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DIREITO AMBIENTAL INFRACONSTITUCIONAL

1. Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)

Lei 6.938/81

 Conceitos Jurídicos
 Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)
 Instrumentos da PNMA

 Conceitos Jurídicos (art. 3º):

 O SISNAMA (art. 6º):

Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem
como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental,
constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

1) ÓRGÃO SUPERIOR: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formu-
lação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;

2) ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio am-
biente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com
o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

*Resoluções CONAMA x Constitucionalidade

“RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE REGISTRO DE LOTEAMENTO ÀS MARGENS DE HIDRELÉTRICA. AUTO-


RIZAÇÃO DA MUNICIPALIDADE. IMPUGNAÇÃO OFERECIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. ÁREA DE PROTE-
ÇÃO AMBIENTAL. RESOLUÇÃO N. 4/85-CONAMA. INTERESSE NACIONAL. SUPERIORIDADE DAS NORMAS
FEDERAIS. No que tange à proteção ao meio ambiente, não se pode dizer que há predominância do interesse do
Município. Pelo contrário, é escusado afirmar que o interesse à proteção ao meio ambiente é de todos e de cada
um dos habitantes do país e, certamente, de todo o mundo. Possui o CONAMA autorização legal para editar reso-
luções que visem à proteção das reservas ecológicas, entendidas como as áreas de preservação permanentes
existentes às margens dos lagos formados por hidrelétricas. Consistem elas normas de caráter geral, às quais
devem estar vinculadas as normas estaduais e municipais, nos termos do artigo 24, inciso VI e §§ 1º e 4º, da
Constituição Federal e do artigo 6º, incisos IV e V, e §§ 1º e 2º, da Lei n. 6.938/81. Uma vez concedida a autorização

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em desobediência às determinações legais, tal ato é passível de anulação pelo Judiciário e pela própria Adminis-
tração Pública, porque dele não se originam direitos. (...)" (art.3º, inciso V). Recurso especial provido.” (REsp
194.617/PR, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 16.04.2002, DJ 01.07.2002 p. 278)

3) ÓRGÃO CENTRAL: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (Ministério do Meio Ambiente),
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
4) ÓRGÃOS EXECUTORES: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar
e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respec-
tivas competências;

5) ÓRGÃOS SECCIONAIS: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos
e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

6) ÓRGÃOS LOCAIS: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas ativida-
des, nas suas respectivas jurisdições.

 Os instrumentos da PNMA (art. 9º):

a) ZONEAMENTO AMBIENTAL - instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na im-


plantação de planos, obras e atividades públicas e privadas: a1) Ordenamento federal – Zoneamento Ecológico
Econômico – Dec. 4297/02: O ZEE dividirá o território em zonas, de acordo com as necessidades de proteção,
conservação e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável.

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 Os instrumentos da PNMA (art. 9º):

a2) Ordenamento municipal – Zoneamento urbano - instrumento utilizado nos planos diretores, através do qual a
cidade é dividida em áreas sobre as quais incidem diretrizes diferenciadas para o uso e a ocupação do solo, espe-
cialmente os índices urbanísticos. O zoneamento urbano atua, principalmente, por meio do controle de dois elemen-
tos principais: o uso e o porte (ou tamanho) dos lotes e das edificações. Através disso, supõe-se que o resultado
final alcançado através das ações individuais esteja de acordo com os objetivos do município, que incluem propor-
cionalidade entre a ocupação e a infra-estrutura, a necessidade de proteção de áreas frágeis e/ou de interesse
cultural, a harmonia do ponto de vista volumétrico, etc.

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 Os instrumentos da PNMA (art. 9º):

b) AVALIAÇÕES DE IMPACTO AMBIENTAL – são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambi-
ental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degra-
dada e análise preliminar de risco.

Modalidades: a avaliação de impactos ambientais ou estudos ambientais constitui um gênero, que engloba desde o
famoso e complexo Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) às modalidades
mais simples, tais como o Relatório Ambiental, o Relatório Ambiental Preliminar, o diagnóstico ambiental, o plano
de manejo e outros.

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Estudo de Impacto Ambiental:

*Regulamento: Resolução CONAMA 01/86


*Regras Gerais:

a) Custeado pelo empreendedor


b) Equipe Multidisciplinar
c) Audiências públicas: “Art. 11 - §2º Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresenta-
ção do RIMA, o órgão estadual competente ou a SEMA ou, quando couber o Município, determinará o
prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e,
sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto
e seus impactos ambientais e discussão do RIMA”.

*Atividades que dependem de EIA/RIMA (rol não taxativo):

 Os instrumentos da PNMA (art. 9º):

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c) LICENCIAMENTO AMBIENTAL – procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia
a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambi-
entais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso.

 Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando
sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicio-
nantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
 Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especifica-
ções constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
 Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes deter-
minados para a operação.

2. Política Nacional de Resíduos Sólidos

Lei 12.305/10 – Reg. Dec. 7.404/10

 Conceitos Jurídicos
 Diretrizes
 Planos de Resíduos Sólidos
 Responsabilidade
 Logística Reversa

 Conceitos Jurídicos (art. 3º):

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 DAS DIRETRIZES (arts. 9º a 13):

Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade:

Classificação dos resíduos sólidos:

I - quanto à origem
II - quanto à periculosidade

QUANTO À ORIGEM

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;

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b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços
de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados
os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na
alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em
normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção
civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados
a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e
ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

QUANTO À PERICULOSIDADE

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à
saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

 DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS (arts. 14 a 19):

a) Plano Nacional de Resíduos Sólidos: A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser
atualizado a cada 4 (quatro) anos

*O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será elaborado mediante processo de mobilização e participação social,
incluindo a realização de audiências e consultas públicas.

b) Planos Estaduais de Resíduos Sólidos: A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos, nos termos previstos
por esta Lei, é condição para os Estados terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a
empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos
ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade.

O plano estadual de resíduos sólidos será elaborado para vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o
território do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a cada 4 (quatro) anos.

 DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS (arts. 14 a 19):

c) Planos Municipais de Resíduos Sólidos: A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sóli-
dos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos
da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao
manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de
crédito ou fomento para tal finalidade.

* A inexistência do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos não pode ser utilizada para impedir a
instalação ou a operação de empreendimentos ou atividades devidamente licenciados pelos órgãos competentes.

 DA RESPONSABILIDADE (arts. 25 a 29):

• Responsáveis pela efetividade das ações: poder público, o setor empresarial e a coletividade

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• Gerador de resíduos sólidos domiciliares tem cessada sua responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização
adequada para a coleta ou, nos casos abrangidos pelo art. 33 (logística reversa), com a devolução

• Poder público - atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento
de evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos;
• Responsabilidade compartilhada - Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.

 DA LOGÍSTICA REVERSA (art. 33):

São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso
pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos,
os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua
resíduo perigoso;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

 DA LOGÍSTICA REVERSA (art. 33):

São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso
pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos,
os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

3. Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Lei 9.985/00

 Conceitos Jurídicos

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 Criação, redução ou extinção
 Modalidades e espécies
 Regras Gerais

 DOS CONCEITOS:
Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com ca-
racterísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

 DA CRIAÇÃO, REDUÇÃO OU EXTINÇÃO:

Criação ou redução – A CRIAÇÃO pode ser por DECRETO, mas para serem EXTINTAS ou REDUZIDAS dever ser
por meio de LEI (ordinária) – art. 225, §1º, III da CF.

Podem ser criadas em áreas públicas ou privadas, neste caso, constituindo desapropriação, deverá o particular ser
indenizado.

REDUÇÃO POR MEIO DE MP:

Caso Limite dos Parques Nacionais da Amazônia, dos Campos Amazônicos e Mapinguari, das Florestas Nacionais
de Itaituba I, Itaituba II e do Crepori e da Área de Proteção Ambiental do Tapajós

VOTO: "A supressão ou redução de uma unidade de conservação ambiental, como regra geral, não constituirá
providência de urgência capaz de preencher os requisitos do artigo do caput do art. 62 da CF. É possível, em tese,
e por exceção, que o poder executivo seja capaz de superar o ônus argumentativo da demonstração da urgência“
– STF – ADIN 4717 – 05/08/2018.

 DAS MODALIDES E ESPÉCIES:

Grupos:

a) Unidades de Proteção Integral ou


b) Unidades de Uso Sustentável;

Unidades de Proteção Integral – deverá ser observada a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causa-
das por interferência humana, se admitindo, em regra, apenas o uso indireto dos atributos naturais.

Unidades de Uso Sustentável – dar-se-á a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos
ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos,
de forma socialmente justa e economicamente viável.

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 DAS REGRAS GERAIS:

Zona de amortecimento – as UC terão uma zona de amortecimento para a sua proteção, exceto a APA e a Reserva
Particular do Patrimônio Natural. Nesse entorno, as atividades humanas estarão sujeitas a normas e restrições
específicas, visando preservar o espaço especialmente protegido;

Taxa de visitação – poderá ser cobrada taxa de visitação quando se tratar de unidade de conservação de proteção
integral, cujos recursos deverão ser aplicados nas áreas.

OSCIP – Organizações da sociedade civil de interesse público – as Ucs, ao invés de serem geridas pelo Poder
Público, poderão ser por entidade integrante do terceiro setor. Aparente inconstitucionalidade.

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