O que chamamos de Animagogia é um processo educativo espiritualista, de cunho
universal e ecumênico. Ela tem como fundamentos a Psicosofia (sabedoria espiritual) dos principais mestres espiritualistas da humanidade. A Animagogia não deve ser confundida com uma nova religião, pois não é doutrina e nem possui rituais. Seria melhor contextualizada como a dimensão educativa ou prática de uma ciência espiritual que se fundamenta nos ensinamentos de Lao Tsé, Buda, Krishna, Jesus, Maomé, Espírito de Verdade, entre outros, e cujo objetivo é a espiritualização do ser humanizado, ajudando-o a se compreender como um espírito eterno vivenciado uma experiência humana e não o contrário. Nesse sentido, da Psicosofia transmitida pelo Espírito de Verdade (de onde se originou a doutrina espírita), a Animagogia compartilha o ensinamento de que Deus é a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas; que o livre arbítrio foi exercido antes da encarnação, quando o espírito escolheu o seu gênero de provas; que a caridade é o que “liberta” o ser humano, entendendo que caridade é ser benevolente, indulgente e perdoar e, por fim, que o egoísmo é o maior mal da humanidade. Por sua vez, dos espíritos que se manifestam na seara umbandista, compartilha o ensinamento sobre a horizontalidade dos espíritos, ou seja, que não existe espíritos “superiores” ou “inferiores”, “civilizados” ou “selvagens”, mas que todos foram criados puros e evoluem conforme vencem o egoísmo (que não está no espírito, mas é um agregado criado para as provações do espírito, uma vez que o egoísmo é o que nutre a vida nos Orbes denominados de Provas e Expiações, como é o caso da Terra), e compreende que as entidades esclarecidas que se manifestam nos trabalhos mediúnicos utilizam posturas simbólicas para se manifestar e colocar em prova nossos preconceitos e valores (pretos- velhos, índios, crianças, etc.); e que o “bem” é viver em Deus, para Deus e com Deus e “mal” é viver preso ao egoísmo, ao individualismo. Dos ensinamentos que vêm do Islã compartilha aquele que nos ensina a submissão completa aos desígnios de Deus e o fatalismo (MAKTUB), ou seja, que nada acontece no mundo exterior por acaso e que “tudo está escrito”, uma vez que o mundo exterior ou os fatos materiais são criados por Deus para nossas provações (lembrando que o gênero das provas foi escolhido pelo espírito antes de encarnar, portanto, tudo o que ele vivencia na Terra é fruto do seu livre arbítrio). Dos ensinamentos de Krishna e de Lao Tsé compartilha a noção de Wu Wei, ou seja, o correto agir ou a não-ação. O que não quer dizer inação, mas o agir desinteressado, não alimentado pelo desejo. A ação sem buscar nada em troca ou se vincular aos frutos do trabalho realizado (se o mundo exterior é criado por Deus para as nossas provas, somos, necessariamente, os instrumentos de Deus, junto com os espíritos desencarnados, para criar os cenários e as situações dessas provas morais). Mesmo quando não temos esta compreensão, estamos agindo inconscientemente como instrumento do carma (ação) do outro e vice-versa. Logo, uma força superior nos levará, naturalmente, a fazer o que deve ser feito, pois cada um recebe exatamente aquilo que merece e necessita a cada novo segundo de sua vida humanizada. Portanto, não há a necessidade de se pré-ocupar com o futuro; julgar, criticar ou condenar o outro, lamentar o passado, alimentar paixões ou desejos materiais, mas viver em felicidade incondicional a vida humanizada, independente de estarmos vivenciando vicissitudes positivas ou negativas. Dos ensinamentos do Buda compartilha aqueles que nos ajudam a vencer o Ego, a iluminar-se, a tornar-se espíritos esclarecidos (bodhicittas), ou seja, vencer as ilusões criadas pelos apegos materiais, sentimentais e culturais (as verdades racionalizadas pelo Ego), a eliminar as paixões positivas e as negativas que criam vínculos ou aversões pelas formas materiais (criadas em nossa mente através das percepções e das sensações), e a destruir os desejos humanizados que nos impede de chegar a essência das coisas (os dois princípios universais: o espírito – princípio inteligente - e a energia cósmica universal – princípio material). Por fim, dos ensinamentos do Cristo, vem o mais importante de todos: a necessidade do amor incondicional e a “ressurreição” na carne (ou seja, renascer para a vida espiritual enquanto estamos ligados a um corpo físico, não postergando para o futuro o que devemos fazer hoje), ainda mais quando se sabe que essa é a nossa encarnação derradeira na Terra. Ou seja, aqueles que não se libertarem do egoísmo nessa encarnação serão exilados da Terra. Em outras palavras, continuarão suas encarnações em outros mundos de provas e expiações e não mais no orbe terráqueo, que, em breve, mudará de estágio, não mais sendo nutrido pelo egoísmo. Assim, se até recentemente, no mundo de Provas e Expiações que é a Terra, os espíritos que venciam o ego passavam a habitar mundos superiores, com a mudança de estágio que se está se processando, aqueles que vencerem o egoísmo continuarão a encarnar por aqui e serão exilados para outros orbes aqueles que ainda precisam vencer o egoísmo em futuras encarnações. A Animagogia, como apresentada acima, é uma prática educativa que não desmerece nenhum mestre, mas não se constitui em uma nova doutrina. Lembremos que as doutrinas, por suas próprias características, são, necessariamente, entrópicas, fechadas, absolutas. É por isso que o filósofo Whitehead costuma discorrer sobre as diferenças entre a “doutrina” e a “teoria científica”. Assim, a Psicosofia que fundamenta a Animagogia é neg-entrópica e holonômica, compreendendo que a parte (o individualismo) contem o todo (o universalismo) e, por isso mesmo, não entra em conflito com nenhuma doutrina religiosa. Apesar de não gozar de prestigio acadêmico, possui o mesmo grau de cientificidade que o marxismo, a psicanálise e tantas outras abordagens ditas científicas. Da mesma forma que para se formar um pedagogo (um educador de crianças) é necessário estudar o saber sistematizado pela sociologia, pela psicologia, pela antropologia etc., para se formar um animagogo (um educador de almas) é necessário estudar a Psicosofia, portanto, os ensinamentos universalistas dos grandes mestres espirituais da humanidade. O trabalho de um animagogo é sempre individualizado, tratando dos problemas espirituais de cada ser humanizado, pois o foco de seu trabalho é sempre a mudança interior, a “reforma íntima”. Assim, o trabalho do animagogo consiste em destruir as artimanhas do ego que sempre tentará culpar o mundo exterior, ou seja, o pai, a mãe, o marido, a sociedade etc. por um problema ou sofrimento cuja causa é sempre e exclusivamente interior. Eliminando- se, gradativamente, os apegos e as aversões, as paixões e desejos que trazem alegria ou sofrimento, prepara-se o ser humanizado para vencer o egoísmo e viver feliz incondicionalmente sua vida humanizada, sem apegos materiais, sentimentais e culturais, porém, com sua fé inabalável em Deus. Por não estar limitada por uma doutrina entrópica, a Animagogia pode se valer de inúmeros recursos complementares como a arteterapia, o passe (reiki, johrey, cura prânica etc.), a apometria, a conversa com espíritos, a psicografia, a meditação, o yoga, os tratamentos florais, o t’ai chi chuan etc. Nenhum desses recursos é “não-doutrinário”, pois o importante é utilizá-los de acordo com o problema enfrentado por cada espírito humanizado, esteja ele encarnado ou não, ajudando-o a libertar-se do ego, ou seja, espiritualizando-se, vivendo na Paz de Deus e amando-O acima de todas as coisas.