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Monólogo Lady Macbeth

Ato I, Cena V

O próprio corvo que coaxa a entrada fatal de Duncan sob meus ombros é rouco. Vamos, ó espíritos
que vigiam os pensamentos da morte, neste exato momento você distorce seu sexo em mim e me
enche da cabeça aos pés com a crueldade mais atroz. Engrosse meu sangue, bloqueie todos os
acessos e todos os modos de ter pena, para que nenhuma visita contrita de sentimentos naturais
abale meu plano feroz ou estabeleça uma trégua entre ele e a execução. Venha ao seio da minha
mulher, tome meu leite em troca de sua irritação, ó ministros do assassinato, onde quer que, em suas
formas invisíveis, esteja pronto para servir o mal dos homens. Venha, noite densa, e encoberto na
fumaça mais perdida do inferno, para que minha adaga afiada não veja a ferida que faz, e o céu não
possa aparecer sob o manto da escuridão para gritar "Pare!

LADY MACBETH - Aqui ainda há uma mancha.


Sai, mancha amaldiçoada! Sai! Estou mandando um dois. Sim, já é tempo de fazê-lo; O inferno é
sombrio..Ora, marido! Ora! Um soldado ter modo? Por que termos medo de que alguém o venha a
saber, se ninguém poderá pedir contas a nosso poder? Mas quem poderia imaginar que o velho
tivesse tanto sangue no corpo?
O thane de Fife tinha uma mulher; Onde se encontra ela agora? Como! Estas mãos nunca ficarão
limpas? Basta, senhor; não falemos mais nisso; Estragais tudo com essa vacilação.
Aqui ainda há odor de sangue; Todo o perfume da Arábia não conseguiria deixar cheirosa esta
mãozinha; Oh! Oh! Oh!
Ide lavar as mãos; vesti vosso roupão de dormir; Não fiqueis assim tão pálido. Torno a dizer-vos
que Banquo está enterrado; não poderá sair da sepultura.
Para o leito! Para o leito! Estão batendo no por tão; Vinde, vinde! Dai-me a mão; O que está feito
não está por fazer; Para o leito, para o leito, para o leito!
(Sai.)

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