faces ( Fh = 2E )
◦Premissa 2: cada aresta tem dois vértices ( Vk = 2E )
◦Resulta imediatamente que: Fh = 2E = Vk
https://www.mathsisfun.com/geometry/platonic-solids-why-five.html

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Superfícies Planas
Elementares
•Sólidos Platónicos
–Quantos poliedros regulares existem?
◦V – E + F = 2 ; Fh = 2E = Vk
◦Logo 2E/k – E + 2E/h = 2
◦Ou seja 1/E = 1/h + 1/k – 1/2
◦Num poliedro, h e k têm de ser maiores que 2, mas ambos não podem ser maiores do que 3!
(exercício)
◦Logo h ou k tem de ser 3, pelo que o outro tem de estar entre 3 e 5
0 < 1/E = 1/3 + 1/k – 1/2 (no caso de h valer 3)
◦Em termos de (h,k,E), as combinações possíveis são:
(3,3,6) (4,3,12) (3,4,12) (5,3,30) (3,5,30) – apenas 5

–Apenas existem 5 poliedros regulares, o que já era conhecido nos


tempos do grego Euclides!

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Superfícies Planas
Elementares
•Poliedros não Simples
–Estes poliedros são topologicamente equivalentes de qualquer sólido
com buracos
–Em termos topológicos, são esferas com pelo menos uma pega
–Qualquer superfície fechada que não se auto intersecte pode ser
definida como uma esfera com g pegas – g é o genus da superfície
–Os poliedros simples têm genus 0, os não simples maior do que 0
–Fórmula de Euler alargada:

V – E + F = 2 – 2g
–Pode determinar-se o genus de um poliedro através da contagem de
vértices, arestas e faces

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Superfícies Planas
Elementares
•Representação de um Poliedro
–Pode descrever-se um poliedro através das suas faces e das
adjacências das suas arestas – atlas topológico do poliedro
–Exemplo: pirâmide truncada

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Superfícies Planas
Elementares
•Representação de Poliedros
–Formas de junção de arestas
0
◦Com ou sem orientação do sentido das arestas
◦Um atlas que inclua orientação de arestas pode dar 3 5 1
origem a curiosidades matemáticas – superfícies não
[(1,1)(2,3)] 2
orientáveis
0 0 0 0
–Exemplo de um cubo:
◦Atlas é definido por
3 1 1 3 2 1 3 3 1 3 4 1

[(1,1)(2,3)] [(1,2)(6,2)] 2 2 2 2
[(1,0)(5,0)] [(1,3)(4,1)]
0
... (restantes 8)
◦Ao todo 12 associações [(1,2)(6,2)]
3 6 1
correspondentes às 12 arestas 2

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Superfícies Planas
Elementares
•A Fita de Mobius
–Considere-se um quadrado
◦Se unirmos arestas opostas mantendo a orientação resulta um cilindro
◦Senão resulta uma superfície “torcida” designada Fita de Mobius

–O curioso mundo de Mobius


◦Se um habitante de Mobius der uma volta ao longo da extensão da fita, quando retornar ao
início constata que a esquerda e a direita estão trocadas (porquê?)
◦A noção de esquerda / direita não são intrínsecas de uma superfície e dependem de um
observador externo
◦Logo não é possível dizer que uma dada direcção num qualquer ponto é para a esquerda ou
para a direita

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Superfícies Planas
Elementares
•A Fita de Mobius

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Superfícies Planas
Elementares
•Orientabilidade
–Uma superfície em que a esquerda e a direita nunca surgem trocadas
designa-se orientável (no caso oposto não-orientável)
–É uma propriedade intrínseca de uma superfície orientável
–Qualquer superfície fechada representável em 3D é topologicamente
equivalente a uma esfera com zero ou mais pegas
◦A superfície de uma esfera é orientável e juntar pegas não altera isso
◦Ou seja, qualquer superfície fechada orientável é topologicamente equivalente a uma esfera
com zero ou mais pegas

–Existem superfícies não-orientáveis em 3D?


◦Pensem na Fita de Mobius...

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Superfícies Planas
Elementares
•A Garrafa de Klein
–Pode ser obtida à custa da Fita de
Mobius através da junção das arestas
A B
livres e mantendo a mesma orientação
–Atlas de superfícies obtidas a partir de
folha elástica com 4 arestas:
A – cilindro;
B – toro
C D
C – fita de Mobius;
D – garrafa de Klein
◦A garrafa de Klein não pode ser
construída em 3D (porquê?)
◦A superfície E (atlas restante) E
designa-se plano projetivo e
é ainda mais estranha!

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Superfícies Planas
Elementares
•Garrafas de Klein

https://www.curiousminds.co.uk/

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Superfícies Planas
Elementares
•Curvatura de Superfícies compostas por Faces Planas
–A curvatura K reside apenas nos vértices, sendo
K = 2πV – i=1..F fi ; (fi é a soma dos ângulos internos da face)
–Note-se que a curvatura não depende da forma como as arestas das
faces se ligam, i.e., não é preciso conhecer o atlas para calcular K
–No caso de faces quadradas, resulta que a curvatura do objeto é
K = 2π(V – F), definindo-se apenas pelos parâmetros V e F!
–No caso geral de superfícies fechadas compostas de faces planas, a
curvatura é K = 2π(V – E + F)
–V – E + F é designada a característica de Euler de uma superfície
fechada e é um invariante topológico

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Superfícies Curvas
Fechadas
•A Característica de Euler (χ) e a Curvatura Global (K)
–χ = (V – E + F) para qualquer superfície fechada de faces planas
–K = 2πχ para qualquer superfície fechada de faces planas
–A prova é simples:
◦Qualquer alteração numa malha poligonal pode ser feita através de
–Adição / remoção de uma face através da adição / remoção de uma aresta
–Adição / remoção de uma aresta através da adição / remoção de um vértice
◦Ambos os processos mantém V – E + F constante
◦Qualquer malha poligonal conduz ao mesmo resultado

–Teorema de Gauss-Bonnet
K = 2πχ
para qualquer superfície fechada

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O Conceito
de Fronteira
•Fronteira de Objetos
–Seja o espaço 3D designado por E3
(o espaço 2D por E2)
–Pontos em E3 representam-se
através de 3 números
–Uma região R3 é uma porção finita
e limitada de E3 Rb
◦Os seus pontos fazem parte de dois
RE

exterior
subconjuntos: R = [Ri,Rb]
Ri
◦A fronteira de uma região R3 é uma superfície
fechada
◦As descontinuidades de curvatura originam
RV
vértices RV3 e arestas RE3

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O Conceito
de Fronteira
•Regiões de E3
–Seja Rm,n = [Bm-1,n,Im,n] uma região de dimensão m existente num espaço
de dimensão n (m≤n)
◦Bm-1,n é a fronteira da região (e também uma região)
◦Im,n é o conjunto de pontos do seu interior

–Em E3 podem existir as seguintes regiões:


Rm,n Nome Bm-1,n Im,n
R0,3 ponto ponto vazio
R1,3 curva extremos restantes
R2,3 superfície curva(s) fechada(s) restantes
R3,3 sólido superfície(s) fechada(s) restantes

–Numa região “homogénea” B2,3 define implicitamente I3,3

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Operadores
Booleanos
•Combinação de Polígonos
–Exemplo:
◦Os polígonos A e B foram parametrizados no mesmo sentido
◦O interior do polígono fica à esquerda do percurso na fronteira
A
4
◦Existem algoritmos para efetuar 2
as três operações booleanas entre
dois polígonos 1 3
B
◦Os pontos comuns são fulcrais (1,2,3,4)

União Diferença Intersecção


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Operadores
Booleanos
•Teoria de Conjuntos
–Operações binárias  (intersecção) e  (união)

•Operadores Booleanos
–Semelhantes aos da teoria de conjuntos, mais – (diferença)
–Combinação de objetos a fim de produzir objetos
–O resultado deve ser formado por objetos que:
◦Sejam conjuntos fechados de pontos
◦Possuam fronteira e interior
◦Preservem a dimensionalidade dos objetos iniciais

–Os operadores booleanos “diretos” podem gerar objetos inválidos

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Operadores
Booleanos
•Objetos Inválidos
–Exemplo:

a a
B
A
b
b

–Resultado: a solução é correta em termos matemáticos, mas


geometricamente incorreta (não existe interior)
–Solução: um novo “operador booleano” que reconheça resultados
incorretos e os corrija (resultado geometricamente correto)
–Os operadores booleanos “regularizados” definem-se com esse fim

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Classificação
de Pontos
•Classificação de pontos
–Se A for um conjunto regularizado então
◦iA – interior de A
◦bA – fronteira de A
◦cA – exterior de A

–Consiste em determinar se um ponto pertence ao interior, à fronteira ou


ao exterior de um conjunto
–A formalização da classificação de pontos em conjuntos é em geral
matematicamente complicada, mas existe muito trabalho teórico
desenvolvido para aplicação em modelação geométrica
◦R. Tilove (1980) e outros na Universidade de Rochester

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Operadores
Booleanos
• Operadores regularizados
–Produzem um resultado fechado e dimensionalmente homogéneo
–Para qualquer objeto A, tem-se que A = bA  iA
–A combinação de dois objetos A e B através do operador de conjunto 
resulta no objeto C
◦C = A  B
◦C = (bA  iA)  (bB  iB)
◦C = (bA  bB)  (iA  bB)  (bA  iB)  (iA  iB)
–A regularização do operador  sobre A e B produz
◦iC = Fi(, bA, iA, bB, iB) = ?
◦bC = Fb(, bA, iA, bB, iB) = ?

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Operadores
Booleanos
• Operadores regularizados
–Intersecção regularizada (C = A * B)
◦iC* = iA  iB
◦bC* = Validb(bA  bB)  (iA  bB)  (bA  iB)
–União regularizada (C = A * B)
◦iC* = iA  iB  [Validi(bA  bB)]
◦bC* = bA  bB – [(bA  iB)  (iA  bB)  Validb(bA  bB)]
–Diferença regularizada (C = A –* B)
◦iC* = iA – bB – iB
◦bC* = (bA – bB – iB)  (iA  bB)  Valid(bA  bB)
–Estes operadores são independentes da dimensão espacial!

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Classificação
de Pontos
•Classificação de pontos em modelação
–O problema teórico de classificação de pontos tem semelhança com
problemas relacionados com a modelação:
◦Inclusão de pontos: dados um sólido e um ponto, este está dentro, fora ou na fronteira?
◦Recorte de linhas/polígono: dados um polígono e uma linha, que parte da linha está dentro do
polígono?
◦Intersecção de polígonos: dados dois polígonos, qual é a sua intersecção?
◦Interferência de sólidos: dados dois sólidos, será que eles interferem mutuamente (existe
intersecção)?

–A classificação pode feita com entidades para além de pontos

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Lei de Euler
•Objetos de Euler
–Um objeto de Euler satisfaz a Lei de Euler:
vértices(V),
V–E+F=2 arestas (E)
faces (F)

–Os processos de adicionar ou remover vértices, arestas ou faces a um


objeto de Euler designam-se Operadores de Euler
◦Operadores de vértice (alteram arestas e/ou faces)
◦Operadores de aresta (alteram vértices e/ou faces)
◦Operadores de face (alteram vértices e/ou arestas)

–Estes operadores constituem uma forma racional de construção de


objeto sólidos do tipo poliedro com garantia de validade topológica
(fechados e orientáveis)

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Lei de Euler
–A Lei de Euler aplica-se a superfícies fechadas desde que:
◦Todas as faces sejam simplesmente conexas e sem buracos
◦O objeto seja simplesmente conexo e sem buracos
◦Cada aresta junte duas faces e possua um vértice em cada extremidade
◦Pelos menos três arestas convirjam em qualquer vértice

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Lei de Euler
–Aplicados a malhas curvas

–Aplicados a um cubo

aresta

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Lei Generalizada
de Euler
•Modificação da Fórmula de Euler
–Enunciado:
“Num espaço 3D dividido em C células poliédricas, os vértices, arestas e
faces relacionam-se através de V – E + F – C = 1”
–Exemplo:
o vértice interior do cubo dá origem a seis
células poliédricas (C = 6), logo resulta que
9(V) – 20(E) + 18(F) – 6(C) = 1
–As perfurações num poliedro podem ser
◦Totais – passagens (ou buracos)
◦Parciais – concavidades

–Em ambos os casos a Fórmula de Euler simples não serve!

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Lei Generalizada
de Euler
•Poliedros com perfurações
A B
Exemplos:
A: 16 – 24 + 10 = 2 ❌
Viola 2 regras anteriores
B: 16 – 32 + 16 = 0  2! ❌
Arestas adicionais invalidam a fórmula de Euler

Lei Generalizada de Euler:


V – E + F – H = 2(B – P)
H – buracos em faces; B – objetos; P – passagens
- Aresta junta duas faces C D
- Vértices com três ou mais arestas
C: 16 – 24 + 11 – 1 = 2(1 – 0) ✔
D: 16 – 28 + 14 – 0 = 2(1 – 0) ✔

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Operadores
de Euler
•Lei Generalizada de Euler
–V – E + F – H = 2(B – P)
Existe uma estrutura de dados para objetos de Euler sse:
◦V, E, F, H, B, P  0
◦Se V, E, F, H = 0, então B, P = 0
◦Se B  0, então V > B e F > B

•Operadores de Euler
–5 operadores que representam todas as transições aceitáveis
–Cada operador tem um operador complementar
–Dado um conjunto válido (V,E,F,H,B,P), os operadores de Euler não
invalidam a Lei Generalizada de Euler!

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Operadores
de Euler
•Operadores de Euler
–Primitivos
◦MEV – make edge and vertex
◦MFE – make face and edge
◦MBFV – make body, face and vertex
◦MRB – make reentrancy and body
◦ME-KH – make edge and kill hole

–Complementares (Kill…)
◦KEV, KFE, KBFV, KRB, KE-MH

–Operam sobre a Lei de Euler Generalizada V – E + F – H = 2(B – P)


incrementando ou decrementando pelo menos duas das parcelas

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Operadores
de Euler
•Relação entre os Operadores e a Lei de Euler

V – E + F – H = 2(B – P)

V [+1] E [-1] F [+1] H [-1] 2B [+2] 2P [-2]


MEV 1 1 0 0 0 0
MFE 0 1 1 0 0 0
MBFV 1 0 1 0 1 0
MRB 0 0 0 0 1 1
ME-KH 0 1 0 -1 0 0

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Operadores
de Euler
–Exemplo de aplicação ao tetraedro (V=4,E=6,F=4,H=P=0,B=1)

VAZIO

0.

1. MBFV 2. MEV 3. MEV

SÓLIDO

4. MEV 5. MFE 6. MFE 7. MFE

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Operadores
de Euler
Exemplo de aplicação ao tetraedro (V=4, E=6, F=4, H=P=0, B=1)

Operação V E F H B P
1. MBFV 1 0 1 0 1 0
2. MEV 1 1 0 0 0 0
3. MEV 1 1 0 0 0 0
4. MEV 1 1 0 0 0 0
5. MFE 0 1 1 0 0 0
6. MFE 0 1 1 0 0 0
7. MFE 0 1 1 0 0 0
Final 4 6 4 0 1 0

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Operadores
de Euler
–Cada operador é um algoritmo complexo que opera sobre uma estrutura
de dados a partir dos parâmetros fornecidos
–Em 1974 foi construída uma ferramenta de modelação baseada em
Operadores de Euler (GEOMED, Baumgart)
–Geralmente só na última operação é que surge um sólido válido em
termos topológicos, sendo os estados intermédios não-sólidos
–Um poliedro possui nove tipos de relações topológicas entre pares de
três tipos de elementos: Vértices, Arestas, Faces
◦A aplicação correta de Operadores de Euler exige que algumas dessas relações topológicas
se verifiquem previamente
◦A liberdade de aplicação dos operadores é por isso limitada

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Critérios Formais
de Modelação
•Uma teoria formal de Modelação Geométrica
–Um objectivo que ainda não foi alcançado
–Motivações:
◦Só recentemente surgiram sistemas de modelação capazes de verificar automaticamente a
totalidade, validade e unicidade de um modelo
◦Essa verificação torna-se mais complicada para modelos complexos
◦Um modelo válido pode ser um dado de entrada para um sistema que produz
automaticamente alterações desse modelo (caso do CAM)
◦Surgirão um dia sistemas computacionais robóticos que serão capazes de criar e modelar os
objectos do seu próprio ambiente
◦Só com uma teoria formal rigorosa será possível optimizar o processo de modelação no
sentido de obter melhores ferramentas

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Critérios Formais
de Modelação
•Características geométricas de um sólido “físico”
–Forma: definida pelo conjunto espacial de pontos que o compõe
–Superfície: um subconjunto da forma de um sólido
–Em modelação geométrica a forma é tipicamente:
◦Finita – definida num volume finito
◦Ligada – existe um caminho interno entre dois pontos do interior

–Em modelação geométrica a superfície é:


◦1. Fechada
◦2. Orientável
◦3. Não auto-intersectada
◦4. Finita
◦5. Ligada

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Critérios Formais
de Modelação
•Características geométricas de um sólido “físico”
–Uma superfície “fechada” é suportada por relações topológicas entre os
elementos de uma malha poliédrica na sua superfície
◦Aresta adjacente a duas faces e a dois vértices
◦O nº de arestas e vértices que rodeia uma face é igual
◦O nº de arestas e faces que rodeia um vértice é igual

–Propriedades adicionais a incluir para efeitos de “boa modelação”:


◦6. Rigidez
◦7. Homogeneidade 3D
◦8. Fecho sob movimentos rígidos e algumas operações booleanas
◦9. Descrição finita
◦10. Fronteira determinística

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Critérios Formais
de Modelação
•Propriedades fundamentais de esquemas de modelação
–Domínio: É o poder descritivo de um esquema de representação, i.e., o
conjunto de objetos que o esquema é capaz de modelar
–Validade: É o conjunto de formas válidas de representação que define a
gama de representações do esquema, devendo existir critérios de achar
a validade de um objeto (ou então mostrar que não existe)
–Versatilidade: É a capacidade de responder a uma gama alargada de
análises
–Unicidade: É fundamental na determinação da igualdade entre objetos
–Existem mais (concisão, simplicidade, eficácia, etc.)

PRASC - FUNDAMENTOS DE MODELAÇÃO DE SÓLIDOS 48

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