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Aula 07 – Discordâncias e Aumento de Resistência

Ciências dos Materiais

Prof. Dr. William Viana


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Bibliografia
Material de apoio
https://www.inovacaotecnologica.com.br/
noticias/materiais_2016.html
http://cienciadosmateriais.org/

4
Discordâncias
Aumento de Resistência

Discordâncias em
monocristal de LiF, polido e
atacado quimicamente

5
Discordâncias

• Porque estudar isso?


• Movimento das discordâncias –
mecanismos de deformação e
ruptura
• Mecanismos de endurecimento !!
• Projeto de ligas e novos materiais

6
Discordâncias

• O que vamos aprender?


• Movimento da discordâncias em aresta e em espiral
• Como a deformação plástica se relaciona com o
movimento das discordâncias
• Sistemas de escorregamento
• Alteração da estrutura de grão induzida pela
deformação
• Contorno de grão afeta movimento das
discordâncias
• Endurecimento por solução sólida
• Processo de encruamento
• Recristalização e recuperação
• Crescimento do tamanho de grão
7
Movimento de discordância
Tensão
cisalhante

Plano de
escorregamento

Discordância
em aresta

8
Movimento de discordância

A discordância muda progressivamente de posição, plano a plano

Degrau unitário
forma-se na
superfície
9
Movimento de discordâncias

10
Movimento de discordâncias

11
Movimento de discordâncias

Aresta

Hélice

12
Característica das discordâncias

Compressão
Tensão

13
Característica das discordâncias
Repulsão

Anulação da
Atração discordância

14
Discordâncias x classes de materiais

• Metais: Movimento de
discordâncias é fácil
- ligações não direcionais
Núcleo dos íons - escorregamento em planos e
nuvem de elétrons direções densos
• Cerâmicas covalentes
(Si, diamante): Movimento
difícil
- ligações direcionais (angulares)
• Cerâmicas iônicas (NaCl):
Movimento difícil
- necessário evitar vizinhos
15 ++ e - -
Planos de escorregamento

Direção da força

Monocristal
de zinco
Plano de
Normal ao plano de
escorrega após ser
mento
escorregamento submetido
Direção de à tração
escorregam
ento

16
Sistemas de escorregamento

- Planos de escorregamento SISTEMAS DE


- Direção de escorregamento ESCORREGAMENTO

Planos e direções densos

17
Sistemas de escorregamento

Alguns sistemas de escorregamento

18
Sistemas de escorregamento

Observar que:
- em cada grão há uma direção de deslizamento preferencial
- há mais de uma direção de deslizamento em cada grão

Grãos de cobre deformados

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Discordância x estrutura cristalina
• Estrutura: planos e direções vista sobre dois
com empacotamento planos de
empacotamento
compacto são preferidos compacto

direções compactas
plano compacto inferior plano compacto superior

• Comparação entre diferentes estruturas:


CFC: muitos planos e direções compactos
HC: somente um plano, 3 direções
CCC: nenhum
Mg (HC)
• Resultados de
testes de tração direção da tensão

20
Al (CFC)
Tensão e Movimento de
Discordâncias
• Cristais escoam devido à tensão cisalhante resultante, tR

• Tração pode produzir tensão cisalhante


Tensão trativa tensão cisalhante Relação entre
 = F/A resultante: and t
tR = FS/AS
F plano tR =Fs /As
A tR
normal, ns
As Fcos  A/cos 
Fs ns
A
tR As
F

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tR = cos  cos 
Tensão cisalhante crítica

• Condição para a discordância se mover: tR  tCRSS


• Orientação do cristal pode facilitar tipicamente
ou dificultar o movimento das 10-4 GPa a 10-2 GPa
discordâncias
tR = cos  cos 

22
Movimento de discordâncias em
materiais policristalinos
• Planos e direções de
escorregamento (, ) variam
de um cristal para outro.

• tR varia de um cristal para o


outro.

• Cristal com maior tR


escorrega primeiro

• Outros cristais (com 300 mm


orientação menos favorável)
escorregam depois
23
Reduzindo o Tamanho de Grão:
endurecendo os materiais
• Contorno de grão é barreira plano de escorregamento
para o escorregamento.

• Eficiência da barreira depende


do grau de desalinhamento. grão A

• Tamanho de grão pequeno =


mais fronteiras para
ultrapassar.

• Hall-Petch Equation:  e =  o + ke d −1 / 2

24
Tamanho de grão: um exemplo
• 70% Cu - 30% Zn latão
 e =  o + k e d −1 / 2
Tamanho de grão, d(mm)

Limite de escoamento (MPa)

• Dados:

0.75mm

25 11
d-1/2(mm-1/2)
Efeito da Anisotropia
• Anisotropia pode ser conseqüência da laminação
-antes da laminação -depois da laminação

direção de
235 mm laminação
-anisotrópico pois a
-isotrópico pois laminação afeta a
os grão são aprox. orientação e a forma dos
esféricos e grãos
orientados
26 randomicamente
Anisotropia na deformação
3. Cilindro
1. Cilindro de 2. Cilindro
deformado
tântalo usinado disparado
a partir de uma contra um alvo
chapa laminada rígido
direção de laminação

vista
lateral

vista
direção da transversal
espessura
da placa
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Endurecendo os Materiais:
soluções sólidas
• Átomos de impurezas distorcem a rede cristalina e
geram tensões
• Tensões internas podem ser uma barreira para as
discordâncias.

• Impureza pequena • Impureza grande

28
Endurecendo os Materiais:
soluções sólidas
• Impurezas pequenas tendem a se concentrar
nas discordâncias
• Reduzem a mobilidade das discordâncias –
aumentam a resistência

29
Adaptado da Fig. 7.17, Callister 7ed.
Endurecendo os Materiais:
soluções sólidas
• Impurezas grandes tendem a se concentrar nas
discordâncias, no lado oposto das pequenas.
• Reduzem a mobilidade das discordâncias –
aumentam a resistência

30
Adaptado da Fig. 7.18, Callister 7ed.
Exemplo: Endurecimento do
Cobre por solução sólida
• Aumento da resistência à tração e do limite de
escoamento com a percentagem em peso de Ni.

Limite de escoamento (MPa)


Limite resist. tração (MPa)

%peso de Ni %peso de Ni

1/ 2
• Relação empírica:  y ~ C
• A formação da liga aumenta y e LRT.
31
Endurecendo: deformação
a frio
• Deformação à temperatura ambiente.
• A conformação comum muda a seção transversal

-Forjamento force -Laminação roll Ad


die Ao
Ao blank Ad roll
-Extrusão
-Trefilação force Ao
container
die holder
die força
Ad ram billet extrusion Ad
Ao tensile
force container die
die

Ao − Ad
% DF = x100
32 Ao
Discordâncias na deformação
a frio
• As discordâncias
enroscam umas com as
outras durante a
deformação a frio

• O movimento das
discordâncias se torna
mais difícil

• Liga de Ti após trabalho


a frio

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Simulação: geração e movimento
de discordâncias
• Tração horizontal sobre um metal CFC com entalhes
• Mais de 1 bilhão de átomos modelados em bloco 3D
• Observar o aumento da densidade de discordâncias

Simulação: cortesia de Farid


Abraham.
Sob permissão da IBM Co.

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Efeito do Encruamento
• Limite de escoamento (e) cresce
• Resistência à tração (RT) cresce

Adaptado da Fig.7.18, Callister 6ed.


• Ductilidade (%Al or %RA)
decresce.

tensão
21
35
-e: Efeito da Temperatura
• Resultados para ferro

Tensão (MPa)
policristalino
Adaptado da Fig. 6.14,
Callister 6ed.

• y e RT decrescem com
aumento da temperatura
• %Al aumenta com o deformação
aumento da temperatura 3. Discordância desvia
• Motivos? Vacâncias ajudam do obstáculo
2. vacâncias
as discordâncias a substituem
ultrapassarem obstáculos os átomos
no meio plano obstáculo
e temperatura facilita
difusão das vacâncias
1. disc. capturada
pelo obstáculo
36
Ex.: Efeito da deformação a frio
• Qual o limite de escoamento,
resistência à tração e a ductilidade do
cobre após sofrer deformação a frio Cobre
----->
πr − πr
2 2
%CW = o
x100 = 35,6%
d
Do=15,2mm Dd=12,2mm
πro2

Metals Handbook:
Properties and Selection:
Nonferrous Alloys and
Pure Metals, Vol. 2, 9th
ed., H. Baker (Managing
Ed.), American Society
for Metals, 1979, p. 276
and 327.)

37
Efeito do aquecimento após a
deformação a frio
• 1 hora de tratamento à T diminui o LRT e aumenta a
%Al
• Efeitos da deformação a frio são revertidos
Temperatura (°C)
RECOZIMENTO
resistência à tração (MPa)

1 00 3 00 5 00 700
6 00 60

ductilidade (%Al)
resist. à tração
50
5 00 • 3 estágios a serem
40 discutidos:
- recuperação
4 00 30
- recristalização
ductilidade 20 - crescimento de
300 grão

38
Recuperação

• Energia armazenada na deformação é utilizada para


movimentar discordâncias (sem tensão externa
aplicada) – força motriz
• Maior velocidade de difusão
• Ocorre redução no número de discordâncias,
alinhamento de discordâncias
• Condutividade térmica e elétrica aumentam
• Limite de alongamento cai, ductilidade aumenta

39
Recuperação

• Mecanismo 1 meio plano extra


as discordâncias
anulação reduz átomos se se anulam e
difundem formam um
a densidade de para a região plano atômico
discordâncias de tensão completo
meio plano extra
• Mecanismo 2

3. discordância já pode tR
se mover
2. átomos “cinza”
4. discordância opostas
saem pela difusão
se encontram e se anulam
rápida de vacância
1. discord.bloqueada obstáculo ao mov. da disc.
40 não move p/direita
Recuperação
• Mecanismo 3: alinhamento de discordâncias formando
contornos de baixo ângulo

Discordâncias em
monocristal de LiF,
polido e atacado
41 quimicamente
Recristalização: o início

• Novos cristais são formados:


• menor densidade de discordâncias e menor tamanho de
grão
• os cristais deformados a frio são “consumidos” e
desaparecem.0,6 mm 0,6 mm

Adapted from
Fig. 7.19 (a),(b),
Callister 6e.
(Fig. 7.19 (a),(b)
are courtesy of
J.E. Burke,
General
Electric
Company.)

Novos cristais
Latão deform. surgem após
33% a frio 3 seg. a 580oC
42
Recristalização: continuação
• Todos os cristais encruados desaparecem

0,6 mm 0,6 mm

Adaptado da
Fig. 7.19 (c),(d),
Callister 6ed.

Após 4 Após 8
segundos segundos

43
Crescimento dos Grãos
• Tempo: grãos maiores crescem consumindo os
menores
• Força motriz: menor área de contorno = menor energia
0,6 mm 0,6 mm
Adaptado da
Fig. 7.19 (d),(e),
Callister 6e.
(Fig. 7.19 (d),(e)

Após 8 s, Após 15 min,


580oC 580oC
coeficiente dependente
• Relação empírica
do material e da temp.
expoente típico. ~ 2
diâmetro do grão tempo de tratamento
n n
44 no tempo t d − d o = Kt
Endurecimento por precipitação

• Preciptados duros são difíceis de cisalhar


Ex: Cerâmicos em metais (SiC em Ferro ou Alumínio).
precipitado
Uma tensão cisalhante maior é
Vista lateral necessária para mover a discordância
através do precipitado cisalhando-o

Parte do plano de deslizamento que não deslizou Discordâncias


“avançam” mas
Vista superior precipitados agem como
pontos de acoramento
S
com espaçamento S
Parte do plano de deslizamento que deslizou

1
• Resultado:  y ~ Parte do plano que não escorregou
S
45
Endurecimento por precipitação

46
Endurecimento por precipitação

47
Endurecimento por precipitação

• Estrutura interna da asa de um avião


Adaptado da figura de
abertura do Cap. 11,
Callister 5ed.

• O alumínio é endurecido por precipitados formados por


elementos de liga.
Adaptado da Fig.
11.26, Callister 7ed.

1,5mm
48
Discordâncias
Aumento de Resistência

Discordâncias em
monocristal de LiF, polido e
atacado quimicamente

49
OBRIGADO !!

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