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ANALISE DOS ARTIGOS

DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA


-Epidemia
  Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se
resulta morte, de dois a quatro anos.
Tipo objetivo: causar epidemia alude a provocação de enfermidade que surge
rapidamente em determinado local e atinge número considerável de pessoas.
Ao dizer “propagar”, pode ser referente a disseminação e os germes
patogênicos são todos os microorganismos capazes de produzir moléstias
infecciosas.
Tipo subjetivo: trata-se do dolo, ou seja, da vontade de causar epidemia,
mediante a propagação de germes patogênicos. Basta que o sujeito queira
causar a epidemia ou que assuma o risco de tal resultado.
Consumação e Tentativa: O delito consuma-se com a ocorrência de
epidemia. Admite-se a forma tentada, que se configura na hipótese de não
obstante o agente disseminar germes patogênicos, a epidemia não sobreviver
por circunstâncias alheias a sua vontade.

-Infração de medida sanitária preventiva


Art. 268. - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir
introdução ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário
da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
enfermeiro.
Tipo objetivo: Incrimina o fato de alguém infringir, determinação do Poder
Público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.
Tipo subjetivo: Por prever apenas a forma dolosa, o agente tem que ter
conhecimento da determinação do Poder Público, para que se incida esse tipo
penal. Se o agente não tiver conhecimento da determinação, nem tampouco
condições de o saber, incidir-se-á em erro de tipo e, por não haver a
modalidade culposa, a conduta será atípica.
Consumação e Tentativa: O delito se consuma com o desrespeito a
determinação do Poder Público destinado a impedir introdução ou propagação
de doença contagiosa. É admissível a tentativa, que ocorrerá quando o agente
tendo iniciado os atos executórios do crime, é obstado a continuar por
circunstâncias alheias a sua vontade.

-Omissão de notificação de doença


Art. 269. - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Tipo objetivo: o fato de o médico não comunicar a autoridade competente a
doença, cuja notificação é compulsória.
Tipo subjetivo: É o dolo, vontade de não comunicar a autoridade competente
doença cuja notificação é compulsória.
Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a não comunicação da
doença, no prazo designado. Trata-se de crime omissivo puro.

-Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou


medicinal
Art. 270. - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância
alimentícia ou medicinal destinada a consumo:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos.
1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito,
para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa
2 - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Tipo objetivo: O núcleo do tipo é o verbo "envenenar", que significa pôr
veneno. A conduta deve recair sobre água potável, não sendo necessário que
seja pura.
Tipo subjetivo: O dolo genérico,sendo também admitida a modalidade
culposa. Na hipótese típica de "depósito de substância envenenada" a lei
penal exige, além do dolo, um especial elemento subjetivo, consistente na
finalidade de distribuir ao público a substância envenenada.
Consumação e Tentativa: O crime consuma-se no momento em que o objeto
material é envenenado, independentemente da morte ou intoxicação de
algum individuo. A tentativa é perfeitamente admissível, salvo no caso de
culpa.

ART 271 Corrupção ou poluição de água potável

Tipo objetivo: é o ato de adulterar a composição da água potável tornando


imprópria para consumo.
Tipo subjetivo: é o dolo, bastando a vontade livre e consciente de poluir água
que sabe ser potável e destinada à consumo humano. É a vontade de gerar um
risco não tolerado penalmente.
Consumação: A consumação se dá no momento da corrupção ou poluição da
água potável. Não há necessidade de causar dano às pessoas que
consumirem a água objeto do delito, pois se trata de crime de perigo, o que
torna o risco presumível.

ART 272  Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância


ou produtos alimentícios.

Elementos Objetivos: É um crime de ações múltiplas, corromper, adulterar,


falsificar e alterar.
Elemento Subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente
de corromper, adultera, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício
destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor
nutritivo.
Consumação e Tentativa: Consuma-se com a criação da situação de perigo
comum, isto é, quando o agente, ao corromper, adulterar, falsificar ou alterado
o produto. Também não é necessário que este chegue a ser comercializado ou
consumido, ou que alguém morra ou passe mal. A tentativa é perfeitamente
admissível.
ART 273  Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos

Tipo objetivo: Trata-se de crime de ação múltiplas, que corresponde as


mesmas do art. 272, difere, no entanto, quanto ao objeto material que são
produtos destinados para fins terapêuticos, ou seja, aquele destinado à
prevenção, melhora ou cura de doenças. Inclui-se entre os produtos, os
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.

Tipo subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de


corromper, adulterar, falsificar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos
ou medicinais.

Consumação: consuma-se com o ato de corromper, adulterar, falsificar ou


alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, presume-se o
perigo à coletividade, trata-se, portanto, de crime de perigo abstrato. Não é
necessário que o produto chegue a ser comercializado ou consumido.

ART 274 Emprego de processo proibido ou de substancia não permitida


Tipo objetivo: A conduta típica consiste em empregar (utilizar, aplicar), no
fabrico de produto destinado ao consumo (empregado na alimentação de
indeterminado número de pessoas), revestimento, gaseificação artificial,
matéria corante, substância aromática, antisséptica, conservadora ou qualquer
outra não expressamente permitida na legislação sanitária.
Tipo subjetivo: o tipo subjetivo é o dolo, representado pela vontade consciente
de praticar a conduta descrita no tipo penal. Não há exigência de qualquer
elemento subjetivo especial do tipo. Não há previsão de modalidade culposa.
Consumação e tentativa: consuma-se o crime com o emprego do processo ou
substância não expressamente permitida pela legislação sanitária. Não há
previsão de modalidade culposa. Admite-se a tentativa.

ART 275 Invólucro ou recipiente com falsa indicação


Tipo objetivo: a ação incriminada consiste em inculcar (fazer falsa indicação,
dar a entender, indicar, citar) a existência de substância que não se encontra
no conteúdo de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais ou que nele
existem em quantidade inferior à mencionada.
Tipo subjetivo: elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade
consciente de praticar a ação descrita no tipo penal, ou seja, fazer a falsa
indicação. Não há exigência de qualquer elemento subjetivo especial do tipo.
Consumação e tentativa: consuma-se o crime com a simples falsa indicação,
independentemente de venda ou entrega do produto a consumo público.
Admite-se, teoricamente, a tentativa.

ART 276 Produto ou substância nas condições dos dois artigos


anteriores
Tipo objetivo: as condutas alternativamente incriminadas (idênticas às
descritas nos arts. 272, § 1º-A, e 273, § 1º) são: a) vender; b) expor à venda; c)
ter em depósito para vender; ou d) de qualquer forma entregar a consumo. O
objeto material é o produto, nas condições dos arts. 274 e 275 do CP.
Tipo subjetivo: o dolo vem novamente como elemento subjetivo, representado
pela vontade consciente de praticar uma das condutas criminalizadas, sendo
necessário que o agente tenha consciência de que se trata de produto nas
condições referidas nos arts. 274 ou 275; na modalidade de “ter em depósito”,
há o elemento subjetivo especial do tipo, representado pelo especial fim de
agir, “para vender”.
Consumação e tentativa: consuma-se o crime com a realização de qualquer
das condutas previstas. A tentativa é, teoricamente, admissível.

ART 277 Substância destinada à falsificação


Tipo objetivo: as condutas incriminadas, alternativamente, são as seguintes:
a) vender; b) expor à venda; c) ter em depósito para vender. Ceder, por sua
vez, significa entregar a outrem, de qualquer forma, o produto incriminado. O
objeto material é a substância destinada à falsificação de produtos alimentícios,
terapêuticos ou medicinais.
Tipo subjetivo: elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade
consciente de praticar uma das condutas criminalizadas; exige-se, igualmente,
o elemento subjetivo especial do tipo, qual o fim especial de destinar à
falsificação do produto. A existência de outra finalidade, ainda que as condutas
sejam praticadas, não configurará este crime.
Consumação e tentativa: Consuma-se o crime com a efetiva realização de
qualquer das condutas incriminadas. Embora admissível, a tentativa é de difícil
ocorrência.

ART 278 Outras substâncias nocivas à saúde pública


Tipo objetivo: São as seguintes as condutas alternativamente incriminadas: a)
fabricar; b) ter em depósito para vender; c) ou, de qualquer forma, entregar a
consumo. O objeto material indicado é a coisa ou substância (objeto material)
nociva (lesiva ou danosa) à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a
fim medicinal.
Tipo subjetivo: Elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade
consciente de praticar uma das condutas descritas no tipo, com conhecimento
de que se trata de substância nociva à saúde pública. O elemento subjetivo do
tipo refere-se ao especial fim de agir, “para vender”. Somente é exigido
elemento subjetivo especial do tipo na modalidade de “ter em depósito”, que
deve ser para “fim de vender ou entregar a consumo”.
Consumação e tentativa: Consuma-se o crime com a realização de qualquer
das condutas tipificadas. A tentativa é admissível, embora de difícil ocorrência.

279 REVOGADO

ART 280 Medicamento em desacordo com receita médica


Tipo objetivo: Consiste em fornecer (dar, entregar, ceder, vender), a título
gratuito ou oneroso, substância medicinal (terapêutica ou profilática) em
desacordo com receita médica (elemento normativo do tipo).
Tipo subjetivo: Elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade
consciente de fornecer a substância medicinal sabendo que está em desacordo
com a receita médica. É irrelevante o desconhecimento de risco para a saúde
da vítima, na medida em que o perigo é presumido.
Consumação e tentativa: Consuma-se o crime com a entrega efetiva da
substância em desacordo com a receita médica. Admite-se, em tese, a
tentativa.

ART 281 REVOGADO


ART 282 Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
Tipo objetivo: São tipificadas duas figuras neste artigo: a) exercer
(desempenhar, praticar), ainda que a título gratuito, a profissão de médico,
dentista ou farmacêutico sem a autorização legal (elemento normativo do tipo).
A finalidade lucrativa qualifica o delito. Convém destacar que, além da
habilitação profissional, é necessário o registro do título, diploma ou licença na
repartição do órgão competente; b) exercer a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico excedendo-lhe os limites.
Tipo subjetivo: Elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade
consciente de exercer ilegalmente a profissão ou se exceder no seu exercício.
Não há exigência de qualquer elemento subjetivo especial do tipo, mas, se
houver o fim especial de lucro, o crime será qualificado.
Consumação e tentativa: Consuma-se o crime com o exercício habitual e
reiterado da profissão de médico, dentista ou farmacêutico. Em razão da
habitualidade necessária, não se admite a tentativa.

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