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Tema 3.

Química da Hidrosfera e sua poluição

O planeta Terra poderia se chamar "planeta água",


já que cerca de ¾ de sua superfície terrestre é
constituído por água. Deste total 96 % é água salgada,
contida nos oceanos e mares.
É importante ressaltar que apenas 1 % dessa
água é imediatamente aproveitável para actividades
humanas (a maior parte, águas subterrâneas).
Cerca de 3 % da água doce se encontra nas geleiras.

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Tabela 1. Distribuição de Água na Terra
Reservatório Volume % do total
106 km3
Oceanos 1400 95.96
Capas e geleiras 43.4 2.97
Àguas subterrâneas 15.3 1.05
Lagos 0.125 0.009
Rios 0.0017 0.0001
Atmosfera total (vapor) 0.0155 0.001
Biosfera 0.002 0.0001
Total 1459

2
3
A demanda por água cresce a cada ano, mas as reservas
disponíveis não são inesgotáveis, por isso é
imprescindível a preservação das reservas de água,
principalmente a potável.

A população da Terra aumenta rapidamente e precisa do


consumo elevado da água doce (industria, agricultura,
fins domésticos.
O uso anual de água doce por humanidade constitui
~ 8% dos recursos renováveis
( 69 % - agricultura, 23 % - industria,
8 % - fins domésticos).

4
5
Pequeno ciclo. O calor do ambiente faz derreter (fundir) e
evaporar a água dos oceanos, geleiras, rios e lagos.
O vapor de água presente no ar condensa-se, então, formando
as nuvens que depois produzem as chuvas.
Com as chuvas, a água retorna à superfície terrestre.

Grande ciclo. Tem a participação de seres vivos.


As plantas absorvem a água da chuva infiltrada no solo e
eliminam no ambiente em forma de vapor.
Os animais participam do ciclo bebendo água e comendo.

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Propriedades físicas da Água

A água tem valores mais elevados para o ponto de


fusão, ponto de ebulição, calor de vaporização
e tensão superficial do que os hidretos comparáveis
(H2S, NH3) e a maioria dos líquidos comuns.
Estas propriedade indicam que as forças de atracção
entre as moléculas de H2O líquida são relativamente
elevadas.

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Tabela 2. Calor de vaporização de alguns líquidos comuns

Líquido ∆H vap, cal/g


Água 540
Metanol 263
Etanol 204
Acetona 125
Benzeno 94
Clorofórmio 59

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As forças intermoleculares fortes na água líquida
são causadas pela distribuição específica dos
eletrões na molécula de H2O.
O átomo de oxigénio tem hibridização sp3 .
Duas orbitais hibridas de O formam duas ligações σ
com 2 átomos de H que ocupamos vértices
do tetraedro.
Outros dois vértices do tetraedro correspondem
pares de electrões não compartilhados (Fig.1).
O ângulo H-O-H constitui 105o, inferior ao
ângulo tetraédrico.
O comprimento da ligação O-H é de 0.96 A0,
energia – 494 kj/mol.
9
Cada um dos 2 átomos de H tem uma carga positiva
parcial δ+.
O átomo de O, por sua vez, tem uma carga negativa
δ- localizada na zona das orbitais não
compartilhadas. Assim, embora a molécula de água
não tenha carga efectiva, ela é um dípolo eléctrico.
Devido a este facto, cada molécula de água é
capaz de formar pontes de H com as moléculas de
água vizinhas e determina grande coesão interna de
água líquida.
As pontes de hidrogénio são relativamente fracas
comparadas com as ligações covalentes.

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Energia de ligação H na água líquida é ~ 18.8 kj/mol,
em comparação com 460 kj/mol da ligação H-O.

As pontes de H também possuem um comprimento de


ligação específico que difere de um tipo de ligação H
para outro, dependendo da estrutura geométrica.

P.ex. No gelo o comprimento de cada ligação H


é de 1.77 A0.

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Propriedades solventes da água
A água é um solvente melhor do que a maioria dos líquidos
comuns. Vários sais cristalinos e outros compostos iónicos se
dissolvem rapidamente na água, mas são praticamente
insolúveis em líquidos não polares (CHCl3, C6H6).
A água tem uma constante dieléctrica extremamente alta.
Tabela 3. Constantes dieléctricas ε de alguns
líquidos (200C)

Líquido ε
Água 80
Metanol 33
Etanol 24
Acetona 21
Benzeno 2.3
Hexano 1.9
12
Uma segunda grande classe de substâncias que se
dissolvem facilmente na água inclui os compostos não
iónicos polares – açucares, álcoois inferiores, aldeídos,
cetonas, ácidos carboxílicos. Sua solubilidade é
resultante da propensão das moléculas de água à
formação de pontes de H com grupos funcionais
polares.

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Produto iónico de água. pH
A dissociação da água é um processo de equilíbrio,
2H2O H3O+ + OH-
para o qual pode-se escrever a constante de equilíbrio:

Keq = [H3O+] [OH-] / [H2O]2

A concentração de água na água pura é 1000/18 = 55,5 M,


concentração de iões de H3O+ e OH- é 1x10-7 M a 250C.
A expressão da Keq pode ser simplificada

(55,5)2 Keq = [H3O+] [OH-]

ou Kw = [H3O+] [OH-] denominada de produto iónico da água.


Kw a 250C é 1,0x10-14. pH = -log10 [H3O+]
Concentração de [H3O+] em solução neutra é 1.0x10-7,
o pH de tal solução é 7,0
14
Metais e semi-metais na Hidrosfera
Classificação dos metais e seu comportamento
com água.
Metais de acordo com seu comportamento
com água podem ser agrupados em activos e inertes.

Os metais activos são metais dos grupos I-A alcalinos


(Li, Na, K, Rb, Cs,) e do grupo II-A - alcalino-terrenos
(Ca, Sr, Ba ) do sistema periódica de Mendeleev.
Eles reagem com água nas condições normais
libertando H2 segundo esquema:

Me + H2O → Me(OH)x + H2 ; x = 1, 2
15
Be e Mg não reagem com água a T ambiente devido
a existência na sua superfície da camada fina dos
seus óxidos BeO e Mg inertes à agua.

Os metais activos ocorrem na Hidrosfera em forma


de sais – haletos, sulfatos, carbonatos. NaCl é
altamente divulgado na Natureza, contribui
essencialmente a salinidade da água salgada do
mar e do oceano; fosfatos de sódio (Na3PO4,
polifosfatos) entram na composição dos detergentes
comerciais por fins de complexação dos Ca2+ e
Mg2+.

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K2SO4 está usado como fertilizante na agricultura.
Mg, Ca, Ba são muito divulgados na crosta terrestre,
presença dos catiões de Ca e de Mg determina a
dureza das águas doces.

Os todos outros metais não reagem com água nas


condições ambientes. Eles podem decompor água só
a condição da destruição da camada superficial dos
óxidos e a T elevada.
Na Hidrosfera ocorrem geralmente em forma de
aquacomplexos com fórmula geral
Men+(H2O)x onde n = 2,3,4.

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Reacções da complexação em água doce

Os metais na Hidrosfera ocorrem geralmente em


forma de aquacomplexos da fórmula geral
Men+(H2O)x ; onde n = 2,3,4. A forma hidratada
3+
representa-se como Al (aq).
Mg2+(aq) + SO42-(aq) [ Mg2+ (H2O)2 SO42- ]aq

Composição do par de iões depende da natureza de


iões e força iónica da solução. Geralmente, par de
iões forma-se entre catiões metálicos ( Mg2+, Fe3+) e
aniões CO32-, SO42-. A esfera interna do complexo
envolve as interacções entre catião do metal e outras
espécies possuindas os pares de electrões não
18
compartilhados.
Hidrolíse. Nos sistemas aquosos as reacções da
hidrólise são exemplos importantes da formação
da esfera interna para maioria dos iões metálicos.

Al3+(aq) + H2O Al(OH)2+(aq) + H+(aq)


-4.95
K1 = 10 (1)

Al(OH)2+(aq) + H2O Al(OH)2+2(aq) + H+(aq)


K2 = 10 – 5.6 (2)
2+ +
Al(OH) 2(aq) + H2 O Al(OH)3(aq) + H (aq)
K3 = 10 – 6.7 (3)

Al(OH)3(aq) + H2O Al(OH)4-(aq) + H+(aq)


K4 = 10 – 5.6 (4)
19
Hidrólise ou, mais geralmente, a formação dos
complexos de equilíbrio pode ser descrita por
constantes da estabilidade β.

Al3+(aq) + H2O Al(OH)2+(aq) + H+(aq)


β 1 = K1 = 10 -4.95
(5)

Al(OH)2+(aq) + 2H2O Al(OH)2+2(aq) + 2H+(aq)


– 10.55
β 2 = K1• K2 = 10 (6)

Al(OH)2+2(aq) + 3H2O Al(OH)3(aq) + 3H+(aq)


β 3 = K1• K2•K3 = 10 – 17.25 (7)

Al(OH)3(aq) + 4H2O Al(OH)4-(aq) + 4H+(aq)


β 4 = K1• K2•K3•K4 = 10 – 23.85 (8)

A maioria de outros ligandes inorgânicos na água


doce além de OH- são: HCO3-, CO32-, SO42-, F-, HS-
, S2-. A estabilidade dos complexos com ligandes
inorgânicos depende da natureza do metal e
ligandes. 20
Tabela 4. Formas complexadas dos metais
mais divulgados na H2O doce a pH 8

Ião de Maior espécie


metal
II 2+
Mg Mg
CaII Ca2+
III + -
Al Al(OH)3 , Al(OH)2 , Al(OH)4
MnIV MnO2
FeIII Fe(OH)3o, Fe(OH)2+, Fe(OH)4-
II 2+ o
Ni Ni , NiCO3
CuII CuCO3o, Cu(OH)2o
II 2+
Zn Zn , ZnCO3
21
Formação dos complexos de superfície
Adsorção específica ou adsorção química ocorre na fronteira
interfacial Me- H2O pode ser traduzida por equações seguintes:

--X- O (s) + H2 O(l) -- X(OH)2(s) (9)

Onde X corresponde à superfície de átomos (Fe, Mn, Al, Si).


Os iõe livres dos metais Me n+ na solução podem ser adsorvidos
por superfície sólida hidroxilada:
n+ (n-1)+ +
 --X – O – H + Me -- X - O – Me + H
(10)
22
+
Os quelatos são formados quando mais que um H está eliminado:
X OH X O
+ Men+ (n-2)+
Me + 2H+
X OH X O (11)

Adsorção específica tem lugar também para compelxos MeLm n+ :

n+ (n-1)+ +
--X – O – H + MeLm --X – O - MeLm + H (12)

--X – O – H + MeLm n+ --X – O - MeLm (n+1)+ + OH- (13)

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As partículas sólidos dos colóides naturais da água doce
adquirem as cargas eléctricas.
Exemplo. Dissolução electrolítica dos sais pode
em catiões e aniões ocorrer independentemente
formando carga superficial (-) ou (+).

BaSO4(s) Ba2+(aq) + SO42-(aq) (14)

24
Metais dissolvidos na água doce (Fe, Mn) formam as camadas
superficiais de hidróxidos que exibem
as propriedades anfotéricas:

--XO (s) + H+(aq) -- XOH(s) (15)

--XOH(s) + H+(aq) --XOH2+(s) + (16)

Os hidróxidos se comportam como ácidos e bases


de Brönsted a pH baixo ou elevado e iões de H+ são iões
determinantes. O ponto da carga zero (PCZ)
é – log10 [H+] para qual a superfície
tem a carga eléctrica nula e as concentrações de ácido
e base de Brönsted são iguais.
[-XOH+2] = [-XO-] (17)

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Tabela 5. Valores o PCZ dos colóides minerais nas
águas doces

Mineral pHPCZ
Al2O3 9.1
Al(OH)3 5.0
AlOOH 8.2
CuO 9.5
Fe3O4 6.5
FeOOH 7.8
Fe2O3 6.7
Fe(OH)3 8.5
MgO 12.4
MnO2 7.2 26
SiO 2.0
Complexos orgânicos

As cargas das partículas orgânicas provêm da


dissociação dos grupos funcionais (OH, COOH, NH2).
As proteínas e polissacáridos mostram a carga
negativa na água salgada.

As substâncias húmicas têm vários grupos


funcionais e formam os complexos com os iões
metálicos hidratados .

27
Química dos colóides e fenómenos superficiais
Formação e propriedades físico-químicas de
sistemas de dispersão
DISPERSÕES são sistemas nos quais
uma substância está dissolvida em outra substância.
A substância dissolvida é chamada de fase dispersa
e a outra substância de fase dispersante.

As dispersões são classificadas de acordo com o


tamanho médio das partículas dispersas:
· Solução Verdadeira (0 e 1 nm)
· Sistema coloidal (1 e 100 nm)
· Suspensão (acima de 100 nm)
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SOLUÇÃO VERDADEIRA  mistura homogênea de
duas ou mais substâncias.
Possuem composição variada, sendo a substância
em maior quantidade denominada de solvente
(dispersante) e a substância em menor
quantidade de soluto (disperso).

SISTEMAS COLOIDAIS são sistemas heterogêneos


de pelo menos duas fases diferentes, com a matéria de
uma das fases na forma finamente dividida (sólido,
líquido ou gás), denominada fase dispersa, misturada
com a fase contínua (sólido, líquido ou gás),
denominada meio de dispersão.
29
Tabela 6. Classificação dos sistemas de dispersão de
acordo com fases
EXEMPLOS DE ACORDO COM AS FASES
Aerossóis líquidos neblina, nuvens e sprays
Aerossóis sólidos poeira e fumo
Espumas sólidas farófias e espuma de
poliuretano também
conhecida por esponja

Espumas líquidas espuma da cerveja, espuma


de barbear
Emulsões (líquidas) leite e maionese (meio
contínuo: água, fase
dispersa: gordura)
Manteiga e a margarina
(meio contínuo: óleo, fase
dispersa: água).
Emulsão sólida Queijo (meio contínuo:
proteínas, fase dispersa:
gordura)
Sol líquido Gelatina (meio contínuo:
água, fase dispersa:
proteínas)

Sóis sólidos Aço ao carbono (meio


contínuo: ferro, fase
dispersa: carbono);
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SUSPENSÃO  tipo de mistura formada por duas ou
mais fases (mistura heterogênea), onde partículas
sólidas se apresentam não dissolvidas, total ou
parcialmente, em presença de meio líquido.

Estabilidade e destruição dos sistemas de dispersão


Suspensões, colóides, espumas, emulsões pertencem
aos sistemas termodinamicamente instáveis devido a
sua heterogeneidade e capacidade de reduzir sua
energia livre por agregação das partículas da fase
dispersa que acaba em forma separação
completa das fases.
Equação fundamental que descreve os sistema de
dispersão é: 31
dG = VdP – SdT + Σμidni + σdAs
Onde:
G – energia livre;
S – entropia;
μ– potencial químico;
σ – tensão superficial (interfacial);
As – área da superfície de separação das fases;
σdAs – trabalho da expansão da superfície;
P, T – pressão e temperatura.
Exemplos. Suspensões – sedimentação,
colóides – coagulação, emulsões –separação.

32
Estabilidade depende dos factores seguintes:
tamanho das partículas da fase dispersa,
temperatura, agitação, pH, presença e adsorção
dos compostos inorgânicos (electrólitos) e
orgânicos (detergentes) na superfície de
separação.
Deste modo a estabilidade dos colóides, emulsões ,
espumas pode-se modificar consideravelmente por
adição ou remoção dos electrólitos e detergentes.

33
Agregação dos colóides estáveis não ocorre devido
as forças de repulsão electrostáticas e acaba-se por
sedimentação das partículas dispersadas.
Existem dois mecanismos da agregação dos colóides:
Coagulação – quando redução da repulsão entre as
partículas coloidais por meios inorgânicos.
Coagulação está empregada nos processos da
purificação da água.
Adição dos sais de Fe ou de Al produz a formação
dos hidróxidos coloidais Fe(OH)3 ou Al(OH)3 que
adsorvem e removem as impurezas e
metais pesados da água.

34
Floculação – determina-se por interacção do material
orgânico (um composto macromolecular solúvel em
água) associados com partículas coloidais; forças de
repulsão electrostática diminuem por adsorção de
surfactantes orgânicos, formação de pontes entre
partículas colóidais, o resultado de isso é surgimento
das grandes partículas – flóculos.
Nas águas naturais as substância húmicas podem
promover a floculação. Isto acontece nos estuários,
quando Fe é depositado em forma dos flóculos de
hidróxido-humanos.
Nas águas doces camadas das substâncias húmicas
desempenham função protectora e
estabilizam os colóides.
35
Aspectos gerais dos fenómenos superficiais

Adsorção em sólidos
Quando se mistura um sólido finamente dividido a uma
solução diluída de um corante, observamos que a
intensidade da coloração decresce pronunciadamente.
Expondo um sólido finamente dividido a um gás a baixa
pressão, esta pressão decresce.
Nestas situações o corante ou gás são adsorvidos
sobre a superfície do sólido. A intensidade do efeito
depende da T, natureza da substância adsorvida, da
natureza e estado de agregação do adsorvente e da
concentração do corante ou da pressão do gás.
36
A isoterma de Freundlich é uma das primeiras
equações propostas para estabelecer uma relação
entre a quantidade de material adsorvido e a
concentração dele na solução:
m = kc1/n
m - massa adsorvida por unidade de massa do
adsorvente
c - concentração; k e n são constantes.
Medindo m em função de c e construindo o diagrama
log10m em função de log10c, podemos determinar os
valores de n e k a partir do coeficiente angular e da
intersecção da recta com eixo das ordenadas.
A isoterma de Freundlich falha quando a
concentração (ou pressão) do adsorvato é muito alta.
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Isoterma da adsorção de Langmuir:

x/m = abc(1 + ac)

x – massa do soluto adsorvido por m gramas do adsorvente


sólido
c – concentração do soluto em equilíbrio
a, b – constantes; 1/a é concentração quando uma metade
da superfície do adsorvente está ocupada:
b – corresponde à superfície total de adsorção.
Equação da isoterma de Langmuir é valida para adsorção
com formação de uma monocamada do soluto na ausência
das interacções químicas entre soluto e adsorvente (adsorção
não específica).

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Adsorção específica ou quemosorção tem
lugar quando estão envolvidos as forças da
ligação por pontos de hidrogénio e interacções
de π-orbitais.

Exemplo. Adsorção específica dos metais de


transição por superfície dos hidróxidos
de Al, Fe, Si, Mn.

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Poluição da água e tratamento de águas residuais
A poluição é principalmente produzida pelo homem
e está directamente relacionada com os processos de
industrialização. Os agentes poluentes são os mais
variáveis possíveis e são capazes de alterar a água, o
solo, o ar, etc.
Tipos de poluição:
Poluição Química: causada pela presença de
produtos químicos nocivos.
Os poluentes químicos são divididos em:
Poluentes orgânicos: pesticidas (insecticidas,
fungicidas, herbicidas), detergentes (surfactantes),
hidrocarbonetos, fenóis, aminas.
Poluentes inorgânicos: metais pesados (Hg, Pb, Cd,
Zn, Cr), fertilizantes (adubos minerais).
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Os poluentes químicos são agrupados em:
Biodegradáveis - são produtos químicos que ao final
de um tempo, são decompostos pela acção de
bactérias. São exemplos de poluentes biodegradáveis o
detergentes, insecticidas, fertilizantes, petróleo, etc.

Persistentes - São produtos químicos que se mantém


por longo tempo no meio ambiente e nos organismos
vivos. Estes poluentes podem causar graves problemas
como a contaminação de alimentos, peixes e
crustáceos. São exemplos de poluentes persistentes
DDT, pentaclorofenol), o mercúrio, cádmio etc.

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Poluição Biológica resulta da presença de
microrganismos patogénicos , especialmente na água
potável. A água pode ser infectada por organismos
patogênicos, existentes nos esgotos.
Assim, ela pode conter:
* Bactérias - Provocam infecções intestinais epidêmicas
e endémicas (febre tifóide, cólera, salmonelose,
leptospirose etc.).
* Vírus - provocam hepatites, infecções nos olhos etc.
* Protozoários - Responsáveis pelas: malaria,
amebíases e giardíases, etc.
* Vermes - Esquistossomose e outras infestações.

42
Poluição Térmica ocorre frequentemente pelo
descarte, nos rios, de grandes volumes de água
aquecida usada no processo de refrigeração de
refinarias, siderúrgicas e empresas termoeléctricas.
O aumento da temperatura causa seguintes efeitos:

a) Para os seres vivos, os efeitos da temperatura


dizem respeito à aceleração do metabolismo, ou seja,
das actividades químicas que ocorrem nas células.
A aceleração do metabolismo provoca aumento da
necessidade de oxigénio.

43
b) Diminuição da solubilidade dos gases em água,
havendo assim um decréscimo na quantidade de
oxigénio dissolvido na água, prejudicando a respiração
dos peixes e de outros animais aquáticos.

c) Há uma diminuição do tempo de vida de algumas


espécies aquáticas, afectando os ciclos de reprodução.

d) Potencializa-se a acção dos poluentes já presentes


na água, pelo aumento na velocidade das reacções e
solubilidade de alguns poluentes.

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Poluição Sedimentar resulta do acúmulo de
partículas em suspensão (partículas de solo e de
produtos insolúveis orgânicos ou inorgânicos).
Por exemplo, sedimentos contaminados com
defensivos agrícolas que são transportados
para os rios, pelas enxurradas.
Esses sedimentos poluem de várias maneiras:
* Bloqueiam a entrada dos raios solares na lâmina
de água, interferindo na fotossíntese das
plantas aquáticas.
* Carreiam poluentes químicos e biológicos neles
adsorvidos.
Os sedimentos constituem a maior massa de poluentes
e geram a maior quantidade de poluição nas águas.
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Poluição radioactiva. Desde o início da era atómica,
as centenas de experiências com material nuclear têm
jogado quantidades enormes de resíduos radioactivos
na atmosfera. As correntes de ar, por sua vez,
encarregam-se de distribuir este material para
todas as regiões.
Além da liberação directa de material radioactivo,
existe o grave problema do lixo atómico, produzido
pelas usinas nucleares, que apresenta uma série de
dificuldades em seu armazenamento. Os principais
elementos radioactivos são:
CÉSIO 137, IODO 131, PLUTÔNIO 239,
ESTRÔNCIO 90, URÂNIO, COBALTO e CÁLCIO.
46
Matéria orgânica na água. Origem, aspectos
ambientais
Solubilidade do O2 em água no equilíbrio à 250C é
8.7 mg/L. Consumo de O2 e redução da sua
concentração na água é causado por decomposição da
biomassa e presença dos compostos orgânicos
oxidáveis. O grau do consumo de O2 por oxidação
microbiológica é designado como índice de CBO ou
BOD – (Biological oxygen Demand). Outro índice é
CQO (Consumo Químico de O2 ) ou COD- (Chemical
Oxigen Demand).
CQO determina-se por uso do oxidante forte K2Cr2O7,
que oxida toda matéria orgânica de acordo com
equação com seguinte titulação inversa do excesso do
dicromato com Fe2+ : 47
2 Cr2O72- + 3CH2O + 16 H+ 4 Cr3+ + 3 CO2 (g) + 11 H2O

Cr2O72- + 6 Fe2+ + 14 H+ 2 Cr3+ + 6 Fe3+ + 7 H2O

Os compostos orgânicos sintéticos – poluentes de água são:


pesticidas, solventes industriais, detergentes, produtos
petroquímicos etc. Maioria de pesticidas são persistentes a
decomposição microbiológica, sobretudo a temperaturas baixas
e ausência da luz. O teor de pesticidas do grupo Triazina e
derivados de ácidos carboxílicos na água potável caracteriza-se
por Maximum Admissible Concentracion (MAC) que não tem que
prevalecer 0.5 μg/L (Atrazina, Simazina, Clorotoluona,
Isoproturona, 2,4-D, 2,4,5-T, Linurona).

48
Bifenilos policlorados (PCBs) pertencem
aos poluentes persistentes, sua lipofilidade
produz acumulação considerável através
das cadeias de alimentação.
Na água doce e salgada pode ocorrer
o processo da substituição dos átomos de cloro.

49
50
Detergentes.
Este grande grupo dos compostos orgânicos apresente
os poluentes aquáticos tóxicos para plâncton e peixe.
Do ponto de vista químico eles são os compostos com
fragmentos hidrofílicos e lipofilicos da estrutura e
composição diversa.
Ácidos alkilsulfónicos – R1R2CH-SO3-Na+
Polioxietilenos (não ionogénicos) – R-(CH2-CH2O)nH
Sais de Tetraalkilamónio – R1-N+(CH3)2-R2
(altamente tóxicos e bactericidas)
Alkilbenzenosulfonatos – CH3(CH2)n-C6H4-SO3-Na+.

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Solventes industriais

6 solventes mais distribuídos na Hidrosfera, incluindo


água potável são:
Diclormetano (DCM), Triclorometano (Clorofórmio),
Tetraclorometano, 1.1.1.-Tricloretano (TCA),
Tricloroeteno e Tetracloroetileno (Percloroetileno PCE).
MTBE (Metil-tert-butil-éter) é usado como aditivo para
combustíveis a partir de 1970.
Tem alta mobilidade nos solos, altamente solúvel em
água, decomposição biológica é lente.
É composto potencialmente cancerigénico.

52
Petróleo e produtos da refinaria

São constituídos predominantemente por HC alifáticos,


as vezes, de acordo com sua origem, contem HC
aliciclicos e aromáticos.
Penetram no meio ambiente durante abertura dos
poços na terra e no mar, tratamento do petróleo bruto
(refinarias), avarias de navios petroleiros etc.
Petróleo hidrofóbico forma na superfície de água as
camadas da emulsão petróleo-água, que
impede a troca das gases atmosféricos o que
causa a morte dos organismos vivos aquáticos
(plâncton, peixe, aves).
53
Petróleo no meio ambiente sofre degradação
microbiológica lente, os componentes voláteis
evaporizam-se, o resto submete-se a oxidação lente,
agregações se precipitam no fundo com os processos
seguintes não esclarecidos.

Fenóis. Estão usados na fabricação dos plásticos


fenolo-formaldeidos, adesivos, desinfectantes.
Os fenóis entram na composição das gases de escapa,
formam-se na combustão do carvão, lenha.
Os fenóis clorados são herbicidas mais usados na
agricultura.

54
Poluentes inorgânicos da água
• Iões provenientes dos adubos minerais: NO3-, NH4+,
H2PO4-, HPO42-.
A pH maior 7 estão formados fosfatos de Ca, Mg, Fe :
Men+ + PO43- → Mix(PO4)y

• Metais pesados: Cd, Cr, Cu, Hg, Pb, Ni, Sn, Zn fazem
parte de lixos industrias e domésticos, parcialmente são
precipitados em sulfatos, carbonatos, sulfuretos.
O teor dos metais pesados dos depósitos dos rios,
lagos, mares supera em 103- 105 vezes seu teor na
água. Metais pesados são adsorvidos por precipitados
minerais e orgânicos.
55
Doença Minamata, Japão, 1953.
Águas residuais da empresa do acetileno foram
deitadas no mar. Hg →MeHg → Me2Hg →
plâncton, moluscos, peixe→ homem. 1/3 de
doentes foi falecido.
As plantas são mais resistentes à metais pesados
devido a sua precipitação das paredes celulares
(celulose) com formação dos quelatos inactivos
fisiologicamente.

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Meios do tratamento da poluição biológica
No processo de desinfecção da água, o método mais
utilizado é a cloração, onde quantidades suficientes de
cloro, na forma de gás cloro ou ainda de hipoclorito, são
adicionados à água visando destruir ou inactivar os
organismos alvo. O gás cloro reage quase
completamente com a água para formar o ácido
hipocloroso (HOCl), que se dissocia gerando
iões H+ e OCl-.
A presença do cloro diminui o pH da água pela liberação
de iões H+. O pH do meio é importante por que
influencia na extensão com que o ácido hipocloroso se
ioniza. Sob valores de pH inferiores a 7,5, o ácido
hipocloroso HClO é a espécie predominante.
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Seu potencial de desinfecção é cerca de 80 vezes
superior se comparado ao hipoclorito que é a espécie
predominante sob valores superiores à 7,5.
Aspectos básicos envolvidos no sucesso da cloração
são a dose e o tempo de contato.
O excesso de cloro deve ser evitado para que a água
não possua após o tratamento um sabor
característico indesejado.
Outros agentes desinfectantes podem ser
as cloraminas dióxido de cloro, ozónio
e radiação ultravioleta.

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Meios do tratamento da Poluição Térmica

Como tratar: Não há um tratamento específico para


este tipo de poluição, que poderia ser evitado sendo
instalados nas indústrias sistemas de refrigeração dos
despejos.
Ainda assim há indústrias que utilizam a água
do mar ou de rios nesses sistemas, elevando a
temperatura da água.

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Meios do tratamento da Poluição Sedimentar

A água que apresenta baixa turbidez pode ser tratada


através da decantação direta, sem adição de
substâncias químicas, e posterior filtração, para
remoção de partículas que não se decantam
naturalmente. Em muitos casos, no entanto,
um agente químico é adicionado para coagular e
flocular as partículas de menor tamanho. Estas
partículas de tamanho coloidal , podem então ser
removidas por decantação, em tanques ou diretamente
em filtros. A decantação usa a gravidade como agente
responsável pela remoção do material particulado
suspenso da água.
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A coagulação/floculação é um procedimento químico
é físico onde partículas muito pequenas são
desestabilizadas e então agregadas para se decantar.
A coagulação é um processo químico usado para
desestabilizar partículas coloidais; o agente químico
é adicionado e agita-se rapidamente o sistema por
aproximadamente 30 s, em seguida o sistema é
agitado lentamente, permitindo o contato entre as
partículas, no processo denominado floculação.

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As partículas coloidais que não iriam se decantar
são aglomeradas, formando sólidos de maior
tamanho chamados flocos.
O sulfato de alumínio é o agente floculador mais
utilizado, entretanto, outras substâncias químicas
tais como sais de ferro (III) ou ainda polímeros
orgânicos, podem ser empregados na coagulação.

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Tratamento da água
As Estações de Tratamento de Água (ETA) são projectadas
para fornecer água continuamente. Actualmente pode se
considerar a água potável como o produto alimentar sujeito a
maior controle.
Tratamento de esgotos
A criação de estações de tratamento de águas, como a ESTAR
(Estação de Tratamento de Águas Residuais), quer provenientes
dos esgotos das populações, das indústrias, ou das explorações
agrícolas e pecuárias, é fundamental. O tratamento em águas
residuais, além de permitir a preservação da sua qualidade,
permite também que muitas substâncias residuais possam ser
reaproveitadas.
O esgoto natural contém cerca de 99% de água.
Tratamento da água
A água antes de ser distribuída em nossas casas passa por
um longo tratamento:
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1ª etapa: DECANTAÇÃO
A água dos lagos e rios é colocada inicialmente para descansar,
de modo que ocorra nesta etapa a decantação (sedimentação) de
alguns resíduos sólidos.

2ª etapa: COAGULAÇÃO
Para a retirada de pequenas partículas em suspensão, que não
seriam retiradas na filtração e sedimentação, é adicionado à
água sulfato de alumínio Al2(SO4)3, juntamente com hidróxido
de cálcio Ca(OH)2, ou barrilha, Na2CO3 (carbonato de sódio), os
quais formam um precipitado gelatinoso onde as partículas são
aglutinadas.

3ª etapa: FLOCULAÇÃO
Processo físico que ocorre logo em seguida à coagulação e se
baseia na ocorrência de choques entre as partículas gelatinosas,
de modo a produzir outras de volume e densidade muito maior.
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4ª etapa: TANQUE DE DECANTAÇÃO
Todas as impurezas mais grosseiras separam-se da água e vão
se juntar no fundo do tanque. De tempos em tempos é necessário
fazer uma limpeza para remoção da sujeira.
5ª etapa: FILTRAÇÃO
Mesmo com a decantação, algumas partículas mais finas ainda
ficam e precisam ser retiradas por filtragem. Esta filtragem é feita
fazendo-se a água passar por camadas de areia fina, grossa e
pedras, especialmente projetadas para esta função.
6ª etapa: AERAÇÃO
Por esse processo, a água é agitada para que os odores sejam
removidos e a oxigenação aconteça de maneira completa. O
carvão ativo, eficiente adsorvente também é usado para remover
odor, cor e sabor.
7ª etapa: CLORAÇÃO E FLUORAÇÃO
São adicionados cloro (produto que age como um bactericida) e
flúor (para prevenção de cáries) 66
Tratamento de esgotos
O tratamento de esgoto é importante não apenas pelo
reaproveitamento da água, mas também pela redução de sua
acção como forte agente poluente de rios, lagos e mares.
De modo geral, o processo de tratamentos de esgoto segue
as seguintes etapas:
1ª etapa: Filtração grossa, para remoção de objectos sólidos
de grande porte.
2ª etapa: Sedimentação primária.
3ª etapa: Filtração.
4ª etapa: Tanque de Aeração.
5ª etapa: Sedimentação final. Nesta etapa, os resíduos
sólidos podem ser aproveitados para a produção de adubo.
A fermentação desse resíduo produz metano, CH4, que pode
ser utilizado como combustível.
6ª etapa: Adição de cloro (bactericida)
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A água dura
Em depósitos subterrâneos, a água pode entrar em
contato com certos materiais como o calcário (CaCO3)
ou a dolomita (CaCO3 . MgCO3).
Dessa forma, passa a existir em sua composição
uma quantidade excessiva de íões Ca2+ e Mg2+, na
forma de bicarbonatos (HCO3-), nitratos (NO3-), cloretos
(Cl-) e sulfatos (SO42-) o que a torna imprópria para
consumo humano. A esse tipo de água chamamos água
dura ( com teores acima de 150 mg/L), mole (com
teores abaixo de 75 mg/L) ou moderada (com teores
entre 75 e 150 mg/L).

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Quando em contacto com sabão, a água dura não faz
espuma, pois os íões Ca2+ e Mg2+ reagem com o sabão
e formam um precipitado.
O tratamento da água dura para a retirada de Ca2+
e Mg2+ é conhecido por abrandamento ou amolecimento
e consiste em fazer a água atravessar uma resina que
captura os íons Ca2+ e Mg2+, substituindo-os por íões
não prejudiciais ao homem, tais como o Na+ e o H+.
Esse procedimento é chamado de método da troca
iônica. A remoção da dureza pode também ser
efectuada por fervura ou pela adição de algumas
substâncias amolecedoras, tais como: NaOH, Na2CO3,
Na3PO4 e Al2(SO4)3.
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