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Conversando Sobre Juventude
Conversando Sobre Juventude
In:CALIARI, Hingridy
Lutas Sociais Fassarella;
e Exercício SIQUEIRA,
Profissional Marcia Smarzaro.
no Contexto da crise doCONVERSANDO SOBRE
capital: mediações JUVENTUDE
e a consolidação do.
projeto ético-político do Serviço Social, XIII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, Anais. Brasília:
CFESS, CRESS 8ª Região, ABEPSS, ENESSO, 2010.
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Assistente Social, Mestra em Política Social pela Universidade Federal do Espírito Santo. Professora
Assistente da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória-EMESCAM.
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Assistente Social, Doutora Em Serviço Social Pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
Professora Adjunta do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo.
A elaboração de políticas e planos de ação referentes às demandas nascidas da
juventude pressupõe uma reflexão em torno da conceituação do tema. Problematizar
juventude não é fácil, já que existem diversas discordâncias teóricas. Num primeiro
momento, ela parece associada à idéia de idade, logo, com características biológicas
acentuadas. No entanto, a significação de juventude se revela complexa, por isso,
diversos autores exploram essa questão e nos apresentam conceitos que ajudam no
entendimento do tema. Para uma maior compreensão serão feitas algumas idas e
vindas nas teorias, com o objetivo de, ao final, termos um entendimento conceitual a
respeito da juventude, para os propósitos desse trabalho.
Em seu texto, ainda, Bourdieu (1983), dentre outros pontos, discute sobre o sistema
escolar e conclui que ele é uma forma de reprodução social, no qual o sistema exclui
da qualificação, quase que em uma seleção natural, os jovens das classes populares
que encontram dificuldades diversas em continuar seus estudos. Parece-nos que
Bourdieu, aos poucos, apresenta uma metodologia dialética que, composta por idas e
vindas na realidade histórica, busca o entendimento do „ser juvenil‟
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Bourdieu, Pierre. A “juventude” é apenas uma palavra. In: Questões de sociologia . Rio de Janeiro:
Editora Marco Zero, 1983.
Provocados pela importância desses escritos de Bourdieu (1983), que tem como título
“A juventude é apenas uma palavra”, os autores Margulis e Urresti (1996)
expressaram suas idéias através da organização de um livro, cujo título é“La juventud
és más que una palabra5”.
sociológica precisa ser problematizada, ou seja, sair da forma real e assumir a forma
teórica. Nesse sentido, é possível questionar o modo de entender a juventude
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MARGULIS, Mario (org.). La juventud és mas que una palabra. Buenos Aires: Biblos, 1996.
somente como „problema‟ e discutir os problemas sociais relacionados aos jovens
para, assim, transformá-los em problemas sociológicos, em forma teórica, com
capacidade de serem decifrados, questionados e pesquisados pela sociologia (PAIS,
2003).
Há, ainda, a dificuldade de acesso à habitação, que gera uma convivência mais
longínqua com os pais, podendo causar diversos problemas de ordem familiar. Essa
dificuldade de constituição de um lar faz com que os jovens assumam uniões estáveis,
adiram ao aborto, às relações precárias, ao divórcio e às “variantes da vida sexual”
(PAIS, 2003, p.32), configurando novas formas de sociabilidade, que não
necessariamente adquirem caráter negativo, mas passam a ter esse caráter, a partir
do momento em que essa situação obriga alguns jovens a desenvolver novas formas
de convivência, não por opção, mas, justamente, por falta da possibilidade de escolha.
Pais (2003) sintetiza todos esses problemas, ao afirmar que os problemas dos jovens
são:
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Os Mass Media são sistemas organizados de produção, difusão e recepção de informação. Estes
sistemas são geridos, por empresas especializadas na comunicação de massas e exploradas nos
necessário “penetrar no cotidiano do jovem” e questionar: “[...] sentirão os jovens estes
problemas como seus problemas?” (PAIS, 2003, p.34).
A difusão pelo mass media da existência de uma „cultura juvenil‟, como, por exemplo,
„ameaçadora‟ para a sociedade, “é como qualquer mito, uma construção social que
existe mais como „representação social‟7 do que como realidade” (PAIS, 2003, p.36).
Alguns jovens se reconhecem como parte desse mito; outros, não. Os que se
reconhecem formam, entre si, uma espécie de „consciência geracional‟ , que os leva a
acentuar diferenças referentes a outras gerações. Já os que não se identificam com o
mito de uma única cultura juvenil, se vêem com uma experiência distinta da dos outros
jovens, ou mesmo como „não jovens‟ (PAIS, 2003).
regimes concorrenciais, monopolistas ou mistos. As empresas podem ser privadas, públicas ou estatais.
Texto transcrito do livro "A era de EMEREC” de Jean Cloutier, Ministério da Educação e Investigação
Científica - Instituto de tecnologia Educativa, 1975. Retirado, em 03 de março de 2009, da página
http://www.univ-ab.pt.
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A teoria da „Representação social‟ é entendida como “um conjunto de conceitos, afirmações e
explicações srcinado na vida diária, no curso de comunicações inter-individuais. São o equivalente, em
nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; pode-se dizer mesmo
que são a versão contemporânea do senso comum” (MOSCOVICI, 1981, p. 181, apud, MENANDRO,
2004, p. 66,). A Teoria das Representações sociais pode ser aprofundada tendo como base o criador da
teoria, Moscovici, na área da psicanálise; Durkheim, através da teoria da “Representação coletiva”;
Bertollo, Mímeo, “Juventude e Participação Política: Motivações, Tr ajetórias e Representações.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFES, Vitória/ES, 2008; Marcos
Alexandre, em “Representação Social: uma genealogia do conceito”, Comum. Rio de Janeiro. v.10 - nº 23
- p. 122 a 138 - julho/dezembr o 2004, “[...] representação social como instrumento da avaliação dos
grupos sociais, vêm reforçar a compreensão operacional de como as representações sociais são
elaboradas coletivamente a partir da realidade cotidiana.” A Representação Social é uma teori a muito
utilizada por José Machado Pais (2003).
assim, ao analisarmos a história, é possível compreender diversos momentos em que
a juventude foi tratada como „sub-geração‟, incompreendida e rebelde.
Abramo (2005) faz uma abordagem sobre a representação social da juventude, a partir
da década de 1950. Segundo ela, nessa época, a visão predominante era a do jovem
como aquele que se encontra em período de transição entre a infância e a idade
adulta, encarada como etapa produtiva da vida e que se comprometia com o
progresso nacional.
liderado pela juventude, conhecido como maio de 1968, que começou na França e
teve repercussão mundial. Marcou história, com relação à grande capacidade de
mobilização da juventude.
Devido a esses diversos fatores (mobilizações, participações políticas no movimento
estudantil, visibilidade no cenário político nacional, entre outros) a juventude assumiu,
nesse momento, o papel de „agente‟ portador da possibilidade de transformação,
sendo carimbada como participativa e revolucionária, oportunizando uma reflexão que
deu srcem à „sociologia da juventude‟ e ao „pânico da revolução‟ (SOUSA, 1999).
Esse medo, ou „pânico‟ , tem a ver com o desconforto provocado pelo perigo de
mudança; pelas idéias comunistas - muito difundidas entre os jovens; e, também, com
a preocupação do não enquadramento desses jovens “desviados” no movimento
„normal‟ da sociedade8 (ABRAMO, 2005).
Essa juventude, considerada rebelde nos anos 1960 e 1970, foi assimilada de forma
positiva, sendo „carimbada‟ como geração idealista, generosa, criativa, que ousou
sonhar. Assim, a utopia e o idealismo se tornaram características quase que
essenciais para se conceituar a juventude (ABRAMO, 2005).
do ideal revolucionário deu lugar a um conceito que identificava a juventude com certo
grau de apatia política (ABRAMO, 2005). Dessa forma, tal fato é explicado pela
mudança na representatividade juvenil, antes mais forte, devido à presença do inimigo
comum: a ditadura.
Nos anos 1990, a juventude começa a ganhar visibilidade nas agendas públicas,
sendo vista como „sujeito de direitos‟, pela primeira vez, na história brasileira. No
entanto, as políticas públicas formuladas, tanto na área da assistência, da educação,
.
quanto da segurança pública, carregam o estigma da „juventude problema‟
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Essa visão de juventude utópica, sonhadora e idealista, construída na década de 1960, persiste até
hoje, no entanto, nesse mesmo período histórico já existiam entre esses jovens idealistas e
revolucionários outros interlocutores juvenis de direita e conservadores que contribuíram na luta para a
tomada do poder de forma ditatorial, como os jovens tenentes militares
Kuasñosky e Szulik (1996) afirmam que as políticas públicas de juventude aparecem
ligadas a dois fatores: a relação problemática entre jovem e trabalho, e a identificação
do jovem como „perigo social‟, como população de risco.
O interesse estatal para com os jovens deve ser analisado a partir de uma situação
estrutural particular, que registra esse grupo como um dos mais afetados pela crise. O
jovem é, portanto, o segmento que ocupa um lugar caracterizado pela suspeita de
perigo e ameaça social (KUASÑOSKY; SZULIK, 1996).
Esse fator nos leva a refletir sobre a possibilidade de compreender a juventude para
além daquela unidade aparente. Sendo assim, temos a possibilidade de ter dois
olhares: a unidade (quando referida à fase da vida) e a diversidade (quando estão
presentes diversos atributos sociais, como as classes sociais) (PAIS, 2003).
(PAIS, 2003)
Sendo assim, entendemos que a juventude deve ser olhada para além da sua
unidade; ou seja, em sua diversidade. Nesse sentido, não há um único conceito que
dê conta de sistematizar a juventude, nem na sua aparente „unidade‟ e, muito menos,
na sua „diversidade‟. Existem diferentes juventudes e diferentes maneiras de
conceituá-las, diferentes teorias que são agrupadas em duas principais correntes,
conforme citado anteriormente, que procuram explicar e entender a juventude e suas
facetas, são elas: a „corrente geracional‟ e a „corrente classista‟, que carregam na sua
base os campos semânticos de compreensão da juventude; ou seja, aunidad
„ e‟ e a
„diversidade‟, respectivamente.
REFERÊNCIAS