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TCIRC

Teoria dos Circuitos

Mário Alves

Fevereiro 2019
CAPÍTULO III 2

CONDENSADORES
E CAPACIDADE
TCIRC
Conceitos fundamentais 3

O que é um condensador
▪ É um dispositivo capaz de armazenar cargas eléctricas, constituído por
dois materiais condutores (armaduras ou placas) separadas por um
material isolante (dieléctrico).
▪ À quantidade de carga que um condensador consegue armazenar está
associada uma grandeza denominada capacidade (C).
▪ À maior ou menor capacidade de um condensador armazenar cargas
eléctricas está associado um campo eléctrico1 maior ou menor no
dieléctrico.
▪ A diferença de potencial é originada pela acumulação de cargas
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eléctricas nas armaduras (uma fica carregada positivamente e a outra


negativamente, com o mesmo valor absoluto) → carga (Q) do
Armadura
condensador.
+Q Linhas de força do
Campo Eléctrico 1Ocampo eléctrico faz parte do
programa de electromagnetismo.
d -Q
Conceitos fundamentais 4

▪ Para que servem os condensadores?


▪ Para eliminar a componente contínua de um sinal;
▪ Para filtrar determinadas bandas de frequência;
▪ Para eliminar ruído electromagnético;
▪ Para sintonizar uma estação de Rádio ou TV;
▪ Para utilizar em temporizadores;
▪ Como sensores de humidade, força, vibração;
▪ Para utilizar em microfones (capacitivos);
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▪ Para reduzir a potência reactiva (compensação do factor de potência);


▪ Como fonte de energia (acumuladores, ultracondensadores);
▪ Para armazenar dados (bits) em memórias digitais;
▪ Para carregar o flash de uma câmara fotográfica;
▪ Em ecrãs multitácteis;
▪ ...
Conceitos fundamentais 5

▪ Relação entre Q, C e U
▪ A carga eléctrica, Q, armazenada num condensador é proporcional
à tensão, U:

Q
C= = const
U
▪ A capacidade C:
▪ é proporcional à área da armadura do condensador, A
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menor capacidade maior capacidade

▪ é inversamente proporcional à distância entre as armaduras, d


menor capacidade maior capacidade
Conceitos fundamentais 6

▪ A capacidade C:
▪ é proporcional à capacidade isoladora do dieléctrico, isto é, à
permitividade do isolador utilizado (ou constante dieléctrica), e
menor capacidade maior capacidade

ar papel
Permitividade Permitividade
relativa 1 relativa 3,5

▪ é assim dada por (equação válida apenas para um condensador


plano):
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A e0 – Permitividade do vácuo
C =e e e = e 0e r er – Permitividade relativa
d
▪ e é medida em Farads, representado pelo símbolo F
▪ na prática, a maior parte dos condensadores têm uma capacidade muito
inferior à unidade, sendo normalmente utilizados o pF (10-12 F), o nF (10-9
F) e o F (10-6 F).
Conceitos fundamentais 7

▪ No mundo real
▪ Condensadores têm correntes de fugas e perdas dieléctricas.
▪ circuito equivalente:

Rperda
Rfuga – muito elevada
Rfuga
Cideal Rperda – muito baixa
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▪ Capacidades parasitas ...


▪ ... aparecem de forma não desejada (e.g. condutores):
Tipos de condensadores 8

▪ Características importantes
▪ Capacidade nominal
▪ capacidade fixa e capacidade variável
▪ Tolerância da capacidade nominal
▪ margem admissível de erro (em %)
▪ Polaridade
▪ não polarizados e polarizados (electrolíticos)
▪ Tipo de dieléctrico
▪ condensadores de papel, mica, plástico, cerâmicos, ...
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▪ Grau de integração
▪ discretos, híbridos, integrados (IC)
▪ Tensão máxima admissível
▪ tensões maiores exigem melhor isolamento (dieléctrico) → maior
distância entre placas → menor capacidade ...
▪ tensões menores permitem maior aproximação das placas → podem
obter-se capacidades maiores
Tipos de condensadores 9

▪ Simbologia utilizada
▪ Nos esquemas eléctricos, os condensadores devem representar-se
com o símbolo apropriado:
▪ condensadores não polarizados
▪ condensadores polarizados (e.g. electrolíticos)
▪ condensadores de capacidade variável

não polarizado polarizados variáveis


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+ + +
– – –
Tipos de condensadores 10

▪ Exemplos – diferentes dieléctricos:


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Tipos de condensadores 11

▪ Exemplos – diferentes tensões nominais, diferentes


capacidades:

2 F, 20 mF,
2 kV 35 V
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Tipos de condensadores 12

▪ Exemplos – condensadores (Cx) em circuitos impressos:


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Tipos de condensadores 13

▪ Exemplos – condensadores de capacidade variável:


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Associação de condensadores 14

▪ Associação em série
▪ As cargas são todas iguais:
C1 C2 CN
Q = Q1 = Q2 =  = QN
▪ As tensões adicionam-se
U = U1 + U 2 +  + U N
▪ então
U = Q / Ceq = Q / C1 + Q / C2 +  + Q / C N 
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N
 1 / Ceq = 1 / C1 + 1 / C2 +  + 1 / C N = 1 / Cn
n =1

▪ isto é,
▪ o inverso da capacidade equivalente de um conjunto de
condensadores ligados em série é igual à soma dos inversos das
capacidades individuais (é equivalente ao paralelo de resistências)
Associação de condensadores 15

▪ Associação em paralelo
▪ As tensões são todas iguais:
U = U1 = U 2 =  = U N
C1 C2 CN
▪ As cargas adicionam-se
Q = Q1 + Q2 +  + QN
▪ então
Q = Ceq  U = C1  U + C2  U +  + C N  U 
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N
 Ceq = C1 + C2 +  + C N =  C n
n =1

▪ isto é,
▪ a capacidade equivalente de um conjunto de condensadores ligados
em paralelo é igual à soma das capacidades individuais (é equivalente
à série de resistências)
Característica tensão-corrente 16

▪ Relação entre u(t) e i(t)


▪ a carga eléctrica q(t) armazenada num condensador é proporcional
à tensão u(t):

q(t ) = C  u(t )
▪ mas sabemos que2

q(t )
i(t ) =
t
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▪ Então:
u (t ) 1 iC(t)
i(t ) = C  u (t ) =  i(t )t uC(t)
t C

2 Consultar o diapositivo 11 do capítulo 1, “Noções Básicas”, de FEELE.


Característica tensão-corrente 17

▪ Relação entre u(t) e i(t)


▪ Ilações
▪ Um condensador descarregado (sem carga) alimentado por
uma tensão CC vai demorar um certo tempo a carregar-se
▪ tensão aos seus terminais sobe até ao valor da f.e.m. da fonte de
forma não linear
▪ corrente desce até 0 de forma não linear
▪ Quando carregado (tensão condensador = f.e.m. fonte)
▪ vai comportar-se como um circuito aberto (se não houver
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variações da f.e.m. da fonte)


▪ A variações infinitamente rápidas da tensão correspondem
picos de corrente de amplitude infinita
▪ A tensões sinusoidais correspondem correntes também
sinusoidais
Comportamento em CC 18

▪ Análise da carga e descarga de um condensador


▪ Circuito RC série
uR(t)
i(t)

b R
a
C uC(t)
E
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▪ A carga de um condensador consiste em fazer com que o condensador


armazene carga e energia eléctrica, criando uma diferença de potencial
entre as suas armaduras. Para carregar um condensador podemos utilizar,
por exemplo, o circuito da figura com o interruptor na posição a.
▪ Depois do condensador estar carregado, este manter-se-á com cargas nas
suas armaduras enquanto não existir um percurso fechado que permita a
sua anulação. Para fazer a descarga do condensador será necessário, por
exemplo, utilizar o circuito da figura com o interruptor na posição b.
Comportamento em CC 19

▪ Análise da carga de um condensador uR(t)


i(t)
▪ Ao fecharmos o circuito a tensão aos terminais
R
do condensador e a corrente que percorre o a b
C uC(t)
circuito irão variar no tempo. A tensão aos E
terminais do condensador vai aumentar de
03 até o valor máximo e a corrente começa
no valor máximo e irá diminuir até se anular. Nesse momento, o
condensador comporta-se como um circuito aberto em CC.

▪ Aplicando a lei de Kirchhoff das malhas ao circuito obtemos


E − uC (t )
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E = u R (t ) + uC (t ) = R  i (t ) + uC (t )  i (t ) =
R
▪ e utilizando a relação entre i(t) e u(t) do diapositivo 16 obtemos

uC (t ) E − uC (t ) u (t ) u (t ) E
C =  C + C =
t R t RC RC
3 Isto se considerarmos que o condensador não tem carga eléctrica armazenada antes da sua ligação ao
circuito.
Comportamento em CC 20

▪ Análise da carga de um condensador


▪ A equação anterior é uma equação diferencial de 1ª ordem de
coeficientes constantes4 e a solução obtida para uC(t) é

uC (t ) = E (1 − e −t / t )

▪ em que t (s) é a constante de tempo e é definida como


V C As
t = RC unidade de t =   F =  =
A V A
=s
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▪ Podemos agora calcular o valor da corrente5


E − uC (t ) E − E (1 − e −t / t )
i (t ) = = 
R R
E −t / t
 i (t ) = e
R
4 A resolução das equações diferenciais de 1ª e 2ª ordem consta do programa de MATE2.
Podemos também verificar se a solução obtida satisfaz a equação diferencial de 1ª ordem.
5 Também podíamos ter utilizado a relação entre a corrente a tensão no condensador.
Comportamento em CC 21

▪ Análise da carga de um condensador


▪ Os valores iniciais e finais de uC(t) e i(t) são calculados substituindo
nas equações anteriores o tempo, t, por 0 e por infinito.

▪ Valores iniciais:

uCi (t ) = E (1 − e −t / t ) = E (1 − e − 0 / t ) = 0

E −t / t E − 0 / t E
ii (t ) = e = e =
R R R
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▪ Valores finais:

uCf (t ) = E (1 − e −t / t ) = E (1 − e − / t ) = E (t →   u Cf (t ) → E )

i f (t ) =
E −t / t E −  / t
e = e =0 (t →   i f (t ) → 0)
R R
Comportamento em CC 22

▪ Análise da carga de um condensador


▪ A constante de tempo, t, pode ser interpretada como sendo o
tempo ao fim do qual a tensão entre as armaduras já atingiu 63,2%
do seu valor final ou, o tempo ao fim do qual a corrente já desceu
para 36,8% do seu valor inicial. Estes valores são obtidos a partir
das equações de uC(t) e i(t) para t igual a t

uC (t ) = E (1 − e −t / t ) = E (1 − e −1 ) = 0,632 E = 63,2% E
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E −t / t E E
i(t ) = e = 0,368 = 36,8%
R R R

▪ Na prática costuma considerar-se que a carga do condensador


está completa ao fim de 5t, uma vez que o erro cometido é inferior
a 1%.
Comportamento em CC 23

▪ Análise da carga de um condensador


TCIRC
Comportamento em CC 24

▪ Análise da carga de um condensador


▪ Se o condensador já tiver carga eléctrica armazenada antes de o
ligarmos ao circuito, as expressões da tensão e da corrente serão
dadas por:

uC (t ) = U Ci + (U Cf − U Ci )(1 − e −t / t ) = U Cf − (U Cf − U Ci )e −t / t

U Cf − U Ci −t / t
em que foi utilizada a tensão final do
i (t ) = e condensador em vez de E, uma vez que irá
depender do circuito onde se liga o condensador
R
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▪ A energia armazenada num condensador depois da sua carga


deve-se à existência de um campo eléctrico entre as suas
armaduras e pode ser calculada do seguinte modo:

W =  p (t ) t
0
Comportamento em CC 25

▪ Energia armazenada num condensador

  
uC (t )
W =  p(t ) t =  uC (t )  i (t ) t =  uC (t )  C t =
0 0 0 t


 uC2 (t )   U Cf2  1
= C  uC (t )  uC (t ) = C   = C  − 0  = CU 2
 2  2 Cf
0  2 0  

A energia armazenada num condensador é então dada por:


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1
W = C U Cf2
2
Comportamento em CC 26

▪ Análise da descarga de um condensador uR(t)


i(t)
▪ A situação mais simples para analisar a
descarga de um condensador consiste em a b R
C uC(t)
ligar o condensador a uma resistência. E
Durante a descarga do condensador existirá
uma corrente no circuito, e a energia
armazenada no condensador será dissipada
na resistência por efeito de Joule.

▪ Aplicando a lei de Kirchhoff das malhas ao circuito obtemos


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uC (t ) + u R (t ) = 0  uC (t ) + R  i (t ) = 0

▪ e utilizando a relação entre i(t) e u(t) do diapositivo 16 obtemos

uC (t ) u (t ) u (t )
uC (t ) + R  C =0 C + C =0
t t RC
Comportamento em CC 27

▪ Análise da descarga de um condensador


▪ A equação anterior é novamente uma equação diferencial de 1ª
ordem de coeficientes constantes e a solução obtida para uC(t) é

uC (t ) = U Ci e −t / t

▪ em que t (s) é a constante de tempo definida anteriormente.


▪ Podemos agora calcular o valor da corrente

uC (t ) U
i (t ) = − = − Ci e −t / t
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R R
▪ Se o condensador tiver sido completamente carregado com o
circuito na posição a, UCi será igual a E. O sinal da corrente é
negativo porque o sentido é contrário ao definido na figura.
▪ Na prática costuma considerar-se que a descarga do condensador
está completa ao fim de 5t, uma vez que o erro cometido é inferior
a 1%.
Comportamento em CC 28

▪ Análise da descarga de um condensador


▪ Os valores iniciais e finais de uC(t) e i(t) são calculados substituindo
nas equações anteriores o tempo, t, por 0 e por infinito.

▪ Valores iniciais:

uCi (t ) = U Ci e −t / t = U Ci e − 0 / t = U Ci

U Ci −t / t U Ci − 0 / t U Ci
ii (t ) = e = e =
R R R
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▪ Valores finais:

uCf (t ) = U Ci e −t / t = U Ci e − / t = 0 (t →   uC (t ) → 0)
U Ci −t / t U Ci −  / t
i f (t ) = e = e =0 (t →   i(t ) → 0)
R R
Comportamento em CC 29

▪ Análise da descarga de um condensador


TCIRC
Comportamento em CC 30

▪ Expressões gerais para a carga e descarga de um condensador


▪ As equações do diapositivo 24 para a carga de um condensador
podem ser utilizadas como expressões gerais para a carga e
descarga de um condensador.
▪ Relembrando essas equações:

uC (t ) = U Ci + (U Cf − U Ci )(1 − e −t / t ) = U Cf − (U Cf − U Ci )e −t / t

U Cf − U Ci
i (t ) = e −t / t
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R
▪ Isto desde que se utilize os valores adequados para UCi e UCf em
cada uma das situações de carga ou descarga.
▪ A corrente para a descarga do condensador virá com o sinal
negativo porque o sentido tinha sido definido para a situação de
carga, e na descarga o sentido da corrente é contrária.
Exercícios de aplicação 31

Exercício 7.2., página 274, do livro “Circuitos eléctricos”, Vítor


Meireles, LIDEL, 4ª edição.
1. Dado o circuito representado:
a) Liga-se o interruptor K durante o tempo suficiente para que o condensador carregue
completamente, após o qual K é desligado. Estudar a variação no tempo das correntes
no circuito e da tensão no condensador. Qual a energia armazenada no condensador
imediatamente antes de se desligar o interruptor?
b) Substitui-se o condensador por outro de capacidade desconhecida. Sabendo que 0,1 s
após se ter ligado o interruptor K a tensão no condensador é de 20 V, calcule a tensão
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que existirá no condensador, 1 minuto


após se ter desligado o interruptor K
(supondo que o condensador já estava
completamente carregado).
Exercícios de aplicação 32

Exercício 7.2., página 275, do livro “Circuitos eléctricos”, Vítor


Meireles, LIDEL, 4ª edição.
2. Calcular os valores das resistências R1 e R2 sabendo que: E=60 V; C=50 mF;
com o condensador inicialmente descarregado, a tensão entre as armaduras
será de 19,78 V dois segundos após se ter ligado o interruptor K; depois de se
ter esperado tempo suficiente para que o condensador carregue completamente
(qual é esse tempo?) desliga-se o interruptor K e passados 30 s a tensão entre
as armaduras é de 36,39 V.
TCIRC
Exercícios de aplicação 33

Exercício 7.2., página 275, do livro “Circuitos eléctricos”, Vítor


Meireles, LIDEL, 4ª edição.

3. Faça o estudo da carga e da descarga do condensador representado


no circuito, quando se liga e quando se desliga o interruptor K.
TCIRC
Referências 34

▪ Slides “Condensadores e capacitância”, Mário Alves

▪ “Circuitos eléctricos”, Vítor Meireles, LIDEL, 4ª edição


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